Terça, 20 Junho 2017 13:50

 

 

Profa Vanessa C. Furtado

Departamento de Psicologia - UFMT

 

 

Quando vislumbrei a carreira acadêmica como possibilidade de atuação, muitos foram os estereótipos que permearam minha escolha: a possibilidade de realizar pesquisas que pudesse efetivamente trazer melhorias à sociedade; o trabalho em conjunto de ensino-aprendizagem enquanto processo dialético de produção de conhecimento; a integração da comunidade e universidade e a disseminação do conhecimento produzido pela universidade com a finalidade de dar acesso universal a essa produção. Hoje, cara a cara com a realidade, reconheço quão ambiciosos eram esses estereótipos que se tornaram planos de atuação quando fui convocada para assumir o cargo de professora.

 

Das condições materiais efetivas para o exercício de minha profissão dois me são ainda mais árduos   e   áridos:   a   falta   constante   de   recursos   e   profissionais   suficientes   em   meu departamento e a burocratização de meu trabalho. Um implica diretamente no outro, comecemos pela situação da falta de condições de trabalho, ou seja, de recursos. Logo em meu primeiro ano nesta universidade, participava de um curso de formação para professoras quando ouvi, da então reitora, que não deveríamos deixar de trabalhar pelo simples fato da universidade não nos dar as condições necessárias, se o problema fosse falta de data-show, então que o comprássemos com nossos excelentes salários. Na época, embora ainda engatinhando na profissão, achei a declaração absurda e me recuso terminantemente, até hoje, a comprar um data-show para dar aulas! No entanto, não me recuso a comprar livros dos quais a universidade não dispõe, não me recuso a buscar programas que escaneiam trechos de textos para disponibilizar para as turmas as quais dou aula e assim evitar que fiquem sem o material necessário, não me recuso a sair de casa com meu carro percorrer os campos de estágios (que são obrigatórios na grade curricular), às custas de parte do meu salário para abastecer o veículo, não me recuso de atravessar um prédio inteiro para utilizar os sanitários que vivem interditados por falta de água ou algum outro problema, não me recuso fazer orientações extra “PIA” para não deixar os/as discentes sem orientação, não me recuso a trabalhar três turnos e ainda finais de semana para dar conta das atividades que me são impostas. Enfim, nesta conta, o valor do data-show até que não me sairia tão mais caro!

 

Ah mas não só de sala de aula vive uma professora! Então, preciso integrar ensino-pesquisa- extensão (repetimos isso quase que como um mantra). E, para alguém como eu, que compreende a função social da universidade pública, congregar as teorias com as práticas de minha profissão e militância por uma sociedade mais justa é posto, também, como dever. Sem esquecer, é claro, que no mundo acadêmico tanto vale quanto maior for seu Lattes, portanto: PUBLIQUE! Assim, em algum momento entre todas as reuniões agendadas, aulas a serem preparadas e ministradas, trabalhos a serem avaliados, é preciso tempo para preencher os intermináveis formulários (e como se os já existentes não bastassem, criam mais um tal de REA),  que  devem  ser  “selado,  registrado,  carimbado  (protocolado)/Avaliado,  rotulado  se quiser voar”! Ou seja, TORNEI-ME UMA INEFICIENTE BUROCRATA! Alimentando os fantasmas da fiscalização do trabalho público, pois o mito da funcionária pública que não faz nada é tantas vezes propagado quanto se deseja acabar com essa espécie de serviço neste país.

 

E para que nos serve O burocratismo em uma universidade pública, onde tudo precisa de carimbos, etiquetas e protocolos? Respondo: para nos retirar do trabalho que nos é mais essencial nesta instituição: a produção de conhecimento (e aqui, leia-se: pesquisa, extensão e preparo de aulas). Quanto tempo dispomos do nosso dia-a-dia de trabalho para montar processos, carimbar folhas, levar ao local de registro, levar ao local de destino? Em meu caso, pelo menos, um turno do meu dia é ocupado por essa função, quando necessito montar um processo  para  legitimar  qualquer  ação  extra  sala  de  aula,  como  um  simples  projeto  de extensão que atenda as necessidades da comunidade matogrossense. Não são raras as vezes que eu penso em não realizar tais atividades, apenas para evitar todo esse ciclo de processos intermináveis. E não porque eu me ache incapaz de fazê-lo, mas por falta de tempo dentro daquela rotina já descrita acima.

