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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Juacy da Silva*
Em um pronunciamento na Câmara Municipal de Cuiabá, o prefeito Abílio Brunini, já bem conhecido pelas suas formas estapafúrdias de “fazer política”, mais uma vez usou palavras chulas para tentar desqualificar o ensino público e, particularmente, a Universidade Federal de Mato Grosso, que, ao longo de mais de meio século (55 anos a completar em dezembro próximo), já formou dezenas de milhares de profissionais extremamente competentes em diversas áreas e que têm desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento de Mato Grosso e do Brasil.
Hoje, com três campi (Cuiabá, Pontal do Araguaia - Barra do Garças e Sinop), e outros ainda em processo de instalação, além do antigo campus de Rondonópolis, hoje mais uma universidade federal no estado de Mato Grosso, a UFMT é uma referência em excelência tanto no ensino de graduação quanto de pós-graduação, lato e stricto sensu, com vários cursos de mestrado, doutorado e pós-doutorado, todos bem avaliados pelas instituições verificadoras (MEC), além de reconhecimento internacional.
Abílio disse que o ensino superior público em Mato Grosso é uma “BOSTA”, incluindo a UFMT, o que, além de demonstrar sua falta de educação, de polidez para uma autoridade como prefeito de uma capital, denigre não apenas a instituição UFMT em si, mas também todos os seus servidores técnicos e administrativos e, principalmente, o quadro docente da UFMT, da qual sou professor fundador, titular e aposentado, tendo tido a oportunidade de fazer parte dos três primeiros docentes desta universidade a ir para os EUA nos idos de 1974 realizar mestrado.
Posso testemunhar que a UFMT tem enfrentado problemas, principalmente de natureza financeira e orçamentária, que a impossibilitam de galgar novos patamares em termos de excelência, tanto no que concerne ao ensino ministrado na graduação quanto na pós-graduação; na pesquisa, que também tem contribuído sobremaneira para aprofundar o conhecimento local, regional e universal em várias dimensões e, claro, devolvido à sociedade brasileira e, particularmente, a Mato Grosso, através de diversos serviços de extensão, aproximando os alunos e docentes dos saberes populares, tradicionais e ancestrais à contemporaneidade do conhecimento científico e da revolução tecnológica em curso no mundo inteiro.
Além disso, a UFMT, ao longo desses 55 anos, tem estado ao lado dos movimentos e das organizações populares na luta contra a violência, por justiça social, igualdade de gênero, inclusão social e garantia dos direitos humanos fundamentais de tantos grupos demográficos existentes em nosso estado, como os trabalhadores urbanos e rurais, os quilombolas, os povos indígenas, ribeirinhos e também setores econômicos, industriais e agropecuários.
Como docente da UFMT, FUNDADOR, TITULAR E APOSENTADO, do que me orgulho sobremaneira, repilo e condeno veementemente a forma descortês, mal-educada e desrespeitosa como um prefeito de nossa capital, inclusive com uso de expressão chula, imprópria para qualquer pessoa — muito mais para alguém que exerce um cargo tão importante — achincalhou nossa Universidade Federal de Mato Grosso.
Oxalá os assessores do nosso prefeito possam fazer ver ao mesmo o seu equívoco e que o mesmo tenha a humildade suficiente de reconhecer seu erro e pedir desculpas/perdão a tantas pessoas, milhares de alunos que atualmente estão cursando a UFMT ou dezenas de milhares de profissionais que passaram pelos bancos da UFMT e hoje, ou outrora, foram profissionais altamente qualificados e prestaram um grande papel ao desenvolvimento de nosso estado e do Brasil.
Respeito e boas maneiras são formas civilizadas de nos relacionarmos publicamente, senhor prefeito, e todo mundo gosta e merece!
* Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em Sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral – Região Centro Oeste. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. ; Instagram @profjuacy
Foto: manifestação em defesa das instituições federais de ensino superior realizada em Cuiabá em junho de 2022/ Arquivo Adufmat-Ssind
A universidade é o templo da ciência e ciência é feita a partir da utilização de dados, e não de opiniões. Mas a opinião manifestada pelo atual prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini, sobre a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) nesta terça-feira, 19/08, mobilizou reações – evidentemente, mais pela força do cargo do que pela relevância.
