Terça, 31 Outubro 2017 23:58

 

A diretoria da ADUFMAT-Ssind. repudia com veemência a agressão policial e as prisões arbitrárias contra os trabalhadores do DETRAN/MT, que exercem o justo (e constitucional) direito à defesa frente aos ataques do governo à categoria e ao serviço público estadual. Hoje, 31 de outubro de 2017, os servidores foram violentamente reprimidos pela Polícia Militar, durante Ato na frente do Palácio Paiaguás.  Mais uma vez, o governador Pedro Taques demonstra seu desrespeito ao direito dos servidores públicos estaduais!

 

Desde as manifestações contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2013, o Estado brasileiro tem adotado medidas características de um Estado de Exceção. O cerceamento ao livre direito de manifestação e protestos de trabalhadores (em contraposição à conveniência com manifestações conservadoras), as prisões arbitrárias de manifestantes, a violência policial contra militantes, as invasões às sedes de movimentos sociais e classistas pelo país, a criminalização dos lutadores sociais via edição da chamada Lei Anti-terrorismo (que na verdade é um instrumento autoritário do Estado brasileiro), sinalizam um recrudescimento da perseguição política do Estado às manifestações dos trabalhadores e cerceamento ao exercício dos direitos constitucionais.

 

Desse modo, a Diretoria da ADUFMAT não apenas condena a violência, a truculência e a arbitrariedade da Polícia Militar, sob a responsabilidade do governador Pedro Taques, mas reitera, publicamente, sua solidariedade aos aguerridos trabalhadores do DETRAN/MT. Juntos somos muitos. Muitos, somos uma fortaleza!

 

Diretoria da Adufmat-Ssind

Terça, 31 Outubro 2017 15:53

 

O presidente da República, Michel Temer, editou duas medidas provisórias (MP), com o objetivo de cumprir a meta fiscal para 2018. Uma delas, a MP 805/17, ataca profundamente os direitos dos trabalhadores, em especial, dos servidores públicos federais. A publicação das medidas ocorreu na segunda-feira (30), em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), e apenas uma semana após a votação que barrou, pela segunda vez, a denúncia contra Temer na Câmara dos Deputados. No mesmo dia, mais cedo, o Ministério do Planeamento já havia baixado novamente a previsão para o salário mínimo de 2018, passando de R$ 969 para R$ 965. Atualmente, o salário mínimo está em R$ 937.


 
A Medida Provisória (MP) 805/17 congela os reajustes remuneratórios previstos para algumas categorias dos servidores públicos para 2018; e aumenta a contribuição previdenciária dos atuais 11% para 14% sobre a parcela do salário que exceder R$ 5.531,31 (teto que é pago pelo Regime Geral, a cargo do INSS), alterando a Lei 10.887/04, quanto à alíquota da contribuição social do servidor público, entre outras questões.


 
Com isso, os reajustes de quase 30 carreiras exclusivas de Estado serão adiados de 2018 para 2019, entre elas, os docentes. A suspensão dos reajustes tem efeito imediato, enquanto o aumento do desconto para a Previdência começará a valer em fevereiro de 2018. Mesmo assim, as medidas precisam ser votadas no Congresso para terem mantida a sua validade. A previsão é que a matéria seja lida pela mesa da Casa ainda nesta terça-feira (31), quando será aberto um prazo para apresentação de emendas ao texto. A matéria vai ser examinada em Comissão Mista do Congresso Nacional a ser instalada. Pela regra de alternância das Casas, a presidência ficará a cargo de um deputado e a relatoria será designada a um senador. 


 
A outra medida publicada, a MP 806, altera a tributação do Imposto de Renda (IR) sobre fundos financeiros fechados, chamados de fundos exclusivos. Destinados a grandes clientes, esses fundos, que são fechados e não têm livre adesão, pagavam, até meados de agosto, Imposto de Renda apenas no fechamento ou no resgate das cotas. O imposto, então, passou a ser cobrado todos os anos, como ocorre com os demais fundos de investimento. Agora, haverá um aumento nessa tributação.


 
“O presidente Temer, mais uma vez, se utiliza uma medida provisória, que tem um caráter de exceção e não de regra, para implementar a sua política de ajuste fiscal. Essa MP reduz os salários reais dos servidores, na medida em que aumenta a contribuição previdenciária e suspende o reajuste salarial dos servidores. Ao mesmo tempo, em que beneficia os empresários, os interesses do mercado e o grande Capital em detrimento dos direitos dos trabalhadores. Para nós, servidores públicos, passou da hora de reagir, as categorias precisam se organizar e fazer o enfrentamento”, ressalta Eblin Farage, presidente do ANDES-SN.


 
Perdão de dívidas e renúncia fiscal


Enquanto os trabalhadores arcam com a crise, Michel Temer estuda, mais uma vez, outra medida provisória que garante a prorrogação, de 31 de outubro para 14 de novembro,  do prazo de adesão ao programa de parcelamento tributário com a União, o Refis, que é um programa de perdão de dívidas para grandes empresas. Temer já havia sancionado o programa, no dia 24 de outubro, vetando quatro pontos, entre eles, o que proibiu a adesão de micro e pequenas empresas inscritas no Simples. 


 
Pré-Sal


Uma das principais apostas da equipe econômica para cumprir a meta fiscal de déficit de R$ 159 bilhões, os leilões de petróleo da camada pré-sal, ocorridos na sexta-feira (27), não atingiu a arrecadação esperada. O governo pretendia arrecadar R$ 11,75 bilhões em 2017 com os leilões do pré-sal. No entanto, as três rodadas terminaram com resultado de R$ 6,95 bilhões. Estudos elaborados pelas Consultorias Legislativa e de Orçamento da Câmara dos Deputados mostraran que as regras previstas no leilão da Agência Nacional do Petróleo (ANP) farão o governo reduzir o retorno na exploração do petróleo em relação à disputa no campo de Libra, ocorrida há quatro anos. Parte desses recursos ajuda a financiar áreas como a Educação e a Saúde. Paralelamente, a Medida Provisória 795/17, já em vigor, e prestes a ser votada pelo plenário da Câmara, reduz impostos para as petrolíferas até 2040, o que geraria renúncia fiscal de R$ 40 bilhões anuais, ou R$ 1 trilhão em 25 anos. 


 
Eblin conclama todos trabalhadores e trabalhadoras a saírem às ruas no dia 10 de novembro - Dia Nacional de Lutas, Paralisação e Greve -, que ocorrerá às vésperas da entrada em vigor da contrarreforma Trabalhista. “O dia 10 de novembro será importante para estarmos nas ruas e demonstrar a nossa indignação e nosso poder de reação”, conclui. 

 

O Fórum Nacional das Entidades dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) fez um jornal para ajudar na mobilização da Greve Geral do dia 10/11. Clique aqui para ver a edição digital

 

Fonte: ANDES-SN (com edição da Adufmat-Ssind)

Quinta, 26 Outubro 2017 13:58

 

No primeiro dia do Seminário 100 Anos da Revolução Russa, organizado pela Adufmat-Seção Sindical do ANDES, três atividades demarcaram aspectos diferentes desse grande marco para os trabalhadores: as condições materiais concretas da Europa e da Rússia que levaram ao processo revolucionário; a atuação do partido bolchevique, seus acertos e equívocos; e a relação da União Soviética com a ciência.  

 

Durante a manhã dessa quarta-feira, 25/10, o professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Ivo Tonet (Serviço Social), abriu as atividades explicando o pensamento marxista, central na proposta de uma nova concepção de sociedade a partir das críticas ao modo de produção capitalista. “Para existir, o ser humano tem de transformar a natureza para produzir as condições necessárias à sua existência. Então, o trabalho é a categoria fundante do ser social para Marx”, explicou o docente.

 

É justamente a relação com o trabalho que diferencia as sociedades socialistas e liberais. A apropriação dos meios de produção pela classe trabalhadora, seu uso e o poder de decidir sobre a distribuição da riqueza gerada são os pontos centrais da discussão.      

 

 

Nesse sentido, Tonet falou sobre os avanços sociais que a revolução garantiu à população russa, que na época vivia em condições praticamente medievais. “Em 50 anos, a revolução proporcionou um nível de desenvolvimento na Rússia que 300 anos de capitalismo não conseguiu em lugar nenhum”, afirmou. No entanto, em sua análise, às condições objetivas não permitiram aos revolucionários russos a concretização de uma sociedade efetivamente socialista, mas sim avanços, mantendo muitos aspectos da lógica burguesa.    

 

No período da tarde, a professora do Instituto Federal de Goiás, Camila Marques (Ciências Sociais), ofereceu a primeira parte do mini-curso “Prática Revolucionária: um debate acerca da Revolução Russa”. Utilizando o termo “nossa revolução”, a professora envolveu os participantes no exercício de pensar o clima revolucionário que pairava sobre a Europa entre os séculos XIX e XX, a partir dos textos compartilhados naquela época por Marx e Engels.

 

“A Revolução Russa foi a primeira experiência duradoura de revolução de trabalhadores. Todas as concessões sociais feitas pela burguesia, que resultaram em direitos em vários países, foram frutos do receito dessa influência revolucionária sobre a população”, afirmou a docente.

 

 

Sobre as condições objetivas que historicamente favorecem as situações revolucionárias, Marques afirmou que o Brasil já registrou momentos importantes que reuniram crises de cúpula, agravamento da miséria e da desgraça, e ações espontâneas das massas, três fatores que estabelecem condições objetivas fundamentais para o processo revolucionário. Todavia, as condições subjetivas, relacionadas a organização e atuação de grupos revolucionários também são fundamentais para efetivação da ruptura com o modelo vigente.     

 

A partir das 19h30, o professor da Universidade Federal de Mato Grosso, José Domingues de Godoi Filho (Geologia), falou sobre a grande contribuição científica e tecnológico da União Soviética, não só com relação à pesquisa bélica, que contribuíram para outras áreas, mas também relacionadas ao conhecimento do espaço e da estrutura terrestre.

 

“As pesquisas bélicas avançaram, numa competição clara entre os russos e os norte-americanos, mexendo com as ciências básicas. Os russos trabalharam duro, numa perspectiva dialética e mais ampla que os EUA, sem a falsa ideia de neutralidade científica, batendo de frente com as noções religiosas e provocando avanços tecnológicos”, afirmou Godoi.

 

 

O docente relatou ainda que o regime soviético viabilizou a formação de cientistas, mas também os perseguiu. Todavia, valorizando o diálogo entre áreas científicas diversas, concluiu que estudar a relação da URSS com a ciência é fundamental, inclusive, para entender a história do século XX.    

 

Nessa quinta-feira, 26/10, as exposições seguem, debatendo do papel fundamental das mulheres no processo revolucionário pela manhã, a segunda parte do mini-curso e exibição do filme “Pão, paz e terra”, seguido de debate, no período da tarde, e a mesa "A Revolução Russa e seus reflexos", a partir das 19h30, sempre no auditório da Adufmat-Ssind.

 

 

Confira as próximas atividades e seus respectivos horários:

 

26/10/17

 

8h - Mesa de Debate: "As mulheres na Revolução Russa"

(Professora Camila Marques/IFG)

 

14h – Mini–curso (parte 2) e Cine-debate: “Pão, Paz e Terra” & "Teoria da Revolução e Prática Revolucionária: um debate acerca da Revolução Russa”

(Professoras Camila Marques/IFG e Alair Silveira/UFMT)

 

19h30 - Mesa de Debate: "A Revolução Russa e seus reflexos"

(Professor Valério Arcary/IFSP)

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27/10/17

 

8h - Mesa de Debate: "Arte na Revolução Russa: Rússia e México"

(Professor Pablo Diener/UFMT)

 

14h - Exibição do filme "A Mãe", de Vsevolod Pudovkin, seguido de mesa de debate: "Maksim Górki: Engajamento e Arte na Revolução Russa".

(Patrícia Acs/ PEB - Seduc/MT) 

 

19h30 - Mesa de Debate: "O cinema soviético e Sergei Eisenstein"

(Professor Flávio Trovão/ UFMT-Roo)

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

Terça, 24 Outubro 2017 15:53

 

Câmara também terá audiência pública sobre a crise financeira das Universidades Públicas Federais, com a participação do ANDES-SN

O destaque do plenário da Câmara dos Deputados nesta semana será a votação, na quarta-feira (25), do pedido de autorização do Supremo Tribunal Federal (SIP 2/17) para processar, por crime comum, o presidente da República, Michel Temer (PMDB), e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral). A tendência é que se repita o que ocorreu na votação da primeira denúncia, que foi rejeitada em agosto, por 263 votos contra a autorização, 223 favoráveis e 2 abstenções.

A partir das 9 horas, os deputados vão debater o parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) contrário à autorização, conforme relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) aprovado por 39 votos contra 26.

Formação de quadrilha e obstrução de Justiça
A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Temer e os ministros de formação de quadrilha e obstrução de Justiça com o intuito de arrecadar propinas, estimadas em R$ 587 milhões. O Planalto nega todas as acusações.

O caso envolve ainda outras pessoas que não têm foro privilegiado, como os ex-deputados Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Henrique Eduardo Alves e Rodrigo da Rocha Loures; o empresário Joesley Batista e o executivo Ricardo Saud, ambos da J&F.

Conforme os procedimentos de plenário para análise da denúncia, a autorização só será concedida se receber o apoio de pelo menos 342 deputados, ou 2/3 do total de 513 deputados, que terão que se manifestar contrários ao relatório de Bonifácio de Andrada por meio do voto “não”.

Regulamentação do teto do funcionalismo público
A Comissão Especial sobre Teto Remuneratório reúne-se na terça-feira (24), às 14h30, em audiência pública para debater o Projeto de Lei 6726/16, que trata da aplicação do limite remuneratório previsto na Constituição.  A audiência contará com representantes da Justiça e do Ministério Público.

Demissão de servidor por mau desempenho

A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal também realizará audiência pública para debater o PLS 116/17, da senadora Maria do Carmo (DEM-SE), que permite a demissão de servidores públicos estáveis por mau desempenho. O texto já foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça; e, ainda, vai ser examinado, após passar pela CAS, e antes de ir a plenário, pelas comissões de Direitos Humanos e Legislação Participativa; e de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor.

Ameaças aos servidores em tramitação no Congresso
Um levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) aponta as principais proposições em tramitação no Congresso Nacional, que afetam os servidores públicos. 
O Programa de Desligamento Voluntário (PDV) destinado ao servidor da Administração Pública federal direta, autárquica e fundacional tramita através da Medida Provisória 792/17, que também abarca a licença sem remuneração, inclusive, prevendo que seja por interesse público, e ainda inclui a jornada de trabalho reduzida.

Outro tema da agenda negativa para os servidores que já está em tramitação é a demissão do cargo por insuficiência de desempenho do servidor público. Além do PLS 116/17, que tramita no Senado, na Câmara Federal encontra-se o PLP 248/98, em estágio bastante avançado de tramitação. O projeto da era FHC aguarda votação no plenário da Câmara dos Deputados, que também disciplina a perda de cargo público por insuficiência de desempenho do servidor público estável, e dá outras providências. Caso seja aprovada essa proposta, o texto segue para sanção presidencial. 

Além disso, segundo o Diap, seis temas devem ser encaminhados pelo Executivo ao Legislativo entre os meses de outubro e novembro. Dentre as proposições, estão as possibilidades de aumento de contribuição previdenciária de 11% para 14%; adiamento de reajuste dos servidores; reestruturação de carreiras; extinção de cargos; piso inicial de salário de servidor no valor de R$ 5 mil; e revisão de pagamentos de verbas como auxílio-alimentação.

Reforma da Previdência 
A PEC 287/16, do Poder Executivo, que prejudica os servidores públicos poderá ter sua discussão retomada na Câmara dos Deputados. O relator, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) e a equipe de governo, diante da dificuldade em aprovar a proposta deve apresentar um texto alternativo e consensual com os partidos da base do governo.

Caso seja colocada em votação, a proposta deve ser apreciada em dois turnos no plenário da Câmara dos Deputados sendo necessários 308 votos em cada turno e depois segue para exame no Senado Federal, cuja discussão inicia-se pela Comissão de Constituição e Justiça; e depois no plenário da Casa, com exigência de votação em dois turnos, sendo necessários 49 votos em cada turno.

CPI da Previdência
Durante essa segunda-feira (23), o senador Hélio José (Pros-DF) apresenta o seu relatório sobre os trabalhos da CPI da Previdência. A comissão foi instalada no final de abril e seu prazo de funcionamento termina no dia 6 de novembro. A reunião teve início no período da manhã e se estendeu por toda a tarde. 

Crise nas Federais
Na quinta-feira (26), a Comissão de Educação da Câmara realiza audiência pública para discutir a crise financeira das Universidades Públicas Federais. O ANDES-SN será representado na reunião pela presidente da entidade, Eblin Farage.

Fonte: ANDES-SN

Segunda, 23 Outubro 2017 08:18

 

“Continuamos no mesmo barco, mas agora estamos à deriva, sem remo”, diz o presidente da Associação Quilombola de Mangueiras, Maurício Moreira dos Santos. Localizado na região nordeste de Belo Horizonte, o quilombo de Mangueiras teve seu território reconhecido no último ano de governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em janeiro de 2016. O reconhecimento é o passo anterior à titulação, que garante a posse permanente da terra. O processo que “caminhava muito lentamente”, como Maurício observa, parou. “Não existe comunidade quilombola sem sua terra”, destaca.

Maurício Moreira dos Santos é presidente da Associação Quilombola de Mangueiras (Foto: Tamás Bodolay/Agência Pública)

O governo de Michel Temer, em abril, mandou suspender os processos administrativos para emissão de decreto presidencial autorizando a desapropriação de imóveis rurais situados nos territórios quilombolas reconhecidos pelo Incra até a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) dos procedimentos para identificação e titulação das terras quilombolas, previstos no Decreto 4.887, de 2003. A constitucionalidade da norma foi questionada pelo então Partido da Frente Liberal (PFL), atual Democratas (DEM), por inexistência de lei que lhe confira validade, já que a Constituição não pode ser regulamentada por decreto. A conclusão do julgamento, marcado para ontem, foi adiado novamente porque o ministro Dias Tofolli, que estava com voto de vista da ação, não compareceu ao plenário por problemas de saúde. Não há prazo para que o julgamento seja retomado.

Desde a Carta Magna de 1988, que determinou “aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos”, o Decreto 4.887 foi a conquista legal mais importante dos quilombolas. Não tramita no Congresso Nacional nenhum projeto que o substituiria nem que dê mais garantias aos direitos desses povos. O caminho do Legislativo tem sido no sentido contrário. “O Legislativo, nos últimos anos, tem instigado a violação dos direitos quilombolas”, afirma Givânia Maria da Silva, da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). “O governo de Michel Temer talvez seja das tragédias e ataques mais violentos aos negros depois da escravidão”, constata.

A reportagem fez um levantamento em todas as propostas de autoria do Executivo – medidas provisórias, projetos de lei, emendas constitucionais e decretos – desde que Temer assumiu o governo interinamente, em 12 de maio de 2016, e concluiu que as principais conquistas alcançadas pelos descendentes de escravos, indígenas, LGBTs, trabalhadores e pelos cidadãos brasileiros – em relação à saúde, educação, previdência e trabalho – após a Constituição de 1988 estão ameaçadas em prol de interesses dos empresários, do agronegócio e de crenças religiosas.

Direitos Constitucionais ameaçados

 

Vinte e nove anos depois de a Constituição de 1988 garantir o direito dos quilombolas à propriedade de seus territórios, o governo federal titulou somente 38 terras. Em 2016, apenas Tabacaria (AL) foi titulada e, em 2017, apenas as quatro terras com decretos de desapropriação expedidos no governo Dilma receberam os títulos até o momento. “A nossa terra é o lugar onde vivemos em paz, onde nossos ancestrais, nossos netos e bisnetos nasceram”, diz o quilombola Eduardo Santos. Ele está tentando resgatar a origem rural de Mangueiras, localizada às margens da Rodovia MG-20 e cercada pela mata do Isidoro. Lalado, como é conhecido, iniciou uma pequena criação de porco e galinha e cultivo de cana. Ele está cultivando também algumas hortaliças.

 Eduardo Santos está tentando resgatar a origem rural de Mangueiras (Foto: Tamás Bodolay/ Agência Pública)

A paralisação dos processos de titulação das terras quilombolas é um dos reflexos dos cortes que o governo Temer fez no orçamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que já vinha sofrendo quedas nos governos anteriores. O total de 220 terras quilombolas homologadas hoje no Brasil foi garantido em grande parte pelos governos estaduais. De acordo com a Comissão Pró-Indígena de São Paulo, em sete anos o orçamento do órgão apresentou uma queda de 94%. O valor gasto com reconhecimento e indenização de terras quilombolas, por exemplo, caiu drasticamente, de R$ 43,95 milhões em 2014 para R$ 1,073 milhão até setembro de 2017. Os dados são do Portal da Transparência do governo federal. Em 2015, foram gastos R$ 15,019 milhões e em 2016, R$ 20,4 milhões. Givânia afirma que o retrocesso das políticas públicas aumentou a violência contra as comunidades. Em 2017, 14 quilombolas foram assassinados, segundo informações do Conaq. De acordo com dados do Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, em 2016 foram oito mortes e em 2015 e 2011 duas mortes foram registradas.

Atualmente, o Incra, que é o órgão responsável pela política fundiária, incluindo as comunidades quilombolas, está vinculado à Casa Civil, comandada por Eliseu Padilha. O ministro já deu sinais de que está do lado dos ruralistas. Quando ainda era deputado federal, cargo que ocupou de 1995 a 2014, Padilha defendeu a PEC 215, uma das propostas que mais assombram as comunidades quilombolas e os povos indígenas. A medida propõe que o Congresso Nacional passe a aprovar e ratificar a demarcação de terras indígenas e quilombolas, hoje prerrogativas da União. “Mais que uma derrota do governo, como apresentada por parte da mídia, a aprovação esmagadora da Proposta de Emenda à Constituição 215/2000 (PEC215), na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, aponta para a perspectiva de que o país possa recuperar a soberania plena sobre a ordenação física do território nacional, atualmente, compartilhada com o movimento ambientalista-indigenista internacional”, afirmou Padilha em publicação no seu site, no dia 31 de março de 2012, com o nome “PEC 215 sinaliza resgate da soberania nacional”.

Índios x Temer

Assim como o Incra, a Fundação Nacional do Índio (Funai) vem sofrendo um processo de desmonte desde o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), intensificado no governo do presidente Michel Temer com a redução de cargos e do orçamento. De acordo com informações do Portal da Transparência do governo federal, no ano passado foram gastos R$17,802 milhões com a demarcação e fiscalização de terras indígenas e proteção dos povos indígenas isolados. Até setembro deste ano, apenas R$ 5,014 milhões foram investidos nessa ação, uma queda superior a 200%. Desde que Michel Temer assumiu a Presidência, nenhuma terra indígena foi demarcada. O desempenho do peemedebista é considerado “o pior para os direitos dos indígenas desde a redemocratização”. De acordo com levantamento da organização não governamental Instituto Socioambiental (ISA), Dilma Rousseff homologou 21 áreas, Lula, 87, FHC, 145, Itamar Franco, 16, Fernando Collor, 112 e José Sarney, 67. Futuras demarcações estão ameaçadas, colocando em xeque as conquistas constitucionais desses povos: “São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens”, diz a Constituição de 1988.

Em julho, Michel Temer assinou parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) determinando que só poderão ser demarcadas áreas ocupadas pelo índios até a data da promulgação da Constituição Federal e que áreas já demarcadas não poderão ser ampliadas. O documento, costurado com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), foi publicado duas semanas antes de a Câmara barrar a investigação de corrupção contra o presidente. Dos 263 votos favoráveis que ele conseguiu na votação, 130 vieram da bancada ruralista. Em reação à medida, o Ministério Público Federal publicou uma nota em que diz: “O Parecer 001/2017/GAB/CGU/AGU, aprovado pelo presidente Michel Temer, que pretende ter força vinculante, põe no papel o que o atual governo faz e os que antecederam já faziam: não demarcar, não reconhecer e não proteger”. E acrescentou: “O parecer tem apenas um grande mérito: traz as digitais do presidente da República e, portanto, faz dele o responsável direto da política indigenista da sua administração”. A Advocacia-Geral da União respondeu que o parecer “de forma alguma representa retrocesso na demarcação de terras indígenas. Ao contrário, vai promover segurança jurídica a esta importante política pública”.

As políticas indigenistas estão nas mãos do general Franklimberg Ribeiro de Freitas, indicado pelo PSC para presidir a Funai. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) recebeu a nomeação como uma tentativa de militarização do órgão, “como nos tempos da ditadura”. “No governo Dilma, a gente tinha muitas ameaças de retrocessos e a gente na linha de frente fazendo pressão, evitando a aprovação dessa pauta anti-indígena. Mas agora tudo deixou de ser uma ameaça e virou uma realidade. Nós temos casos concretos de retrocessos que fazem com que a gente afirme que é o pior momento da história desde a redemocratização. De ataque aos direitos, de incitação ao ódio, ao racismo, preconceito, de conflitos fundiários”, afirmou a líder indígena Sônia Guajajara, em conversa na Casa Pública com o tema “índios x Temer”.

Os pataxós da Aldeia Velha, localizada em Porto Seguro, estão sofrendo com a precariedade na saúde. Membro do conselho local de saúde indígena, Tucurumã Pataxó, afirmou que a aldeia, que tinha três carros para atender às demandas da saúde, hoje tem apenas um. Eles já ficaram, no entanto, sem nenhum. Tucurumã disse ainda que o conselho local de saúde está parado. “Já tem mais de um ano que não tem reunião do conselho. Nós não estamos tendo recurso para fazer a reunião e eles não estão cumprindo com nossas necessidades”, acrescentou. Os conselhos locais de saúde tem a função de manifestar-se sobre as ações e os serviços de atenção à saúde indígena necessários às respectivas comunidades, avaliar a execução das ações de atenção à saúde indígena nas comunidades e encaminhar propostas aos Conselhos Distritais de Saúde Indígena. No ano passado, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, publicou duas portarias, revogadas após pressão das tribos, que acabavam com a autonomia financeira e orçamentária da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), responsável por coordenar os conselhos locais, e dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) na gestão de recursos. “No ano passado, eu estive em Brasília e vi o preconceito que eles têm. O ministro da Saúde foi à nossa aldeia, a gente tratou ele muito bem. O cacique deu até um cocar, prestigiando ele. A gente não dá um cocar para qualquer pessoa. Demos um cocar para ele e quando chegamos em Brasília fomos maltratados, ele não queria atender a gente, só atendeu embaixo de pressão”, contou Tucurumã.

Membro do conselho local de saúde indígena, Tucurumã Pataxó, conta sobre as precariedades do serviço na Aldeia Velha: “já tem mais de um ano que não tem reunião do conselho.”  (Foto: Tamás Bodolay/ Agência Pública)

Meio ambiente

Paralelamente ao desmonte das conquistas constitucionais dos índios e quilombolas, estão os ataques ao meio ambiente, com a extinção de áreas protegidas, o enfraquecimento do licenciamento ambiental, tentativas de desregulamentação e liberação de agrotóxicos ainda mais agressivos à saúde da população e ao meio ambiente, venda de terras para estrangeiros, anistia a crimes ambientais e a dívidas do agronegócio, legalização da grilagem de terras e a liberação de áreas de floresta para a exploração mineral. Retrocessos que, mais uma vez, colocam Michel Temer no período anterior a 1988 – nesse caso, na avaliação dos ambientalistas.

“Desde a redemocratização do país, nunca um governo promoveu tantos retrocessos e de forma tão acelerada para a agenda ambiental, fundiária e de direitos como o de Temer. De maneira autoritária, por meio de medidas provisórias, decretos e outros atos desprovidos de debates com a população, os avanços socioambientais conquistados pelo Brasil nas últimas décadas – incluindo os garantidos pela Constituição – vêm sendo sumariamente desmantelados”, publicou o movimento #Resista, articulado pelo ISA, e que já conta com o apoio de mais de 300 organizações, movimentos e redes ambientalistas, indígenas, indigenistas, do campo e de defesa dos direitos humanos. De acordo com a Constituição brasileira, “a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais”.

A última grande cartada contra o meio ambiente, no jogo de vai e vem de Temer com suas propostas, foi a publicação do Decreto 9.147, que extingue a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), na Floresta Amazônica. A medida permitia a exploração irrestrita do garimpo na floresta e, segundo ambientalistas e indígenas, colocaria em risco reservas ambientais e terras indígenas. A norma foi revogada pelo presidente depois de muita pressão social, que contou com a participação da modelo Gisele Bundchen. A suspensão do decreto, no entanto, não significa necessariamente que a ameaça acabou. Também com a ajuda da pressão da top model, o presidente vetou a medida provisória que reduziria a Floresta Nacional do Jamanxin, no Pará, mas depois apresentou um projeto de lei com o mesmo teor.

O movimento #Resista apontou nove medidas que avançam no país e ameaçam o meio ambiente, as comunidades quilombolas e os índios: o enfraquecimento do licenciamento ambiental (PL 3.729/2004 – Lei Geral de Licenciamento); a anulação dos direitos indígenas e de seus territórios (PEC 215/2000 – acaba com demarcação de Terras Indígenas (TIs) e PEC 132/2015 – indenização a ocupantes de TIs); a venda de terras para estrangeiros (PL 2289/2007 – PL 4059/2012); a redução das áreas protegidas e Unidades de Conservação (UCs) (MP 756/2016  e MP 758/2016 – Redução de UCs da Amazônia no Pará); a liberação de agrotóxicos (PL 6299/2002 – PL do Veneno e PL 34/2015 – Rotulagem de Transgênicos); a facilitação da grilagem de terras, ocupação de terras públicas de alto valor ambiental e fim do conceito de função social da terra (MP 759/2016); o ataque a direitos trabalhistas de trabalhadores do campo (PL 6422/2016 – Regula normas do trabalho rural, PEC 287/2016 – Reforma previdenciária e PLS 432/2013 – Altera o conceito de trabalho escravo); o ataque a direitos de populações ribeirinhas e quilombolas (MP 759/2016 e PL 3.729/2004); a flexibilização das regras de mineração (PL 37/2011 – Código de Mineração).

As nove medidas são pautas, principalmente, das bancadas ruralista e dos empresários. Eles apoiaram o impeachment da presidente Dilma Rousseff e, logo quando Temer assumiu o governo, levaram suas reivindicações ao presidente. Pelo monitoramento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), das 36 propostas apresentadas, 29 avançaram. Já os ruralistas reivindicaram 19 medidas (13 foram atendidas). De acordo com levantamento feito pelo jornal Folha de S.Paulo, publicado em setembro, a agenda de Temer mostra que, em 16 meses de mandato, ele se encontrou com representantes de 42 empresas, cinco vezes com a bancada ruralista e sete com entidades e líderes evangélicos. Na outra ponta, ele teve seis reuniões com centrais sindicais e nenhuma com movimentos quilombolas ou indígenas.

Leia aqui reportagem sobre como as federações empresariais se articularam pelo impeachment.

Trabalhadores

A última demanda dos ruralistas acatada por Michel Temer, às vésperas da votação da denúncia contra ele, foi a mudança no conceito de trabalho escravo. Na última segunda-feira, o Ministério do Trabalho, comandado por Ronaldo Nogueira (PTB-RS), publicou uma portaria, de número 1.129/2017, que retira as condições degradantes e a jornada exaustiva de trabalho como situações que configuram situação análoga à escravidão. Com a nova regra, o trabalho escravo é definido pelos seguintes pontos: submissão sob ameaça de punição; restrição de transporte para reter trabalhador no local de trabalho; uso de segurança armada para reter trabalhador; retenção da documentação pessoal. Além disso, a portaria determina que só o ministro pode incluir os empregadores na lista suja, tirando essa decisão das mãos dos técnicos da pasta. A lista divulgada pela ONG Repórter Brasil este ano traz 250 nomes flagrados por trabalho escravo contemporâneo entre dezembro de 2014 e dezembro de 2016. Entram nessa contagem os casos em que o poder público caracterizou trabalho análogo ao de escravo e nos quais os empregadores tiveram direito à defesa administrativa em primeira e segunda instâncias.

O Ministério Público Federal e o Ministério do Trabalho recomendaram ao governo a revogação da medida. O procurador-geral do Trabalho em exercício, Luiz Eduardo Guimarães Bojart, alertou que a portaria desconstrói a imagem de compromisso no combate ao trabalho escravo conquistada internacionalmente pelo Brasil nos últimos anos. “Ela reverte a expectativa para a construção de uma sociedade justa, digna e engajada com o trabalho decente. Vale reafirmar que o bom empresário não usa o trabalho escravo. A portaria atende apenas uma parcela pouco representativa do empresariado”, disse o procurador.

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que reúne deputados e senadores ruralistas, afirmou, por meio de nota, que a norma vem ao “encontro de pautas das bancadas”. No entanto, a FPA negou que tenha interferido na publicação da portaria. Integrante do grupo do agronegócio, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, saiu em defesa da medida, que, de acordo com ele, irá organizar a falta de critérios nas fiscalizações.

Pautas prioritárias da agenda da CNI de 2017, a reforma trabalhista e a liberação da terceirização para todas as atividades das empresas também foram consideradas perdas de direitos dos trabalhadores por seus representantes. No início deste mês, as centrais sindicais denunciaram a reforma trabalhista e a terceirização na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA). “O objetivo das centrais é o de expor as ações praticadas pelo Governo brasileiro que, ao impor para a sociedade profundas mudanças sem o devido debate e aprovar leis que regridem séculos em termos de relações laborais e garantias de direitos humanos, sucumbiu as exigências mercadológicas de grupos financeiros em detrimento ao capital humano”, informa a União Geral dos Trabalhadores (UGT) por meio de nota. A Pública mostrou na reportagem “Parlamentares-patrões conduziram mudanças trabalhistas” que a maioria de parlamentares que aprovaram as leis são empresários e/ou representantes de entidades patronais.

Saúde

“O sistema de saúde pública não está recebendo o mesmo entusiasmo que recebia antes. A construção do SUS está ficando a desejar nesse período agora”, afirmou Ivo de Oliveira Lopes, diretor do Hospital Sofia Feldman. Referência nacional em parto humanizado, a maior maternidade do país está correndo o risco de fechar as portas por falta de recursos. O Sofia Feldman, localizado em Belo Horizonte, atende 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A receita conta com R$ 4,5 milhões mensais, e cerca de 80% são referentes a repasses da União e o restante vem do governo de Minas. Desde 2013, não há reajuste nos repasses do governo federal. “As perdas financeiras acarretam todas as outras perdas de direito à cidadania. Quando você nega o acesso, quando diz que não tem vaga, isso é um crime contra a cidadania e com a própria Constituição”, observou Ivo.

A médica obstetra Krisley Castro participou da manifestação para salvar o Sofia Feldman em Belo Horizonte (Foto: Tamás Bodolay/Agência Pública)

A falta de recursos reflete no dia a dia dos trabalhadores. A obstetra Krisley Castro Almeida contou que faltam insumos, principalmente na CTI neonatal. “A gente está em um momento político de muito retrocesso no nosso país, e o que estamos passando no Sofia, apesar da gente trazer aqui hoje um problema pontual, faz parte de um problema geral do Brasil, que é de tentativa de enfraquecer o poder e a capacidade do SUS de garantir acesso e recursos gratuitos”, diz a médica, que participou de manifestação para salvar o Sofia, no dia 10 de outubro, na praça da Liberdade, na capital mineira.

De acordo com o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Ronald dos Santos, a promulgação da Emenda Constitucional 95/2016 foi o grande golpe deste governo no SUS. “Ela impede o SUS de enfrentar o seu principal desafio, que é o subfinanciamento”, destaca. A norma determina que, a partir de 2018, as despesas federais só poderão aumentar de acordo com a inflação acumulada conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão vinculado ao Ministério do Planejamento, mostrou que o SUS perderá até R$ 743 bilhões.

“Defender o SUS é defender a democracia. Defender a democracia é defender o SUS”, diz Ronald, parafraseando Sérgio Auroca, médico sanitarista que liderou a 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em março de 1986 em Brasília. Durante o encontro, Auroca disse que “democracia é saúde”. A conferência representou um marco na história do SUS. O relatório final do encontro serviu de subsídio para os deputados constituintes elaborarem o artigo 196 da Constituição Federal, que estabelece: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

Protesto contra o fechamento do hospital Sofia Feldman que é eferência nacional em parto humanizado  (Foto: Tamás Bodolay/Agência Pública)

Em vez de aumentar os recursos do SUS, a proposta apresentada pelo governo foi criar planos de saúde “acessíveis”. O ministro da saúde, Ricardo Barros, que recebeu doações eleitorais, em 2014, do presidente da administradora de planos de saúde Aliança, Elon Gomes de Almeida, instituiu em agosto do ano passado um grupo de trabalho para discutir essa proposta. O objetivo, de acordo com ele, seria aliviar os gastos do governo com o financiamento do SUS. Para o presidente do CNS, a real intenção é caminhar para a privatização da saúde no Brasil, desresponsabilizando o governo de garantir o direito à saúde. “A população brasileira já paga altíssimas cargas tributárias; além disso, saúde é um princípio constitucional, é dever do Estado”, criticou o presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, em audiência pública realizada pela entidade para discutir o tema.

Educação

A ameaça da privatização também ronda a educação brasileira. De acordo com a Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados, R$ 24 bilhões poderão deixar de ser investidos por ano na educação com a emenda constitucional que limitou os gastos públicos. O coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, avalia que, pela primeira vez desde a Constituição de 1988, o país está andando para trás. “Nunca alcançamos estratégias para garantir educação de qualidade para todos, mas estávamos avançando. Agora as demandas da educação estão estagnadas com a redução de investimentos, vai haver retrações”, prevê. Cara observa, no entanto, que o setor começou a sofrer com os cortes orçamentários desde a entrada de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, durante o governo Dilma.

As universidades federais já estão sofrendo na carne os cortes orçamentários. Em agosto, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) publicou uma nota para denunciar o desmonte das universidades brasileiras . “O orçamento de 2017 já representou corte significativo em relação ao de 2016 (6,74% nominal na matriz de custeio, 10% no programa de expansão Reuni, 40,1% em capital, 3,15% do Programa Nacional de Assistência Estudantil e mais 6,28% de inflação no período)”, diz o documento, que acrescenta: “Até o momento foram liberados apenas 75% do orçamento de custeio e 45% do orçamento de capital. Para manter o funcionamento mínimo das instituições é indispensável a liberação de 100% de ambos os limites, uma vez que já estamos absorvendo fortes perdas orçamentárias como indicado acima”. A conjuntura apresentada para 2018 também não é favorável.

Como se não bastasse cortar investimentos, o governo do presidente Michel Temer vetou o artigo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que incluía, dentre as prioridades para 2018, o cumprimento de metas previstas pelo Plano Nacional de Educação (PNE). A justificativa foi a de que a medida restringiria a liberdade do Executivo de alocar recursos para a implementação das políticas públicas e reduziria a flexibilidade na priorização das despesas discriminatórias em caso de necessidade de ajustes previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal “colocando em risco a meta fiscal”. Um balanço do Observatório do PNE divulgado em junho mostrou que após três anos de vigência apenas 20% das metas e estratégias que deveriam ter sido cumpridas até 2017 foram alcançadas total ou parcialmente.

LGBTs

“Todos são iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza.” É o que determina a Constituição brasileira. No entanto, para os cidadãos LGBTs, esse direito está se distanciando cada vez mais da realidade. O governo do presidente Michel Temer reduziu para zero os repasses federais aos programas específicos de defesa da comunidade LGBT. A presidenta da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais, Symmy Larrat, observa que os investimentos já eram baixos. “Nós nos encontramos em uma situação muito frágil porque não existe legislação voltada para a gente, apenas portarias e decretos”, destacou.

Nem mesmo a Constituição de 1988 trouxe direitos direcionados aos LGBTs. Na época, houve uma resistência dos parlamentares em acatar as propostas do Movimento Homossexual Brasileiro (MHB). “Se alguém tem essa condição, se alguém é homossexual, que assuma sua condição de homossexual, mas não que a Constituição venha a dar garantia a esse tipo de comportamento que para mim é considerado um comportamento anormal”, afirmou o constituinte Salatiel Carvalho, que recebeu apoio dos colegas. “A fala do constituinte Salatiel Carvalho pode ser tida com um bom resumo da argumentação geral dos opositores conservadores de ontem e de hoje no tocante à proteção dos homossexuais de outrora e dos atuais LGBTs”, conclui o mestrando em ciências políticas Eduardo Martins de Azevedo Vilalon em artigo sobre o movimento homossexual brasileiro na Constituinte de 1987-1988.

Todas as mudanças nas leis trabalhistas, no debate sobre a educação e até mesmo na reforma política afetam os LGBTs, de acordo com Symmy. “Nós já temos mais dificuldade de conseguir emprego, sofremos assédio diariamente e o debate na educação, então!”, exclamou Symmy. Em setembro do ano passado, o Ministério da Educação retirou da Base Nacional Comum Curricular todas as menções às expressões “identidade de gênero” e “orientação sexual”. O documento servirá de referência sobre o que deve ser ensinado nas escolas públicas e privadas do país. A alteração no texto ameaça o debate sobre identidade de gênero e sexualidade nas instituições de ensino. O MEC justificou que a mudança foi feita para evitar a redundância e que a supressão não alterava os pressupostos da Base. O reflexo da falta de política pública, alinhada a pautas conservadoras, aparece nos dados de violência contra os gays, lésbicas, travestis e transexuais. De acordo com a ONG Grupo Gay da Bahia, até o dia 20 de setembro, 277 homicídios foram registrados neste ano. É a maior média de assassinatos desde que os dados passaram a ser contabilizados pela entidade baiana, em 1980.

O americano Shane Landry foi agredido porque passeava abraçado com um amigo (Foto: Tamás Bodolay/Agência Pública)

O americano Shane Landry passeava abraçado com seu amigo no centro de Belo Horizonte quando foram abordados por três jovens que perguntaram: “Por que vocês estão felizes?”. Antes de eles entenderem o que estava acontecendo, os rapazes puxaram seu amigo pelo colarinho e começaram a bater neles. Shane caiu no chão, quebrou o braço. Seu amigo conseguiu levantar e parar um carro. No dia seguinte, os dois foram registrar o boletim de ocorrência, mas o policial disse que aquilo não ia dar em nada.

“Foi pior ser agredido por homofobia do que se fosse um assalto. A sensação de que você não pode fazer nada é o que me indigna. Isso porque sou branco, de classe média. Imagina o que acontece com a população mais pobre. Como vamos mudar isso se o sistema não funciona?”, questionou. Para Shane, o aumento da homofobia no Brasil tem a ver com a onda de conservadorismo. “Eu acho que as pessoas sempre foram muito preconceituosas, mas agora elas estão perdendo o medo de se manifestar. Antes, exigia um temor das consequências sociais, um constrangimento de ser julgado”, acrescentou.

 

Fonte: Alice Maciel/ Agência Pública

Segunda, 09 Outubro 2017 18:16

 

 

A população de Sinop está mais uma vez desassistida na área da saúde, sem atendimento de urgência e emergência. A situação se arrasta há alguns meses, mas na última sexta-feira, 06/10, o Hospital Regional fechou completamente as portas, por total falta de condições de atendimento. A Organização Social (OS) que administra a instituição atualmente, Fundação de Saúde Comunitária de Sinop, acusa o Governo de não ter feito os repasses. O governo, no entanto, alega que já o fez.

 

Nessa segunda-feira, 09/10, em assembleia geral, os enfermeiros que trabalham na instituição votaram pela permanência da greve que teve início na sexta-feira, 06, pela falta de condições de trabalho e o atraso salarial de três meses.  

 

“Falta comida para os pacientes, luva cirúrgica, oxigênio, papel, saco plástico para a limpeza. Está um verdadeiro caos. Os funcionários estão sem receber há meses, vivendo de sexta básica doada população. Parece que estava previsto o pagamento do salário de julho essa semana”, disse o professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Maurício do Couto, representante da Adufmat-Seção Sindical do ANDES em Sinop.

 

Entra Governo e sai Governo, e o caos se repete em Mato Grosso. No meio disso tudo, as pessoas que precisam e custeiam o atendimento, mas não o recebem. A população só quer que o sistema funcione, mas as vezes não percebe que a grande questão é a complicada relação da gerência privada de recursos públicos. Foi exatamente assim durante a gestão da Organização Social anterior.

 

Imagem divulgada pelos manifestantes

 

“Cadê o dinheiro para a saúde?”, exibiam em cartazes os moradores da região, que ocuparam a BR-163 no início da semana passada, gerando mais de dois quilômetros de congestionamento.

 

Outras manifestações mobilizaram os habitantes do município nos últimos dias, tanto na região central como na frente do campus da UFMT, em solidariedade aos funcionários do Hospital e pela regularização da situação.

 

A falta de condições em Sinop também motivou a suspensão dos estágios de profissionais da saúde no Hospital. No dia 02/10, a enfermeira responsável pelo setor encaminhou um ofício, informando da paralisação do estágio.  

 

A UFMT, entre outras universidades, realiza estágios supervisionados, obrigatórios para a formação, em convênio com Hospital Regional. Para a universidade federal, a carga horária prática exigida é de 439 horas, e muitas turmas com estágio em andamento, ou com previsão de início, não sabem o que esperar.

 

“Seria um crime, realmente, aceitar atender alguém no Hospital, porque não há recursos. Falta tudo. O Hospital Santo Antônio, que é particular, filantrópico e conveniado, também pode nos acolher. Mas como é uma empresa, nós trabalhamos sem muita autonomia. Nós precisamos de um hospital público, do SUS, de portas abertas para ser de fato um hospital escola”, explicou a professora do curso de Enfermagem da UFMT em Sinop, e membro da comissão de estágio supervisionado, Marieli Bolpato.

 

Para ela, as manifestações na cidade e na porta da UFMT representam um grito da população local para chamar a atenção dos representantes locais e do Governo. Os moradores da região ainda sofrem com informações de que os hospitais regionais mais próximos, de Colíder e Sorriso, também enfrentam dificuldades.

 

Em junho desse ano, o Governo do Estado decretou situação de emergência para ambos, além do Hospital Metropolitano, em Várzea Grande, e do Regional de Alta Floresta. De acordo com o Governo, a medida visa a transição da gestão pública de todos esses hospitais para nova Organização Social ou empresa, mesmo depois da constatação de diversas irregularidades que provocaram o rompimento do contrato com o Instituto Pernambucano de Assistência e Saúde (Ipas) em 2014.   

 

No entanto, geridos pelo Estado, são justamente os hospitais públicos que estão recebendo os pacientes que estavam internados em Sinop. Algumas transferências estão sendo realizadas para Cuiabá.

 

A professora do curso de Farmácia da UFMT em Sinop, Maria Rissato, membro do Conselho Municipal de Saúde do município, relata que os atrasos nos repasses são históricos. “Há informações de que isso acontece desde que a OS tomou posse, há dois anos. Na verdade, na saúde como um todo há atraso. Mas as pessoas estão mobilizadas há meses, querendo apenas que Governo cumpra seus acordos e contratos. A última reunião do Conselho teve a participação de vereadores e do representante da Fundação, e o nosso esforço é para que, independentemente de partido, os representantes pensem antes de tudo nos cidadãos que precisam desses serviços”, disse a docente.  

 

Os profissionais que trabalham no Hospital reclamam que, apesar de todas as tentativas, o Governo tem ignorado a situação e desmarcado audiências para tratar do assunto. Ainda não há expectativa de retorno às atividades, nem de diálogo com a equipe do governador Pedro Taques.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

Segunda, 09 Outubro 2017 16:23

 

O ANDES-SN e diversas entidades, movimentos e organizações divulgaram nessa sexta-feira (6) uma nota de repúdio à criminalização de quatro professores e um técnico administrativo da Universidade Federal de Santa Catarina, por parte do Ministério Público Federal. Os docentes e o técnico se apresentaram como mediadores e defensores do espaço público da Universidade e dos seus estudantes, durante uma operação policial no campus da UFSC, em 25 de março de 2014.  



Os cinco servidores estão sendo ameaçados judicialmente de perderem a função pública e de receberem benefícios do Estado por cinco anos, de pagarem uma multa civil no valor de 10 vezes a remuneração de cada um, do pagamento de R$ 45.380,11 reais de danos patrimoniais, além da perda dos direitos políticos por oito anos. 



Na avaliação das entidades signatárias da nota, a ação “trata-se claramente de um ato político de punição aos servidores que defendem o caráter público e a autonomia da Universidade e que agem em consonância com sua função pública. Esses servidores não cometeram nenhum ato de improbidade administrativa, conforme resultado de sindicância interna da UFSC e foram inocentados em ação criminal. Diante desse fato, repudiamos a iniciativa do MPF, exigimos o arquivamento do processo e nos solidarizamos com os servidores vítimas desta ação”. O ANDES-SN pede o apoio a todas suas seções sindicais. Confira a circular 335/17 com a íntegra da nota.



Entenda o caso
Em 25 de março de 2014, a Política Federal comandou uma operação na UFSC, com auxílio da Polícia Militar, com a alegação de combate ao tráfico de drogas. O resultado da operação foi uma violenta repressão com a entrada da tropa de choque da Polícia Militar no campus usando bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, ferindo diversos estudantes, técnicos administrativos em educação e professores.



Policiais federais sem qualquer identificação passaram a abordar estudantes e a revistar suas mochilas, prendendo um estudante por porte de maconha e levando-o arrastado até um carro da segurança da universidade. Após a comunidade acadêmica tentar negociar a liberação do estudante, o delegado responsável chamou a Tropa de Choque e ordenou a ação, que feriu e deteve os manifestantes.



A repressão iniciou quando estudantes avisaram professores e técnico-administrativos da tentativa de detenção. A assembleia docente, a reunião do comando de greve dos técnico-administrativos em educação com a Reitoria e a reunião do Conselho do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) – que ocorriam concomitantemente - foram interrompidas para que seus participantes buscassem interceder junto à Polícia Federal (PF) e impedir a repressão. Mas, ao contrário de diálogo, o que se viu foi mais violência. Mesmo com tentativas de negociação e intercedência de várias autoridades das esferas públicas municipal, estadual e federal, a Tropa de Choque da Polícia Militar foi acionada para entrar no campus da UFSC.



Em frente ao Núcleo de Desenvolvimento Infantil - onde crianças preparavam-se para sair do prédio - foram usadas bombas de gás, cães, balas de borracha e cassetetes. Diversos professores, técnico-administrativos e estudantes foram agredidos. Três estudantes e um morador da região foram detidos e documentos de professores e técnico-administrativos foram apreendidos. 


Na ocasião, o ANDES-SN encaminhou uma carta ao então Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, exigindo a imediata apuração dos fatos e a consequente punição dos responsáveis pela operação.

 

Fonte: ANDES-SN

Segunda, 02 Outubro 2017 08:45

 

A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), empresa de direito privado criada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para gerir os Hospitais Universitários Federais (HUs), está se negando, desde o final de 2016, a negociar um novo Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) com seus trabalhadores.

 

 

A Ebserh propõe reajuste zero e o fim de benefícios como auxílio alimentação. Mobilizados, os trabalhadores da Ebserh decretaram estado de greve, e chegaram a deflagrar greve em alguns hospitais universitários. Na quarta-feira (20), o Tribunal Superior do Trabalho (TST) interviu, abrindo negociação, e os trabalhadores da Ebserh decidiram suspender a greve.

 

A data-base da categoria é 1º de março, e já em dezembro de 2016 os trabalhadores da Ebserh apresentaram suas reivindicações aos patrões: reajuste inflacionário mais ganho real de 5%, além de reajuste em auxílios (alimentação, creche, transporte), melhorias na questão da jornada de trabalho e ações preventivas para situações de assédio moral e sexual. A Ebserh, entretanto, apenas “oferece” reajuste zero e o corte de benefícios. Os trabalhadores já sofreram recentemente a redução do valor de insalubridade nos vencimentos, de 40% para 20%.

 

Diante da intransigência da Ebserh em relação à proposta do ACT, protocolada em dezembro de 2016, trabalhadoras e trabalhadores recorreram ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), reivindicando uma intermediação para a negociação. Após pressão da categoria, que já havia iniciado greve em diversos estados, o TST, no dia 19 de setembro, acatou a solicitação, o que fez com que greve fosse suspensa.

 

A rodada de negociações tem um prazo de até 60 dias para resolução e, enquanto isso, o ACT anterior segue vigente. Com a suspensão do movimento de greve, o TST garante ainda que não serão feitos descontos salariais de quem participou da paralisação de atividades até às 12 horas de quarta, 20. Serão suspensos também descontos de greve ocorridos ao longo desse ano, exceto os já realizados que serão objeto de negociação.

 

Estavam em greve, ou já haviam aprovado greve, os hospitais das Universidades Federais do Ceará (UFC), da Grande Dourados (UFGD), de Juiz de Fora (UFJF), de Minas Gerais (UFMG), do Triângulo Mineiro (UFTM), do Mato Grosso do Sul (UFMS), da Bahia (UFBA), de Pernambuco (UFPE), do Piauí (UFPI), de Pelotas (UFPEL) e de Santa Maria (UFSM).

 

Fonte: Andes-SN

Quarta, 27 Setembro 2017 18:40

Desregulamentação e aumento da precarização são pontos comuns nos ataques aos direitos dos trabalhadores pelo mundo

 

Entre 2008 a 2014, 110 países realizaram reformas legislativas laborais e de mercado de trabalho, é o que aponta a análise divulgada pelo sociólogo e diretor do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, no artigo “Reforma Trabalhista no Brasil e no mundo: não estamos sós”. O texto se baseia em um estudo realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

 

Os dados trazidos por Lúcio, a partir do estudo da OIT, revelam a realidade de ataques que os trabalhadores enfrentam em todo o mundo, principalmente a partir da crise econômica mundial em 2008. Uma ofensiva que ainda segue, como demonstra não só a recente reforma aprovada no Brasil, como processos em andamento em outros países.

 

O levantamento verificou e analisou 642 mudanças nos sistemas laborais dos 110 países e, segundo Lúcio, é possível verificar que a maioria das reformas diminuiu o nível de regulamentação existente. Em seu artigo, o pesquisador destaca que em 55% dos casos, as reformas visaram reduzir a proteção ao emprego, atingindo toda a população, e tinham caráter definitivo, produzindo uma mudança de longo prazo na regulamentação do mercado de trabalho.

  

Do total de reformas, destacam-se aquelas que diminuem os níveis de regulação, das quais: 74% trataram de jornada de trabalho, 65% de contratos de trabalho temporário, 62% de demissões coletivas, 59% de contratos permanentes, 46% de negociações coletivas e 28% de outras formas de emprego.

 

O diretor do Dieese destaca que “o desemprego crescente e duradouro criou o ambiente para catalisar as iniciativas de reformas e disputar a opinião da sociedade sobre elas. De outro lado, os resultados encontrados no estudo não indicam que as reformas do mercado de trabalho tenham gerado efeitos ou promovido mudanças na situação do desemprego”.

 

“Também não se observou nenhum efeito estatístico relevante quando essas mudanças foram implementadas em períodos de estabilidade ou expansão da atividade econômica. Mais grave ainda, as reformas ‘liberalizadoras’, que facilitam o processo de demissão, tenderam a gerar aumento do desemprego no curto prazo. Esses resultados são corroborados por outros estudos produzidos pelo FMI e pela OCDE, em 2016”, escreveu.

 

Leia o artigo completo aqui.

 

Ataques em curso

 

A França vive a ofensiva do governo Emmanuel Macron contra os direitos trabalhistas. O país assiste uma série de manifestações e convocação de greves gerais contra a proposta.  No último dia 21, estima-se que mais de 200 mil pessoas protestaram contra a medida. Já na semana anterior (12/9), cerca de 400 mil franceses tomaram as ruas em mais de 200 cidades. A reforma no país, aplicada por meio de um dispositivo governamental que dispensa o debate no Legislativo, foi promulgada no último dia 22 e estabelece medidas como a flexibilização das demissões, limitação de indenizações por demissão e reforço da negociação das empresas.

 

O presidente da Argentina, Maurício Macri, também vem buscando implementar uma Reforma Trabalhista em seu país. Segundo divulgado na imprensa local, o governo só esperaria as eleições legislativas que acontecerão no país em outubro, para dar início às discussões sobre mudanças na legislação laboral e sindical e o modelo da reforma brasileira estaria em estudo. A justificativa apresentada por Macri são as mesmas usadas pelo governo de Michel Temer para o desmonte dos direitos trabalhistas no Brasil: que é preciso modernizar as relações trabalhistas, combater a “fábrica” de ações judiciais trabalhistas, etc.

 

“Para garantir seus lucros, em todo o mundo governo e patrões buscam jogar a conta sobre os trabalhadores, com a retirada de direitos e aumento da exploração. Por isso, a reação e a luta dos trabalhadores também precisam ser internacionais”, afirma o integrante do Setorial Internacional da CSP-Conlutas, Herbert Claros.

  

“No 1° Encontro da Classe Trabalhadora das Américas, que a Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas realizará logo após o 3° Congresso da CSP-Conlutas, debateremos esse cenário para trocar experiências de luta e fortalecer a resistência da nossa classe”, completou.

 

Leia também

A contrarreforma Trabalhista para além das fronteiras do Brasil 

 

 

Fonte: CSP-Conlutas (com edição do ANDES-SN)

 

Quarta, 27 Setembro 2017 17:58

 

O governo ilegítimo (Temer), apresentou minuta que trata do novo regimento interno do INSS, na qual propõe a extinção do Serviço Social no âmbito da estrutura organizacional da autarquia.

 

Esta proposta é mais um ataque aos direitos sociais da população tendo em vista que o Serviço Social no INSS atende, anualmente, acerca de um milhão de pessoas submetidas a relações de trabalho mais precarizadas e tem por objetivo intensificar o processo de privatização das politicas de proteção social feita em parceria com grupos econômicos financeiros, visando aumentar o lucro dos banqueiros e garantir o pagamento da divida pública as custas dos direitos sociais.

 

O que o governo de fato pretende é extinguir todos os direitos que protegem os trabalhadores em situação de vulnerabilidade. Como parte da seguridade social (saúde, previdência e assistência), ao extinguir o Serviço Social, como um serviço e direito dos usuários, ficará reduzido também o acesso à política de previdência social e às demais políticas da Seguridade Social.

 

A Seguridade Social e, como parte dela, o Sistema Único de Assistência Social, é conquista histórica dos trabalhadores da área da assistência e politica de Estado, como direito garantido na constituição de 1988.

 

Denunciamos mais esta tentativa do governo ilegítimo (Temer) de extinguir a seguridade social tanto sufocando as politicas públicas de coorte social  através do corte de recursos como extinguindo dos órgãos públicos que realizam e articulam estas politicas os profissionais específicos desta área como é o caso do Serviço Social.

 

O Andes tem, como uma das suas bandeiras, lutar pela garantia e ampliação dos direitos dos trabalhadores, tão duramente conquistados. Nos juntamos aos movimentos que defendem interesses democráticos e populares no Brasil, repudiando não somente a ofensiva contra os direitos previdenciários, mas também contra o desmonte de toda a Seguridade Social, compreendida aqui numa perspectiva mais ampla, de acesso aos direitos sociais previstos na Constituição Federal de 1988.

 

Nenhum direito a menos!

 

Diretoria do ANDES-Sindicato Nacional