Segunda, 18 Junho 2018 13:23

 

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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JUACY DA SILVA*
 

Mais um capítulo da violência no Brasil, uma realidade macabra que amedronta,  ao mesmo tempo envergonha e mancha a imagem de nosso país ao redor do mundo, esta realidade pode ser constatada com a divulgação de mais um Atlas da Violência, referente ao ano de 2016 , uma visão retrospectiva e comparativa, neste estudo produzido pelo IPEA e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado há poucos dias.


Os dados, principalmente em sua dimensão evolutiva e também ao caracterizar a violência que está dizimando, exterminando grandes contingentes demográficos, além de representar o descaso como nossos governantes vem tratando esta questão, também revelam a incompetência, insensibilidade perante um drama que afeta, em maior grau, a população pobre, os negros, pardos ou afrodescendentes, os jovens e as mulheres.


Em 2016 foram assassinadas 62.517 pessoas no Brasil, numero maior do que a soma dos homicídios ocorridos na Europa, Estados Unidos e China. Basta lembrar que esses países reunidos representam pouco mais de 2,4 bilhões de pessoas, enquanto o Brasil, em 2016 tinha apenas 206 milhões de habitantes ou seja, apenas 9,8% da população daqueles países em conjunto.


A taxa de homicídios por 100 mil habitantes vem crescendo desde os anos 1980, passando de 11,7 no inicio daquela década para atingir 30,3 no ano de 2016  e, com certeza muito mais em 2017 e 2018, com o destaque que nos últimos dez anos a taxa de homicídios para a população branca caiu 6,8%, enquanto esta mesma taxa para a população afrodescendente (negros e pardos) aumentou em 23,1%. Esta população, cujos antepassados foram violentados pela escravidão, aos poucos esta sendo dizimada pela violência que cresce a cada dia em nosso país.


Segundo o jornal O Dia de 07/12/2017, o número de homicídios em 2017, quando divulgado oficialmente, deverá ser de 70,2 mil e a tendência de que o ano de 2018 terá um número ainda maior. Isto demonstra que estamos vivendo uma verdadeira Guerra civil ou um genocídio.


Outro dado importante deste estudo, para entender a dinâmica deste extermínio de jovens, principalmente negros e pardos, é que a taxa  de homicídios nesta faixa etária para a população branca é de 16 por cem mil habitantes enquanto para negros e pardos é de 40,2, ou seja,  151,2% maior do que entre jovens brancos. A conclusão que se pode extrair desses dados é que 71,5% das vitimas de homicídios no Brasil em 2016 (44.700 pessoas) eram negros e pardos, enquanto 29,5% eram brancos (17.817 vítimas), que perderam a vida em decorrência da violência que ao longo de quase quarenta anos não para de crescer em nosso pais, aterrorizando cada vez mais a população.


A taxa de homicídios no Brasil é 140 vezes maior do que na Europa, na China ou em diversas países asiáticos. Entre 1980 até o final de 2018, estima-se que mais de 1,1 milhões de pessoas tiverem ou terão suas vidas ceifadas precocemente de forma violenta. Um absurdo, uma vergonha, muito descaso e incompetência dos nossos governantes.


Para a OMS, se um país apresenta taxa de homicídio acima de 10 mortes por cem mil habitantes está diante de uma epidemia.  A taxa média de homicídios no mundo em 2016, segundo a OMS foi de 8 assassinatos por cem mil habitantes e no Brasil foi de 30,3; ou seja; 279,1% maior do que a media mundial, algo que reflete uma realidade que todo mundo vê, sente, tem medo e está ceifando milhares de vidas a cada ano e milhões em poucas décadas, ante o descaso, incompetência, insensibilidade, demagogia de nossos governantes, os quais, por não definirem e implementarem planos, programas e ações efetivas para combater e colocar um paradeiro nesta Guerra, também são cumplices da bandidagem, do crime organizado que agem com desassombro.


O relatório do IPEA/FBSP, da mesma forma que tantas outras pesquisas de outras instituições que se dedicam a estudar a dinâmica da violência, devem ser lidos, debatidos e que esses dados sirvam de subsídios para que a população e as organizações da sociedade civil cobrem mais de nossas autoridades e governantes para agirem com inteligência, planejamento estratégico e alocarem recursos suficientes para que, de fato, esta carnificina tenha um fim.


O país e a população estão fartos de discursos, principalmente em períodos eleitorais ou ações espetaculosas ou demagógicas que acabam não dando em nada, a não ser muita pirotecnia e belas mentiras dourados  dos governos.


Enquanto esta incompetência e insensibilidade correm soltas, a população brasileira, todos os dias enterra seus mortos, deixando para traz um rastro de dor, indignação e descrença em relação às nossas instituições, inclusive a Justiça, nossos governantes e nossas autoridades.


*JUACY DA SILVA,  professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversas veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
 

 

Sexta, 15 Junho 2018 10:48

 

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Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. em Jornalismo/USP; prof. de Literatura/UFMT

 

A interrogação do título acima foi inspirada em “Paranoia ou mistificação?”, artigo escrito por Monteiro Lobato contra a exposição que Anita Malfatti realizou, em 1917, após ter voltado da Alemanha, berço do Expressionismo.
 
Impiedoso, Lobato desconsiderou a arte de Malfatti, embora reconhecesse seu “formoso talento”; inconformado com as inovações da exposição, disse:
 
Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente as coisas... A outra dos que veem anormalmente a natureza, e interpretam-na à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes...
 
Para Lobato, a segunda espécie cairia nas “trevas do esquecimento”.
 
Anita não caiu.
 
Mesmo ciente do erro lobatiano, correndo, pois, o mesmo risco seu, digo: grande parte da produção musical do que – hoje – se propõe a cantar a vez e “a voz do morro” não passa de relatos de vida.
 
Para reforçar a contundência dessa afirmação, tomo um “relato poético” de Drummond, que, no “Poema de Sete Faces”, enuncia sua trajetória existencial:
 
Quando nasci, um anjo torto// desses que vivem na sombra// disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida” (...)// Meu Deus, porque me abandonaste...// se sabia que eu era fraco (...)// Mundo mundo vasto mundo// se eu me chamasse Raimundo// seria uma rima, não seria uma solução...”
 
Mesmo na art engajé, há de se fugir da panfletagem. Até para denunciar a vida de miséria e violência das favelas, ou tratar do racismo, ou explicitar a condição social feminina e/ou do gay etc, há de se ter (e)labor(ação) poética(o), como nos versos drummondianos acima.
 
Ao artista, relatar não basta. Se – no plano da linguagem – não houver elaboração para a expressão artística, aquilo que se pretende/vende como arte não passa de denúncia de uma conjuntura social, econômica e política de exclusão e desigualdades.
 
O fato de relatos virem acompanhados por batidas envolventes, geralmente eletrônicas e repetitivas, por si, não é suficiente para elevar qualquer texto/discurso à condição de arte, por mais dorida e verdadeira que seja sua essência. Arte é suprarrealidade; não é a realidade em si.
 
Portanto, como relatos, respeito os discursos vendidos com registros musicais de inúmeros rapfunk... Como arte, não. Ao dizer isso, estou me afastando da hipocrisia e da visão populista de arte, mesmo quando me circunscrevo ao universo da arte popular.
 
Nessa perspectiva, exemplifico o que considero arte que pode dar voz a brasileiros das periferias, aos negros, a pobres, a mulheres, gays et alii.
 
No séc. 19, o romance que tem o olhar voltado aos da periferia é Memórias de um Sargento de Milícias de Manuel Antônio de Almeida. Já pelo processo de nominação das personagens, vê-se arte em suas páginas. Genial.
 
Muitos outros da arte-denúncia poderiam ser listados. Para este artigo, elejo Chico César: um negro, pobre, que nasceu em Catolé do Rocha (PB), driblou dificuldades para estudar em Caicó (RN) e depois em João Pessoa (PB). Um gênio. Na música autobiográfica “A prosa impúrpura do Caicó”, esbanja talento:
 
Ah! Caicó arcaico// Em meu peito catolaico// Tudo é descrença e fé// Meu cashcouer mallarmaico// Tudo rejeita e quer”.
 
Isso é relato, mas tão genialmente trabalhado que poucos chegam a compreendê-lo no cerne. Esses versos acionam referências repertoriais, tanto do universo cultural nordestino, quanto de Mallarmé, o poeta francês de Un coup de dés, que divide as águas da literatura ocidental.
 
Quando há talento, um relato vira arte maior. Do contrário, engana-se e viraliza enganos.
 
..........................................
 
PS.: por falar em arte, reforço meu convite já feito: domingo (17/06), às 20h, no Espaço Mosaico (Rua Floriano Peixoto, 512), realizarei uma experiência artística denominada “Só de Pérolas”, no qual cantarei, ao lado da cantora japonesa Akane Iizuka, um conjunto de músicas brasileiras poeticamente bem elaboradas. As músicas serão entremeadas por textos literários. Estão todos convidados. 

Quinta, 14 Junho 2018 19:05

 

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A despeito do equívoco e da repercussão negativa que teve o banner colocado em um dos postes da UFMT com os dizeres “Universidade pública não é empresa! Não à implementação de disciplinas de empreendedorismo [...] Professores da UFMT em defesa da universidade pública” me senti na obrigação de escrever, ao menos, sobre os pontos que conheço a respeito deste tema.

Há anos a disciplina de empreendedorismo existe como componente curricular, obrigatório ou optativo, em diversos cursos da UFMT além do tema ser trabalhado também em projetos de extensão e de pesquisa. Para comprovar o que estou falando, encaminho um artigo meu escrito em 2015 e publicado no Boletim dos Bacharelados - UFMT, Ano I, No 3. Nov/Dez 2015, página 7. Se alguém se interessar por ler o Boletim na íntegra, verá que esse número foi todo dedicado às ações de empreendedorismo e a inovação tecnológica existentes à época na UFMT.

A educação empreendedora não é uma corrente ou um modismo que vai contra a educação pública de qualidade e esse não é o único equívoco deste banner. Acredito que nós professores da UFMT, sempre estaremos em defesa da universidade pública de qualidade, mas isso não quer dizer que precisamos ir contra o ensino de empreendedorismo. Por fim, espero que um tema tão importante como esse, não seja mais usado como se fosse um posicionamento de toda a classe de professores que a Adufmat deveria representar e que seja trazido à discussão em plenária do sindicato.

 

O Ensino de Empreendedorismo nos Cursos de Computação[1]

O Instituto de Computação, campus Cuiabá, possui dois cursos de graduação: Ciência da Computação e Sistemas de Informação. Em ambos é ofertada a disciplina de empreendedorismo em informática com carga horária de 60h.

Esta disciplina tem como objetivos: fornecer ao aluno mecanismos para desenvolver habilidades do perfil de um empreendedor de TI; promover a implantação da cultura do jovem-empreendedor apoiando a integração com a classe empresarial e governamental como estímulo à criação de empresas de base tecnológica e estimular por meio da participação no Desafio Universitário Empreendedor do Sebrae a percepção e atitudes empreendedoras.

