Sábado, 13 Abril 2019 14:44

 

Começou nessa sexta-feira, 12/04, o III Encontro Nacional de Educação, onde a classe trabalhadora organizada discute as questões centrais para elaboração de um Plano Nacional de Educação que atenda, de fato, aos interesses dos trabalhadores, e não do mercado econômico e financeiro. Os palestrantes convidados, nacionais e internacionais, contribuíram para o debate relatando como o mercado atua na disputa pela Educação como ferramenta de controle hegemônico.

 

O encontro reunirá, também, o material encaminhado a partir dos debates realizados nas etapas regionais do ENE nos estados. Em Mato Grosso, o Pré-ENE ocorreu nos dias 28 e 29/03 e, para contribuir com as discussões nacionais, a Adufmat – Seção Sindical do ANDES-SN enviou os professores Aldi Nestor de Souza, Armando Tafner, José Domingues de Godoi e Waldir Bertúlio  

 

Ainda na sexta-feira pela manhã, estudantes, professores do ensino superior e básico, servidores técnicos da área e integrantes de movimentos sociais que compartilham com a defesa de uma educação classista e democrática, participaram da mesa de abertura. As entidades que compõem a Coordenação Nacional das Entidades em Defesa da Educação Pública e Gratuita (Conedep) – organizadora do evento - destacaram os ataques aos direitos - em especial à educação - ao longo dos anos, e as crescentes perseguições aos sindicatos e militantes em nível mundial.

 

Fizeram parte da mesa representantes do ANDES - Sindicato Nacional, Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (Abepss), Associação Brasileira de Educadores Marxistas (Abem), Conselho Federal de Serviço Social (Cfess), Fasubra, Oposição de Esquerda da União Nacional dos Estudantes (UNE), Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (Fenet), CSP-Conlutas, Assembleia Nacional dos Estudantes Livres (Anel), Federação Nacional dos Docentes e Pesquisadores Universitários da Argentina (Conadu Histórica) e Sindicato Unificado dos Trabalhadores da Educação de Buenos Aires.

 

No período da tarde, as professoras Virgínia Fontes (Brasil), Maria de La Luz Arriaga (México) e Nara Clareda (França) foram as convidadas para falar acerca do tema “Capitalismo e Educação – Lutas internacionais e nacionais pela educação pública”.

 

Maria de La Luz Arriaga, integrante da Coalisão Trinacional em Defesa da Educação Pública – seção Canadá, Estados Unidos e México, iniciou sua palestra afirmando que a crise global é expressão do fracasso evidente do neoliberalismo e, para que o projeto não seja enterrado, seus defensores querem extrair riqueza de tudo o que ainda resiste, desde os direitos sociais e trabalhistas até os recursos naturais como a água, a terra e o meio ambiente.

 

Para conseguir isso, segundo a professora, a reestruturação da direita na América Latina está sendo um processo fundamental, especialmente para ocultar, de forma impositiva, que a miséria, a falta de emprego e todo o caos social instalado é produto da ganância capitalista.

 

“Nesse sentido, a educação se encontra, mais do que nunca, em perigo. Primeiro, porque pode ser um grande negócio. Imaginem milhões de escolas, professores, estudantes, milhões de pessoas pagando para ter acesso à educação; segundo, porque a educação é estratégica para o exercício do poder. É uma disputa hegemônica”, afirmou a palestrante.

 

A disputa, portanto, envolve o jogo de interesses relativos a diferentes projetos de sociedade. Assim, interessado em beneficiar ao máximo o mercado, o sistema capitalista articula, internacionalmente, as formas de intervir, também, nas decisões políticas em nível nacional e local, principalmente pela via institucional.

 

Os mecanismos identificados em diversos países para isso incluem, segundo a professora, a destinação de recursos públicos para a educação privada, ataques aos sindicatos, docentes e estudantes, e ataques à autonomia universitária.

 

Na França, segundo a professora Nara Cladera, a história se repete. “A Reforma do Estado está no centro de todos os governos a serviço do capital”, afirmou.

 

Integrante da entidade sindical Solidaires, na França, e uma das organizadoras da Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Luta, junto a CSP-Conlutas (Brasil) e a CGT (Espanha), Cladera disse ainda que é preciso entender, antes de tudo, as transformações do capital para readequar suas próprias necessidades para, aí sim, fazer a leitura correta do que ocorre com a Educação.

 

A professora destacou, ainda, como governos chamados “socialistas” ou “de esquerda” também contribuíram, em diversos países - incluindo o Brasil - com o sistema financeiro, introduzindo formas de privatização na Educação. “Não é possível separar a luta antifinanceira da anticapitalista”, alertou.

 

Devido à forte chuva, a professora Virgínia Fontes teve de ministrar sua palestra na manhã de sábado, 13/02. No centro do seu debate, a docente da Universidade Federal Fluminense (UFF) colocou a disputa pela formulação das políticas educacionais, destacando o papel do mercado a partir da atuação de fundações empresariais, como Bradesco, Itaú, Roberto Marinho, Instituto Ayrton Senna, entre outras.

 

A elaboração de um projeto colocado como proposta atualmente, “Todos pela Educação”, foi o principal exemplo. “É preciso observar as contradições intraburguesas, fazer a conexão entre extração de mais valor e política. Não é porque a proposta ainda não foi aceita pelo Ministério da Educação e que, teoricamente, diverge das propostas conservadoras de Bolsonaro, que ela nos contempla. Uma das coordenadoras do projeto declarou que o ‘Todos pela Educação’ é resultado da união de diversos setores em torno da escola pública, estabelecendo consensos e cláusulas pétreas raras. Mas a proposta é inteiramente empresarial”, disse a palestrante.

