Terça, 17 Maio 2022 12:22

 

 

Nesta segunda-feira, 16/05, a Associação dos Docentes da UFMT – Seção Sindical do ANDES-SN (Adufmat-Ssind), realizou a primeira assembleia presencial após o início da pandemia de Covid-19, para debater e deliberar, conforme edital de convocação, os seguintes pontos de pauta: informes, análise de conjuntura, pagamento retroativo de progressões, obrigatoriedade de apresentação de passaporte vacinal na universidade, insegurança nos campi, greve do setor das federais; campanha de recomposição salarial.

 

Durante os informes, a diretoria lembrou de algumas ações recentes, como a publicação de um jornal, lançamento da campanha de sindicalização, realização de cafés da manhã na sede do sindicato, incluindo uma recepção em alusão ao retorno das atividades presenciais, a participação na Jornada Universitária pela Reforma Agrária (JURA), além de outros materiais como textos e vídeos com reflexões acerca do retorno presencial, segurança nos campi, recomposição salarial de 19,99%, entre outros.

 

Conjuntura

 

Durante a análise de conjuntura, ponto de pauta que, geralmente, baliza o debate e encaminhamento dos outros pontos de pauta, o diretor da Adufmat-Ssind, Leonardo Santos, fez um breve levantamento dos desafios nacionais e locais dos docentes federais. Começou atualizando as informações sobre a campanha dos servidores públicos federais pela recomposição salarial de 19,99%. “Nossa solicitação diz respeito apenas às perdas durante o Governo atual, porque o poder de compra da categoria reduziu cerca de 50% nos últimos dez anos. Mesmo assim, o Governo Federal não abriu diálogo com os servidores”, disse o diretor.

 

Em seguida, o diretor lembrou que o debate sobre uma possível greve dos servidores já foi realizado pelos docentes da UFMT em assembleias anteriores, mas a pedido do ANDES – Sindicato Nacional, a rodada de debates deveria considerar, agora, a possibilidade de deflagração da greve a partir do dia 23/05. Santos destacou, ainda, que os trabalhadores do INSS estão em greve há mais de 50 dias, e os do Ministério do Trabalho estão próximos de completar um mês de paralisação. Ambos têm a recomposição salarial de 19,99% na pauta de reivindicações.

 

Em âmbito local, o professor destacou as lutas em defesa da obrigatoriedade de apresentação do passaporte vacinal, por um registro de encargos docentes que seja condizente com as atividades realizadas, preservando o exercício do ensino, pesquisa e extensão, além das ações pela segurança nos campi e resguardar direitos como recebimento retroativo das progressões.

 

A professora Raquel de Brito, diretora da Vice-presidência Regional do ANDES (VPR Pantanal) avaliou que em 2022, ano eleitoral, as candidaturas que possivelmente se enfrentarão no segundo turno, embora tenham suas particularidades, não apresentam propostas que contemplem os trabalhadores, isto é, compromissos de não avançar com as contrarreformas neoliberais, como a Administrativa, ou reverter as já aprovadas, como a Trabalhista, a da Previdência ou mesmo a Emenda Constitucional 95, que reduz sistematicamente os investimento nas áreas sociais – em especial Educação, Saúde e Previdência. “São também essas políticas que impactam sobre o orçamento das universidades, precarizando as instituições. Nós retornamos às atividades presenciais na UFMT sem que a limpeza seja feita da forma adequada, sem a estrutura necessária”, afirmou, ressaltando, assim como o diretor da Adufmat-Ssind havia feito antes, que apesar de todas essas questões, a categoria enfrenta grande dificuldade de mobilização.

 

Não houve encaminhamento após o debate acerca da conjuntura.

 

Pagamento retroativo de progressão

 

Sobre o pagamento retroativo das progressões, a diretoria da Adufmat-Ssind informou que chegou ao sindicato o relato e uma minuta que será debatida pela Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD), com o objetivo de prejudicar o pagamento retroativo das progressões. A proposta ainda não foi aprovada, e a Assessoria Jurídica do sindicato já indicou que a instância não tem competência para decidir sobre este “direito líquido e certo” da categoria. No entanto, a intenção do sindicato foi assegurar agilidade de eventuais reações, caso a proposta avance. Assim, após o debate, os presentes aprovaram que o sindicato tem autorização para impetrar um Mandado de Segurança com pedido de liminar imediatamente, caso haja alguma ação da universidade neste sentido, seja por meio da CPPD, de algum conselho universitário ou comissões técnicas.

 

Durante o debate, alguns professores destacaram que outras instituições, como os Institutos Federais, têm progressão automática, enquanto os docentes da UFMT, além de registrarem a alta produção de várias formas, ainda precisam se preocupar com mais burocracias para garantirem a efetivação do direito à progressão bianual.   

 

Obrigatoriedade de comprovação vacinal

 

Com relação à obrigatoriedade de apresentação de cartão vacinal para o retorno às atividades presenciais, após contextualizar que tanto a Adufmat-Ssind quanto o Sintuf-MT questionaram a Reitoria formalmente sobre o recurso contra a decisão que desobrigou a apresentação de cartão vacinal e nenhuma das entidades obteve qualquer resposta, a diretoria do sindicato docente informou que a Assessoria Jurídica já interpôs Agravo de Instrumento reivindicando interesse da entidade como 3º prejudicado. Isso porque, apesar de não ter respondido oficialmente,

 

O professor José Ricardo levantou a questão de que nem mesmo dados epidemiológicos a UFMT tem emitido para informar a comunidade acadêmica sobre a situação atual e que além do trânsito livre de pessoas não vacinadas, muitas circulam pela universidade sem máscaras. A diretora da Adufmat-Ssind, Márcia Montanari, alertou que, além disso, o que se vê nos noticiários é que o número de casos vem aumentando. Assim, o professor Reginaldo Araújo, sugeriu que a Adufmat-Ssind cobre uma posição política da UFMT. “Essa questão é política, é sobre quem assume a ciência e quem nega a ciência. A UFMT precisa assumir sua responsabilidade, se posicionar, porque quando é para atacar direitos ela se posiciona”, afirmou.

 

Assim, após longo um longo debate, a categoria as seguintes ações: reafirmar as reivindicações já protocoladas junto à universidade para o retorno seguro às atividades presenciais, com foco na testagem, realizar uma roda de conversa sobre a pandemia e a UFMT, solicitar uma audiência com o desembargador responsável por analisar o Agravo da Adufmat-Ssind., e denunciar a UFMT ao Ministério Público Federal por improbidade administrativa, pelo fato de não ter recorrido contra a decisão que suspendeu a apresentação do comprovante vacinal, colocando em risco toda a comunidade acadêmica.

 

O sindicato também deverá procurar membros do Comitê de avaliação do Covid que atuou na universidade para eventuais consultas e parcerias.

 

Insegurança nos campi      

 

Como o sindicato tem denunciado, a segurança nos campi da UFMT tem sido uma questão sensível, devido aos cortes de recursos realizados nos últimos anos. Segundo o diretor da Adufmat-Ssind, Leonardo Santos, há pelo menos duas reclamações nesse sentido toda semana, que vão desde os furtos por arrombamento – divulgados recentemente – até o medo provocado pela falta de iluminação em alguns locais.

 

O professor José Domingues de Godoi Filho destacou que essa questão, agravada nos dias de hoje, teve início com os ataques às carreiras dos servidores públicos federais para introduzir serviços terceirizados. De acordo com o docente, naquela época, alguns servidores apoiaram o plano de demissão voluntária oferecido pelo Governo Federal com a intenção de extinguir os cargos efetivos e implantar a terceirização.

 

O professor Marcus Cruz informou a todos que uma grupo de diretores de institutos enviou à Reitoria um documento sugerindo algumas medidas para tentar melhorar a segurança no campus, mas ainda não obteve respostas. Cruz disse, ainda, que não concorda com a ideia de debater a questão por setores, como tem ventilado a administração. “É preciso debater a segurança da universidade como um todo, um plano geral”, defendeu o docente.

 

A diretora da Adufmat-Ssind, Márcia Montanari, relatou que no período noturno as aulas têm sido prejudicadas porque os estudantes têm medo de ficar na universidade depois das 22h. Além disso, a professora defendeu que a UFMT precisa investir também, além das estratégias de segurança, na assistência estudantil e na saúde mental dos estudantes. “É muito constrangedor ter de chamar a Polícia Militar para lidar com alguma questão estudantil, porque não tem ninguém na universidade capaz de responder nesse sentido”, contou a docente.

 

Outros docentes ressaltaram os perigos estruturais dos prédios da universidade que, segundo relatos, funcionam desde a década de 1970 sem alvará.

 

Ao final deste debate, a categoria decidiu que o sindicato fará um documento que será divulgado e protocolado na Reitoria, de preferência em parceria com Sintuf e DCE, apontando todas essas questões e cobrando da instituição a apresentação de um plano de segurança, além de um posicionamento contrário aos cortes de recursos; que o sindicato providenciará formas de promover avaliações técnicas com laudos sobre a estrutura da universidade; e que o sindicato intensificará sua produção de conteúdo denunciando questões de segurança e infraestrutura da universidade.

 

Greve e recomposição salarial de 19,99%

 

Os últimos dois pontos de pauta da assembleia foram debatidos em conjunto, devido ao horário avançado. Como o tema apareceu em outros momentos, a diretoria retomou o informe de que o ANDES-SN solicitou das suas seções sindicais posicionamento sobre a possibilidade de greve com indicativo no dia 23/05.

 

Apesar de todos os motivos para a realização da greve, a categoria concluiu, na assembleia desta segunda-feira, que deve manter a posição de assembleias anteriores, a fim de construir um movimento paredista. No entanto, a data sugerida pelo Sindicato Nacional, 23/05, seria inviável. Assim, a assembleia foi contrária ao indicativo de greve na data proposta pelo ANDES-SN, mas aprovou a realização de atividades para construir uma greve, envolvendo, entre outras ações, debates na sede e subsedes do sindicato e nas salas de aula.

 

Como a Adufmat-Ssind já fazia antes da pandemia, a assembleia desta segunda-feira foi realizada com equipamento de videoconferência para garantir o direito de voz e voto dos docentes sindicalizados lotados nos campi do Araguaia e Sinop.

 

 

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind               

Terça, 03 Maio 2022 15:41

 

A Associação dos Docentes (Adufmat-Ssind), o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos (Sintuf/MT) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Mato Grosso se reúnem, na próxima quinta-feira, 12/05, às 14h (horário de Cuiabá), para debater os desafios do retorno às atividades presenciais na UFMT. 

A atividade será presencial, no auditório da Adufmat-Ssind, e também haverá transmissão ao vido pelos canais oficiais de comunicação do sindicato no Facebook e Youtube. 

Segunda, 02 Maio 2022 14:32

 

 

Um dos maiores desafios de gestores públicos circunstanciais é não sucumbir aos apelos e vaidades dos ambientes institucionais, aderindo de forma acrítica à lógica administrativa-empresarial. Nessa condição passageira, muitos atuam contra a própria história e categoria profissional. Assim, seduzidos pelas ritualidades e poderes associados ao cargo, muitos parecem abdicar da capacidade crítica no mesmo instante em que assinam o documento de posse.

Amparados nos recorrentes apelos ao chamado “bom senso” (seja lá o que isso represente para quem diz, ouve ou e/sofre as consequências) e nas urgências sistêmicas de toda ordem, o desrespeito às regras do jogo democrático institucional vai assumindo a forma do cotidiano.

Nos últimos tempos, tem se consolidado na UFMT um conjunto de práticas condenáveis que esgarçam garantias institucionais e democráticas que compõem nossa história, assim como nossos instrumentos formais de convivência e deliberação coletiva. E, na medida em que as justificativas e a tolerância para com os atropelos às normas vão tornando-se recorrentes, a exceção vai transformando-se em nova regra (não escrita) do jogo.

A gestão do Prof. Dr. Evandro Soares da Silva, iniciada em outubro/2020, deita raízes nas experiências institucionais tanto como vice-reitor quanto como reitor frente à renúncia da Profa. Dra. Myriam Serra. Apresentando-se como defensor da Universidade Pública, reivindicando sua passagem pelo sindicato docente, e colocando-se como interlocutor afeito ao diálogo e à negociação, o atual Reitor tem, a cada dia, se afastado mais de qualquer identificação nesse sentido.

Não bastasse ter sido omisso com relação aos atropelos regimentais dos Conselhos Superiores pela ex-Reitora, passou a desenvolver um modus operandi particular, em perfeita sintonia não apenas em relação à sua antecessora, mas, também, ao primeiro mandatário nacional.

Eleito em um processo marcado pelo desrespeito à tradição democrática da UFMT, cujo amparo legal se fez à revelia da legitimidade eleitoral paritária, assim como pela condução não-democrática da reunião que definiu o processo eleitoral, conseguiu retirar das urnas o manto legal, mas do colégio eleitoral não obteve a legitimidade necessária.

Conivente com a truculência da mesa diretiva que aprovou o desprezo às práticas democráticas da UFMT e obsequioso com os recursos tecnológicos utilizados para impedir a livre manifestação dos críticos, o resultado da eleição representou mais do que o êxito nas urnas: representou a continuidade das práticas pouco afeitas às exigências democráticas, as quais demandam não apenas respeito à temporalidade necessária ao debate e à contribuição do coletivo, mas, também, a observação rigorosa das normas e procedimentos que amparam os processos democráticos.

Cada vez mais próximo de interlocutores defensores da privatização da universidade pública e mais distante daqueles que a defendem, o atual Reitor aproximou-se de parlamentares comprometidos com o perecimento da Universidade, com a precarização das relações de trabalho, com o desmonte do serviço público, com a defesa do agronegócio, com a Escola Sem Partido e com a perseguição política àqueles que ‘ousam’ pensar diferente. Destacam-se entre esses interlocutores, os deputados federais José Medeiros (PODEMOS/MT) e Nelson Barbudo (PL/MT), e deputados estaduais Janaina Riva (MDB/MT) e Gilberto Cattani (ex-PSL).

Se aos olhos de muitos (e da própria Gestão) essa interlocução demonstra um movimento salutar para obter recursos, ela desmonta quando observados os ensinamentos mais elementares que conformam as relações de poder: ao não firmar uma interlocução democrática e consistente com a comunidade acadêmica, a Gestão torna-se frágil e vulnerável para fazer a defesa da Universidade, do Serviço Público, da Ciência e do Conhecimento.

Ao dar continuidade e aprofundar o distanciamento para com a comunidade acadêmica, objetivamente, ao mesmo tempo em que fortalece os detratores da Universidade Pública, dos Servidores Públicos, do Conhecimento e da Ciência, vulnerabiliza técnicos, docentes e estudantes. E isso é uma escolha política de primeira ordem.

Aliás, como ensinava Maquiavel, o primeiro ato de sabedoria de um governante é saber escolher seus conselheiros político-administrativos.  Como a escolha (consciente ou inconsciente) decorre de identidade ideológica/programática entre quem convida e quem é convidado, a atual Gestão demonstrou sua identidade desde o berço eleitoral. E, consequentemente, daí organizou seu staff. Não por acaso, a Vice-Reitora, Profa. Dra. Rosaline Rocha Lunardi, já tinha demonstrado afinidade com determinadas práticas, quando, em 2018, atuou como relatora de processo demandando providências em relação aos atropelos regimentais sob a Gestão de Myrian Serra. Na ocasião, a então Conselheira ‘ressignificou’ os fatos e atenuou suas consequências.

Na Gestão, a vice-reitora tem sido aquela que, a despeito do Contrato de Comodato assinado em 1991, no qual foi estabelecida a cessão do espaço até 2041, insiste em exigir a cobrança (retroativa e a preço de mercado) de aluguel da sede do Sindicato Docente. Vê-se, desta forma, uma comunhão ativa entre vários membros da Administração Superior. Especialmente quando se observa as ações dentro dos Conselhos Superiores, nos quais pró-reitores têm direito à voz e voto.

Assim tem sido em várias reuniões do Consepe e do Consuni, nas quais o atropelo tem sido a norma. Dentre os exemplos mais recentes, a tentativa de retirar do Conselho competente (Consepe) - de forma arbitrária e sem base legal - a discussão e deliberação sobre os encargos docentes (Resolução 158), passando-a para o Consuni. Irredutíveis e impermeáveis a qualquer apelo advindo da comunidade acadêmica, somente o recurso judicial reestabeleceu o respeito à norma legal.

Recentemente, na mesma toada, ante a aprovação do retorno às aulas presenciais, o Consuni deliberou pela exigência da apresentação do Comprovante Vacinal para toda a comunidade acadêmica. Derrotados dentro do Consuni, alguns docentes decidiram ingressar com pedido de liminar para suspender a exigência, reivindicando respeito aos direitos individuais. Beneficiados por liminar da Justiça Federal, mas em contradição com manifestação do STF sobre o assunto, inclusive quanto à autonomia universitária assegurada pela Constituição Federal, a PROEG encaminhou instruções para as unidades acadêmicas, desobrigando a exigência vacinal.

Mais uma vez, a decisão sobre questões até então pacíficas dentro da Instituição precisam ser resolvidas externamente. Lamentavelmente, expande-se dentro da UFMT, com a complacência e/ou protagonismo da Gestão, a “ressignificação” esvaziada da ciência, a supremacia dos direitos individuais sobre os direitos coletivos, a flexibilização das normas e o desprezo pelas exigências democráticas.

Assim, uma pseudo contradição entre o discurso e a prática por parte do Reitor não encontra respaldo em fatos, posto que seu discurso tem sido, sistematicamente, desidratado, para dar vigor às práticas mercadológicas que embaralham público e privado, como é o caso da inclusão do empreendedorismo como alternativa inovadora e socialmente resolutiva, assim como da abertura institucional a bancos e sistemas empresariais para ministrar palestras e cursos.

Não por acaso, a programação da Semana de Recepção aos Calouros da UFMT 2021/2 é um espelho dessa Gestão: dois anos de pandemia, mais de 662 mil mortos pela Covid no Brasil (dentre eles, muitos colegas, estudantes e técnicos), precarização do ensino, cortes orçamentários, adoecimento laboral, desemprego, inflação, exclusão social, ataques à ciência e negacionismo, crescimento da intolerância política e do neofascismo societal, eleições 2022, guerra na Europa etc. e a UFMT recepciona calouros e demais membros da comunidade acadêmica com uma programação, no mínimo, despropositada. Além da ausência absoluta de qualquer discussão relevante sobre o que se passa no Brasil e no mundo, especialmente em um período pós-pandêmico, oferece oficinas de “educação financeira”, em parceria com o SICRED.

De acordo com a Programação da UFMT deduz-se que o problema estudantil em particular, e dos trabalhadores em geral, é falta de educação financeira, e não a falta de bolsas compatíveis e de salários dignos. Aliás, nesse aspecto, faltou convidar a secretária estadual de Assistência Social e Cidadania de Mato Grosso, Rosamaria Carvalho, para palestrar, já que para ela, a população pobre precisa aprender a economizar melhor o auxílio de R$ 200,00.

Enfim, na prática, trata-se da renúncia da Universidade em cumprir com o fundamento das suas obrigações de ofício, que é estimular o contraditório, problematizar, refletir, analisar, provocar, inquietar. Consequentemente, não somente renuncia à sua responsabilidade, mas apresenta-se como apêndice institucional para atores mercantis venderem seus produtos.

Para finalizar é necessário, ainda, registrar que todo esse processo de desconstrução interna da UFMT é feito em sintonia com ações externas. Seja com a articulação de membros da Universidade com interlocutores externos mobilizados para seu desmonte - a exemplo de ações conjugadas entre docentes e um ex-ministro da Educação devotado em desqualificar professores e a Universidade pública -, seja pela eleição de determinados interlocutores anti-universidade pela atual Gestão.

Nessa caminhada, a expansão em direção ao interior do estado sofre dois movimentos desiguais e combinados: de um lado, age para criar a Universidade do Nortão, à revelia de qualquer discussão qualificada com a comunidade acadêmica quanto aos impactos, recursos e benefícios; de outro, promove uma espécie de rateio da Universidade, com a participação ativa do Reitor, para criação de novos campi em Lucas do Rio Verde e Nova Mutum.

Sem qualquer discussão com docentes, técnicos e estudantes, a Gestão move-se à revelia da comunidade acadêmica. E o faz, inclusive, sem qualquer consideração efetiva quanto aos cortes orçamentários e a precariedade dos campi. Nesse particular, cabe à Gestão informar como está o campus de Várzea Grande, cuja criação remonta a 2015 e, até hoje, estudantes e professores têm aulas no campus de Cuiabá.

À Gestão cabe recuperar a máxima política que ensina que o poder é relacional, e que a legitimidade não é assegurada pela legalidade. Ela precisa ser conquistada. Para isso, é preciso que essa Gestão assuma o papel que lhe cabe à frente de uma Universidade Pública, que goza de autonomia universitária, e que tem como base seus pares, estudantes e servidores públicos. Afinal, antes de serem gestores temporários, são professores e, como tais, servidores públicos!

Do nosso lado, seguiremos lutando para que a UFMT seja pública, democrática, laica, gratuita, de qualidade e socialmente comprometida!

 

                                                           ADUFMAT

 

 

 

Sexta, 29 Abril 2022 16:52

 

À Comunidade acadêmica da UFMT,

 

            Caras/os docentes, técnicas/os administrativas/os e estudantes

 

            Finalmente, graças à forte adesão da população às vacinas contra a Covid-19, está sendo possível retornarmos às atividades presenciais de ensino, pesquisa e extensão. Mesmo considerando que a pandemia ainda não acabou, apesar de seu arrefecimento, nota-se o contentamento da comunidade acadêmica em poder se reencontrar presencialmente e ocupar os espaços da UFMT, frutos das lutas coletivas em defesa da universidade pública e gratuita.

            Por outro lado, é perceptível que não se trata de um simples retorno de semestre: as perdas causadas pela pandemia, inflacionadas pelo descaso de governos com medidas de proteção coletiva, promoção de remédios comprovadamente ineficazes e boicote às vacinas e às campanhas de vacinação, fazem com que retornemos com um fluxo contraditório de afetos: por um lado, a alegria de rever colegas e amigos e nossos espaços acadêmicos, por outro, a saudade daqueles que se foram e que poderiam estar conosco, não fossem os erros e omissões do Governo Federal já citados acima.

            Diante disso, em honra à memória das vítimas da covid-19 e repúdio ao descaso das políticas genocidas, temos o desafio de fazer com que este retorno seja com segurança, defendendo a cobrança do passaporte vacinal como medida civilizatória e de combate ao negacionismo científico e seus efeitos nefastos; temos o desafio de fazer com que a universidade pública continue sendo uma trincheira em defesa da vida, da ciência comprometida com as necessidades sociais, sobretudo das populações mais vulneráveis. E, para isso, lutar por condições de trabalho, estudo e pesquisa, recomposição salarial e melhoria da carreira docente, além de incremento dos recursos para assistência estudantil, bolsas de pesquisa e extensão para graduação e pós graduação, entre outras bandeiras históricas que precisamos continuar reivindicando.

            A ADUFMAT, junto às entidades representativas da comunidade acadêmica, sempre defendeu o retorno presencial, mas não às custas de nossas vidas. Para que este momento não seja ameaçado pelo recrudescimento de contágios, adoecimentos e risco de perdas evitáveis, é fundamental a continuidade das medidas de prevenção: vacinação de todas/os com três doses, cobrança do passaporte vacinal, uso obrigatório de máscaras, além de adequações estruturais feitas pela gestão superior para que o retorno seguro seja efetivo e não meramente retórico.

Nesse sentido, lamentamos profundamente as tentativas de cerceamento da autonomia universitária e que colocaram em risco a segurança sanitária de toda a comunidade que frequenta a UFMT, mediante decisões judiciais que não levam em consideração o saber científico e a ética da proteção da vida e do bem comum, o verdadeiro sentido de liberdade a ser defendido por todos nós.

            Sejam todas/os bem vindas/os, que neste semestre possamos reviver a potência dos encontros, da produção coletiva do saber, da vivência cultural e artística, da convivência com a pluralidade de ideias e valores que convergem para avanços na garantia dos direitos humanos.

 

Quarta, 27 Abril 2022 16:16

A Adufmat-Ssind convida toda a comunidade acadêmica para a primeira de uma série de atividades que serão realizadas com o objetivo de refletir, de forma crítica, sobre o papel da universidade pública no Brasil, a partir do retorno às atividades presenciais. O debate "E assim caminha... a UFMT" será realizado nessa quinta-feira, 28/04, às 16h (de Cuiabá), via plataforma digital.

Mediada pela professora Marluce Souza e Silva, diretora do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), a mesa terá a contribuição da professora do Departamento de Sociologia e Ciência Política (Socip), Alair Silveira.

O link para acompanhar o debate no horário marcado é: meet.google.com/byy-ehts-xip.

Terça, 19 Abril 2022 16:43

 

Docentes, estudantes e servidores técnicos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) perderam mais dois equipamentos de trabalho. Nessa segunda-feira, 18/04, o laboratório de Parasitologia Humana foi encontrado aberto, com as portas arrombadas. É o terceiro caso de roubo da mesma forma em menos de seis meses só na Medicina, de onde os ladrões já levaram 15 computadores.

 

A professora Michelle Igarashi informou que chegou ao laboratório pela manhã e encontrou as portas abertas, mas pensou que algum colega já havia chegado. “Eu cheguei por volta das 7h20, 7h30 da manhã e subi no laboratório para buscar meu laser point. Quando eu cheguei, achei que já havia algum técnico, porque as portas estavam abertas, mas não vi ninguém, achei que tinham saído para fazer alguma coisa e deixado as portas abertas. Abri a gaveta e peguei meu passador de slides. Quando eu percebi que ninguém chegava eu olhei para as fechaduras das portas e vi que estavam quebradas, com a madeira da porta solta, as fechaduras no chão. Aí que eu entendi que tinha sido um arrombamento.”

 

Foram duas portas danificadas: a da parte externa, que dá acesso ao interior do laboratório, e uma segunda porta, que leva à outra sala, ainda pertencente ao laboratório de Parasitologia Humana, que é composto por três ambientes.

 

Após a constatação, os servidores fizeram todos os procedimentos necessários, boletim de ocorrência, informe à Polícia Federal para que o local fosse verificado e fotografado, além da abertura de processos no Sistema Eletrônico de Informações (SEI) solicitando providências da Direção da Faculdade e da Reitoria, até para que o acesso da Polícia Federal ao CCBSI, onde ocorreu o roubo, seja liberado.

 

“Tem sido um furto recorrente, de rotina, e que provavelmente não irá cessar. Esse não será o último laboratório a ser furtado. Pode ser que daqui há alguns dias aconteça num outro laboratório, e assim as portas são danificadas, os laboratórios ficam mais vulneráveis que antes, e nós perdemos patrimônio. Esses dois computadores estavam patrimoniados, perdemos o investimento e ninguém vai repor essas perdas. Nós ficamos sem os equipamentos e com mais deficiência na docência aqui da UFMT”, lamentou Igarashi.         

 

A comunidade acadêmica, incluindo a Faculdade de Medicina, está solicitando há meses uma audiência com a Reitoria para tratar da segurança no campus, mas até o momento, conforme apuração do sindicato, a administração não atendeu à solicitação.   

 

A Adufmat-Ssind denuncia que os cortes de recursos das universidades são os principais responsáveis pela insegurança no campus. Já são oito anos de intensas reduções que subtraíram pela metade os investimentos que as instituições recebiam há 10 anos. Como é possível verificar, a política de cortes reflete na qualidade da formação dos estudantes, desde o oferecimento de bolsas até o uso de equipamentos, mas também na realização de pesquisas, manutenção, limpeza e segurança das instituições.

 

Clique aqui e confira a matéria que a Adufmat-Ssind fez relatando casos anteriores de roubo de patrimônio nos últimos meses.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind    

Terça, 12 Abril 2022 16:12

 

 

Atividade de abertura será presencial e terá a contribuição do cientista político, sociólogo, economista e professor da UFPR, Marcelo Marcelino

 

Para chamar a atenção da população para os cortes orçamentários praticados contra as universidades públicas brasileiras nos últimos anos, o ANDES – Sindicato Nacional lançou, em setembro de 2021, a campanha “Defender a Educação Pública, essa é a nossa escolha para o Brasil”. A realização da campanha, de caráter político e cultural, foi aprovada durante a pandemia, no 11º Conad Extraordinário.

 

Nessa quinta-feira, 14/04, a Secretaria Regional Pantanal (SRP) do ANDES-SN fará o lançamento da mesma campanha em âmbito local. A atividade de abertura será o debate “Orçamento e a educação: impactos para a universidade pública”, mediado pelos docentes da UFMT Breno Santos (diretor da SRP) e Márcia Montanari (diretora da Adufmat-Ssind), e com a contribuição do cientista político, sociólogo, economista, pesquisador e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marcelo Marcelino.

 

O evento é presencial, e o convidado iniciará sua exposição às 15h, no auditório da Adufmat-Ssind.

 

“Diante do retorno das atividades presenciais na UFMT e das condições que estamos encontrando, seja na ausência de segurança nos espaços, de equipamentos, de infraestrutura nas salas de aula, ou mesmo as questões dos servidores e servidoras, nós percebemos os impactos da retirada de recursos das universidades. Esses cortes colocam em xeque o pleno funcionamento da universidade. Por isso, consideramos importante lançar e divulgar, em nível local, essa campanha que denuncia e aproxima a sociedade, em geral, desta pauta”, afirmou a professora Raquel de Brito, vice-presidente da Regional Pantanal do ANDES-SN.  

 

O Sindicato Nacional e as seções sindicais a ele filiadas, como é o caso da Adufmat-Ssind, estão na luta pela recomposição dos orçamentos das universidades, institutos federais, CEFETs e institutos de pesquisa públicos.   

 

Em âmbito nacional, o lançamento da campanha, realizado em 23/09/21, promoveu uma Live com a cantora Duda Beat, apresentação de Ellen Oléria e Ana Cañas, além da participação do poeta Sérgio Vaz (assista aqui).

 

É possível participar e encontrar mais informações sobre a campanha “Defender a Educação Pública, essa é a nossa escolha para o Brasil” no site oficial (acesse aqui) e nas redes sociais como Facebook e Instagram.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind  

Sexta, 11 Março 2022 17:30

 

Faltam professores. Essa é uma demanda não só do ensino superior no Brasil, mas de modo geral, considerando o histórico de desmonte promovido pelos governos neoliberais aos serviços públicos e, consequentemente, à Educação. Na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) a sobrecarga de trabalho refletiu, também, nos recentes embates sobre os registros de encargos docentes, limitados - sob protestos -, à 40h semanais.

Mas se faltam professores nas configurações normais de institutos e departamentos da UFMT, em casos de necessidade de contratação temporária para cobertura de licenças, a situação pode ficar pior. O processo é bem burocrático, seguindo tramites estabelecidos por leis e normas federais, que incluem a apresentação de diversos documentos, prazos para publicação do edital e seleção dos candidatos, até a apresentação de nova documentação comprobatória da aprovação. No entanto, alguns relatos demonstram que esse processo pode durar muito tempo, a ponto de não conseguir atender as necessidades.

“Quando eu saí de licença maternidade, a pessoa que ficou no meu lugar só pode fazer o contrato de seis meses. Porém, as minhas filhas, gêmeas, nasceram em 12 de dezembro, já estava próximo ao recesso de Natal e Ano Novo. Em janeiro, são as férias dos professores. Quando eu voltei de licença, a colega que entrou como substituta só conseguiu ficar um mês na vaga, porque demorou muito o processo. Eu nem conheci, nem sei te dizer quem foi essa pessoa, mas para o curso de Enfermagem isso tem um impacto importante, porque se ela pudesse ter sido contratada por um ano, poderia ter ajudado quando eu voltei. Mesmo que ela não pudesse ficar na disciplina que eu ministro, poderia ter ajudado em outras, porque a gente sempre tem um professor afastado por algum motivo, principalmente questão de saúde, e com atestados que nem sempre são de 90 dias”, contou a professora Emiliane Santiago, do curso de Enfermagem da UFMT Sinop, ressaltando que, pelo menos durante sua experiência na coordenação do curso, até o final de 2020, era preciso que o professor licenciado apresentasse um atestado de 90 dias para que a unidade pudesse solicitar um substituto.

Apesar das limitações legais, a categoria acredita que seria possível traçar estratégias para agilizar o procedimento. “O próprio pró-reitor nos informou isso, tem uma série de regras a cumprir, que não são impostas pela UFMT, é questão de legislação mesmo. Não sei se a nossa dificuldade é a mesma de Cuiabá. Só pode solicitar um novo processo seletivo para professor temporário a partir do momento que a mulher entra em licença. Eu acredito que tem um prazo, mas ajudaria deixar toda a papelada pronta e, no dia que ela entrar de licença, no mesmo dia, já fazer o encaminhamento”, sugeriu a professora Rafaella Felipe, também da UFMT Sinop.

As duas docentes participaram da assembleia geral realizada pela Adufmat-Ssind em 10/02, na qual estava presente o pró-reitor de Ensino e Graduação, Adelmo Carvalho da Silva, e sugeriram a ele que a universidade pense em ações que possam agilizar o processo. Na ocasião, o pró-reitor se mostrou solícito.

No entanto, há outros fatores que podem estar retardando as contratações. A própria disposição dos campi da UFMT no interior, que aprofunda a precarização do trabalho por conta da redução de trabalhadores, pode ser uma das causas. “Aqui nós temos poucas pessoas trabalhando nos institutos - não temos departamentos, são institutos. Então, talvez, a própria sobrecarga de trabalho, não sei, possa acarretar nesses atrasos. Tem um trâmite que dura mais ou menos um mês – pensando na publicação do edital, o prazo que tem que permanecer ali, a divulgação ampla e tudo mais -, até que o processo seletivo ocorra, essa pessoa seja aprovada, e aí tenha o encaminhamento para Cuiabá”, relatou Rafaella Felipe.

Há também o fator legal de que o professor substituto deve permanecer dois anos sem vínculo com a instituição após o período de serviços prestados. “Outra questão que nos chama atenção e também foi levada para a assembleia é com relação ao prazo que esse professor pode permanecer aqui. Tendo sido selecionado e implementado sua contratação, ele terá de ficar dois anos sem participar de outro processo seletivo. Embora nós tenhamos muitas pessoas desempregadas, inclusive com mestrado e doutorado, isso é algo que faz com que um possível candidato não se inscreva para a vaga. Por exemplo, se tem um seletivo aberto e o possível professor vê que haverá essa restrição, que ele vai ficar só cinco meses na vaga e depois vai ter que esperar dois anos para participar de outro processo seletivo, as vezes deixa de se candidatar por causa disso”, completou a docente de Sinop.

Para a Adufmat-Ssind, é essencial que a UFMT normatize a questão. “Nos assustamos com as demandas que chegaram para a Adufmat-Ssind, sobre a demora para a contratação de professores substitutos temporários para cobrir as licenças maternidade. Isso gera um desgaste imenso para a professora que está solicitando esse direito das mulheres, conquistado historicamente, justamente para poder se dedicar ao seu filho ou sua filha da melhor forma possível. Essa demora tira da professora o momento de cuidar do seu bebê e sobrecarrega os colegas. Apesar de saber que a burocracia tem a ver com a garantia da lisura do processo, nós achamos que é fundamental que a direção da UFMT se dedique a garantir que esse processo seja o mais célere possível, não deixe passar que casos como esses relatados pelas nossas professoras estão acontecendo, buscando formas de orientar os departamentos e institutos sobre como os processos podem ser feito da forma mais rápida possível, já que o período desses afastamentos, especialmente por licença maternidade, é mais ou menos previsível. Os departamentos e institutos podem ter um planejamento para garantir que o processo seja célere, desde que a UFMT tenha normativa específica mostrando como fazer isso. Isso é essencial para garantia da tranquilidade da professora, quanto aos seus encargos, às aulas que estão sendo dadas, os alunos que estão continuando o processo formativo - a gente sabe que os professores se preocupam com isso mesmo estando de licença, afinal dedicam boa parte de suas vidas a garantir que seu trabalho seja feito com qualidade -, mas também para não sobrecarregar os demais professores do departamento ou instituto, que os professores não se sintam coagidos a assumir carga horária a mais, sendo que sua carga horária, em geral, já é bastante alta”, concluiu o diretor de Comunicação da Adufmat-Ssind, Leonardo Santos.

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Quarta, 09 Março 2022 14:23

 

Os pesquisadores Wanderlei Pignati, Marcia Montanari Corrêa, Luís Costa Leão, Marta Pignatti e Jorge Huet Machado lançam, nessa quinta-feira, às 19h, o livro “Desastres sócio-sanitário-ambientais do agronegócio e resistências agroecológicas no Brasil”. O evento será no auditório da Adufmat-Ssind, dentro da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), será aberto ao público e transmitido em tempo real pelas redes sociais da Editora e Livraria Expressão Popular, da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat-Ssind) e do Núcleo de Estudos Ambientais e Saúde do Trabalhador (NEAST).

