Terça, 15 Agosto 2023 14:57

ATUALIZADA - Em assembleia geral, Adufmat-Ssind decide manter reivindicação de reajuste escalonado Destaque

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Atualizada às 14h29 do dia 17/08, para correção do percentual de reajuste (vide asterisco)

 

O Governo Federal não quis se comprometer com os servidores com relação à recomposição salarial de 2024, mas os docentes reunidos em assembleia geral realizada nesta segunda-feira, 14/08, pela Adufmat-Ssind, decidiram manter a proposta apresentada pela categoria até o momento: 39,92%* de reajuste, escalonado. A decisão final será tomada na reunião do Setor das Federais do Andes-SN entre os dias 19 e 20/08.

 

Para garantir a recomposição, o ideal é que os servidores concluam as negociações até o final de agosto, para que o valor necessário conste na Lei Orçamentária Anual (LOA) prevista para 2024. No entanto, o Governo Lula tenta condicionar o reajuste à aprovação do Arcabouço Fiscal, uma política que, segundo os docentes, suaviza, mas não rompe com a lógica do Teto de Gastos de Michel Temer.  

 

Informes jurídicos: 28,86% e 3,17%

 

Conforme a convocação da assembleia, os advogados responsáveis pelos processos conhecidos por 3,17% (URV) e 28,86% compareceram para conceder informações e esclarecer dúvidas dos sindicalizados.

 

Com relação ao processo dos 3,17% (URV), o advogado Francisco Faiad informou a conclusão da perícia contábil, que constatou o não recebimento por parte de 137 docentes, o recebimento por parte de 325 docentes, e relacionou os valores devidos a familiares de docentes falecidos.

 

No entanto, a assessoria jurídica estranhou o fato dos alegados pagamentos não terem sido discriminados no holerite (a exemplo de outros processos), além de os valores serem absolutamente discrepantes. “Nós vamos pedir explicação, nos autos, do porquê desses valores absolutamente dispersos, aleatórios, do porquê a universidade ter realizado pagamentos sem informar aos docentes, e de onde esses valores foram tirados. Alguns professores receberam valores muito altos, enquanto outros não receberam nada, ou valores muito baixos”, explicou.

 

Há ainda um grupo cujos holerites não foram enviados pela UFMT. Neste caso, o escritório vai requerer ao juiz que solicite o encaminhamento imediato.

 

Com relação aos docentes falecidos, o escritório orientou que as famílias entrem em contato com o escritório para dar prosseguimento aos trâmites. O telefone para contato é: (65) 3623-7044.     

 

Aos docentes que o perito indicou o recebimento a mais, Faiad explicou que, além de questionar se esses valores são de fato referentes ao processo da URV, não acredita que a instituição reclamará a devolução, considerando que já passaram mais de cinco anos dos pagamentos, e, portanto, já prescreveram; que os mesmos foram recebidos de boa-fé; e que não houve pedido para que os pagamentos fossem efetuados da forma aleatória como foram.  

 

Por fim, o advogado destacou que, da mesma forma como processo dos 28,86%,  o direito ao percentual foi reconhecido há anos, a partir do trânsito em julgado do processo, mas a UFMT insiste em protelar o pagamento.

 

Interessados em consultar sua situação no processo podem entrar em contato com a Adufmat-Ssind presencialmente ou por meio dos telefones (65) 99686-8732 e (65) 65 9696-9293.

 

Já com relação ao processo dos 28,86%, o advogado Alexandre Pereira informou que não há grandes mudanças, que a assessoria está acompanhando a tramitação normalmente e que algumas audiências realizadas com os responsáveis pela apreciação dos pedidos do sindicato (por meio da assessoria jurídica) foram satisfatórias.   

 

A expectativa é que haja novidades a partir da segunda quinzena de agosto.

 

Os presentes ventilaram a possibilidade de realizar ações políticas com relação ao direito, mas consideraram não ser ainda o momento adequado.

 

Informes gerais

 

A diretora Clarianna Silva informou que, devido ao início da gestão no sindicato, está no processo de afastamento do cargo de conselheira do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe). Destacou, no entanto, que estão para ser apreciadas e votadas questões de interesse da categoria, como a minuta de Progressão Funcional, que, em suas palavras, necessita de um “debate sobre a lógica do trabalho”. O sindicato defende progressão automática diante do cumprimento das 40h e que mães, pais ou afastados por motivo de saúde não sejam impedidos de progredir porque não contaram pontos durante o período de licença.

 

A professora citou, também a questão da Resolução 158/10 (encargos docentes), que está paralisada porque a Justiça considerou não ser debate atribuído ao Conselho Universitário (Consuni), mas deve ser retomada em breve. Atualmente, o sistema de preenchimento da carga horária de trabalho dos docentes da UFMT não permite a inserção de todas as atividades realizadas. “Há um teto para contabilizar as atividades, mas a categoria continua desemprenhando o trabalho. Isso está causando adoecimento”, afirmou a docente. Em consulta realizada por meio do Andes-Sindicato Nacional, a professora soube que somente a UFMT utiliza esse sistema de preenchimento de pontos.

 

Para tratar desses assuntos, a Adufmat-Ssind passará nos blocos e institutos a partir do dia 16/08, a fim de dialogar com a categoria (confira aqui a agenda). Também estarão na pauta temas como o calendário docente que particiona as férias em 15 dias.

 

A professora Clarianna Silva informou, ainda, que Sinop realizará o curso Rede Sementes no mês de setembro. Mais informações serão divulgadas em breve.

 

Também diretora, a professora Adriana Pinhorati destacou outros pontos. A docente afirmou que acompanhou debates dentro da universidade acerca do aumento dos cursos de extensão oferecidos pela instituição. Entretanto, observou que não há planejamento orçamentário para tanto, e que as extensões existentes já são realizadas de forma precária e sem o número de bolsas suficientes para os estudantes. Pinhorati falou, ainda, que há cursos que ainda não estão conseguindo formas turmas completas, pois o ingresso continua abaixo das vagas disponibilizadas. “A evasão ao longo da graduação é, de fato, uma realidade, mas há outros fatores que também precisam ser pensados, para que se desenvolva alguma ação estratégica para lidar com essas questões”, pontuou, reforçando a importância dos diálogos propositivos.

 

As professoras Alair Silveira e Liliane Capilé solicitaram à direção que organize nova assembleia para que a categoria reavalie a participação de diretores sindicais nos espaços de decisão da instituição.    

 

O ponto de pauta também serviu para reorganizar a comissão que acompanha os reajustes e a relação, em geral, com a Unimed. Foram adicionados os professores João Maciel e Marluce Souza e Silva. Os membros da comissão passada serão convocados para nova reunião.    

 

Análise de conjuntura

 

Neste importante ponto de debate, exercício que, muitas vezes, baliza as decisões da categoria, o professor Maelison Neves iniciou fazendo reflexões acerca da movimentação do campo da chamada “esquerda” pós Governo Bolsonaro. Também avaliou a movimentação do atual Governo, que apresentou o Arcabouço Fiscal como alternativa à Emenda Constitucional 95 (Teto de Gastos), considerada uma maquiagem pelos movimentos sociais de trabalhadores organizados, porque continua apresentando limites de recursos para as áreas sociais.

 

“Essa foi a justificativa utilizada pelo Governo Federal para não apresentar proposta de reajuste aos servidores. Essa política garante os juros para o capital rentista, mas é profundamente nociva aos direitos sociais”, afirmou o docente.

 

A professora Alair Silveira avaliou rapidamente as correlações de forças políticas, desde o cenário internacional, incluindo o assassinato do candidato Fernando Villavicencio, no Equador. O crescimento do crime organizado na região, segundo a docente, está relacionado também à ausência do Estado. Outro destaque internacional foi resultado das eleições primárias na Argentina, que demonstraram a força do ultraliberalismo e da extrema direita.

 

No Brasil, a docente chamou a atenção para as falsas expectativas depositadas no Executivo e também no Poder Judiciário. “Às vezes até parece, segundo a mídia, que o Poder Judiciário é o guardião da moral. Mas não se enganem, ele não é um aliado de classe. Alguns de nós estamos seduzidos pela atuação de eventuais ministros, que têm se colocado, sim, contra alguns escalabros, mas nem o Judiciário nem este Governo é nosso aliado”, afirmou, concluindo que os interesses da categoria não podem se restringir em saber o andamento de processos, como mais uma vez demonstrou a grande participação na assembleia durante a exposição dos advogados, seguido de esvaziamento nos pontos de pauta seguintes. Para avançar, segundo a professora, é preciso discutir política - o que não se restringe ao debate partidário.     

 

Posição sobre contraproposta da campanha salarial 2024;

 

Como todos sabem, o Governo Federal não apresentou proposta de recomposição salarial, alegando que o Arcabouço Fiscal ainda não foi aprovado (saiba mais aqui)

 

No entanto, a categoria decidirá, nacionalmente, durante a Reunião de Setor das Federais, nos dias 19 e 20/08, qual será sua posição diante desta situação.

 

Após o debate, ficou decidido que a Adufmat-Ssind defenderá, na reunião do Setor das Federais, a manutenção da proposta de reajuste escalonado – que atualmente são 39,92% e 53,17%, em três anos, a depender dos anos em que a categoria recebeu reajustes (saiba mais sobre a proposta aqui).

 

Também foi aprovada a elaboração de materiais para mobilizar a categoria para ações e paralisações.

  

Consulta informal para escolha de reitor(a)/vice-reitor(a);

 

A diretoria da Adufmat-Ssind se reuniu com Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos (Sintuf-MT) e Diretório Central dos Estudantes (DCE) para tratar da realização da consulta informal para Reitoria da instituição, papel historicamente conquistado pelas representações. O encontro resultou em nota, publicada ainda durante a assembleia da Adufmat-Ssind desta segunda-feira (leia aqui).

 

Nesse sentido, a assembleia autoriza a diretoria da Adufmat-Ssind a assumir, junto às outras entidades, a tarefa de realizar a consulta, que demandará, além de tempo e disposição, também gastos.

 

Foi consenso entre os presentes que é papel legítimo das entidades representativas da UFMT a organização do processo de consulta.

 

As pequenas divergências ficaram restritas à forma como efetuar os gastos. Ao final do debate, ficou decidido que a Adufmat-Ssind vai compor com as outras entidades para garantir o processo eleitoral democrático, devendo propor que as entidades garantam também, caso necessário, passagem terrestre para que uma pessoa de cada chapa participe de atividade realizada pela comissão – como os debates que devem ser realizados nos campi de Cuiabá, Sinop e Araguaia.

 

O sindicato também participará a construção da assembleia geral unificada que reunirá as três categorias para debater o tema.

 

 

Na mesma assembleia, a categoria aprovou a contratação, por meio de seleção pública, de mais um(a) contador(a) para o sindicato, e o gasto de cerca de R$ 20 mil para reforma do teto da sede. Também foi aprovada a formação de uma comissão para acompanhar essa e outras reformas necessárias, junto com o professor José Portocarreiro (arquiteto responsável pela obra), o engenheiro que esteve a frente da construção do prédio, funcionários da Adufmat-Ssind., um membro da diretoria e a professora Iramaia Paulo, que se colocou à disposição para contribuir.


Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

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*Nota de correção: A Adufmat-Ssind e outras seções sindicais do Andes-SN divulgaram que o reajuste reivindicado pelo Magistério Superior seria o do Bloco I, 53,17%; após reavaliação, a categoria concluiu que está inserida, na verdade, na proposta relativa ao Bloco II, pois houve alguma recomposição escalonada nos anos de 2018 e 2019, ainda resquícios da campanha salarial de 2015.

Sendo assim, o índice reivindicado pela categoria é de 39,92% assim escalonado:

11,84% em 2024
11,84% + inflação de 01/07/2023 a 30/06/2024 em 2025
11,84% + inflação de 01/07/2024 a 30/06/2025 em 2026

 

 

 

 

 

 

 

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