Quarta, 09 Maio 2018 09:43

 

 

Nessa quarta e quinta-feira, 9 e 10/05, mais de 64 mil docentes sindicalizados ao ANDES-SN poderão participar da escolha da diretoria da entidade para o biênio 2018-2020. A votação ocorrerá por meio de voto direto e secreto, nas seções sindicais e secretarias regionais do Sindicato Nacional em todo o país.

 

VEJA AQUI AS SEÇÕES ELEITORAIS DA ADUFMAT-SSIND na UFMT e Hospital Júlio Müller

 

Nesta eleição, duas chapas se inscreveram para o pleito: “Chapa 1 – ANDES Autônomo e de Luta” e a “Chapa 2 – Renova ANDES”. Veja aqui as nominatas.

 

Segundo Alexandre Galvão Carvalho, presidente da Comissão Eleitoral Central (CEC), esta deve ser uma das maiores eleições do ANDES-SN e a participação da categoria docente é fundamental para reforçar a legitimidade do processo, o fortalecimento do Sindicato Nacional e manter a unidade na pluralidade e a independência de classe do movimento docente.

 

Cronograma

 

No dia seguinte à realização do pleito nos dias 9 e 10/05, as Comissões Eleitorais Locais (CEL) realizam a apuração dos votos em cada uma das seções sindicais e nas secretarias regionais do ANDES-SN onde houver votação. As Comissões Eleitorais Locais deverão encaminhar, impreterivelmente, até às 16h do dia 12/05/18 (horário de Brasília), via meio eletrônico, à sede do Sindicato, o resultado da eleição na sua respectiva seção sindical.

 

A computação de votos pela Comissão Eleitoral Central (CEC), em Brasília, se dará no dia 14 de maio, a partir das 15h. A promulgação do resultado oficial pela CEC será dia 16 de maio, e a posse da nova diretoria eleita ocorrerá em Fortaleza (CE), durante o 63º Conad, no dia 28 de junho.

 

Confira as circulares do processo eleitoral e o InformANDES Especial Eleições.

 

Saiba Mais

 

Comissão eleitoral homologa chapas para a eleição da diretoria do ANDES-SN

 

Eleição do ANDES-SN para o próximo biênio terá duas chapas

 

Fonte: Andes –SN (com edição de Adufmat-Ssind)

Terça, 08 Maio 2018 20:27

 

Os professores da Universidade Federal de Mato Grosso aprovaram indicativo de greve da categoria, em assembleia geral realizada nessa terça-feira, 08/05. Foram 99 votos favoráveis, 81 contrários e oito abstenções, considerando os votos dos campi de Cuiabá, Sinop, Araguaia e Várzea Grande. Uma nova assembleia, já definida para a tarde da próxima terça-feira, 15/05, terá como ponto de pauta a deflagração da greve.

 

As intervenções feitas durante a assembleia apontam que a categoria converge na avaliação de que as alterações na política de alimentação do Restaurante Universitário (RU) é um dos pontos de um problema maior que a instituição vem enfrentando. “O que nós estamos discutindo aqui, na verdade, é se nós queremos que a universidade seja privatizada ou não”, alertou o presidente da Adufmat-Seção Sindical do ANDES, Reginaldo Araújo, chamando a atenção para a discussão política que envolve os cortes de recursos e as ações propostas pela administração da universidade.

 

Os estudantes tiveram voz na assembleia, e demonstraram preocupação com a segurança do movimento, além da perseguição de alguns docentes “Por que os estudantes têm de respeitar as greves dos docentes e dos técnicos, e não nos reconhecem enquanto categoria e respeitam nossa greve?”, questionou um estudante do Araguaia.

 

Além disso, tanto docentes quanto discentes destacaram o apoio histórico dos estudantes à greves e mobilizações docentes, afirmando que a briga não é entre estudantes e professores.       

 

Para o docente Roberto Boaventura, essa discussão é crítica, embora não seja novidade. “Nós estamos diante de dois signos: o primeiro são as nossas perdas colossais, e o segundo, as divisões inexplicáveis, ambos parte do projeto neoliberal que o sindicato sempre denunciou. Para quem está acostumado a frequentar as assembleias, não há nenhuma novidade. O Restaurante Universitário é parte de problemas maiores, entre eles a qualidade do trabalho acadêmico. Não nos resta outra alternativa além de apoiar os estudantes nesse momento”, afirmou.  

 

O professor Dorival Gonçalves utilizou a luta pela universalidade do RU para exemplificar o esvaziamento do caráter coletivo nas preocupações da comunidade acadêmica nos últimos anos. “O restaurante é uma das poucas políticas que ainda contempla a todos. Nós caminhamos cada vez mais para o individualismo, premiamos a meritocracia com bolsas, entre outras coisas”, criticou o professor.

 

A professora Alair Silveira, diretora da Adufmat-Ssind, afirmou que os estudantes são a vanguarda na luta em defesa da universidade pública, e que, muito embora a discussão não tenha de ter planilhas como base, alguns dados da própria universidade evidenciam um aumento de mais de 500% nos últimos anos com serviços terceirizados, como o do RU.    

 

Assembleia dessa terça-feira em Sinop 

 

Para o professor Gustavo Canale, de Sinop, é essencial que os docentes reflitam e se posicionem sobre o papel da universidade e as condições impostas à ela. “Fica cada vez mais evidente o processo de sucateamento da universidade pública. O movimento estudantil e sua justa indignação, após a proposição de aumento de valores das refeições no restaurante universitário, jogou luz sobre este processo e desencadeou uma reação. São em momentos como este que devemos convergir para uma reflexão, em conjunto com toda a comunidade universitária, a respeito da universidade que desejamos”, afirmou o docente.

 

Dialogando com outras manifestações registradas na assembleia dessa terça-feira, o professor Daniel Guimarães, do Araguaia, destacou também que é preciso lutar contra a Emenda Constitucional 95/16, que congelou os recursos por 20 anos. “Esse movimento de indicativo de greve é importante e válido para entendermos os desmontes das universidades, resultado dos grandes cortes orçamentários na educação. Os cortes serão ainda mais enfáticos se a Emenda à Constituição 95/2016, que limitou gastos na educação por 20 anos, não for revogada. Essa EC retira direitos dos cidadãos de terem acesso gratuito à educação e à saúde, em prol do mercado financeiro, grandes fortunas e dívida pública, e nós precisamos urgentemente resistir. Sempre estudei em escolas e universidades públicas, frutos de grandes movimentos. Nós também precisamos ter o compromisso de lutar”, disse.  

 

Assembleia dessa terça-feira no Araguaia

Além da aprovação do indicativo de greve e estabelecimento da assembleia para deflagração na próxima terça-feira, 15/05, a categoria aprovou a formação de comissões para pensar uma agenda de atividades que dialogue sobre a importância da greve com a comunidade acadêmica nesse período. Nos campi de Cuiabá e Várzea Grande, o grupo será formado pelas professoras Mirian Sewo, Rosa Lúcia Rocha, Lélica Lacerda e Marluce Silva; no campus de Sinop, pelos docentes Ricardo Carvalho, Lorenna Resende e Thiago Branco; e no campus do Araguaia, pelos professores Adriana Pinhorati, Luis Bitante, Deyvisson Costa e Sérgio de Oliveira.

 

Também foi aprovado que a Adufmat-Ssind deve levar ao ANDES-Sindicato Nacional a discussão sobre uma greve nacional dos docentes, tanto do setor federal quanto do setor estadual/municipal.  

 

Participação na Comissão formada pela Reitoria

 

Um grupo de estudantes de Sinop questionou a decisão dos docentes de não compor a Comissão formada pela Reitoria para debater sua proposta de aumento do RU. A questão foi discutida e encaminhada em assembleia anterior, realizada no dia 04/05.

 

De acordo com os docentes, a categoria recebeu um convite da administração resumido em quatro linhas, com menos de dois dias de prazo para indicação de um nome. Diante disso, o sindicato questionou formalmente o caráter da comissão, quais e quantos seriam os representantes, qual a finalidade, entre outros, e não obteve resposta até o momento. Assim, sem saber a disposição da Reitoria para dialogar abertamente sobre outras possibilidades de resolver a questão do RU, que não seja aumentar o valor da refeição ou alterar o caráter universal, os professores decidiram não participar.   

 

A professora Katia Alonso sugeriu rediscutir a participação, mas a plenária votou contra, entendendo que a ausência de resposta aos questionamentos do sindicato não atribuiu nenhum fato novo ao debate.  

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Terça, 08 Maio 2018 18:01

A Comissão Eleitoral responsável pelas eleições para a diretoria do ANDES Sindicato Nacional 2018 na UFMT, que serão realizadas nessa quarta e quinta-feira, 09 e 10/05/18, torna pública a disposição das seções eleitorais ADUFMAT-S.Sind ANDES/SN.

 

SEÃO

ELEITORAL

CURSOS

LOCAL/

CAMPUS

ADUFMAT

Aposentados

ADUFMAT -

Cuiabá

Agrárias e

Veterinária

Agronomia; Zootecnia; Engenharia Florestal;

Veterinária; Computação;

FAVET -

Cuiabá

Direito

Direito; Campus Várzea Grande;

Cantina FD -

Cuiabá

Exatas

Arquitetura; Engenharia Civil, Elétrica e Sanitária; Educação Física; Geologia; Estatística; Matemática;

Química; Física;

FAET - Cuiabá

Humanas e Sociais

Administração; Ciências Contábeis; Comunicação; Arte; Economia; SOCIP; Antropologia; Filosofia; Serviço Social; Educação; Psicologia; Letras; Geografia;

História;

IE - Cuiabá

Júlio Muller

Medicina; Enfermagem; Nutrição;

Hospital

Universitário - Cuiabá

Saúde

Enfermagem; Medicina; Nutrição; Biociências; Saúde

Coletiva;

ISC - Cuiabá

Araguaia

ICBS; ICET; ICHS;

Barra do

Garças

Sinop

ICAA; ICNHS; ICS;

Sinop

 

 

Comissão Eleitoral Local ADUFMAT – S. Sind. ANDES/SN

Segunda, 07 Maio 2018 18:59

Imagem: conferência de quórum durante a reunião do Consepe realizada nessa segunda-feira, 07/05

 

Os estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso, organizados contra as alterações na política de alimentação da universidade, conseguiram aprovar no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) da universidade, nessa segunda-feira, 07/05, uma recomendação aos docentes para que não apliquem avaliações ou registrem faltas durante a greve estudantil. Ou seja, nenhuma punição aos estudantes mobilizados.

 

A intenção do Movimento Estudantil era aprovar a suspensão do calendário acadêmico em todos os campi, já que os cursos de graduação em Sinop, Araguaia, Várzea Grande e Rondonópolis estão paralisados há semanas e, em Cuiabá, diversos cursos também estão aderindo à greve. No entanto, sob a justificativa de consultar às bases, o Conselho adiou a discussão para reunião extraordinária marcada para a próxima segunda-feira, 14/05.

 

Além das retaliações por parte de alguns docentes, os estudantes demonstram preocupação com a possibilidade de ações violentas por parte da polícia, a partir do mandado de reintegração de posse solicitado pela Procuradoria Federal junto a UFMT, ou mesmo de pessoas contrárias às manifestações.

 

Reconhecendo a importância da luta estudantil em defesa do programa de assistência de maior relevância da instituição, que viabiliza a permanência de muitos estudantes, mas também da própria universidade pública frente à realidade do ensino superior, vários institutos e conselheiros demonstraram apoio às manifestações, ocupações e paralisações. "Nós consideramos legítima a ocupação dos estudantes. Na nossa leitura, ela está ganhando corpo não só aqui, mas em todos os campi, e a nossa categoria já aponta um indicativo de greve em solidariedade, mas também para denunciar os cortes absurdos que estão sendo realizados nas instituições públicas de ensino", disse o presidente da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat-Seção Sindical do ANDES Sindicato Nacional), Reginaldo Araújo.

 

Nessa terça-feira, 08/05, os docentes discutem indicativo de greve em assembleia geral às 7h30.     

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind  

Quarta, 02 Maio 2018 17:39

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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A Congregação do Instituto de Ciências Humanas e Sociais vem a público manifestar seu total e completo repúdio tanto em relação à consulta em vigor no site do Senado sobre uma possível proposta legislativa de extinção dos cursos de humanas das Universidades Públicas, quanto em relação à notícia veiculada pelo jornal Folha de São Paulo, em 16 de abril de 2018, que, levianamente, justificou o mau desempenho estudantil no Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM - atribuindo-o às disciplinas de Filosofia e Sociologia.

A Congregação do ICHS, em primeiro lugar, rejeita integralmente a proposta do Senado por considerar as humanidades como áreas de conhecimento vitais para o desenvolvimento das e dos estudantes brasileiros, sendo, inclusive, carreiras profissionais consolidadas. Trata-se de áreas de conhecimento cujo fim é a análise da realidade social, teórica e empiricamente, fundamentais para o desenvolvimento de uma sociedade justa, livre e de um Estado Democrático de Direito sólido. Paralelamente, entendemos que o espaço da Universidade Pública deve ser o lugar par excellence do debate e diálogo de ideias, de maneira que as humanidades devem ser defendidas irrestritamente como cursos públicos, gratuitos e de qualidade.

Em segundo lugar, a Congregação refusa enfaticamente a correlação espúria entre o mau desempenho no ENEM e as disciplinas de Filosofia e Sociologia, visto que, além de a Folha de São Paulo não mostrar os detalhes analíticos da pesquisa em profundidade, a qual aparentemente toma uma possibilidade hipotética como conclusão irresoluta, diversas outras variáveis plausíveis mais urgentes deveriam ser consideradas quanto ao mau desempenho estudantil, como a não obrigatoriedade do ENEM, o que desqualifica a generalidade que o título da reportagem pretende, as péssimas condições de trabalho e ensino a que docentes e discentes brasileiros estão submetidos, as condições socioeconômicas dos participantes do exame e diversas outras realidades que conjugam a condição " mau desempenho" para além do ataque infundado às humanidades, áreas de conhecimento, novamente, centrais para a formação intelectual das e dos estudantes brasileiros. A hierarquização do conhecimento proposta pela reportagem da Folha, tendenciosamente colocando a Matemática como "mais importante" do que Filosofia e Sociologia, demonstra um claro ataque às ciências humanas, porém infundado, haja vista a história da própria matemática com suas afinidades em relação às humanidades.

O desrespeito ao campo das humanidades, portanto, é absolutamente condenado pela Congregação do ICHS e colocamo-nos contrários a qualquer tentativa de depreciação das nossas áreas de conhecimento.

 

Congregação do ICHS

Sexta, 13 Abril 2018 13:25

 

Os tijolinhos à vista nas paredes, telhados inclinados, e estradinhas de paralelepípedo dão um ar diferente ao campus da Universidade Federal de Mato Grosso no município de Pontal do Araguaia. O local é um charme, arborizado, bem diferente dos prédios mais novos da instituição, secos, quadrados, frágeis. A pequena arena apelidada de “fofocódromo” torna o ambiente ainda mais receptivo e atraente.

 

“Sejam bem-vindos a uma das melhores universidades do país”, diz um docente a dezenas de estudantes que comemoram o início do que pode ser uma exitosa vida profissional. “Mas saibam que esse é um dos piores momentos da história do ensino superior”, completa o professor, indicando uma das primeiras lições: não confundam aparência com essência.

 

 

Campus UFMT Araguaia, unidade de Pontal do Araguaia. Créditos Portal  de Notícias Focaia

 

O Campus da UFMT Araguaia foi fundado em 1981. Trinta e sete anos depois, significativamente marcado pela Expansão Universitária de 2007 (Reuni), oferece 16 cursos de graduação e 4 programas de pós-graduação que atendem mais de 3200 alunos, a partir da dedicação de 67 técnicos administrativos, 210 docentes e 102 trabalhadores terceirizados, que se revezam entre duas unidades, localizadas entre 10 ou 12 km uma da outra – Pontal do Araguaia e Barra do Garças.

 

A unidade localizada em Barra do Garças, fruto do Reuni, foi inaugurada em 2007, mas assim como a do Pontal, também chama a atenção pela beleza. Embora a estrutura física não seja tão graciosa e intimista, a visão da Serra do Roncador encanta quem anda pelo espaço que, alguns anos antes, abrigou uma fábrica de bebidas destiladas. Notadamente, as pessoas gostam de estar ali.

 

Serra do Roncador ao fundo da unidade da UFMT Araguaia em Barra do Garças

 

Aparência X Essência

 

Embora a unidade do Pontal seja menor e acolha apenas três dos dezesseis cursos do campus, alguns laboratórios ainda funcionam lá. Os de Química, por exemplo, são alguns deles. Ao entrar nesses espaços o cheiro forte faz arder os olhos, mas à primeira vista parece tudo bem. Para quem não entende de laboratórios, o chão limpinho e liso, as janelas gradeadas, as portas com trancas convencionais não fazem diferença alguma, até que alguém explica: “isso aqui é boate Kiss. Nós mexemos com reagentes o tempo todo, se houver uma explosão, as pessoas não têm por onde sair”.

 

A partir desse alerta, tudo se transforma. Além da estrutura, que os trabalhadores com mais de dez anos na UFMT dizem nunca ter visto reformada, falta material e muitos dos equipamentos não são adequados. “Isso é balança de açougue”, aponta a docente. Em seguida, mostra, em uma pequena sala, o que seria a balança ideal para formar um verdadeiro químico, encostada há bastante tempo por falta de manutenção. Segundo ela, muitas das questões estão relacionadas a serviço de vidraria, e seriam facilmente resolvidas. Outros equipamentos estão “estocados”, da mesma forma.     

 

 

Balanças no Laboratório de Química da UFMT Araguaia - Real X Ideal

 

“Veio um pessoal aí, parece que do Paraná. Eles ficaram uns dois dias mexendo, mas não resolveram nada. Não sei o que houve com a empresa, como foi a licitação. O rotaevaporador está parado porque o condensador sumiu. O phmetros estão parados há anos por falta de eletrodo. Talvez nem funcionem mais, porque é tanto tempo sem usar”, observou uma servidora técnica.

 

“A gente não tem uma CIPA [Comissão Interna de Prevenção de Acidentes], que seria um órgão que regula a segurança dos laboratórios. Talvez isso dependesse de nós, mas os professores também têm uma sobrecarga. Nós temos muito trabalho administrativo, porque somos poucos, trabalhando nesses laboratórios caóticos. As listas que nós fazemos com os pedidos não são atendidas, e há uma desmotivação, porque a gente não acredita que eles vão chegar”, acrescentou a docente.

 

Tanto a servidora técnica quanto a docente que receberam a Adufmat-Ssind concordam que, além das condições diárias, paira entre os servidores a insegurança de que os colegas que se capacitam procurem, cada vez mais, outros postos de trabalho, por causa do ambiente insalubre.

 

É possível observar ainda muitos objetos enferrujados, torneiras, e a inadequação das instalações para limpeza do corpo em casos de contato, além das capelas de exaustão [ou hottes], onde os profissionais abrem os reagentes, improvisadas em cima de pequenas “pias de cozinha”. 

 

Uma das Capelas de Exaustão no Laboratório de Química da UFMT Araguaia 

 

“Essa questão da reforminha para tentar transformar esse espaço num laboratório de química é incompreensível. Porque o chão não é adequado, as portas não são adequadas, as janelas não são adequadas, não tem ventilação”, reafirma a professora, demonstrando aflição.  

 

Além dos alunos do curso de Ciências Naturais com habilitação em Química, os estudantes de outros cursos da UFMT no Araguaia, como Farmácia, Agronomia, Biomedicina, Engenharia de Alimentos, Biologia, e Engenharia Civil, também utilizam essas salas e equipamentos, a partir das disciplinas de química geral, orgânica, analítica, ou físico-química.

 

Anatomia X Insalubridade

 

Os docentes que utilizam laboratórios de anatomia também reclamam. Aqui, além da precariedade, há também o não pagamento de percentual de insalubridade.   

 

“Eu entrei com um processo e consegui receber 10% de insalubridade, mas o correto, observando outras universidades, seria 20%. O formol, principal componente químico que utilizamos para conservar as peças é bastante tóxico, é cancerígeno e pode gerar uma série de consequências à saúde no futuro”, explica uma docente.

 

Mesmo inadequada, a situação da entrevistada é das menos piores. “Eu recebo 10%, mas esse é o meu caso. Eu sei, por exemplo, que a universidade estava negando insalubridade para a técnica que me auxilia. Quando finalmente ela conseguiu, não foi nem 10%. De uns tempos para cá a gente tem tido uma dificuldade muito grande com isso. Desde que eu cheguei aqui, em 2010, já realizaram duas visitas ao laboratório, perguntaram um monte de coisa, mas em nenhum momento alguém nos informou com relação a isso”, afirma a anatomista. 

 

Os servidores que entraram na universidade a partir da expansão provocada pelo Reuni têm tido mais dificuldades também nesse sentido.

 

Nessas condições, a demanda pelo percentual de insalubridade parece óbvia, mas não é. Há professores e técnicos sem receber, mesmo que manipulem diversas substâncias perigosas para além do período das aulas. “Eu chego antes do aluno para preparar a aula. Eu e os outros professores. A gente pega as peças no tanque, lava, e depois da aula, devolve no tanque. A técnica que trabalha no laboratório me auxilia nesse processo de preparação e manutenção do material. Por exemplo, se a gente recebe um corpo novo, tem de abrir, dissecar, trabalhar esse corpo. A gente fica lá um tempo, exposta diretamente ao formol ou ao que quer que seja. Eu tento substituir por outras substâncias, como a glicerina, mas nem sempre é possível, porque não é a mesma qualidade. Há essa dificuldade. Então é esse trabalho, por horas e horas, durante anos e anos, e a universidade não entende que isso seja uma exposição de fato”, reclama a professora.

 

Para os estudantes, no entanto, essa questão ainda não aparece de forma tão problemática. “A gente tem um sistema de exaustão que não é muito eficiente. Ele funciona, mas poderia ser muito melhor. Os estudantes sofrem mais com isso. Quando eles chegam, temos de abrir o laboratório para tirar o cheiro, que é muito presente, lacrimeja os olhos. Mas durante a aula vai ficando tudo bem”, complementa.

 

A manutenção dos equipamentos também é apontada como uma dificuldade nessa área. Um número considerável de microscópios não é utilizado pelos estudantes por falta de revisão. Novamente, a visita “recente” de uma empresa licitada para fazer esse serviço, sem a solução dos problemas, aparece no depoimento.

 

Na unidade de Pontal do Araguaia, onde também funciona o laboratório de anatomia da UFMT Araguaia, o discurso de acessibilidade ao ensino superior utilizado pelos governos para justificar o Reuni esbarra ainda num outro fator: não há sequer uma cantina no prédio. Para conseguirem comer, os estudantes utilizam ônibus que fazem o deslocamento para o Restaurante Universitário na unidade de Barra do Garças, em horários determinados.

 

Comunicação

 

Se a comunicação entre a administração da universidade e seus servidores apresenta problemas, o curso de Comunicação Social da unidade de Barra do Garças também precisa de reparos. Os laboratórios apresentam inadequações visíveis e não visíveis.     

 

“Eu trabalho, especificamente, com a parte de diagramação, em que precisamos de softwares. Nesse quesito, a universidade apresenta um grande problema, porque o mercado trabalha com os programas de edição gráfica do pacote Adobe, e a UFMT não tem esses programas. Ela tinha, mas as licenças expiraram. Nós não sabemos se são aquelas licenças gratuitas [trials - versões gratuitas e temporárias de algum programa]. Mas a forma que eu encontrei de lidar com isso foi concentrar as disciplinas práticas num período e baixar os trials para poder ter aula. Quando eu fui consultar a universidade, eles disseram que precisaria fazer licitação, e que não tinha prazo. Se eu fosse esperar todo o trâmite, até hoje os alunos das disciplinas que eu leciono estariam sem aprender”, afirma mais uma docente.

 

Segundo a professora, além de procurar e instalar os programas necessários, o único laboratório em que os softwares rodam é disputado por outros cursos do campus. ”O Adobe é pesado e não roda em qualquer máquina, só no laboratório 214. Todo semestre é uma novela, vira uma competição, e a gente tem de negociar entre nós para que os alunos não sejam prejudicados. Tem que ter sorte para conseguir uma maneira de atender todo mundo - Jornalismo, Ciências da Computação, Geografia, entre outros. Isso é complicado, prejudica o ensino. Eu entendo que tem de licitar, mas a partir do momento que a gente abre um curso ele tem precisa ter estrutura, não é?”, desabafa.  

 

 

Laboratório de Jornalismo UFMT Araguaia

 

O primeiro semestre do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo recebe 50 estudantes, mas o laboratório destinado a eles só tem sete máquinas, que não têm capacidade de rodar o programa necessário para as atividades gráficas. Na verdade, a estrutura não é suficiente nem mesmo para as atividades básicas de redação.

 

Os futuros jornalistas disputam ainda as sete câmeras disponíveis no laboratório de Telejornalismo – que atualmente está sem ar condicionado, e com bastante mofo acumulado nas paredes.

 

 

Laboratório de Telejornalismo

 

Assim como os demais docentes, a sobrecarga de trabalho aparece entre os professores da Comunicação. “Faltam técnicos na nossa universidade. Eu tenho que baixar os trials, ensinar os softwares, e resolver tudo o que os alunos poderiam fazer com os técnicos da área em outro período”, conclui a professora.     

 

Na GALERIA DE IMAGENS, abaixo, é possível visualizar mais algumas das precariedades registradas nos laboratórios do campus da UFMT no Araguaia.    

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Sexta, 02 Março 2018 09:51

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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O Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Mato Grosso manifesta sua solidariedade à assistente social e professora de serviço social da Universidade Estadual do Ceará, Erlenia Sobral, que vem sofrendo um violento processo de perseguição, assédio e difamação em redes sociais na internet com ataques capitaneados por grupos reacionários.

Erlenia, professora da disciplina de “Fundamentos Históricos e Metodológicos do Serviço Social III”, divulgou no perfil virtual da Coordenação do Curso da Graduação numa rede social que no dia 19/02/2018 não haveria aula em razão da paralisação nacional contra a reforma da previdência e convidou os/as alunos/as para a manifestação. Bastou isso para que indivíduos e grupos intitulados de “liberais” passassem a impetrar um processo difamatório contra a professora, expondo sua imagem e fazendo acusações infundadas a fim de deslegitimar seu trabalho, colocar sobre suspeição sua ética profissional e atacá-la pessoalmente.

Para além da questão individual da professora Erlenia Sobral, que tem uma trajetória de lutas e defesa da profissão e da docência em diversos espaços, entre eles como ex-Conselheira do CFESS - Conselho Federal do Serviço Social e ex-diretora do ANDES-SN – Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior – Sindicato Nacional, entendemos que este não é um caso isolado, mas uma manifestação que expressa o avanço do conservadorismo e do autoritarismo que busca tutelar, coagir e criminalizar o pensamento livre e crítico em todos os espaços, inclusive na universidade.

O serviço social é uma profissão que luta coletivamente pelos direitos da classe trabalhadora e seu conteúdo formativo considera a dimensão crítica e a organização coletiva como elementos fundamentais diante dos ataques aos direitos historicamente conquistados. A leitura crítica e a ampliação dos espaços de formação, inclusive a percepção fundamental da participação popular não se trata de uma mera escolha individual de uma profissional, mas fundamento legítimo, democraticamente debatido e deliberado pela categoria profissional, amadurecido no seu projeto ético-político e expressos no âmbito da formação profissional a partir das diretrizes curriculares da Associação Brasileira do Ensino e Pesquisa em Serviço Social e para toda a categoria nos diversos atos, posições e publicações do Conjunto CFESS/CRESS, além de questão evidente do código de ética profissional de 1993.

O ataque contra a professora Erlenia Sobral é um ataque à autonomia profissional do Serviço Social, à autonomia docente no espaço acadêmico e ao projeto de universidade que busca desenvolver uma formação ampla, democrática, socialmente referenciada, que prime pela pluralidade de ideias e garanta o debate de forma respeitosa, ética e profunda diante do avanço da barbárie, da regressão de direitos e da intolerância. Cada ataque contra indivíduos de nossa categoria, com tentativas de censura e intimidação, será sempre respondido de forma coletiva para que não reste dúvidas de que as ofensivas às liberdades democráticas e ao direito de manifestação e expressão não serão toleradas pela nossa categoria profissional.

 

 

Cuiabá-MT, 27/02/2018.

 

Quarta, 13 Dezembro 2017 19:23

 

 

Nos últimos dias, dois eventos envolvendo a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) apontaram um movimento contraditório ao discurso em defesa da universidade pública, até então sustentado pela administração da instituição.

 

Por volta do dia 27/11, a comunidade acadêmica foi convidada para o Simpósio de Educação Empreendedora, realizado no Centro de Eventos Pantanal no dia 29/11. O convite, entretanto, formalmente informava tratar-se do “início do projeto de qualificação dos professores, para o desenvolvimento da Disciplina de Empreendedorismo em todos os cursos da Universidade.”

 

Nessa segunda-feira (11/12), um novo convite foi lançado: capacitação para professores no dia 13/12, com o tema “Diretrizes para o desenvolvimento da disciplina de empreendedorismo”. Nos dois eventos, o Escritório de Inovação Tecnológica da UFMT aparece como parceiro do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

 

Ambos os convites surpreenderam a comunidade acadêmica, na medida em que contradizem outros movimentos realizados pela Administração Superior. Desde a posse da nova Reitoria, várias iniciativas sinalizaram em direção à defesa da Universidade Pública: intervenções contra a então PEC 241 (hoje EC 55/2016) – o congelamento dos recursos por 20 anos; parceria com entidades da comunidade acadêmica para a realização de Audiência Pública dedicada a apresentar e debater os impactos dos cortes orçamentários; ou mesmo a criação de uma campanha “Em defesa da Universidade Pública” – ainda em curso.

 

Para a Associação dos Docentes da UFMT – Seção Sindical do ANDES-SN (Adufmat-Ssnd), ao encaminhar iniciativas que se contrapõem às citadas acima, a administração da universidade emite sinais preocupantes. “Ou a Reitoria não compreendeu as implicações dessas últimas iniciativas, ou mantém, pro forma, a campanha de Defesa da Universidade Pública. Afinal, não há como servir a dois projetos distintos ao mesmo tempo. Ou a defesa da Universidade Pública é um compromisso e com ele, a reafirmação do seu caráter público, autônomo, socialmente referenciado, gratuito e de qualidade, ou a alternativa do projeto que corrói a Universidade Pública por dentro, inviabilizando-a financeiramente, comprometendo-se com a formação de estudantes orientados pela lógica empreendedora e, portanto, do lucro privado”, afirmou a diretora da Adufmat – Ssind, Alair Silveira.

 

De acordo com a docente, há, entre esses projetos, duas lógicas distintas: aquela que deve servir ao público para benefício social, e aquele que se serve do público em benefício privado. “O próprio Sistema S é um bom exemplo para essa reflexão”, argumentou.

 

Diante do exposto, o sindicato questiona ainda a condução de uma questão tão séria para a universidade. “Como a administração superior pode implementar um propósito dessa dimensão sem convidar a comunidade acadêmica para debater profundamente o significado disso? É bom lembrar que essa Reitoria foi indicada no processo de consulta justamente pela promessa de abertura ao diálogo e ampliação dos espaços democráticos da instituição”, destacou o  presidente da Adufmat-Ssind, Reginaldo Araújo.

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Segunda, 23 Outubro 2017 12:46

 

 

Estudantes, professores e técnicos administrativos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) participaram, na última quinta-feira, 19/10, de um debate sobre a situação financeira da universidade. O evento, em formato de audiência pública, teve objetivo de dar visibilidade às dificuldades geradas pelos cortes de orçamento – ou contingenciamentos - realizados pelos últimos governos, além da instabilidade da receita disponível apresentada pelo Governo Temer.

 

Durante a apresentação dos dados, a pró-reitora de Planejamento, Tereza Veloso, afirmou que a receita é calculada pelo próprio Governo, e que a universidade tem de planejar seu funcionamento a partir do valor de repasse informado. “O único incremento na receita realizado pelo Governo nos últimos anos foi destinado ao pagamento de pessoal. Com relação aos recursos para custeiro e capital, ou seja, para manutenção da universidade, suas obras, equipamentos, entre outros, os valores só diminuem. Mesmo o que é informado a princípio não é, necessariamente, liberado para execução. Pode ficar retido, contingenciado”, explicou a pró-reitora.

 

O pró-reitor de Administrativo da UFMT, Bruno Moraes, disse ainda que o planejamento feito em cima dos valores informados muda constantemente. “Nós temos de fazer planejamento diários para garantir as condições de funcionamento da universidade, porque a realidade muda. Só esse ano, tivemos de refazer o planejamento quatro vezes”, afirmou Moraes.  

 

As preocupações apontadas pela administração da UFMT e pela comunidade acadêmica demonstram que a discussão é, de fundo, sobre o modelo de universidade que a população almeja, diferente da que almejam os governos neoliberais. Dados do próprio Ministério da Educação (MEC) revelam que os recursos destinados ao ensino superior atualmente equivalem ao percentual praticado há mais de 10 anos, quando as estruturas e o número de vagas correspondiam a metade. Assim, a precarização aparece como fator inevitável. 

 

“Essa instituição tem responsabilidade social, e nós temos de refletir sobre isso. O sucateamento da universidade faz parte de um projeto de sociedade. Nos últimos anos, nós dobramos o número de vagas disponíveis, orientados pelos governos. Eles aumentam as vagas e cortam os recursos, depois aparecem com o discurso de que é preciso arrecadar dinheiro do setor privado, ou cobrar mensalidade. As universidades particulares é que têm de ir atrás de recursos privados, mas estão cheias de recursos públicos, por meio de programas como Fies e Prouni”, disse o representante dos professores, presidente da Associação dos Docentes da UFMT – Seção Sindical do ANDES (Adufmat-Ssind), Reginaldo Araújo.

 

O esquema, na verdade, já é conhecido. Para justificar a privatização de instituições públicas, os governos neoliberais retiram recursos e, consequentemente, precarizam os serviços. Depois, com o discurso de ineficiência, apresentam como alternativa de intervenção privada. E tem quem acredite. “Além de cortar recursos, o governo acusa as universidades de não saberem trabalhar com planejamentos”, reclamou a pró-reitora de Planejamento da universidade, durante a audiência. Não se trata, portanto, de má gestão de recursos, mas de um projeto que tem como objetivo favorecer o privado, e enfraquecer o público.  

 

No entanto, um dado recente do MEC aponta que, entre as 50 melhores universidades brasileiras, apenas 3 são privadas, e só aparecem depois das 20 primeiras colocadas no ranking. Isso pode ser um trunfo para contra argumentar o discurso de “ineficiência” do ensino superior público, mas pode ser um perigo, considerando que o mercado adoraria tomar a estrutura física e pessoal (qualificada) das universidades para lucrar ainda mais com educação.     

 

"Nós temos a certeza de que a universidade que nós queremos não é essa que está sendo imposta pelos governos. A nossa luta histórica é pela universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada", ressaltou o representante docente.  

 

A coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores Técnicos Administrativos (Sintuf/MT), Leia de Souza, apontou para outro ataque aos serviços públicos, sob a justificativa de que a folha de pessoal é muito pesada: a desconstrução das carreiras. “A carreira dos técnicos administrativos é resultado de 20 anos de luta, e foi uma das nossas maiores conquistas. Nós construímos assim a nossa identidade. Mas o Governo pretende acabar com isso, criando um carreirão de servidores, retirando direitos. Os professores ainda não estão nessa reestruturação, ainda em debate pelo Governo, mas podem ser os próximos, porque a universidade é a bola da vez nessa onda de ataques”, alertou a coordenadora.  

  

Para o representante dos estudantes, coordenador do Diretório Central (DCE), Vinícius Brasilino, é a reação popular é a única maneira de conte os ataques. “Parece que nós estamos preocupados com o semestre, enquanto estamos perdendo gerações. Durante todos esses anos, houve resistência contra os ataques, e a defesa da manutenção da universidade pública. Eu ainda tenho muita esperança, porque nós somos frutos de grandes resistências”, afirmou o estudante.

 

A mesa, presidida pelo vice-reitor da UFMT, Evandro Soares, contou ainda com a participação de um representante da União Nacional dos Estudantes (UNE), Airton Silva.  

 

Mesmo recurso para o dobro de vagas

 

Segundo dados do MEC, de 2003 a 2014, as universidades públicas cresceram 117%, e o número de vagas para os cursos presenciais de graduação passou de 109.184 para 245.983. De 45 universidades em 2003, o Brasil chegou a 63 em 2014, com novos campi, novos prédios e novos cursos. O orçamento destinado ao custeio dessas instituições, já considerado insuficiente em 2003, até aumentou nesse período, passando de R$ 6,4 bilhões a R$ 28,7 bilhões em 2013. No entanto, em 2014, um corte drástico reduziu o orçamento à R$ 14 bilhões, e novos cortes reduziram ainda mais os repasses.

 

Paralelamente, os recursos para programas de incentivo ao ensino superior privado como Fies e Prouni só aumentaram. Em 2016, o Prouni registrou o maior valor em renúncia fiscal desde sua criação, dez anos antes: R$ 1, 2 bilhões. Vale lembrar que a expressão renúncia remete ao Estado, à população; para os empresários da educação é incentivo. Já os investimentos diretos feitos ao Fies passaram de pouco mais de R$ 1 bilhão em 2010 para o correspondente a R$ 13 bilhões em 2014. Coincidentemente, o mesmo período de expansão da Kroton, a maior empresa da educação superior do país. Em 2017, o Governo Federal autorizou um orçamento de R$ 6,7 bilhões para custeio dos institutos e universidades federais, com cortes que chegam a 45% em relação aos anos anteriores. Para o Fies, foi concedido mais um incremento de R$ 1,2 bilhão, totalizando mais de R$ 18 bilhões para esse ano.

 

Na UFMT, de acordo com a apresentação na audiência, os orçamentos aprovados pelos governos, destinados às despesas de Capital e Custeio passaram, respectivamente, de R$ 87 e R$ 164 milhões, em 2015, para R$ 20 e 154 milhões, em 2017. Vale ressaltar que esses valores sofreram contingenciamento por parte dos governos e, portanto, não foram executados na integralidade. Além disso, não incluem o orçamento direcionado ao pagamento de pessoal.

 

Mais informações sobre o orçamento da UFMT estão disponíveis no site da instituição, no ícone da Pró-reitoria de Planejamento (Proplan). Clique aqui para acessar direto.     

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

 

 

 

 

Sexta, 20 Outubro 2017 17:58

 

A Faculdade de Enfermagem e o Centro Acadêmico de Enfermagem da UFMT, campus, Cuiabá, promoveram nesta segunda feira, dia 16/10/2017, uma reunião com entidades representativas da categoria, cursos e estudantes de Enfermagem para discutir o exercício profissional.

 

A reunião foi chamada tendo em vista uma recente decisão liminar movida pelo Conselho Federal de Medicina – CFM que, na prática, visa impedir a Enfermagem de solicitar exames dos usuários dos serviços de saúde. A decisão foi proferida pelo  juiz federal Renato C. Borelli, juiz substituto da 20ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária do Distrito Federal (SJDF), em consideração ao processo ajuizado pelo CFM contra a União, que “deferiu a tutela de urgência para suspender parcialmente a Portaria nº 2.488 de 2011, tão somente na parte que permite ao enfermeiro requisitar exames”.

 

A reunião contou com a presença de aproximadamente 200 pessoas, entre enfermeiras da rede de saúde do estado, docentes e estudantes da UFMT, UNIC, UNIVAG, ICEC e FAUCC, além das entidades representativas da categoria como a Associação Brasileira de Enfermagem-MT, o Conselho Regional de Enfermagem-MT, o Sindicato de Enfermagem-MT e o Sindicato dos Servidores Públicos de Saúde de MT.

 

Na oportunidade foram discutidas as repercussões sobre a referida decisão, especialmente para a prática profissional das Enfermeiras e Enfermeiros atuantes na rede pública, para o ensino de Enfermagem e os prejuízos para a execução dos diversos programas desenvolvidos pela Política Nacional de Atenção Básica.

 

Durante a reunião foi considerado que a posição do CFM revela a defesa de uma pauta corporativista e mercadológica, que não considera a realidade brasileira e as necessidades de saúde da população, ignora os indicadores epidemiológicos, nega a integralidade do cuidado e não tem compromisso com os princípios da Reforma Sanitária Brasileira e com o SUS.

 

Foi um consenso de que a medida repercute com grandes prejuízos à saúde da população brasileira uma vez que compromete a concretização dos diversos programas de saúde pública da Atenção Básica, tais como: a Assistência à saúde da criança e adolescente, Saúde da mulher, incluindo pré-natal, Assistência ao puerpério, Assistência para rastreamento de câncer de colo de útero e de mama, Planejamento reprodutivo, a Abordagem sindrômica das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), a Assistência a usuários com Tuberculose ou Hanseníase, a Assistência a usuários com doenças crônicas e  Assistência à vítima de violência ou acidentes com material biológico. Estes programas têm a participação das Enfermeiras em seu processo de cuidado, incluindo a solicitação de exames e outros procedimentos constantes em protocolos, todos aprovados e apoiados em evidências científicas.

 

Como encaminhamentos da reunião foi constituído um grupo de representantes de entidades para, junto ao COREN-MT, elaborarem uma nota orientativa para os profissionais que atuam na rede de saúde, diante da medida judicial.

 

A categoria também vai solicitar uma audiência pública junto à Assembleia Legislativa do estado para discutir a situação do exercício profissional de Enfermagem.

 

A categoria deverá se reunir novamente na próxima segunda feira, dia 23/10/2017, às 14 horas na UNIC (Auditório da UNIC 2 - antiga Unirondon), quando pretendem avaliar a situação e aprovar uma carta-manifesto do movimento em defesa da sua prática profissional e do SUS.

 

 

Assessoria do evento