A dinâmica que tenho adotado à frente das disciplinas de empreendedorismo é trabalhar os conceitos técnicos e buscar desenvolver com mais afinco as atitudes comportamentais visando transformar o estudante num profissional com capacidade para aplicar seus conhecimentos de forma independente, inovadora e articulada com o mundo dos negócios por meio de uma visão organizacional dinâmica.

Para tanto, tenho utilizado um método desenvolvido por Fernando Dolabela chamado de “Os oito caminhos do empreendedor”. Este método considera que o empreendedor em potencial precisa percorrer oito caminhos que os levará a sua formação empreendedora. Em cada caminho ele vai se deparar com material de estudo, desafios e atividades que o fazem refletir e a buscar aprimorar suas habilidades tendo como foco desenvolver o perfil empreendedor e, por fim, a elaboração e a "venda" do seu plano de negócios.

Junto a este método também participamos do Programa Desafio Universitário Empreendedor do Sebrae, que a partir de uma competição por meio de jogos online visa estimular o desenvolvimento de habilidades empreendedoras. A competição inicia de forma individual e os melhores classificados em cada estado, formam grupos para competir em nível nacional. Prêmios são distribuídos aos melhores colocados inclusive uma viagem técnica ao exterior para conhecer algum tipo de empreendimento.

Por tudo isto, esta disciplina se desenvolve de forma bastante dinâmica, com leitura; estudo; muitas discussões; atividades diversas como entrevista, pesquisa de mercado, visita técnica e ainda bate-papo com empreendedores que são convidados a vir à sala de aula contar sua experiência no mercado local. E é com muito entusiasmo que planejo e organizo esta disciplina, que tem despertado o interesse e o desenvolvimento das habilidades empreendedoras em meus alunos.

 

Profa Dra Patricia Cristiane de Souza

Instituto de Computação, UFMT, Campus Cuiabá

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Nota de Rodapé

[1] Artigo originalmente publicado no Boletim dos Bacharelados - UFMT, Ano I, No 3. Nov/Dez 2015, página 7.

 

 

Quarta, 13 Junho 2018 14:26

 

 

               Nos últimos dias viralizou pelas redes sociais a foto de um cartaz atribuído à ADUFMAT onde se lê “NÃO À IMPLEMENTAÇÃO DE DISCIPLINAS DE EMPREENDEDORISMO!”. As postagens são seguidas por comentários irônicos, jocosos e ácidos sobre a postura do sindicato e dos professores da UFMT, comentários de deixar qualquer um envergonhado e que não valem a pena ser reproduzidos aqui.

A frase do cartaz, embora pareça ter sido redigida na melhor das intenções, foi um tiro pela culatra dado pela ADUFMAT. A julgar pela repercussão negativa nas redes sociais, foi um prato cheio para os inimigos da universidade pública, do movimento sindical e do serviço público, que se aproveitaram do ocorrido para dizer dentre outras coisas, que a universidade desperdiça dinheiro público com “doutrinação ideológica” (aspas minhas) e deve ser privatizada, esse o maior pesadelo de pessoas ligadas ao movimento de defesa da universidade pública.

Dizer “não” a uma disciplina aprovada em órgão colegiado, seja ela qual for, não me parece ser coerente com a autonomia didática, diversidade e liberdade de pensamento que deve existir na universidade, salvo em casos de infração legal ou falta de bases teóricas, práticas ou científicas para a disciplina proposta. Enquanto colégios de criança possuem empreendedorismo em seu currículo complementar como uma forma de ensinar liderança, respeito, cooperação e fomentar a formação de pensamento crítico e independente, setores da universidade demonizam uma proposta de disciplina em nível superior e, ao que parece, preferem ficar presos em doutrinas já superadas. Tais setores normalmente alegam que ao oferecer uma disciplina de empreendedorismo, a universidade se rende a uma “lógica de mercado”, seja lá o que isso signifique.  Então, tenho a ousadia de perguntar como um exercício retórico: então me digam onde os alunos vão trabalhar depois de formados? A universidade e o setor público não podem ser um fim em si mesmos.

Disciplinas sobre empreendedorismo, quando bem conduzidas, podem ser uma oportunidade de se encontrar e treinar futuros líderes que ajudarão na inovação tecnológica e desenvolvimento do país. Empreendedorismo não se resume a montar um negócio “ganancioso” para ficar rico e explorar o trabalhador através da “mais-valia”. Uma visão mais ampla de empreendedorismo envolve reconhecer pessoas inovadoras, criativas, artesões, artistas, “start-ups” e assentados do MST, dentre outros exemplos, como empreendedores. E o que dizer sobre o tão falado empreendedorismo social, onde empresas buscam crescer, mas ao mesmo tempo buscam soluções para problemas sociais.

Inovação, melhora da condição de vida das pessoas e solução de problemas, incluindo problemas sociais, esse é o papel do empreendedorismo. Um dos papéis da universidade tão repetido até pelo pessoal que diz não à implementação de disciplinas de empreendedorismo, é o da inovação e busca de soluções para problemas sociais. E isso é empreendedorismo puro! A universidade é empreendedora por natureza, por que não ensinar isso aos alunos?

 

Prof. Dr. Ricardo Stefani

Professor Associado

Bacharel em Química Industrial pela Universidade de Franca e Doutor em Química pela Universidade de São Paulo

ICET/CUA/UFMT

 

Terça, 12 Junho 2018 10:26

 

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Qualquer cidadão tem o direito de estar assustado com o que se está vendo. Não há governo, não há congresso, nem ninguém com cabeça esclarecida no comando do país, nem mesmo uma oposição de fato e verdadeira, a querer mudanças ou lutar pelas mesmas: todos querem apenas o poder para si. Não se vê propostas, nem pessoas capazes de enunciá-las; nenhum candidato diz o que precisa ser feito. O país caminha conforme as forças sociais impõem aos governantes e políticos suas premissas e suas vontades, sem organização e sem visar o bem comum, apenas o bem próprio de cada categoria.


Seria o momento apropriado em que um “dirigente” aparecesse e revelasse uma saída para a pasmaceira geral, de ver um país rico viver de forma empobrecida, de ver uma grande nação apequenada por seus dirigentes e por uma população tão perdida como seus dirigentes. Quais dos candidatos se apresentaram ao público para propor uma saída desde já, e não apenas após as eleições? Os candidatos a governantes não sabem governar, não sabem quais são os nossos problemas, não sabem o que fazer e com que forças contar para colocar o país no trilho; se soubessem, fariam desde já! Nenhum dos políticos ou candidatos tem conhecimento de causa para sanar nossos graves problemas; se têm, por que não o enuncia? Só vemos uma triste ladainha do mesmo, candidatos fazendo graves acusações contra outros políticos, falando coisas agradáveis de ser ouvidas, mas sem dizer como as promoverá, enfim, falando que são a favor da educação, da saúde e da segurança, mas sem nada falar de como deve se fazer para promover essas coisas num país quebrado, endividado, sem recursos monetários, e, pior ainda, sem recursos humanos para melhorar seu povo. Mesmo os educadores precisam ser educados.


Ficar assustado e preocupado é até pouco, deveríamos ficar temerosos. Não se avistam nos candidatos posições políticas razoáveis, responsáveis ou mesmo honestas ou justas, apenas palavras de ordem genéricas e vazias, acusações sérias contra os demais, ou bravata. Não estamos precisando de acusadores, de pessoas bravas e briguentas, de armas e leis rígidas, mas de atitudes políticas dignas, que visem antes de tudo à constituição do bem comum e a emancipação de todos. Não é por falta de leis e de armas que as coisas são violentas nesse país, é porque somos mal educados, e poucos cumprem as leis e muitas são as armas mal empregadas. Só uma população bem educada entende e respeita as leis, e não precisa de armas.


Cada um dos candidatos que se apresentaram até o momento, me parece não apenas mal preparados para os cargos que pleiteiam, mas até mesmo impróprios para os mesmos, ou mesmo nefastos para todos nós. Ainda que não tenha visto a todos, pois que são muitos, os que pude observar, nenhum tem méritos para serem legisladores ou executivos, nenhum se mostrou capaz de perceber o mais óbvio, que só a educação é capaz de sanar os problemas nacionais, que se resumem numa população impropriamente formada e que necessita uma educação integral, que dê formação na língua portuguesa, em matemática, em história, em ciências, na cultura, dê formação humanística e política, formação técnica e científica, para que saibamos fazer boas leis e aprender a respeitá-las.


Por fim, mas não por último, é preciso que se diga como vamos pagar a dívida pública e investir no povo, pois que não se tem um bônus a ser gerido, como os candidatos parecem nos fazer pensar, mas um ônus árido a ser pago e a construção de uma direção inexistente num país que nunca se aplicou na educação do seu povo, mas tão somente nos produtos que extrai da bondosa natureza.


 
Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Segunda, 11 Junho 2018 10:34

 

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Adriana Queiroz do Nascimento Pinhorati

Profa. Dra. Curso de Licenciatura em Geografia/CUA

Warley Carlos de Souza

Prof. Dr. Curso de Educação Física/CUA

 

 

 

 

Algo que tem chamado atenção nas mudanças políticas que vem sendo aplicadas na universidade brasileira está diretamente relacionada à agilidade com que algumas medidas estão sendo viabilizadas por diferentes gestores. Uma delas passa pelo rol que vem se desencadeando nas escolas públicas e impactam diretamente na formação do licenciando. Em prol da construção de um projeto sem autonomia, e na ideia burocratizada de formação cidadã, o estruturalismo se mantém no projeto de educação pública brasileira que vem sendo posto em prática, projetos de fundo neoliberais, que pretende formar massa de mão de obra barata e que não consiga desenvolver expressões sociais ou novas leituras de mundo, vem se destacando no cenário da educação brasileira.

 

Objetivamente cabe questionar o papel social da universidade, como consequência de seus professores, que de maneira geral aponta na direção de realizar análises profundas da realidade que o cerca. Tal realidade se manifesta de forma alienada, contraditória e fragmentada, o que nos objetiva a entender que somente será possível compreender a realidade por meio de uma reflexão pautada no rigor epistemológico.

 

Partindo dessa premissa, que nos auxilia a compreender o momento atual da universidade, em que o modelo neoliberal apregoa que o mundo deve perder suas fronteiras econômicas e culturais. A título da necessidade da internacionalização das universidades brasileira, tal processo pode ser visualizado pelos diferentes acordos e convenções internacionais que nosso país aderiu e, em função das mesmas, diversas mudanças no campo do ensino pesquisa e extensão passaram a ser implementadas nas universidades brasileiras, mudanças essas que tem por objetivo a unificação de currículos das universidades pertencentes ao acordo.

 

Diante disso, diversas reformulações curriculares foram implementadas, dentre essas a necessidade de aderir a currículos internacionais como critério de seleção a programas e projetos do governo federal.  

 

Apresentando como objetivo de melhoria da qualidade do ensino, em função da mobilidade de pesquisadores, promover a empregabilidade, tornar os sistemas universitários mais inclusivos, além de objetivar reformas estruturais, as convenções e tratados acabam colonizando as universidades mais pobres dos países já pobres, pois, a necessidade de entrar no processo de internacionalização acaba por obrigar os professores a aderir sumariamente a programas e projetos para que isso ocorra necessário se faz, toda uma mudança curricular, bem como, dos projetos de pesquisa e extensão, para adequação internacional.

 

Assim, a realidade local da universidade fica distante da mesma, o que modifica significativamente a função social da universidade, que deveria ser que o conhecimento por ela produzido se volte para a comunidade que é parceira das pesquisas.

 

Em função da adesão as convenções e tratados desencadearam grandes reformas em todas as etapas da educação brasileira, sem se preocupar sumariamente com os aspectos culturais, bem como, a qualidade mencionada, não se aplica a qualidade socialmente referenciada, mas sim, os aspectos econômicos.  

 

Temos dessa forma a inserção de mudanças curriculares tais como as propostas a partir da Base Nacional Comum Curricular que retira a categoria de análise geográfica: local, das discussões em sala de aula, ao mesmo tempo que promove uma retirada das discussões políticas das disciplinas de ciências humanas e sociais. No mesmo rumo, a escola sem partido, adotada enquanto projeto de lei por diferentes cidades brasileiras, criminaliza a atuação docente, e atinge em cheio, a autonomia do professor, em sua liberdade de expressão. Ainda se não bastasse, temos a retirada de disciplinas tais como: a Sociologia e Filosofia do ensino médio, e a tecnificação das áreas de Ciências Humanas que devem ser vistas a partir de sua “aplicação” nos conteúdos trabalhados. Essas políticas aplicadas no ensino fundamental e médio atingem diretamente as licenciaturas nas universidades e a formação dos licenciados, passam a ser norteadas por algumas dessas novas políticas de formação no ensino superior, que também adota essas mudanças, uma delas vem no ato convidativo de ofertas de “bolsas” para docente e estudante que ao “receberem” passam a serem enamorados “apaixonados” e  colocam em prática mudanças no estágio supervisionado.

 

Atualmente, os cursos de licenciaturas tem autonomia para o desenvolvimento de projetos que pensem na formação docente e como será desenvolvido as 400 horas de estágio supervisionado, pensando na formação integral e articulada dos licenciandos, docentes acrescentando à essas horas práticas, possibilidades de reflexão sobre o ato de lecionar, inseridos num processo de ensino aprendizagem que em cada curso é posto em prática de acordo com o projeto criado em parceria com as escolas/os acadêmicos/demais docentes  e estudantes dos cursos.

 

Com a proposta de residência pedagógica, que seria um projeto de extensão, há possibilidade dos estudantes participantes aproveitarem a disciplina de estágio supervisionado, esses são acompanhados por um professor bolsista na escola e outro na universidade, o projeto deve atender a cerca de 20 alunos por curso. Os demais estudantes sem bolsa, passam a serem diluídos entre os professores para que esses cumpram com a carga horária devida e o estágio passa a ser visto como é atualmente o processo de orientação de monografias de graduação, onde cada professor que nem sempre está inserido no debate intenso do processo de formação, atende um número de estudantes. Dessa forma, na residência pedagógica, o estudante ficará em sala de aula por 100 horas por semestre, tendo que colocar em prática, exatamente essas mudanças curriculares propostas em nível nacional, como se fosse num “treino de futebol”, um ensaio para colocar em prática as mudanças propostas pelo Banco Mundial.

 

Ledo engano pensar que a residência pedagógica é um projeto novo, desafiador, que mostra a intenção do governo em melhorar a formação nas licenciaturas. De fato, não há intenção de criação de um novo projeto que contraponha esse processo de educação que não prioriza a autonomia e a criticidade da formação docente, pelo contrário, há sim o fortalecimento da implementação das políticas de ataques sociais, e que atingem o cerne da construção da autonomia das licenciaturas. Essas mudanças de fato se integram num plano de desmonte da educação pública, quando não temos aprovadas as condições mínimas de funcionamento da educação no Brasil, as licenciaturas seguem minguando e as vezes “nadando contra a corrente” que vem se fortalecendo a cada dia.

 

Precisamos lutar juntos, criar projetos que contraponham essas políticas juntos, pois enquanto essa união não for de fato consolidada, paixões que buscam seduzir docentes e estudantes podem ganhar status de amor, e essas são as mais perigosas de serem contrapostas.

 
 
 
 
Sexta, 08 Junho 2018 11:24

 

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Considerando a realização do Fórum de Licenciaturas, no campus Cuiabá da UFMT, na data de 8 de junho de 2018, em formato excludente aos professores envolvidos com as licenciaturas nos campus do interior, manifestamos nosso repúdio à forma como foi conduzida a organização do evento e, nessa posição, questionamos a representatividade de um fórum que ocorre sob negligência das contribuições e discussões dos e com os docentes das Licenciaturas em desenvolvimento na universidade nos seus campi do interior. Nossa perspectiva se inicia com o “convite” que não garante a participação integral de representantes de cursos das licenciaturas dos campi universitários do Araguaia e Sinop. Tendo em vista a discussão de extrema importância para a política de formação docente, que está intimamente relacionada à reflexão e debates sobre o estágio supervisionado, consideramos que somente uma ampla consulta, assegurada com a participação dos docentes de estágios supervisionado de todas as licenciaturas da instituição, é capaz de proporcionar legitimidade para a condução de propostas sobre o estágio nas licenciaturas da UFMT.

 

Argumentamos que o momento pelo qual passam as políticas universitárias em nosso país, principalmente aquelas voltadas à formação docente, impõe a necessidade de que as tomadas de decisão nesse sentido, principalmente em se tratando de um campo de conhecimento como é o estágio supervisionado (que possui legislação consistente que pauta a condução de processos institucionais), sejam objeto de ampla discussão sobre as finalidades e implicações sociais , considerando, em especial, a especificidade das licenciaturas.

 

Reiteramos o estágio supervisionado como momento formativo, indissociável da pesquisa, ensino e extensão e que, portanto, não pode ser assumido como orientação sem discussão sobre as características da escola de Educação Básica como espaço-tempo de produção de conhecimento, de crítica e construção de sentidos de cidadania. Defendemos o estágio supervisionado como itinerário formativo, momento singular da formação profissional, em que, sob orientação docente (na escola e na universidade) e reflexão conjunta do coletivo de professores e estudantes estagiários. Assinalamos que o estágio como disciplina permite a socialização e a reflexão sobre as experiências diversas de cada estudante estagiário e que isso amplia o aprendizado de todos nós sobre os processos educativos que ocorrem na Educação Básica.

 

Nesse formato, do estágio como disciplina, assume-se o estagiário como produtor de saber, e o próprio estágio como fonte de pesquisas. Ademais, consideramos necessário garantir o espaço no qual se o licenciando possa, com e a partir da pesquisa acumulada ao longo de décadas no campo da educação, experienciar a interação dos aportes teóricos e metodológicos, constituídos ao longo da graduação, com a realidade social que marca a escola brasileira. Para isto, ponderamos a importância do estágio como etapa formativa que porta intrinsecamente ocasião para o debate sobre e na prática profissional. Pensamos que somente através desta articulação é possível formar docentes capazes de interagir socialmente na direção de um horizonte de transformação social, de formação de sujeitos-cidadãos. Frente ao exposto, e inclusive por não termos viabilizada nossa participação efetiva no evento, nos posicionamos contra qualquer discussão que venha imprimir caráter de “orientação” ao estágio, mantendo-o, para o caso das licenciaturas, como uma disciplina prática-reflexiva, processo que consideramos imprescindível e que deve se garantido como decisões autônomas e com características adotadas por cada curso de licenciatura.

 

FORUM DAS LICENCIATURAS

 

Pensamos que para a construção de um fórum das licenciaturas, precisaríamos pensar num enfoque de caráter mais permanente que se propõe discutir temáticas que envolvem:

 

ü Pensar em qual é o espaço da licenciatura na UFMT?

ü Fomentar nos cursos de Licenciatura a busca de identidade e procurar pensar o que faz um professor;

ü Pensar qual é o caráter de ensino/pesquisa/extensão na formação do professor;

ü O estágio precisa ter características próprias;

ü Discutir os projeto pedagógicos de curso e pensar nas características do estágio no sentido de conhecer as características dos cursos de licenciaturas;

ü Fortalecer as pesquisas de formação dos professores de forma transversal;

ü Fomentar a construção de curso de pedagogia e/ou instituto de educação que busca articulação em licenciatura;

ü Fortalecer a formação docente na oferta do estágio supervisionado com a interface para a inclusão e Educação Especial: DI; Educação indígena; PNE

ü Reiterar o caráter formativo do estágio supervisionado

ü Articular Projetos articulados que se proponham a organizar recursos para a compra de instrumentos que sirvam à inclusão.

 

Barra do Garças 07 de junho de 2018

 

 

Docente dos cursos de Licenciatura da UFMT/CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA

 

 

Quinta, 07 Junho 2018 13:17

 

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para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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 Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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A “greve dos caminhoneiros”, freada há alguns dias, ainda requer reflexões, afinal, aquele movimento causou uma impressionante paralisação no país.

A cobertura da mídia, que encobriu tudo o que não dissesse respeito àquela greve, fora prova disso. Nunca se patinou tanto em um mesmo tema. A sensação era de que, com os caminhões parados, os demais problemas tivessem sido estacionados, ou transportados a Marte.

Findado o movimento, é preciso tentar ver quem, e reflexionar sobre os porquês de tanta gente ter ido de carona – também chamada “boleia” – na mesma greve, fosse na cabine ou na carroceria dos caminhões.

Na cabine, onde se encontra o sistema de direção desses veículos, poucos duvidam de que, ali, estiveram muito mais os poderosos empresários de transportes do que os motoristas propriamente ditos, embora fossem estes, e não aqueles, os filmados pela mídia.

Paradoxalmente, os motoristas – que deram visibilidades à greve, não no “chão das fábricas”, mas no asfalto das estradas – foram os primeiros a ir de carona: um conjunto deles, de forma espontânea; outro, induzida. Em tais greves, o locaute é antigo. Na recém encerrada greve, basta ver a quem o conjunto de “conquistas” favoreceu de fato.

Os caminhoneiros autônomos – que aderiram ao movimento por conta própria – foram como os demais brasileiros que, espontaneamente, apoiaram a greve. Os motivos disso passam por uma complexa e estrutural saturação econômico-social vivenciada pela maioria de nosso povo.

Essa postura de apoio vindo da população – que, por conta da greve, padecia pela ausência de produtos diversos – contrariou nosso passado, quase sempre de repulsa, perante quaisquer movimentos de luta.

Em geral, a tendência da maioria, influenciada pela atuação da mídia, sempre foi de se colocar contrária a qualquer tipo de paralisação, independentemente da categoria. Mas a estrutural saturação acima de que falei (falta de emprego, de governo, de perspectiva etc.) parece ter sido maior do que a falta de qualquer tipo de necessidade imediata, fosse onde fosse, em postos de combustível, supermercados etc.

Todavia, no miolo da onda nacional de um apoio impensável a uma greve das mais estranguladoras socialmente falando, grupos anônimos de oportunistas, de antagônicos lados político-ideológicos, também pegaram carona no vácuo da mesma greve.

Juntos, quiçá, com objetivos diferentes, tais agrupamentos impuseram-nos um clima de preocupação. Por conta disso, a presidente do STF, há alguns dias, fez defesa pública da democracia e da República.

Como ápice da estupidez, registro as manifestações, alhures, pedindo a volta dos militares. Cito como exemplo, um vídeo que recebi. Ali, em importante cidade paranaense, um grupo fizera apologia ao militarismo em frente a um batalhão.

Estarrecedor!

Mal sabem aquelas pessoas que, em ditaduras, até mesmo manifestação daquele teor seria, no mínimo, vigiada. Impossível não se lembrar de “Não chores mais”, versão de Gilberto Gil a “No woman, no cry” de Bob Marley:

Bem que eu me lembro// Da gente sentado ali// Na grama do aterro sob o sol// Ob-observando hipócritas// disfarçados, rondando ao redor

A lógica mais elementar das ditaduras é a de vigiar e proibir a presença pessoas reunidas, independentemente da quantidade. Para tais regimes, isso já é sinal de motim.

Lamentável ver tais caroneiros em marcha ré, rumo à força militar. Mesmo com problemas, jamais poderíamos menosprezar a democracia, que, sem dúvida, precisa ser esmerada; contudo, trocada, nunca mais. 

Quarta, 06 Junho 2018 17:04

 

 

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JUACY DA SILVA*
 

A gasolina, o etanol, o gás de cozinha, os remédios, os planos de saúde, a energia, os impostos, tudo está aumentando, inclusive a incompetência e a corrupção na administração pública em todos os níveis, regiões e setores.


Os caminhoneiros fizeram greve que parou o país e trouxe sérios reflexos de ordem econômica, social e humana, o desabastecimento prejudicou o país inteiro; o governo concedeu, de joelhos, tudo o que queriam os grevistas exigiam,  inclusive, baixou o preço do óleo diesel que vai, na verdade, beneficiar não só os caminheiros autônomos, mas muito mais os grandes grupos de transportes de cargas, transporte urbano, intermunicipal, verdadeiras máfias que alimentam e são alimentadas pela corrupção e o povão mesmo sofrendo, sendo explorado pelos especuladores e alta dos preços ainda está batendo palmas! muito masoquismo!


Quem paga a conta disto tudo, inclusive das benesses concedidas pelos nossos governantes aos grandes grupos econômicos, através de renuncia fiscal bilionária e juros subsidiados, que totalizam mais de R$450,0 bilhões por ano é o povão e a classe média, na forma de cortes de recursos orçamentários do SUS, do bolsa família, da reforma agrária, do combate à violência contra a mulher, da segurança pública e outros setores, arrocho salarial e, também dos subsídios para a PETROBRÁS, destruída pela corrupção e incúria de nossos governantes de plantão, incluindo no momento a garantia lucros oriundos de preços escorchantes dos combustíveis.


Porque não se consegue mobilizar a população inteira contra esta carga tributária, que é uma verdadeira extorsão? Uma das causas da greve dos caminhoneiros? por que o povo não sai mais `a rua para pedir FORA TEMER, FORA CORRUPTOS, como fez quando do “FORA DILMA, FORA LULA, FORA PT?”.


A carga tributária atual, que vem crescendo desde o governo FHC, já beira 40% do PIB e, pelo seu caráter regressivo, penaliza o consumo e,  de forma mais cruel os pobres e a classe média. A classe média , os trabalhadores , os micro, pequenos e médios empresários trabalham cinco meses por ano, de janeiro a maio, apenas para pagar impostos, taxas e contribuições que são destinados em mais de 50% somente para financiar o déficit, os juros e encargos da divida dos governos federal, estaduais e municipais e pelo menos mais 30% para custeio da máquina publica, além de uma boa fatia roubadas pela corrupção que tomou conta das instituições publicas e meio empresarial,  razão pela qual pouco ou nada sobra para investimentos ou financiamento das politicas públicas, gerando um caos em todos os serviços públicos, penalizando, mais uma vez o povão, os trabalhadores ou, enfim, quem necessita de saúde, educação, transportes e segurança púbica


Estamos vivendo tempos estranhos em nosso Brasil, quando pseudodemocratas estão flertando com pré-candidatos de extrema direita, que são,  na verdade,  simpatizantes do NAZIFASCISMO e suas formas nefastas de ação.


O futuro de nosso pais pode ser pior do que o presente, a depender dos pré-candidatos que até agora não apresentaram propostas de como sair desta crise,  faltam propostas para a área econômica, para resgatar a saúde, a educação, a segurança pública e demais setores que estão sucateados, como sair da armadilha do endividamento público (a dívida publica interna até final de abril já era de R$ 3,659 trilhões de reais e a divida externa atingiu US$134,1 bilhões de dólares, que ao câmbio dos últimos dias representam mais R$505,9 bilhões de reais).


Só de juros, encargos e uma pequena parcela de pagamento desta divida publica praticamente impagável, são gastos quase 50% do Orçamento Geral da União, ou seja, quase um trilhão de reais a cada no e continua aumentando diariamente.


Os pré-candidatos também não conseguem apresentar propostas para uma verdadeira reforma do estado/administração pública, propostas para uma justiça mais ágil, uma justiça fiscal que distribua a carga tributária de forma mais equitativa e reduza os privilégios dos grandes grupos econômicos, para o meio ambiente, propostas para reduzir as desigualdades sociais, desigualdades regionais e setoriais, propostas para as áreas da ciência, tecnologia e da educação, enfim, um plano de desenvolvimento estratégico, de médio e longo prazos para o Brasil,  devidamente articulado com planos estaduais e municipais, evitando esta mixórdia que é a gestão pública em nosso pais.


Falta aos candidatos uma visão de future, muito além das próximas eleições que balizem o rumo do país para os próximos dez ou 20 anos e não um conjunto de ideias simplistas e improvisadas, que são apresentadas aos eleitores com a única finalidade de pedir votos e depois virar as costas para o povo e o país, buscando seus interesses ou de grupos econômicos que vivem assaltando os cofres públicos em benefícios próprios, sacrificando ainda mais a população.


Enfim, os partidos políticos, os pré-candidatos e a grande mídia continuam enganando a população e mistificando o povo brasileiro, com meias verdades, mentiras, falsas promessas e muita demagogia, enfim, contribuindo, em muito, para aumentar a alienação e o desespero de uma população pacata, alienada e sofrida!


Quando vamos acordar desta letargia? Afinal, não é dito e está escrito na Constituição Federal de 1.988 que em seu artigo primeiro, parágrafo único estabelece  “todo o poder emana do povo que o exerce através de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição” ? ou então que democracia “É o governo do povo, para o povo e pelo povo”? Será que isto é realmente verdadeiro ou apenas letra morta, para “inglês ver”?


Vale a pena refletirmos sobre tudo isso e agirmos, lutarmos para construir um país decente, com justiça social, sem miséria, sem exclusão, sem pobreza e igualdade de oportunidade para todos, principalmente para quem vive ou sobrevive em condições sub-humanas, sem a mínima dignidade enquanto uns poucos, incluindo os marajás da república vivem nababescamente `as custas do dinheiro público, mamatas e dos privilégios criados nas entranhas do poder, tão avidamente disputado pelos eternos oportunistas de plantão, a maioria dos quais figurinhas carimbadas e já bem manjadas, inclusive um grande numero de fichas sujas, que já deveriam ter sido fisgados pela LAVA JATO e outras operações do gênero.


Só assim podemos falar em “estado democrático de direito” e em país desenvolvido econômica, social, politica e ambientalmente. Sem isso, tudo, inclusive as eleições de outubro próximo, não passam de um grande “blá, blá, blá” e muita enganação!


 
*JUACY DA SILVA, professor universitário, UFMT, aposentado, mestre em sociologia e articulista/colaborador de diversas veículos de comunicação. EmailO endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

 

Quarta, 06 Junho 2018 14:30

 

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 Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Em 1989, logo após o término da ditadura, os “Engenheiros do Hawaii” lançaram a canção “Nau à deriva” por conta do desgoverno Sarney, que, à época, embora fosse do Maranhão, pertencia ao PMDB do Amapá.

Sarney era vice de Tancredo, morto inesperadamente assim que fora eleito – ainda que pelas vias indiretas – na disputa com Maluf, hoje, um político decrépito e preso, ainda que em regime domiciliar.

Não tardou, e Sarney, sempre de mãos dadas com os militares, atirou o país em profundo caos; daí que, para os “Engenheiros”, a “nau” (metáfora de Brasil) estava “à deriva, no asfalto ou em alto mar”, “longe demais/ do cais do porto/ perto do caos”.

Hoje, o caos já preocupa; e outra vez nos encontramos nas garras do PMDB, agora, repaginado como MDB. Aliás, esse partido, há décadas, se revitaliza em torno dos ensinamentos do príncipe de Falconeri, qual seja, “tudo deve mudar para que tudo fique como está” (O Leopardo, de Lampedusa).

Ao demarcar o MDB, não esqueço de nenhum outro partido que já tenha ocupado a presidência pós-golpe/64. Cada qual aprontou as suas, ou no campo da política, e/ou no da ética. Desta, de forma mais direta, refiro-me, em especial, a mensalões e a petrolões de tucanos e de petistas, gêmeos da mesma política neoliberal, herdada de Sarney e Collor. 

Por isso, tucanos e petistas não podem ser isentados de nada deste momento. São igualmente corresponsáveis pela atual tragédia. Ambos são irmãos políticos do MDB de Temer et caterva. Infelizmente, todos são espécies do mesmo balaio.

Por conta desse quadro de degradada igualdade entre nossos velhos e velhacos políticos, podemos estar à beira de um enorme equívoco eleitoral. Fato ou foto concreto(a) é que, perante o acúmulo de tantos problemas na condução política de nosso país, está se escancarando, agora, uma porta pra lá de perigosa: o apoio à militarização no país.

Era o que faltava! No caos, o que está ruim realmente parece que pode ficar ainda pior. Impressionante.

Durante a greve do setor dos transportes rodoviários, inicialmente, induzida e conduzida, como sempre, por sagazes empresários desse setor, pôde-se ver de tudo. E de tudo que se pôde ver, destaco os aplausos aos militares, aliás, já convocados por Temer por mais de uma vez para “botar ordem na bagunça geral”.

A aceitação tranquila de pontuais intervenções militares – muitas vezes e alhures até aclamada por cidadãos mais jovens – é o resultado concreto da falência no ensino de História e disciplinas correlatas. Tais aceitações e aclamações são estarrecedoras.

Portanto, pior do que o fracasso decantado, em prosa e verso, dos ensinos de Língua Portuguesa e Matemática, incluo agora o desastre do ensino de nossa história contemporânea.

Pela explicitação do completo desconhecimento do significado das “páginas infelizes” (citando Chico Buarque), produzidas por golpistas de 64, talvez alguns estudantes possam até saber quem descobriu o Brasil, mas não aprenderam, ou não compreenderam, quem fez tanta gente partir “num rabo de foguete”.

Fazendo a referência acima, extraída de J. Bosco e A. Blanc, com raras exceções, tenho a sensação de estar – aos do público mais jovem – desperdiçando metáforas, construídas tão bela e dolorosamente com base nos tempos de arbítrio.

Pena que os “pancadões” não dão conta de profundidade alguma. Por isso, muitas pancadas poderão vir por aí, afinal, parece que se pavimentam perigosas esquinas, as mesmas das quais se referia Belchior em “Como nossos pais”.

Quanto risco!