 

Agora, o que mais me espanta e indigna é a naturalização desse processo burocrático, que atravanca os caminhos da produção e disseminação do conhecimento produzido em nossa universidade. Também não são raros os relatos de colegas que solicitam a estudantes que as auxilie nesse processo de preenchimento de formulários, usualmente atribui-se essa atividade a quem recebe bolsa, afinal precisa trabalhar. A naturalização dessa atividade é tamanha que, esquecemos que estudantes também recebem bolsa para pesquisar.

 

Para se ter ideia, apenas hoje, para correção de atividades em meu REA gastei cerca de 34 minutos (contados no relógio por pura birra) de um tempo que estava disponibilizando para preparar minhas aulas da semana. Ou seja, mais 34 minutos porque já havia gasto vários outros, em pleno feriado, preenchendo o tal do relatório com todas as atividades realizadas no semestre. E tome mais fiscalização! Como se não bastassem os imperativos do currículo lattes, do PIA, diário de classe, mais um REA. Pra meu espanto, só que não, as atividades registradas nesse  novo  relatório  ultrapassaram  as 40  horas  de trabalho  às  quais  deveria  me  dedicar exclusivamente.

 

Por um lado, achei ótimo ter uma forma de registro de atividades que chegam perto de demonstrar a realidade da atividade docente, por outro “que vantagem Maria leva?”. Estas horas-extras servirão para efeito de banco de horas ou adicional salarial? Não estranhem a pergunta,  pois  é  retórica,  contudo  necessária,  uma  vez  que,  são  estas  as  opções,  em instituições privadas, que se contrapõem ao conteúdo do e-mail que recebemos no início deste semestre, sob orientação da pró-reitoria de graduação, informando a necessidade de darmos aulas nos dias marcados, de justificarmos nossas faltas e planejarmos as reposições, caso contrário, nosso PONTO seria CORTADO! O que de fato não é um problema; entendo que faz parte de nossa obrigação enquanto funcionárias públicas, bem como, do compromisso que assumimos com discentes que necessitam das horas da disciplina para se formar. No entanto, estou tratando a questão por sua essência e não pela aparência, ou seja, muitos mecanismos se criam para regular e fiscalizar nossa atividade, porém, poucos para efetivarmos o trabalho que compreende ensino, pesquisa e extensão “aoommmmmmmm”

 

E desta forma, chegamos a meu último questionamento: a que se presta esse burocratismo fiscalizador? Qual a sua essência?

 

Pois bem, aprendi no movimento da luta anti-manicomial que, não adianta abrir as portas dos manicômios e sair das instituições manicomiais se o manicômio não sair de dentro da gente,

 

ou seja, a lógica que nos é ensinada de que a pessoa considerada “louca” é incapaz e deve ser tutelada e, de preferência, privada do convívio social se mantém. Enfrentamos, nesse âmbito, uma verdadeira resistência de se libertar da lógica manicomial “do passado” e assumir o novo modelo de  tratamento.  Transpondo essa  ideia para  nossa discussão  sobre  a  universidade pública, fizemos o contrário, paulatinamente estamos cedendo à nova lógica: a privatista, com resistências cada vez menores a cada nova leva de docentes que ingressam na universidade. O que vai deixando a “velha” lógica do trabalho docente de universidades públicas com ares de ultrapassada. Já sou capaz de vislumbrar as marchas para Brasília onde estaremos clamando por direitos tais quais os que tem os trabalhadores e trabalhadoras com regime de trabalho regido  pela  CLT  (e  sabe-se  lá  quanto  tempo esses direitos  durarão)  e  o  faremos  com as aspirações de que horas-extras e/ou banco de horas são grandes conquistas da luta para o funcionalismo público, para a carreira docente e venderemos alegre e servilmente nossa saúde ao   trabalho.   Quanto   mais   o   burocratismo   nos   retira   dos   espaços   de   produção   de conhecimento, mais privatizamos nossa sala de aula, nossa profissão e a universidade pública brasileira. “Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão” (Aldous Huxley).

