Quinta, 09 Maio 2019 12:54

 

O governo Bolsonaro anunciou mais um corte nos recursos destinados às universidades e institutos federais. Muitas já declararam a inviabilidade de funcionamento nos próximos meses. Na UFMT, a Reitoria reuniu representantes da comunidade acadêmica na quarta-feira, 08/05, para dizer que o recurso atual garante o funcionamento da instituição até junho.   

 

Como sabemos, o desmonte do ensino superior público é parte do projeto ultraneoliberal das elites nacionais e internacionais para ampliar suas taxas de lucros em cima dos trabalhadores. Assim, só terá acesso à educação de qualidade, crítica e ampliada quem puder pagar. O governo federal já deixou claro que seu interesse é formar mão de obra rápida e barata para o mercado.

 

Em 2014, o orçamento das universidades era de R$ 11 bilhões, e sofreu importantes cortes por parte do governo Dilma. Contraditoriamente, o governo que utilizava o slogan “Pátria Educadora” reduziu em mais de 10% o orçamento do Ministério da Educação. De lá pra cá, a situação só se agravou! Em 2015, os docentes federais fizeram a maior greve da história para denunciar os cortes absurdos.  

 

Em 2016 foi aprovada Emenda Constitucional 95, que congelou por 20 anos os investimentos sociais, sendo a mais ousada medida de austeridade fiscal do mundo. A EC 95/16 significa, a médio prazo, a inviabilidade dos serviços públicos como o Sistema Único de Saúde (SUS), o sistema público de educação (infantil, básica ou superior), o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), a Previdência Social, entre outros. Na ocasião, estudantes da UFMT ocuparam os blocos de alguns institutos, e enfrentaram intensos protestos de colegas e docentes que, mediocremente, alegavam precisar terminar o semestre, não entendendo a gravidade da medida que significa o desmonte dos direitos sociais garantidos pela Constituição Federal de 1988.

 

O congelamento dos investimentos sociais aprovado em 2016 passaria a vigorar a partir de 2018, tendo o então governo Temer todo o ano de 2017 para ajustar o orçamento sobre o qual se implementaria o congelamento de 20 anos. Assim, em 2017 novos cortes foram realizados, de modo que, no orçamento de 2018, restou às universidades um total de R$ 4,9 bilhões, ou seja, um orçamento 54% menor do que o de 2014.

 

Mas é o governo Bolsonaro que fere de morte as universidades públicas, afirmando que as áreas de Filosofia e Sociologia não são importantes, que os estudantes brasileiros são fissurados na ideia de entrar na universidade, além de incentivar a criminalização dos professores, fomentando a exposição de supostas “doutrinações”.

 

Agora os ataques saem do plano da retórica e chegam ao orçamento. A previsão orçamentária para as universidades em 2019 foi de 4,2 bilhões de reais. Não chega a 39% do orçamento de 2014, que já representava imensa dificuldade para as comunidades acadêmicas. Mas o ódio de Bolsonaro à ciência e ao conhecimento que destroem “mitos” vai além. Para esconder o a desculpa esdrúxula de “balbúrdia” nas universidades que realizaram atividades políticas importantes diante da conjuntura, o Ministério da Educação anunciou que o corte de 30% seria para todas as universidades federais.

 

Não existe medida técnica capaz de absorver estes cortes. Eles representam a inviabilidade de concluir obras, ampliar a oferta ou qualificar os cursos, as pesquisas e as extensões. Ele significa a inviabilidade financeira das universidades, que já anunciam a falta de condições de permanecerem abertas até o fim de 2019. No caso da UFMT, significa a inviabilidade de iniciar suas atividades no segundo semestre deste ano.

 

Agora é guerra! Ou a educação derruba o governo, ou o governo inviabiliza a educação pública e gratuita no Brasil! Todos nas ruas no dia 15/05 com a Educação e na Greve Geral do dia 14/06.

 

Confira abaixo o calendário de debates organizados pela Adufmat-Ssind para debater os cortes de recursos nas universidades.  

 

 

 

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Quarta, 08 Maio 2019 15:15

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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No Brasil, todos os políticos falam da importância de melhorar a educação. Todavia, há antagônicas propostas de como “resolver os problemas”.

No rol do que a educação abarca, o ensino superior também faz parte. Só para esse estágio, as divergências são abundantes, a começar pelo embate entre os defensores da universidade pública/gratuita contra os privatizantes.

