Segunda, 17 Setembro 2018 10:58

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Roberto de Barros Freire*

 

Com duas semanas de campanha política, se percebe que os políticos não nos respeitam, nem se preocupam conosco, e mais ainda, nos consideram tolos e ignorantes, ou mesmo estúpidos, quando não ofendem nossa inteligência. Muitos apenas dizem seus nomes e seu número, como se isso fosse suficiente para escolher um candidato, quando de fato apenas ocupam o tempo a nos chatear. Muitos dizem apenas o lugar de onde são oriundos, para cooptar os votos da região, sem apresentar nenhuma qualidade política. Muitos enunciam sua árvore genealógica como se isso fosse suficiente para torná-lo elegível, o que pouco ou nada diz dos méritos do candidato, pois ainda que a família seja afamada ou boa, não significa que todos seus membros o sejam. Só o fato de enunciá-los, seja a família, seja o local de origem, significa que não tem méritos próprios e se apega aos seus familiares ou a região, que provavelmente privilegiará em detrimento de todos nós, de outras regiões ou famílias, caso eleito.


A maioria dos candidatos quando enuncia algo realizável, não diz como fará. Outros dizem que são a favor da educação, da saúde e da segurança, como se alguém fosse contrário, mas nada diz sobre o que fará para que essas atividades sociais melhorem. Vários dizem que vão defender interesses ou setores econômicos ou categorias profissionais, sem mencionar que para tanto terão que prejudicar todos os demais profissionais e setores econômicos diferentes. Muitos só tocam músicas ridículas e cantam refrãos tolos, sem dizerem o que farão ou porque se consideram aptos a se tornarem nossos representantes. Todos ou quase todos não tem preparo para falarem em público e querem ser parlamentares. Ninguém apresenta qualquer projeto político razoável, ninguém sabe identificar quais são de fato nossos problemas, nem falam da necessidade de remédios amargos para consertar a crise nacional; todos prometem o paraíso inexistente e nada mencionam do inferno que a política e os políticos fizeram e fazem com esse país.


Quando criticam, criticam seus adversários, mas são incapazes de realizarem qualquer autocrítica. Escondem os presidiários que têm em suas fileiras. Muitos são políticos há muito tempo e nada fizeram (ou fazem) para as coisas melhorarem, e culpam apenas o governante, quando o governante, assim como nós, em sua grande maioria, são vítimas de parlamentos nefastos, mais preocupados em salvaguardar suas regalias particulares do que em acabar com as mordomias legislativas, executivas e judiciárias.


Nada falam sobre a realidade elementar da política, que o executivo pouco pode fazer e que quem manda é os parlamentares; são eles que distribuem as verbas, privilegiam setores sociais e econômicos, impedem o executivo de agir. E os candidatos ao executivo mentem que farão isso ou aquilo, quando dependem do aval dos parlamentares, e os parlamentares mentem dizendo que o problema está no executivo, quando quem estabelece os limites do mesmo é o legislativo.


O fato é que a cada dia de propaganda eleitoral, mais envergonhado fico, pois que se a elite é assim fraca, tola e ignorante, o que se pode pensar do grosso do povo, que tem pelo menos a sabedoria de não pleitear um cargo para o qual não vejo nenhum candidato com capacidade de exercer.
 

 

*Roberto de Barros Freire

Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Sexta, 14 Setembro 2018 16:48

 

 

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JUACY DA SILVA*
 

Já está mais do que na hora dos candidatos  a  Presidente da República, irem mais a fundo em suas propostas, discutirem outros temas, como A QUESTÃO DA DÍVIDA PÚBLICA, matéria que saiu no G1 Globo de hoje, 07/09/2018,  informando, segundo dados do Governo Federal ao enviar o orçamento de 2019 ao Congresso Nacional que em 2020 a DÍVIDA PÚBLICA brasileira vai chegar a 80% do PIB, mas que, segundo os dados do FMI , na verdade já no ano que vem deve chegar a 92% do PIB.
 
Sobre este assunto e tantos outros temas super importantes como a questão ambiental, a educação, a saúde publica, a retomada do crescimento, o desemprego, a infra estrutura e logística nacional, a modernização da máquina pública, a industrialização, o desenvolvimento científico e tecnológico, uma nova matriz energética que dê ênfase para as fontes alternativas como energia solar, eólica e biomassa e tantos outros, inclusive a própria segurança pública, os candidatos não falam nada ou apresentam apenas ideias vagas, desconexas, superficiais e simplistas, jamais dignas de um verdadeiro plano de governo e de uma GRANDE ESTRATÉGIA e agora com este atentado contra um dos candidatos, parece que essas questões fundamentais que o pais está enfrentando vai para a lata do lixo. Se os debates já eram pobres a partir de agora vão se tornar mais medíocres.
 
Nenhum candidato e nenhum partido tem um planejamento estratégico, uma visão moderna e arrojada para o Brasil, a chamada GRANDE ESTRATÉGIA de longo prazo. O mesmo acontece quanto às eleições para governador, onde as questões discutidas são extremamente vagas e, as vezes, substituídas por discursos de baixo nível, resvalando para ofensas pessoais e nada mais.
 
O Brasil e todos os Estados só  vão chegar a  um pais, estados, regiões desenvolvidos com sustentabilidade, mais justiça e melhor distribuição de renda e oportunidades , com maior peso geopolítico e estratégico a nível mundial quando sucessivos governo buscarem a realizaçao de uma GRANDE ESTRATÉGIA, que leve a um NOVO MODELO DE DESENVOLVIMENTO, como outros países, como a China, os EUA, a Rússia, a Coréia do Sul, Índia,  Alemanha, o Japão e outros mais fizeram quando deram um salto qualitativo e atingiram novos patamares no contexto internacional.
 
Se continuarmos  com as mesmas mediocridades, em termos de “classe politica” e governantes, nenhum Salvador da pátria vai dar conta do recado, quando muito vai acertar a vida de uma minoria que está em seu redor ou `a camada social a que pertence, enfim, os marajás da República, enquistados nos três poderes, nos estados e municípios.
 
“Independência ou morte”, assim bradou D. Pedro I, há 196 anos. Ante tanta violência que campeia abertamente e presenciamos em nosso país, estamos muito mais longe da independência  e mais pertos da morte, lamentavelmente. Talvez este possa ser um novo olhar para o que de fato entendermos por INDEPENDÊNCIA, comemorada palidamente, nesta data de 07 de setembro de 2018.
 
*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversos veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

Quinta, 13 Setembro 2018 09:35

 

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Por Aldi Nestor de Souza*


E justo agora que meu corpo caiu de preço, vou ter que mudar de endereço. A Universal comprou o prédio inteiro e o puteiro vai virar casa do senhor. Isso mesmo. O Senhor tá construindo um latifúndio. Já tirou o ganha pão de um monte de gente carente, que eu sei. Acabou com o cine pornô, com o sebo, com o bar da esquina e da frente, com a igreja concorrente. Até farmácia já comprou. Que horror. Eu, hein, brigar com Deus sei que não vou, mas que parece que ele gosta de concentração, lá isso parece. Ainda bem que não aprendi a fazer prece, senão eu estaria agora pedindo pra quem? Hein? Responda. 

Vou sentir falta, por uns dias, desse meu quartinho, das minhas coisas guardadas na mala em baixo da cama. Grandes coisas essas que somem dentro de uma malinha de nada. Acho que a gente é treinado pra sentir falta do nada que não tem. Merda. Mas falta é coisa que dá e passa e esse quarto nem é meu. Ainda bem. E você, vai sentir falta de que? Hein? Responda. 

Se fosse no tempo em que eu ainda sabia sentir dor, acho que estaria desesperada, aos prantos, protestando e brigando por aí feito uma destrambelhada. Tempo besta esse, ainda bem que já passou. Com a chegada dos anos, a gente se acostuma até com a morte. Sorte? “Tristeza não tem fim, felicidade sim”. Se até um poeta disse essa besteira, que direi eu que nada sou e que não sei dizer nada? Hein? Responda. 

A essas alturas, acho que vou mesmo é pra rua. Qual é a sua? Não é possível que o senhor vá querer me expulsar até de lá, né não? Vou me deitar no chão, olhar pro tempo, pro vento, pra nada, vou me proteger com a lua, com o sol, com um lençol. Um boquete atrás de um caminhão, dezão. Dá pro bagulho. Uma transa no capim, num beco, no seco, sem leito, assim feito os animais, liberais, degredados, filhos da erva. E ai de quem se meter a besta e querer dedurar o meu jeito de não ser, de não estar, de não existir, de não sentir. Vão todos pro senhor que os carregue. E você, vai pra onde? Hein? Responda. 

E quando eu tiver a imensidão da rua ao meu dispor, e tiver uma rua diferente por dia pra dormir, e puder escolher a calçada, e puder escolher o papelão, e tiver dormindo no chão, e tiver perdido a razão, acho que vou até ficar contente e agradecer ao senhor. Vida besta essa. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Hein? Responda.
 

*Aldi Nestor de Souza
Professor do departamento de matemática - UFMT/CUIABÁ
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Quarta, 12 Setembro 2018 12:52

 

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Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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No último dia 07/09, nós, brasileiros, tivemos poucos motivos para festejar a Independência. Contudo, não nos faltam traumas.

Assim que setembro chegou, assistimos, perplexos, à extinção, por conta de um incêndio, de cerca de 20 milhões de peças raras do Museu Nacional.

Nós, que estamos a vivenciar um presente dificílimo da história, e um futuro incerto a ser legado às novas gerações, agora, temos, do passado, preciosos registros destruídos: muitas cinzas. O que não se perdeu em chamas, perdeu-se em lamas. Em incêndios tais, a água é tão danosa aos objetos quanto o fogo.

No dia 06, outra faceta de nossa lama: o país assistiu – também perplexo e em tempo real – ao atentado contra Jair Bolsonaro, candidato que, infelizmente, lidera as pesquisas à presidência da República; aliás, cada vez mais, menos res pública.

Em plena campanha eleitoral, um fato como esse é de lascar, até por conta dos imprevisíveis desdobramentos. A democracia – desconsiderada, deslegitimada e humilhada por Jair Bolsonaro, defensor do militarismo e desqualificador dos direitos das minorias, como quilombolas, índios, gays et alii – levou uma facada; e no sentido literal. Pior: a vítima foi o próprio Jair.

Sem dó nem piedade, o pedagogo Adélio Bispo enfiou a faca no abdómen do candidato do PSL, que, no dia anterior, em visita ao Acre, dissera que fuzilaria a “Petralhada”; que “botaria esses picaretas para correr do Acre”.

Mais: “Já que eles (petistas) gostam tanto da Venezuela (em crise e com um governo anticapitalista), essa turma tem que ir pra lá. Só que lá não tem nem mortadela... Vão ter que comer é capim".

Nas hostis imagens que acompanham esse discurso, Bolsonaro simula um fuzilamento.

Como quase todos, os enunciados acima – proferidos por Bolsonaro – fazem parte do conjunto de discursos do ódio. A Adélio Bispo e a todos que jamais votariam em Jair, seus discursos são “nojentos”.

Todavia, pelo menos até o episódio da faca, mesmo diante de repugnâncias discursivas bolsonaristas, nada passava da parole. Até o tiro encenado por Bolsonaro era mise en scène. Ademais, o candidato Jair terá de explicar a agressão verbal e a encenação do fuzilamento. Por pior que fosse, ninguém tinha o direito de furar, de forma concreta, o plano simbólico deste tenso momento.

Em outras palavras, a facada de Adélio ultrapassou o figurativo; ela transpassou o abdómen de Jair, que defende o livre uso de armas à população. Aliás, especialistas falam da “sorte” de Bolsonaro não ter sido atingido por arma de fogo. Se Adélio portasse revólver, Jair poderia ter saído da vida em Juiz de Fora.

Com o ocorrido, Adélio, num exercício prático, demonstrou pedagogicamente ao candidato atingido e a seus séquitos – cegados politicamente – a maneira como muitas de nossas diferenças serão “resolvidas”, caso Jair Bolsonaro vença as eleições e implemente, p. ex., a liberação do porte de armas, inclusive aos niños. Neste momento, impossível não me lembrar de ditados, como o que diz que, “quem com ferro fere, com ferro será ferido”.

Diante desse quadro lamentável, para o qual deveremos encontrar saídas pelo diálogo entre patrícios, mesmo que divergentes no campo da política, a nação terá de voltar à noção perdida. Este triste time de nonsense terá de ser superado.

Lição do momento: não é bom ninguém “já ir se acostumando” com a violência. Ela não cabe nem mesmo àqueles que defendem pontos de vista e práticas inimagináveis em sociedades do século 21, como, p. ex., o porte de armas.

Diálogo: sempre. Armas: nunca.

Terça, 11 Setembro 2018 11:01

 

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Por Dirceu Grasel*
  

Como aconteceu nas eleições da maioria dos países pelo mundo afora, tudo indica que estamos caminhando da esquerda radical populista, incompetente e corrupta para a direita radical, ambas retrógradas, ultrapassadas e perigosas.

É tempo de falar muito e não dizer nada. Quando votarmos, temos que lembrar que existe uma grande diferença ENTRE SABER O QUE FAZER e SABER COMO FAZER. Não vejo nada em nenhum plano de governos ou discurso, sobre como fazer. É aquele mesmo conversê de sempre em época de eleição, quando surgem os salvadores da pátria.

Falando nisso, quem é Paulo Guedes, nunca ouvi falar. De uma hora pra outra virou o maior e melhor economista do mundo. O que sei é que li uma entrevista dele que parecia não ser editada e fiquei muito confuso. Precisei ler e reler para achar alguma consistência.

Na verdade este é o problema, a história se repete, é um ciclo em que a aparência muda para que a essência permaneça a mesma. É difícil ser otimista num contexto assim, especialmente quando existem indícios de que as coisas podem piorar.

Enquanto isso, estamos há quatro décadas sem planejamento e sem projeto de Brasil. Neste período o Brasil se tornou um paraíso para os especuladores e vem se desindustrializando, com a perda acelerada das poucas indústrias que geravam algum valor agregado. Tudo isso é agravado pela incapacidade de gerar conhecimento tecnológico que possa dar sustentação a um novo ciclo de crescimento e desenvolvimento econômico. Resultado, estamos recuando a passos largos e nos tornando sempre mais exportador de soja em grão, minério bruto e boi vivo.

*Dirceu Grasel
Professor FE/UFMT

Segunda, 10 Setembro 2018 16:12

 

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Por Roberto de Barros Freire*
 

O atentado contra Bolsonaro traz à tona o aspecto que vem caracterizando a política nas últimas eleições, a violência. Apenas dessa vez e nesse ano ela não tem sido apenas verbal, mas física e jurídica. Ofensas e ameaças são bradadas aos quatro ventos, no intuito de desqualificar adversários, e não é de hoje esse fenômeno. O candidato agredido fez ameaças aos “petralhas” recentemente. Verdade que era só bravata, mas ameaça é ameaça, e qualquer um que se sinta ameaçado e com visão estreita e sem ética, pode querer se livrar das ameaças e, principalmente, dos ameaçadores, como ocorreu. Quem semeia violência invariavelmente colhe violência.


Não foi a primeira violência política desse ano. Começou com a morte de Marielle, depois os tiros na caravana e no acampamento de Lula e agora uma facada no Bolsonaro. Não creio que irá parar por aqui, pois há no ar uma triste consciência que se deve retribuir o mal com o mal. Há um ódio rancoroso a guiar os sentimentos dos eleitores, onde as pessoas não querem debater ou discordar com adversários legítimos, mas antes aniquilar os supostos inimigos políticos.


Poucos percebem que retribuir o mal com o mal, ou considerar que se pode maltratar quem maltrata, não torna as pessoas melhor do que os maus, mas igual, tão mal quanto aqueles que querem “justiçar”, pois o que caracteriza e diferencia o bom do mau, é que o bom faz o bem mesmo aos maus. Aos vingadores falta apenas um pretexto para praticar o mal que carregam em si. Quem mata em legítima defesa ou acha isso justo, é um assassino em potencial, esperando um motivo para matar o próximo.


O fato é que a violência na política é reflexo de uma sociedade violenta, onde quase todos se consideram juízes do mundo, que podem fazer justiça com as próprias mãos, e desconfiam dos demais e das instituições, justificando suas ações nefastas nas ações alheias. Nossa violência social faz com que tenhamos mais mortes diárias do que em lugares onde há guerra civil, morre-se mais por bala aqui do que em quase todo resto do mundo. Matamos mais mulheres do que na maioria dos países, mais crianças. Mata-se muito atropelando ou tendo acidentes de carro do que em outros lugares da Terra, devido à violência no trânsito. Morre-se muito por balas perdidas.


E essa violência é culpa única e exclusivamente do nosso agir, da nossa cultura, da nossa formação fraca em humanidades, antirrepublicana e sem ética, imoralmente moralista (com os outros), onde não se luta para ser justo, mas antes apenas para não sofrer injustiças. Aqui não se desenvolve a confiança mútua, o principal capital social para o bom desenvolvimento de uma sociedade civilizada, mas a desconfiança geral e irrestrita, que faz com que tenhamos leis duras por desconfiarmos do uso que se possa fazer da liberdade alheia.


Por sorte, devido à dificuldade de se obter armas no país, o delinquente agressor usou uma faca: fosse nos Estados Unidos, Bolsonaro, que anda armado (arma que de nada adiantou), seria metralhado, talvez matando muitos mais pessoas com ele, como lá ocorre.
 
*Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filsofia/UFMT
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Quarta, 05 Setembro 2018 17:18

 

 

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JUACY DA SILVA*
 

Muita gente imagina que eleições resolvem os problemas que afligem o país ao longo de décadas ou séculos ou que um Salvador da pátria deverá emergir das urnas e, como em um passe de mágica tudo estará resolvido. Isto é uma grande mistificação, uma falácia, um grande engodo que precisa ser analisado, debatido para que o povo não caia em verdadeiras armadilhas que favorecem apenas os donos do poder, como tem acontecido ao longo da história de nosso país.


Eleições em uma “democracia” corroída pela corrupção das elites governantes e empresariais, pelo fisiologismo, pelo nepotismo e pelos privilégios dos marajás da República enquistados nos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, em todos os estados e municípios jamais será a chave para que o país encontre seu verdadeiro destino que abra espaço para que as camadas excluídos possam também terem o seu quinhão nos frutos do desenvolvimento.


Precisamos de reformas e transformações profundas das estruturas que favorecem a concentração de renda, riqueza, privilégios e oportunidades, que alterem radicalmente as estruturas politicas, econômicas e sociais; sem isso, cada eleição nada mais é do que um momento do despertar das esperanças do povo e, logo a seguir, voltar `as frustrações como temos vivido ao longo de tantas décadas. Por isso, precisamos refletir e conhecer melhor nossa história para deixarmos de ser enganados e manipulados por um marketing falacioso e oportunista.


A crise pela qual o Brasil vem passando e que a cada dia, cada ano se torna mais grave e quase insolúvel vem de longe. Basta olharmos para nossa história e vamos perceber que a mesma é pontuada por diversos momentos críticos e extremamente grave como o atual.


Dentro de pouco mais de uma década estaremos “comemorando” um século da chegada de Getúlio Vargas ao poder  e, desde então, nosso país vem vivendo “crises em cima de crises” ou “crises dentro da crise”. Se assim acontece podemos identificar, por exemplo, a constituinte de 1934 com uma constituição liberal, rompendo com as amarras da República Velha, da politica do café com leite; seguida de uma grande frustração nacional quando da decretação do Estado Novo, a ditadura civil, com apoio das Forças Armadas, que vigorou de 1937 até 1945, com a queda de Getúlio Vargas.


A seguir, o Brasil vive um período de relativa estabilidade politica com o governo do GENERAL/MARECHAL Dutra e o retorno de Vargas nos braços do povo, com sua eleição “democrática” e um novo período populista do antigo ditador, cujo governo acabou sendo fustigado pelas acusações de corrupção, cuja crise que levou o velho ditador e o tão aclamado “pai dos pobres” ao suicídio, em 24 de Agosto de 1954, seguindo-se um arremedo de crise que foi “pacificada” com a eleição de JK e seu governo desenvolvimentista e toda a farra/corrupção quando da construção de Brasília.


O Governo JK, apesar de sua característica pessoal de um presidente extremamente habilidoso e conciliador, não evitou algumas tentativas de golpe por parte dos militares, como aconteceu com as “rebeliões” de Aragarças e Jacareacanga.


Empunhando a Bandeira do combate à corrupção, cujo símbolo era a vassoura, demonstrando a vontade de varrer todas as safadezas, mau uso do dinheiro público, enfim, a corrupção que corria solta pelo Brasil afora, como nos dias de hoje, Jânio Quadros saiu-se vitorioso em sua cruzada, muito parecida com a atual, em tempos de LAVA JATO.


Como mais um politico populista, moralista e extremamente demagogo Jânio Quadros foi eleito, recebendo votos de todos os espectros do eleitorado e, como naquela época os eleitores votavam tanto para presidente quanto para vice presidente da República separadamente, foram eleitos Jânio com apoio da UDN  e João Goulart, herdeiro politico de Getúlio Vargas, representando o movimento trabalhista/sindical ligado ao PTB e também as velhas oligarquias rurais/latifundiários que eram representada pelo PSD, antecessoras do atual agronegócio. Um casamento bastante estranho que todo mundo sabia que não iria dar certo, como de fato não deu.


Com menos de oito meses de governo, de forma repentina, enquanto o vice Joao Goulart estava visitando a China, no dia 25 de Agosto de 1961, DIA DO SOLDADO, Jânio Quadros abalou o Brasil com sua renúncia, abrindo novamente uma crise política-militar com a tentativa das forcas conservadoras de impedirem a posse do vice presidente, acusado de comunista, levando o país à beira da Guerra civil.


Como soe acontecer, a superação temporária da crise se deu por um pacto entre as elites do poder, através da castração dos poderes do vice- presidente com a “aprovação” do parlamentarismo, que só ajudou a prolongar por alguns anos a crise.


João Goulart recuperou seus plenos poderes presidenciais através de um plebiscite que revogou o regime parlamentarista, retornando o Brasil, novamente ao regime presidencialista, só que o conflito ideológico a cada dia se apresentava de forma mais aguda, culminando com a derrubada de Goulart e o a intervenção militar em 31 de março de 1964, cuja história e estorias são bem mais conhecidas pela população.


Depois de 21 anos no poder, desgastados por uma série de problemas políticos, econômicos,  institucionais, internos e internacionais e a pressão das massas que lutavam pelo  fim do regime militar, o país deu um passo com vistas à superação de sua crise permanente, isto ocorreu através da eleição indireta de Tancredo Neves e José Sarney, antigo presidente do PDS, aliado dos militares.


Com a morte de Tancredo Neves, assume o poder o agora democrata Sarney que aceita convocar uma Assembleia Nacional Constituinte, abrindo “mão” de um ano de seu mandato que era de seis anos, em nome da “pacificação nacional”, que, muitos imaginavam viria com a nova Constituição cidadã, como a denominava Ulysses Guimarães, ao lado de inúmeras figuras de renome e das massas populares que clamava nas ruas por DIRETAS JÁ, cujo símbolo também é identificado em Dante de Oliveira.


Voltarei  sobre este assunto proximamente.


*JUACY DA SILVA, professor universitário, aposentado UFMT, mestre em sociologia. Articulista e colaborador de diversos veículos de comunicação. EmailO endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

Quarta, 05 Setembro 2018 11:35

 

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Por Aldi Nestor de Souza*
 
Todos os dias, pontualmente às 10 da manhã, Tia Nanoca interrompe a aula, pede silêncio à criançada, saca seu rádio de pilha da bolsa e liga pra acompanhar a divulgação do resultado do jogo do bicho. Anota com cuidado a cabeça, a centena e a milhar, confere sua aposta, comemora ou xinga o resultado, guarda o rádio e volta pra cuidar da aula.


Tia Nanoca dá aula há quase trinta anos na mesma escola e lida na educação infantil com a turma de alfabetização. Ela ganhou notoriedade pelo ritual do rádio, mas principalmente por conseguir, na hora certa e com muita eficiência, alfabetizar a garotada sob seus cuidados. Ninguém sai das mãos dela sem saber ler e contar como convém.


Ela até enfrenta lá algumas queixas, de pais e de colegas  professores que estranham o rádio e a contravenção explícita, mas ela tem conseguido, sem maiores traumas, superar tudo isso porque ninguém da escola, e até mesmo de sua cidade, tem desempenho superior ao seu.


Todo ano aparecem, flertando com a vaga dela, concorrentes novas, aos montes, cheias de pedagogia, de tecnologia e dispostas até a ceder na mais valia, mas até agora nenhuma foi capaz de substituí-la. E o dono da escola já explora o folclore de tia Nanoca como moeda de troca pra conquistar mais matrículas.


A sala de aula de tia Nanoca, por exigência dela, é a única da escola em que a lousa é de giz. Ela não cedeu ao fetiche do quadro branco, tampouco ao da lousa digital, que já aportou por lá em algumas salas. Ela compensa todas essas novidades fazendo, no melhor dos termos, de sua sala de aula,  uma extensão da vida e estabelece com seus alunos uma relação de confiança típica das boas relações familiares. Ela confessa aos alunos, quando é o caso, que tá morrendo de preguiça e até para a aula antes da hora quando tá cansada. Ela para e diz: “hora de não fazer nada, criançada. Vocês podem brincar do que quiserem”. Ela já chegou até a cochilar na aula. Mas a meninada não estranha, não dedura e cuida dela como quem cuida de alguém que a gente gosta muito.


E a meninada retribui confessando a ela as coisas mais inconfessáveis. Não é raro algum aluno dizer que já quer namorar ou que sentiu vontade de matar um coleguinha porque esse aprontou alguma; também é à tia Nanoca que  os alunos contam, sem maiores pudores, por exemplo, que a mãe é espancada quase todos os dias pelo pai. E tia Nanoca considera a sua função de professora como um aporte pra discutir e ajudar a criançada nesses problemas.


Tia Nanoca se nega a fazer oração no começo de suas aulas. É a única da escola a fazer isso. Ela troca a oração por canções, ou por brincadeiras antigas que andam caindo no esquecimento. Ou então ela pede pras crianças contarem a maior travessura que aprontaram no dia anterior. “Mas só vale se for uma coisa bem cabeluda ” – afirma. Tia Nanoca não esconde das crianças que nós somos uma espécie de uma incompletude sem tamanho. Não esconde nenhum dos erros que comete nem as falhas; e trabalha bem esses erros e essas falhas sem a pretensão de corrigi-los, apenas de entender a nossa humanidade a partir deles.


 Quando o resultado do jogo do bicho é um quase lá. Por exemplo, quando dá 17 e ela jogou 18,  não consegue conter um “puta que pariu!” bem alto, bem na frente das criancinhas que,  de tão acostumadas e calejadas de ouvir coisas bem mais pesadas em casa,  apenas riem aos borbotões da pobre da tia Nanoca.

* Aldi Nestor de Souza
professor do departamento de matemática - UFMT/Cuiabá
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Segunda, 03 Setembro 2018 11:10

 

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Alair Silveira

Depto. de Sociologia e Ciência Política – SOCIP

Diretora Tesoureira da ADUFMAT

Pesquisadora MERQO

 

 

            Nos dias 25 e 26 de Agosto/2018 foi realizada, em Brasília/DF, a Reunião Nacional do Grupo de Trabalho de Política de Formação Sindical (GTPFS), com uma pauta centradamente dedicada a discutir dois itens aprovados no 37º Congresso Nacional e 63º CONAD do ANDES/SN: 1) Cotas para negros para a Direção do ANDES/SN; e, 2) Paridade para mulheres para a Direção do ANDES/SN.

            Com a presença de mais de 10 representantes sindicais oriundos de seções sindicais do RS, do RJ, do SE, do ES, do PA e de MT, além de três diretores do Sindicato Nacional, a Reunião do GTPFS enfrentou a polêmica proposição de estabelecer, estatutariamente, o número mínimo de negros e de mulheres na direção do ANDES/SN.

            Questionados quanto à existência, na história do Sindicato, de alguma restrição à participação de negros e mulheres na Direção Nacional, os defensores da proposta demonstraram desconhecer qualquer fato dessa natureza. Para ambas as proposições, o principal argumento restringiu-se à história brasileira (e mundial) de discriminação racial e de gênero. Consequentemente, as contraposições às propostas centraram-se em dois pontos fundamentais: 1) Nem o sexo nem a raça representam garantia de qualidade sindical e compromisso político com os princípios e as lutas do Sindicato; e 2) Os critérios que definem a composição de chapa e, por decorrência, da Direção do ANDES/SN, são de ordem política-programática e não sexual e/ou racial.

            Além disso, a história recente do Sindicato é a demonstração da presença feminina de maneira significativa. Somente nas últimas gestões, três mulheres assumiram a presidência do ANDES/SN. Marina Barbosa, inclusive, em mais de uma oportunidade.

Para nenhum dos dois pontos de pauta houve consenso seja para a implantação, seja para o rechaço à proposta. Consensual somente as propostas para: a) Promover discussões sobre Raça/Identidades; b) Levantamento do número de professores negros nas universidades; c) Aprofundar discussão sobre Racismo no Brasil; d) Organizar eventos avaliativos sobre as Políticas Afirmativas nas Universidades.

Sobre a instituição da paridade de gênero para a Direção do ANDES/SN foi acordada a necessidade de aprofundar essa discussão, considerando, inclusive, as experiências de outras entidades coletivas, como a CUT e alguns sindicatos de trabalhadores, que registram resultados exitosos. Importante registrar que, segundo as defensoras da proposta, pode-se considerar o estabelecimento da paridade somente para o universo dos 35 diretores, o que incluirá as regionais.

            Quanto ao ponto de pauta dedicado ao Debate sobre Reorganização da Classe Trabalhadora, foi relatado pela Coordenação que as ações conjuntas com outras entidades para a organização desse Evento somente será retomado após as Eleições de Outubro/2018. Como atividade já desenvolvida como parte dessa deliberação congressual, a Coordenação Nacional citou o Seminário sobre 100 Anos da Revolução Russa e Conjuntura, realizado no RJ, em 2017.

            O debate sobre a condicionante eleitoral, assim como sobre a dificuldade de muitos professores em se reconhecer como parte da classe trabalhadora renderam boas discussões. Ao final, houve convergência quanto à necessidade de se organizar eventos que enfrentem (dentro do ANDES/SN) reflexões sobre o que é classe social e quais as especificidades do serviço público.

A promoção de eventos com essas temáticas tem por objetivo disputar, também, à lá Gramsci, a subjetividade dos trabalhadores, pois não basta a oportunidade das condições materiais, objetivas, conjunturais. Convergiu-se, nesse sentido, quanto ao entendimento de que a reorganização da classe trabalhadora passa pelo acúmulo de experiências e reflexões coletivas.

Durante a discussão desse ponto de pauta, também foram referidas as dificuldades, dentro do próprio Sindicato, em tolerar aqueles que têm posições diferentes do pensamento majoritário nas questões que envolvem as lutas identitárias. Foi ratificada a impressão de uma espécie de “interdição da fala”, que acusa de “machista”, “racista” e/ou “fascista” qualquer manifestação que se contraponha às posições hegemônicas sobre questões de raça, de etnia, de identidade de gênero etc.

Registre-se, ainda, a reivindicação por parte de alguns representantes de seções sindicais para que o GTPFS Nacional faça uma autocrítica quanto às prioridades temáticas que orientaram as etapas do Curso Nacional, assim como à falta de regularidade para as reuniões nacionais. Da mesma maneira, foi observada a proporção de tempo dedicado a questões mais específicas do GTPECEDS.

O informe da Diretoria quanto às providências para o cumprimento de resolução do 63º CONAD, que aprovou o envio aos candidatos à Presidência República do Caderno 2 do ANDES/SN, foi bastante debatido, na medida em que foi considerado um despropósito pela maioria esmagadora dos presentes. Porém, como se trata de decisão do CONAD, não há alternativas a não ser o cumprimento da deliberação.

Sobre o levantamento quanto aos GT’s, a Coordenação do GTPFS apresentou dados levantados junto à Secretaria do ANDES/SN, a partir dos quais foi possível extrair dos registros disponíveis (não necessariamente atualizados) as seguintes informações: a) 11 são os GT’s que tiveram ou têm funcionamento, considerando-se as informações de 77 seções sindicais; b) Os GT’s mais frequentes são GTPE (49); GTPECEDS (48); GTPFS (45) e os Grupos de Trabalho GTSSA e GT-Carreira (43 cada).

Diante dos dados ilustrativos, foram relatadas dificuldades comuns nas seções sindicais quanto à incompreensão e/ou utilização por parte de professores referente ao papel e às competências dos GT’s, especialmente por parte daqueles que se valem dos GT’s para estabelecer uma espécie de “poder paralelo”. Em virtude disso, foram aprovados alguns encaminhamentos: a) Fazer um folder sobre o que são, para que servem e quais as competências dos GT’s; b) Esclarecimentos sobre um questionamento frequente: os GT’s não precisam ser aprovados previamente no Congresso para poder funcionar. Pode ser ad referendum; c) Apelo para que as seções sindicais mantenham atualizadas as listas de GT’s em funcionamento, assim como os professores a eles vinculados; d) Urgência em revigorar, em nível nacional, o GT-Verba e o GT-Carreira; e) Nota de Esclarecimento quanto ao realinhamento salarial promovido pelo Governo, com base na Lei 13.325/2016.

Como último ponto de pauta, foi apresentada a Comissão de Combate à Criminalização Política Docente, cujos membros foram eleitos no 63º CONAD. De acordo com a Coordenação Nacional do GTPFS, as denúncias têm se avolumado, inclusive com PAD’s que resultaram em demissão.

Alguns professores, entretanto, têm optado por manter sigilo e outros por não dispor do auxílio da assessoria jurídica do ANDES/SN. De toda a forma, a perseguição política e a criminalização da política têm encontrado algozes tanto fora quanto dentro das universidades.

            Por fim, dentre os informes apresentados pela Coordenação Nacional do GTPFS estão: a) A CSP-Conlutas incorporou o calendário de atividades aprovado no 63º CONAD; b) O Curso de Formação Sindical será realizado em Salvador/BA, no período de 14 a 16 de setembro/2018.

Foi ratificada, também, a importância da participação dos professores na manifestação conjunta dos servidores públicos federais na frente do TSF, no dia 13 de setembro/2018, quando será apreciada a reivindicação de unificação da data-base para o setor.

Da parte das seções sindicais presentes, alguns relatos destacaram-se, seja pela ofensiva em algumas universidades para aumentar a carga de 15 para 18 semanas, sob a justificativa de adequação ao CNE (UFPel, UFSE, UFPR, UFRG e UFPB), seja pela pertinência das iniciativas, como o Ciclo de Debates sobre 15 Anos de Cotas e Cinco Anos das Jornadas de 2013, que será promovido pela ADUR-RJ, nesse segundo semestre.

Surpreendente, também, foi a informação prestada pelo representante da UFSM, que relatou que a Ouvidoria da Universidade tem recebido uma média de cinco a seis denúncias de assédio por semana.

Ao final, como ponto de pauta a ser sugerido para a Reunião do Setor, foi feito um rápido levantamento entre os presentes sobre o “Empreendedorismo” dentro das universidades. De maneira geral, o Empreendedorismo tem sido associado ao discurso da “oportunidade” e da “inclusão social”. Algumas das experiências têm, abertamente, escancarado as portas da universidade ao SEBRAE. Outras têm introduzido a cultura empreendedora através das “Empresas Júniores”. Todos convergiram quanto à urgência de se aprofundar essa questão dentro do ANDES/SN.

 

 

 

 

 

Quinta, 30 Agosto 2018 11:34

 

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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JUACY DA SILVA*
 

Há alguns meses a Justiça Eleitoral vem martelando em um tema, na verdade muito importante, mas que corre o risco de desviar a atenção dos eleitores, que é a questão das noticias falsas ou na versão em inglês, “fake news”, que tem como objetivos de lançar dúvidas ou fatos inverídicos, imputando-os a outros candidatos, denegrindo ou desconstruindo suas imagens.


Todavia, existe um outro tipo de “fake news” que sempre, de longa data, por décadas a fio; fazem parte das campanhas eleitorais, são as falsas promessas, as meias verdades ou mentiras com o intuito de enganar o eleitor e conseguir os votos necessários para serem eleitos. Costuma-se dizer que durante as campanhas eleitorais se conseguirmos “contabilizar” quanto custa realmente para realizar todas as promessas de cada candidato ou de todos, o PIB do Brasil e os orçamentos federal, estaduais e municipais deveriam ser dezenas de vezes o que realmente são, Talvez maior do que a economia chinesa, da União Europeia ou dos EUA.


Prometer o que na verdade todo mundo sabe que jamais irá ser realizado, além de estar revestido de muita demagogia, deveria ser considerado crime eleitoral, pois esta forma de conseguir o apoio e o voto da população, principalmente da grande maioria que vive na miséria, em meio ao caos de todos os serviços públicos, em um país com mais de 14 milhões de desempregados; mais de 15 milhões de subempregados; mais de 63,5 milhões de pessoas endividadas, com nome sujo na praça;  com mais de 62 mil assassinatos  e mais de 150 mil estupros por ano, com uma emenda constitucional que limita os gastos públicos por quase dez anos no futuro, com o objetivos de “equilibrar” os orçamentos públicos; com uma divida pública federal que em julho último atingiu R$3,75 trilhões, praticamente 75% do PIB e que apenas para sua rolagem são necessários 44% do orçamento da União, além de que há três anos e por mais três o Governo Federal trabalha com um déficit que tem variando entre R$139 bilhões a uma previsão de mais de R$220 bilhões de reais para 2019, é algo semelhante ao que fez o comandante do Titanic, determinando que a banda tocasse bem alto para “entreter” os passageiros enquanto aquele gigante transatlântico naufragava, ia para o fundo do mar. Em 2018 o Governo federal irá gastar R$1,6 trilhões com juros, amortização e “rolagem” da divida publica federal, além do gigantesco déficit pública, sobra o que para todos os demais setores?


O Brasil, devido às diversas crises que vem enfrentando há anos, com destaque para a crise econômica, financeira, politica, social, ética e moral passa por um momento crucial de sua história. Boa parte da chamada classe politica, dirigentes partidários, gestores públicos e empresários de peso, são investigados por corrupção, alguns poucos estão presos e a grande maioria continua no poder, protegidos pela impunidade, pela morosidade do Sistema judiciário e por um Sistema de controle que além de lento, também tem em seus quadros o vírus da corrupção, como acontece com vários tribunais de contas estaduais como de MT e RJ  e da União.


Ao ouvirmos os candidatos apresentarem seus “planos” de governo ou lermos suas “propostas” e confrontarmos tais promessas de campanha com a realidade fiscal, orçamentária, econômica e social do pais, a grande maioria dessas propostas carecem de um detalhamento mais profundo, incluindo, dizer aos eleitores quanto custa para a realização das mesmas, quais são as prioridades , em quanto tempo irão ser realizadas e de onde virá o dinheiro/recursos para a sua concretização.


É um desrespeito à inteligência dos eleitores dizer que “ vamos investir pesado” em infra estrutura ou outros setores, quando existem centenas de obras federais, estaduais e municipais paralisadas há anos no país, onde centenas de bilhões de reais ou dólares foram “enterrados” e não tem como sair desta situação, a não ser investindo muitos outros bilhões, como acontecem com o VLT em Cuiabá, a transposição do Rio São Francisco ou as obras dos complexos petroquímicos do Rio de Janeiro ou de Pernambuco, para destacarmos apenas algumas dessas obras, quando constatamos que no Orçamento Geral da União foram destinados menos de 1% do referido orçamento para obras de infra estrutura em anos recentes.


Nem tapa buraco, sinalização, fiscalização , balanças nas suas rodovias o Governo Federal e os governos estaduais conseguem fazer. Em 2018, com o “congelamento” dos gastos públicos o OGU – orçamento geral da união destina 44% para pagamento de juros, amortização e rolagem da divida publica federal; 22,5% para a previdência; 10,2%  para transferências aos estados e municípios; apenas e tão somente 3,3% para a educação; 4,2% para a saúde; 2,2% para o trabalho; 0,4% para a SEGURANÇA PÚBLICA; 1,7% para a defesa nacional; 3,2% para assistência social; 0,04% para SANEAMENTO; 0,1% para organização e REFORMA AGRÁRIA; 0,1% para gestão ambiental; 0,3% para ciência e tecnologia; 0,1% para habitação; o,05% para cultura e 0,04% para a “garantia dos direitos dos cidadãos”.


Nenhum candidato fala como realmente vai cumprir suas promessas quando todos sabemos que os orçamentos para 2019 e anos seguintes já estão engessados e definidos, sujeitos a crise que estamos vivendo, mas que nos discursos dos candidatos tudo parece ser simples de se resolver. Estamos muito mais próximos de uma Venezuela do que de uma China. Nossos políticos e camada dirigente, enfim, os verdadeiros donos do poder, são exímios na arte da mentira, da demagogia, da incompetência em termos de gestão pública, enfim, se isto tudo não é “fake news”, precisamos buscar outro nome para esta verdadeira arte de enganar o povo durante os períodos eleitorais.


Ai surge a pergunta, de onde esses candidatos irão “tirar” o dinheiro para cumprirem suas promessas? Com certeza essas promessas e “planos” de governo não passam de uma grande enganação e por isso uma desmoralização para o que imaginamos seja uma democracia.


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia. Articulista e colaborador de diversos veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com