 

Por esse motivo, Fontes acredita que a educação será privatizada de forma indireta, porque o Estado é o maior consumidor dos bens oferecidos por essas empresas. Portanto, no jogo de interesses acerca da educação no Brasil - observado o cenário político bastante complexo e suas contradições – o Estado burguês, as empresas da educação, e agentes que atuam dentro do Estado a favor da utilização dos recursos públicos em benefício de interesses privados seriam os jogadores identificados inicialmente.

 

Como alternativa à ofensiva, todas as convidadas destacam o papel da classe trabalhadora para enfrentar os ataques e introduzir a pauta que realmente interessa à população. “Unidos e organizados venceremos!”, disse Maria de La Luz ao encerrar sua fala.

 

Na tarde dessa sábado, os participantes do III ENE terão ainda o Painel “Movimentos Sociais e as Experiências de Educação Popular no Brasil”, com a contribuição do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Rede Emancipa, Movimento Educação Popular (MUP), Luta Popular, Núcleo de Educação Popular (NEP) 13 de Maio e NEABI. A partir das 15h, os presentes se dividirão em 16 grupos de trabalho que discutirão a base para formulação do Plano Nacional de Educação classista e democrático dos trabalhadores brasileiros.  

 

As atividades seguem no domingo até às 13h, com a realização da Plenária Final pela manhã. As fotos do evento serão disponibilizadas em breve.  

 

Saiba tudo sobre o evento no site oficial do ENE.   

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind          

 

   

        

 

Quinta, 11 Abril 2019 20:50

 

É sempre no período de maior dificuldade que as relações solidárias entre os trabalhadores ficam mais evidentes. Essa afirmação tem sido muito utilizada nos movimentos sociais, diante do cenário de ampla retirada de direitos e ameaça à livre organização sindical e popular.

 

A frase é verdadeira e, muito embora o exercício da solidariedade fique mais explícito a partir de tragédias ou crimes sociais, por mais que tentem abafar e impor a competitividade entre os trabalhadores, o espírito da solidariedade se sobrepõe e prevalece em muitos momentos.

 

Essa semana, por exemplo, a solidariedade de classe, um dos elementos mais essenciais à unidade dos trabalhadores, se mostrou evidente também num momento de festividade, durante a troca de gestão da Adufmat-Seção Sindical do ANDES-SN.

 

Depois de dois anos de muito trabalho, os diretores da Adufmat-Ssind, gestão “Adufmat de Luta, Autônoma e Democrática” (2017-2019), concluíram o mandato à frente de um dos sindicatos mais importantes de Mato Grosso, e uma nova etapa começa com a gestão “Luto Pela Universidade Pública” (2019-2021).

 

A posse, realizada na última terça-feira, 09/04, durante assembleia geral dos docentes da Universidade Federal de Mato Grosso, foi marcada por discursos que apontaram para a atenção à conjuntura, para a responsabilidade política da Adufmat-Ssind, e também para a prática necessária e real da solidariedade.

 

Além da presença na posse, diversas entidades manifestaram, por escrito, o reconhecimento das parcerias dos últimos anos, e desejaram força e sucesso aos novos coordenadores da entidade.

 

A Consulta Popular Brasileira registrou a importante contribuição da Adufmat-Ssind para “a construção da justiça social, a organização da classe trabalhadora e a formação da consciência do nosso povo”, além de declarar apoio à nova diretoria na luta por uma “universidade comprometida com o povo para, com ele, acumular forças para a construção de um projeto popular de transformação da sociedade”.

 

O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) destacou que, neste momento, é “fundamental estarmos alinhados e juntos para os enfrentamentos de desmonte do Estado, promovendo formações para o embasamento teórico dos cidadãos e cidadãs”, e encerrou o documento com a afirmação: “ninguém solta a mão de ninguém”.

 

Já o Levante Popular da Juventude apontou que, diante dos desafios apresentados, a Adufmat-Ssind esteve sempre “ciente de seu papel na luta por uma universidade pública de qualidade”, e à disposição dos trabalhadores e também do Movimento Estudantil para o fortalecimento da unidade popular.

 

O Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Formad) afirmou que a entidade tem sido “reconhecidamente um espaço da democracia e da pluralidade, tendo sido palco de discussões de altíssimo nível e gabarito” nos últimos anos. O Formad destacou ainda a parceria nas lutas em defesa das causas socioambientais, de gênero, raciais, entre tantas outras que tem como fundo a crítica a um modelo perverso de sociedade, causador de desigualdades.

 

A diretoria da Associação dos Docentes da Universidade do Estado de Mato Grosso (Adunemat-Seção Sindical do ANDES-SN) reconheceu o compromisso da Adufmat-Ssind com a luta dos trabalhadores em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade e, aos novos coordenadores, ofereceu um abraço fraterno e a disposição de continuar junto nessa luta.

 

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) agradeceu o companheirismo e a solidariedade do sindicato, afirmando a relevância da entidade para o fortalecimento da luta dos Povos da Terra, das Águas e das Florestas na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

 

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), por sua vez, também agradeceu a solidariedade do sindicato para com os lutadores sociais do campo, e se colocou à disposição para “somar nas trincheiras da organização popular e das lutas em defesa da universidade pública, da democracia e por nenhum direito a menos.”