Desse embate, só não deveriam valer as fake news, ainda mais se produzidas por agentes do governo. Há pouco, alguns integrantes do governo Bolsonaro, na mídia e em suas redes, produziram inverdades inadmissíveis sobre as federais.

Diante disso, como sempre defendi a universidade pública, gratuita e laica, passo a expor considerações justamente acerca desses três termos caracterizadores das federais. 

Na lógica da “pública”, está a referência primordial dessas instituições, pois elas devem ser socialmente referenciadas. Isso está na contramão da concepção mercadológica que impera nas particulares. O mercado tem pressa e fome de lucro, o que não combina com o percurso da excelência ao tripé “ensino/pesquisa/extensão”.

Na lógica da gratuidade embute-se a intenção de receber nas federais acadêmicos de todas as classes. Infelizmente, em alguns cursos, isso não ocorre, exceto pelas cotas. Motivo: o desmonte produzido nos níveis de ensino que antecedem ao superior. Portanto, há uma obrigação do Estado de resgatar o nível dos ensinos básico e fundamental, e não propor a retirada da gratuidade.

No tocante ao aspecto laico, nunca foi tão importante fazer essa marcação, intencionando manter e reforçar sua importância, pois o governo, embora aja desumanamente, tenta fazer crer que só atua sob o consentimento de Deus.

Dizer que a universidade é laica pressupõe afirmar que ela não se pauta pela fé, mas pelo conhecimento, pela pesquisa...

As federais, por si, são templos, mas da ciência, que não trilha na mesma perspectiva das religiões. Estas, até pela pluralidade de um povo diverso como o nosso, devem ser respeitadas, mas em seus espaços específicos. As federais não são o caminho de Santiago de Compostela e Cia.

É necessário deixar isso bem claro, pois, pelo viés religioso, portas têm sido abertas para a exposição de preconceitos e ataques de todos os tipos contra aqueles que são considerados agentes “ideológicos/doutrinadores”.

Nesse clima de delirante incitação, espíritos sorrateiros – como o do traidor Silvério dos Reis durante a Inconfidência Mineira – têm sido convocados para delatar professores, técnicos e estudantes que, supostamente, possam estar doutrinando alguém.

Portanto, o fato de as federais serem públicas, gratuitas e laicas é o que lhes têm garantido os primeiros lugares de quaisquer rankings nacionais; é a condição para, internacionalmente, colocar o Brasil no 13º posto, quando o assunto é pesquisa; aliás, 99% de todas as pesquisas estão nas federais.

No ensino de graduação, há atualmente 1.100mil matrículas distribuídas em cerca de 4.900 cursos.

Na extensão, há mais de 25 mil projetos que alcançam cerca de 20 milhões de brasileiros.

Nos Hospitais Universitários, além das 7.400 vagas para residência médica, realizam-se mais de 23 milhões de consultas/ano, bem como mais de 315 mil internações e 450 mil cirurgias/ano.

As federais ainda são pontos de cultura, por meio de museus, cinemas, bibliotecas e teatros.

Resumindo: sem as federais, este país seria infinitamente menor. Nem é bom pensar.

Sendo assim, provocar e/ou permitir sua desmoralização é das mais indignas atitudes em termos de cidadania.

 

Segunda, 06 Maio 2019 17:59

 

Assim como os colegas terceirizados contratados pela Presto denunciaram recentemente, os seguranças que prestam serviço à Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), contratados pela empresa MJB, também estão revoltados porque não recebem os salários há quase três meses. Há disposição para greve.   

 

Nessa segunda-feira, 06/05, o Sindicato dos Trabalhadores em Atividade de Segurança e Transportes de Valores de Cuiabá e Região (Sinemprevs/MT) se reuniu com os sindicatos dos docentes e servidores técnicos da UFMT, Adufmat-Ssind e Sintuf-MT, respectivamente, para discutir a questão. A luta unificou: trabalhadores terceirizados e concursados estão juntos na defesa dos seus direitos.

 

Segundo os dirigentes sindicais que representam os seguranças, a desculpa é a mesma de sempre: a empresa alega que a universidade não realiza os repasses, enquanto a UFMT justifica que o atraso não ultrapassou o prazo estabelecido em contrato (três meses - a empresa garante, ainda no processo licitatório, ter fluxo de caixa para assumir os compromissos com os trabalhadores por 90 dias em caso de atraso no repasse).

 

O sindicato da categoria informou, ainda, que solicitou, tanto da UFMT quanto da MJB, documentos que podem comprovar os pagamentos realizados até então.

 

Na conversa realizada nessa segunda-feira entre os sindicatos e os trabalhadores, ficou decidido que haverá uma assembleia geral o mais rápido possível, provavelmente no próximo sábado, onde os seguranças poderão decidir se entram ou não em greve.     

   

A terceirização é um problema antigo na Universidade Federal de Mato Grosso. Além significar a privatização parcial da instituição pública, é símbolo da precarização do trabalho, distanciando a relação entre trabalhadores e empregadores, o que dificulta as reivindicações por melhores salários e condições de trabalho.  

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Segunda, 06 Maio 2019 10:59

 

A Adufmat-Ssind convida todos e todas para o Debate "Desmonte do SUS", que será realizado na quarta-feira, 08/05/19, às 8h30, no auditório do Instituto de Saúde Coletiva (ISC)/UFMT.
 
Os convidados para o debate são os professores Reginaldo Araújo (ISC/ANDES-SN) e Vanessa Furtado (IE/CMS).  
 
Haverá certificado para os participantes. 
 
 
 
Segunda, 06 Maio 2019 09:31

 

A Diretoria da Adufmat, no uso de suas atribuições regimentais, convoca todos os sindicalizados para Assembleia Geral Extraordinária a se realizar:

 
Data:  09 de maio de 2019 (quinta-feira)
 
Local: AUDITÓRIO DA ADUFMAT
 
Horário: às 13:30 horas com a presença mínima de 10% dos sindicalizados e às 14:00  horas, em segunda chamada, com os presentes.
 

PAUTA:

1) Informes
2) Análise de conjuntura
3) Paralisação nacional da educação no dia 15/05/2019
4) Campanha de lutas em defesa da universidade pública

 


 
Cuiabá, 03 de maio de 2019
 

 
Aldi Nestor de Souza
Diretor geral da ADUFMAT SSind

 

 

 

Sexta, 03 Maio 2019 15:36

 

Depois de anunciar que o MEC cortará verbas de três universidades federais por “balbúrdia”, o ministro da educação, Abraham Weintraub, foi além. Os cortes não serão apenas nos orçamentos das Universidades Federal Fluminense (UFF), da Bahia (UFBA) e de Brasília (UnB). Agora, todas as universidades e institutos federais terão seus orçamentos cortados em 30%.

O governo federal anunciou em 29 de março um contingenciamento de R$ 29,5 bilhões do orçamento da União. R$ 5,8 bilhões foram contingenciados do Ministério da Educação (MEC) e R$ 2,1 bilhões do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Agora, Weintraub começa a definir de onde cortará a verba em sua pasta.

O ministro decidiu que todas as universidades e institutos federais terão 30% do seu orçamento cortados a partir do segundo semestre. O corte se dará no orçamento para despesas discricionárias. Elas são usadas para pagar, por exemplo, as contas de água e luz, além de serviços de limpeza.

ANDES-SN responderá aos cortes com mobilização

O ANDES-SN repudia os cortes orçamentários e responderá a eles com mobilização. Nos dias 8 e 9 de maio, serão realizadas ações em defesa da Ciência e Tecnologia públicas e contra os cortes no MCTIC. As ações serão em Brasília.

Já em 15 de maio, ocorrerá a Greve Nacional da Educação. O ANDES-SN se somará à convocatória da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE) para lutar pela educação pública e contra a reforma da Previdência.

Por fim, em 14 de junho, será realizada a Greve Geral contra a Reforma da Previdência. A Greve Geral foi convocada pelas centrais sindicais durante as mobilizações de 1º de maio, Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores.

 
Fonte: ANDES-SN
Sexta, 03 Maio 2019 11:13

 

Em resposta aos ataques à educação pública, entidades do setor convocam suas categorias para uma paralisação nacional no dia 15 de maio. A Greve Nacional da Educação foi definida pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). A data foi incorporada ao calendário de lutas aprovado no III Encontro Nacional de Educação (ENE). O ANDES-SN convoca sua base a aderir à paralisação.

“A greve nacional da educação em 15 de maio é uma resposta a todos os ataques que a educação pública, os professores, estudantes, técnicos administrativos vêm sofrendo, com toda essa perseguição ideológica e política”, explica Caroline Lima, 1ª secretária do ANDES-SN.

A diretora do Sindicato Nacional exemplifica a perseguição com a declaração do Ministro da Educação e do Presidente  da República que incentivam a filmagem de docentes por alunos. “No momento em que temos um chefe de Estado que diz que é direito do estudante filmar professor, isso nada mais é do que a criminalização de professores e professoras. Além de um desrespeito total à autonomia das escolas e das universidades, dos institutos federais e Cefet”, explica.

Caroline lembra ainda que a luta contra a reforma da Previdência está na pauta do dia 15 de maio e nas demais datas da agenda de mobilização. Ela ressalta a desconstitucionalização dos direitos previdenciários prevista na PEC 06/2019, que aumenta a incerteza quanto à aposentadoria. Aponta ainda que a reforma ataca professoras e professores do ensino fundamental, que terão o tempo contribuição elevado em quase 10 anos.

“O que está muito nítido é que esse governo colocou professores e professoras como inimigos. E a paralisação unificada do dia 15 de maio é para dizermos que basta de ataques à educação, basta de ataques à nossa categoria. E também dizermos não a essa reforma da Previdência que é perversa, cruel e seletiva”, diz.

A dirigente conclui ressaltando que é fundamental que as seções sindicais coloquem peso nas atividades previstas no calendário de mobilização. Antes do dia 15 de maio, além do 1º de Maio, estão previstas atividades dias 8 e 9 de maio.

“Essas são atividades de mobilização para preparar o ANDES-SN, as seções sindicais, para o 15 de maio, e também para a greve geral, que está indicada para 14 de junho pelas centrais sindicais. Todas essas ações servirão para mostrarmos para a sociedade porque a reforma da Previdência é tão perversa com a classe trabalhadora. E, principalmente, alertar para a importância da defesa da educação pública, gratuita e de qualidade, da defesa da diversidade e que dizer não vamos tolerar a criminalização dos professores e professoras”, conclui.

Confira o calendário de mobilização indicado na Circular 164/19:

- 1º de maio – Dia Nacional unificado de luta do(a)s trabalhadore(a)s nos estados;

- De 02 até 13 de maio – Rodada de assembleia geral;

Pauta: Greve Nacional da Educação dia 15 de maio

- Dias 04 e 05 de maio – Reunião conjunta dos setores das IEES/IMES e IFES- Brasília/DF;

- 08 e 09 de maio – Em defesa da Ciência e Tecnologia Pública – atividade em Brasília/DF;

- 15 de maio – Greve Nacional da Educação. Em defesa da Educação Pública e contra a Reforma da Previdência.

 

 Fonte: ANDES-SN
Sexta, 03 Maio 2019 10:11

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Às vésperas do 1º de maio, perdemos Beth Carvalho, uma trabalhadora do meio musical.

Por conta da gravação de 1976 que Beth fizera de “As rosas não falam”, de Cartola, o jornalista Mauro Ferreira, para o G1, partindo do título “A rosa do povo”, que é um dos livros mais importantes de Drummond, registra que, “pelo repertório sempre escolhido com rigor, e sobretudo pela genuína vocação para ser uma rosa do povo, que Beth Carvalho floresceu e se transformou numa cantora da casa de todos os brasileiros, irmanando ricos e pobres no prazer de ouvi-la dar voz ao samba”.

Correto. Todavia, Beth cantou mais do que belos sambas. Fosse o ritmo que fosse,  ela cantou o que era preciso no tempo certo das coisas, mesmo, quando nesse tempo vigorava o sombrio; um tempo em que a humanidade já precisava ser alertada para a necessidade do cultivo do lado humano de nossa espécie, perigosa por natureza.

Por isso, para esta homenagem a essa cantora, que, antes de ser artista, era reconhecida como uma cidadã, que sabia que a luta pela dignidade das pessoas precedia a qualquer coisa, escolhi recordar – dentre um vasto leque de preciosidades musicais, uma gravação sua com Mercedes Sosa – “Eu só peço a Deus”, do argentino León Gieco, que fez e gravou aquela canção quando os ditadores Videla, da Argentina, e Pinochet, do Chile, no final de 1978, quase arrastaram seus países a uma guerra.

Quando Mercedes Sosa regressou à Argentina, após a redemocratrização de seu país, gravou essa canção com diferentes cantores do mundo. Beth Carvalho – uma voz constante contra a censura que prevaleceu durante os anos de vigência da ditadura militar no Brasil – foi uma dessas. A gravação, com versão de Raul Ellwanger, é de 1986.

Dada sua relevância, diante de tantas atrocidades pelas quais passa a humanidade, transcrevo a canção, cuja melodia é tão tocante quanto o seu conteúdo:

Eu só peço a Deus// Que a dor não me seja indiferente// Que a morte não me encontre um dia// Solitário sem ter feito o que eu devia// Eu só peço a Deus// Que a injustiça não me seja indiferente// Pois não posso dar a outra face// Se já fui machucado brutalmente// Eu só peço a Deus// Que a mentira não me seja indiferente// Se um só traidor tem mais poder que um povo// Que esse povo não esqueça facilmente// Eu só peço a Deus// Que o futuro não me seja indiferente// Sem ter que fugir desenganado// Pra viver uma cultura diferente// Eu só peço a Deus// Que a guerra não me seja indiferente// É um monstro grande e pisa forte// Toda a pobre inocência dessa gente”.

Diferentemente da lógica que molda a maioria dos que se dizem cristãos, como muitos de nossos governantes do passado e, principalmente, do presente, o eu-lírico do texto, repleto de preocupações com os rumos que a vida contemporânea vai apresentando, pede a Deus, na essência, o exercício constante de busca pelo império da humanidade que deve habitar o seu ser; logo, clama para não ser indiferente à dor alheia; para não ser socialmente inerte; para não se omitir perante mentiras e injustiças; para ter forças no enfrentamento com os traidores; para não se omitir perante o futuro das novas gerações; para ter capacidade de “viver uma cultura diferente”. O último de seus pedidos é para que a guerra não lhe seja indiferença, pois sua monstruosidade é “grande e pisa forte”.

A letra acima resume o que foi a existência de Beth Carvalho: uma artista brasileira que cantou a alma de seu povo, principalmente de sua parte mais explorada e marginalizada pelo sistema vigente.

 

Sexta, 03 Maio 2019 10:07

 

Antes, haverá Greve Nacional da Educação em 15 de maio

As centrais sindicais brasileiras convocaram, de maneira unificada, uma Greve Geral para 14 de junho. A pauta central da Greve Geral será a defesa do direito de aposentadoria e o repúdio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/19, da Reforma da Previdência. Antes, em 15 de maio, terá lugar a Greve Nacional da Educação.

Ato do 1º de Maio em São Paulo (SP)

A convocação da Greve Geral ocorreu durante o ato do Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores, em São Paulo (SP). Pela primeira vez, todas as centrais sindicais organizaram um ato unificado de 1º de maio na capital paulista. Mais de 200 mil pessoas foram à manifestação, no Vale do Anhangabaú.

Os trabalhadores presentes no ato fizeram uma votação simbólica de apoio à deflagração da Greve Geral contra a Reforma da Previdência. A orientação das centrais é que, a partir de agora, a mobilização comece a ser construída nas bases das mais diversas categorias. O objetivo é que, no dia 14 de junho, sejam paralisados todos os locais de trabalho, estudo, comércio, bancos e circulação de mercadorias.

“O governo Bolsonaro diz que o Brasil precisa da reforma da Previdência. Isso é a maior fake news. O país precisa que o governo cobre os devedores do INSS, pare de parar a Dívida Pública e entregar dinheiro para banqueiros. Eles querem acabar com a aposentadoria, com o futuro dos nossos filhos, para entregar dinheiro para os bancos. Por isso, afirmamos, não tem negociação com essa reforma. Precisamos ampliar nossa mobilização e derrotar essa reforma na íntegra”, disse Luiz Carlos Prates, o Mancha, que representou a CSP-Conlutas no ato.

Centrais sindicais divulgaram a arte da Greve Geral

As centrais sindicais reúnem-se no próximo dia 6 de maio. Elas irão discutir a organização do calendário de luta contra a Reforma da Previdência. Antes da Greve Geral, no calendário também está a Greve Nacional da Educação de 15 de maio.

Greve Nacional da Educação é o próximo passo prioritário da mobilização

Antonio Gonçalves, presidente do ANDES-SN, considera muito importante a decisão das centrais sindicais de convocar a Greve Geral para 14 de junho. O Sindicato Nacional, seguindo decisão congressual, vinha defendendo há meses a necessidade da Greve Geral para barrar os ataques de Bolsonaro aos direitos de aposentadoria.

O docente ressalta a importância da construção da Greve Nacional da Educação em 15 de maio para intensificar a mobilização rumo à Greve Geral em junho. “É fundamental aderir à Greve Geral. Mas temos uma tarefa anterior, que é a Greve Nacional da Educação em 15 de maio. Ela servirá para ganharmos força e fazermos uma grande Greve Geral”, afirma Antonio.

As seções sindicais, a partir desta quinta (2) e até o dia 13, devem realizar assembleias de base para aderir às mobilizações e paralisações do dia 15 de maio. Os docentes devem se atentar às organizações da educação básica em cada localidade, que podem organizar manifestações em data diferente.

“Vamos construir o 15 de maio em conjunto com a educação básica para ganhar força para a Greve Geral e derrotar a contrarreforma da Previdência”, completa o presidente do ANDES-SN.

 

Fonte: ANDES-SN (com informações e imagens de CSP-Conlutas).

 

 
Quinta, 02 Maio 2019 18:10

 

A adesão e apoio da população nas ruas do bairro Jd. Vitória surpreenderam as pessoas que participaram do protesto contra a Reforma da Previdência neste primeiro de Maio, em Cuiabá. O ato, que começou meio tímido na avenida Rubens de Mendonça (CPA), por volta das 15h50, ganhou corpo durante o trajeto até a Praça Cultural do Jd. Vitória, e a interação com as pessoas engrandeceu a marcha.  

 

Pela primeira vez os sindicatos e centrais saíram do centro e realizaram o ato do Dia Internacional de Luta do Trabalhador na região periférica da capital mato-grossense. Durante a caminhada, os manifestantes distribuíram panfletos alertando sobre todo o mal que a Reforma da Previdência pode causar, e questionando o discurso governista de imprescindibilidade da medida.

 

Em 2017, uma Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) realizada pela própria Câmara dos Deputados atestou que não há déficit no sistema previdenciário brasileiro, informação que o governo simplesmente ignora (leia mais aqui).  

 

Mas ao contrário do que os interessados em privatizar os direitos sociais esperam, a população já entendeu que a Reforma da Previdência tem o objetivo de prejudicar o trabalhador e favorecer os bancos. Durante a caminhada no Jd. Vitória, cumprimentos e comentários de apoio podiam ser ouvidos a todo o momento.  

 

 

O representante da Interssindical, Lucas Povoas, falou sobre a importância de marcar a data, histórica para os trabalhadores. “O Brasil tem sofrido uma série de ataques nos últimos anos e a Reforma da Previdência é mais um deles. É importante fazer esse tipo de ato, conversando e entregando material sobre o que está acontecendo, porque é principalmente na ponta que a população sente essas políticas. Nós ficamos felizes com a aceitabilidade, as pessoas tirando foto e pedindo panfletos durante a marcha”, afirmou Povoas.  

 

Para a diretora da Adufmat-Seção Sindical do ANDES-SN, Lélica Elis, a marcha reforçou a esperança de que a população conseguirá impedir a aprovação da Reforma. “Deu para perceber que as pessoas estão indignadas. O que acontece é que não existe uma direção que possa canalizar essa indignação. Quando nós passamos na rua, as pessoas aplaudiram, vibraram, e isso deu a esperança de que se a gente sair dos gabinetes e ocupar as ruas, será possível derrotar o governo, derrotar a Reforma da Previdência”, afirmou a docente.   

 

Na Praça Cultural do Jd. Vitória, para além das apresentações culturais regionais e internacionais, com rappers haitianos, também foi marcante a presença de latinos. Um grande mapa da América Latina foi desenhado no chão, com giz, pontuando as principais lutas em cada país. A questão da terra no Peru, a crise na Venezuela e as dificuldades da Previdência no Chile e na Colômbia estavam entre elas. No mapa do Chile, país de onde o governo brasileiro quer copiar o modelo de “aposentadoria”, os chilenos presentes escreveram “trabalhar a vida toda”.

 

Por conta da ausência de uma previdência social no Chile, a população idosa está cada vez mais empobrecida. O professor e economista chileno, Andras Uthoff, que também foi conselheiro regional da Organização Internacional do Trabalho (OIT), veio ao Brasil recentemente para debater o tema e afirmou que o modelo implementado por Pinochet no Chile, durante sua ditadura, produziu uma massa de pobres, e que o Brasil terá o mesmo destino se insistir no erro.

 

Vale destacar que a capitalização, modelo proposto pelo governo Bolsonaro, não é sequer considerado um modelo de aposentadoria por especialistas em Previdência. Trata-se de um investimento bancário no qual cada um reserva dinheiro individualmente, para ter algum recurso na velhice, correndo todos os riscos que o mercado financeiro oferece - inclusive de perda total.

 

GALERIA DE IMAGENS

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind