Quarta, 07 Agosto 2019 10:20

 

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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JUACY DA SILVA*
 

Existe uma certa visão “glamourizada”, um tanto romântica em relação ao processo de envelhecimento, com a qual eu discordo totalmente e uma das “provas” desta visão distorcida e nada realista  é quando passamos a denominar esta última etapa da vida humana como “melhor idade” ou “idade da sabedoria”, quando na verdade, como consta do dicionário da língua portuguesa “envelhecer = tornar-se velho ou mais velho”, ou “dar ou tomar aspecto de velho, de idoso, ou de antigo” ou de algo imprestável, trapo.


A outra pergunta que podemos fazer é o que significa “velho ou velha” pode ser tanto sinônimo de pessoa idosa ou em sentido mais amplo alguma coisa antiga, inservível, cujo destino quase sempre é o lixo, o abandono, o descaso. Ninguém ou pouquíssimas pessoas gostam de coisas velhas e, por extensão, isto também se aplica `as pessoas que estão quase chegando ao final da existência.


De um lado, as pessoas idosas estão muito mais propensas a uma série de doenças crônicas e degenerativas que praticamente vão destruindo o vigor físico, incapacitando tais pessoas em termos de movimentos físicos, capacidade cognitiva, incluindo as diversas formas e manifestações da demência.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, demência é uma síndrome, usualmente de natureza crônica, progressiva, incurável, degenerativa , quando muito “administrável”, causada por uma variedade de doenças cerebrais que afetam a memória, o pensamento, o comportamento e a habilidade de realizar as tarefas ou atividades do dia-a-dia.


Existem diversos e diferentes tipos de demência, cabendo destaque para as seguintes: Doença de Alzheimer, a que tem maior incidência; demência vascular, decorrente tanto por AVC – acidente vascular cerebral (derrames) quanto da hipertensão arterial, que provoca como se fossem “pequenos ou micro derrames”, afetando algumas áreas do cérebro; demência frontotemporal, demência por corpúsculos de Lewy, demência mista e também demência em pacientes que sofrem do mal de Parkinson, além de outros tipos.


A demência, como as demais doenças crônicas e degenerativas estão presentes de forma mais frequente nas pessoas idosas e aumenta `a medida que o envelhecimento avança, contribuindo muito para o processo degenerativo nesta fase da vida.


Apesar do avanço científico e tecnológico nas pesquisas nas áreas médica e farmacêutica, até o momento não existe cura para a demência, isto causa uma grande angústia tanto nas pessoas que são diagnosticadas com a doença quanto seus familiares, pois é como se fosse um filme que já assistimos e sabemos como será o seu final. É muito mais um filme de terror do que romântico, onde todos os personagens acabam felizes para sempre!

Neste sentido e contexto, a demência é como  o ocaso da vida humana ou vazio existencial, onde paulatinamente esses pacientes perdem a memória, suas lembranças e registros do passado, afetando o presente como algo fugidio, pois a cada dia a progressão da doença vai afetando também o dia-a-dia e como não poderia deixar de ser, as pessoas que sofrem de demência não conseguem projetar seu futuro, perdem a capacidade de sonhar e de imaginar o futuro. Ou seja, para si mesma, uma pessoa com demência perde (se esquece) seu passado, não se lembra do que aconteceu ao longo da caminhada; permanece se perdendo no presente e seu futuro é como um grande vazio existencial, não consegue imaginar-se no future.


No Mundo existem mais de 60 milhões de pessoas diagnosticas com algum tipo de demência, sendo que a grande maioria nos países emergentes ou subdesenvolvidos, onde os diagnósticos, por falta de professionais habilitados, como neurologistas, psiquiatras e psicólogos especializados neste tipo de doença e também pela falta de equipamentos de imagem ou cujos custos desses exames, geralmente não oferecidos por sistemas de saúde pública, indicam que o numero de pessoas que sofrem ou virão a sofrer com algum tipo de demência seja muito maior. Estima-se que para cada caso de demência diagnosticado no mundo, principalmente nos países emergentes e subdesenvolvidos, existam mais 4 ou 5 que jamais serão “descobertos”, diagnosticados e oferecidas alternativas, paliativos, para “administrar’ esta terrível doença. Ou seja, por volta do ano 2050 o número real de pessoas com demência serão mais de 250 milhões e não “apenas” 150 milhões como projeta a OMS.


A OMS elaborou um plano mundial para enfrentar a questão da demência, cujas projeções indicam um crescimento exponencial, para as duas ou três próximas décadas, tornando um dos mais sérios problemas de saúde pública no mundo, por três razões: a) pelo progressivo e rápido envelhecimento da população no mundo todo; b) pelo descaso, negligência dos sistemas de saúde e governos que pouco ou nada investem em pesquisas nas áreas de diagnóstico, descoberta de novos medicamentos e formas de tratamento,  e c) falta de alerta quanto as causas que podem levar `a demência, as quais estão presentes muitos anos ou décadas antes das pessoas serem consideradas idosas ou velhas, ou seja, bem antes dos 60 ou 65 anos.


Essas principais causas, conforme inúmeros estudos e pesquisas em diversas áreas são: a) idade/envelhecimento; b) fatores genéticos; c) gênero, no caso,  o surgimento da demência afeta proporcionalmente muito mais as mulheres do que os homens, agravada pela maior expectativa de vida das mulheres; d) tabagismo , alcoolismo e o uso de outras drogas “mais pesadas” que afetam o cérebro de maneira irreversível; e) hipertensão arterial/pressão alta, que provoca micro derrames no cérebro; f)  arterosclerose, colesterol, principalmente nas carótidas; g) obesidade, que ajuda a desencadear outras doenças degenerativas, também incuráveis e com graves riscos à saúde; h) homocisteína elevada; i) deficiência nutricional, principalmente deficiência de vitamina B-12 e outras mais; j) estilo de vida que facilite o surgimento de estresse; depressão, drogadição e complicações ou interação medicamentosa ou efeito colateral de diversos tipos de medicação, principalmente remédios controlados ou psicotrópicos, alguns que acabam em adição, inclusive moderadores de apetite e medicamentos para combater insônia.


Enfim, é fundamental que bem antes da pessoa iniciar o processo de envelhecimento possa realizar “check-up” com alguma frequência, incluindo visita a médico neurologista e outros profissionais para cuidar melhor da saúde, ai sim, criando condições para que a fase final da vida, seja menos dolorosa e com mais saúde e vigor físico, mental e emocional.


Lembre-se, a demência rouba a alegria de viver e o significado da existência humana. Para que esta fase da vida possa, de fato, ser considerada  a “melhor idade”, o que está muito longe de ser, principalmente no Brasil, onde o descaso de nossos governantes em relação à saúde publica é mais do que evidente, quando comparada com fases anteriores em que as pessoas desfrutam de pleno vigor físico, capacidade de sonhar e realizar seus sonhos, precisamos devotar mais recursos, cuidados e dedicação à saúde pública, caso contrário, em um futuro bem próximo teremos legiões de idosos pobres, abandonados, doentes e dementes. Esta é a realidade que está bem clara diante de nossos olhos, só não enxergam nossos governantes incompetentes e corruptos, que roubam impunemente preciosos recursos que deveriam ser destinados à saúde.


Precisamos despertar para esta realidade hoje, amanhã será tarde demais e só quem vive ou convive com uma pessoa afetada pelas diferentes formas de demência sabe o quanto é difícil, doloroso, triste e frustrante esta realidade.


A vida só tem sentido e significado se e quando temos consciência plena de nossa existência, nossa  realidade passada, presente e nossas projeções/sonhos de futuro. Sem isso, acabamos apenas vegetando e aos poucos vamos nos perdendo em um grande vazio existencial, onde a morte é apenas uma ponte que nos liga à transcendência imaterial ou espiritual.


*JUACY DA SILVA, professor universitário, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de diversos veículos de comunicação. Twitter@profjuacy Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com.br

 

Terça, 06 Agosto 2019 13:39

 

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Fernando Nogueira de Lima

Doutor em Engenharia Elétrica e foi reitor da UFMT

 

Num passado distante, quando os jovens despertavam desejos para a prática do sexo era comum ouvir de um dos membros da família o seguinte alerta: tenha juízo e não se envolva com mulheres casadas. Nem mesmo quando houver aquiescência do marido porque se a relação vier a lume, ele, guiado pela hipocrisia, terá lapsos seletivos de memória e encenando indignação irá para cima de você, disposto a lavar com sangue a honra colocada em suspeição.

 

Lembrei-me do aviso contra o triângulo amoroso consentido, por causa das atitudes e condutas de autoridades, de políticos e de formadores de opinião sempre que o malfeito caracterizado pelo uso indevido do erário público é denunciado. Diante de tanta corrupção, agem como se nunca tivessem desconfiado ou tido conhecimento da existência dessa roubalheira.

 

E haja lapsos seletivos de memória e encenações, revelando que a hipocrisia não se cinge tão-somente às relações amorosas. Basta olhar em volta para constatar que ela abunda espalhando no ar dos poderes constituídos, dos meios de comunicação tradicionais, das redes sociais e do cotidiano da sociedade em geral este, digamos assim, odor fétido, que somos forçados a sentir diariamente. E, entretanto, verdade seja dita: poucos são os que se incomodam com este fedor.

 

Em vez disso, uns se prestam a compartilhar gracejos e inverdades que não contribuem para minorar o mau cheiro. Movidos pelo interesse de perpetuar a fedentina, outros elaboram pautas que superabundam nas interpretações de personagens que invadem nossos lares com o propósito de nos distrair. Há também os donos da verdade e os desejosos de fama virtual - celebridades de ontem e anônimos de hoje, com manifestações que desprezam o bom senso ou até mesmo o senso de ridículo, e ainda assim creem que estão contribuindo para limpar esta sujeira.

 

Protestar em eventos musicais, decerto, não basta para mudar este estado de coisas. A realidade está a exigir um choque de sinceridade, tipo papo reto, que seja capaz de inibir a ação dos que se locupletam com o poder, relativizando até a honestidade como se fosse possível medi-la em escalas. Não sei vocês, mas estou farto de discussões estéreis, de desocupados teleguiados e dos que utilizam o mandato para enganar os incautos, para praticar encenações midiáticas ou para promoção pessoal - com postagens e pronunciamentos vazios de propósitos para o bem comum.