Utilizando palavras bem menos recomendadas na norma culta da língua portuguesa - que fingiu defender em episódio anterior - do que “todes”, o político tentou criticar a instituição, dizendo, de forma bem resumida, que o ensino é ruim.
A deixa serviu, no entanto, para ressaltar a importância da universidade pública e gratuita, reconhecida pelos órgãos internacionais, nacionais e pela própria sociedade, que é a grande beneficiária da formação anual de uma média superior a mil profissionais, em diversas áreas de conhecimento, além das elaborações e descobertas científicas produzidas pelas instituições de ensino superior. E vale lembrar que as instituições públicas são responsáveis por 95% das produções científicas realizadas no país.
Existem cerca de 30 mil universidades no mundo. O Centro de Rankings Universitários Mundiais (CWUR) considerou quase 21 mil delas e apontou, em 2024, que a UFMT ocupa a posição 1.745 – ou seja, está entre as 8% melhores. No Brasil, há mais de 2.500 instituições de ensino superior, sendo 199 universidades (produzem ensino, pesquisa e extensão), entre públicas federais, estaduais, municipais e particulares. Há anos, a UFMT costuma ficar sempre entre as 40 melhores nas classificações – isto é, entre as 20% melhores.
Para além dos números: a prática
Foi uma pesquisa da UFMT que revelou, em 2011, que 100% das amostras de leite materno coletadas em mães residentes em Lucas do Rio Verde estava contaminada com agrotóxico. Esse tipo de descoberta visa pressionar o poder público a tomar providências, adotando políticas públicas que assegurem a saúde da população. Seria simples, assim, se não houvesse uma disputa de interesse econômico evidente num estado dominado por políticos ligados ao Agronegócio - como o próprio prefeito.
Por isso, atividades que incentivam políticas como a Reforma Agrária são tão importantes. A JURA – Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária, sediada pela UFMT na última semana, foi atacada por representantes da chamada “direita”, como Brunini, justamente por denunciar a forma como o atual modelo de produção agrícola – baseado na monocultura e no latifúndio – é prejudicial para todos. Muitos dos críticos claramente ignoram o fato de que as grandes potências mundiais – incluindo os Estados Unidos da América, a grande inspiração da direita reacionária – já realizaram a Reforma Agrária em seus países.
Foram pesquisadores da UFMT que atuaram na coleta de dados em Mato Grosso para os ensaios clínicos da vacina Butantan contra a dengue, que começou a ser aplicada na rede pública neste ano. Os estudos, realizados em parceria com o Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM), foram fundamentais para avaliar a eficácia e segurança do imunizante, que demonstrou eficácia de 67% na prevenção da dengue em populações de dois a 59 anos.
Ainda na área da saúde, a UFMT é referência nos estudos relacionados à diabetes, sendo o campus do Araguaia um destaque pelo fato de ter desenvolvido uma técnica que auxilia na cicatrização de feridas e Cuiabá no que se refere à prevenção da doença, também com atendimento público realizado no Hospital Júlio Müller.
Os museus Rondon e de Arte e Cultura Popular (MACP), além do Cinecoxiponés – todos localizados dentro da universidade e gerenciados por docentes e técnicos-administrativos, têm integrado a sociedade à cultura e história do estado, por meio de programações abertas e gratuitas, compartilhando o conhecimento produzido e fomentando práticas de reconhecimento, admiração e respeito à população indígena, negra, LGBTQIAPN+, entre outros grupos abertamente atacados por pessoas como Brunini.
Em outro episódio polêmico recente, o prefeito demonstrou que é tão desacostumado a respeitar, que depois de atropelar o debate de interesse social sobre a saúde pública, censurando uma especialista no tema (e professora da UFMT) somente por ter utilizado a palavra “todes” (foi quando ele fingiu defender a forma culta da língua), censurou também os servidores que se posicionaram publicamente em defesa da docente; ele exonerou dos cargos trabalhadores dedicados e reconhecidos pela atuação no SUS, alegando simplesmente que eles pertencem à gestão. Três flagrantes atos de desrespeito numa mesma situação e, novamente, a grande prejudicada acaba sendo a sociedade.
Cursos de Engenharia da UFMT realizam, todos os anos, cursinhos pré-vestibulares gratuitos e abertos aos interessados, voltados aos estudos nas áreas de exatas e de redação; mais uma ação que visa impulsionar a mudança de realidades tão desiguais, num estado chamado de rico, mas no qual cerca de 60% da população ainda vivencia situação de fragilidade alimentar.
Estudantes do curso do Direito da UFMT participam de programas de atendimento gratuito àqueles que não podem pagar, aprendendo, assim, a observar o caráter social da profissão que pretendem seguir; a Educação Física oferece diversas atividades a crianças e idosos; a Psicologia também tem projeto de atendimento gratuito à sociedade.
Esses e tantos outros dados concretos geraram o movimento contrário à afirmação do prefeito de Cuiabá, e mobilizaram uma grande campanha em defesa da universidade na imprensa e nas redes sociais desde o dia da declaração. Dezenas de notas de entidades foram publicadas, como não poderia deixar de ser, também pela Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat-Ssind) e pelo Andes – Sindicato Nacional. Elas ressaltam que, além de ofensivas, as declarações do prefeito representam uma grande ignorância de sua parte (leia aqui a íntegra da nota da Adufmat-Ssind e aqui a nota do Andes-SN). A Reitoria da instituição convocou um ato público em defesa da universidade para hoje, quinta-feira, às 17h, na Praça em Frente ao Restaurante Universitário.
A declaração de Brunini demonstra, por fim, uma grande diferença entre o conhecimento superficial e o aprofundado, que a universidade se esforça em privilegiar. Ela revela que, algumas vezes, decorar quanto é 4 vezes 4 se torna praticamente irrelevante, quando não há capacidade de compreender a postura que um representante deve assumir se, de fato, pretende trabalhar pelo bem da população, e não de grupos políticos e econômicos que se esforçam para difamar e destruir o que é público e gratuito, isto é, destruir espaços como a UFMT, que permanecem de portas abertas para receber, especialmente, as parcelas mais empobrecidas da sociedade e, assim, trabalhar para a transformação, para a superação dessas e outras injustiças sociais.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
O ANDES-SN vem manifestar seu veemente repúdio às declarações desproporcionais, infundadas e preconceituosas proferidas pelo prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), contra a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) no dia 19 de agosto de 2025.
Em fala pública, Abílio Brunini desqualificou a UFMT, referindo-se à instituição de forma pejorativa, desrespeitosa e leviana, revelando profundo desconhecimento e inadmissível desprezo pelo papel histórico, social e cultural desempenhado pela Universidade. Seus comentários atacam não apenas a comunidade universitária, mas também todo o patrimônio material e imaterial que a UFMT representa para o povo do Estado de Mato Grosso e para o Brasil.
É com profunda indignação que identificamos nessas declarações a verdadeira face do projeto negacionista que o prefeito representa: um projeto anti-educação, anticiência e de viés fascista, alinhado aos piores ataques promovidos pela extrema direita contra os serviços públicos e os direitos sociais.
A UFMT é, inquestionavelmente, a principal responsável pela democratização do acesso ao ensino superior no estado. Por meio de suas políticas de ações afirmativas, cotas sociais, raciais, indígenas e quilombolas, a classe trabalhadora, historicamente excluída, conquista o direito à educação pública, gratuita e de qualidade.
Mais do que um conjunto de prédios, a UFMT é um centro de produção de conhecimento, de preservação da história e da cultura mato-grossense, e um bastião do pensamento crítico. Desvalorizar sua importância é negar a própria identidade de Mato Grosso e alinhar-se a um projeto nacional de desmonte da educação pública e da ciência, projeto este que o prefeito Abílio Brunini representa e defende.
O ANDES-SN, que historicamente combate os cortes de verbas, a precarização e os ataques à autonomia universitária, identifica nas palavras do prefeito a mesma retórica anti-intelectual e anticiência utilizada para justificar o sucateamento das universidades, institutos federais e CEFETs. Tais declarações incentivam a hostilidade contra docentes, discentes e servidores(as) técnico-administrativos(as), além de alimentarem um clima de violência e desinformação.
O ANDES-SN repudia as declarações do prefeito Abílio Brunini contra a UFMT, exige retratação imediata, manifesta solidariedade à comunidade universitária e reafirma seu compromisso intransigente com a defesa da educação pública, gratuita e de qualidade.
A luta pela educação pública é inegociável. Seguiremos em frente, resistindo!
Brasília (DF), 20 de agosto de 2025.
Diretoria do ANDES - Sindicato Nacional
A Diretoria da Adufmat - Ssind vem a público, mais uma vez, repudiar e denunciar as declarações do prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), que, sem a sabedoria necessária para calar-se quando não sabe o que fala, ofendeu a comunidade universitária da Universidade Federal de Mato Grosso, em declarações realizadas no dia 19 de agosto de 2025.
O prefeito desferiu ofensas à UFMT e a todos/as que a constroem há 55 anos, a todos que estudam, trabalham e se formaram nela e que acreditam no caminho da educação pública, gratuita e de qualidade, desmerecendo, de forma grosseira, todo o trabalho de profissionais de educação, técnicos e docentes, discentes e toda a comunidade que integra e participa das atividades acadêmicas, científicas e culturais da UFMT.
A UFMT é uma instituição reconhecida, nacionalmente e internacionalmente, por sua produção nas mais diversas áreas do saber, no ensino, pesquisa e extensão. Tem uma grande comunidade comprometida com a ciência, com o ensino, com a produção de tecnologia, com o atendimento às necessidades sociais.
Embora saibamos que tais declarações são parte de um esforço de se manter em evidência na mídia, não podemos deixar sem resposta tamanha ignorância contra nossa comunidade. Caberia ao prefeito, enquanto autoridade pública, conhecer a universidade que forma uma grande parcela dos trabalhadores e trabalhadoras da cidade que ele governa.
Defendemos a UFMT porque acreditamos na educação pública como caminho de emancipação, e não toleraremos quaisquer ataques à nossa comunidade, aos/às docentes, TAEs e discentes da UFMT!
Viva a UFMT!
Cuiabá, 20 de agosto de 2025
Diretoria da Adufmat-Ssind
Gestão Adufmat é pra Lutar!
Circular nº 341/2025
Brasília (DF), 18 de agosto de 2025.
Às Seções Sindicais, Secretarias Regionais e às(aos) Diretoras(es) do ANDES-SN.
Assunto: Convoca Reunião do GT Carreira (03 e 04/10/2025).
Companheiras(os),
A Coordenação do GT Carreira convoca a categoria para reunião que ocorrerá em Brasília (DF), nos dias 3 e 4 de outubro de 2025, com pauta a ser enviada posteriormente.
Data: 3 e 4 de outubro de 2025 (sexta-feira e sábado);
Início: 3 de outubro às 9h;
Término: 4 de outubro às 17h;
Local: Brasília (DF).
Ressaltamos a necessidade de confirmação da participação de até duas representações por seção sindical, por meio do preenchimento do formulário disponível no link: [https://forms.gle/tB6ScRTpzyYNs6Ru5], até o dia 29 de setembro de 2025 (segunda-feira).
As seções sindicais que quiserem socializar seus informes devem enviá-los até às 18h do dia 1º de outubro de 2025 (quarta-feira), exclusivamente por formulário disponível no link: [https://forms.gle/heLAproCGvXajuV96], para serem publicados junto ao relatório da reunião.
Sem mais para o momento, aproveitamos a oportunidade para renovar nossas mais cordiais saudações sindicais.
Prof. Herrmann Vinicius de Oliveira Muller
2º Secretário
A Diretoria da Adufmat - Seção Sindical do ANDES-SN torna público o resultado do processo seletivo para a vaga de Assessor(a) Sindical.
Yasmin Vitória Martins da Costa Lima |
APROVADA |
A candidata aprovada deve aguardar o contato da Secretaria da Adufmat para entrega de documentação e demais providências relativas ao início das atividades.
Cuiabá (MT), 19 de agosto de 2025
Categorias vão se reunir novamente na próxima semana e convocam representantes dos setores para construir argumentação técnica
Servidores docentes e técnicos-administrativos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) se reuniram nesta terça-feira, 19/08, na sede do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso (Sintuf-MT), para discutir a questão do adicional de insalubridade, que tem mobilizado as categorias desde a liberação de alguns laudos elaborados por empresa contratada pela instituição em 2024.
Convocados pelos sindicatos – o próprio Sintuf-MT e a Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat-Ssind) –, os servidores compareceram e reafirmaram as críticas apontadas desde o início pelas entidades: os laudos são inconsistentes, incongruentes e precisam ser reavaliados.
O assessor jurídico dos dois sindicatos, Jonathas Hosaka, destacou os aspectos legais do direito à insalubridade e periculosidade, desde a Lei 8112/90 (Artigos 68 a 72), passando por outras normativas, como a NR15. Ele ressaltou que um dos aspectos que comprovam a necessidade de pagamento do adicional de insalubridade é a exposição regular a determinados agentes, com carga horária correspondente a pelo menos 50% do tempo dedicado ao trabalho.
Hosaka explicou, ainda, que há o adicional de insalubridade, que diz respeito aos riscos da exposição química e biológica, cujo percentual varia de 5 a 20% da remuneração, e o adicional de periculosidade, que versa sobre os riscos físicos de determinadas atividades, como a exposição ao barulho, tendo este o percentual de compensação de 10%. Os direitos não são cumulativos, ou seja, se o servidor trabalha em setor onde há exposição tanto química/biológica quanto física, ele terá de optar por um dos adicionais.
Além disso, os adicionais não representam direito adquirido. Ao cessar a exposição, seja por aposentadoria ou qualquer outro motivo, o servidor deixa de receber o adicional. Da mesma forma, não há pagamento retroativo, e isso torna mais urgente a situação vivenciada pelos servidores da UFMT que, segundo o advogado, apresenta um histórico de morosidade no fornecimento da estrutura para avaliação das condições que demonstram a exposição, e isso tende a prejudicá-los com o não recebimento do direito desde o início.
A servidora Marilin Castro, coordenadora do Sintuf-MT, traçou um histórico da luta em defesa do adicional que, em suas palavras, representa um problema de longa data.
Segundo Castro, a UFMT passou cerca de 20 anos sem corrigir os laudos – cuja responsabilidade de avaliação é da antiga Coordenação de Assistência Social e Saúde (CASS), atual Secretaria de Assistência à Saúde do Servidor (SASS) –, enquanto a própria legislação foi mudando. Ela afirmou que houve algumas tentativas de atualização, todas muito problemáticas, em 2022, 2023, até que em 2024 a empresa que entregou os laudos este ano foi contratada para uma análise pontual, voltada à exposição somente a agentes químicos.
A princípio, alegando o que dispõe a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), a empresa se negou a fornecer os laudos. Após muita insistência, ela entregou um relatório, que só gerou mais questionamentos, inclusive porque contém informações pessoais de servidores - argumento utilizado inicialmente para não fornecer os laudos. O relatório, segundo os servidores, contém quadros com informações bastante genéricas; como exemplos, se a exposição é superior ou inferior aos limites indicados; se o servidor foi encontrado ou não no dia da análise sem indicar o motivo da ausência; considerando exposições a apenas alguns agentes, ignorando outros; e delimitando tempo de exposição não condizente com a realidade prática dos servidores.
O professor Breno Santos, diretor geral da Adufmat-Ssind, destacou que essa exposição dos servidores pode gerar conflitos internos, com questionamentos sobre por que alguns recebem o adicional e outros, mesmo em condições similares, não recebem. A não indicação sobre os motivos das ausências também pode gerar eventuais perseguições ou incompreensões. Além disso, indicar que a exposição está acima ou abaixo dos limites é uma referência muito vaga. “Se o limite indicado é 10 e a minha exposição é 9,8, eu gostaria de saber qual a minha condição, se estou próximo ou não do limite”, exemplificou.
O docente afirmou, ainda, que os cargos de direção eliminam a possibilidade de reivindicação do adicional de insalubridade e que isso também precisa ser discutido. Mas o mais grave de todos os pontos é o descumprimento flagrante da Lei 8112/90, que determina, em parágrafo único, que “os servidores a que se refere este artigo [lotados em local insalubre] serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses”.
No relatório, as entidades identificaram, ainda, casos em que a empresa aponta “exposição inferior ao indicado”, mas mantém o pagamento de adicional de insalubridade, e outros nos quais o limite indicado também é inferior, no entanto, o adicional é retirado. No geral, o número de indeferimentos e suspensões do adicional é muito superior ao de concessões.
Num campo onde as expectativas sobre a análise de insalubridade atingem no mínimo 150 trabalhadores, segundo os sindicatos, a empresa relatou um número baixíssimo de visitas, sendo que somente os servidores não encontrados somam 27 – sete no Araguaia, três em Sinop, e 17 em Cuiabá –, ou seja, quase 20% da amostra, sendo que o campus de Várzea Grande e Hospital Júlio Müller – onde se encontra grande parte dos servidores expostos a riscos - sequer foram visitados.
“A concessão de adicional deve respeitar parâmetros técnicos, como, para exemplificar, a indicação da carga horária que envolve a exposição, o que esse relatório não apresenta. São várias incongruências e inconsistências, e é isso que nós vamos reclamar”, afirmou o advogado dos sindicatos.
Abertas as inscrições, os servidores relataram suas experiências, reafirmando que os apontamentos do relatório são amplamente questionáveis, que não há referências metodológicas coerentes, e que a UFMT não tem colaborado para resolução desses conflitos pela via administrativa. Quem recorre judicialmente tem conseguido reverter, mas isso pode demorar até anos.
A reunião terminou tendo como encaminhamentos: a posição de que os laudos precisam ser revistos; que a universidade precisa estabelecer uma metodologia que contemple as exposições por setores, e não individualizada, como já ocorre em outras universidades; que a universidade precisa se responsabilizar pelos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) e garantir os exames periódicos; que os servidores que tiverem o adicional cortado devem procurar a assessoria jurídica dos sindicatos; que haverá reunião na manhã da próxima quarta-feira, 27/08, para reunir argumentos técnicos para os recursos jurídicos. As categorias esperam reunir um representante técnico e um representante docente de cada setor afetado.
Ainda nesta terça-feira, a Reitoria da UFMT enviou convite, via Sistema Eletrônico de Informações (SEI), para reunião na próxima quinta-feira, 21/08, tendo como pauta única a questão da insalubridade.
CLIQUE AQUI E ASSISTA À ÍNTEGRA DA REUNIÃO DESTA TERÇA-FEIRA
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
A Diretoria da Adufmat - Seção Sindical do ANDES-SN torna público o resultado do processo seletivo para a vaga de Assistente de Subseção em Sinop.
Mara Jane da Silva |
APROVADA |
Sandrine Kaylane França de Souza |
CLASSIFICADA |
A candidata aprovada deve aguardar o contato da Secretaria da Adufmat para entrega de documentação e demais providências relativas ao início das atividades.
Cuiabá (MT), 19 de agosto de 2025
Empossada em 11 de julho passado, a nova diretoria do ANDES-SN esteve, na manhã da última quinta-feira (14), na Embaixada da Palestina para reafirmar o compromisso de solidariedade com o povo palestino e se apresentar, formalmente, ao Embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben. Também foram levadas ao embaixador as resoluções mais recentes da categoria docente relativas à causa palestina, aprovadas no 68º Conad realizado no mês passado, em Manaus (AM).

O Sindicato Nacional foi representado pela encarregada de Relações Internacionais e 1ª vice-presidenta, Caroline Lima, pelo encarregado de Imprensa e 2º tesoureiro, Diego Marques, pelo 2º secretário, Herrmann Muller, pela 2ª vice-presidenta da Regional Planalto, Muna Muhammad Odeh, e pela 1ª vice-presidenta da Regional Rio de Janeiro, Raquel Vega.
“Nós apresentamos as resoluções que aprovamos nesse último Conad, principalmente aquelas relacionadas aos estudantes refugiados que estão vindo para o Brasil. O debate foi muito importante porque o embaixador trouxe elementos políticos sobre o acolhimento a esses e essas estudantes, e como o Brasil não tem uma política de imigração, não tem uma política de Estado para atender refugiados e refugiadas”, disse Caroline Lima.
Conforme a encarregada de Relações Internacionais, o representante da Palestina afirmou que o governo brasileiro tem disposição de acolher as e os imigrantes, mas não tem uma política de Estado que garanta a permanência, principalmente para estudantes que virão para as universidades públicas. “Esse elemento foi importante porque nós colocamos, inclusive, para o embaixador Ibrahim Alzeben, o papel das universidades, IFs e cefets no debate sobre a construção de uma política de Estado para receber refugiados e refugiadas. Um outro elemento que nós debatemos é a construção, em diálogo com a embaixada e com o povo palestino, de políticas sindicais para que possamos avançar, no setor da Educação, pensando a luta contra o genocídio do povo palestino”, explicou.
Caroline avaliou que a reunião foi muito importante para abrir um canal de diálogo formal com a embaixada para diversas articulações, inclusive no Legislativo e Executivo, bem como para espaços formativos. “Nós findamos com uma solicitação do embaixador de levarmos para o MEC, e para os espaços deliberativos do ANDES-SN, uma discussão de intercâmbio entre docentes brasileiras e brasileiros e professores e professoras palestinos e palestinas, considerando a história da América Latina e da sua resistência, como também da resistência do povo palestino, a partir de uma perspectiva decolonial, reafirmando a necessidade do debate classista”, contou a docente.
A embaixada da Palestina também confirmou participação na reunião do Grupo de Trabalho de Política de Formação Sindical (GPFS) do ANDES-SN, que será realizada nos dias 5 e 6 de setembro. “No dia 5, nós vamos conversar sobre a rede de pesquisadores palestinos, tanto brasileiros e brasileiras que estudam Oriente Médio e o povo palestino, quanto professores e professoras palestinas que estão aqui no Brasil. Ficamos muito felizes com essa possibilidade. A embaixada informou que vai se fazer presente nessa atividade, para contribuir não só com a discussão, mas para fortalecer esse elo com o movimento sindical no Brasil e com o ANDES-SN”, acrescentou a 1ª vice-presidenta do Sindicato Nacional.
68º Conad
Além de buscar mecanismos de solidariedade e apoio a estudantes palestinos no Brasil, o 68º Conad também aprovou que o Sindicato Nacional incentive as Seções Sindicais a adotarem iniciativas para concretizar as deliberações em relação ao Boicote, Desenvolvimento e Sanções (BDS).
Para intensificar a denúncia da guerra contra a Palestina, foi indicado, ainda, às seções sindicais que, junto à campanha BDS, realizem manifestações, palestras e debates que possam ajudar na propaganda em defesa do povo palestino. Também reafirmaram a luta para fazer das Instituições de Ensino Superior (IES), dos institutos federais e cefets territórios livres de apartheid.
Fonte: Andes-SN
A diretoria do ANDES-SN abriu chamada para o envio de artigos e materiais fotográficos para a próxima edição da Revista Universidade e Sociedade (U&S), de número 77, que terá como tema central “Educação Pública em Movimento: resistências e desafios da multicampia e em regiões de fronteira”. As interessadas e os interessados podem enviar suas contribuições até 20 de setembro para o e-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo..
Segundo a Circular 327/2025, publicada nessa terça-feira (12), além de artigos que abordem diretamente o tema central, também serão aceitos textos sobre questões relacionadas à educação superior brasileira, como estrutura das universidades, sistemas de ensino e aprendizagem, relação entre universidade e sociedade, condições de trabalho, cultura, gênero, raça, classe, artes, ciência e tecnologia, experiências de organização sindical em outros países e resenhas críticas de livros.
Atendendo à deliberação do 68º Conad, realizado em julho deste ano, a edição também contará com uma reportagem fotográfica sobre “Salário, Carreira e Condições de Trabalho nas Universidades Estaduais, Municipais e Distrital”. O prazo para envio das fotos é o mesmo: 20 de setembro.
A publicação será lançada durante o 44º Congresso do ANDES-SN, que acontecerá em Salvador (BA), no início de 2026.
A Revista
Publicação semestral do Sindicato Nacional, a Universidade e Sociedade é voltada para o fomento de pesquisas e debates relacionados tanto às experiências no campo da pesquisa acadêmica quanto às experiências sindicais e sociais acerca de temas relevantes para as lutas empreendidas por docentes em defesa de uma universidade pública, gratuita, laica e de qualidade.
Para mais detalhes, acesse a Circular 327/2025, com as especificações para o envio dos materiais.
Confira também as edições anteriores da U&S
Fonte: Andes-SN