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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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JUACY DA SILVA*
Estamos há praticamente dois meses para a realização de uma eleição muito importante no Brasil, quando os eleitores, que, pretendemos, representam os anseios, desejos e expectativas do povo brasileiro, irão escolher um novo ou nova presidente da República, todos os governadores de estados, dois terços do Senado, toda a Câmara Federal e todas as Assembleias Legislativas. Enfim, serão escolhidos os novos governantes e, através da constituição de um “novo” corpo politico, todos os gestores de primeiro, segundo, terceiro escalões da administração pública do país.
Na maioria dos países existem regras, regulamentos e legislação que permanecem por décadas a fio, facilitando a dinâmica politica e eleitoral, dando estabilidade ao processo e segurança jurídica, diferente do que ocorre no Brasil, onde tanto a legislação quanto os ritos e regras politicas quanto eleitorais são alteradas a cada pleito, de dois em dois anos e ainda, a incerteza e morosidade da justiça comum e da justiça eleitoral.
As regras para as próximos eleições são totalmente diferentes das que vigoravam quando das eleições gerais de 2010 e 2014, incluindo as formas de financiamento eleitoral, a figura do caixa dois que sempre existiu e todo mundo, inclusive a justiça eleitoral, fazia de conta que nada sabia, nada via e quando as denúncias eram apuradas os mandados já estavam praticamente no final ou já havia terminado, o tempo de propaganda eleitoral e outros detalhes mais.
Dois exemplos são patentes nesta barafunda, o caso da eleição suplementar, quando um novo governador e vice foram eleitos há poucos meses no Tocantins, para um mandato tampão até o final do que seria o mandato do governador e vice eleitos em 2014, cujo processo de investigação e cassação demorou anos.
O mesmo acontece em Mato Grosso, a cassação do mandato do senador Medeiros nesta semana, eleito como suplente de Pedro Taques que foi eleito em 2010 e renunciou em 2015, para assumir o cargo de governador de Estado. A denúncia de que teria havia fraude na ata da convenção, na ordem dos suplentes da chapa de Pedro Taques, quando o nome do atual senador Medeiros teria “pulado” de segundo para primeiro suplente, demorou vários anos e só agora a decisão foi tomada, possibilitando que tal fraude seja corrigida e o suplente que foi “passado para traz” possa ter seu mandato garantido por apenas poucos meses.
Muita gente, incluindo a grande mídia tenta massificar a ideia, errônea em minha opinião, de que os eleitores tem todo o poder do mundo e podem escolher os melhores candidatos, dar cartão vermelho para os políticos/candidatos corruptos, incompetentes, demagogos, ineficientes e espertalhões. Pesquisas indicam que a grande maioria dos atuais parlamentares, inclusive os investigados por corrupção serão eleitos ou reeleitos.
A realidade não é bem assim, quem escolhe os candidatos são os partidos e suas convenções e a quase totalidade dos partidos tem donos tanto no âmbito nacional, quanto nos estados e municípios, alguns que mandam e desmandam nos partidos por mais de duas ou três décadas. A grande maioria dos partidos não cultiva a democracia interna, quando muito manipulam seus filiados que continuam encabrestados pelos donos dos partidos, vários dos quais utilizam as alianças e composições politicas para acomodarem seus quadros de maior expressão nos cargos em comissão, onde existe um verdadeiro balcão de negócios, inclusive escusos como as operação lava jato e outras investigações a níveis nacional, regional e local tem comprovado.
Outro aspecto que denigre e transforma o processo eleitoral em uma barafunda, uma verdadeira mixórdia politica, eleitoral e ideológica são as famosas composições, onde o que determina como serão construídos os “palanques” dos candidatos a Presidente, Governadores, Senadores, deputados federais e estaduais nos Estado não é a coerência doutrinária, ética ou de princípios e muito menos as propostas ou planos de governo, mas sim o tempo de TV, de rádio ou o montante do fundo partidário que cada partido possui, os interesses nacionais ou estaduais ou mesmo os interesses da população jamais são levados em conta.
Existem partidos que se aliam no âmbito nacional com diversas outros e não mantem a mesma aliança nos estados, disto resulta a eleição de deputados e senadores que irão “negociar” o apoio parlamentar com o/a presidente da República ou governadores de Estados, todo mundo sabe que isto acarreta a fragilidade de tais governos que acabam resvalando para práticas nada ética ou melhor, práticas corruptas para conseguir apoio parlamentar e poder governar.
Diante de toda esta balbúrdia politica e eleitoral fica difícil imaginar que 2019 poderá ser um ano de transformação politica, econômica, social ou de governança em nosso país. Eleições em uma realidade como a que existe atualmente no Brasil não terão o poder de uma varinha de condão que possa alimentar as esperanças do povo. Vamos continuar convivendo com as mesmas figurinhas já carimbadas e bem manjadas que levaram o país e nossos estados a esta vergonha em que estamos vivendo.
*JUACY DA SILVA, professor universitário, UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversas veículos de comunicação. EmailO endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
NOSSO VOTO NOSSA CARA - Roberto Boaventura
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Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. em Jornalismo pela USP/Professor da UFMT
Como já se aproximam as eleições presidenciais, hoje, tratarei disso. Para tanto, pontuarei considerações que, ao longo do tempo, expuseram alguns escrivães, escritores e pensadores sobre o caráter do nosso povo, o que influencia em tudo, inclusive em seu voto.
Começo por dois registros do século XVI: um de Caminha, outro de Gândavo. Do primeiro, acerca dos aborígenes, destaco suas considerações sobre a inocência daqueles que andavam nus; que não “cobriam suas vergonhas”. Do segundo, sua observação sobre a ausência das letras F, L e R na língua tupi, o que o levou a concluir que os indígenas não tinham Fé, Lei e nem Rei. Dessa absurda interpretação ideológica, outras iguais e posteriores vêm se sucedendo desde então.
No século seguinte de vida nacional (XVII), o poeta Gregório de Matos denunciou corrupções e promiscuidades de nosso povo. Daí suas críticas aos “negociantes ambiciosos, à nobreza estúpida e vaidosa, aos pretos e mestiços sem valor, à justiça corrupta e injusta, aos religiosos hipócritas, à Câmara (no caso, políticos da Bahia) incompetente e à economia açucareira decadente” (cf. Rafael Julião; Revista Terceira Margem).
Do mesmo século, temos a vida plural do Pe. Vieira, do qual destaco sua peculiar forma de resolver problemas de ordem moral: os fins justificam os meios. Ele defendia o uso do dinheiro judeu, o que era condenado pela Igreja Católica, para a construção da Companhia das Índias Ocidentais, que poderia – segundo seus conselhos à Coroa Portuguesa – alavancar a economia local. Assim, o “jeitinho” brasileiro pode ter vindo de Portugal, e vestido de batina!
Dois séculos adiante, Manuel Antônio de Almeida, em Memórias de um Sargento de Milícias, narra as lembranças de Leonardo Pataca, menino travesso que, próximo do herói pícaro, se torna um “malandro” – não delinquente – antes de ser sargento de milícias. De resto, as demais personagens, quiçá as mais populares de nossa literatura, ignorando a história de luta dos inconfidentes mineiros no século anterior, ajudam a montar nossas características como um povo que ia se consolidando perante o mundo.
No início do Modernismo (séc. XX), Mário de Andrade publica o Macunaíma, aquele herói sem nenhum caráter, ou seja, desprovido de qualquer valor moral.
Já em perspectiva idealista, a decantada cordialidade do brasileiro, ou seja, “a forma natural e viva que se converteu em fórmula”, foi a centralidade do mote explicativo de nossa gente que Sérgio Buarque de Holanda nos trouxe em Raízes do Brasil (1936).
Essa característica, conforme o autor, originada nos tempos coloniais, faz que as relações familiares continuem a ser o modelo obrigatório de qualquer composição social entre nós. Como consequência, isso nos dificulta compreender a distinção fundamental entre o público e o privado, resultando na fórmula contemporânea e pop do “tudo junto e misturado”.
Por fim, eu não poderia esquecer de importantes personagens de Jorge Amado, com destaque àquelas, cuja sensualidade está sempre à flor da pele por este país tropical, deitado em berço esplêndido.
Grosso modo, eis um pouquinho do que podemos ser como povo: inocentes, cooptáveis, corruptos, promíscuos, incompetentes, malandros/espertalhões, sem nenhum caráter, sensuais, cordiais...
Para mais ou para menos, pois também vejo qualidades em nós, este é o povo que elegerá o presidente para os próximos quatro anos, a partir de 2019.
Ah, sim! Os candidatos, com as mesmas qualidades e defeitos de fábrica, saíram desse mesmo povo.
Salve(m) o futuro!
INUTENSÍLIOS - Aldi Nestor de Souza
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Por Aldi Nestor de Souza
E graças à China, o ser humano poderá chegar ao ponto de não precisar mais apertar o tubo da pasta de dentes. É que os chineses lançaram no mercado o Kit Dispenser Automático, um aparelho que funciona como suporte pro creme dental e que possibilita, com apenas um toque feito com a escova, que a pasta caia direto nas cerdas, na medida certa e pronta pra escovação.
Quando soube disso pensei que fosse só uma brincadeira, uma invenção maluca como aquelas do guarda chuva pros pés ou da gravata com espelho. Que nada. Na loja Mercado Livre, na internet, por exemplo, encontrei um rebanho com mais de 100 modelos diferentes do aparelho. Várias cores, tamanhos, preços, etc. Um mar de opções, a perder de vista e a nos forçar a acreditar que a coisa só pode ser séria.
De onde será que veio a ideia pra essa criação? Quem terá sido o empreendedor dessa façanha? O que fará o ser humano com o tempo economizado com mais essa comodidade? Estaríamos nós, humanos, desenvolvendo mais um instinto natural: o de transformar tudo em mercadoria, a qualquer custo, por mais desnecessária que esta venha a ser? Estaríamos a caminho do fim, da condenação de sermos obrigados a não fazer nada, não pensar, não se mover, apenas parar?
A partir desse kit, é bem possível que, neste momento, algum empreendedor já esteja pensando em algo como: um aparelho pra escovar nossos próprios dentes e em um outro pra abrir a nossa boca e ficar segurando nossos queixos durante a escovação.
Seja como for, o que parece certo é que o Kit Dispenser Automático contribui com o PIB da China, o PIB que se assenhora dos economistas e governos do mundo todo e os faz render-lhe graças, copiá-lo, estudá-lo, endeusá-lo. O PIB que determina o que o mundo é, o que as pessoas devem ser, o que deve ser feito. O PIB que reduz as pessoas a meros números, que suplanta o nosso ser e que transforma a vida das pessoas num imenso vazio.
Esse kit me remeteu aquela produção científica universitária, feita como numa linha de montagem, com datas, metas, números e resultados previamente estabelecidos e implacáveis, a troco de pontos pra engordar o currículo lattes e fazer existir o pobre do pesquisador, num processo em que pesquisa e pesquisador não passam de meras mercadorias. Nessa produção viciada, segundo afirma Daniel Lettier, no artigo “Por que professores universitários estão escrevendo coisas que ninguém lê?”, 80% de toda a produção de artigos acadêmicos ninguém jamais vai ler e portanto, se isso for mesmo verdade, tal produção não vai conseguir sequer transformar-se num Kit Dispenser Automático.
O que diria, desse kit, o filósofo grego Sócrates? do qual se conta que costumava andar pelas ruas do comércio de Atenas a ressaltar pros seus discípulos, em meio às lojas abarrotadas de produtos: “Vejam só, meus jovens, de quanta coisa eu não preciso para viver!”
Pensei também no que diria minha saudosa mãe, uma nordestina forjada no solo seco do sertão, sem nenhuma escolaridade formal, mas que sabia extrair,da casca do tronco do juazeiro, o creme dental de nossa casa. Com uma faca peixeira, ela raspava a casca, punha no sol pra secar e, depois de seca, esfarelava, ou batia num pilão e extraía um pó fininho com o qual a gente escovava os dentes.
Pensei, por fim, que, nesse ritmo, não há analgésico que nos seja suficiente e que é preciso muita tarja preta pra suportar a angústia de existir nesse mundo que nos condena a ser apenas inutensílios, mercadorias expostas numa prateleira pra nada.
Que graça tem o mundo se existe uma tecnologia até pra apertar o tubo da pasta de dente?
Aldi Nestor de Souza
Professor do departamento de matemática da UFMT/Cuiabá
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ELEIÇÕES E O MEIO AMBIENTE - Juacy da Silva
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JUACY DA SILVA*
Muitas pessoas, incluindo a grande maioria dos candidatos aos cargos executivos e legislativos estaduais, federais e a grande mídia, acreditam que só existem três grandes problemas ou desafios em nosso país que são a violência que está extremamente generalizada em todos os quadrantes do Brasil, a saúde publica que é uma vergonha, um caos que afeta e mata milhões de pessoas, desrespeitando um dos mais sagrados direitos humanos que é o DIREITO À VIDA e à dignidade do ser humano e também nossa educação pública que, além de um caos, também ostenta os mais baixos índices perante os demais países desenvolvidos e emergentes.
