Quarta, 17 Abril 2019 07:57

 

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) decidiu que o salário mínimo não terá aumento real a partir do próximo ano. O governo enviou ao Congresso, nesta segunda-feira (15), a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para 2020, prevendo o salário mínimo corrigido apenas pela inflação. Com isso, o valor passará de R$ 998 para R$ 1.040.

 

Bolsonaro e Paulo Guedes: ataques aos trabalhadores e privilégios para os mais ricos

 

O reajuste considera uma inflação projetada de 4,2% para 2019. Esse índice ainda é apenas uma estimativa. Pode ser que seja menor ou um pouco acima e só será fechado após o final do ano quando será verificada a inflação acumulada do país.

 

A decisão de Bolsonaro põe fim na chamada “política de valorização do salário mínimo”, que vigorou de 2004 até janeiro deste ano, e que levava em conta para cálculo do reajuste do salário base nacional o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes mais a inflação do ano anterior.

 

O fato é que o que era insuficiente, agora ficou ainda pior. Mesmo com os aumentos reais dos últimos anos, o salário mínimo ainda não é suficiente para suprir as despesas de uma família de quatro pessoas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. De acordo com o Dieese, em fevereiro deste ano, o valor do salário mínimo deveria ser de, pelo menos, R$ 4.052,65.

 

Medida é um cruel ataque aos mais pobres

No país, estima-se que 48 milhões de pessoas têm rendimentos referenciados pelo valor do salário mínimos e serão prejudicadas pela decisão do governo. Essa fonte de renda é responsável por movimentar a economia de pequenas cidades em todo o país, o que vai impactar negativamente aumentando ainda mais a pobreza.

 

Essa é mais uma medida de Bolsonaro, juntamente com a Reforma da Previdência, que demonstra que a política deste governo de ultradireita e ultraliberal é tirar dinheiro dos mais pobres para garantir os lucros e privilégios dos mais ricos.

 

A cara de pau do governo é tanta que a decisão de acabar com o repasse de aumento real ao salário mínimo ocorre quando o governo pretende conceder uma anistia bilionária aos patrões do agronegócio. A proposta do governo é perdoar uma dívida de ruralistas com o Funrural (que financia as aposentadorias dos trabalhadores do campo) de mais de R$ 17 bilhões.

 

Ou seja, o governo diz que precisa controlar os gastos públicos quando se trata de justificar o ataque aos trabalhadores e mais pobres. Mas não falta dinheiro para dar os ricos. Apesar do ministro da Economia Paulo Guedes ter surtado durante uma sessão na Câmara quando foi acusado de ser bonzinho com os poderosos e valente contra os pobres, na prática, é o que estamos assistindo.

 

Leia também:

 

 Fonte: CSP-Conlutas

Quinta, 11 Abril 2019 11:27

 

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Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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O título deste artigo não se refere ao filme Ghost Hunters, que conta a história de caçadores de fantasmas que buscam capturar espíritos de uma família assassinada, intencionando com isso o encontro da paz eterna.

Todavia, de qualquer forma, o título estabelece alguma relação de sentido com o conteúdo deste texto, pois tratarei, aqui, da incessante e insensata caça que Bolsonaro e seus próximos empreendem aos comunistas, principalmente àqueles escondidos (e bota escondidos nisso!) dentro das universidades.

De minha parte, como pouco ou nada posso fazer para dizer o quanto isso é ridículo, bem ao estilo desse governo de usar as redes sociais para a comunicação, lá vai minha kkk. A quem preferir, rsrsr...

Aliás, ouso dizer que os últimos comunistas devem ter sido assassinados pela ditadura. No limite, o que sobrou foram créditos ao pensamento racional de Marx. Fora disso, só fantasmas.

Pois bem. No começo da semana, um dos aloprados caçadores de comunistas, nascido nas Cordilheiras dos Andes, foi abatido. Depois de um rosário de sandices à frente do MEC, segunda-feira (08), Bolsonaro anunciou a aguardada exoneração do colombiano de nascimento que ocupava o MEC.

Sobre isso, nas palavras do vice-presidente da República, era o fim da “Crônica de uma Morte Anunciada”. A pilhéria nasceu com o título de um livro de García Marques, também da região andina, mas de outro nível.

Naquele livro, em formato de reconstrução jornalística, é relatado o último dia de vida de Santiago Nasar, assassinado, sem chance de defesa, pelos irmãos Vicario. Detalhe: quase todos os habitantes do lugarejo ficam sabendo do homicídio premeditado horas antes, mas ninguém impede o processo em curso.

E assim se sucedeu com Veléz. Sua exoneração era questão de tempo; e pouco!, vez que já durara demais como ministro, pois tivera tempo suficiente para realizar a maior quantidade de tolices que um ser humano poderia fazer numa pasta tão importante. Aliás, sua figura fazia-nos sentir aquela vergonha alheia a cada nova estupidez anunciada.

Agora, estamos livres do caçador colombiano; todavia, ao que tudo indica, saímos do espeto, mas caímos na brasa. O novo ministro da Educação é um senhor de nome dificílimo (Abraham Weintraub, que pode ser chamado de Abraão), originário do tronco linguístico do universo anglo-saxônico.

Mal se conhecia o novo chefe da Educação brasileira e as primeiras (e péssimas) informações a seu respeito já surgiam.

De início, foi “vendido” como sendo um doutor. Não era. Mas não ter o doutorado, eu relevo. Não ter aproximação anterior com a pasta que dirigirá, eu relevo. Ser uma pessoa completamente desconhecida, eu também relevo. Ser indicado por Ônyx Lorenzoni, mesmo com dificuldades, eu ainda relevo. Ser admirador de Olavo de Carvalho, por respeitar o pensamento adverso ao meio, eu continuo relevando. Agora, se declarar outro caçador de comunista!, aí já fica difícil.

Motivo: como o anterior, Weintraub perderá tempo.

Como há pouco eu disse, praticamente não existem mais comunistas. Os que ainda resistem ao tempo, estão bem velhinhos... Logo, não estão nas universidades. Estas, aliás, desde os tempos horríveis do PT no governo, tentam eliminar até o pensamento crítico de Marx. Dentre nós, com exceções, infelizmente, só o fato de mencionar a crítica marxista, ou usá-la como ferramenta para análises atuais, já é visto como algo anacrônico.

Portanto, o governo poderia parar de caçar o que já não mais há e tocar o barco; afinal, problemas, na educação, não faltam.

 

Quinta, 04 Abril 2019 18:02

 

O presidente Jair Bolsonaro criticou na última segunda-feira (1), em entrevista exibida pela TV Record, emissora que tem se tornado porta-voz do atual governo, a metodologia utilizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para medir o desemprego no país. Apesar de admitir que o método é realizado internacionalmente, questionou a veracidade dos resultados.

 

Segundo Bolsonaro, que tem mostrado que prefere dar sua visão dos fatos, independente da realidade e do que a história já comprovou, a taxa do IBGE “parece” ter sido feita para “enganar a população”. 

 

No dia 26/3, Mutirão de Emprego atraiu 15.000 pessoas em SP. Pessoas chegaram a dormir na fila para deixar o currículo e conseguir uma entrevista de emprego


É mais fácil negar a realidade

 

Os questionamentos de Bolsonaro ocorrem justamente quando recente pesquisa divulgada pelo IBGE revela o que os trabalhadores e a população mais pobre não têm dúvida por que estão sentindo na pele: os dados sobre emprego no Brasil pioraram.

 

Segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), divulgada no último dia 29, o número de desempregados registrados no trimestre de dezembro de 2018 a fevereiro de 2019 é de 13,1 milhões de pessoas (12,4%). Um total de 800 mil a mais do que o registrado no trimestre anterior.

 

O número de pessoas desalentadas é de 4,8 milhões (4,4% do total), resultado 6% maior que o apresentado um ano atrás. Desalentados são pessoas que desistiram de procurar emprego, pois estão há muito tempo fora do mercado, por não ter experiência ou qualificação, por ser muito jovem ou muito idoso. Ou seja, por que simplesmente não existem vagas para elas.

 

Se somarmos os desempregados, os desalentados e os que trabalham menos horas do que precisariam, o número totaliza 28 milhões de pessoas. Se considerarmos o que os pesquisadores chamam de força de trabalho, ou seja, pessoas em idade de trabalhar, teremos uma população de 65,6 milhões de pessoas fora do mercado.

 

Bolsonaro disse preferir a pesquisa do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho. Coincidentemente, levantamento do Caged demonstrou que, em fevereiro, foram criadas 173.139 vagas com carteira assinada, resultado que obviamente Bolsonaro preferiu destacar e comemorar.

 

A contraposição entre os dois resultados por Bolsonaro como se um fosse verdade (a geração de vagas) e, outro, mentira (a pesquisa do IBGE), é contestada por diversos economistas que afirmam que as pesquisas são complementares, revelando situações e momentos diferentes, e não excludentes ou contraditórias.

 


Medidas de Bolsonaro vão aumentar desemprego e pobreza

 

Para o integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Paulo Barela, questionar a realidade do desemprego no país chega a ser uma provocação do governo, afinal, os trabalhadores e os mais pobres sentem na pele os efeitos da crise econômica e dos ataques ocorridos nos últimos anos.

 

“Quase toda família tem uma pessoa desempregada ou que não consegue entrar no mercado de trabalho. Essa é a realidade. Esse é o resultado das políticas econômicas aplicadas por todos os governos anteriores e de medidas como a nefasta Reforma Trabalhista aprovada por Temer, que não gerou empregos como prometiam e, ao contrário, aumentou o número de trabalhos precarizados”, afirmou Barela.

 

Ainda segundo dirigente, o fato é que o governo Bolsonaro está prestes a completar 100 dias e até agora não fez nada de concreto para gerar empregos no país.

 

“Bolsonaro está preocupado em ficar nas redes socais, divulgando fake news, e empenhado em aprovar a Reforma da Previdência e fazer uma nova reforma trabalhista com a criação da carteira de trabalho verde e amarela, que terá menos direitos. Essas medidas não vão criar empregos, ao contrário, vão aumentar a pobreza e piorar a economia”, explicou.

 

A CSP-Conlutas defende que é preciso construir uma Greve Geral para derrotar a Reforma da Previdência e todos os ataques do governo Bolsonaro.

 

Fonte: CSP-Conlutas

Quinta, 04 Abril 2019 17:59

 

O decreto 9.741, publicado na sexta-feira (29) em edição extra do Diário Oficial da União, contingenciou R$ 29,582 bilhões do Orçamento Federal de 2019. Com isso, a Educação perdeu R$ 5,839 bilhões, cerca de 25% do previsto. Somados os cortes, as pastas da Educação, Saúde e Cidadania tiveram R$ 7,5 bilhões de verbas congeladas.

Cortes são reflexo da EC 95 e atingem diretamente as políticas públicas

Originalmente, Lei Orçamentária Anual (LOA) deste ano garantia R$ 23,699 bilhões de verbas discricionárias para a Educação. Com o corte, os recursos disponíveis para gastos com custeio e investimentos em Educação caíram para R$ 17,793 bilhões. As despesas discricionárias englobam desde os investimentos em universidades federais até compra de insumos básicos para o funcionamento dos serviços públicos.

Depois da Educação, que sofreu o maior corte, os mais prejudicados foram os ministérios da Defesa e da Infraestrutura. As pastas tiveram cortes de R$ 5,107 bilhões e R$ 4,302 bilhões, respectivamente. A única que não sofreu com a medida foi a Vice-Presidência.

Outros cortes bilionários também atingiram os ministérios do Desenvolvimento Regional (R$2,982 bilhões), Ciência e Tecnologia (R$ 2,132 bilhões) e Cidadania (R$ 1,050 bilhão). Embora em valores absolutos os cortes sejam menores, em termos percentuais, a pasta da Cidadania, por exemplo, perdeu 24,5% do previsto para 2019. Esse ministério abarca os antigos ministérios do Desenvolvimento Social, dos Esportes e da Cultura.

Já o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) perdeu 42,27% das despesas de investimento previstas. Com o bloqueio de R$ 2,158 bilhões do valor definido na LOA (R$ 5.105 bi), o MCTIC ficará com apenas R$ 2,947 bilhões.

Assim como a Educação, o MCTIC já estava com o orçamento extremamente reduzido em 2019, devido aos sucessivos cortes dos últimos anos. O cenário pode inviabilizar programas de bolsas e fomento de pesquisas, além de aprofundar as condições de trabalho e ensino nas instituições de ensino e pesquisa federais.

O decreto bloqueou também de R$ 2,95 bilhões das emendas parlamentares. Ou seja, os recursos que deputados e senadores indicam para investimento em obras e serviços nos estados e municípios. Foram cortados R$ 1,965 bilhão em emendas parlamentares individuais e R$ 991 milhões em emendas de bancada.

Com o bloqueio orçamentário, o limite dos gastos discricionários (não obrigatórios) caiu para R$ 90 bilhões neste ano. Segundo levantamento do G1, a verba para custeio e investimentos será a menor desde 2008, quando começou a série histórica do Tesouro Nacional.

Segundo levantamento do G1, a verba para custeio e investimentos será a menor desde 2008. Fonte: G1/Tesouro Nacional

Impacto do Teto dos Gastos
Antonio Gonçalves, presidente do ANDES-SN, aponta que esse novo corte no Orçamento da União, em especial nos recursos das políticas sociais, é um reflexo da Emenda Constitucional 95. E também um aprofundamento da política de desmonte do Estado, que vem sendo intensificada pelo governo Bolsonaro. Segundo ele, a medida pode comprometer profundamente a prestação de serviços públicos para a população. Isso permitirá também a intensificação do processo de mercantilização e privatização da Sáude, Educação e Ciência e Tecnologia, por exemplo.

“Está se concretizando o que nós já prevíamos. Com a limitação imposta pelo Teto dos Gastos, a EC 95, os poucos recursos para investimento que sobram no orçamento são contingenciados para garantir a política de juros e remuneração da dívida pública. Isso é muito perverso”, denuncia.

Para Gonçalves, o caminho é derrotar a EC 95 e garantir recursos para as políticas públicas sociais. “Para quem tinha alguma dúvida, está aí a concretização da política econômica em decorrência da EC 95. Cabe perguntar para onde vão os recursos contingenciados? Certamente, ao avaliarmos a execução orçamentária, veremos esses recursos todos sendo drenados para o sistema da dívida pública”, alerta.

“Nós, como Sindicato Nacional, denunciamos mais esse ataque às políticas sociais, em especial à política de Educação. Envidaremos esforços para derrotar a EC 95 que, em certa medida, é a origem de todos esses cortes que têm ocorrido, reiteradamente, no orçamento público”, conclui.

Corte inviabiliza Ciência

A Andifes, SBPC, ABC, Confap, Consecti e Fórum Nacional de Secretários Municipais da Área de Ciência e Tecnologia enviaram uma carta a autoridades do Executivo e Legislativo. No documento, alertam que o contingenciamento nas despesas de investimento do MCTIC inviabiliza o desenvolvimento científico e tecnológico do país.

“As novas restrições orçamentárias atingem a integridade do programa de bolsas, fonte da formação de novos pesquisadores desde a criação do CNPQ”, afirmam.

Fonte: Andes-SN (com informações da Agência Câmara, Andifes e G1)

 

 
Segunda, 01 Abril 2019 09:09

 

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Por Roberto de Barros Freire*
 

O que Bolsonaro entende por “nova política”? Difícil saber. Ele afirma que é contrário à velha política, do toma lá dá cá, da compra de políticos e bancadas. Com isso, antes de tudo, ofende o congresso, sustentando que deputados e senadores são corruptos, por isso não irá negociar com os mesmos, porém nada faz de política, apenas se recusa a debater com o congresso, realizando uma antipolítica. Ora, a política, o diálogo na arena pública debatendo os interesses privados em conflito, a arte ou ciência de negociar direitos e deveres, que ocorre, ou deve ocorrer no parlamento, a essência democrática do sistema é simplesmente ignorada por Bolsonaro, se omitindo a ir ao congresso defender suas posições políticas diante da diversificada posições políticas nacionais.


Como bom tiranete, acostumado apenas a ordenar para ter seus interesses realizados, a afastar o contraditório sem escutar o outro, ele não participa de debates: ou fala sozinho ou vai embora sem escutar o outro. Não quer convencer o congresso e a nação das assertivas de suas posições, não quer ouvir sobre os limites de suas escolhas para a nação. Quer apenas que todos se curvem a suas propostas políticas, sem discussão ou barganha.


O fato é que rigorosamente falando Bolsonaro sempre foi contrário a maior parte das coisas que sua equipe vem propondo. Com exceção de suas lutas pessoais – liberação de armas e pautas autoritárias e moralistas nos costumes, ele em 28 anos como deputado sempre votou pela manutenção e ampliação de privilégios pelas categorias, principalmente os militares e policiais, sempre votou contra reformas na previdência, votou contra inclusive que o país emprestasse a base de lançamento para os norte-americanos, enfim, sempre foi contrário às pautas liberais, sejam nos costumes, seja na economia, que agora afirma “defender”. Na verdade, “abraçou” uma pauta liberal apenas para angariar votos, sem mudar suas convicções ou intenções, eis porque não vai ao debate das propostas do seu governo: ele concorda com os opositores.


Assim não se empenha nas causas salvacionistas da previdência ou da reforma tributária: se der certo, tentará captar os frutos, se der errado terá a quem culpar, e assim tentar salvar a própria pele. Enquanto cassa fantasmas marxistas e ofende posições políticas adversárias pelas redes sociais, querendo manter um clima de campanha eterna, não percebe que se o ódio pode eleger alguém, o mesmo não serve para manter o poder político. Não se está mais no momento de salientar os defeitos alheios para parecer melhor, mas mostrar porque é melhor, mostrar serviço. Não temos mais que destruir o passado, mas antes construir um presente melhor.


Bolsonaro na realidade nada tem de novo, nem sabe como realizar uma nova política; ele não tem um projeto de país, nem sabe o que fazer diante dos problemas concretos. Soube captar a indignação de grandes maiorias, catalisar a raiva e a indignação de muitos e dar uma promessa não de algo novo ou diferente, mas de fim de algo que permanecia por mais de década, que foi satisfatório enquanto enriquecia a nação e que se tornou horroroso com o declínio da economia – o coração sempre segue o bolso! Enfim, Bolsonaro sempre foi oposição, sabe lutar contra ideias e políticas, sabe dificultar a vida dos governantes, mas não sabe construir alianças ou políticas.


Sua mais notória ignorância política e falta de projeto nacional é o que fez com a educação, dando o ministério, que deveria ser o mais importante, para uma pessoa incompetente, que desconhece até mesmos nossas leis, sem força ou visão de educação. Não consegue sequer escolher pessoas para os cargos. Sua preocupação em dar os ministérios mais importantes para pessoas incompetentes e meramente ideológicos revela sua falta de visão política e nacional. Ele não quer educar o povo, mas transformar a todos em antipetistas. O atraso será inevitável.....


 
*Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Sexta, 29 Março 2019 15:55

 

Perseguições, terror psicológico, prisões, torturas, assassinatos, ocultação de cadáveres. Mulheres tiveram com ratos enfiados em suas vaginas; homens com os testículos arrancados com alicates; choques na vagina, pênis e língua; unhas arrancadas com alicates; crianças levadas à presença de mães torturadas e estupradas; paus de arara, dentes arrancados à força e sem anestesia.

 

Essa é a cara da ditadura brasileira. Este ano completam-se 55 anos de um dos períodos mais sombrios da história nacional. O golpe que impôs uma ditadura militar, de 1964 a 1985 no Brasil, segundo relatório final da Comissão Nacional da Verdade, em 2014, deixou 434 pessoas mortas ou desaparecidas ao longo desses 21 anos.

 

Além disso, povos indígenas quase foram dizimados e trabalhadores rurais viviam sob terror no campo. Nas empresas, a perseguição foi cruel. Trabalhadores foram perseguidos, demitidos, muitos foram presos e torturados.

 

Mesmo assim, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) determinou que as Forças Armadas comemorem no próximo no dia 31 de março o aniversário deste golpe militar.

 

“Nosso presidente já determinou ao Ministério da Defesa que faça as comemorações devidas com relação ao 31 de março de 1964 incluindo a ordem do dia, patrocinada pelo Ministério da Defesa, que já foi aprovada pelo nosso presidente”, afirmou o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, na última segunda-feira (25).

 

Não bastasse isso, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, declarou em entrevista à Rádio Gaúcha no dia da chegada de Bolsonaro ao Chile, recentemente, que o ditador Pinochet “teve que dar um banho de sangue” que “lavou as ruas do Chile” para conseguir implantar as reformas econômicas que pretendia naquele momento.

 

A relação das empresas com a ditadura

O Grupo de Trabalho “Ditadura e repressão aos trabalhadores, às trabalhadoras e ao movimento sindical” que integrou a CNV (Comissão Nacional da Verdade) investigou a perseguição à classe trabalhadora durante o período do regime civil-militar. A CNV apresentou relatório oficial sobre a ditadura militar brasileira em 2014.

 

Segundo as pesquisas do GT do Trabalho, grandes empresas ajudaram a financiar o golpe militar e a perseguir e entregar trabalhadores para a repressão. A maioria das empresas ajudou. Entre elas, Petrobras, GM, Embraer, Volkswagen, Fiat, Ultra, a própria Fiesp (entidade de classe das empresas paulistas) cujos dirigentes chegaram a assistir sessões de tortura no Doi-Codi.

 

No documento do GT constam atrocidades cometidas por empresas como o apoio financeiro aos órgãos de repressão, perseguições, demissões, prisões e até torturas de trabalhadores.

 

Na época, o dirigente Luiz Carlos Prates, da Secretaria Executiva Nacional (SEN) da CSP-Conlutas, responsável pela atuação da Central nas pesquisas, ressaltou a importância de se apresentar trazer a verdade sobre a repressão à classe trabalhadora. “Queremos justiça aos trabalhadores que sofreram perseguição, pois o golpe militar foi contra a classe trabalhadora brasileira; por isso queremos a verdade, mas justiça e reparação também, as empresas precisam pagar pelos crimes que cometeram”. Mancha, que também foi perseguido, já recebeu reconhecimento do Estado brasileiro por essa perseguição com a anistia.

 

Agora, a ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, disse que negou 265 pedidos de reconhecimento de anistiados políticos e que fará uma auditoria em reparações às vítimas de perseguições políticas concedidas nos governos passados.

 

Segundo matéria na FSP (26/03), o pente-fino será feito pela CGU (Controladoria-Geral da União), que analisará também os contratos e convênios feitos pela estrutura federal. Ao todo, há cerca de 12,6 mil processos que aguardam apreciação ou revisão da Comissão da Anistia, alguns deles há mais de dez anos.

 

Que tempos são esses…

 

Rechaço à ditadura

A CSP-Conlutas se incorpora às atividades de repúdio ao golpe militar de 1969.

 

A nossa Central continua exigindo a abertura dos arquivos para acesso público aos documentos da época da ditadura militar. Também continuaremos a exigir justiça e reparação às vítimas e a prisão dos torturadores e assassinos.

 

Em Cuiabá, a Adufmat-Seção Sindical do ANDES-SN e o ANDES - Sindicato Nacional apoiam o ato político "Ditadura Nunca Mais!", que será realizado na segunda-feira, 01/04, no Instituto de Linguagens (IL) da Universidade Federal de Mato Grosso, a partir das 18h.  

 

 

Fonte: CSP Conlutas (com edição de Adufmat-Ssind)

Quarta, 27 Março 2019 18:47

 

Poucos dias após o massacre na escola Professor Raul Brasil, em Suzano (SP), comunidades acadêmicas de três universidades públicas brasileiras foram alvos de ameaças e mensagens de ódio.

UFMG foi uma das universidades que recebeu mensagens em tom ameaçador. Foto: Divulgação.

Em 20 de março, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) divulgou uma nota informando que recebeu "mensagens em tom ameaçador”. Anônimo, o agressor supostamente é um aluno reprovado no sistema de cotas da universidade. Em e-mails, ele afirmou que iria atirar em pessoas que fazem parte da comissão, ligadas à comunidade acadêmica.

No comunicado, a UFMG informou que identificou o IP da conexão - endereço de Protocolo da Internet - de onde mensagens foram enviadas e repassou à Polícia Federal. Afirmou, ainda, que a rotina na UFMG não foi alterada.

Também no dia 20, a Universidade Federal Rio Grande do Sul (UFRGS) denunciou ter recebido ameaças de atentado no campus do Vale. A ameaça dizia que o ataque seria “semelhante ao ocorrido em Suzano, SP”, citou a nota publicada. A universidade acionou o setor de segurança da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), das polícias Federal e Civil e da Brigada Militar. Além disso, reforçou sua segurança interna.

No dia seguinte, a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) confirmou a veracidade de uma carta encontrada em um dos banheiros do campus Uvaranas. Na carta, o agressor afirmou que cometeria “a maior execução de alunos já vista em todo o mundo”.

A universidade afirmou que solicitou o reforço da vigilância interna e acionou os órgãos de segurança externos. “A Polícia Civil enviou dois investigadores que estão trabalhando no caso. As câmeras de segurança estão sendo analisadas para confirmar o fato e identificar a autoria. Há carros da polícia e agentes de segurança interna fazendo vistorias no Campus neste momento”, diz o texto.  

Ano passado, no período das eleições, as comunidades acadêmicas das universidades Federal (UFPE) e Estadual de Pernambuco (UPE) também foram alvos de ataques. Na UFPE, foi divulgada uma carta “contra os doutrinadores esquerdistas”. Segundo o texto, eles seriam banidos da universidade em 2019. No documento, o agressor listou nominalmente mais de 15 professores, em sua maioria do curso de Sociologia. Na UPE de Nazaré da Mata ocorreu o mesmo. O texto afirma que o espaço Paulo Freire passaria a se chamar espaço Coronel Ustra, em referência ao primeiro militar a ser reconhecido pela justiça como torturador.

Violência em ambiente universitário


A violência em ambiente universitário tem alertado a comunidade internacional. Uma reportagem da Agência Pública aponta que há oito meses, a organização Scholars at Risk (Acadêmicos em Risco, em português) tem sido procurada por professores brasileiros que se sentem inseguros no país. Sediada nos Estados Unidos, a organização é uma rede de instituições de ensino superior que promove a liberdade acadêmica. Ela ajuda pesquisadores e professores ameaçados de morte a sair de seus países por um tempo. Até o ano passado, apenas um brasileiro tinha contatado a organização. Agora, já são 18.

Madochée Bozier, assistente do programa de proteção a professores universitários, em entrevista à Agência Pública, explicou o motivo do aumento da procura. Segundo ele, a busca pela rede de apoio deve-se ao fato da atmosfera sociopolítica no Brasil, culminando na vitória de Jair Bolsonaro. “Os candidatos do Brasil relatam instabilidade, medo de serem detidos ou presos, assédio e medo de serem mortos ou desaparecerem”, disse.

 

 Fonte: ANDES-SN
Segunda, 25 Março 2019 15:11

 

Durante a viagem ao Chile, realizada neste final de semana, Bolsonaro voltou a dizer que os trabalhadores brasileiros ganham muito e que a legislação trabalhista no Brasil precisa “beirar a informalidade”.

 

Declaração de Bolsonaro ocorreu em reunião com empresários no Chile

 

“A equipe econômica nossa também trabalha uma forma de desburocratizar o governo, desregulamentar muita coisa. Tenho dito à equipe econômica que na questão trabalhista nós devemos beirar a informalidade porque a nossa mão-de-obra é talvez uma das mais caras do mundo”, disse Bolsonaro. A afirmação foi dita em um café da manhã com empresários chilenos.

 

Não é a primeira vez que Bolsonaro defende essa proposta. Em dezembro, já depois de ser eleito, também declarou que “é horrível ser patrão no Brasil”, afirmando que a legislação no país atrapalha e, portanto, precisa beirar a informalidade. Ou seja, não deve haver de direitos.

 

Cara de pau!

Bolsonaro se aposentou aos 33 anos de idade e atua na política há quase 30 anos. Não sabe o que é bater cartão, receber baixos salários e trabalhar de verdade. É um verdadeiro escárnio ele defender o fim da legislação trabalhista no país e condições precárias para os trabalhadores!

 

O presidente defende uma proposta absurda como essa num país em que o desemprego e o número de pessoas fora do mercado de trabalho já é recorde. Segundo dados oficiais do IBGE, em janeiro, havia cerca de 12 milhões de desempregados no país. Se considerar o número de desalentados (que desistiram de procurar emprego por que não há vagas) são mais 4,7 milhões de pessoas. Isso sem contar dados que mostram que o número de carteira assinada no país vem caindo e o número de brasileiros que sobrevivem de “bicos” aumenta.

 

Ou seja, ao invés de resolver o problema do desemprego e da informalidade, Bolsonaro defende que todos os trabalhadores passem a viver em condições de informalidade, ou seja, com salários ainda mais baixos, menos direitos e em condições precárias.

 

Além de Reforma da Previdência, nova reforma trabalhista

 

A Reforma Trabalhista foi aprovada no governo Temer, em 2017, com o falso argumento de que geraria empregos. Hoje, pesquisas demonstram que não passava de uma grande mentira de fato. O desemprego não só aumentou, como as poucas vagas criadas no período são empregos informais (portanto, sem direitos e de baixa renda). O que cresceu são os chamados “bicos”.

 

Bolsonaro votou a favor dessa nefasta Reforma Trabalhista e, como se não bastasse, agora seu governo defende uma nova reforma. O ministro da Economia Paulo Guedes já anunciou que pretende criar a chamada “carteira de trabalho verde e amarela”. Uma carteira de trabalho com menos direitos.

 

Para a dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Renata França, o governo Bolsonaro quer atacar a aposentadoria, a Previdência e os direitos trabalhistas para favorecer empresários, banqueiros e o agronegócio do país.

 

“O projeto do governo Bolsonaro tem como centro apenas medidas que favorecem o empresariado. Por isso, pretende privatizar geral, entregando todo o patrimônio do país para gerar lucros à iniciativa privada; quer fazer a Reforma da Previdência para favorecer os bancos com a previdência por capitalização e pagar os juros da Dívida Pública; e aprofundar ainda mais o ataque aos direitos trabalhistas. Por isso, fechou o Ministério do Trabalho, ataca os sindicatos e quer a carteira verde e amarela”, denuncia Renata.

 

“Esses ataques só poderão ser barrados com uma forte mobilização dos trabalhadores. No último dia 22, a classe trabalhadora tomou as ruas contra a Reforma da Previdência em todo o país. Começamos bem a batalha. Agora, a tarefa das centrais sindicais e sindicatos é intensificar essa luta e começarmos a construir a Greve Geral para mostrar que não aceitaremos a perda de direitos”, defende a dirigente.

 

 Fonte: CSP Conlutas

Quinta, 21 Março 2019 10:06

 

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Por Roberto de Barros Freire*
 

Ao acompanhar a ida de Bolsonaro para os Estados Unidos, percebe-se uma criança encantada com o mundo avançado, grande, forte dos parques de diversões norte-americanos. O homem submisso, subalterno, foi conceder privilégios ao Sr. Trump, sem nada pedir em troca. De agora em diante, enquanto somos tratados como capachos nas alfândegas dos Estados Unidos, os norte-americanos são tratados como pessoas acima de qualquer suspeita nas alfândegas brasileiras, sem precisar de visto.


Aliás, para Bolsonaro, os emigrantes são todos bandidos, e os brasileiros que fogem da violência social e econômica do Brasil envergonham as “autoridades” governamentais. Enfim, Bolsonaro e o seu ministro das relações exteriores nos fizeram de capacho de Trump, encantados com vagas promessas que em nada nos beneficiam, achando que fizemos grandes conquistas ajoelhados diante dos EUA. Ora, entrar para a OCDE pode parecer um grande passo para alguém minúsculo como nosso presidente e seu ministro, mas na verdade é algo mais simbólico do que efetivo, e já fomos convidados antes e recusamos o convite; não é por mérito do governante, mas pela solidez do país que se adentra nessa organização.


Ah! Sim! Vamos ganhar uns trocos com o lançamento de foguetes de nossas terras. Se é que ocorrerão, pois é bem provável que o congresso mele esse “acordo”, como já fez no passado, inclusive com voto do Sr. Bolsonaro. De qualquer modo, com certeza não ficaremos nem mais ricos nem mais pobres com esse evento, e, digamos, não precisaríamos gastar tanto numa viagem presidencial para conseguir tão pouco.


Por fim , fomos convidados para fazer parte da OTAN, o que para mim é um atraso, pois as guerras por anexação se encerraram com o fim da segunda guerra mundial. E se essa aliança militar fez sentido até os anos oitenta do século passado, de noventa para cá, é mais uma estrutura onerosa do que útil, mais garante emprego para militares do que nos protege de ameaças.


O rude, o bronco e o grosseiro presidente Bolsonaro ofendeu os brasileiros diante das autoridades norte-americanas, falando mal de governantes passados, falando mal de nossas relações com a China e com o continente americano, enfim, querendo afirmar que só depois dele nos tornamos “civilizados”, e que antes dele só haviam animais. Ele parecia mais encantado em realizar um velho sonho – ficar entre os grandes sendo alguém pequeno – do que preocupado em fazer o melhor para o país.


O mais triste é ter que suportar os chatos dos filhos do presidente, em todo lugar, custando caro ao país e sempre presentes em todas as circunstâncias, sem nenhum desconfiômetro. Um presidente fraco, pequeno, precisa de outros para se sentir forte. Elegemos um presidente e temos que carregar três tranqueiras juntos.


 
*Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Segunda, 18 Março 2019 09:17

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Por Roberto de Barros Freire*
 
  

Sem dúvida que o atentado à escola em Suzano/SP foi coisa de pessoas perturbadas, incapazes de sentimentos humanos. O que leva alguém a querer matar tantas pessoas e depois se matar é algo inexplicável para pessoas normais, que dão valor a vida, que respeitam o direito de todos. Só alguém aloprado se considera superior aos demais, capaz de impor aos outros suas vontades, e dizimar vidas humanas.


Mas, se o acontecimento por si já foi algo horrível, ainda pior foram os comentários do senador Major Olímpio. Insensível à dor de todos, defendeu de forma oportunista sua bandeira armamentista. Aloprado, defende que os professores andem armados, não para acabar com os tiroteios, mas para ter mais pessoas atirando nesse país repleto de bala para todo lado.


Percebam a loucura do infeliz senador. Ao invés de propor um detector de metal na entrada da escola para impedir a entrada de armas, ele propõe armar os professores para revidar os tiros recebidos: com que recursos? Se a arma é um instrumento de trabalho, segundo o insano Major Olímpio, a secretaria de educação é que fornecerá essas “ferramentas” ao professor? Comprar uma arma é coisa de rico, e professor não dispõe de salário para ter uma arma; com o que custa uma arma, compraria antes uma motocicleta para si. Supondo que a secretaria de educação fornecesse as armas, ele transportaria da escola para a casa e da casa para escola, nos ônibus, pelas ruas, ou deixaria a mesma na escola? As escolas, todos sabem, são furtadas até por causa de sua merenda, imagina quantos bandidos não atrairia para roubar as armas dos professores. Ficar andando pela rua armado é não só perigoso, como insano, uma vez que são pessoas despreparadas, pois só a polícia possui esse preparo, e mesmo assim estamos cansados de ver os desastres.


Segundo esse incapaz senador, teríamos que mudar as licenciaturas: sai didática, filosofia e psicologia da educação, entra tira ao alvo, defesa pessoal e o uso de armas brancas: faca e machado. Enfim, o professor guardião armado, preparado para o combate, porém despreparado para a sabedoria e o conhecimento, vigiará crianças e adolescentes contra possíveis ataques, e quando der, ensinará alguma coisa trivial.


Major Olímpio é para mim um terrorista, ampliando a insegurança escolar, não sendo uma pessoa razoável e ocupando um lugar com tanto poder. Um serviçal da indústria armamentista que está mais interessado em aumentar o mercado das armas do que resolver o problema da violência. E o que é pior, sem dar um palpite ou sugestão de como manter os jovens nas escolas – como é obrigação do Estado – para não se tornarem criminosos, querendo apenas punir os jovens abandonados por esse Estado ruim, com senadores ainda piores, diminuindo a menoridade penal. Quer penalizar duplamente nossos jovens, de forma maldosa; o jovem que foi penalizado por não ter recebido educação do Estado, será penalizado por não ter sido educado.


Os limites mentais desse senador assustam, não apenas pelas bobagens que diz e defende, mas pelo fato de ter instrumentos para por em prática suas idiossincrasias. Um senador atrasado, bruto, rústico, terrorista, querendo apenas armar as pessoas, sem outra atuação ou militância que seja penalizar adolescentes pelos crimes dos adultos, ou armar as pessoas para que todos resolvam suas desavenças pela bala. No congresso, sobram trogloditas e faltam humanistas. Todos querem endurecer as leis erradas e abrandar as leis boas até torná-las fracas.


Em minha opinião, esse senador deveria ser repreendido por emitir ideias inadequadas, pois ainda que se tenha liberdade de ideias, não se pode utilizar tão alto posto público para bradar ideias desumanas, arbitrárias e insanas. Deve haver um limite mesmo a imunidade parlamentar, pois que há ideias como a desse senador que podem ser nefastas. Como membro do senado deveria ter um comportamento mais adequado ao posto, e não reagir como um bárbaro sanguinário, e pronto para ver tiroteio nas escolas, a defender suas ideias até mesmo sobre as dores de todos.


Para mim, esse senador é um assassino em potencial, só faltando o pretexto para matar alguém. Antes de defender o direito a legítima defesa, defende a o direito de matar quando se vê ameaçado, e ameaça pode ser qualquer coisa, até mostrar a língua.

 
*Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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