Quarta, 22 Janeiro 2020 18:31

 


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Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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2020 não poderia ter tido início mais perigoso; e não estou falando do estremecimento entre EUA e Irã. O perigo a que me refiro é pátrio; e ele se vê e se diz abençoado por Deus!

Em paráfrase a Chico Buarque, “trocando em miúdos”, 2020 começa dando sequência a muito do que já foi feito – na retórica e na prática – pelo perigosíssimo governo Bolsonaro; aliás, o atual presidente é um dos seres mais coerentes da perversa espécie humana. Até o momento, é impressionante sua capacidade de escolher – sempre à sua semelhança – o que de há de pior para ocupar cargos em seu governo. Narciso perderia feio nas eleições de seus iguais.

Ao afirmar isso, uma lista de gente de baixa qualidade – no plano do que se pode identificar como humano – seria rapidamente preenchida; talvez, gatos pingados ficassem de fora. Como gostam, a tapa ou a bala, o topo da pirâmide seria disputado por vários governistas que nasceram, cresceram e estão envelhecendo no berço cristão. Não há (a)gente no governo que não se declare assim. Ser cristão é condição sine qua non para pertencer ao governo Bolsonaro. Que medo!

Mas a maior das perversidades foi protagonizada, no último dia 17, pelo também autodeclarado cristão Roberto Alvim, ex-secretário de Cultura. Embora o episódio de que trato se pareça com ficção de terror, Alvim – no plano real e com riqueza de detalhes – superou qualquer tipo que represente a limitação humana que envolve todo o pensamento e prática bolsonaristas.

Mas o que fez Alvim para que o presidente – a contragosto – fosse obrigado a exonerá-lo?

Alvim plagiou – o que já é crime – um discurso de Goebbels, o abominável ministro da Propaganda na Alemanha nazista. Goebbles foi o Número 1 de Hittler, tendo contribuído para o assassinato dos cerca de seis milhões de judeus. Auxiliando Hittler, Goebbels foi um dos maiores criminosos da humanidade.  

Ao plagiar Goebbels, Alvim chamou para si toda a carga desumana do nazismo. Se estivesse na Alemanha, Alvim, que acabava de ser elogiado por Bolsonaro em cerimônia oficial, estaria preso. Aqui, está solto, mas não consigo imaginar por onde ele possa caminhar sem ser identificado como nazista; talvez, só visitando algumas das residências do Vivendas da Barra, um condomínio na Zona Oeste do Rio...

Mas mesmo diante de tamanha perversidade, Alvim, que pretendia enquadrar as artes em um nacionalismo tosco e em um teocentrismo medieval estúpido, sem pretender, acabou fazendo um favor à cultura do país. Depois de seu discurso nazista, o Brasil parou para pensar sua trajetória política.

Do choque social à exigência de imediata exoneração da desprezível figura de Alvim, o tema censura, tão ao gosto do bolsonarismo, ganhou holofotes. Assim, cada agente do governo, inclusive o presidente, está sendo obrigado a saber que há limites para suas perversidades. Além disso, as novas gerações estão ganhando a oportunidade de conhecer mais sobre a história do Brasil, com ênfase ao que representa, ainda hoje, o golpe militar de 64.  

Para finalizar, se há pouco tempo, Alvim era alguém no governo, agora, ele, sim, e não as artes, como ameaçou, virou nada. Mais do que nunca, nossos artistas precisam continuar livres para produzir, inclusive, se for necessário, a art engagé, que tem tido papel social imprescindível ao longo de nossa história. Nossos artistas, livres de quaisquer ditados governistas, precisam continuar enriquecendo nossa cultura, desde sempre, plural e diversa.

Salve(m) nossas artes e nossos artistas! Fora todo tipo de censura!

Quinta, 16 Janeiro 2020 12:09

 

 

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Artigo enviado pelo Prof. Juacy da Silva "A universidade em busca de um novo tempo”, fonte: Caderno IHU ideias ISSN 1679-0316 (impresso) • ISSN 2448-0304 (online) Ano 17 • nº 290 • vol. 17 • 2019, de  Pedro Gilberto Gomes, Instituto Humanitas Unisinos.

Quarta, 15 Janeiro 2020 08:37

 


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JUACY DA SILVA*

Ao longo dos últimos quase 60 anos, ou seja, desde 1961 quando foi idealizada a Campanha da Fraternidade ou então a partir de 1962, quando teve inicio de fato da primeira Campanha da Fraternidade na Arquidiocese de Natal, RN; a CNBB, juntamente com a CÁRITAS BRASILEIRA, tem incentivado tanto católicos e não católicos, principalmente a cada cinco quando quando a CAMPANHA DA FRATERNIDADE tem um caráter ecumênico, juntamente com o CONIC que representa diversas Igrejas Evangélicas, a refletirem sobre o sentido e a defesa da vida, isto de forma direta ou indireta.

Ao longo dessas quase seis décadas diversos temas de suma importância tanto para a vida material, a vida em sociedade quanto para a vida espiritual, da Igreja tem conduzido as reflexões, não apenas durante o período da Quaresma quanto ao longo do restante do ano.

Temas como a defesa da vida já iluminaram diretamente as Campanhas da Fraternidade de 1984 “Fraternidade e vida” com destaque que para o lema “Para que todos tenham vida”, a  de 2011 com destaque para “Fraternidade e a vida no planeta”,  2016 “Fraternidade e a casa comum, nossa responsabilidade”; 2017 “Fraternidade e os biomas brasileiros e a defesa da vida”, e, agora, em 2020 com o tema “Fraternidade e vida: dom e compromisso”, com destaque para o Lema “ viu, sentiu compaixão e cuidou dele”, passagem retirada da parábola do Bom Samaritano.

É bom ressaltar que quando se fala em defesa da vida, o seu significado não se restringe apenas `a defesa da vida humana, mas todas as demais formas de vida, vegetal, animal, enfim, biodiversidade que garante a vida humana no planeta e a sobrevivência da raça/espécie humana.

De forma semelhante diversas campanhas da fraternidade tiveram como temas o combate a violência, principalmente a violência contra a mulher, contra a criança e adolescente e os idosos. Foram também temas o combate ao tráfico humano, a questão das drogas; os desafios da saúde, da educação, a defesa da biodiversidade, o apoio aos imigrantes, principalmente os que fogem de áreas de conflitos, guerras ou desastres naturais.

Coube também a Campanha da Fraternidade de 2019   dar ênfase à questão das politicas públicas no contexto da ação da Igreja , dos católicos, enfim, dos cristãos na esfera da politica, para suas responsabilidades, primeiramente como cristãos e só depois como figuras públicas. O lema escolhido foi “Serás libertado pelo direito e pela Justiça” Livro do Profeta Isaias, 1:27.

O cerne da Campanha da Fraternidade é despertar nos católicos e nos demais cristãos e também não cristãos, enfim, mulçumanos, judeus, budistas, espíritas, ateus e agnósticos para a realidade de que vivemos em um mesmo planeta e somos partes de uma grande família que é a raça humana e que precisamos nos tratar de forma verdadeiramente fraterna, construir nossas instituições, nossas culturas, nossos sistemas econômicos, políticos e sociais sobre o fundamento da verdadeira fraternidade, onde a violência, o egoísmo, o materialismo, a ganância que geram pobreza, miséria e exclusão, sofrimento humano, vitimando os mais frágeis, mais vulneráveis e excluídos não tenham mais lugar.

Precisamos a cada dia, cada vez mais sermos partícipes da civilização do amor, resgatar a ideia do paraíso, da sociedade do bem viver.

Este é o sentido quando o Papa Francisco quanto seus antecessores, diversos teólogos de diferentes religiões, credos e igrejas destacam a importância de vivermos em harmonia, dentro de nossas famílias, em nossas comunidades, em nossos países e no mundo todo, harmonia esta que fundamenta  a paz, que decorre da verdadeira justiça, a justiça social e a própria sustentabilidade ambiental ou a ecologia integral.

As nossas ações e também as nossas omissões em relação aos excluídos, representados pelo homem que foi assaltado, ficando em sofrimento a beira da estrada, sendo ignorado por sacerdotes, doutores da Lei, levitas e que só não veio a morrer porque foi socorrido por um anônimo transeunte a quem Jesus denominou de “Bom Samaritano”.

Ainda hoje milhões de pessoas mundo afora e em nosso país, continuam sofrendo à margem, não das estradas esburacadas, praticamente intransitáveis, das rodovias , ruas e praças de todos os países, mas também sendo empurrados para a periferia social, politica e econômica, onde a pobreza, a miséria e a fome representam tanto sofrimento quanto a violência física.

Continuamos vivendo em sociedades dividas em classes sociais, onde uma minoria, verdadeiras castas dominantes, tem todo o conforto, vivem `as vezes nababescamente e desperdiçando todos os bens produzidos socialmente e destruindo a natureza, enquanto a maioria da população vive ou meramente sobrevive com praticamente migalhas que caem  das mesas dos poderosos.

A concentração de renda, de salários, de bens, propriedades e riquezas em poucas mãos não deixa de ser um acinte contra a dignidade humana, ou na forma de pensar do Papa Francisco, um pecado, inclusive um pecado ambiental. Nossas sociedades continuam produzindo muito mais excluídos do que de bons Samaritanos.

Não podemos confundir fraternidade, solidariedade com pequenos gestos esporádicos em  algumas datas ou momentos de destaque em nossa sociedade como o dia das crianças, do pai, da mãe, do amigo/amiga, do natal e da Quaresma ou dias especiais devotados a pessoas que sofrem com determinadas doenças. Esses pequenos gestos, podem ser representados por moedas de pequeno valor que “jogamos” em mãos ou chapéus estendidos por pessoas que imploram a caridade pública para talvez poderem comer um prato de comida, quando nem mesmo comida encontram ao revirarem lixo nas ruas ou lixões, disputando com animais, cachorros, ratos, porcos e urubus restos que são jogados como lixo doméstico ou comercial.

A Cáritas Brasileira em suas atividades destaca três tipos de fraternidade/caridade: a) assistencial/emergencial (dar o peixe, pão a quem tem fome e água a quem tem  sede) ou seja, como fez o Bom Samaritano “viu, sentiu compaixão e cuidou dele” referindo-se ao homem assaltado que estava morrendo `a beira da estrada, como milhões de excluídos mundo afora, inclusive em nosso país, desempregados, subempregados, morando em habitações sub-humanas, passando frio e fome; b) caridade/fraternidade promocional (ensinando a pescar), levando que as pessoas excluídas tenham novas oportunidades de se inserirem produtivamente na sociedade, no mercado de trabalho, na economia, e, c) caridade libertadora (pescando juntos/juntas), como fez o Bom Samaritano, além de socorrer o homem que estava `a beira da estrada/da sociedade, levou o mesmo para uma hospedaria e pagou ao dono da hospedaria tudo o que era necessário tanto para curar as feridas da violência sofrida, como tantas vitimas em nosso país, como as mulheres violentadas por seus conjugues, companheiros ou jovens que caem nos laços da drogadição e que precisam de tratamento, de cuidados médicos, hospitalares e um acompanhamento.

No caso do Bom Samaritano, disse o mesmo ao dono da hospedaria, “faz tudo o que for preciso para restaurar-lhe a saúde e a vida”, deixando algum dinheiro e dizendo, se os gastos forem maiores, quando “eu retornar” lhe pagarei a diferença.

Será que os orçamentos públicos tem destinado recursos suficientes para atender as necessidades básicas de saúde pública, educação, justiça, segurança, habitação, saneamento básico, capacitação para que os excluídos de hoje não continuem excluídos eternamente em nossa sociedade?

Será que nossos governantes não poderiam implementar politicas públicas que reduzam a concentração  de renda, riqueza e oportunidades não mãos, bolsos e contas bancárias das elites dominantes no Brasil ou em paraísos fiscais, dos marajás da República, como acontece com as bilionárias renúncias fiscais, incentivos fiscais, anistias a grandes sonegadores, que a cada ano, somam mais de 25% dos orçamentos públicos, maiores do que a soma de tudo o que os poderes públicos “gastam/investem” em saúde pública, educação pública, segurança pública, meio ambiente, saneamento, habitação social?

Com toda a certeza nossas instituições governamentais estão muito mais a serviço dos donos do poder, dos poderosos, do que da grande massa dos excluídos, esses com certeza continuam sofrendo `a espera do Bom Samaritano dos dias atuais.

Finalmente, o terceiro tipo é a caridade/fraternidade/solidariedade libertadora, que representa o “pescar juntos”, quando não apenas sentimos emocionalmente ou verbalmente a dor do próximo, mas nos colocamos ao lado dele, dos excluídos, dos injustiçados, dos violentados para não apenas o levantarmos mas também caminharmos ao lado dele, apoiando suas lutas, buscando vencer seus desafios materiais, humanos, emocionais, políticos, econômicos, sociais e espirituais.

A Caridade/fraternidade libertadora representa uma luta contra todas as formas de injustiças, contra os privilégios, contra a corrupção, contra o consumismo, contra o desperdício, contra a degradação ambiental e a favor do que o Papa Francisco denomina de ECOLOGIA INTEGRAL, corporificada tanto nos evangelhos, quanto na Doutrina Social da Igreja e nos ensinamentos dos profetas, relembrando uma passagem bíblica que diz “se os profetas se calarem, até as pedras falarão”. (Evangelho de São Lucas, 19:40). Este é o sentido de uma “Igreja em saída, uma Igreja missionária”, com a cara dos pobres e excluídos.

Portanto, neste ano de 2020 a CAMPANHA DA FRATERNIDADE exorta-nos, como cristãos, que a defesa da vida não se restringe apenas às formas de caridade/fraternidade assistencial, emergencial, promocional, mas também, e, fundamentalmente, que pratiquemos a caridade/fraternidade libertadora, caminhando ao lado dos excluídos, juntando nossas vozes, nossas ações politicas, sociais, culturais e econômicas a milhões de pessoas que aguardam a mão amiga de um BOM SAMARITANO.

O mundo e o Brasil principalmente, carecem  muito mais de BONS SAMARITANOS do que doutores das Leis, sacerdotes, religiosos e levitas omissos e coniventes com os atuais salteadores (donos do poder e classes dominantes) que roubam e violentam as pessoas em nossa sociedade, incluindo os salteadores dos cofres públicos  e dos orçamentos públicos, principalmente os de colarinho branco ou de outras cores e formas de vestimentas honoríficas.

 

*JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, sociólogo, mestre em sociologia, articulista e colaborador de alguns veículos de comunicação. Twitter@profjuacy Blogwww.professorjuacy.blogspot.com Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo." target="_blank" rel="noopener noreferrer" data-auth="NotApplicable">O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

Segunda, 13 Janeiro 2020 09:50

 


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Por Aldi Nestor de Souza*

 

Meses atrás aconteceu a seguinte palestra na UFMT

"Gestão de si: como afeto o mundo a minha volta quando cuido de mim."

Esse título, que nunca mais consegui esquecer, traz, a meu ver, duas palavras que são as mais graves doenças do nosso tempo.

Gestão e Mim.

E não são, na minha leitura, apenas doenças graves, são doenças que geram outras, igualmente graves, como depressão, ansiedade e empreendedorismo.

Que diabos é o MIM na fila do pão? quem é MIM? que importância tem o MIM ? Pra que serve o MIM? Que faz o MIM ? Só uma sociedade gravemente enferma perde tempo com o MIM e dá a ele uma importância que, evidentemente, não tem. MIM e nada é exatamente a mesma coisa. Dá bola pro MIM só serve pra deixar um bando de MINS com cara de quem engoliu um vereador. E, portanto, suscetível às mais corriqueiras doenças que acometem esses ansiolíticos dias.

E Gestão? Pra começar, é uma palavra completamente desnecessária. Todo mundo consegue viver sem ela numa boa. Em qualquer que seja a repartição, tem um diretor, um presidente, essas coisas. Mas gestor não existe. Gestor é um misto de nada com coisa nenhuma que só serve pra fazer o sujeito pensar que é um MIM. Além disso, Essa palavra só passou a ser usada, assim como gripe, bem recentemente, no bojo do desenvolvimento neoliberal, que pretende transformar a coletividade num bando de MINS, sisudos, isolados, doentes e "gestores de si".

A tal palestra foi proferida por uma Coach. E aí, desde esse dia, todo o tempo livre que tenho uso pra tentar descobrir o que faz um(a) coach.

Nesses recessos vadios de fim de ano, portanto, tô metido nas leituras do mundo dos coaches. Descobri hoje, mesmo sem saber ainda o que faz um coach, que existe "coach quântico" e que significa o seguinte.

"O Coaching Quântico é uma imersão em busca de você mesma(o). É uma jornada para despertar o seu potencial infinito de se realizar e obter os melhores resultados na sua Vida Pessoal e Profissional."

Uma outra definição é a seguinte:

"COACHING QUÂNTICO -
Uma Imersão para Despertar seu Potencial Evolutivo e Girar a Chave da sua Vida!"

Uma terceira definição flerta com a física quântica e um tremendo bafafá com os físicos pode ser conferido na Internet

"Por definição, coaching é uma metodologia que busca elevar a performance de um indivíduo ou grupo, atingindo os objetivos e resolvendo problemas. Já quântico é um termo que pertence a uma teoria que acredita que todos os seres humanos são formados por energia e estão conectados por meio dela. Dessa forma, o coaching quântico tem como objetivo o alinhamento energético. "

"Agora pare, pegue no bumbum
agora desce, pegue no compasso
pegue no bumbum
pegue no compasso
pegue no bumbum
pegue no compasso." É o tchan.

Descobri que vai haver um encontro em Recife, em Janeiro de 2019, sobre coaching quântico e que, dentre outras coisas, vai ensinar o seguinte:

- A voz do mentiroso:

Como identificar a voz do mentiroso que opera dentro de você e o desvia do seu propósito e de ter uma vidafeliz e abundante?

- Libertação do mentiroso:

Como se libertar do mentiroso?

- Como se transformar num Ímã:

Como atrair a abundância e saúde para a sua vida, qualificar seu relacionamento atual ou atrair um novo relacionamento, um novo emprego, uma nova viagem para um novo lugar, ou uma incrível viagem para dentro de você?

Então: O que esperar de um MIM quântico, empreendedor e GESTOR de si mesmo, além do aquecimento da indústria dos tarjas pretas, das armas, da violência, da intolerância, do terrorismo e do fascismo?


*Aldi Nestor de Souza
Professor do departamento de Matemática da UFMT/Cuiabá
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Sexta, 10 Janeiro 2020 12:32

 


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Fernando Nogueira de Lima*

 

Dia desses, andava eu à toa num shopping quando me vi diante do José Saramago. E, então, para não perder a oportunidade de conversar com o Nobel de literatura me dirigi até ele e manifestei esse meu desejo. Pois bem, minutos depois, confortavelmente sentado em um dos bancos espalhados naquele espaço comercial, iniciei uma agradável e instigadora conversa com o escritor português sobre o pedido de perdão da Igreja Anglicana a Charles Darwin, que se deu por ocasião da comemoração dos duzentos anos do seu nascimento.

De saída, colocando em dúvida a existência deles, afirmou que para os leitores ingênuos isso é uma boa notícia. Esclareceu que nada tem contra pedidos de perdão que, segundo ele, ocorrem quase todos os dias por uma ou outra razão. Todavia, apressou-se a colocar em dúvida sua utilidade, pontuando que mesmo se o Darwin fosse vivo e aceitasse o pedido não apagaria uma única das injustiças sofridas. Assim, o único beneficiado é mesmo a Igreja Anglicana que, sem despesas, veria aumentado seu capital de boa consciência, disse ele.

Não parou aí e lançando mão da ironia como figura de linguagem, recurso linguístico cada vez menos utilizado entre nós e quando empregado cada vez menos compreendido, disse que deveríamos agradecer o arrependimento, ainda que tardio, pois talvez estimulasse o Papa Bento XVI a também pedir perdão a Galileu Galilei e Giordano Bruno, destacando que este cristão foi caridosamente torturado até a fogueira em que foi queimado.

Distanciei-me dos seus argumentos e fiz considerações sobre o perdão na perspectiva de quem perdoa que, a meu sentir, nada tem a ver com esquecer o que se deu, e sim com deixar de sofrer ao se lembrar do ocorrido. Afirmei que perdoar alguém pós-morte ou a quem pede perdão movido pelo arrependimento, ao assumir os erros do seu proceder reconhecendo a injustiça cometida e os males dela advindos é opção para deixar a vida seguir em frente, virando páginas de um passado ruim do livro da vida, que insiste em se fazer presente.

Destaquei, também, que guardo comigo boa dose de desconfiança quanto às verdadeiras motivações para o remorso transformado, tardiamente, em ação. Pois, mesmo diante da hipótese de benefícios para a história, para a ciência, para descendentes ou para a popularização da prática do perdão, aqui e alhures, nada mais é do que uma súplica inútil. É um grito solto aos quatro ventos, porém, sem eco advindo de quem não pode mais perdoar.

Por conta de compromissos outros tivemos de suspender a conversa, convencidos de que iríamos nos encontrar outras vezes - não mais ali, para dialogarmos sobre este e outros assuntos do cotidiano da vida e sobre alguns personagens da história contemporânea. Então, antes de nos despedirmos, conclui meu raciocínio anterior dizendo que em relação a quem não tem consciência do erro cometido ou a quem não carrega culpa pela atitude perpetrada não há que se falar em perdão, e que, nesses casos, resta apenas o diálogo ou a indiferença.

Creio que você deve estar se questionando: o José Saramago? Dias desses? Como assim? Apresso-me a explicar: na verdade, estava eu no tal shopping quando vi um Sebo Cultural para onde me dirigi de imediato, e lá o olhar se direcionou para um dos livros que estavam à mostra na vitrine principal, qual seja o Caderno de José Saramago que contém os textos escritos para o seu blog, durante setembro 2008 a março de 2009. Após comprá-lo, sentei-me no banco mais próximo e vivenciei momentos de excelente leitura e de boas reflexões.

A propósito do tema daquela conversa fictícia, para os que falam que é fácil dizer que temos de perdoar, difícil é fazê-lo, eu respondo que na vida as coisas são simples, nós é que as complicamos em demasia. Parafraseando Ataulfo Alves e Mário Lago, no samba “perdão foi feito pra gente pedir”, assevero: perdão, por ser uma atitude que pressupõe uma via de mão dupla foi feito pra gente acolher e assegurar a plenitude dos benefícios atinentes, dentre eles o de viver sem mágoas e sem ressentimentos.  Em paz com os outros e consigo mesmo.

Por fim, atenho-me a reminiscências de um filme que assisti há muito tempo. Dele, recordo-me do final em que os protagonistas que vivenciavam uma separação litigiosa se encontram, por acaso, quando vinham em direções opostas pela mesma calçada. Diante um do outro, se entreolharam, e em seguida, ele ou ela – não lembro mais quem, disse: perdoe-me. Nada mais foi dito, apenas abraçaram-se carinhosamente e depois, braços dados, seguiram juntos e em paz na mesma direção. Assim terminou o filme e assim termino este texto. 

Que o Ano Novo seja tempo para viver em paz com os outros e consigo mesmo. E, quiçá, também seja tempo para declínio do antagonismo estéril e avanço do pensamento crítico, em prol do bem comum.  

 

*Fernando Nogueira de Lima é engenheiro eletricista e foi reitor da UFMT

Sexta, 10 Janeiro 2020 12:29

 

 

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Artigo enviado pelo Prof. aposentado da UFMT, Juacy da Silva

Soleimani, as manobras de Trump alarmam o Papa. No Vaticano, código vermelho Fonte: Site www.ihu.unisinos.br 06/01/2020 

AGRAVAMENTO DA CRISE NO ORIENTE MÉDIO 2020

Soleimani, as manobras de Trump alarmam o Papa. No Vaticano, código vermelho

Fonte: Site www.ihu.unisinos.br 06/01/2020 

Soleimani, as manobras de Trump alarmam o Papa. No Vaticano, código vermelho

"O assassinato do general Soleimani não ocorreu no curso de uma "ação militar normal". Foi o assassinato planejado e espetacularizado de um altíssimo expoente do Irã. Uma exposição do poder soberanista", escreve Marco Politi, vaticanista, jornalista, escritor, professor universitário, e autor do livro intitulado "A solidão de Francisco: Um Papa profético, uma Igreja na tempestade", em artigo publicado por Il Fatto Quotidiano, 05-01-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

No Vaticano, código vermelho. O pontífice acompanha constantemente os eventos em curso entre Teerã e Washington. O assassinato do general Soleimani ocupa as manchetes do Osservatore Romano desde 3 de janeiro.

A escalada de violência de Donald Trump preocupa gravemente o Papa Francisco. O cardeal Peter Turkson, prefeito do dicastério para o Desenvolvimento, denuncia a incumbência de uma "espiral de vingança com todos os sinais ... de tensão e de guerra". O núncio do Vaticano no Irã enfatiza fortemente nas últimas horas um conceito básico de Francisco: "A boa política está a serviço da paz, a comunidade internacional deve se colocar a serviço da paz".

L'Avvenire, o jornal da CEI, reflete com precisão (e com maior liberdade por não ter vínculos diplomáticos) o clima que reina na comitiva papal. A eliminação do general iraniano Qassem Soleimani - escreveu em um editorial de primeira página - “é um frio assassinato … reflete a atitude incompreensível e indefensável do governo Trump, que parece agora proceder sem nenhum planejamento estratégico sério, de forma impensada, manobras impulsivas ... ".

O pontífice sempre discorda de operações militares unilaterais, disfarçadas em boas intenções, porque vê seus propósitos de poder. Em 2015, falando às Nações Unidas em Nova York, ele lembrou que "não faltam provas graves das consequências negativas das intervenções políticas e militares não coordenadas entre os membros da comunidade internacional". Foi ainda mais claro na entrevista coletiva em seu retorno da Coreia do Sul, em agosto de 2014: "Precisamos ter memória! Quantas vezes, com essa desculpa de deter o agressor injusto, as potências se apoderaram dos povos e fizeram uma verdadeira guerra de conquista! Uma única nação não pode julgar como parar um agressor injusto".

Vaticano tem uma memória longa, não raciocina seguindo a métrica dos tweets, mas das décadas. No Vaticano, lembram que João Paulo II foi contra a empreitada estadunidense no Afeganistão e, em 2003, desenvolveu todas as ações diplomáticas possíveis para impedir a invasão do Iraque defendida pelo presidente Bush e baseada em alegações totalmente falsas de posse de armas de destruição em massa por parte de Saddam Hussein. As guerras no Afeganistão e no Iraque foram um desastre para os Estados Unidos e o Oriente Médio e alimentaram poderosamente o surgimento do ISIS e uma onda sangrenta de terrorismo em todo o mundo. Os efeitos ainda são sentidos hoje.

A diplomacia do Vaticano é prudente, não alimenta ilusão sobre manobras, ataques, atentados provocados nos últimos anos pelo Irã; mas ninguém tem a menor dúvida sobre a responsabilidade de Trump nos dias de hoje de abandonar o "conflito de baixa intensidade" que opôs os iranianos aos estadunidenses (e seus respectivos aliados) nos últimos anos, provocando uma escalada de violência com resultados imprevisíveis. O assassinato do general Soleimani não ocorreu no curso de uma "ação militar normal". Foi o assassinato planejado e espetacularizado de um altíssimo expoente do Irã. Uma exposição do poder soberanista.

No Vaticano, também não esquecem a ação negativa exercida nessas décadas pela direita expansionista israelense, que no início do século (primeiro-ministro Ariel Sharon) instigou sistematicamente os líderes estadunidenses a agir contra Saddam Hussein e que, nos últimos anos, sob o governo Netanyahu - em uma mistura de fanatismo nacionalista e fundamentalista - incitou contra o Irã para eliminar qualquer contrapoder no cenário do Oriente Médio que pudesse retardar a crescente anexação de territórios palestinos.

O objetivo último de Netanyahu - a diplomacia do Vaticano registrou isso atentamente - é anexar o vale do Jordão. O editorial do Avvenire fala claramente: “Aproximar-se de um conflito aberto com o Iraque (é) um objetivo nem tão velado pelos falcões em torno de Trump ou pelos lobbies ligados aos círculos de poder mais radicais de Israel e da Arábia Saudita que influenciam o errático avançar da Casa Branca”.

Fechado no Vaticano, o Papa Francisco está medindo as palavras. Certamente abordará a questão na próxima reunião com o corpo diplomático. Mas a diferença entre a Santa Sé e Washington ampliou-se dramaticamente. O pontífice não perdoa Trump por ter se retirado do acordo com o Irã sobre a energia nuclear e por sabotá-lo abertamente, nem por ter legitimado as pretensões de anexação israelense sobre a parte oriental árabe de Jerusalém, das colinas sírias de Golã, das "colônias" implantadas ilegalmente em terras palestinas.

Francisco está alarmado com a crescente ideologia soberanista em Washington e em outros lugares. "O soberanismo é um exagero que sempre acaba mal - afirmava em agosto passado em uma entrevista ao jornal La Stampa. Leva a guerras".

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Sexta, 10 Janeiro 2020 12:23

 

Cuiabá - MT, 20 de dezembro de 2019. 

Ilmo. Prof. Aldi Nestor de Souza

MD. Presidente da ADUFMAT-S.SIND 

NOTA SOBRE OS 28,86% 

Em atenção ao que pedido da Diretoria da Adufmat, seus advogados, informam o seguinte. 

Sobre a situação dos nossos recursos (Reclamação e Agravo de Instrumento), ainda não tem decisão, assessoria jurídica esteve no dia 12/12//2019, em Brasília no TRF1ª Região, em audiência com a Chefe de Gabinete Dra. Angela, do Desembargador Francisco Neves, para tratar dos 28,86%, ela informou que nosso recurso já está no setor de processos que vão ser pautados, e que o Desembargador Relator do processo esta de férias e retorna no inicio de fevereiro de 2020, ficando combinado com a Chefe de Gabinete que entre fevereiro e março o processo vai ser julgado. 

Atenciosamente, 

Alexandre Luiz Lozano Pereira

Mauro Menezes

Gustavo Teixeira Ramos

Verônica Quihillarda Irazabal Amaral

Sexta, 22 Novembro 2019 23:03

 

A Diretoria da Adufmat-Ssind, no uso de suas atribuições regimentais, convoca todos os docentes sindicalizados para Assembleia Geral Ordinária a se realizar:
 
Data: 27 de novembro de 2019 (quarta-feira)
Local: AUDITÓRIO DA ADUFMAT 
Horário: às 13h30 com a presença mínima de 10% dos sindicalizados e às 14h, em segunda chamada, com os presentes.

Pontos de Pauta:

1- Informes;

2- Análise de conjuntura;

3- Estado de greve;

4- Escolha de delegados para o congresso do Andes;

5- Eleição para Reitoria.

   

 
Cuiabá, 22 de novembro de 2019. 

Aldi Nestor de Souza

Diretor Geral da ADUFMAT-Ssind

 

Terça, 29 Outubro 2019 21:49

Convidamos todos(as) para a Reunião de mobilização pra assembleia universitária:
 
Data: 31/10/2019 – (quinta-feira)
 
Horário:  09:00h
 
Local: Adufmat
 
Pauta
 
1- Informes;
 
2 - Análise de conjuntura;
 
3- Mobilização pra assembleia universitária. 
 
A reunião será transmitida por video conferência para os campi do interior. 
 
A Diretoria

Quinta, 19 Setembro 2019 12:06

 


****

O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 **** 

 

 
JUACY DA SILVA* 

Um jornal de grande circulação nacional, em seu caderno especial sobre a Natureza, nesta última sexta feira, 13 de setembro, trouxe uma reportagem/matéria especial, com fotos, com o titulo “Justiça não condena nenhum desmatador da Amazônia investigado pelo MPF nos últimos cinco anos”, tendo como base informações de autoridade que tem conhecimento de causa e responsabilidade pelo que disse.

Essas informações foram transmitidas ao repórter que elaborou a matéria estampada tanto no jornal impresso quanto veiculado em um noticiário televisivo, com grande audiência no horário nobre, da seguinte maneira “Procurador do Ministério Público Federal da força-tarefa da Amazônia diz que impunidade estimula a prática de crimes na região. Desde 2014 já foram feitas 10 grandes operações, mas ninguém foi preso.” 

Apesar disso, sempre que pode o Presidente Bolsonaro, seus ministros e alguns governadores criticam leis ambientais e a fiscalização dizendo que são práticas xiitas, caça níquel, fonte de corrupção e coisas do gênero e que tais organismos que deveriam fiscalizar estão infiltrados e aparelhados ideologicamente e cheios de pessoas que atrapalham o desenvolvimento, inimigas do agronegócio e outras atividades econômicas.

Diante disso e de tudo o que está acontecendo com o meio ambiente e a gestão pública no Brasil, a única conclusão a que podemos chegar é que está havendo muita impunidade e também grande omissão e conivência por parte de algumas autoridades e organismos públicos criados exatamente para proteger o meio ambiente e garantir a sustentabilidade, como um dos pilares do desenvolvimento nacional.

Essas são as verdadeiras causas e não apenas a falta de chuvas, de tanto desmatamento e queimadas no Brasil afora, que está, literalmente em chamas, não apenas na Amazônia  e no cerrado, os dois maiores biomas do país, mas em todos os demais biomas: Pantanal, Caatinga, Mata Atlântica (praticamente já extinta) e nos pampas.

Além de uma legislação ser bastante frouxa  e que pouco ou nada punem quando dos crimes ambientais ( vide casos de Cubatão, Mariana, Brumadinho, Barcarena e de tanto desmatamento e queimadas ilegais), o sucateamento dos organismos federais, estaduais e municipais de fiscalização ambiental, a lentidão das providências por parte do sistema judiciário eivado de tantas manobras protelatórias que acabam facilitando a extinção da maioria das ações e multas aplicadas, demonstram aos criminosos ambientais: madeireiros, garimpeiros, mineradoras, grileiros e invasores de terras particulares e públicas, como parques nacionais, terras indígenas e reservas florestais, APAs, nascentes de córregos e rios, e seus parceiros, gestores corruptos nos organismos públicos, que o CRIME AMBIENTAL É COMPENSADOR para seus lucros imediatos.

Mesmo com esta frouxidão e com um tantos desmatamentos e queimadas que estão cada vez mais chamando a atenção do mundo e impondo sacrifício para a população, afetando a saúde pública, degradando o solo, acabando com a biodiversidade, todos os dias assistimos reportagens, noticias ou vemos imagens que chocam qualquer ser humano, enfim, denegrindo a imagem do Brasil interna e internacionalmente.

Repito, mesmo assim, nossos governantes, vem fazendo coro com o OBSCURANTISMO AMBIENTAL de alguns setores, ao redor do mundo, que não acreditam que as MUDANÇAS CLIMÁTICAS estão acontecendo e que o aquecimento global e a destruição dos ecossistemas sejam balelas, que nada disso existe, que são ideias fabricadas e uma guerra ideológica, para prejudicar o “desenvolvimento" de países como o Brasil, EUA e outros mais, alguns chegam até a dizer que tudo isto é uma invenção da China para ampliar sua influência e dominar o mundo.

Antes, a esta teoria conspiratória era baseada no perigo  do movimento comunista internacional, mas com a queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética, o grande perigo mundial para essas pessoas continuam sendo o socialismo e o comunismo, capitaneado  principalmente pela China e seus novos satélites. E, neste contexto a questão ambiental faz parte desta teoria da conspiração contra a civilização cristã e ocidental.

Parece que para essas pessoas desenvolvimento significa destruição da natureza a qualquer preço incluindo a degradação dos solos, o envenenamento dos alimentos com uma carga imensa de agrotóxicos, a poluição do ar, tornando-o irrespirável, a transformação dos cursos d'água como os rios, os córregos, os lagos, as lagoas, o mar e os oceanos como temos presenciado cada vez mais.

Pior do que tudo isso, na visão dessas pessoas os indígenas, a população ribeirinha, os pequenos agricultores, os quilombolas, os ambientalistas, os defensores dos direitos humanos devem ser contidos ou até mesmo eliminados para não atrapalharem o progresso e os lucros dos empresários.

Somente com educação ambiental, com o despertar da consciência social, da cidadania e um freio nas maluquices de governantes insensíveis e descompromissados com a preservação ambiental e com a sustentabilidade teremos condições de salvar o Brasil e o planeta terra desta sanha criminosa e criar as possibilidades para um desenvolvimento verdadeiro que respeite a natureza, seja sinônimo de mudanças tecnológicas, que possibilitam aumento da produtividade sem desmatamento e uma distribuição equitativa dos frutos desse desenvolvimento e não apenas concentrando renda, riquezas e oportunidades nas mãos de minorias privilegiadas, enquanto milhões e milhões pessoas são excluídas e obrigados a viverem na miséria, com fome e excluídas politica, social e economicamente.

Degradação ambiental, destruição da natureza, extinção da biodiversidade, crimes ambientais, desmatamento e queimadas ilegais favorecem apenas apetites econômicos imediatistas e insaciáveis que, de fato estão colocando em risco o equilíbrio e a sustentabilidade do PLANETA TERRA e da MÃE NATUREZA, a começar pelo Brasil.

Um dia, todos e não apenas esses criminosos irão pagar esta conta, na forma de condições precárias do ar, das águas e do solo. Os indícios já estão surgindo nas mudanças climáticas, no aquecimento dos oceanos, no aumento de desastres naturais, na alteração do regime de chuvas, no assoreamento, a morte de rios e outros cursos d'agua; na falta d'agua e racionamento nos centros urbanos, nas represas que estão secando; nos oceanos que estão se transformando em uma grande cloaca e depósito de lixo mundial, nas migrações forçadas devido a desertificação e perda da fertilidade do solo.

Segundo dados da OMS, referentes a 2016,  só a poluição do ar matou em torno de 8 milhões de pessoas por ano no mundo, mais do que todas as guerras civis ou entre países, atos terroristas ou violência urbana juntas, mas parece que nada disso reduz a sanha dos criminosos do meio ambiente.

Volto a insistir, o Brasil, pela sua dimensão continental, pela abundância de recursos naturais não renováveis, pela riqueza de sua biodiversidade não pode se dar ao luxo de destruir, de forma insana o meio ambiente , mesmo que em nome do progresso, da soberania nacional ou do desenvolvimento. Tudo isso e, pior, invocando como justificativas, práticas predatórias de décadas ou séculos que em outros países e também no Brasil, promoveram um "desenvolvimento de terra arrasada", como a expansão desordenada das fronteiras agrícolas, a industrialização e urbanização de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e em diversas outros estados.
Exemplos como da morte dos rios Pinheiros, Tietê, Tamanduateí e todos os seus afluentes em São Paulo que se transformaram em grandes esgotos a céu aberto, que para serem despoluídos seriam necessários vários bilhões de reais ou da Baia da Guanabara e da Baixada fluminense que também são exemplos de destruição ambiental e tantos outros, como a transformação do Rio Cuiabá e seus afluentes  na maior rede esgoto a céu aberto do Centro-Oeste que já está contribuindo para a destruição do Pantanal.

Tudo isso, lamentavelmente, não tem servido de alerta para governantes incompetentes, omissos e coniventes que se sucedem nos postos do poder e que nada ou praticamente nada fazem para resgatar este passivo ambiental que a cada dia se torna maior e praticamente impagável. Esta é a herança que esta sendo deixada para as próximas gerações.

O tempo urge e não bastam ações improvisadas, intempestivas, paliativas e descontinuadas apenas para dar uma satisfação momentânea para a opinião pública nacional e internacional. Isto é o que eu denominado de aplacar temporariamente a fúria das massas, com a maestria que só os políticos e governantes demagogos sabem e conseguem fazer.

Afinal, se o Brasil é signatário da Agenda 2030 (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) da ONU e também da CARTA/ACORDO DE PARIS e outros tratados internacionais, significa dizer que o Estado Brasileiro e não o governo de plantão no momento desses acordos e tratados, assumiu pública e soberanamente diversos COMPROMISSOS INTERNACIONAIS indeclináveis, os quais deveriam servir de base para a elaboração de um PROJETO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO, que tenha por base a SUSTENTABILIDADE, a inclusão social e a justiça social, para que, de fato,  possamos nos orgulhar do país e dos governantes que temos, mas que ainda estamos muito distantes desta realidade, lamentavelmente!

Em tempo, transcrevo dois dos 17 OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL aprovado pela ONU , dos quais o Brasil é signatário e que, diretamente tem, como se diz, tudo a ver com o que esta acontecendo na Amazônia, no Cerrado e demais biomas brasileiros.

Objetivo 13: “Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos”, objetivos 15: “ Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda da biodiversidade”.

Diante das cenas deste fogaréu, de imensas áreas destruídas, de nuvens negras de fumaça que sobem pela atmosfera, impossibilitando a população respirar ar puro ou sequer poder ver o sol ou a lua, animais fugindo ou mortos pelo fogo, podemos perguntar: será que os nossos governantes, passados e atuais, estão realmente fazendo “o dever de casa”?

Só quem está sofrendo, direta ou indiretamente, com esta CALAMIDADE AMBIENTAL, que se agrava ano após ano, pode responder a esta pergunta.

*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de veículos de comunicação. Twitter@profjuacy Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. blog www.professorjuacy.blogspot.com