Todavia, existem dezenas de outros problemas extremamente graves e que vem sendo empurrados com a barriga, como costuma-se dizer, pelos nossos governantes que estão muito mais preocupados com seus esquemas de chegada às estruturas ou manutenção do poder e a partir daí se locupletarem em associação com empresários corruptos, assaltando e roubando os cofres públicos, surrupiando, impunemente, preciosos e vultuosos recursos econômicos e financeiros que tanto fazem falta para a implementação das politicas públicas que seriam necessárias para minorar o sofrimento do povo e proporcionar melhores níveis de vida, de crescimento econômico e de desenvolvimento nacional sustentável.
Eu gostaria de destacar neste artigo/reflexão, de forma resumida, alguns aspectos relacionados com o meio ambiente que vem sendo negligenciados tanto pelas autoridades, dos três poderes, federais, estaduais e também municipais quanto pela população em geral.
Como exemplo temos a degradação ambiental em geral, incluindo a poluição urbana, o desmatamento e destruição dos biomas amazônia, cerrado, caatinga, pampas, pantanal e mata atlântica, destruindo a biodiversidade, o solo, subsolo e afetando seriamente as águas das três principais bacias do pais: Amazônica, Paraná/Paraguai, São Francisco. O desmatamento, aliado `as queimadas e o uso/abuso de agrotóxicos, além de afetarem os ecossistemas e contribuírem para a produção de gases de efeito estufa e as mudanças climáticas, também afetam gravemente a saúde da população.
Outro problema/desafio extremamente grave é a questão do saneamento básico, incluindo a universalização de água tratada e, principalmente, a coleta e tratamento de esgotos, condições necessárias para que exista uma boa saúde e qualidade de vida para a população e o Brasil possa honrar, até 2030, os compromissos que assumiu perante a ONU na implementação dos OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.
Ainda existem mais 12 milhões de habitantes, principalmente nas periferias dos grandes centros urbanos e também nas pequenas e médias cidades que não tem acesso à agua tratada, contribuindo para o agravamento da saúde publica.
Pior do que a falta de água tratada é o problema/desafio da falta de saneamento básico, a coleta e tratamento de esgotos, mais de 62 milhões de habitantes não tem acesso aos serviços de coleta de esgotos e mais de 100 milhões não tem acesso a tratamento de esgotos, chegando em alguns municípios e até mesmo capitais em que este déficit é superior a 95% da população.
Dos esgotos que são coletados, menos de 30% são tratados, ou seja, são lançados diretamente em valões, córregos, rios, lagoas e o oceano, tornando a paisagem brasileira em um mar de esgotos, como o que acontece na Baia da Guanabara ou em Cuiabá e Várzea Grande, o maior aglomerado urbano de Mato Grosso, cujos córregos e o próprio Rio Cuiabá que já se transformaram e irão se transformar no maior esgoto a céu aberto na região Centro-Oeste, destruindo de morte o Pantanal, um patrimônio do Brasil e da humanidade.
De acordo com os dados do último relatório do Instituto Trata Brasil de 2018, Cuiabá tem apenas 51,4% de coleta de esgoto e deste total apenas 30,9% são tratados. A média anual de ampliação da coleta e tratamento de esgoto em relação `a universalização deste serviço essencial tem sido de apenas 0,48% ao ano. Isto nos leva `a conclusão: para que a coleta de esgotos seja universalizada em Cuiabá serão necessários 101 anos e para a universalização do tratamento de esgotos nada menos do que 135 anos. Ou seja, só depois dos 400 anos de Cuiabá. Em Várzea Grande a situação também não é muito diferente, para universalizar a coleta serão necessários 59 anos e para universalizar o tratamento nada menos do que 122 anos.
Mesmo assim, nossos políticos e governantes, muitos dos/das quais já estão na vida pública há mais de duas ou três décadas, ainda tem a coragem ou a cara de pau durante as eleições em andar pela periferia urbana ou rural prometendo grandes realizações, enganando a boa fé da população humilde que sofre ante tantos descasos. Parafraseando o Jornalista Boris Casoy “Isto é uma vergonha”, um verdadeiro descalabro, um acinte diante do sofrimento do povo.
*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversas veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
SOBRE SOLIDARIEDADE, DEMOCRACIA E PLURALIDADE - Katia Morosov Alonso, Afonso Lodovico Sinkoc, Alexandre Martins dos Anjos, Alexandre Paulo Machado...
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Em assembléias recentes da Adufmat-Ssind, por discordar de encaminhamentos propostos pela direção desta seção sindical, foram nominadas, discutidas e debatidas pautas importantes, considerando tanto o sindicato quanto a instituição/UFMT. Ou seja, reconhecemos, ainda, a seção sindical, e suas assembléias, como espaços de discussões e deliberações.
Acreditamos, que após início da greve estudantil a Adufmat-Ssind confundiu, e muito, o que seria sua atuação e o das representações colegiadas na UFMT. De toda maneira, essa é uma das discussões importantes para futuro próximo.
Pontuamos ainda que propor, democraticamente, discussão de alguns pontos, como feito nas assembléias dos dias 16 e 18/07/2018 causou mal estar à direção da Adufmat- Ssind. Assim professores que não seguem a mesma opinião daquela direção, são nominados como facistas, alienados e, mais recentemente, de portadores de problemas/distúrbios mentais. Quem quiser verificar os ocorridos basta solicitar os vídeos de ambas as assembléias.
De todo modo, há parte dos professores filiados à Adufmat-Ssind que acreditam ser possível o diálogo, mesmo em divergências, como necessário e enriquecedor se for entendido enquanto tal.
Diante dos fatos ocorridos na UFMT, tendo por cenário a greve estudantil, nos solidarizamos com os professores/as, estudantes e técnicos/as que tiveram seus locais de trabalho invadidos, foram desrespeitados/as e tratados com violência, como pode ser verificado em documentos (um deles enviado à Adufmat-Ssind quando de ação ocorrida na PROAD e PROEG) e vídeos divulgados em redes sociais.
Ao que parece aqueles/as que, cotidianamente, tentam construir ambiente acadêmico, solidário e universal como o termo universitas explica, causa incomodo àqueles/as que se sentem ameaçados por tal convicção.
Quiça possamos (re)construir cotidianos e relações após período em que a desconfiança e a divisão sectária pautou nosso dia a dia. Somos, afinal, professores, estudantes e técnicos que, embora não compartilhando os mesmos pensamentos/convicções, acreditamos na solidariedade e na pluralidade de opiniões.
Afonso Lodovico Sinkoc, Professor da Faculdade de Medicina Veterinária; Alexandre Martins dos Anjos, Professor do Departamento de Teorias e Fundamentos da Educação, Instituto de Educação; Alexandre Paulo Machado, Professor do Departamento de Ciências Básicas em Saúde, Faculdade de Medicina; André Ribeiro Lacerda, Professor do Departamento de Sociologia e Ciência Política; Auberto Siqueira, Professor do Departamento de Engenharia Sanitária Ambiental; Bianca Borsatto Galera, Professora do Departamento de Ciências Básicas em Saúde, Faculdade de Medicina; Carlos Ueslei Rodrigues de Oliveira, Professor do Instituto de Computação; Carmen Lucia B. Branco, Professora do Departamento de Ciências Básicas em Saúde, Faculdade de Medicina; Cecília Moraes, Professora da Faculdade de Administração; Daniel Moura Aguiar, Professor da Faculdade de Medicina Veterinária; Elisabeth Aparecida Furtado de Mendonça, Professora da Faculdade de Agronomia e Zootecnia; Eunice Pereira dos Santos Nunes, Professora do Instituto de Computação; Flavio Tampelini, Professor do Departamento de Ciências Médicas em Saúde, Faculdade de Medicina; Glauce Viana de S. Torres, Professora do Departamento de Ensino e Organização Escolar, Instituto de Educação; Katia Morosov Alonso, Professora do Departamento de Ensino e Organização Escolar, Instituto de Educação; Patricia Cristiane de Souza, Professora do Instituto de Computação; Regina Tadano, Professora aposentada da Faculdade de Educação Física; Romulo Mora, Faculdade de Engenharia Florestal; Sania Lúcia Camargos, Professora da Faculdade de Agronomia e Zootecnia.
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Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. em Jornalismo pela USP/Professor da UFMT
Poucas coisas são mais humilhantes do que a afirmação desse título.
Cabresto é o “arreio de corda ou couro, sem freio ou embocadura, e que serve para prender o animal, geralmente o cavalo, para controlar sua marcha”. No plano metafórico, é algo, ou alguém que controla, que subjuga outrem, reprimindo-o, contendo-o, prendendo-o.
Do sentido figurado, nasceu o asqueroso “voto de cabresto”. No Brasil, isso surgiu no início da República, quando coronéis compravam quem estivesse apto ao voto. Assim, eles sempre elegiam candidatos mantenedores de seus interesses.
Como o voto era aberto, os velhacos asseguravam um “curral eleitoral” composto por pessoas dependentes financeiramente, e que viviam amedrontadas por ameaças objetivas e/ou simbólicas. Os capangas controlavam os votos.
Por “curral eleitoral”, entende-se como sendo uma região onde um político exercia influência. Nesses locais, o coronel oferecia ao eleitor, em troca de seu voto, dinheiro em espécie e/ou objetos, como dentaduras e sapatos baratos; por vezes, atividades laborais.
Hoje, “curral eleitoral” é usado para definir a forte intimidação e pressão a eleitores, em geral, de baixa escolaridade e poder aquisitivo.
Mas por que estou falando de voto de cabresto e curral eleitoral?
Porque foi a isso que se prestaram alguns colegas em duas recentes assembleias do Sindicato dos Docentes da UFMT (Adufmat).
Em um dos momentos, um dos itens da pauta era discutir sobre a possibilidade de o Sindicato judicializar duas reuniões de um dos conselhos superiores da UFMT, pois a presidência daqueles trabalhos desrespeitou questões regimentais, tornando suas decisões ilegais e ilegítimas.
Assim, a reitora jogou a Instituição num tipo de caos nunca antes experimentado na UFMT; aliás, longe do final, mesmo com o término da greve estudantil, que foi o estopim para os desarranjos atuais e poderá ser a muralha para eventual desejo de reeleição em 2020.
Diante do quadro, para não correr o risco de uma possível judicilização, e desmoralizar-se por completo, a magnífica reitora parece ter mobilizado seus pró-reitores e asseclas a comparecem à referida assembleia e votar contrários a isso.
Para que seu batalhão de choque se fizesse presente, o que raramente o faz, embora a isso todos tenham direito, mensagens mentirosas, levianas e chulas lhes foram enviadas. Eis uma prova:
“Atenção, colegas, reunião da Adufmat para judicilizar a situação na UFMT, hoje às 14h. Reunião na surdina, pois parece que Reginaldo e Alair pretendem ferrar a reitora e a instituição. A reitora pede que avisemos professores para irem votar, pois a assembleia deve ser aberta”.
A expressão “na surdina” é mentirosa. Não há possibilidade de assembleias da Adufmat serem realizadas nos bastidores.
Na sequência, a leviandade do(a) remetente se materializa no verbo “parecer”, bem como na citação dos nomes de dois valorosos docentes, que não agem na surdina, mas que, no plano político, estão por ora questionando ações desastrosas da reitoria.
O lado chulo, que deve ser a cara do(a) remetente, se concretiza por meio do verbo “ferrar”: termo inadequado a um(a) docente, até mesmo em mensagens inescrupulosas, como a que se lê acima.
Mesmo diante de mentiras, leviandades e chulices, algumas criaturas cumpriram a ordem que “veio de cima”. Encabrestados, votaram como mandado. Foram servis. Assim, alguns mantiveram cargos e/ou seus micropoderes. Outros, apenas a fidelidade canina. Só não mantiveram a dignidade. Ela se foi à frente dos colegas e das câmeras.
A ÚLTIMA CASCA - Aldi Nestor de Souza
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Por Aldi Nestor de Souza*
A máquina chegou ao povoado, como convém às máquinas, pontualmente, às 8 da manhã de uma segunda feira limpa. Uma segunda feira de agosto. Estávamos, todos, reunidos e de feijão pronto, esperando. Cada casa, seu monte, a safra do ano, colhida e posta no sol para secar, pronta pra ser debulhada.
O costume no povoado era o de debulhar vagem por vagem. Devagar. À mão. À noite. Sentados no chão, no claro de um candeeiro ou de uma lamparina, tomando café, contando e ouvindo histórias, causos, piadas, planos, aventuras e desventuras, íamos abrindo as vagens uma por uma. Na base do mutirão, durava semanas, às vezes, meses. Toda noite numa casa, até terminar o feijão de todo mundo. Era um ritual. Era o que era o povoado.
A máquina fez tudo em menos de uma hora. Tudo. Toda a produção anual do povoado foi devorada em questão de minutos. O barulho da máquina foi o que predominou na operação. Nada de história, nada de café, nada de mutirão. Só a máquina, no seu mastigado intermitente, controlado, milimetrado, triturando e triunfando sobre as vagens, moendo as cascas e derramando o feijão já ensacado, pronto pra ser comercializado. A máquina era o progresso, de garras afiadas, ali no povoado.
Quando debulhávamos à mão, entendíamos muito bem do esconderijo dos grãos, ouvíamos o estalar das vagens, sentíamos e conhecíamos os detalhes da textura, do tamanho, da cor, do formado, do pelo. Sabíamos, só de olhar, as vagens que davam mais trabalho de ser abertas, as murchas, as chochas. Debulhar à mão é saber do grão pela vagem.
À máquina, todas as vagens são iguais, tratadas do mesmo jeito. À máquina, não existe vagem boa de ser aberta, vagem disputada na debulha, nem vagem deixada pro final. À máquina, tudo não passa de um número.
Após cada debulha manual, as cascas, ainda plenamente cascas, eram cuidadosamente armazenadas, pra virar ração pro gado. Com a máquina, as cascas caem no chão desfiguradas, semi destruídas, sem qualquer identidade, um bagaço que o gado mal tem o trabalho de mastigar. A máquina mexe até no tempo de mastigar.
Desligado o motor, conforme combinado, o pagamento. Ali, na hora, como convém às máquinas. Em feijão. A máquina levou, por menos de uma hora de trabalho, mais do que muitos de nós levou meses pra produzir. Assim, de súbito. Seria o progresso o fim do trabalho?
Levamos o resto do dia, da semana, do mês, a filosofar sobre a rapidez da máquina, a precisão, a economia de tempo, o lucro. Sim, o lucro. Por aquele quarto de hora de serviço e algumas gotas de óleo, a máquina lucrou mais de uma saca de feijão. O futuro é a máquina? O progresso é a máquina?
Ninguém mais sequer cogitou voltar às debulhas manuais, às histórias, aos causos, ao café. Ninguém. Aos encontros que eram, por assim dizer, o melhor que havia no povoado, a hora da partilha, da comunhão, da união, nem mais um sinal. Nada. O progresso engoliu tudo isso a seco. O progresso não tem história, não tem passado, não tem futuro, não sente dor, não sente amor, não sente saudade. É a máquina!
*ALDI NESTOR DE SOUZA
Professor do departamento de matemática da UFMT/Cuiabá
NOTA DA CONGREGAÇÃO DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS (processo no. 23108.953929/2018-78)
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A Congregação do ICHS, em reunião realizada no dia 11 de Julho de 2018, vem a público manifestar sua inconformidade com a decisão do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE) com relação ao Recurso encaminhado pelas conselheiras Alair Silveira (representante docente do ICHS) e Sophia Leitão Pastorello de Paiva (representante discente), relativo à Reunião realizada no dia 18 de Junho de 2018, em flagrante descumprimento ao Regimento do CONSEPE. Na Reunião do Conselho realizada no dia 09 de Julho/2018, oportunidade na qual foi apreciado o referido Recurso, em que pese o reconhecimento público dos conselheiros quanto ao descumprimento regimental por parte da Presidência da Mesa, a maioria deles manifestou-se contrária ao Recurso. Mesmo com provas testemunhais, materiais (filmagens) e documentais (Ata) atestando os fatos relatados no Recurso, que solicitava a anulação da Reunião do dia 18 de Junho de 2018.
Em razão disso, a Congregação do ICHS manifesta-se publicamente quanto ao ocorrido, alertando a Comunidade Acadêmica quanto à gravidade do fato, na medida em que desrespeita as próprias normas que asseguram os espaços deliberativos democráticos, arduamente construídos na UFMT, mas, também, abre precedente para práticas arbitrárias que não obedecem às regras institucionais estabelecidas.
Cuiabá/MT, 13 de Julho de 2018.
O BRASIL QUE EU QUERO - Juacy da Silva
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JUACY DA SILVA*
Ao longo dos últimos meses, diariamente, os diversos veículos da Rede Globo de comunicação, principalmente a TV Globo, tem apresentado em todos os seus noticiários, as manifestações de milhares e milhares de pessoas do país inteiro, dizendo qual o Brasil que a população brasileira deseja para o futuro próximo e a longo prazo.
Com certeza, em algum momento, os patrocinadores desta grande “enquete” ou “pesquisa” de opinião pública, irão tabular, enfim, divulgar quais foram os dez, quinze ou vinte aspectos que poderiam resumir os sonhos do povo brasileiro. Enfim, um país em que todos nós poderíamos ter orgulho de pertencer e não esta mixórdia que tanto nos envergonha e que faz sofrer as camadas excluídas ou até mesmo as camadas medias da sociedade.
Vou aproveitar e pegar “carona” nesta pesquisa e escrever, já que não tenho celular para enviar minha mensagem dizendo qual o Brasil eu quero para o futuro, só que o farei de uma forma diferente, não irei dizer que desejo um país sem políticos, empresários e gestores públicos corruptos, não direi que desejo uma justiça mais transparente e ágil, que seja de fato igual para todos, não vou falar de um país sem os 13 milhões de desempregados, nem do caos vergonhoso na saúde pública, nem da violência que aterroriza a população e ceifa mais de 60 mil vidas a cada ano; nem da balbúrdia que é o nosso Sistema de transporte e trânsito que também ceifa quase 50 mil vidas por ano e os assassinos do volante continuam protegidos sob o manto da impunidade, nem da vergonha que é a falta de saneamento básico e muito menos da baixa qualidade de nossa educação pública, não falarei dos privilégios que os marajás da República gozam, além de salários nababescos, ainda auxílio moradia para integrantes dos poderes executivo, legislativo, judiciário e dos ministérios públicos e outras regalias, enquanto o povão, os trabalhadores que pagam impostos, sobrevivem com um salário mínimo de fome.
O Brasil que um dia eu gostaria de ter ou ver, apesar de meus mais de 70 anos de idade, seria um país em que a elite do poder, nossos governantes e altos executivos dos três poderes da República, do Ministério Público, dos tribunais de contas e também os marajás grudados nas estruturas do poder como carrapatos nos estados e municípios, fossem obrigados a viver, nem que fosse por um ano, com um salário mínimo, que tivessem que colocar seus filhos, netos e demais parentes em escolas públicas da periferia, que tivessem que usar transporte público, ônibus e trens principalmente e pudessem ver como se desloca a população trabalhadora brasileira, que fossem obrigados a morar nas favelas, palafitas, com esgoto correndo a céu aberto e dominadas pelas milicias e pelo crime organizado; a serem obrigados a usarem o SUS e ficarem na fila por dias, semanas, meses ou anos para terem um atendimento de terceira categoria ou morrerem nas portas ou corredores de hospitais sucateados; que, ao serem condenados por algum crime, principalmente crimes de colarinho branco, tivessem que cumprir suas penas em regime fechado em penitenciárias como as de Pedrinhas, no Maranhão ou de Charqueadas, no Rio Grande do Sul ou Cariacica no Espírito Santo ou que mofassem nas cadeias públicas, mesmo que não tivessem sido sequer ouvidos por um juiz e nem condenados por crime algum, como acontece com 40% dos mais de 680 mil presos em nosso pais.
Talvez, vivendo, por apenas um ano, como o vivem os trabalhadores brasileiros ou enfim, o povão, ai poderiam perceber a importância de uma boa gestão dos gastos públicos e como isto poderia redundar em uma melhor prestação de serviços públicos decentes e de qualidade. Da mesma forma, como uma gestão eficiente, eficaz, transparente e sem roubalheira do dinheiro público poderia resultar em obras públicas de qualidade, voltadas para atender as necessidades do povo e não como as obras do VLT de Cuiabá/Várzea Grande e milhares de obras paradas e superfaturadas por este Brasil afora.
O Brasil que eu quero, não apenas para meus netos ou tetranetos, mas para hoje, para os próximos quatro anos, é um Brasil em que a população tenha orgulho do país e de seus governantes, gestores públicos e empresários ,enfim, de sua elite do poder, um país realmente justo, com distribuição de renda que garanta a dignidade da população, onde as pessoas não vivam sofrendo o tempo todo pela incúria de seus governantes, um país que possa se ombrear com as verdadeiras democracias do mundo e não este arremedo de democracia e um suposto estado de direito, onde os do andar de cima tem tudo e os dos andar de baixo nada tem, nada possuem e nada usufruem.
Será que isto é pedir demais? Será que isto é uma utopia ou um sonho que se esvai ao raiar do dia quando as misérias sociais, econômicas, politicas e culturais voltam a ser estampadas ao nosso redor?
É neste contexto que, dentro de menos de três meses os eleitores e eleitoras irão escolher nossos futuros governantes, vamos transformar nossos sonhos, nossa indignação em voto consciente, dando cartão vermelho para os políticos fichas sujas, já bem manjados pela população.
*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado, UFMT, mestre em sociologia. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.,.br" target="_blank">O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.,.br Blogwww.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy