Quinta, 09 Abril 2020 14:57

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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O título deste artigo reflete um absurdo: o antagonismo entre os que apostam no poder da ciência e os que creem nos labirintos da ignorância, movida por achismos, paixões e crenças em lendas e mitos criados por uma legião de ignaros. Por falar deles, Bolsonaro, em 06/04, sugeriu que demitiria o ministro da Saúde, Luiz Mandetta. Não demitiu, pelo menos por enquanto. Também pelo menos por enquanto, Bolsonaro foi enquadrado por outros governistas.

De minha parte, destacarei a atuação pontual de Mandetta; porém, para não ser confundido como integrante da legião, relembro que o ministro da Saúde, em recente passado, fora financiado politicamente por planos de saúde. Ele também é investigado por fraude à frente da Secretaria de Saúde de Campo Grande (MS); logo, o jaleco do SUS não fazia parte de seu guarda-roupa.

A bem da verdade, Mandetta opunha-se ao Mais Médicos. Para ser indicado ao Ministério, teve aval da Frente Parlamentar da Saúde, que reúne representantes dos interesses privados dos planos de saúde, santas casas e organizações sociais de saúde. Só faltava um item biográfico: declarar-se cristão...

Não sem lamentar por tudo isso, hoje, Mandetta, mesmo forjado no ninho bolsonarista, aparenta ser pedra no caminho de seu chefe; e isso não é questão menor diante da magnitude do problema de saúde pelo qual passa o Planeta. Sem aqui pregar a absolvição de eventuais pecados capitais de Mandetta, o fato é que: ruim com ele, pior sem.

Digo isso porque, enfim, um bolsonarista federal defende a ciência. Não fosse essa postura, acompanhada da orientação do isolamento social, os números da COVID-19, no Brasil, seriam absurdamente maiores.

Pois bem. Em seu discurso do “dia do Fico”, Mandetta foi didaticamente sofisticado, o que também é raro em seu habitat político. Além de ironias, citou o “Mito da Caverna” (Livro VII de A República) de Platão, que, dialeticamente, explora os conceitos de escuridão e ignorância, luz e conhecimento.

No “Mito da Caverna”, é descrito que, desde sempre, alguns homens encontram-se aprisionados em uma caverna, de onde não conseguem se mover, pois vivem acorrentados. De costas para a entrada da caverna, veem apenas o seu fundo, mas, atrás deles, há uma parede, onde existe uma fogueira. Por ali passam homens transportando coisas, mas como a parede oculta seus corpos, apenas as coisas transportadas são projetadas em sombras e vistas, pelos prisioneiros, sempre de forma distorcida.

Certo dia, um dos acorrentados escapa e vê uma nova realidade. Todavia, a luz da fogueira, bem como a luz externa à caverna, agride seus olhos. Esse homem tem a opção de voltar e manter-se como até então, ou encarar a nova realidade. Optando pelo novo, ele ainda podia voltar para libertar os demais, dizendo o que havia descoberto; contudo, correria o risco de não ser acreditado, já que a verdade era o que conseguiam perceber da sua vivência na caverna.

Uma das possibilidades interpretativas desse texto é a de que o senso comum, que dispensa a reflexão/ciência, é representado pelas impressões aparentes, vistas pelos homens “por meio de sombras”. Por sua vez, a ciência, baseada em comprovações, é representada pela luz.

No discurso de Mandetta, o “Mito da Caverna” tinha alvo: seu chefe, visto como mito por seguidores. Todavia, esse mito tupiniquim ainda estaria acorrentado na caverna; daí a distorção de seu olhar sobre a realidade.

Ao final de seu discurso, outra preciosa citação de Mandetta: “Tocando em frente” de Almir Sater.

Até quando?

 

Terça, 07 Abril 2020 18:11

 

Nessa terça-feira, 07/04, o mundo comemora O Dia da Saúde. Destacar a importância das políticas destinadas à saúde pública - que já seria motivo de aclamação em tempos de aparente “normalidade” - em meio a uma pandemia que paralisa mais de 180 países, é mais do que uma obrigação. O Dia Mundial da Saúde passou, para trabalhadores organizados do mundo, como uma cerimônia sagrada.

 

Para lembrar o quanto o Sistema Único de Saúde (SUS) é importante no Brasil e, apesar de tantos ataques, é de onde se pode esperar algum conforto nesse momento, sindicatos de Mato Grosso passaram carros de som em alguns bairros da capital mato-grossense.

 

Três carros circularam pelo CPA, setores I, II, III e IV, Jd. Florianópolis, Jd. União e Jd. Vitória, além da região dos bairros Pedra 90, Osmar Cabral e Tijucal. A mensagem, produzida por sindicatos de professores e demais servidores da Universidade Federal de Mato (Adufmat-Ssind), Universidade do Estado de Mato Grosso (Adunemat-Ssind), Instituto Federal de Mato Grosso (Sinasefe), além do ANDES – Sindicato Nacional, foi uma só: esse momento prova que todos dependem do SUS e, por isso, devem lutar por ele e pelos seus profissionais com todas as forças.   

 

As entidades que organizaram a intervenção fazem parte da Frente Popular em Defesa do Serviço Público e Solidariedade no Enfrentamento à Covid-19. “Nós fizemos essa atividade hoje tomando todos os cuidados que os órgãos de saúde sugerem. Pensamos em fazer carreata, mas no fim optamos pelos carros de som, apenas. Reproduzimos um áudio destacando que a melhor maneira de lidar com tudo isso, nesse momento, é ficar em casa e defender o SUS e os servidores da saúde”, disse o diretor geral da Adufmat-Ssind, Aldi Nestor de Souza.

 

“A data de hoje é estratégica para refletir o quanto nosso Sistema de Saúde está sendo imprescindível nesse momento, e lembrar que se trata de um sistema reconhecido mundialmente há muitos anos. Por exemplo, nós temos o programa de tratamento de HIV positivo mais premiado do mundo. O SUS é o sistema que mais faz transplante de órgãos no mundo, o sistema que mais faz aplicações de vacina e distribuição de medicamento de alto custo gratuitamente. Há medicamentos cuja caixa custa cerca de R$ 20, 30 mil. Ou seja, é um sistema que precisa ser reconhecido pela sua grandeza. Ao mesmo tempo, tem suas contradições, porque dentro dele estão os interesses do capital. A Constituição Federal de 1988 permite que o sistema privado atue em parceria com o SUS e, assim, ele disputa cada centavo dos recursos públicos destinados ao setor”, destacou o 1º vice-presidente regional do ANDES-SN, Reginaldo Araújo.

 

O professor lembrou, ainda, que a Itália, um dos países em que há o maior número de mortes provocadas pela Covid -19, teve seu sistema de saúde desmontado, como os governos brasileiros pretender fazer retirando recursos da saúde pública.

 

As entidades explicam que a Frente surgiu da compreensão de que os governantes brasileiros ainda resistem às evidências de que os serviços públicos são as ferramentas mais importantes no combate à atual pandemia - entre outras enfermidades sociais - e insistem em preservar o espírito capitalista, individualista e mercenário. Por isso, as entidades se uniram para pensar e desenvolver estratégias que possam ajudar a população tanto nas questões imediatas, quanto a médio e longo prazo.

 

 “Nós entendemos que o governo federal brasileiro tem mantido uma postura genocida frente à pandemia. Veja, o Brasil é o único país que tem cortado salário em vez de garantir renda mínima. Apesar de toda a gravidade que nós já sabemos que a doença representa, o presidente ainda faz propaganda contra a quarentena. O Brasil é o único país no qual a burguesia faz carreata para que as pessoas voltem a trabalhar. Por isso, nós trabalhadores temos de articular alternativas que representem uma contra proposta a essas posturas”, explicou a professora Lélica Lacerda, diretora Adufmat-Ssind.

 

Estão entre as ações planejadas pelo grupo a distribuição de alimentos e equipamentos de proteção individual, além de articulações políticas no sentido de defender os salários dos trabalhadores, a queda do Teto de Gastos (EC 95/16), garantia do trabalho para todos, condições de vida para as pessoas e respeito à quarentena.

 

A sede da Adufmat-Ssind, localizada dentro da Universidade Federal de Mato Grosso (quase em frente ao Hospital Veterinário) já é um ponto de arrecadação de alimentos não perecíveis e materiais de limpeza que serão entregues nos bairros.  

 

O Coletivo tem organizado as ações por meio de um grupo de aplicativo de mensagens (clique aqui para entrar), e deve se articular, nos próximos dias, com categorias profissionais e outros sindicatos.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Segunda, 06 Abril 2020 15:02

 

ANDES-SN e Sinasefe defendem a suspensão imediata do calendário escolar de todas as universidades – federais, estaduais e municipais -, institutos federais e Cefet. Na avaliação das entidades do Setor da Educação, não é possível manter a normalidade dentro das instituições, logo as mesmas devem estar 100% fechadas.

“Entendemos que nesse período de pandemia não há como obrigar os profissionais e nem os estudantes a manterem algum tipo de normalidade e a suspensão do calendário escolar vai, inclusive, garantir uma redução na pressão que houve inicialmente para que as atividades pudessem ser realizadas a distância, substituindo o ensino presencial”, aponta Eblin Farage, secretária-geral do ANDES-SN.

Na avaliação dos sindicatos, a suspensão nacional do calendário escolar vai resguardar docentes e técnicos de possíveis intransigências por parte das administrações locais tanto da presença de trabalhadores nos campi, quanto da obrigatoriedade de atividades virtuais.

“Todas as instituições devem seguir a mesma orientação, porque nesse momento não se trata do gestor, mas da realidade que o país está vivendo. Então, independentemente de ser Federal, Estadual ou Municipal, é necessário que toda as atividades sejam interrompidas imediatamente e que seja garantida a suspensão do calendário”, reforça Eblin.

As entidades lembram ainda que, tanto docentes quanto estudantes, têm condições diversas de acesso a equipamentos, materiais virtuais e conexão à internet, o que impõe uma cobrança injusta, e pode acarretar em doenças laborais e emocionais, em um momento em que toda a sociedade se encontra fragilizada. Ressaltam também as condições de profissionais e estudantes com filhos em casa, o que resulta em uma sobrecarga de demanda com os cuidados e tarefas domésticas.

David Lobão, coordenador geral do Sinasefe, destaca que a prioridade das instituições deve ser contribuir com o distanciamento social e no combate à doença. “Neste momento de grande impacto no mundo, com a crise sanitária nos levando à situação de pandemia, muito mais importante do que discutir a continuidade do calendário escolar em condições precárias, para responder à irresponsabilidade do governo que quer acabar com o isolamento social, os reitores das Universidades, dos Institutos, da Escola Pedro II e os diretores dos CEFET devem estar todos e todas empenhados em envolver a instituição que dirigem no combate ao coronavírus”, afirma.

ANDES-SN e Sinasefe já solicitaram à Andifes, Conif e Abruem – representantes dos gestores das universidades, institutos e Cefet, a listagem de todas as instituições que já suspenderam o calendário oficialmente e daquelas que ainda não encaminharam a decisão. O objetivo é uma campanha nacional para que docentes, técnicos e estudantes de todo o país possam cumprir a orientação de permanecer em casa sem serem prejudicados.

“Nossas instituições de ensino podem e devem cumprir um papel de vanguarda na preparação de material que ajude trabalhadores, trabalhadoras e o povo pobre a se proteger dessa ameaça. Suspender o calendário escolar e envolver a instituição na fabricação de produtos necessários ao combate ao corona írus é a prioridade, pois, a defesa da vida está acima dos lucro”, acrescenta Lobão.

As entidades avaliam como positiva parte da Medida Provisória 934, que retirou a obrigatoriedade de cumprimento de 200 dias letivos no ensino fundamental e superior, pois isso diminui a cobrança para que o ensino à distância improvisado nesse momento seja considerado como dia letivo. Porém, destacam o risco que é a exigência de apenas 75% para formação dos estudantes para a área da saúde.

No entanto, ressaltam que a organização dos calendários para o cumprimento das 800 horas/aulas previstas na Lei de Diretrizes e Bases, bem como dos semestres letivos que devem respeitar a autonomia de cada instituição de acordo com a realidade local, uma vez que não há garantia de que o fim da determinação de distanciamento social se dará no mesmo período em todas as regiões do país.

Confira a Nota Técnica da Assessoria Jurídica Nacional do ANDES-SN sobre a MP 934/2020.

 

Fonte: ANDES-SN

Segunda, 06 Abril 2020 14:46

 

 

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JUACY DA SILVA*

 

O mundo todo, praticamente todos os países estão sendo sacudidos, uns em maior e outros em menor grau, por esta onda do coronavírus que teve inicio na China e rapidamente, em pouco mais de um ou dois meses, espalhou-se por todos os continentes e países.

Para entendermos o que esta acontecendo, apesar de existirem diversas teorias e interpretações tanto para o surgimento desta virose, seu poder de infectar já mais de um milhão de pessoas e provocar a morte em mais de 53 mil pessoas, e, tudo leva a crer, ainda continuará sua caminhada provocando mais sofrimento e mortes mundo afora, inclusive no Brasil, a menos que realmente, um esforço coordenado e efetivo ocorra tanto no plano mundial quanto, principalmente dentro dos países.

Assim, primeiro precisamos entender o que é epidemia, depois o que é pandemia e, neste emaranhado de conceitos e realidades distintas, o que é pandemônio, entendendo bem esses e outros conceitos correlatos como gestão dos sistemas de saúde, planejamento governamental, integração de esforços, é que teremos os instrumentos necessários para melhor diagnosticar a realidade, substituindo os achismos e opiniões equivocadas, pelas recomendações das comunidades de cientistas, médicos e pessoas que realmente estão com “a mão na massa”.

Imaginemos o seguinte, se nem a campanha de vacinação contra a gripe/influenza, que já é bem conhecida, tem vacina e formas de tratamento os governos federal, estaduais e municipais não tem competência para fazer corretamente, pois ainda existem milhões de idosos, pais afora, que não estão conseguindo se vacinar. Em todos os Estados e quase todos os municípios idosos fazem filas e em menos de uma ou duas horas as vacinas acabam. Uma vergonha.

Se nem para vacinar a população idosa contra a gripe, maior grupo de  risco de morte para a coronavírus, como vamos acreditar se esta pandemia do coronavírus chegar para valer no país, onde os governos federal , estaduais e municipais, que não se entendem sequer como orientar a população, qual será o tamanho do problema? Talvez igual ou pior do que já está acontecendo na Europa e nos EUA.

Epidemia significa o surgimento e expansão do número de casos de uma doença, considerado grave que pode levar `a morte, muito além do que é esperado pelas autoridades sanitárias e cujo poder de contágio pode atingir em um tempo curto, não apenas uma localidade mas territórios mais amplos, como um estado, um país.

Já a pandemia, é quando uma epidemia, que pode ser conhecida, ter cura, ter vacina ou ser desconhecida, como no caso do coronavírus, e seu poder de contágio pode atingir muitos países  e diversos continentes  ao mesmo tempo, e, quando isto ocorre, não apenas “pega” as autoridades politicas e também as autoridades sanitárias de surpresa, revelando que os sistemas de saúde não estão ou não estavam devidamente preparados para encarar uma situação alarmante e destruidora, de vidas, da economia e das relações sociais.

Fala-se muito em Guerra biológica, bacteriológica e diversos países tem armas deste tipo, bem como também possuem armas e mecanismos de defesa para enfrentar uma Guerra biológica. Este assunto deve ser estudado e trabalhado/planejado pelos governos nacionais, seus ministérios, inclusive de defesa, de ciência e tecnologia. Mas parece que nada disso funcionou nem nos países centrais, potências econômicas e militares, que dizer de países como o Brasil, onde a improvisação, o jeitinho, as “gambiarras administrativas e politicas”, a falta de planejamento e a falta visão de futuro são as características de nossa “classe” governante?

A pandemia do coronavírus colocou governantes, gestores de sistemas de saúde em posições diametralmente opostas e até em conflito. Vejamos dois exemplos, o que aconteceu na China e o que está acontecendo no Brasil.

Na China, um país com 1,4 bilhão de habitantes, tão logo o governo central percebeu a gravidade da situação, juntamente com governo provincial e governo local, identificaram a realidade e prepararam uma estratégia e ações correspondentes.

Ao perceberem que a doença/epidemia era desconhecida, que não havia medicação e nem vacina, perceberam que o contágio era rápido, principalmente de pessoa para pessoa, tendo em vista que, por ser um país super populoso se não contivessem este contágio, milhões, talvez dezenas de milhões de pessoas poderiam contrair a doença/serem infectados e milhões poderiam morrer.

O falso dilema do que fazer entre salvar empregos (milhões de empregos) e salvar vidas (evitar que milhões pudessem não apenas perderem seus empregos, mas também suas vidas) a decisão foi clara, objetiva e rápida. Primeiro salvar vidas e depois salvar/reconstruir a economia e criar novos empregos.

Tudo na China se apresenta em números grandiosos, tanto a população quanto a economia. Por ano na China morrem mais de 11 milhões de pessoas das mais variadas doenças, ou seja, a morte de dezenas ou até mesmo centenas de milhares de pessoas não seria algo a provocar uma disrupção no país.

Mas percebendo a gravidade e a urgência que a situação da expansão do coronavírus indicava, o Governo chinês, com apoio decisivo do Partido Comunista Chines, não titubeou em tomar de inicio uma medida radical, determinou o confinamento total de uma província (Hubei) com 58,5 milhões de habitantes e também, principalmente, no epicentro da epidemia, a capital da província, cidade de Wuhan, com mais de 11 milhões de habitantes, a quarta maior do país.

Ninguém podia sair de casa, nada podia funcionar, com exceção dos serviços essenciais de fato, como áreas de saúde, abastecimento, alimentação; toda a região ficou isolada do restante do país, as fronteiras terrestres e o espaço aéreo foram fechados, ninguém saia e ninguém entrava na região, e o mesmo foi feito para Wuhan.

Wuham é um grande centro industrial na China, onde mais de 300 das 500 maiores empresas do mundo tem negócios, milhares de voos saem e chegam na cidade todos os dias, tanto em relação ao restante do país quanto de e para outros países.

Wuhan tem várias zonas industriais, é, também um grande centro estudantil 52 instituições de ensino superior e mais de 700 mil estudantes.

Só na província de Hubei, com 185 mil km2, com um PIB de 578 bilhões de US$, com uma renda per capita de US$9.326, existiam mais de 20 milhões de trabalhadores, incluindo quase 5 milhões em Wuhan, ou seja, uma economia pujante que cresceu 7,8% no ano passado, até o surgimento do coronavírus.

A província de Hubei corresponde mais ou menos a economia do Estado de São Paulo, com uma população bem maior do que os 41,3 milhões de habitantes que vivem em São Paulo, que é considerado a “locomotiva” do Brasil. Ai surge a indagação, será que o governo de São Paulo teria tido a coragem de colocar o seu estado em  quarentena e isolamento total, já que  esse estado tem o maior foco de casos e o maior número de mortes por coronavírus? Fazer o “lockdown”, para evitar que o coronavírus possa se propagar para o resto do Brasil?

Todavia, pensando primeiro em preservar vidas e evitar que a epidemia pudesse varrer o país, o Governo Chinês não titubeou em fazer o que é chamado o “lockdown”/fecha tudo. A estratégia, primeiro salvar vidas e depois, passada a epidemia, retomar as atividades e criar os empregos foi o fator determinante para aquela decisão.

Isto significa que não apenas em Hubei, mas nas demais províncias da China, a economia sofreu um grande baque, mas o governo chines, acostumado a mais de 50 anos a ter um projeto estratégico, sucessivos planos quinquenais aprovados no Congresso Nacional do Partido Comunista Chines e planejamento de suas ações, um  projeto de país, já está em franca recuperação e, tudo leva a crer, que após o fim do coronavírus a China sairá mais fortalecida do que seus demais concorrentes como EUA, G7 e União Europeia, com significativas consequências geopolíticas e estratégicas e no balanço do poder mundial.

Enquanto isso, aqui no Brasil além da pandemia do coronavírus, assistimos um verdadeiro pandemônio, tanto no sentido estrito quanto figurado do termo, conforme o dicionário da língua portuguesa: “Capital imaginária dos Infernos, reunião de indivíduos para a prática do mal (aqui se encaixa o que o governador João Dória e várias outras pessoas tem dito sobre o “gabinete do mal”) ou promoção de desordens. No sentido figurado também pode ser: assembleia tumultuosa, lugar onde reina a confusão e onde ninguém se entende; balbúrdia”.

Isto é o que está acontecendo em nosso país neste momento de pandemia. Por exemplo, não existe planejamento e articulação entre os governos federal, estaduais e municipais. O presidente da República não aceita o diagnóstico e as ações dos governadores, a quem acusa de verdadeiros crimes contra a economia, como exterminadores de empregos; diversos prefeitos, inclusive de capitais não se entendem com os governadores, como no caso de Cuiabá, do Rio de Janeiro e outros estados.

Todo mundo em todos os países sabe que as consequências econômicas, financeiras, no mercado de trabalho serão enormes, todos os países irão amargar recessão econômica, desemprego, fome, miséria e agitações sociais. Todavia, se no combate do coronavírus existe uma verdadeira balburdia, caneladas, bate cabeças até entre o Presidente da República e alguns de seus ministros, sem falar nas demais instâncias governamentais, incluindo o embate politico eleitoral entre Bolsonaro e o Congresso, além da falta de sintonia entre o poder executivo e o judiciário, como podemos imaginar que esta elite incompetente, carcomida, egoísta e autoritária possa sentar em uma mesma mesa e analisar como será e  o que poderá ser feito no dia seguinte, o “day after”, quando a onda do coronavírus acabar?

Qual vai ser o caldo social, politico, ambiental e cultural do pós coronavírus? Com certeza a situação brasileira que já é grave deverá piorar muito mais. A crises econômica, politica e social poderão arrastar o Brasil para uma verdadeira conflagração, ai será um “salve-se quem puder”.

Na quase totalidade dos países os governos centrais tomam a dianteira, lideram as ações, indicam rumos, inclusive na Índia, que também tem mais de 1,3 bilhão de habitantes, facilitando a coordenação dos esforços e ampliando os resultados positivos, aqui no  Brasil vivemos neste pandemônio em meio a uma pandemia.

Dando sequência `a sua mania persecutória, o Presidente Bolsonaro, a cada dia fica mais isolado e furioso, atacando todos em sua volta, inclusive alguns ministros e a imprensa, a quem culpa pela falta de rumo de seu governo.

Ao longo desses 15 meses de governo, o Presidente foi perdendo vários aliados que o ajudaram a ser eleito, diferente do que `as vezes ele afirma que esses ex-aliados o traíram nesses poucos meses de governo.

Além da mania persecutória que também acaba sendo aguçada pelo ciúme de não aceitar que ninguém ao seu redor possa brilhar mais do que ele e também esses dois aspectos são extremamente influenciados por uma cegueira e fanatismo ideológico, incluindo a famosa teoria da conspiração, ambiente em que vive permanentemente inserido, seja pela lorotas do astrólogo, que se diz filósofo, Olavo de Carvalho, que é o guru tanto de Bolsonaro quanto de seus filhos seja pela constatação de que alguns de seus ministros são avaliados de forma melhor do que o Presidente, em pesquisas de opinião pública.

Fruto de sua formação militar, se bem  que saiu das fileiras do Exército no meio da carreira, apenas como capitão, não podendo chegar a general de exército, posto que nas três forcas é chamada de “quatro estrelas”, em que tais oficiais realizam cursos mais avançados, Bolsonaro enveredou-se para a carreira politica, levando consigo parte da família, o presidente em sua atuação demonstra uma personalidade extremamente autoritária, voluntarista, dando palpite sobre tudo e todas as situações, falando muito e escutando pouco.

Neste sentido, Bolsonaro imagina que sabe tudo, que é o único dono da verdade, pouco importa os fatos, a realidade e as posições de outras pessoas, algumas com formação em suas áreas específicas.

Talvez seja por isso que a Deputada Janaina Paschoal, que chegou até ser cogitada para ser vice na Chapa de Bolsonaro, eleita com mais de dois milhões de votos em São Paulo tenha dito recentemente, em mais de uma ocasião, ““Esse senhor [Jair Bolsonaro] tem que sair da Presidência da Republica. Deixa o [vice-presidente Hamilton] Mourão, que entende de defesa. O nosso país está entrando em uma guerra contra um inimigo invisível”, ou “‘Me arrependi do meu voto”.

Outra ex-aliada de primeira hora de Bolsonaro, a Deputada Federal, que ocupou inclusive a liderança do Governo no Congresso Nacional, assim se expressou sobre o Presidente, pelo fato do mesmo estar contra o isolamento social e estar em contato com as pessoas na periferia de Brasília e interagido com manifestantes em frente ao Palácio do Planalto: “'Bolsonaro foi irresponsável, inconsequente e insensível! O Brasil precisa de um líder com sanidade mental', escreveu a deputada

Este é o Quadro atual da situação da pandemia no mundo e no  Brasil. Mesmo que outros governantes tenham “dormido no ponto” e imaginassem que o coronavírus poderia ser apenas “uma gripezinha” ou um “resfriadinho”, como afirmou recentemente o  Presidente Bolsonaro e, dentro deste entendimento não tenham tomado as providências contidas na recomendação das comunidades médica, científica e da própria OMS – Organização Mundial da Saúde, quando, finalmente a pandemia chegou em tais países, a realidade foi devastadora.

Nos EUA, onde Trump também ignorava e até dificultava as ações de governadores e prefeitos, como aqui faz Bolsonaro, de repente, não mais do que de repente, foi “surpreendido” com dezenas  de milhares de casos (no mundo até 02/04/2020 nada menos do que 1.038.166 casos e 53.210 mortes e nos EUA 245.646 casos e mais de seis mil mortes, com projeções aterradoras), de pessoas infectadas que, ao não terem sido orientadas para se manterem isoladas socialmente, levaram o coronavírus para o país inteiro e as mortes estão aumentando todos os dias.

O mesmo aconteceu na Itália, onde o Prefeito de Milão, chegou até a lançar uma campanha , recentemente copiada por Bolsonaro e pela turma do Palácio do Planalto, que também alguns auxiliares do Presidente já foram infectados, pois bem, a campanha do prefeito de Milão tinha como slogan “MILÃO NÃO PODE PARAR”.

Recentemente , de forma cínica, o referido prefeito foi as redes de TV pedir desculpas pela sua decisão equivocada que levou milhares de pessoas ao sofrimento e à morte.

Slogan semelhante foi criado para a campanha que o Palácio do Planalto desejava veicular para estimular a população a deixar o isolamento social e voltar ao  trabalho e outras atividades, mas que foi barrada na Justiça antes de sua oficialização.

Posição semelhante também foi tomada no inicio da chegada da pandemia do coronavírus na Inglaterra pelo primeiro ministro Boris Johnson, que numa demonstração de que não acreditava na gravidade do coronavírus foi a hospitais e num ato irresponsável, contrário `as recomendações médicas apertou as mãos dos doentes e ainda fez piada dizendo que ia sair `as ruas apertando as mãos dos eleitores.

Resultado, a pandemia chegou pra valer na Inglaterra e entre os infectados estão o próprio primeiro ministro e até o Príncipe Herdeiro da Coroa Britânica, Charles; além de diversos outros oficiais mais graduados. Em duas semanas a Inglaterra já conta com 34.173 casos de coronavírus e 2.921 mortes e as projeções indicam que poderá chegar, como nos EUA e outros países Europeus mais infectados, com mais de 100 mil casos e mais de 10 mil mortes.

Nos EUA ante a realidade Trump mudou radicalmente de posição admitiu a gravidade da pandemia, recomendou o isolamento social e até cogitou em estabelecer quarentena para os Estados de Nova Iorque, Nova Jersey e Delawere, impedindo que pessoas saiam ou entrem nesses estados, seguindo o modelo da China e da Coréia do Sul, que, antes a disseminação do coronavírus  impuseram severas medidas impedindo que a população se movimentasse.

Os resultados tanto na Coréia do Sul quanto na China, vieram dentro de pouco tempo e a pandemia foi razoavelmente controlada nesses dois países com um número considerado pequeno de casos e de mortes, principalmente na China que tem 1,4 bilhão de habitantes, quase 20 vezes a população da Itália ou da Espanha e menos da metade das mortes em cada um desses países.

Há semanas, praticamente desde o inicio da instalação do coronavírus no  Brasil o Presidente Bolsonaro, imitando  as posições equivocadas desses líderes mundiais, ignorando que os mesmos ante a escalada da pandemia não titubearam em mudar radicalmente de suas posições, volto a enfatizar, no Brasil enquanto o seu ministro da saúde teima em recomendar o isolamento social, da mesma forma que diversas outras instituições como Congresso Nacional (Câmara Federal e Senado da República, cujo presidente também foi infectado pelo coronavírus e ficou em reclusão, isolamento completamente por duas semanas), o Poder Judiciário, praticamente todos os Governadores e prefeitos das capitais e das maiores cidades do Brasil, além de pesquisadores e cientistas, nosso presidente, à semelhança de Boris Johnson, continua mantendo contato e se movimento pela periferia de Brasília.

Situação bem diferente aconteceu com a primeira ministra da Alemanha, Ângela Merkel, que após ter tido contato com um médico e depois saber que o mesmo estava infectado, não titubeou e ficou duas semanas em quarentena e isolamento social.

Todos os dias, o Ministro Mandetta, da Saúde, afirma categoricamente que é importante e fundamental manter o isolamento social, que esta é a orientação da OMS e das comunidades médica e científica, no que é tangenciado pela Advogada Rosangela Wolff Moro, esposa do Ministro Sérgio Moro em suas redes sociais de ontem “postou” a seguinte mensagem: “"Entre a ciência e achismos eu fico com a ciência. Se você chega doente em um médico, se tem uma doença rara você não quer ouvir um técnico? Henrique Mandetta tem sido o médico de todos nós e minhas saudações são para ele. In Mandetta I trust", escreveu ela, conforme notícia do UOL/SP de 02/04/2020.

Até mesmo o guru da economia do Governo Bolsonaro, Paulo Guedes, quando perguntado sobre a questão do isolamento social, disse que “ como cidadão entendo que é necessário manter-se o isolamento social, é o que estou fazendo”.

Creio que não seria pedir muito para que nossos governantes, tivessem um pouco mais de humildade e responsabilidade neste momento de uma crise grave e em meio a tantos problemas que o país enfrenta há décadas como exclusão social, caos na saúde publica, educação pública em frangalhos, meio ambiente em degradação enorme, violência sem fim, falta de infraestrutura adequada, milhões de brasileiros sem água potável, sem esgoto, sem renda, desempregados, subempregados, desalentados, pudessem pensar mais um pouco no país, nos Estados e nos municípios e menos em seus currais eleitorais, seus projetos de poder, nas próximas eleições.

Oxalá, Deus se apiede de nosso país e de sua gente, principalmente quem mais sofre que são os trabalhadores  e nos devolva a esperança de dias melhores! Esta deve ser a nossa prece todos os dias!

 

*JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de alguns veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy

 

Quinta, 02 Abril 2020 22:06

 

Nos últimos dias, os brasileiros assistiram empresários realizarem buzinaços em várias capitais do país, implorando aos governos que determinem o retorno imediato dos trabalhadores aos seus postos de trabalho. Alegando prejuízos à economia do país, reproduziram frases de efeito do tipo “o Brasil não pode parar”, “a economia vale mais do que cinco ou sete mil mortes”, “se não morrerem atacados pelo vírus, morrerão de fome”.

 

Os desfiles quilométricos de carros, sob a orientação expressa de que ninguém deveria descer do veículo para evitar contaminações, não demonstrou outra coisa se não o fato de que os patrões estão desesperados sem seus empregados. Sim, eles também estão com medo do coronavírus, mas o mais importante da carreata foi a evidencia de que são os trabalhadores que produzem a riqueza dos patrões - e toda e qualquer riqueza que possa existir no mundo.

 

Além do presidente, alguns governadores e prefeitos reconhecem a demanda dos empresários, mas aparentemente a maior parte da sociedade não foi tocada pela manifestação. Os trabalhadores não estão convencidos de que suas vidas valem menos do que o lucro que garantem mensalmente aos patrões, e os sindicatos de trabalhadores também questionam a ideia de que a quarentena prejudicaria a economia.     

 

“A defesa da vida dos trabalhadores, além de ser uma questão ética, é também uma questão econômica. Por exemplo, o que é mais caro, uma caneta ou um carro? Um sapato ou uma casa? Um animal morto na rua tem algum valor econômico? Não, mas se você retirar o couro desse animal e fizer um sapato, ele vai ter valor econômico. É o trabalho humano que gera valor. Por isso o carro é muito mais caro do que a caneta, porque nele há muito mais trabalho agregado. Do mesmo jeito, a casa é mais cara do que um sapato, porque nela há muito mais tempo de trabalho. Trabalho é dinheiro, trabalho é valor”, explica a diretora da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind), Lélica Lacerda, que é assistente social.   

 

Se, de fato, os trabalhadores produzem a riqueza do mundo, suas vidas são muito mais valiosas. No entanto, seguindo a lógica de acumulação capitalista, produzir não é o mesmo que desfrutar. Nem mesmo nos momentos em que a vida está em risco, como agora.

 

Nesse sentido, a Adufmat-Ssind defende a posição de que a quarentena significa o direito à vida, e não é esse direito que pode quebrar o país. “Eu diria que quem vai quebrar o país são os bancos, pois o Brasil destina entre 40 e 50% de toda a sua arrecadação anual à dívida pública, ou seja, aos bancos”, afirma Lacerda.

 

“Segundo a Oxfam, em 2017, 1% da população mais rica acumulava 82% da riqueza mundial, e os 5% mais ricos já concentravam 95%. Ou seja, 5% da população mundial desfruta de 95% da riqueza, enquanto, ao contrário, os outros 95% mais pobres dividem apenas 5%”, enfatizou a docente.   

 

O mesmo Estado que é cobrado a atender a população continua, no entanto, editando medidas que garantem a concentração de renda do setor empresarial. Uma semana depois de ver fracassar a tentativa de permitir a suspensão de contratos com trabalhadores do setor privado por quatro meses (MP 927/20), o governo Federal lança mão de mais uma proposta para aliviar o capital: reduzir os salários de trabalhadores dos setores públicos (PEC 10/20) e privados (MP 936/20), além da alteração da jornada de trabalho e, mais uma vez, a possibilidade de suspensão de contratos.

 

Assim, o capital segue lucrando com ou sem crise. Discute-se sobre a vida e o trabalho, mas ninguém questiona o pagamento da dívida pública, os incentivos (isenções) fiscais. Ao contrário, além dos benefícios habituais, o Estado ainda cobre parte dos salários para “evitar” demissões, e injeta recursos no mercado para fazer girar a economia.      

 

“Se a gente naturalizar essas relações, então realmente não tem dinheiro. Mas a nossa posição é classista, a gente entende que esse é o momento de reduzir os lucros do capital para poder garantir a vida dos trabalhadores. Então, não é a quarentena do coronavírus que coloca a economia capitalista em xeque, é essa necessidade de auto expansão ampliada que não tem mais condição de ser realizada. Logo, o vírus da economia não é o coronavírus, é o capital”, conclui a professora.

 

Clique aqui para ver a análise completa da professora Lélica Lacerda. Acompanhe a Adufmat-Ssind também no Facebook, e Instagram @adufmatssind. 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Quinta, 02 Abril 2020 16:53

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Por Aldi Nestor de Souza*
 
 

E mesmo depois de termos inventado o pau de selfie, as tomadas de três pinos, as músicas de Maiara e Maraísa, os espremedores de alho, descoberto um caminhozinho pra ir à lua, a velocidade da luz e uma forma de bisbilhotar o mundo quântico, estamos diante de um problema invisível, bem na palma de nossas mãos e que nos impõe alguns dilemas. Por exemplo: fazer ou não fazer a barba? O vírus vai mesmo mudar o mundo e estabelecer uma nova consciência, uma nova organização da sociedade? Como a Michele faz pra aguentar?

Por enquanto, mesmo com todo esse arsenal de sofisticadas e inacreditáveis tecnologias, não há remédio, não há chá, não há vacina, não há prazo. Lavar-se com água e sabão e ficar em casa, dizem os médicos, é a coisa mais indicada e avançada a se fazer. E isso vale tanto pro grande empresário quanto para os pés de alface. 

Ninguém faz ideia de como será o amanhã. Nem a cigana.

No que diz respeito as barbas, ainda não existem comprovações científicas e especialistas do mundo inteiro encontram-se divididos. Tirar ou não tirar. Há quem defenda que essa touceira de cabelo sirva de mais um abrigo pro vírus, além de ser um motivo pra pessoa ficar passando as mãos, alisando nas proximidades da boca e do nariz. Por outro lado, há os que dizem que apenas médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde, por comodidade de encaixe das máscaras, precisam se preocupar com a barba. A OMS ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto.

Enquanto dura a indefinição científica, empresários aproveitaram a oportunidade, eles sempre aproveitam, e lançaram um higienizador de barba. É um spray com álcool em gel que você borrifa entre os pelos e garante, pelo menos em parte, a limpeza dos fios. Mas só o ventilar das pesquisas científicas é que poderá encerrar o assunto.

O vírus sucumbe os mercados, ameaça a lógica do sistema de produção vigente, joga por terra as verdades das grandes corporações, do neoliberalismo, do mercado do peixe, do Caldo de Cana da Noca, da barbearia do Antenor. O vírus joga luz sobre os serviços públicos, sobre a ciência, sobre a pesquisa, eleva o SUS à categoria de exemplo pro mundo, mostra o fracasso e o flagelo da saúde mercadoria.

Há quem garanta que o mundo, como o conhecíamos há três semanas atrás, não seja mais possível. As formas de trabalho, de estudo, as relações pessoais e sociais, tudo está em aberto. É possível, como disse o poeta, que cada vez mais, “ nossa casa seja o nosso mundo”.

É possível que muitas profissões modernas caiam na mais absoluta obsolescência. É possível que não tenhamos a quem mostrar nossas proezas, nosso curriculum lates repleto de títulos, artigos e farofa; é possível que não tenhamos a quem mostrar nossa barriga trincada, nosso muque e nossa felicidade; É possível que uma disputa por alimentos e água nos leve às mais primitivas e últimas consequências; É possível que os trabalhadores se organizem, reflitam sobre sua condição, adotem a solidariedade como valor inestimável  e tomem a direção de suas vidas. É possível que por uns bons anos sejam proibidas grande aglomerações. É possível que a vida nas cidades se torne impraticável, que o campo seja a boa nova, que a terra seja obrigada a ser dividida, que os trabalhadores imponham a reforma agrária.

Porque, convenhamos, mesmo antes do vírus, e com as mais modernas tecnologias desfilando por aí, a vida, pra imensa maioria da humanidade, não ia lá essa coca cola toda, as economias e o mundo do trabalho já caminhavam cambaleando e pareciam prestes a ruir. Os trabalhadores não iam mesmo aguentar por muito tempo, como disse outro poeta, “o privilégio da servidão”, uma vida miserável, de trabalho precário, sem nenhum direito, com jornadas de 14 horas por um salário incerto e de fome. Essa receita da economia neoliberal, mais dia menos dia, ia mesmo pros quintos das cucuias. E isso quem garante é o  motor da história que diz: cada ação provoca uma ação em sentido contrário.

Por último, e não menos importante, como a Michele aguenta? Porque à distância, em vídeo, e só por uns minutinhos, dá a repulsa que dá, a gente fica pra morrer, imagine morar junto. Imagine dormir junto. Imagine ficar nu junto.  Como será que ela faz pra dormir? E acordar? Será que ele ronca, fala dormindo, é sonâmbulo? Como será ter que suportar um pum dele no meio da noite, rodeada de paredes de palácio?  Como será que eles brigam? Como será olhar pras cuecas dele, aquelas com freadas de bicicleta no fundo?


*Aldi Nestor de Souza
Professor do departamento de matemática-UFMT-Cuiabá
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Quarta, 01 Abril 2020 14:36

 

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Por Fernando Nogueira de Lima*

 

Estou cada vez menos, interessado em ficar diante da TV para presenciar de um lado, a estratégia de manter - a qualquer custo, a audiência e veicular, entre uma e outra mesmice, os comerciais com o propósito de manter a saúde financeira desse meio de comunicação e, de outro lado, a busca incansável de se manter em evidência com vistas aos próximos pleitos eleitorais, como tática - por vezes insana, de se manter no poder assegurando mais um mandato eletivo à custa da ignorância política, dos mesmos eleitores.

Estou cada vez menos, atento ao falso dilema posto de optar entre salvar vidas ou empregos e ao antagonismo vigente nas redes sociais, estéreis na perspectiva de mudanças sociais e comportamentais para que, emprestando as palavras esperançosas de Belchior, possamos dizer: o presente, o corpo, a mente é diferente e o passado é uma roupa que não nos serve mais. Em vez disso, ao que parece, preferimos não atentar para as palavras cheias de críticas do Cazuza e continuamos, sabe-se lá até quando, presenciando o futuro repetir o passado.

Estou cada vez mais, interessado em refletir sobre os porquês de existir entre a canalhice e a charlatanice, tanta imbecilidade, tanta impunidade, tanta incompetência, tanta insensatez, tanta incoerência e tanta ingenuidade, assegurando que parcela significativa da população continue sendo massa de manobra não só das lideranças de ocasião e de políticos de carreira, mas também de formadores de opinião e de quem deve aniquilar a iniqüidade.

Estou cada vez mais, ciente de que independentemente do meu querer ou poder e de preces - sejam elas de padres, de pastores, do papa ou de quem quer que seja, fato é que muitos óbitos de acometidos por este vírus que não poupa região, nacionalidade, raça ou faixa etária, ainda irão ocorrer. Nesta conjuntura, certo é que morrerão bem mais idosos do que jovens e, por sua vez, bem menos crianças do que adultos. Por isso mesmo estou imune aos anteparos usados pelas mídias para mostrar seletivamente esta triste e inegável realidade.

Estou cada vez mais, apagando compulsivamente postagens que tratam desta pandemia e de assuntos políticos envolvendo os mesmos nomes e assuntos que já se tornaram irrelevantes, para mim. Além disso, nestes dias de isolamento social tenho priorizado o lúdico e tudo que for belo aos meus olhos: contos para crianças para adaptá-los e contá-los aos meus netos; a criatividade e o talento na forma de música, pintura, textos em geral e belas imagens, para fortalecer minha mente, alimentar meu espírito e viajar ao longe sem sair daqui.

Estou a ouvir e sentir, o silêncio ser interrompido pelo talento de mãos ao piano, ora do músico Diego Caetano, ora do músico Pedro Calhão. Antes disso, pela bela apresentação da soprano Marianna Lima, artista do coro do TMRJ, interpretando a obra "O Mio Babbino Caro" de Giacomo Puccini, o que me fez ouvir novamente a clássica e conhecida interpretação desta obra pela soprano grega Maria Callas e pela comovente e ignorada interpretação de Bidu Sayão, brasileira e uma das maiores cantoras líricas do mundo.

Estou como de costume, ouvindo músicas e buscando artistas até então desconhecidos, para mim. Nessa estrada me deparei com Brother Dege e parei para ouvir “Too old to die young” e “Bastard's blues”.  Mais adiante encontrei com Ed Bruce cantando solo “Mamas don’t let your babies grow up to be cowboys” e com Hank Williams interpretando a canção “Long gone lonesome blues”, e outras. No entardecer pude ouvir “I'll play the blues for you” com Daniel Castro e “My one and only love” com Art Tatum & Bem Webster.

Estou em quarentena, a buscar bons textos disponíveis no mundo digital e nesse propósito aprendo e me divirto com as crônicas, requentados ou inéditos, do José Teles que abordam, com pitadas de bom humor e ironia, o cotidiano da vida, a música, canções e intérpretes. Nesse meu procurar, encontrei o soneto “Não vás embora” de Edir Pina de Barros. Não bastasse, recebi o poema “Casa de Oração Índio Tupinanmbá-Cointá” de Kathleen O’Meara (1839 a1888), que curiosamente tem muito a ver com a situação que estamos a vivenciar.

Estou sem histerias, apreensivo com o que pode ocorrer particularmente com tantos quantos fazem parte do meu círculo de amizades e com todos os meus familiares que constituem minha principal razão de viver e bem viver. No mais, resta-me esperar que estes tempos sombrios passem logo e que sirvam para frear outra pandemia, caracterizada pelo triunfar da idiotice crescente que permeia a sociedade, cuja imunização só se dará quando a educação for um sentimento nacional e o ser útil ao próximo tornar-se prática inegociável.

 

*Fernando Nogueira de Lima é engenheiro eletricista e foi reitor da UFMT.

 

Terça, 31 Março 2020 20:09

 

“Sou um provável paciente assintomático para o coronavírus! Desabafo real de um profissional da saúde sobre a pandemia que estamos vivendo e como ela pode atingir a todos nós e àqueles que conhecemos”. Estas são as primeiras palavras de uma longa postagem na rede social de Felipe Cazeiro, publicada na tarde do último domingo, 29/03. O psicólogo, que se formou pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e atualmente trabalha no Recife, relata em seguida como ele e alguns colegas podem ter sido expostos, dentro do ambiente de trabalho, ao vírus que paralisa o mundo.

 

O desabafo de Cazeiro trouxe mais do que um drama ou inquietação pessoal. Introduziu, na verdade, um debate que deve ganhar mais força nos próximos dias. O Brasil ainda está na segunda semana de combate efetivo ao coronavírus; o presidente nem conseguiu processar a gravidade do problema, mas um novo desafio já aponta no horizonte: hospitais em diversas regiões do país começam a afastar funcionários possivelmente infectados. Só nessa terça-feira, 31/03, as notícias informaram cerca de 600 afastamentos em São Paulo e mais de 600 no Rio Grande do Sul. O relato de Cazeiro, que já está afastado, como outros colegas, demonstra que não são os únicos.  

 

No momento em que os profissionais da saúde são praticamente a única segurança da população, a perversidade dos governos neoliberais mostra mais uma vez a sua cara. “O coronavírus é bastante virulento e tem uma grande capacidade de transmissão. Quando gestores, governadores, secretários, o país em si perceberem de fato isso pode ser muito tarde! Fico revoltado por termos que defender o óbvio!”, seguiu Cazeiro. O óbvio é que uma saúde pública de qualidade deveria ser prioridade, incluindo a segurança dos seus profissionais e pacientes. Mas a saúde no Brasil nunca foi tratada com a devida responsabilidade.

 

Há anos os movimentos sociais de trabalhadores denunciam que a saúde não pode ser tratada como mercadoria; que é preciso investir mais e não retirar recursos de direitos sociais; que os cortes nos repasses representam, no cotidiano, a falta de equipamentos, de insumos, de material para atender a população e não expor a saúde dos próprios atendentes. Só em meio a uma verdadeira tragédia mundial a situação parece escancarada.     

 

Em resposta contrária aos apelos dos movimentos sociais, os governos federal, estaduais e municipais atenderam ao capital, e trataram de rifar a saúde pública. Não só aprofundaram os cortes como, com a Emenda Constitucional 95/16, congelaram os recursos por 20 anos. Só em 2019, a EC 95/16 representou uma perda de R$ 20 bilhões para o SUS.

 

Mas não se trata de ouvir ou não os movimentos sociais, ou mesmo de ter recursos para investir. Os representantes do Estado brasileiro fizeram – e continuam fazendo – a opção política de beneficiar os setores empresariais em detrimento da população.

 

Os exemplos são inúmeros. A precarização do SUS, por si só, favorece o mercado de planos de saúde privada. Os governos introduziram empresas para administrarem hospitais (chamadas Organizações Sociais – OSS), o que já demonstrou, em Mato Grosso e outros estados, uma perda imensa de recursos com corrupção, compra de materiais desnecessários, precarização das condições de trabalho, entre outros. As decisões judiciais que reconhecem o direito à saúde de pessoas que aguardam nas filas favorecem o setor privado, pois se a Justiça determina, o Estado tem de pagar muito mais caro para que um hospital particular atenda um paciente. Tudo isso já foi amplamente demonstrado.  

 

Há dezenas de outros elementos que podem ilustrar que as vidas dos pacientes e dos trabalhadores da saúde nunca estiveram no centro das ações dos governos neoliberais. Mas as reflexões provocadas pelo advento do coronavírus em todo o mundo trazem a possibilidade de mudar essa realidade, a partir da constatação de que, socialmente, é mais interessante que os interesses coletivos prevaleçam aos individuais, e que as vidas importam mais do que os lucros.

 

“Imaginem o que acontecerá se os profissionais adoecerem em massa? Como conseguiremos superar essa pandemia se o Estado brasileiro, de forma irresponsável, coloca em risco as vidas desses trabalhadores? Esse é um problema coletivo. Cabe a nós exigir que as instituições ofereçam imediatamente todas as condições para que os profissionais da saúde tenham condições de enfrentar essa pandemia em segurança. Por ora, pelas suas vidas e de todos nós, chamamos a sociedade a abraçar a campanha ‘Cuidar de quem cuida’, junto a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso [Adufmat-Ssind] e outras entidades que atuam em defesa dos trabalhadores”, afirma a diretora da Adufmat-Ssind, Lélica Lacerda.

 

A docente destaca que militantes de Mato Grosso continuam debatendo em exaustão a situação dos trabalhadores do SUS e, solidariamente, tentam encontrar alternativas para ajudar. As reuniões online abordam formas de produzir material de proteção individual, agilizar a chegada de álcool gel e outros insumos, além de pressionar instituições e governos para que cumpram suas funções e garantam as condições ideais.

 

O sindicato destaca, ainda, a preocupação de que a maioria dos profissionais da saúde são mulheres e, entre elas, mulheres negras, cujos salários diminuem conforme o grau de proximidade dos doentes. Isto é, além da exposição no ambiente de trabalho, também se trata de um segmento exposto economicamente.

 

“O Estado brasileiro prefere garantir que cerca de 50% dos recursos arrecadados com impostos sejam destinados a banqueiros, enquanto pouco mais de 4% da outra parte arrecadada é destinada à saúde, e cerca de 3% a programas de assistência social - políticas que poderiam beneficiar trabalhadores de hospitais, postos de saúde, albergues e todos os serviços que também são importantes frente à pandemia. Ou seja, a prioridade dos governos brasileiros não tem sido a população, muito menos a vida daqueles que se arriscam para salvar outras vidas. Isso está errado, é uma postura genocida e criminosa contra o povo brasileiro, e tem que mudar”, declarou Lacerda.

 

Interessados em contribuir com as ações das entidades podem entrar no grupo do Whatsapp por meio do link https://chat.whatsapp.com/EAoIGOmpx5FDACTD6NdW1G.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Segunda, 30 Março 2020 19:10

 

Na madrugada da última sexta-feira, 27 de março, a juíza Laura Bastos Carvalho da justica federal no RJ proferiu decisão proibindo o governo Bolsonaro de veicular a propaganda "O Brasil não pode parar” sob pena de multa de 100 mil reais por infração.

A decisão foi proferida na ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal, com pedido de tutela de urgência para impedir que o governo federal divulgasse peças publicitárias . A ação judicial assinada por mais de 10 procuradores federais de diferentes estados brasileiros alegou que a referida campanha estimularia os brasileiros a voltarem a suas atividades normais, sem que a campanha estivesse embasada em documentos técnicos que comprovássem que tal medida asseguraria o direito à saúde dos brasileiros no estágio atual da pandemiado Covid-19 no país.

Ainda na sexta-feira, 27 de março, o ANDES-SN buscou o Conselho Federal da OAB, a Procuradoria Geral da República e outras entidades para que ingressássem com medidas judiciais e administrativas contra a veiculação da referida propaganda. A decisão concedida no plantão judiciário pela justiça federal do Rio de Janeiro ainda pode ser revista e o ANDES-SN seguirá acompanhando os desdobramentos da ação política e juridicamente.

A experiência internacional já demonstrou que o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da COVID-19, deve passar pelo necessário distanciamento social e pela manutenção dos trabalhadores e trabalhadoras dos países atingidos em suas residências. Entretanto, o presidente Jair Bolsonaro caminha na contramão das orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e prega que a população deve retomar as atividades econômicas e sociais por meio da propaganda "O Brasil não pode parar". O governo de Bolsonaro utilizou cerca de R$ 4,8 milhões de reais dos cofres públicos com a campanha, dinheiro que poderia ser usado para compra de equipamentos de proteção e de higienização, na defesa do combate real à pandemia do novo coronavírus.

Essa utilização indevida de dinheiro público pelo governo Bolsonaro fez com que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) denunciasse o governo federal ao tribunal de Contas da União (TCU), anteontem, dia 27 de março.

 

Fonte: ANDES-SN

Segunda, 30 Março 2020 09:12

A Adufmat-Ssind convida toda a comunidade acadêmica e demais interessados para participarem da Rede Solidária de Enfrentamento ao Coronavírus.

 

O pronunciamento de Bolsonaro deixa evidente sua política de morte aos trabalhadores para o salvamento de lucros, expressão política de grupos como Lojas Havan e Restaurante Madero, que vieram à imprensa afirmar que a morte de milhares de trabalhadores não justifica paralisar a economia.

 

Dos 27 governadores brasileiros, apenas Mauro Mendes se alinha a esta política genocida e já decretou reabertura do comércio essa semana. 

 

Os sindicatos de trabalhadores entendem que é preciso construir um plano alternativo, pautado na solidariedade e valorização da vida. Por isso, vimos por meio deste convidar professores, estudantes e todos que queiram contribuir para construirmos uma Rede Solidária de Enfrentamento ao Coronavírus. 

 

Entendemos que é hora da universidade dispor de sua estrutura e equipamentos, daqueles que têm condições de estar em quarentena contribuir com os que não podem, entre outras ações.

 

A reunião será online, segunda-feira, dia 30/03, às 18 horas por meio de link a ser disponibilizado no grupo de WhatsApp.