 

E o que mais representa a lógica privatista do sistema se não a produção e metas? E o que mais representa essa lógica, hoje, na universidade pública do que a ilusão de que quanto mais se vale maior é o seu formulário de atividades docentes inócuas ao conhecimento, seja ele o Lattes, o REA ou quantos outros quisermos criarmos.

Sábado, 20 Maio 2017 22:51

 

Um aviso no mural: “Vocês fingem que não sabem, mas nós sabemos”. A frase, estampada num enorme cartaz, bem diferente dos habituais, chama a atenção de quem entra no Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Não há assinatura, mas uma rápida leitura evidencia os motivos. São denúncias de assédios contra mulheres.

 

Divididos em quadrinhos de diferentes proporções, relatos explicitam fatos lamentáveis, que ocorreram dentro de um espaço cuja função é estimular a reflexão. “Numa certa matéria, estudávamos diversas formas de estacionamento numa via, até que o professor mostrou uma que ‘era mais fácil apara as mulheres’”, lê-se no canto mais à direita. “Coloque uma roupa decente na sua qualificação. Nada de roupa provocante!”, consta em outro quadro, escrito a caneta, mais ao centro. “Fiquei com tanto medo que nem saía mais a noite”, relata o texto de outro quadro.

 

Acima dos relatos, lê-se ainda, escrito a caneta: “e todas passam como inocentes e vítimas de assédio. Já podem trabalhar em Hollywood como atrizes”, comentou alguém, que possivelmente não queria contribuir, mas acabou reforçando a necessidade da campanha.    

 

Os casos de abuso, violência e opressão contra mulheres têm sido cada vez mais denunciados na UFMT. Não que os assédios fossem menos praticados anteriormente, mas as discussões sobre o tema têm mudado a percepção das vítimas sobre o que realmente caracteriza esse tipo de agressão, bem como as formas de reação.

 

Para quem estuda o tema, a exposição dos casos de assédio é uma das ferramentas fundamentais na luta contra essa expressão machista. “O machismo é, ainda, visto como algo natural. Por vir disfarçado de brincadeira, de relação de cordialidade, a maioria das pessoas, principalmente as mulheres, não conseguem perceber que estão sofrendo uma violação ou algum tipo de abuso. Também pela própria perspectiva binarista das relações de gênero, que atribui papéis diferentes e inferiores às mulheres, os homens acabam achando que os papéis que nos são atribuídos justificam essas relações de opressão e hierarquia. Então, trazer a contradição, evidenciar que isso não é natural, mas um processo de sociabilidade que deve ser negado, superado e estranhado, tem de ser uma prática cotidiana. O que as meninas fizeram lá, colocando o cartaz demonstrando que abuso não é normal, é uma das medidas mais socioeducativas no processo de superação das relações machistas”, afirma a professora do departamento de Serviço Social da UFMT, Qelli Rocha. A docente, que estuda as relações de gênero há 14 anos, faz parte do Grupo de Trabalho de Políticas de Classe para Questões Etnicorraciais, Gênero e Diversidade Sexual da Adufmat-Seção Sindical do ANDES (GTPCEGDS).

 

Quanto ao comentário escrito no cartaz a caneta, a docente enfatiza o incômodo causado pelo processo de desconstrução. “Quando a gente evidencia que isso não é normal, mas sim um processo sociocultural embasado nessa dicotomia das relações de gênero, dentro de uma sociedade que tende sempre a explorar um em detrimento do outro, as pessoas que são beneficiadas por esse sistema de subordinação, exploração e opressão tendem a se sentir vitimizadas, invertendo o papel. Quando a pessoa escreve lá que nós somos atrizes, que estamos fazendo performance de situações que não aconteceram, é porque, para essa pessoa, não aconteceram mesmo. Embora materialmente tenha acontecido, simbolicamente ela não compreende como ato abusivo, violador, agressor. Mas é aquela perspectiva: o abusador, por ele sentir que detém o poder, ele acha que pode, inclusive, determinar se a gente é vítima ou não”, explicou.

 

“Eu parabenizo quem escreveu o cartaz, reforço que é necessário permanecer em luta constante, e coloco o GTPCEGDS à disposição para o fortalecimento dessa luta”, concluiu Rocha.    

 

Qualquer tipo de ação ou comentário que constranja ou tente estabelecer relação de desvantagem para mulheres pode ser considerada uma manifestação de assédio.

 

As imagens do cartaz, com os diversos relatos, estão disponíveis abaixo.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind        

 

 

Sexta, 19 Maio 2017 20:00

 

A Adufmat-Seção Sindical do ANDES-SN, com a participação de outras entidades de representação da comunidade acadêmica da UFMT, durante reunião ampliada nessa sexta-feira, 19/05, discutiu a conjuntura política do país e deliberou sobre a participação no Ocupe em Brasília, programado para o próximo dia 24/05. Na ocasião, trabalhadores e trabalhadoras brasileiras, mais uma vez, irão às ruas contra as reformas proposta da Previdência e Trabalhista e terceirização.

 

Para o ato, o sindicato organiza uma caravana para a cidade Brasília e irá disponibilizar cinco ônibus que partirão de Sinop (1), Barra do Garças (2) e Cuiabá (2). A saída dos veículos está programada para à tarde do dia 23/05 e retorno ao final do ato do dia 24/05, com perspectiva de chegada na madrugada do dia seguinte.

 

A expectativa é de o ato seja histórico e maior que o do dia 28/04, pois mediante as mudanças no contexto político do país é imprescindível e necessária a unidade dos movimentos sociais em defesa da classe e dos direitos sociais adquiridos.

 

Os interessados em participar do Ocupe Brasília devem preencher o formulário de inscrição disponível aqui até as 13h de segunda-feira (22/05). O sindicato ressalta que há um limite de lugares, por essa razão, as inscrições não devem ser feitas na última hora.

 

Priscilla Silva

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

Sexta, 19 Maio 2017 09:37

 

A Diretoria no uso de suas atribuições regimentais convoca todos os sindicalizados para Assembleia Geral Extraordinária a se realizar:

 
Data:  22 de Maio de 2017 (segunda-feira)
 
Local: AUDITÓRIO DA ADUFMAT
 
Horário: às 14:00  horas com a presença mínima de 10% dos sindicalizados e às 14:30  horas, em segunda chamada, com os presentes.
 


PAUTA:

1) Informes;
2) Análise de Conjuntura;
3) Paralisação e mobilização no dia 24 de maio – 2017.

 
 

Cuiabá, 19 de maio de 2017
 

 
Reginaldo Silva de Araujo
Presidente / ADUFMAT SSind

 

Sexta, 19 Maio 2017 09:32

 

JUACY DA SILVA*
 

Este é o terceiro artigo que escrevo sobre agricultura urbana e periurbana nas últimas semanas. Ao longo de décadas tenho acompanhado discussões, reuniões e ações de pequenos agricultores que lutam em duas frentes. A primeira pela posse  de um pequeno pedaço de terra para poderem permanecer no campo e a outra para livrarem-se dos diversos atravessadores que os exploram, pagando um preço vil, as vezes abaixo dos custos de produção e para lucrarem mais, oneram sobremaneira os consumidores.
 
O Brasil, como de resto a imensa maioria dos países, a cada dia está se transformando em uma sociedade urbanizada. O esvaziamento do campo e as migrações rurais em direção às cidades tem contribuindo para o que muita gente denomina de caos urbano, principalmente com a ocupação desordenada das áreas periféricas, com ocupações irregulares, invasões ou loteamentos ilegais ou mesmo ocupação de áreas impróprias para a habitação humana.
 
O resultado, todo mundo conhece, incluindo nossos governantes, muitos dos quais continuam  insensíveis ao drama humano da pobreza, do desemprego, da fome, da violência, da miséria, do domínio do crime organizado sobre imensos territórios urbanos. Tudo isso tem  ajudado   no agravamento de um outro problema bem conhecido que é a questão da insegurança alimentar generalizada nas periferias urbanas de nosso país.
 
As periferias urbanas, tanto das pequenas, medias  e grandes cidades, incluindo as áreas metropolitanas são constituídas de migrantes de origem rural e seus descendentes, primeira ou segunda geração , ou seja, pessoas  que de uma forma direta  ou indireta tiveram contato com a terra, com a agricultura, enfim, pequenos agricultores expulsos de suas terras e de seu meio tanto pela violência da luta no campo quanto pela exploração econômica e financeira e a falta de assistência técnica, creditícia e de apoio para a comercialização.
 
De outro lado também podemos observar que as cidades e o entorno das mesmas, o que é chamado de espaço periurbano, possuem enormes áreas desocupadas, sem qualquer atividade econômica, constituindo—se  em reserva de capital para a especulação imobiliária.
 
No intuito de combater  este mal urbano, o Estatuto das cidades  estabeleceu  o instituto do IPTU progressivo, que até o momento não passou de letra morta, inclusive com uma certa omissão do Ministério Público, que deveria  atuar como o “fiscal da Lei” e colaborar para que o uso do espaço urbano tenha uma função social.
 
Assim, há muitas décadas no mundo todo, principalmente nos países desenvolvidos tem havido o despertar de um movimento no sentido de ocupar essas áreas urbanas e periurbanas, para a produção de alimentos. No Brasil também esta tendência tem despertado a atenção tanto de movimentos sociais organizados quanto de prefeituras, algumas apenas, entidades governamentais nas três esferas do poder, para possibilitar que a terra e o direito `a propriedade, tanto rural quanto urbana tenham uma função social e econômica e não apenas de caráter especulativo.
 
Este é o movimento de milhares e milhões de pessoas que tem descoberto que a produção de alimentos e o uso de áreas desocupadas, ou terrenos baldios  como algumas  pessoas  assim denominam, pode ser feita em pequenos espaços, sem uso de agrotóxicos, de forma orgânica, tanto individual  quanto e principalmente através de associação de pequenos produtores, possibilitando a criação de emprego e a geração de renda, enfim, abrindo oportunidades para a inclusão social e econômica de milhares de pessoas que estão à margem da sociedade e as vezes vivendo na pobreza e na miséria.
 
Em diversos países, como nos EUA e na Europa, as universidades  tem constituído centros de estudos, de pesquisas e de extensão rural voltados para a agricultura urbana e periurbana e ao mesmo tempo as entidades governamentais também  estão sendo despertadas para a importância deste setor, praticamente esquecido quando  da elaboração do planejamento urbano e regional.
 
Em nosso país este é o momento mais do que propício para que a agricultura urbana e periurbana possa ocupar seu espaço e contribuir para um desenvolvimento sustentável e integral não apenas de nossas cidades mas das regiões em seu entorno. Este é um desafio e um tema extremamente  fascinante.  Vale  a pena dedicarmos  nossa  inteligência e nossos esforços para transformarmos sonhos em realidade! Todavia, como escreveu Miguel de Cervantes Saavedra, um dos maiores escritores de todos os tempos, nascido em 1.547 e morto em 1.616  “Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha juntos é o começo de uma nova realidade”
 
O momento atual quando a ONU estabeleceu os OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, ou a agenda 2030, é para sonharmos juntos. Que tal encararmos o desafio do desenvolvimento da agricultura urbana e periurbana juntos?
 

*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs  e outros veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo." target="_blank">O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
 
 

Quinta, 18 Maio 2017 10:59

 

Nota política da Diretoria do ANDES-SN

A intensificação da crise do ilegítimo Governo Temer

 

O reingresso na cena política da classe trabalhadora, explicitado na greve geral do dia 28 de abril, acirrou a crise brasileira que vive mais um capítulo protagonizado pelas disputas de poder entre as frações burguesas. Pressionado pela força das movimentações da classe trabalhadora, que alteraram a correlação de forças na direção de dificultar a continuação da aprovação das contrarreformas, sobretudo após a greve geral de 28 de abril, setores da burguesia junto com a mídia corporativa se adiantam para tentar mudar as peças de transmissão de suas demandas em tempos de crise.

 

O ANDES-SN tem levantado a bandeira do “Fora Temer” conjugada com a estratégia da greve geral, apostando e construindo na reorganização da classe trabalhadora como único sujeito social capaz de reverter os rumos desastrosos que o neoliberalismo reforçado pela política de conciliação de classes tem conduzido à sociedade brasileira. Neste momento de instabilidade, não podemos hesitar, temos que estar nas ruas com nossas bandeiras de forma organizada e unitária, reforçando o grito de “Fora Temer”, convocando uma nova Greve Geral mais forte, agora de 48h, e defendendo os direitos da classe trabalhadora.

 

Avaliamos que, nesse momento de acirramento da crise, é fundamental estarmos nas ruas, nos atos pelo Fora Temer e contra as reformas, convocados pelas centrais sindicais e movimentos sociais para essa quinta-feira (18 de maio) em várias cidades do país, seguindo o nosso histórico de unidade de ação. Sobretudo, devemos nos organizar ainda mais para a construção do #OcupeBrasília no dia 24 de maio na direção de ampliar a convocação de uma nova e urgente greve geral!

 

O ANDES-SN e a CSP-Conlutas conclamam aos trabalhadores e trabalhadoras a intensificar as lutas.

 

A hora é agora!

Fora Temer!

Derrotar as contrarreformas trabalhista, da previdência e a terceirização

Nenhum direito à Menos!

 

 

Diretoria nacional do ANDES-SN

Brasília, 18 de maio de 2017

Quinta, 18 Maio 2017 10:10

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT

 

De seu nascedouro até este instante, o Brasil produziu poucos intelectuais. Pior: vivemos um tempo de perdas dos últimos que ainda resistem ao tempo. Em breve, só teremos acadêmicos, que, por mais pós-graduados que sejam, não são necessariamente intelectuais.  

Nesse cenário de indigência do intelecto, perdemos o crítico literário, sociólogo e militante Antônio Candido. É menos um a nos ajudar na difícil trajetória de pensar, sentir e viver como seres humanos.

Para quem ainda não o conhecia, o Jornal Nacional (12/05) o apresentou. No limite, a matéria de Graziela Azevedo sobre a morte de Candido foi bem produzida.

De início, foi exibida uma antiga gravação. Nela, o ex-aluno e professor da USP caminha nas imediações da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Sobre sua atividade intelectual, em certo momento, Candido dissera:

Nós acabamos não sendo nem sociólogos nem filósofos. Nós utilizamos a sociologia e a filosofia para pensar a vida cotidiana. Eu dizia: é preciso vocês pensarem sobre os seus amores, sobre a fita de cinema que veem, sobre os acontecimentos do dia, sobre pintura. Isso que é filosofia: entender a vida”.

Dentre os que puderam participar de seu velório, destaco a fala de Marisa Lajolo, uma das referências no ensino da leitura em nosso país:

O que me marca muito na figura de Candido é a generosidade com que ele acolhia alunos, como eu, sem nenhum background maior cultural, mas que ele acolheu com muito carinho”.

Logo depois, a repórter registra o hábito de leitura que Candido tinha, e fala de sua trajetória de vida. Durante várias décadas do século XX, diz Graziela, Candido ensinou, escreveu e lutou “nas trincheiras da democracia, da justiça social e da igualdade. Chegou ao século XXI e não gostou do que viu. Antônio Candido estava triste com o Brasil e com o mundo”.

E ele tinha motivos. Candido foi um dos intelectuais da USP que ajudaram a fundar o PT, que se opunha à ditadura. Naquele instante, aquela luta – também dos intelectuais militantes – era dever cívico dos “anjos tortos”.

Do registro da tristeza de Cândido na entrada deste século 21, sua filha Marina de Mello e Souza diz que gostaria de que o pai fosse lembrado como o símbolo do contrário do que acontece hoje:

A morte de um homem feito Antônio Candido é um símbolo que representa, primeiro, um mundo que acabou, de esperança, de sonho, de crença na igualdade, que não aconteceu”.

Na sequência, para atenuar essa fala pesada de Marina, a repórter diz que “Candido era otimista e gentil. Foi assim com a vida, mesmo no nosso estranho século, e com a literatura brasileira, que estudou e amou”.

Correto. De nossa literatura, Candido era ciente de suas limitações. Todavia, dizia ser “é ela, não outra, que nos exprime”.Por isso, precisava ser amada.

Já com a vida, sua tristeza poderia ser resumida e compreendida apenas na própria edição do telejornal que anunciara seu falecimento. Ali, nos inteiramos dos ataques cibernéticos em quase cem países do planeta, da corrupção também no BNDES, do casal de publicitários delatando crimes de dois ex-presidentes da República, ambos petistas; do petista Antônio Palocci se preparando para delatar a corrupção de seu partido, de Trump demitindo e ameaçando ex-diretor do FBI para não fazer vazamento de gravações que comprovem seu envolvimentos com autoridades russas...

No dia anterior à sua morte, o maior líder do PT, Lula, prestara depoimento no primeiro dos cinco processos dos quais é réu.

Convenhamos. O “requiescat in pace” é mesmo muito difícil.

Quarta, 17 Maio 2017 14:04

 

A diretoria da Adufmat-Ssind convida todos os docentes, estudantes e técnicos administrativos da UFMT para Reunião Ampliada nessa sexta-feira, 19/05, às 14h30, no auditório do sindicato. O objetivo é discutir sobre a conjuntura política do país e a mobilização em Brasília no dia 24 de maio, contra as propostas de reforma da Previdência e Trabalhista.

Adufmat-Ssind

 

Quarta, 17 Maio 2017 11:21

 

Circular nº 151/17

 

Brasília-DF, 17 de maio de 2017

 

 

Às seções sindicais, secretarias regionais e aos diretores do ANDES-SN

 

 

Companheiros(as),

 

 

Convocamos reunião dos Setores das IFES e IEES/IMES, conforme o que se segue:

 

Data:  25/5/2017 ( Quinta-feira)

Horário:  10h às 18h

Local: Sede do ANDES-SN

End. SCS. Quadra 2, Bloco C, Edifício Cedro II – 3º andar/Brasília-DF

 

Pauta: 

1) Informes

2) Avaliação da marcha #OcupeBrasília

3) Encaminhamentos

 

 

Sem mais para o momento, renovamos nossas cordiais saudações sindicais e universitárias.

 

 

Prof. Giovanni Felipe Ernst Frizzo

2º Secretário

 

 

Terça, 16 Maio 2017 19:32

 

Painel expôs desmonte das universidades públicas estaduais e municipais e similaridade nos ataques vivenciados pelos docentes das Iees/Imes

Representantes das seções sindicais dos setores das Instituições Estaduais e Municipais de Ensino Superior (Iees/Imes) e Federais (Ifes) estiveram reunidos na última sexta-feira (12) no Rio de Janeiro. A reunião conjunta dos setores, que aconteceu no período da manhã, apontou encaminhamentos unificados. No período da tarde, foi realizado um painel no qual foi apresentada a realidade vivenciada pelos docentes nos estados e municípios, que expôs a política de desmonte das universidades públicas e evidenciou a similaridade dos ataques vivenciados.

A reunião encaminhou a participação na caravana Ocupa Brasília, no dia 24 de maio, e envidar esforços para a construção de uma nova agenda de Greve Geral de 48 horas contra as Reformas da Previdência, Trabalhista e contra e Lei da Terceirização. Além disso, dar continuidade à pressão junto aos parlamentares para que se posicionem contrários às reformas em curso no Congresso Nacional e, ainda, denunciar aos organismos internacionais, em articulação com a CSP-Conlutas, os crimes que o Estado brasileiro está cometendo contra os direitos humanos no país. 

De 15 a 19 de maio, as seções sindicais realizarão assembleias pautando a paralisação no dia 24 e a organização de caravanas à capital federal. No dia 25 será realizada uma nova reunião conjunta dos setores das Iees/Imes e Ifes, em Brasília.  

Segundo Alexandre Galvão, secretário-geral do ANDES-SN, a reunião dos setores foi muito importante possibilitou fazer uma avaliação conjunta da Greve Geral, que foi considerada vitoriosa pelos participantes, e, em segundo lugar, estabelecer as estratégias gerais e os encaminhamentos do Ocupa Brasília. “Na avaliação feita na reunião conjunta dois elementos merecem destaque. Primeiro, a necessidade de nos organizarmos em comitês e fóruns locais, envolvendo todos os outros setores que também participaram da greve geral, para a caravana à Brasília, construindo essa unidade para levar um número massivo de trabalhadores e trabalhadoras para Brasília. E, segundo, a importância de, nesse momento, durante o Ocupa Brasília nós pressionarmos as demais entidades, junto com a CSP-Conlutas, para a construção de uma nova greve geral de 48 horas”, contou.

Para Galvão, o Ocupa Brasília será um momento, posterior à Greve Geral, “que servirá para fortalecer e potencializar a luta, para continuarmos numa pressão cada vez maior no sentido de levar o governo e a sua bancada aliada a retirarem as propostas que atacam os direitos da classe trabalhadora como as contrarreformas Trabalhista e da Previdência.”

O diretor do ANDES-SN salientou ainda a necessidade de intensificar a pressão junto aos parlamentares, visto que a atuação vem surtindo resultados. “Isso ficou evidente na votação da comissão especial, quando alguns parlamentares da base aliada que declaram que votariam contra a reforma trabalhista foram substituídos por seus partidos antes da própria reunião”, comentou.

O secretário-geral do Sindicato Nacional ressaltou também a preocupação manifesta na reunião com a criminalização aos movimentos sociais e a necessidade de denunciar a intensificação da repressão aos organismos internacionais.

Painel sobre as Estaduais e Municipais
Ainda na sexta (12), no período da tarde, docentes das Iees e Imes apresentaram relatos da situação vivenciada em suas instituições e dos ataques que vêm sofrendo dos respectivos governos. O painel foi uma deliberação da reunião dos setores realizada em abril, e teve por objetivo discutir de forma conjunta as medidas  de desmonte das universidades públicas que vêm sendo implementadas pelos governos estaduais e municipais, bem como estratégias de ação.

“O painel foi interessante porque enquanto as seções sindicais presentes do setor das Iees/Imes foram apresentando o caráter dos ataques sofridos, foi se percebendo que há muita similaridade. Ataques que são produtos do projeto de desmonte do serviço público e das contrarreformas levadas a cabo pelo governo federal, que já assumem as suas consequências nos estados e municípios, relacionados obviamente com o ajuste fiscal, produto do PLP 343”, contou Galvão.

O diretor do ANDES-SN apontou que, por conta dos projetos de lei que visam o ajuste fiscal nos estados, em troca de recursos e suspensão da dívida dos entes federados com a União (primeiramente o PLP 257 e agora o PLP 343), em quase todos os estados os servidores estão sem a reposição inflacionária em seus salários, e no caso de locais onde houve assinatura de acordo, os governos não estão cumprindo com o firmado. Além disso, em várias universidades os docentes estão com os direitos de progressão e promoção dos planos de carreira congelados, por conta do ajuste fiscal. 

“Foram relatados também ataques relacionados à própria democracia interna nas instituções, com processo de militarização dos campi, o que também mostra, de fato, o quanto hoje a presença ostensiva da repressão tem se dado nas universidades estaduais e municipais. E também a questão das greves. Hoje, temos uma estadual em greve, a UEPB, em defesa da sua autonomia porque o governo da Paraíba tem desrespeitado a lei da autonomia e não tem repassado as verbas necessárias para funcionamento das universidades. Essas situações têm levado a um quadro em que todas as universidades estaduais e municipais estejam com problemas sérios de custeio e investimento. Isso é uma realidade geral. Algumas inclusive, como é o caso do Rio de janeiro, com salários atrasados, o que é uma vergonha”, comentou Galvão.

Nota das Estaduais e Municipais
De acordo com o diretor do Sindicato Nacional, no dia seguinte, sábado (13), foram realizadas as reuniões específicas dos dois setores. Como resultado dos debates do painel e para intensificar a mobilização durante a Semana Unificada de Lutas das Iees/Imes, o setor das Estaduais e Municipais produziu uma nota intitulada "Em defesa das Instituições Públicas de Ensino Superior Estaduais e Municipais".

“Diante da necessidade de, durante a semana de lutas das Iees/Imes, apresentarmos de uma forma mais evidente como que esses ataques têm se dado e também como uma forma de resistência, o setor elaborou essa nota, fazendo um diagnóstico da situação mais geral e chamando para a luta todos os docentes das estaduais e municipais, em defesa dessas instituições e a adesão ao Ocupa Brasília, no dia 24 de maio”, completou. Confira aqui a nota.

Leia o relatório da reunião unificada dos Setores das Iees/Imes e Ifes (12/5)

Leia o relatório da reunião do Setor das Iees/Imes (13/5)

Leia o relatório da reunião do Setor das Ifes (13/5)

 

Fonte: ANDES-SN