 

Este fazer política, com tanta hipocrisia e tamanha estupidez, a meu sentir, carece de respostas tipo aquela da linda e talentosa atriz que na novela, em horário nobre, mandava para deleite de todos, uns: vai te lascar. E mais, está a justificar atitudes que revelem destemor, dedo em riste e palavras ajustadas a cada situação. É que, fora da barbárie, tem de haver limites racionais para fazer valer esta ou aquela opinião, seja ela em prol da situação ou da oposição, esteja ela calcada em convicções ideológicas ou fincada na areia movediça da imbecilidade ou da conveniência.

 

É provável que os defensores do politicamente correto discordem da adoção dessas atitudes. Eu que não sou partidário de classificações inócuas fico aqui concebendo a hipocrisia que há em autoridades e em políticos que se comportam dentro da atitude dita politicamente correta. Não raro, nas suas falas adornadas por mímicas ou sem gesto algum - nem mesmo facial, explicam, justificam, prometem e tergiversam, mas, na prática, o que estão a dizer é: dane-se o povo.

 

Urge persistir, como anteparo ao espargir da hipocrisia e da alienação em massa, noutras formas de pensar e de agir na perspectiva da consciência desperta que permite distinguir entre o bem e o mal, entre a verdade e a mentira, entre a honestidade e a canalhice. Insistir em apontar na direção errada, depreciar as instituições, imputar o imputável ou negar o inegável só contribui para aumentar os excrementos já espalhados e os prejuízos para a população, decorrentes deles.

 

A continuar nessa toada vigente nos eventos musicais e nos meios de comunicação; nos poderes constituídos e nos desacreditados partidos políticos; nas eleições e no exercício do voto, resta-nos prender a respiração, se conseguirmos e o quanto pudermos, porque, certamente, a podridão continuará escorrendo por debaixo das mal cuidadas pontes da nossa jovem democracia e não haverá, daqui a um tempo, água suficiente para dar descargas e eliminar toda esta putrefação.

 

No mais, embora acredite no poder da mobilização do povo, tenho receio de que essa disputa para apontar se é a dita direita ou a dita esquerda que consegue levar mais gente às ruas esteja fadada a tornar-se, apenas e em vão, uma extensão das posições antagônicas e inconciliáveis estimuladas nas redes sociais. Que tenhamos, pois, a sensatez de não esquecer de que é a quantidade de votos nas urnas e não de pessoas nas ruas, que outorga mandatos populares.

 

 

Segunda, 05 Agosto 2019 10:34

 

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Por Roberto de Barros Freire*
 

Nosso presidente é falador, não perde uma oportunidade para emitir sua opinião. Mas, gosta de mentir, de falsear a realidade, de distorcer os fatos e de omitir qualquer verdade que negue sua versão distorcida de tudo e de todos. Além de mentir, ofende, despreza e maltrata a todos que não fazem parte dos seus próximos, que são a quadrilha da qual é o líder, principalmente a parentada que passeia de helicóptero ou ganha embaixada e mordomias, e seus apoiadores, tão ruins quanto o presidente, ou talvez piores, afinal, continuam avalizando um procedimento errático, desumano, ofensivo, agressivo e preconceituoso contra a maioria de nós, ao invés de ajuda-lo a tomar uma direção menos ruim.


Até o momento as únicas verdades que vi expressar, é que é a favor da tortura, da ditadura, que tem que matar as pessoas, que deve maltratar os inimigos políticos. No mais, mente sobre a ditadura, esconde as maldades cometidas pelos militares. Aliás, como na ditadura, não quer que se noticie notícias ruins, e se pudesse censuraria dos jornais aos organismos de pesquisas, deixando apenas que as notícias que lhe agradam sejam noticiadas.


O fato é que ele não sabe se portar como um estadista, não tem grandeza, ética, inteligência ou mesmo educação para ser um presidente. Um falastrão que diante do poder, sempre que pode, quer tripudiar de seus adversários, quer aniquilar inimigos. Um rústico que maltrata a todos, do presidente da OAB ao presidente do INPE, do representante do governo francês, aos repórteres que lhe entrevistam, ou governadores do nordeste, ofende sem necessidade, com o único intuito de ofender, pois que despreza a todos que não concordam com ele.


Não é que ele fala o que pensa, ele não pensa para falar. Ele não emite verdades, mas preconceitos, raivas, ódios, rancores, ressentimentos. Um presidente não pode emitir julgamentos sobre qualquer coisa, como ele faz, se intrometendo no cinema, no preço do diesel, na cartilha da escola, ou no trânsito: foi eleito para governar um Estado, não para dirigir nossas vidas. Não está no governo apenas para defender seus interesses e seus gostos, mas para desenvolver o interesse comum. Deve unir a população, não separá-la, estigmatiza-la, ou pouco ligar para ela, achando que sabe qual é a vontade geral.


Arrumando brigas com todos, ofendendo a maioria, desprezando os bons modos e a educação, vai destruindo tudo, os elos sociais, sem, no entanto, nada nos ofertar. O que está fazendo pela economia, pela segurança, pela saúde, pela educação, além de cortar verbas? Qual a sua proposta para melhorar nossos níveis educacionais, nossos parâmetros de saúde, nossa segurança particular?


Enfim, agora está empenhado em mudar os registros históricos, apagar pelo desprezo os documentos oficiais, ou seja, mentir sobre o passado ditatorial.

Nossa imagem é cada vez pior diante da comunidade internacional. Ao fim desse governo, retrocederemos ao século passado, e teremos que reconstruir nossas instituições, nossa economia, nossa história. O falante do presidente não para de jogar raiva e rancores contra tudo que foi feito antes dele, destruindo relações sociais, culturais e humanas. Prevalece os ataques diários a verdade de todos e os seus gritos ofensivos a dignidade dos demais.


Com certeza, a continuar assim, morrerá pela boca, pois que, mais cedo ou tarde, a maioria perceberá o mentiroso que realiza antigas e nefastas práticas políticas, com nepotismo, distribuição de cargos e regalias entre os seus. Dentre em breve, quando se perceber que andamos de lado e para trás, não irão mais querer os rompantes adolescente de Bolsonaro, mas atitudes dignas e maduras de um verdadeiro estadista.


Fosse um presidente mais humano e educado, com certeza não escreveria dessa forma, nem usaria muito dos termos aqui colocados. Ao faltar dignidade pelo ocupante do cargo, falta também educação nos seus comentadores e críticos, pois que se tem que falar só de coisa pequenas e miúdas, como as ideias do presidente.
 

*Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Quinta, 01 Agosto 2019 08:58

 

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Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Sem saudosismos dos governos anteriores, a verdade é que, a cada dia que passa, fica mais difícil aos que ainda cultivam a inteligência e a elegância na convivência social “já ir” se acostumando com Jair Bolsonaro. Sua capacidade de descer aos porões da ignorância é impressionante. Aliás, em eventual competição de aberrações verbais com Trump, o brasileiro daria goleada no estadunidense; e olhem que vencer Trump, nesse quesito, não é pra qualquer um neste planeta, mesmo repleto de gente estúpida! Para se obter essa conquista, há de ser, no mínimo, mais desumano do que aquela figura do Hemisfério Norte.

Dito isso, começo lembrando o lema “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, com o qual Bolsonaro chegou aonde chegou. Assim, como cidadão que sempre se preocupou com cada detalhe da história de seu país, a despeito de tantos comentários já expostos, eu também não vou perder a chance de opinar sobre as declarações de Bolsonaro a respeito da morte de Fernando Santa Cruz, pai de Felipe Santa Cruz, presidente da OAB.

Como é sabido, Fernando, à época, com 26 anos, era funcionário público e estudante de Direito; ele também militava no Movimento Estudantil, que era uma das mais importantes resistências ao golpe de 64 e, consequentemente, ao regime militar.

Pois bem. Em viagem ao Rio, em 74, como atesta um documento da Aeronáutica, Fernando desapareceu; ou seja, ele foi morto pela ditadura.

Conforme depoimento à Comissão Nacional da Verdade (CNV), o ex-delegado Cláudio Guerra disse que o corpo do militante teria sido incinerado na Usina Cambahyba, em Campos, Rio. Portanto, essa é a versão oficial do caso. Detalhe: por conta dessa versão, a família de Fernando recebeu, há pouco, o atesto de seu óbito.

Diante de versões oficiais, ao presidente da República, até como chefe das Forças Armadas, não caberia pôr em dúvida tais documentos. Bolsonaro não só fez isso, como expôs seu lado cruel, dizendo, publicamente, que poderia falar quem de fato matara Fernando. O presidente, criando sua própria verdade, sugeriu que a morte de Fernando se dera não por militares, mas por companheiros da esquerda.  

Afinal, por que Bolsonaro “desenterrou” um dos assassinados pela ditadura?

Por conta do ocorrido em Juiz de Fora, quando teria levado uma facada de Bispo (ironia esse sobrenome) durante a campanha eleitoral 2018. Bolsonaro não entende que a OAB não pode, constitucionalmente, defender a quebra de sigilo telefônico entre o agressor/réu e seu advogado de defesa. Assim, como o presidente busca aparentar esse desejo, ele passou a atacar aquela entidade. Para tanto, personalizou sua ira ao presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, filho órfão, aos dois anos, de Fernando.

Não contente, no dia seguinte, ainda pôs em dúvida toda a seriedade do trabalho da CNV. Agora, é esperar pelos desdobramentos jurídicos e políticos que virão, pois a postura de Bolsonaro é inaceitável em todos os planos por onde se quiser pensar sobre isso. Deles, destaco o plano religioso, que parece ser o mote existencial por excelência da “excelência” em pauta.

Assim, não bastasse a sucessão dos escândalos de pedofilia na Igreja Católica, de aberrações de toda ordem por parte de líderes religiosos de outras vertentes cristãs, alguns cristãos socialmente importantes no Brasil – daqueles que já se veem sentados à direita de Deus Pai todo poderoso – estão, por conta de suas práticas diabólicas, colocando em xeque a própria filosofia cristã, por natureza, respeitável.

 

Sexta, 26 Julho 2019 11:56

 

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Publicamos a pedido do professor Vinícius Machado Pereira dos Santos. 

Em resposta ao espaço aberto que mostra uma foto de um grupo de pessoa em uma plantação de soja celebrando uma visita a uma fazenda de um dos maiores Latifundiários do Brasil, encaminho a Nota do MST em apoio a greve dos Professores do Mato Grosso.


PS: A foto mostra uma plantação de soja bem verdinha, coisa que só se encontra no estado até o final de dezembro, portanto é uma fake news?!

 

NOTA DE APOIO E SOLIDARIEDADE AO SINTEP MT: QUEM LUTA, EDUCA

 

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST de Mato Grosso, vem, por meio desta nota, reafirmar apoio e solidariedade aos/as trabalhadores/as da educação pública do Estado de Mato Grosso que estão em luta há quase dois meses, pelos direitos do povo de MT, especialmente da classe trabalhadora, para que se possa ter uma educação pública, gratuita e de qualidade, e para isso é necessário que tenhamos escolas dignas e que os/as trabalhadores/as da educação sejam respeitados/as e valorizados/as.

 

O Governador Mauro Mendes e seu vice, Otaviano Pivetta, através de suas intransigências e intolerâncias, tem se mostrado verdadeiros protótipos do governo Bolsonaro quando se trata das leis que protegem os trabalhadores/as. A Secretária da Educação, Senhora Marioneide, nada mais tem sido do que “a cereja do bolo” (desde quando estava no governo anterior) servindo apenas de enfeite, pois todos nós sabemos que são os dois Senhores feudais dos tempos modernos que negociam para comandar a pasta da educação, conforme os seus interesses privados, os interesses dos empresários da educação e do agronegócio. Estes Senhores não têm demonstrado nenhuma intransigência quando se trata de conceder e concordar com os privilégios aos privilegiados de Mato Grosso.

 

Estes Senhores feudais modernos são entreguistas, antipatriotas, capatazes das empresas estrangeiras que levam toda a nossa riqueza, deixando aqui apenas a destruição ambiental, o envenenamento do solo, da água, do ar, da fauna e flora que ainda resistem. E ainda, deixam aqui os miseráveis do campo e das cidades nas filas do desemprego, amontoados em bairros e comunidades rurais precários ou nas cadeias, quando não morrem pelas mãos do agronegócio, do tráfico organizado ou pelas mãos armada do Estado.

 

Este Senhores feudais modernos do Governo de Mato Grosso têm sido covardes ao usar de recursos públicos para financiar a imprensa, jornais e programas de televisão, utilizando, de forma mais baixa, mentiras relacionadas à greve, a dados de salários dos professores e maquiando as contas públicas para falsear a arrecadação do Estado e dizer que estamos em crise. Este Estado nunca esteve tão bem na economia. O fato é que eles continuam dando privilégios a eles mesmos e seus pares. Continuam sugando os cofres públicos através de incentivos fiscais para os privilegiados, que são as empresas estrangeiras do agronegócio (empresas dos venenos), os fazendeiros (Pivetta, Maggi e outros), as empresas de mineração (Mauro Mendes e outros) e tantos outras empresas que se enriquecem com a exploração do povo mato-grossense e acabando com as nossas riquezas naturais, como o cerrado, a amazônia e o pantanal.

 

Aos/as combatentes em greve, saibam que estamos orgulhosos de vocês. Estão dando uma das melhores aulas de suas vidas para a sociedade de Mato Grosso, especialmente para os demais servidores públicos que estão na tática de ficar quieto achando que não serão atingidos pelas políticas dos protótipos do governo Bolsonaro.

 

Nossos/as professores/as estão dando uma bela aula de enfrentamento ao Estado/agronegócio, com as mais variadas formas de lutas na tentativa de sensibilizar este governo que não tem mostrado nenhuma sensibilidade com os/as trabalhadores/as da educação pública e para com todos os estudantes e suas famílias que estão sendo atingidas pela greve devido a arrogância deste Governo de negar direitos adquiridos. Isso é típico de uma burguesia que governa com a cabeça nos EUA e Europa e de costas para o Brasil, fazendo aqui as suas merdas.

 

Estimados/os companheiros/as, QUEM LUTA, EDUCA, pois coloca a nu os problemas que não são mostrados pela maioria da imprensa mercenária que temos em MT. Uma imprensa que aceita o papel de alienar o povo, colocando cortinas de fumaça para que o povo não veja os responsáveis por sua miséria. Esta é a melhor aula de nossas vidas pois mostra quem de fato oprime o povo.

 

Conclamamos a toda sociedade mato-grossense a se unir e apoiar a greve dos professores/as e pressionar este governo de Senhores feudais modernos, pois o que está em jogo são os direitos da população mais pobre de MT e os direitos das futuras gerações.

 

Mais uma vez, o MST reafirma sua total solidariedade ao SINTEP, a todos/as grevistas e a todas as formas de lutas que estão sendo travadas.

 

Companheiros e Companheiras, o futuro à classe trabalhadora pertence.

Basta de ataques aos/as trabalhadores/as.

Educação não é mercadoria.

Todos juntos rumo ao dia 13 de agosto.

Pátria Livre! Venceremos!

 

Direção Estadual do MST - MT

Cuiabá, 24 de julho de 2019.

Quinta, 25 Julho 2019 12:10

 

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Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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A quem ainda não sabia, assim como o professor, a empregada doméstica etc., o escritor também tem seu dia no calendário: 25 de julho. Por isso, hoje, falarei da importância desses, seres, potencialmente, imortais.

Pois bem. Para comemorar a dada, em idos tempos, o título mais adequado a este artigo seria “Penas ao Escritor”. Todavia, as antigas “penas” já foram, há muito, substituídas pelos teclados das máquinas de escrever e, mais recentemente, pelas teclas dos computadores; aliás, os teclados inseridos em telas touch screen, que são as baseadas em sensores, como que de forma mágica, fazem aparecer e desaparecer as próprias teclas.

A despeito de tantas mudanças tecnológicas, ocorridas ao longo do tempo, que certamente impuseram a muitos escritores a necessidade de atualização, a importância do escritor à sociedade – mesma àquelas que não veem o menor significado a essa atividade, genuinamente humana – é de absoluta relevância, pois suas obras podem ser verdadeiros registros de identidade de um povo.

Nesse sentido, a título de reflexão, algumas breves perguntas: teria a Grécia Antiga, ainda hoje, a mesma importância, caso Aristóteles, Platão, Sócrates et alii não tivessem existido?

A despeito da força do império romano, mas, em perspectiva mais ampla, a Roma Antiga teria o mesmo peso ao Ocidente, não fossem as presenças de Virgílio, Cícero, Ovídio...

Na entrada da Idade Moderna, sem Camões, quem saberia das façanhas de Portugal, que, como poucos povos, soube “navegar por mares nunca dantes navegados”?

E o que seria da Inglaterra sem o brilhantismo de William Shakespeare? Da Espanha, se Miguel de Cervantes não tivesse existido?

No caso doméstico, destaco a importância da obra de um Gregório de Matos. No séc. XVII, o “Boca do Inferno”, como era conhecido, deu verdadeiras aulas de economia e política em sonetos, como o “Triste Bahia”, que pode nos remeter a uma “fotografia social” da decadência de seu tempo.

Do mesmo séc., como não se encantar com o Sermão da Sexagésima, que trata da arte da pregação, do Padre Vieira?

No séc. XVIII, é no mínimo necessário reverenciar a irreverência dos escritores tidos, pela Coroa Portuguesa, como inconfidentes.

Pouco adiante, um conjunto de romancistas românticos, mesmo atrelados aos modelos europeus, mostrou um Brasil por diferentes vieses. Assim, foi-nos possível, p. ex., conhecer os índios, os regionalistas, os urbanos de Alencar, as peripécias de um Leonardo Pataca de Manoel Antônio de Almeida...

Mais para o fim do mesmo século, sem desconsiderar as páginas de um Cortiço de Aluísio de Azevedo e outros tantos, como não se inquietar com as personagens de Machado, que, como poucos, ironizou o cinismo e a mediocridade da sociedade burguesa?

Por falta de espaço, vou encerrando essas pinceladas sobre a importância que tantos escritores têm para todos nós. Antes, convido indistintamente à leitura de obras de um Castro Alves, Lima Barreto, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Drummond, os três Andrades, Vinícius, Cecília, Cabral...

No plano regional, também há belos expoentes, tanto no verso, quanto na prosa. Nesta, para nossa felicidade, temos Felipe Holloway, que, há bem pouco, ganhou uma premiação nacional promovida pelo SESC. Assim, com o Legado de nossa miséria, título de seu romance premiado, presto minha homenagem/reverência a todo escritor que, arraigado ao seu tempo, mas universalizado em sua escritura, se dispõe a desnudar a alma de seu povo, compartilhando-a sem fronteira alguma a todos os seres humanos. 

 

Quarta, 24 Julho 2019 13:47

 

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Publicamos a pedido do prof. Ailton José Terezo

 

 

 

O professor Ailton Terezo, do Departamento de Química/ICET, realizou uma vista a Fazenda Tucunaré, de propriedade da AMAGGI, com objetivo de conhecer as boas práticas agrícolas adotadas pela companhia.

 

Durante a visita, além conhecer os processos, também foram discutidas melhorias quanto à estabilidade dos ingredientes ativos e das práticas para aplicação de defensivos agrícolas para o controle de pragas, doenças e plantas daninhas.

 

A visita contou com o acompanhamento do diretor da AMAGGI Agro, Pedro Valente; de um dos acionistas da empresa, Blairo Maggi; além de gestores e outros colaboradores da empresa.

 

Na ocasião, também, foi apresentada a Rede MT-NanoAgro, Rede mato-grossense de P,D&I em Nanotecnologia para Agricultura (www.redemtnanoagro.com.br) e os projetos com potencial de aplicação futura no campo.

 

Segundo o professor, a visita foi uma oportunidade para divulgar os trabalhos em desenvolvimento na UFMT, bem como contribuir com sugestões para melhorar a eficiência de alguns processos no campo.

 

O professor Terezo acredita que entender e controlar as características físico-químicas dos defensivos agrícolas, por exemplo, pode ser muito vantajoso em termos de ganhos em eficiência do processo.

 

Além disso, Terezo lembra que no cenário atual de dificuldades para manutenção básica das IFES, buscar parcerias é importante para manter as atividades de pesquisa e inovação tecnológica, visando garantir a formação de recursos humanos qualificados, para além do ensino restrito às salas de aulas.

 

O acionista Blairo Maggi destacou a importância da disseminação do conhecimento por parte da UFMT e também o valor da troca de conhecimento entre o meio acadêmico e o setor produtivo.

 

Fonte: Divulgação

Terça, 23 Julho 2019 10:28

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Roberto de Barros Freire*

 

Cada dia que passa, mais visível vai ficando o ditador na pele de presidente. Bolsonaro quer determinar que filmes devemos ver ou produzir, que os dados dos organismos de pesquisas que informam a todos a realidade das ocorrências – fome no Brasil e aumento do desmatamento na Amazônia (que de forma mentirosa o presidente diz ser uma mentira) – sejam submetidos ao seu escrutínio, permitindo ou não que tais informações atinjam a todos. Ele quer “filtrar” – censurar, proibir, perseguir – as informações que podemos ou devemos ter. Se considera o único detentor da verdade: nem organismos científicos reconhecidos internacionalmente, nem pesquisas realizadas com todo rigor possível e desejável, mas a sua opinião, ou seu julgamento, enfim, ele está acima de tudo e de todos, e quer determinar o que é certo, o que realmente ocorre, o que é verdadeiro ou falso. Que filmes podem ou não serem realizados.


Isso é inadmissível numa democracia, suas opiniões preconceituosas contra pessoas e organismos, seu julgamento raso, estúpido, ignorante, rústico e rasteiro está levando esse país para um descrédito internacional, denigrindo nossa imagem que já não é lá muito confiável, pelas constantes tentativas de nossos governantes de imporem suas idiossincrasias a todos, de negarem a realidade, como se pudessem enganar os estrangeiros, quando muito só ludibria os nacionais mais tolos.


Contra o aumento do desmatamento, sua proposta é o fim ou a censura a pesquisa que revela o fato, enfim, quer jogar fora o termômetro ao invés de erradicar a febre. Com a fome, apenas nega sua existência e acredita que com isso está encerrado o problema. Tem alguma proposta para mitigar a fome ou o crescimento do desmatamento? Sobre isso nada fala, fala contra os pesquisadores que levantaram esses dados, sobre a imprensa que só pega coisa negativa do seu governo, ou ainda resmunga pelo fato de ter sido o último a saber, como se fosse marido traído, quando os organismos estão alertando para o aumento do desmatamento no governo Bolsonaro desde o início, pois que liberou geral: não há mais multa, não mais investigação, não há mais problemas com os desmatamentos, há apenas pessoas que precisam aparentemente sobreviver da natureza, arrasando tudo que está a sua frente. O fato é que nada fez com os dados diariamente atualizado, ignorou solenemente enquanto pode, e negou o fato depois de não mais se poder esconder do público, pois que pertencem ao domínio público como ocorre nas democracias.


Ao invés de nos mostrar o que pretende fazer para diminuir o desmatamento, o que pretende fazer para acabar com a fome, como pretende melhorar nossos índices que não se alteram só com o seu discurso raivoso contra a verdade dos fatos, ocorre um silêncio, ou então começa a berrar seus preconceitos contra alguma outra coisa, por exemplo, contra os nordestinos, contra repórteres, contra professores, contra setores sociais. Ofender e maldizer é o que mais faz, depois de ficar flauteando pelo mundo e pelo Brasil com verbas federais participando de comemorações. Quando vai começar a trabalhar????


Ora, o sonho de todo tirano como Bolsonaro é exatamente censurar e controlar as informações que não pertencem apenas ao presidente, pois que são informações de interesse de todos e não apenas dos governantes. Todos nós temos direito a informações verdadeiras e corretas, realizadas por organismos competentes e reconhecidos. Bolsonaro sempre teve acesso privilegiados a essas informações, o que ele fez, foi solenemente ignorar e amaldiçoar os organismos de pesquisas, achando que sabe mais do que todos a verdade da Amazônia.


Só há uma forma de mostrar ao mundo que estamos realmente preocupados com o meio ambiente, quando mostramos ações protegendo-o, quando Bolsonaro só apresenta liberações e modificações na legislação ambiental para permitir a ampliação do desmatamento. Eis o que é claro e cristalino em suas ações. Quem mais combate o meio ambiente inclusive é o ministro do meio ambiente, alguém com processo ambiental nas costas.


Creio que nada é mais simbólico de uma tirania do que o fato dos governantes quererem determinar os produtos culturais, o que censurarão e o que permitirão que ocorra. O fato de Bolsonaro querer interferir no cinema nacional revela o ditador medíocre que o habita, que tenta disfarçar, mas que reaparece a todo momento, quando emite suas opiniões atrasadas e preconceituosa.
 
*Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Sexta, 19 Julho 2019 11:03

 

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Por Roberto de Barros Freire*
 

Que saudade da esquerda.... dela nada se ouve, pouco se sabe e se espera. Quais são suas propostas para a triste situação nacional? Que projeto defendem? Quando muito se sabe o que atacam, de forma fraca, inconsistente e quase sem repercutir pela sociedade.


Não! Não desejo a volta do PT ao poder, mas sinto falta daquele discurso defendendo escola, saúde e emprego, aquela luta pelo fim da desigualdade, aquela ideia utópica de igualdade de todos. Ainda que em grande parte possa ser tudo uma bobagem, acho importante que as diversas vozes sejam manifestadas, mesmo vozes equivocadas, pois a multiplicidade dos dizeres, tornam a fala de todos mais interessante. Hoje só se fala de previdência.....


E não vejo problema em haver vozes majoritárias, mas há problemas quando há apenas um discurso frequentando a praça. Há problemas quando pessoas se movimentam para impedir que outras pessoas se manifestem e que outras pessoas possam compartilhar dessa manifestação.


Naturalmente, a direita vitoriosa e sentindo a fraqueza da esquerda, se aproveita do momento e ocupa os espaços públicos, se não calando, inibindo bastante as antigas vozes esquerdistas. No entanto, ainda que possa haver uma pressão forte da direita para calar a esquerda, o fato é que a esquerda se calou, pois que falava até na ditadura, quando aí sim havia um forte motivo para se calar.


Parece não ter proposta, nem projeto, nem fins, nem princípios. Não deveria ter iniciado um movimento contra a perseguição de ideia ocorrida na FLIP ou agora em Santa Catarina? Não deveria encabeçar uma luta pela liberdade de ideias, afirmando o princípio da dignidade humana de poder manifestar sua opinião? Ora, uma coisa é ser contra uma ideia, outra muito diferente é tentar impedir que a pessoa se manifeste e impedir que outras pessoas queiram compartilhar dessa opinião.


Suas vozes hoje sussurradas parecem envelhecidas, esgarçadas. Defendem algo antigo que parece não caber mais num mundo onde as relações de trabalho e as formas de participação política já não correspondem mais aos seus tipos ideais. Ou ainda, combatem uma economia imoral quando ela é antes amoral, cria inimigos imaginários e não percebem seus reais adversários, enfim, vivem e agem como se ainda estivessem no século XX, quando o século XXI está a exigir pessoas com atitudes, mais do que engajadas em partidos políticos.


A imprensa pouco fala dos partidos de oposição, cada vez mais suas falas, suas percepções e sua opinião é menos consultada. Pouco ou quase nada podem fazer no Congresso, onde se tem propostas, elas não aparecem. Sem força política, também não tem competência para criar fatos ou motivar obstruções as posições majoritárias.


Temo que os partidos de esquerda se reduzirão ao ponto de se tornarem insignificantes. Sem falarem com os demais, voltados apenas para seus militantes e área de influência, não conseguem ultrapassar seus redutos, nem convencer os não convencidos, como fez a direita oportunamente sobre a triste repetição de antigas ladainhas da esquerda.
 

*Roberto de Barros Freire
Professor o Departamento de Filosofia/UFMT
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Quinta, 18 Julho 2019 14:19

 

 

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JUACY DA SILVA*
 

A jornada pode ser curta ou longa, pode demorar pouco ou durar muito tempo, mas toda ela deve ser percorrida, não existem atalhos que possam ser palmilhados como novas alternativas, alguns dizem que isto é um “carma”.


Cada pessoa tem uma cruz, que lhe é exclusiva para carregar, uma travessia que precisa fazer sozinha/sozinho, muitos fantasmas que precisam ser espantados, muitas miragens que precisam se aproximar.


O ocaso da existência humana não é nada fácil, mesmo que algumas pessoas teimem em dizer que esta fase pode ser denominada de “melhor idade”, esta forma de pensar ou se referir `a última etapa de uma caminhada que, quase sempre é complicada e triste, para se dizer o mínimo.


A fase final da vida, da existência humana é caracterizada, na maioria das vezes, pelo abandono, por parte de parentes, amigos, amigas, vizinhos; muitos e muitas das quais já se foram.


A solidão, a perda da consciência, as doenças debilitadoras, crônicas, degenerativas, a perda das funções vitais, as demências, a perda da consciência de sua própria identidade revelam um lado triste, amargo, cruel para quem, um dia foi ativo/ativa, tinha muita energia física, mental e emocional e espiritual, indicam que a jornada está caminhando por uma estrada sem luz, com muita escuridão.


Muitas pessoas ao cruzarem com quem esta caminhando rumo ao ocaso da existência, nem imaginam quem foram esses caminheiros, o que fizeram, o que sonharam e o quanto contribuíram para suas comunidades, afinal, depois de tanto percorrem os caminhos da vida, para muitos mais se parecem com “trapos humanos”, vegetando longe do que podemos dizer “dignidade humana”.


Basta visitarmos alguns hospitais, sanatórios, UTIs, albergues, casas de idosos ou mesmo muitos que vivem nas ruas e praças de nossas cidades, sem nenhum apoio, respeito ou consideração.


Os olhares desses viajantes solitários, ao se aproximarem da linha da chegada, cansados, exauridos pelo tempo e pela dureza da vida vivida, já perderam o brilho que os caracterizavam quando jovens, cheios de energia, sonhos, esperanças e vontade de lutar, vencer e parecem se perder no infinito, tão sombrio quanto os próprios desígnios da existência humana!


Assim milhões de pessoas, por este mundo afora, estão dando adeus à própria existência. Enquanto isso, o mundo não para, mais se parecendo com uma grande engrenagem que vai moendo impiedosamente todos nós.


De nada adianta beleza, vaidade, poder, dinheiro, cartões de credito, tratamento ”vip”, opulência, riqueza, badalações; um dia cada um de nós vamos nos defrontar com a linha da chegada e , quem ainda tiver consciência de sua própria existência, vai perceber que nosso destino comum é o mesmo: o fim da linha chegou!


A jornada terminou, a festa acabou e vamos alçar novos voos, como os pássaros, rumo ao infinito, desconhecido e por todos tanto temido, mas que inexoravelmente chegou!


Este será o momento da despedida, do adeus final, pois a jornada acabou, não poderá ser prorrogada e nem adiada! Quando iremos prestar contas do que fizemos, deixamos de fazer, como vivemos, por que e para que vivemos!


Pense nisso, caro leitor, prezada leitora! Reflita um pouco mais profundamente sobre seu presente e seu futuro, não se atemorize se já estiver vendo ou percebendo que a linha de chegada está bem ali, praticamente na esquina da vida! Nem tente correr para trás, isto é impossível! A vida vai terminar ou já terminou!


*JUACY DA SILVA, professor universitário, sociólogo, mestre em Sociologia, colaborador de diversos veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com