 

Gratos pela atenção, respeito e solidariedade, as diretorias do sindicato - tanto a que se despede quanto a que assume a entidade - disponibilizam a íntegra dos documentos abaixo, como símbolo do compromisso com a construção da unidade da classe trabalhadora:

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

Luana Soutos

Adufmat-Ssind

Quinta, 11 Abril 2019 16:31

 

Circular nº 126/19

Brasília(DF), 10 de abril de 2019

 

 

Às seções sindicais, secretarias regionais e à(o)s diretora(e)s do ANDES-SN

 

           Companheira(o)s,

 

           Convocamos reunião conjunta dos setores das IFES e das IEES/IMES, a ser realizada nos dias 04 e 05 de maio de 2019, conforme o que segue:

 

Reunião Conjunta dos Setores das IFES e IEES/IMES

 

Data: 04 e 05/05/19 (sábado e domingo)

 

Horário: Dia 04/5 - das 9h às 19h

       Dia 05/05 - das 9h às 13h

 

Local: Sede do ANDES-SN (SCS, Quadra 2, Ed. Cedro II, Bloco C, 3º andar – Brasília/DF)

 

PAUTA:

 

1. Informes;

2. Análise da conjuntura;

3. Contrarreforma da previdência PEC 06/19;

4. MP 873;

5. Outros assuntos.

 

           Sem mais para o momento, renovamos nossas cordiais saudações sindicais e universitárias.

 

 

Profª Jacqueline Rodrigues de Lima

2ª Secretária

Quinta, 11 Abril 2019 11:27

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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O título deste artigo não se refere ao filme Ghost Hunters, que conta a história de caçadores de fantasmas que buscam capturar espíritos de uma família assassinada, intencionando com isso o encontro da paz eterna.

Todavia, de qualquer forma, o título estabelece alguma relação de sentido com o conteúdo deste texto, pois tratarei, aqui, da incessante e insensata caça que Bolsonaro e seus próximos empreendem aos comunistas, principalmente àqueles escondidos (e bota escondidos nisso!) dentro das universidades.

De minha parte, como pouco ou nada posso fazer para dizer o quanto isso é ridículo, bem ao estilo desse governo de usar as redes sociais para a comunicação, lá vai minha kkk. A quem preferir, rsrsr...

Aliás, ouso dizer que os últimos comunistas devem ter sido assassinados pela ditadura. No limite, o que sobrou foram créditos ao pensamento racional de Marx. Fora disso, só fantasmas.

Pois bem. No começo da semana, um dos aloprados caçadores de comunistas, nascido nas Cordilheiras dos Andes, foi abatido. Depois de um rosário de sandices à frente do MEC, segunda-feira (08), Bolsonaro anunciou a aguardada exoneração do colombiano de nascimento que ocupava o MEC.

Sobre isso, nas palavras do vice-presidente da República, era o fim da “Crônica de uma Morte Anunciada”. A pilhéria nasceu com o título de um livro de García Marques, também da região andina, mas de outro nível.

Naquele livro, em formato de reconstrução jornalística, é relatado o último dia de vida de Santiago Nasar, assassinado, sem chance de defesa, pelos irmãos Vicario. Detalhe: quase todos os habitantes do lugarejo ficam sabendo do homicídio premeditado horas antes, mas ninguém impede o processo em curso.

E assim se sucedeu com Veléz. Sua exoneração era questão de tempo; e pouco!, vez que já durara demais como ministro, pois tivera tempo suficiente para realizar a maior quantidade de tolices que um ser humano poderia fazer numa pasta tão importante. Aliás, sua figura fazia-nos sentir aquela vergonha alheia a cada nova estupidez anunciada.

Agora, estamos livres do caçador colombiano; todavia, ao que tudo indica, saímos do espeto, mas caímos na brasa. O novo ministro da Educação é um senhor de nome dificílimo (Abraham Weintraub, que pode ser chamado de Abraão), originário do tronco linguístico do universo anglo-saxônico.

Mal se conhecia o novo chefe da Educação brasileira e as primeiras (e péssimas) informações a seu respeito já surgiam.

De início, foi “vendido” como sendo um doutor. Não era. Mas não ter o doutorado, eu relevo. Não ter aproximação anterior com a pasta que dirigirá, eu relevo. Ser uma pessoa completamente desconhecida, eu também relevo. Ser indicado por Ônyx Lorenzoni, mesmo com dificuldades, eu ainda relevo. Ser admirador de Olavo de Carvalho, por respeitar o pensamento adverso ao meio, eu continuo relevando. Agora, se declarar outro caçador de comunista!, aí já fica difícil.

Motivo: como o anterior, Weintraub perderá tempo.

Como há pouco eu disse, praticamente não existem mais comunistas. Os que ainda resistem ao tempo, estão bem velhinhos... Logo, não estão nas universidades. Estas, aliás, desde os tempos horríveis do PT no governo, tentam eliminar até o pensamento crítico de Marx. Dentre nós, com exceções, infelizmente, só o fato de mencionar a crítica marxista, ou usá-la como ferramenta para análises atuais, já é visto como algo anacrônico.

Portanto, o governo poderia parar de caçar o que já não mais há e tocar o barco; afinal, problemas, na educação, não faltam.

 

Quarta, 10 Abril 2019 17:24

 

Com o objetivo de intensificar a campanha contra a Reforma da Previdência proposta pelo governo Bolsonaro, a CSP-Conlutas lançou um site especial para denunciar os ataques contidos na proposta. O endereço da página é: http://www.contrareformadaprevidencia.com.br/

 

 

 

O site apresenta textos, vídeos e materiais – como artes digitais, panfletos, cartazes-, que visam contrapor o discurso do governo e dos defensores da reforma. O site traz ainda a calculadora elaborada pelo Dieese, para que os trabalhadores possam calcular sua aposentadoria pelas regras atuais e após as mudanças propostas pelo governo, bem como disponibilizará cartazes com as fotos dos deputados que já admitiram que pretendem votar a favor da medida no Congresso.

 

Para a CSP-Conlutas, a Previdência não é deficitária e muito menos falida; o regime de capitalização é um desastre para os trabalhadores e só é bom para os bancos; a reforma não combate privilégios e vai atacar somente os pobres. O site trará textos informativos e artigos que demonstrem isso e muito mais, além de notícias sobre a campanha unitária das centrais sindicais, com mobilizações e iniciativas em todo o país.

 

“O governo Bolsonaro usa de mentiras e manobras para enganar a população e tentar convencer que a Reforma da Previdência será boa para os trabalhadores e para o país. É mais uma fake news desse governo. Entidades como a Auditoria Cidadã da Dívida, Anfip, Unafisco, Sinait, entre outras, trazem estudos e dados que demonstram o contrário. Vamos trazer essas e outras informações para combater as mentiras do governo, conscientizar e mobilizar os trabalhadores e a população”, afirma o dirigente da CSP-Conlutas Atnágoras Lopes.

 

“Esse site faz parte das iniciativas da campanha nacional que nós, da CSP-Conlutas, já começamos a fazer, por meio de instrumentos de comunicação, mas, principalmente, de mobilização nas bases das diversas categorias de trabalhadores e junto à população, pois é com a construção de uma nova Greve Geral no país que vamos barrar esse ataque”, concluiu o dirigente.

 

Acesse agora o site especial contra a Reforma da Previdência:  http://www.contrareformadaprevidencia.com.br/

 

Compartilhe e divulgue!

 

Fonte: CSP-Conlutas

Quarta, 10 Abril 2019 17:02

 

Começa nesta quarta-feira (10), o Seminário Internacional do ANDES-SN “Universidade, Ciência e Classe em uma era de crises”. O evento ocorrerá nos dias 10 e 11 de abril, no auditório da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (Adunb – Seção Sindical do ANDES-SN). A realização do Seminário Internacional é uma deliberação do 38º Congresso do Sindicato Nacional.

O Seminário Internacional do ANDES-SN será composto por seis mesas. Na quarta-feira, 10 de abril, terão lugar os debates sobre “Ciência, Tecnologia e Capital: a “Caixa Preta” da inovação”, “Orçamento Público e Financiamento da Educação Superior” e “Dívida Pública e Usura Financeira”.

Já na quinta-feira (11), acontecerão as mesas sobre “A Luta da Universidade Pública e da Classe Trabalhadora na Argentina e no Brasil”, “A Luta das Mulheres Trabalhadoras pelo Aborto Legal, Seguro e Gratuito” e “Decomposição e Recomposição da Classe Operária”.

Conheça os palestrantes do Seminário Internacional:

DIA 10

09h00 - Ciência, Tecnologia e Capital: a “Caixa Preta” da inovação.
Francesco Schettino.
 Docente do departamento de jurisprudência da Universidade da Campânia, em Nápoles, na Itália. Estuda temas como economia e desigualdade social.

Osvaldo Coggiola. 2º vice-presidente da Regional São Paulo do ANDES-SN. É docente do departamento de história contemporânea da Universidade de São Paulo (USP). Estuda temas como marxismo, América Latina, movimento operário, capitalismo e socialismo.

14h00 - Orçamento Público e Financiamento da Educação Superior

Maria Lúcia Fatorelli. Economista e Auditora da Receita Federal. É coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida Pública. Foi uma das responsáveis pela auditoria da dívida pública do Equador.

Otaviano Helene. Professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP). Foi presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep). É autor do livro "Um Diagnóstico da Educação Brasileira e de seu Financiamento" (ed. Autores Associados, 2013), entre outros.

18h00 - Dívida Pública e Usura Financeira

José Menezes Gomes. Docente do curso de economia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Atua na área de Teoria Econômica, especialmente nos seguintes temas: crise capitalista, imperialismo, fundos de pensão, políticas públicas e lutas de classes. É coordenador do núcleo alagoano pela Auditoria da Dívida Pública.

Fabio Marcelli. Colaborador técnico-profissional do Conselho Nacional de Pesquisa da Itália (Consiglio Nazionale Delle Ricerche). Estuda temas como dívida pública, direito internacional ambiental e povos indígenas.

DIA 11

09h00 - A Luta da Universidade Pública e da Classe Trabalhadora na Argentina e no Brasil
Claudia Baigorria.
 Docente universitária na província de La Rioja, noroeste da Argentina. Secretária Adjunta da Federação Nacional dos Docentes e Pesquisadores Universitários da Argentina (Conadu Histórica).

Eblin Farage. Secretária-geral do ANDES-SN. Docente da Universidade Federal Fluminense (UFF). Pesquisadora na área de questão urbana, com ênfase na temática de favelas e espaços populares. Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Favelas e Espaços Populares - NEPFE.

14h00 - A Luta das Mulheres Trabalhadoras pelo Aborto Legal, Seguro e Gratuito. 11 de abril. 14h.

Romina Del Plá. Deputada nacional na Argentina pela Frente de Esquerda e dos Trabalhadores (FIT). Professora de educação básica e dirigente do Sindicato Unificado dos Trabalhadores da Educação da Província de Buenos Aires (Suteba), seção de La Matanza. Milita pela legalização do aborto e pela separação do estado e da igreja.

Silvia Camurça. Mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), Educadora e Pesquisadora da SOS CORPO – Instituto Feminista para a Democracia.

18h00 - Decomposição e Recomposição da Classe Operária

Ricardo Antunes. Professor Titular de Sociologia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Estuda temas como sociologia do trabalho; nova morfologia do trabalho; trabalho e centralidade; sindicalismo e movimento operário.

Marcelo Badaró. Professor Titular de História do Brasil na Universidade Federal Fluminense (UFF). Tem experiência nas áreas de Metodologia e Teoria da História e de História do Brasil, com ênfase em História do Brasil República e História Social do Trabalho. Atua também nos seguintes temas: história do Brasil recente, história social urbana do Rio de Janeiro e partidos e organizações de esquerda.

 

Fonte: ANDES-SN
Quarta, 10 Abril 2019 16:59

 

Começa nesta sexta-feira, o III Encontro Nacional de Educação (III ENE). Com o tema central “Por um projeto classista e democrático de educação”, o evento acontecerá entre os dias 12 a 14, na Universidade de Brasília.
 

As inscrições foram encerradas nessa segunda-feira (8). Mais de 900 pessoas, entre estudantes, professores, técnico-administrativos e representantes de movimentos sociais participarão do encontro.

Nos dois primeiros dias, serão realizadas três mesas de debates e discussões nos grupos de trabalho sobre os nove eixos do III ENE. No domingo, acontecerá a plenária de encerramento com os encaminhamentos do encontro. Confira abaixo a programação do III ENE.

O ANDES-SN participa da organização do III ENE, conforme deliberado no 38º Congresso do Sindicato Nacional.

Encontros Preparatórios
Antecedendo o encontro nacional, foram realizados diversos encontros regionais preparatórios para debater os eixos do III ENE. Confira aqui os eixos e suas ementas. 

Escola sem mordaça
No sábado (13), após as atividades oficiais do III ENE, ocorrerá também uma plenária da Frente Escola Sem Mordaça.

Programação

12 – Sexta-feira
Manhã

08h00: Credenciamento /Acolhimento das caravanas
10h – 11h30: Mesa de Abertura
11h30 – 13h30: Almoço

Tarde    
13h30 – 17h: Mesa 1 – Debate: Capitalismo e Educação – Lutas internacionais e nacionais pela educação pública.
Debatedoras: Virgínia Fontes (UFF); Maria de La Luz Arriaga (México); Nara Cladera (França).
17h00 – 18h30: Jantar

Noite
18h30 – 19h00: Ato Cultural.
19h00 – 20h30min: Mesa 2 – Painel: Movimentos sociais e as experiências de educação popular no Brasil. Painelistas: MST, MTST, Rede Emancipa, Movimento Educação Popular – MUP, Luta Popular, Núcleo de Educação Popular – NEP 13 de Maio, NEABI

13 - Sábado
Manhã

08h30 – 11h30: Mesa 3 – Debate: Os ataques à educação pública e a reafirmação do projeto classista. Debatedores: Fernando Penna (UFF); Raquel Dias (UECE).

11h30 – 13h30: Almoço

Tarde
13h30 – 17h30: Grupos de trabalho

17h30 – 18h30: Jantar

14 – Domingo
Manhã
08h30 – 13h00: Plenária final

 

Fonte: ANDES-SN

Quarta, 10 Abril 2019 14:30

 

Em assembleia geral realizada na tarde dessa terça-feira, 09/04, a direção da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso – Seção Sindical do ANDES-SN (Adufmat-Ssind) foi entregue à gestão Luto Pela Universidade Pública!, eleita no último dia 20 para coordenar as atividades do sindicato pelos próximos dois anos.

 

Formada por nove docentes de áreas diversas (clique aqui para conhecer a nova diretoria), o principal objetivo do grupo é fortalecer a unidade da categoria, realizando trabalho de base e aproximando os professores do sindicato. “Nesse momento tão adverso, nós precisamos construir resistência juntos. E não adianta só o esforço da diretoria, nós temos de existir juntos. Separados seremos facilmente esmagados”, disse a coordenadora de Imprensa eleita, Lélica Lacerda.

 

A diretora geral adjunta, Quellen Barcelos, falou, emocionada, que está aprendendo a exercer a docência ao mesmo tempo em que conhece os espaços de luta. “Eu quero exercer a docência da melhor forma possível, e o sindicato me faz acreditar que é possível ser feliz no trabalho, em cada pesquisa realizada, a cada aula ministrada. E, para os meus colegas do campus de Sinop, quero dizer que nada disso terá sentido se vocês não estiverem comigo”, afirmou.

 

Os representantes eleitos no campus de Araguaia, que estiveram presentes na posse, em Cuiabá, saudaram a todos e compartilharam um pouco das dificuldades locais. “Não foi fácil construir a chapa, mas nós assumimos um compromisso de honra para não deixar a subseção do Araguaia fechar”, disse a docente Graziele Pena, ao lado do professor Eliel Ferreira. O professor Frederico Guirra, também eleito para representar os docentes do Araguaia, não pode participar da cerimônia.  

 

Por vídeo conferência, os representantes eleitos em Sinop também se apresentaram e reafirmaram a parceria com a nova gestão com o propósito de fortalecer o sindicato. Participaram da transmissão ao vivo os docentes eleitos Gerdine Sanson, Gustavo Canale, Arlindo Machado Neto e Fábio Borges.   

 

Diante da categoria e de representantes de entidades próximas, como Sindicato dos Trabalhadores Técnicos Administrativos da UFMT (Sintuf/MT), Fórum Mato-grossense de Maio Ambiente e Desenvolvimento (Formad), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público (Sintep), Centro Burnier Fé e Justiça, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Levante Popular da Juventude, Consulta Popular, além de professores da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e representantes do Movimento Estudantil, os novos coordenadores ressaltaram a importância histórica da Adufmat-Ssind e da necessária solidariedade entre os trabalhadores na atual conjuntura.    

 

Sentido

 

O primeiro discurso do coordenador geral da Adufmat-Ssind, Aldi Nestor, emocionou a todos. De forma simples e profundamente humana, o professor falou sobre a importância do sindicato e os sentidos da luta dos trabalhadores e da própria universidade.

 

O relato pessoal, quase em formato de conto, mais do que falar, provocou algo raro numa sociedade praticamente atônita: o exercício do sentir; do sentido. “Nosso trabalho precisa ser feito de outra forma, a gente precisa existir!”, afirmou o docente, aplaudido de pé ao final.

 

Clique na imagem abaixo para assistir o discurso na íntegra:

 

 

 

 Prestação de Contas

Como a assembleia dessa terça-feira foi a última coordenada pela gestão “Adufmat de Luta, Autônoma e Democrática”, os diretores apresentaram um extenso relatório das atividades desenvolvidas ao longo dos últimos dois anos.

 

O Jornal da Adufmat-Ssind de Abril de 2019 traz um pouco dos dados políticos apresentados, e os dados financeiros também estão disponíveis na página da sindicato, no menu Comunicação/Prestação de Contas (clique aqui).

 

Resolução 158

 

Os professores incluíram na pauta, no início da assembleia, a discussão sobre a Resolução 158/10, que dispõe sobre as atividades docentes. Isso porque o sindicato recebeu a informação de que a Reitoria da UFMT deve retomar as discussões sobre o tema no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), e a categoria teme que os avanços acerca do ponto de pauta sejam ignorados.

 

Ao final do debate, ficou decidido que os professores Roberto Boaventura e Dorival Gonçalves farão um documento para demarcar a preocupação, lembrando que entre 2016 e 2017, a Adufmat-Ssind pautou a discussão com a categoria, realizando debates em Cuiabá, Sinop e Araguaia para construir, de forma democrática, uma Resolução alternativa à apresentada pela administração na época.  

 

Conselho Fiscal

 

A primeira tarefa da nova diretoria, em assembleia, foi formar o Conselho Fiscal para o biênio 2019-2021. Se colocaram à disposição e foram eleitos os docentes Vinícius Santos, Dorival Gonçalves e Frederico Lopes (como titulares) e Alair Silveira e Einstein Aguiar (como suplentes).

 

 

GALERIA DE IMAGENS

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Quarta, 10 Abril 2019 10:50

 

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Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Paulo Wescley M. Pinheiro

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Qualis A

 

Meu relatório tem papers

Onde canta o Qualis A

O cão que aqui me lattes

Vê caravana passar

 

Preparo com precisão

A coisa pra publicar

Tô cansado de ouvir não

Eu tenho que já ser tão

Eu venho da revisão

E posso lhe agradar

 

Vou-me embora pra Pesquisa

Lá vou babar a Rainha

Com a coleta da pós

Ranqueada e bem sozinha

 

Seu dotô me dê licença

Pra minha história contar

Sou bolsista de programa

Meu prazo vai estourar

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3.1. Trabalho docente, desvalorização e adoecimento: o/a professor/a entre a reprodução de uma lógica e o afogamento nela

 

A construção de uma cultura que joga nas mãos dos/das docentes todos os problemas da universidade absorve uma tradição de instituições que sempre foram voltadas para a esfera do ensino, deixando frágeis os outros pilares da universidade, além de compreender essa esfera como apenas a sala de aula, sem desenvolver um conjunto de atividades e intervenções inter e multidisciplinares que envolvem diversos profissionais.

A ultrarresponsabilização docente se aprofunda dentro da lógica gerencial a partir do neoliberalismo. Na esteira do modelo produtivo flexível e de “qualidade total”, vamos assumindo o caráter de colaboradores, com a ideologia da proatividade assimilando a concepção histórica da docência como sacerdócio. O/a professor/a não tem horário de trabalho, os trabalhos administrativos são feitos em seu computador particular, direto de sua casa, o horário para estudo fica para a madrugada, intercalado como o momento que responde  dúvidas dos/das alunos/as em seu celular, via redes sociais e tenta, em vão, viver seu tempo livre.

Por compromisso com a educação, docentes vão tapando buracos, assumindo disciplinas a mais, realizando tarefas que não lhes cabe, costurando saídas reativas e imediatistas. Na falta de concurso para um quadro de técnico-administrativos especializados, os/as docentes bacharéis das áreas são cobrados para emendarem a instituição nas diversas questões que se impõem no cotidiano.

Não é uma parceria, mas um processo contínuo e antipedagógico de relações tóxicas que, ora joga com um viés individualista, ora deturpa o trabalho docente para assumir todas as demandas existentes no espaço. Com a bravata de suposto comprometimento ético com a formação as performances vão se multiplicando em práticas que desresponsabilizam o Estado de assumir uma estrutura adequada de trabalho e estudo para a comunidade acadêmica.

Não é de surpreender que temos nos conformado em lutar por formas de registrar nosso sobre-trabalho no Sistema de Gerenciamento de Encargos, ao invés de reivindicarmos o direito de exercer nossas tarefas dentro da carga horária estabelecida e termos um corpo docente quantitativamente capaz de suprir todas as demandas sem ultrapassar o tempo de trabalho. Não é surpreendente também que tenhamos aprendido a achar normal que, para pontuarmos e subirmos de nível em nossa carteira, tenhamos que participar de uma série de atividades acadêmicas e vivenciar experiências importantes, mas sem que a universidade ofereça orçamento e estrutura suficiente para efetivar tais processos.

Aliás, não nos é jocoso refletir que, para termos o aumento salarial que nos é de direito, tenhamos que investir nosso salário e nosso tempo livre para cumprir questões profissionais. Nem nos parece esquisito que, para  que possamos ter direito de adoecer, tenhamos que pensar como repor o conteúdo após a licença médica. Por fim, não é de estranhar que nem mencionemos o fato de que professoras que exercem seu direito de licença maternidade precisem sobrepor sua produção nos outros semestres para garantir pontuação adequada no interstício da carreira. Temos nos acostumado a normalizar nossa precarização.

Diante de tantas questões e responsabilização individual, num tempo histórico onde enfiam o trabalho docente no olho do furacão, sendo cotidianamente execrado por autoridades, por parte da mídia e da opinião pública, em meio aos problemas que se aprofundam, chegamos a questionar nossa função. Afinal, o que é ser professor universitário? O viés ultraliberal tem nos deixado com muita dificuldade de responder essa indagação.

A difícil conjuntura que vivemos faz com que caiamos em diversas armadilhas  para lidarmos com os desafios de nossa vida cotidiana. O profundo desrespeito dos governos brasileiros com a categoria docente nos coloca em impasses que acabamos por enfrentar de modos bastante distintos. Diante do descaso  há quem busque saídas individuais, alguns clamam resiliência, outros, resignação. Pensando aquilo que nos adoece é preciso suspeitar de que precisamos ir mais além.

Há alguns anos um famoso texto circula pelas redes sociais demonstrando como o trabalho docente é desvirtuado no Brasil. Buscando aprofundar sobre o que de fato é/seria/deveria ser nossa função, o texto do professor Marco de Melo, da UFMG, intitulado  “O que é um professor universitário?” é um bom ponto de partida e demonstra uma série de elementos do quanto o trabalho docente e a universidade sofrem com a desvalorização e desconhecimento de sua importância em nossa sociedade.

Em seu artigo de opinião o autor derrama uma gama de informações e argumentos da especificidade da docência nas universidades internacionais, trazendo aspectos relevantes sobre a importância da pesquisa, o respeito ao esforço intelectual inerente a essa atividade e o vácuo cada vez maior do nosso país referente ao tema.

É inegável como atualmente há uma construção de linchamento cultural contra os/as professores/as universitários/as no Brasil. Há ainda um cotidiano de pressões, prazos e práticas de desrespeito nos espaços de trabalho. Todo esse aparato vai causando formas de adoecimento na categoria docente, mas também potencializa práticas adoecedoras .

O trato do/da docente como mero instrumento da mercadoria educação, o aulismo como modus operandi, a pesquisa sob os ditames das “parcerias” com o mercado, a precarização da carreira e das condições de trabalho e a multiplicação de uma concepção de formação profissional distante da formação humana fazem parte da retroalimentação desse triste e desgastante jogo de desvalorização.

Nesse sentido, é preciso ainda considerar outros elementos para além do texto em questão. Pois do lado cá há também muito o que avançar em concepções e práticas mais profundas. Ainda que concorde com os problemas colocados sobre como o professor universitário é visto na sociedade brasileira, dentro dessa cultura que desvaloriza a atividade docente, o outro lado da mesma moeda revela uma histórica reprodução do elitismo, do pedantismo e dos jogos de poder que o saber universitário permite em seus espaços.

É inegável a dificuldade que temos de nos reconhecermos dentro da gama de seres humanos que vendem sua força de trabalho, daqueles que sofrem com a precarização e a exploração e que, por isso, tanto nossa atividade profissional, como a urgente e necessária organização política devem ser fortalecida para desvendar os limites de onde trabalhamos e as possibilidades que devemos construir. Envoltos nos contos que as camadas médias da sociabilidade de classes nos permitem nos acolhemos no mito da temperança, da imparcialidade e do individualismo.

Nesses espaços e processos há também boa vontade, focos de resistência, coletivos organizados, iniciativas importantes e gente que compreende esses desafios. Mas tem havido como muito mais força a contradição e a incoerência no cotidiano de nossas batalhas, dificultando, desde a aglutinação de aliados, até mesmo a necessária referência que as/os discentes procuram nas brechas de um belo discurso do/da professor/a que, eventualmente, pode permanecer absolutamente descolado de suas atitudes dentro e fora da sala de aula.

O vácuo entre a mera abstração de um projeto profissional ou de elucubrações teóricas aliadas às ações que reivindicam o autoritarismo, a reprodução do poder pelos títulos acadêmicos, as pesquisas, ora deslocadas dos interesses concretos dos sujeitos, ora simplesmente apresentando e representando a superficialidade tecnicista hegemônica da avaliação da aparência, tudo isso reflete mais do que elementos isolados dos nossos dramas cotidianos.

Obviamente, nesse emaranhado de questões, os elementos subjetivos também se fazem presentes. As balizas que nos saltam aos olhos fazem com que muitos se peguem no pragmatismo, no preconceito intelectual e na frustração com sua prática profissional. Isso permite a multiplicação de sensações e análises que individualizam causas e consequências, seja na própria culpabilização, seja no dedo em riste para seus pares e/ou para as/os discentes.

As cisões encontradas em sala de aula diante dessa lógica historicamente reproduzida e consubstanciada com o desmantelamento da educação básica (parte desse mesmo processo), por vezes, são “enfrentadas” ou com voluntarismo condescendente, com o rebaixamento da qualidade, ou com o suposto outro polo de personalismo e culpabilização dos indivíduos por suas limitações. É aí teremos a reprodução das caricaturas e o jogo imediatista descrito pelos discentes: os/as “docentes bonzinhos” e os/as “docentes tiranos” como partes aparentes de uma diferença que só se estabelece na lamentável lógica de unidade.

Enquanto dilapidam nossa profissão nós corremos atrás do próprio rabo. Disputa de espaço, verbas de pesquisa, jogatinas políticas ou negação da política se estabelecem como únicas saídas: produtivismo ou desinteresse, pedantismo ou superficialidade, tecnicismo ou abstrações, irresponsabilidade ou sacerdócio. Falsas polêmicas, falsas alternativas que se materializam em nossos espaços e escondem as verdadeiras disputas de projetos de universidade.

Na perversidade da contradição, quando menos percebemos somos caricaturas: o professor-pesquisador-empreendedor que detesta a sala de aula e encontra seu escape nas parcerias com as empresas privadas; ou o professor “aulista” que tem a pesquisa e a extensão como obstáculos de seu trabalho; ou professor-autoridade que quer, como pressuposto, ser adorado pelos seus títulos e produções; o bem intencionado professor-tecnicista que acha que a universidade é ensino-pesquisa-extensão, mas que esquece o quarto pilar, a organização política e a reprodução de uma determinada lógica; ou, por último, o professor frustrado com a reprodução dessa cultura, que está insatisfeito (e com justiça) por suas limitadas condições de trabalho, mas que não consegue se organizar coletivamente e desconta seus dramas nos sujeitos que estão em seu cotidiano. Essas personas aparecem em todos nós, ora reproduzimos, ora são atribuídas por outros e, muitas vezes, um mesmo indivíduo manifesta vários papéis.

Não somos essas caricaturas. Não podemos ser. Somos trabalhadores/as assalariados de uma mesma categoria. A reprodução da concorrência e os estereótipos são a cortina de fumaça diante de nossa própria desumanização, de nossas práticas desumanizadoras e da falência da universidade. Na disputa de personagens vamos permanecendo estéreis do exercício pedagógico de demonstrar capacidade de reação e proposição diante do desmantelamento da educação superior.

Há desafios enormes dentro e fora dos muros da academia. Há batalhas do plano cotidiano que estão estreitamente ligadas à nossa concepção e para onde queremos ir. É urgente o fortalecimento da organização política por outro modelo de universidade. Nesse sentido, a luta por melhores condições de trabalho e pela nossa valorização na sociedade perpassa um mesmo caminho.

Dessa forma, reivindicar o respeito ao título “professor universitário” é tão importante e necessário quanto reivindicar esse mesmo respeito ao estudante, ao técnico-administrativo, assim como o respeito para os seres humanos independentemente de sua ocupação. Para além de nos embrenharmos na lama das regras da meritocracia e do produtivismo, a fim de termos a excelência que nos exigem aqueles que ditam os modelos de universidade, é necessário que tenhamos força para exigirmos condições para muito mais.

É preciso construir conhecimento e materializar ações que determinem em sua essência que o/a trabalhador/a, que todo/a trabalhador/a, seja plenamente respeitado/a, que isso se construa quebrando os muros da universidade, com todas/os podendo entrar e sair dela, que nós docentes façamos também esses caminhos para as ruasl e que quebremos também os nossos muros individuais.

Essa batalha é contra o espectro da distância teoria-prática, o abismo entre forma e conteúdo e as vendas nos olhos que escondem os interesses de classe em nossas atitudes e nesse projeto de precarização e privatização das universidades brasileiras que todos nós sentimos na pele, mas que muitos ousam esconder, seja por estarem assoberbados pela lógica produtivista, seja por pura consciência de assumir um projeto de poder que referenda o fim dos direitos dos/das trabalhadores/as.

A dilapidação desses direitos, inclusive da possibilidade de produzir conhecimento com sentido, é o que amplia nosso adoecimento, que empobrece nossos espaços de trabalho e tensiona nossas relações.

 

As primeiras partes dessa reflexão estão no Espaço Aberto n.41/2019 e no Espaço Aberto n.43/2019:

 

http//www.adufmat.org.br/portal/index.php/component/k2/item/3767-ensaio-sobre-a-magnifica-maquina-de-moer-gente-parte-1-paulo-wescley

 

http://www.adufmat.org.br/portal/index.php/component/k2/item/3777-ensaio-sobre-a-magnifica-maquina-de-moer-gente-parte-2-paulo-wescley

Terça, 09 Abril 2019 14:55

Clique no arquivo anexo abaixo para ler o documento. 

Atualizado em 22/04/19, às 10h*.