Sexta, 24 Junho 2022 17:40

 

O Ministério da Educação apresentou no dia 20 de junho uma nova versão do Programa para Expansão da Educação a Distância nas Universidades Públicas Federais (ReUni Digital).A proposta tem como objetivo, segundo o Ministério da Educação (MEC), ampliar as vagas no ensino superior, através da Educação a Distância (EAD) nas universidades federais do país.

Para o ANDES-SN, o projeto amplia a precarização do ensino oferecido nas Instituições de Ensino Superior (IES) públicas, ataca o tripé ensino, pesquisa e extensão - indispensável para o processo de formação -, e intensifica a concepção da educação superior como mercadoria. Antes mesmo da pandemia da Covid-19, o governo Bolsonaro já havia publicado a Portaria nº 2.117/2019, que alterou de 20% para 40% a possibilidade de carga horária de EaD em cursos presenciais de graduação. Agora, além de dificultar o retorno seguro às aulas presenciais, o governo federal ainda avançou na agenda do projeto do capital para a educação.

“O Reuni Digital é mais um projeto de ataque à educação Brasileira, sobretudo à Universidade Pública. E esse ataque é frontal ao tripé indissolúvel, que é o ensino, a pesquisa e a extensão, em um momento em que o governo pensa em ampliar as vagas no ensino superior, dentro que uma lógica mercantilista, que busca, inclusive, atender metas do Plano Nacional de Educação (PNE)”, criticou Neila Nunes de Souza, 1ª vice-presidenta da Regional Planalto do ANDES-SN e da coordenação do Grupo de Trabalho de Política Educacional da entidade.

O PNE estabeleceu em 33% o percentual de matrículas para a população de 18 a 24 anos (taxa líquida) e em 50% para a população em geral (taxa bruta) até o ano de 2024. O Reuni Digital prevê que seja assegurada a expansão para, pelo menos, 40% das novas matrículas, no segmento público.

A coordenadora do GTPE do Sindicato Nacional ressaltou que o governo aproveita o momento pós-pandemia, durante o qual as IES foram obrigadas a adotar o ensino emergencial remoto, para justificar a ampliação da EAD na Educação Superior pública. “O que vimos com a pandemia e o ensino remoto emergencial é que essa modalidade, além de precarizar a qualidade do ensino ofertado, é excludente, pois nem todos estudantes têm acesso à internet de qualidade e às ferramentas necessárias”, acrescentou.

Neila reforçou que o ANDES-SN, historicamente, se posiciona contrário a esse modelo de educação a distância, que desconsidera o papel importante da vivência dos espaços universitários, essencial para a formação dos e das estudantes. “Isso não coaduna com o que pensamos e com o que defendemos no ANDES-SN. Nós temos uma luta histórica em relação à EAD. Especialmente, essa que está sendo imposta, que traz uma lógica de mercantilização da educação”, afirmou.

De acordo com o MEC, neste ano, em caráter de programa piloto, 10 universidades federais vão disponibilizar 14 cursos EAD de curta duração, de 3 anos, totalizando 5 mil vagas. As universidades federais que já aderiram ao programa foram: as Universidades Federais do Amazonas (Ufam), do Mato Grosso do Sul (Ufms), do Mato Grosso (Ufmt), do Cariri (Ufca), do Piauí (Ufpi), Rural da Amazônia (Ufra), Rural do Rio de Janeiro (Ufrrj), de Alfenas (Unifal) e de Itajubá (Unifei), além da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).

Fomento via Capes para EAD
Além de recursos que serão destinados pelo MEC para o Reuni Digital, em fevereiro desse ano, a Capes publicou o edital 09/2022, no qual informa que “fomentará 156.120 novas vagas em cursos de graduação e especialização lato sensu das instituições públicas de ensino superior integrantes do Programa Universidade Aberta do Brasil (UAB) para abertura de turmas nos municípios mantenedores dos Polos EaD UAB a partir de julho de 2022 até julho de 2025”.

Confira a nota do ANDES-SN sobre o Reuni Digital

 

Fonte: ANDES-SN

Sexta, 12 Fevereiro 2021 15:22

 

Estudantes e professores debateram as dificuldades enfrentadas com a decisão da obrigatoriedade da flexibilização

 

Docentes e discentes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) participaram, nessa quinta-feira, 11/02, da roda de conversa promovida pela Associação dos Docentes da UFMT – Seção Sindical do Andes (Adufmat-Ssind) com o tema “Ensino remoto nas Universidades brasileiras é o ‘novo normal’?”. O debate contou com a participação da presidente do ANDES-Sindicato Nacional, Rivânia Moura, da diretora de Comunicação do Adufmat-Ssind, Lélica Lacerda e da docente da UFMT - Campus Sinop, Gerdine Sanson.

Participaram também os professores Reginaldo Araújo e José Domingues de Godoi Filho, do Campus da UFMT em Cuiabá. Como representantes dos discentes, participaram o coordenador do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Ian Carlos, e integrante do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), Wesley da Mata.  A Reitoria não mandou representantes.

Logo após a apresentação da pauta, feita pelo professor Reginaldo, os discentes Ian e Wesley puderam expor, do ponto de vista dos estudantes, como tem sido difícil o período pandêmico para a comunidade acadêmica e o quanto a obrigatoriedade do ensino remoto dificulta o momento ainda mais, por não ser acessível a todos.

 “A proposta vai contra o projeto de Universidade Popular, acessível a todos, defendido pelo DCE. A flexibilização do ensino faz parte de um plano maior e privatista defendido pelo Governo Federal. Pelo momento pandêmico, se torna difícil até a mobilização dos estudantes”, afirma Ian.

A professora Gerdine Sanson também expôs as dificuldades enfrentadas como coordenadora do curso de Medicina Veterinária, que tem uma carga horária 50% prática. “Somos obrigados pela Universidade a ofertar todas as disciplinas remotamente, mas os alunos sabem da necessidade da prática. No momento, estamos sem respostas. Eles chegaram a procurar espaço em uma universidade privada para realizar as atividades práticas”.

Segundo a presidente do ANDES, professora Rivânia Moura, o momento que o Brasil vive, com mais de 230 mil mortes em razão da Covid-19, atraso nas vacinas e falta de oxigênio, é resultado do negacionismo do governo atual e, consequentemente, a falta de um plano efetivo de combate à pandemia.

“A retirada de recursos e a ampliação do ensino à distância são parte de um projeto de educação do capital e para o capital. Não somos contra a metodologia, mas ela não pode substituir as atividades presenciais”, diz a presidente.

A diretora da Adufmat-Ssind, professora Lélica Lacerda, encerrou o debate expondo dados importantes a serem levados para que o ensino remoto não seja obrigatório. A própria Reitoria publicou informações relatando que 76% dos alunos apresentam problemas emocionais e 10% das mulheres matriculadas têm filhos.  Entre os motivos mais apresentados para o trancamento das matrículas, estão a dificuldade de aprendizagem, a carga excessiva de trabalhos e a dificuldade de conciliar trabalho e estudo.

“Estamos criando um ambiente de fracasso escolar. Todos esses efeitos são agravados pela pandemia e o papel da Universidade não é fingir que está formando profissionais capacitados, é produzir ciência e tecnologia. Temos excelentes profissionais e laboratórios que poderiam trabalhar no enfrentamento da pandemia, mas não temos insumos e estamos em um momento de corte de orçamento”, destaca a docente.

Além disso, a professora expôs sua indignação com a decisão de tornar o ensino remoto obrigatório em um ambiente no qual 80% dos alunos possuem renda mensal de até um salário, estudantes e professores têm dificuldade de lidar com a tecnologia e as plataformas digitais, além de não possuírem o domínio do inglês, que muitas vezes é necessário para lidar com o ambiente virtual. “É uma decisão elitista, racista e patriarcal. Estamos no meio de uma crise civilista onde não há zona de conforto. Precisamos nos posicionar”, afirma.

A íntegra da Roda de Conversa está disponível nas páginas oficiais da Adufmat-Ssind do Facebook e do Youtube. Clique aqui para assistir.

 

Letícia Corrêa

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Sexta, 11 Dezembro 2020 15:21

 

A Reitoria da Universidade Federal de Mato Grosso demonstra empenho em colaborar com a agenda genocida, negacionista e ultraliberal do Governo Federal.

Ao aprovar o calendário escolar sem promover o debate entorno do ensino remoto, tenta criar um contexto para tornar "inevitável" a não adesão ao ensino remoto em 2021 (tal como este reitor fez com o processo eleitoral não paritário, entendido pela Adufmat-Ssind como intervenção federal).

Não é possível planejar o futuro sem olhar para o passado. Enquanto a proposta de ensino remoto era apenas uma possibilidade, a Adufmat-Ssind chamou a atenção para a precarização da vida dos estudantes, que inviabilizaria o acesso ao ensino remoto; alertou para a precarização das relações de trabalho, seja pela falta de oferta de equipamentos e suporte técnico por parte da universidade; avisou sobre as relações de ensino-aprendizagem mediadas exclusivamente por meios digitais, distanciando estudantes e professores; e destacou as condições de saúde mental, já abaladas pela situação pandêmica, e que o trabalho remoto intensifica.

Os poucos dados que conseguimos acessar demonstram que nossa análise estava correta. Se compararmos os trancamentos de disciplinas no período de 01/06 a 10/12 dos anos 2019 e 2020, constataremos que houve um aumento de quase 11 vezes (277 trancamento em 2019 e 2987 em 2020).

O Centro Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária fez uma avaliação com os estudantes na qual perguntou quais problemas afetavam o seu desempenho no ensino remoto e quase 81% apontou a desmotivação / desânimo em virtude do isolamento social como um dos fatores. Tais dados indicam, no mínimo, que é preciso avaliar com mais cuidado os resultados desta experiência.

E mais: chamamos mais uma vez a atenção para o papel que a universidade deve cumprir neste momento. É uma decisão medíocre restringir a função da universidade no meio da maior pandemia do século, impondo o retorno ao ensino para forjar o "novo normal", naturalizando a condição de barbárie que o capital nos impõe como expressão de sua crise estrutural.

Como a Reitoria tem expressado em suas reuniões, aos mortos um minuto de silêncio e passemos para a próxima pauta. Não para nós! Conforme aprendemos com os movimentos populares, aos nossos mortos nenhum minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta!

Entendemos que é papel da universidade, como produtora de Ciência e Tecnologia, e formadora de mão de obra especializada, girar seus esforços para salvar o nosso povo.

Não temos uma proposta concreta, já que esta precisa ser construída em debate com a comunidade acadêmica, mas de antemão reivindicamos que os governos subsidiem insumos para as universidades contribuírem nas testagens em massa; a infraestrutura da universidade esvaziada pela pandemia pode se tornar serviços de acolhimento para a população em situação de rua, em que podem atuar professores e estudantes de diversas áreas de formação; o restaurante universitário precisa assumir a função de garantia de segurança alimentar à comunidade acadêmica e em geral, entre outras possibilidade.

Em suma, a Adufmat-Ssind quer sensibilizar a comunidade acadêmica para que não restrinjamos o horizonte da universidade a um escolão de ensino superior, com base no senso comum. Reivindiquemos nosso papel de produtores de ciência, tecnologias e técnicas. Em meio à pandemia, mais do que formar novas gerações de profissionais, precisamos construir saídas.

Sendo assim, a Adufmat-Ssind requer a abertura de espaços públicos para a avaliação dos resultados do ensino remoto na UFMT, para tomada de decisão amplamente debatida, sem atropelos. Neste sentido, solicitamos a suspensão do calendário escolar até que se esgotem os debates.

 

Diretoria da Adufmat-Ssind