 

O livro reúne 23 artigos elaborados por docentes e discentes do Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) da UFMT e por entidades, pesquisadores e comunidades externas à universidade, que refletem estudos de bases conceituais, empíricas e metodológicas pautadas no materialismo histórico-dialético, na Epidemiologia Crítica e na Pesquisa Participativa e na Pesquisa-ação, que demonstram e analisam as injustiças legislativas, normativas, fiscais de tributos e as formas de resistências contra este modelo que oprime a agricultura familiar, quilombola, indígena, ribeirinha, pantaneira e aqueles que lutam por uma transição agroecológica.

 

“As discussões teóricas, empíricas e metodológicas versam sobre o momento conjuntural da expropriação e exploração da natureza pelo sistema capitalista nacional e internacional, com enfoque nos impactos negativos do agronegócio no ambiente, nos alimentos, nas águas, na saúde física/mental dos trabalhadores(as) e na população rural e urbana”, explicam os organizadores no material de divulgação.

 

Ao mesmo tempo, os estudos evidenciam a importância da Vigilância em Saúde e Ambiente de base territorial, bem como a necessária implementação da Vigilância do Desenvolvimento, com base nos fatores críticos e políticos basilares dos impactos negativos da cadeia produtiva do Agronegócio e no chamado à responsabilidade do Estado em defesa da vida humana e ambiental.

 

A obra contribui, ainda, para um olhar crítico ampliado dos leitores sobre os processos da cadeia produtiva do agronegócio (desmatamentos, fogo/queimadas, indústrias da madeira, pecuária, agricultura, transporte, armazenamento e agroindústrias), seus impactos negativos sócio-sanitário-ambientais e as análises sobre o papel do Estado brasileiro, que privilegia o capital e colabora técnica e politicamente com o agro, e, sobretudo sobre os movimentos de resistências das organizações populares e sindicais de trabalhadores(as) à colonização do mundo da vida pelo poder do capital para interferir radicalmente nos rumos deste país.

 

 

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind com Divulgação

 

 

Sexta, 25 Fevereiro 2022 11:46

 

 

Na quarta-feira, 23/02, o Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) aprovou a obrigatoriedade de comprovação vacinal para o retorno às atividades presenciais, previstas para 11/04. A não ser que a não vacinação seja uma recomendação médica – que também deverá ser provada -, o servidor ou estudante que não apresentar os cartões de vacinação ou passaporte não poderá frequentar as aulas e outras atividades.

 

A exigência de comprovação vacinal é uma demanda da comunidade acadêmica, apresentada formalmente pelas entidades de representação na UFMT: Associação dos Docentes (Adufmat-Ssind), Diretório Central dos Estudantes (DCE) e Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos (Sintuf/MT) (clique aqui para ver as primeiras recomendações protocoladas pela Adufmat-Ssind). A Reitoria, no entanto, se mantinha resistente, alegando, a princípio, que não havia respaldo legal para fazê-lo. À época, o Próprio Poder Judiciário já exigia a comprovação da vacinação para que trabalhadores circulassem por suas dependências, tanto em âmbito nacional quanto regional, além de outras instituições de ensino superior, como a Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), seguirem no mesmo caminho.

 

Após a aprovação da exigência pelo Consuni, uma comissão formada por docentes, estudantes e técnicos ficou responsável por apresentar alternativas de operacionalização da exigência.

 

Ainda na quarta-feira, o DCE Cuiabá se manifestou nas redes sociais sobre a decisão. “Hoje, a ciência venceu! Nós, estudantes, vencemos! [...] Com a certeza de que nós estamos do lado certo da história, nos posicionamos a favor dessa medida, trazendo segurança e alívio a todos que defendem o retorno das aulas presenciais. Todos terão que apresentar o passaporte, professores, técnicos, estudantes ou terceirizados. A maneira como será feita essa cobrança ainda será apresentada ao Conselho em 15 dias. Com isso, estamos cada vez mais perto do tão esperado retorno presencial seguro”, publicou a entidade.

 

Para o diretor geral da Adufmat-Ssind, Reginaldo Araújo, a UFMT demorou para tomar a decisão, mas finalmente poderá ser tomada como uma referência. “Nós vivemos tempos de obscurantismo, com governos absolutamente irresponsáveis. Nesse contexto, a aprovação da obrigatoriedade de comprovar a vacinação sinaliza, para fora dos muros da universidade, que a ciência é que deve orientar a conduta desses governantes, que a ciência deve orientar a conduta e o comportamento da população. Quando a UFMT toma essa decisão, ela não só passa a proteger a comunidade, de fato, mas aponta a outros órgãos, sejam governamentais, públicos ou mesmo privados, que eles também devem ter a mesma postura. Só assim nós superaremos esse momento triste, de milhares de mortes, dor, luto. Demorou para a UFMT avançar, pois dezenas de outras universidades já haviam aprovado a exigência, mas sem dúvida nenhuma essa decisão coloca em maior segurança a nossa comunidade para esse retorno”, afirmou o docente.

 

Essa semana, a UFMT divulgou que tem promovido ações de biossegurança, como distribuição de material informativo e de álcool produzido pela própria universidade, com os suportes para que a comunidade utilize esses produtos. A instituição iniciou, também, a distribuição de kits pessoais contendo uma flanela e quatro máscaras de tecido. As máscaras, no entanto, não são as mais adequadas para proteção em espaços fechados, considerando que algumas variações do vírus se tornaram ainda mais transmissíveis. A comunidade acadêmica solicita que as máscaras disponibilizadas pela instituição sejam Pff2, modelo com poder de filtragem maior do que as máscaras cirúrgicas.

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind