Sexta, 05 Julho 2019 15:25

 

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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JUACY DA SILVA*
 

Antes de mais nada, precisamos aclarar e buscar entender o que significa conhecimento e sabedoria, como instrumentos para atingirmos a verdade e garantirmos a liberdade, não apenas como conceitos, mas sim, como experiência de vida e organização da sociedade.


De acordo com o Instituto Brasileiro de Coaching, IBC, O conhecimento é o conjunto de informações que o indivíduo adquire por meio da sua experiência, aprendizagem, crenças, valores e insights sobre algo no decorrer da sua trajetória. A pessoa que detêm o conhecimento é capaz de saber alguma informação ou instrução e a mesma pode mudar comportamentos e auxiliar na tomada de decisões. O conhecimento é capaz de transformar vidas e, se utilizado devidamente, contribui significativamente para a construção de um mundo melhor. Trata-se de um processamento complexo e subjetivo da informação absorvida por um indivíduo e, digo eu, pela coletividade, pois o conhecimento individual só tem significado se estiver a serviço da sociedade.


Conforme o portal “somos todos um”  o conceito de “SABEDORIA, consiste em saber o que fazer com qualquer conhecimento, como utilizá-lo de forma prudente, moderada, profícua e útil. Somos o resultado das nossas escolhas e elas estão baseadas no nível de conhecimento a respeito de determinado assunto. Passamos a adquirir sabedoria quando enfrentamos  o erro e o acerto do que escolhemos”. Neste sentido o conhecimento embasa nossa visão de mundo ou nossa cosmovisão.


Portanto, sabedoria pode ser entendida como a capacidade que temos para utilizar corretamente, altruisticamente, socialmente, politicamente e humanamente nossos conhecimentos. Exemplo, ao utilizar o conhecimento científico e tecnológico para a fabricação de armas de destruição em massa, certamente que esta utilização de um conhecimento de grau elevado e refinado, nada tem de sabedoria.


Ao contrário, ao utilizarmos o conhecimento da dinâmica da energia nuclear, não para fazer bombas atômicas, mas sim, para o progresso da medicina, dos transportes, para a produção de energia, eletricidade ou para as transformações na agropecuária, certamente este conhecimento estará embasado na sabedoria.


Ao longo da história o ser humano empreende uma jornada que leva ao progresso material, às invenções, na busca contínua por condições melhores de vida. Todavia, nesta caminhada surgem e se desenvolvem as forças do mal, a indústria da morte, do obscurantismo, da ignorância, quase sempre travestidas do espirito do bem, embasando determinadas causas que acabam destruindo muita gente.


A inquisição, por exemplo, que por séculos fez parte do cristianismo, da hierarquia da Igreja da Católica, através de uma visão deturpada da verdade, levou ao sofrimento, à prisão e à morte centenas de milhares pessoas, inclusive queimadas vivas, por que ousaram pensar de forma diferente ou em confronto com o que, décadas ou séculos eram “verdades consagradas” pela igreja e pela fé cristã,  mas há muito tempo até a atualidade a inquisição é considerado uma prática cruel e, em certo sentido, demoníaca, apesar de ter sido praticada em nome da fé católica e cristã, quando Cristo tanto enfatizava que deveríamos pregar apenas o amor, jamais o ódio, o rancor, a vingança e a injustiça como foram as práticas da inquisição por mais de cinco séculos. A inquisição é o mais claro exemplo de obscurantismo e, em certo sentido, ainda hoje está presente na forma de agir de algumas pessoas e até mesmo como práticas e ações de governo, como podem ser observadas, principalmente na violência institucionalizada pelo Estado.


Por isso, a liberdade de pensamento, de pesquisa, de diálogo, de organização, de manifestação, de veiculação dos frutos do conhecimento devem ser um apanágio não apenas da racionalidade individual, mas a base para a construção de uma sociedade justa, humana, sustentável e desenvolvida.


O obscurantismo faz parte do arcabouço de regimes e governos medíocres que não suportam nem a liberdade e muito menos a verdade, razão pela qual deve ser combatido de forma efetiva para que os países e as sociedades não se enveredem para regimes totalitários e ditatoriais.


Todas as pessoas, tanto crianças, quanto jovens, adultos e mesmo idosos, que já estão no processo de ocaso da existência, devem ter a capacidade de refletir, pensar criticamente e a coragem de demonstrar seu inconformismo perante todas as formas de obscurantismos e de censura.


Em sociedades dominadas pelo obscurantismo não tem lugar para uma educação de fundamentação crítica, libertadora e muito menos práticas pedagógicas que estimulam as pessoas a pensarem criticamente e exercitarem a plena liberdade para pensar, sentir e agir, único caminho que leva ao conhecimento e à sabedoria.


Devemos saber viver plenamente, buscando sempre estudar e aprender coisas úteis e proveitosas a nós mesmos e ao próximo. Quando paramos de aprender ou perdemos a curiosidade que nos leva a novas descobertas e ao progresso, começamos de fato a morrer aos poucos, isto também acontece com as sociedades governadas por dirigentes medíocres que temem o conhecimento, a sabedoria e a coragem de encarar a verdade, principalmente quando isto esta na base das manifestações populares.


Precisamos aprender o mais que pudermos, não devemos perder tempo com futilidade, que é sinônimo de uma vida vazia e sem objetivos, sem rumo. Busquemos conhecer assuntos novos em todos os ramos do conhecimento, que despertam a curiosidade que existe dentro de nós, isto nos ajudará e também ajudará ao próximo a iluminar mais o espirito da verdade.


Só a curiosidade, a vontade de conhecer não apenas o mundo em nossa volta, mas nosso mundo interior pode nos conduzir na jornada em busca da felicidade e da eternidade.


Por isso a Bíblia, texto sagrado e regra de fé para bilhões de cristãos e os diversos livros sagrados das demais religiões tanto enfatizam a busca da verdade como apanágio da liberdade. No Evangelho de São João , capítulo 8, versículo 32 é o próprio Cristo quem diz, de forma bem clara “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.


Esta é a resposta a todas as “fakes news” ou, em português “noticias falsas”, que existem desde tempos imemoriais e não apenas na atualidade marcada pela difusão instantânea da internet e das redes sociais, que “tanta preocupação”  tem despertado em nossas autoridades, muitas das quais também, com frequência, mentem para a população, inclusive quanto não usam da transparência para que o povo possa saber, ver e enxergar o que acontece realmente nos porões governamentais.


O obscurantismo é mantido não apenas pela censura e as vezes pela tortura, mas também na medida que atos governamentais, feitos em nome do povo, acabam ficando em caráter secreto, impossibilitando que a população, cidadãos e contribuintes que, com seus impostos, pagam para que o governo exista e funcione para o bem-comum, tome conhecimento da realidade.


Em sentido oposto da verdade, a mentira, a dissimulação, a calúnia, a difamação, a injúria e a demagogia destroem a verdade e aprisionam o ser humano no cárcere da ignorância, da maldade e impossibilita relações humanas saudáveis. Com certeza, se a verdade é obra do bem, a mentiras só pode ser obra do mal, gerando conflitos, animosidades e decepções até mesmo entre pessoas que se querem bem.


Conhecer é um ato de verdadeira libertação, que produz transformações nas pessoas e na sociedade. Censura é irmão gêmeo da mentira e uma afronta `a verdade e a liberdade plena, valores muito caros para uma vida melhor, pelas quais tanta gente já deu até mesmo suas próprias vidas!


*JUACY DA SILVA, professor titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de diversos veículos de comunicação. Twitter@profjuacy Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com
 

 

Quinta, 04 Julho 2019 14:19

 

Presidente do Sindicato ressaltou compromisso da categoria com a defesa da educação pública


Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

 

A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados discutiu na manhã de terça-feira, 2 de julho, os cortes de 30% das dotações orçamentárias de instituições de Ensino Superior anunciados pelo Ministério da Educação em abril deste ano. No total, o corte é de R$ 1,7 bilhão, o que representa 24,84% dos gastos não obrigatórios (discricionários) e 3,43% do orçamento total das Universidades, Institutos e Cefet.

Desde os cortes, as instituições de ensino já sentem a instabilidade por conta dessas medidas. De acordo com o governo, afetariam apenas gastos com limpeza, serviços de apoio, entre outros. Além dos 30% do orçamento, outro ponto que preocupa as entidades educacionais são os cortes das bolsas de mestrado e doutorado, visto que 90% da produção científica brasileira hoje está nas universidades.

O Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN) esteve na discussão representado pelo presidente, Antonio Gonçalves. Em sua fala, ele destacou pontos importantes para a luta dos movimentos sindicais e a expectativa da população em torno da educação brasileira. Além disso, criticou a postura do governo de tentar impor reformas que prejudicam os direitos da classe trabalhadora, sob a justificativa de crise. "Sempre diante de crises econômicas deveríamos encarar como uma oportunidade de se rever a gestão e a forma de gerenciamento, e não como uma fonte de pautas regressivas, de ataques e retiradas de direitos. E é isso que nós estamos assistindo hoje. Diante da desculpa da crise se fez a contrarreforma trabalhista, se retirou direitos na perspectiva de geração de empregos, e agora quer promover uma educação apenas para formação de mão de obra”, afirmou.

O presidente ressaltou que o ANDES-SN é a favor de um projeto diferente de educação que visa uma educação pública de qualidade, com financiamento público, que vai desde o ensino básico até a graduação e pós-graduação. “Nós defendemos a educação como um direito, mas o que nós temos assistido no Brasil é a mercantilização da educação, com um crescimento exponencial das instituições privadas de ensino superior. Queremos uma educação que seja laica e que as instituições tenham autonomia, como documentado em nossa constituição, para proporcionar uma educação relevante na formação da consciência coletiva e no desenvolvimento humano, sem os quais nunca iremos sair de um buraco econômico. Nós estamos em constante organização e vamos lutar para derrotar esses cortes, seja em âmbito federal, estadual ou municipal”, declarou Antonio Gonçalves durante o encontro.

Fonte: ANDES-SN

Fotos: Agência Câmara

Texto: Lucas Reinehr (estagiário de Jornalismo)

Edição: Fritz R. Nunes

Assessoria de Imprensa da Sedufsm

 

Quinta, 04 Julho 2019 08:19

 

Centrais sindicais de todo o país vão intensificar as mobilizações contra os cortes nos orçamentos de universidades, institutos e Cefets e contra à Reforma da Previdência nos meses de julho e agosto. Na última sexta-feira (28), as entidades definiram a continuidade do calendário de luta e reforçaram a importância da realização de assembleias nas bases de todas as categorias de trabalhadoras e trabalhadores do país.

A próxima mobilização unificada contra a Reforma da Previdência será realizada no dia 12 de julho, em Brasília. As centrais sindicais irão apoiar e participar do ato nacional, convocado pelos estudantes, trabalhadoras e trabalhadores da Educação, em defesa da aposentadoria e da educação. Além disso, as entidades têm orientado mobilizações nos estados e cidades, reforçando, por exemplo, a coleta do abaixo-assinado contra a reforma. O documento será entregue no Congresso Nacional no dia 13 de agosto.

 Como parte do calendário de lutas, na última terça-feira (2), em vários aeroportos do país, deputados que embarcavam para Brasília foram recepcionados por pessoas que cobraram dos congressistas um posicionamento contra a PEC 6. Com faixas e cartazes, os manifestantes alertaram para os graves ataques contidos na reforma, que ataca a população mais pobre do país.

Em nota, as entidades reafirmaram o posicionamento contrário ao relatório da reforma da Previdência do deputado federal Samuel Moreira (PSDB-SP) e convocaram estado de mobilização permanente, mesmo durante o recesso do Congresso que começa no dia 18 de julho.  

Confira na íntegra a nota das centrais sindicais

 

Fonte: ANDES-SN

Quarta, 26 Junho 2019 08:53

 

Com paralisação de 1h30, na rodovia BR 364, quilômetro 392, saída Cuiabá/ Rondonópolis, nesta terça-feira (25.06), os trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso realizaram mais um ato, intensificando a luta categoria, em greve há 28 dias.

 

O sindicato levou para a rodovia três ônibus com grevistas, além de veículos particulares, demonstrando para a sociedade que, diferentemente daquilo que diz o governo na mídia, a mobilização não está arrefecendo. “Enquanto o governo não apresentar propostas que avancem nas reivindicações a mobilização continua”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública de Mato Grosso (Sintep/MT), Valdeir Pereira.

 

A BR 364 foi escolhida como forma de mostrar para a sociedade a contradição deste que é um dos estados mais ricos da Nação, com escoamento de milhares de recursos nas estradas mato-grossenses, e deixando quase nada para a população. “Dinheiro do agronegócio circula por estradas construídas e mantidas com impostos da sociedade, que investe sem ter benefício do investimento”, afirmou o dirigente estadual do Sintep/MT, Henrique Lopes.

 

O encerramento da mobilização, assim como todo o movimento que ocorreu em sistema pitstop, com abertura do fluxo de veículos a cada 15 minutos, contou com apoio da Polícia Rodoviária Federal. Os policias rodoviários e militares e também os funcionários da concessionário Rota Oeste, colaboraram para assegurar o controle do tráfego e segurança no local.

 

As reivindicações encaminhadas pelo Sintep/MT seguiram durante o período da tarde, enquanto representantes da categoria participaram de uma reunião com o governo, na Secretaria Estadual de Planejamento e Gestão (Seplag). O presidente do Sintep/MT informou que só haveria recuo na programação no caso caso de avanço nas negociações. Os encaminhamentos da reunião serão encaminhados para a categoria, que está em assembleia permanente. “Reunir para dizer que cumpriu o compromisso, sem apresentar proposta, é inútil para o fim da greve”, conclui Pereira.

 

 

Fonte: Sintep/MT (com edição da Adufmat-Ssind)

Quinta, 13 Junho 2019 11:49

  

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Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Para as reflexões de hoje, trago a transcrição, quase ipsis litteris, do discurso de Claudio Lorenzo, pronunciado em 07/06, na Sessão Solene em Defesa da Universidade de Brasília e do Instituto Federal de Brasília. Lorenzo é professor e diretor sindical na UnB.

O título que dei a essas reflexões, extraído do Hino Nacional, é para deixar claro que o real patriotismo pertence aos progressistas de nosso país.

Partindo desse campo discursivo, Lorenzo disse que falaria “em nome de sociais democratas, socialistas reformistas, anarquistas, comunistas modernos e ortodoxos, e liberais que acreditam ser possível um Estado liberal socialmente responsável, democrático e de direito”;que também falaria “em nome dos que não se definem politicamente e que não acham que isso importa”; só não falaria “em nome dos que flertam com o fascismo, pois quem fala em nome deles é o atual governo”.

Lorenzo afirma que representa os acima listados por conta da partilha de “sentimentos e emoções que só a carreira de professor oferece e que estabelece em nós marcas de identidade, como o amor pelo conhecimento, a excitação de seguir o rastro de uma ideia, conforme dizia Teobaldo (penso que seria Riobaldo de Grande Sertão: veredas) de Guimarães Rosa.

Assim, Lorenzo elenca coisas que só, nós, professores, vivenciamos, como:

  1. a partilha do orgulho em poder sentir tão próximo de nós a potência do saber para o crescimento humano, a satisfação em perceber que a sala de aula pode se tornar um novo espaço de respeito e acolhimento a uma transexual, que só teve, até então, uma vida marcada pelo sofrimento da culpa e da recusa;
  2. a excitação intelectual em ver um doutorando, encontrar, sob sua orientação, solução para um antigo problema;
  3. a ternura que vem do abraço de uma mãe em dia de formatura, quando te agradece e te conta que sua filha é a primeira da família a alcançar o nível superior;
  4. a alegria de visitar uma terra indígena na companhia de um aluno de Medicina, filho daquele povo, que, enquanto caminha entre a pobreza material de sua gente, te enriquece com histórias de seu povo, de seus ancestrais, de seus deuses...”.

Na sequência, Lorenzo, após afirmar que o atual governo usa a máquina para “destruir as universidades federais sob a justificativa de necessidade econômica”, aponta que “o obscurantismo (do governo) é:

  1. próprio da brutalidade e subserviência dos que se dizem patriotas, mas tramam contra a soberania nacional,
  2. bater continência à bandeira alheia;
  3. acabar com as normas de proteção às nossas florestas;
  4. fechar os olhos ao extermínio de nossas comunidades tradicionais e de nossa juventude negra nas periferias;
  5. vender barato nossos minérios;
  6. permitir que envenenem nosso solo;
  7. fomentar as condições sociais para a exploração de nossa gente;
  8. estimular o ódio racial, a misoginia, a homofobia;
  9. deixar a educação de nossa juventude entregue à própria sorte;
  10. abrigar-se sob o guarda-chuva do cinismo, e dali desdenhar dos direitos humano”.

Por tudo isso, Lorenzo adianta ao “Sr. Ministro da Educação e ao Sr. Capitão, Presidente da República”, que “A resistência contra o fim da educação pública e gratuita será grande, desgastando-os”; e afirma:

"Vocês nos prendem vivos, nós escapamos mortos", pois, “pairam sobre nossas cabeças os espíritos de Darcy Ribeiro, de Nise da Silveira, de Milton Santos, de Sérgio Arouca, de Bertha Lutz, de Anísio Teixeira, de Laudelina Campos de Melo, e, sim, de Paulo Freire”.

Mais: que “Estão conosco todos os ancestrais da multiplicidade de povos que construíram a nação brasileira, os deuses indígenas, santos e orixás, Tupã, Ceuci, Ainhaderu, São Francisco, Santa Rita, Jesus Cristo, Oxalá, Yansã e Ogum”.

A mensagem de Lorenzo foi encerrada com um recado direto:

Nós vamos à luta, Sr. Ministro e Sr. Capitão. EPA BABÁ! EH PARRÊ! OGUN YÊ!”

 

 
 
 
 
Segunda, 10 Junho 2019 07:39

 

Jair Bolsonaro cortou mais 2724 bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Foram afetados programas de pós-graduação de todas as áreas de conhecimento, de instituições públicas e privadas de todo o país. Ao todo, 6198 bolsas foram cortadas desde o início do governo.

6198 bolsas da Capes foram cortadas desde o início do governo

As 2724 bolsas deixam de ser pagas já no mês de junho. Programas de pós-graduação que tiveram nota 3 em duas avaliações consecutivas, ou que caíram de nota 4 para nota 3 no último ciclo, perderam 70% das bolsas. A exceção está na Amazônia Legal (região Norte, Mato Grosso e Maranhão). Lá, os programas que se encaixam nos critérios de corte perderam apenas 35% das bolsas.

“Trata-se de um processo de redução dos pequenos programas de pós-graduação. Dos programas que ainda estão em construção e consolidação, que são mais frágeis, e onde a repercussão da produção científica ainda não é tão grande”, avalia Emerson Duarte Monte, 2º vice-presidente da Regional Norte II e um dos coordenadores do Grupo de Trabalho de Ciência e Tecnologia (GTCT) do ANDES-SN.

O docente cita um agravante. Os programas de notas mais baixas, nos quais estão ocorrendo os cortes, estão localizados majoritariamente nas regiões Norte e Nordeste. Os dados são da própria Capes.

“Nessas regiões há uma carência de investimentos para consolidar a estrutura da educação superior e da pós-graduação. São as regiões mais penalizadas historicamente no que diz respeito ao desenvolvimento regional. Vai aprofundar ainda mais essa desigualdade regional que é peculiar no Brasil”, conclui Emerson.

O ataque à educação à ciência e à tecnologia brasileira faz parte de cortes orçamentários mais amplos. Só o Ministério da Educação (MEC) perdeu R$5,8 bilhões em 2019. A Capes já cortou R$300 milhões de seu orçamento, e, segundo previsões do governo, tem que enxugar outros R$519 milhões até o final do ano.

Também foram afetadas 1774 bolsas do Programa Institucional de Internacionalização (Print), para pesquisas no exterior. Elas serão ofertadas apenas em 2022.

 

Fonte: ANDES-SN

Quinta, 06 Junho 2019 09:42

 

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Por Roberto de Barros Freire*

 

Não vi o ministro da educação tão inflamado contra as manifestações educacionais, ter sugerido que fossem denunciados pais ou pessoas que participassem da manifestação a favor do governo no domingo dia 26/05. Dois pesos e duas medidas, pois quando os estudantes, professores, servidores e cidadãos vão às ruas no dia 30/05, o que é um direito de todos, o Ministério da Educação desautoriza, através de nota nitidamente inconstitucional, pais, alunos e professoresa estimularem e divulgarem protestos contra sua política. Além de inócuo, o texto mostrou o delírio totalitário de governantes que gostariam de ter controle não só sobre professores e estudantes, mas até sobre as famílias dos estudantes.


O MPF acertadamente quer que o MEC se abstenha de cercear a liberdade de manifestação e a divulgação do pensamento de professores, servidores, estudantes, pais e responsáveis em unidades de ensino, sejam elas públicas ou privadas. O MPF vai mais longe, pede ainda uma retratação do MEC em relação à nota divulgada ontem. Nada mais justo diante das ameaças a professores e estudantes que o ministro realizou. 


Essa atitude, como disseram alguns, “tresloucada” e “autoritária”, do ministro Abraham Weintraub é claramente um abuso de poder, uma improbidade administrativa e crime de responsabilidade. O MEC viola o artigo 16 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que trata das garantias inerentes ao direito de liberdade. Não cabe ao Estado interferir na relação entre pais e filhos. O ministro da Educação decidiu aplicar a lógica da intimidação para reagir aos protestos contra a política do governo para o setor. Abraham Weintraub pediu ilegalmente, para não dizer imoralmente, que a população denuncie quem incentivar manifestações e ameaçou demitir professores que anunciarem esses atos.


O fato é que sem resposta para educação, Weintraub insiste em guerra constante contra ideologia. O governo insiste na visão de que os manifestantes são “idiotas úteis” e só saíram às ruas porque foram manipulados por professores. Weintraub, em especial, aposta numa guerra constante contra a doutrinação ideológica. Aparentemente, ele não tem nenhuma outra resposta a oferecer para melhorar a educação.


Creio que para Bolsonaro, o pré-requisito para ser ministros da Educação é que se desconheça o ECA, que pouco entenda dos problemas educacionais, mas que tenha a cara de pau de provocar professores e estudantes, considerando-os coisas abjetas e que suporta por obrigação governamental, e porque a lei não permite demiti-los ou prendê-los. A sensação que se tem do governo Bolsonaro, é que a educação é apenas um problema que deve ser extinto, não algo a ser desenvolvido pelo bem do país. Para nossos governantes, a ciência, a cultura, as humanidades, são tudo lixo comunista, nada mais ignorante e atrasado.


Esse foi o primeiro ministro de educação que ao invés de lutar para aumentar as verbas educacionais, aconselha o presidente a cortar verbas da educação, para reduzir as atividades universitárias. O Brasil que já é um dos países mais atrasados na educação, retrocederá ainda mais.
 

*Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Segunda, 27 Maio 2019 16:09

 

As ruas do país serão novamente ocupadas por atos em defesa da educação pública em 30 de maio, próxima quinta-feira. Entidades estudantis e sindicais estão chamando mobilizações em todo o país para fortalecer a luta contra os cortes de orçamento. O Dia de Lutas também servirá como preparação para a Greve Geral, convocada pelas centrais sindicais para 14 de junho.

Docentes, servidores e estudantes sairão às ruas em 30 de maio

Após o sucesso das manifestações de 15 de maio, entidades estudantis e sindicais se reuniram para definir novas ações em defesa da educação. Além de convocar os atos de 30 de maio, as entidades decidiram realizar uma agenda preparatória de mobilização nas próximas semanas, com atividades nas instituições de ensino e aulas públicas na rua.

O Dia de Lutas de 30 de maio foi convocado por ANDES-SN, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Fasubra, Sinasefe, Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (Fenet), União Nacional dos Estudantes (UNE) e União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes).

 

Confira atos já marcados para 30 de maio

 

São Paulo (SP)

Local: Largo da Batata

Horário: 16h

 

Rio de Janeiro (RJ)

Horário: 15h

 

Porto Alegre (RS)

Local: Esquina Democrática

Horário: 18h

 

 

Belo Horizonte (MG)

Local: Praça da Estação - Avenida dos Andradas

Horário: 09h

 

Brasília (DF)

Horário: 10h

 

Salvador (BA)

Local: Praça do Campo Grande

Horário: 10h

 

Cuiabá

Praça Alencastro

Horário: 14h 

 

Curitiba (PR)

Local: Praça Santos Andrade

Horário: 18h

 

Fortaleza (CE)

Horário: 10h

 

Belém (PA)

Horário: 13h

 

Recife (PE)

Local: Rua da Aurora

Horário: 15h

 

Manaus (AM)

Local: Praça da Saudade

Horário: 15h

 

Natal (RN)

Horário: 10h

 

São Luis (MA)

Local: Praça Deodoro

Horário: 15h

 

Fonte: ANDES-SN (com edição da Adufmat-Ssind)

Sexta, 24 Maio 2019 15:12

Depois dos cortes de 30% no orçamento das universidades e institutos federais, outros ataques podem recair diretamente sobre docentes e técnico-administrativos.

Entre eles, o corte salarial e a demissão de servidores públicos.

A hipótese foi colocada na mesa pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, na Comissão Especial de Educação da Câmara, na manhã de quarta-feira (22).

Convidado, Weintraub buscou apresentar um diagnóstico da educação no Brasil.

Insistindo na palavra “contingenciamento”, ele disse que ninguém foi mandado embora das universidades e que “o professor está recebendo salário pontualmente”.

Weintraub disse que salários e aposentadorias compõem uma fatia do orçamento que não pode ser “contingenciada”.

A argumentação do ministro é que “o Brasil está no limite da insolvência fiscal”.

Segundo disse, se a reforma da Previdência não for aprovada “pactos consagrados terão que ser revistos”, reforçando a chantagem que já tinha feito antes.

Ele afirmou que o “gasto com pessoal” no ensino superior aumentou muito nos últimos anos, o que “engessou toda estratégia de educação no Brasil”.

Ele destacou a situação dos servidores do estado do Rio Grande do Sul e de países como Grécia e Irlanda.

Disputa de narrativas

Tentando relativizar o caos que o governo Bolsonaro tem se tornado, o ministro disse estaríamos vivendo uma disputa de narrativas.

Um dos exemplos, segundo disse, é que os problemas das universidades só começariam em setembro, e que os Institutos Federais de Ensino estariam funcionando plenamente.

O ministro foi rebatido por parlamentares, que destacaram que os cortes já inviabilizam pesquisas e o funcionamento das várias universidades.

Inclusive os hospitais universitários, muito afetados atingidos pelos cortes, segundo Weintraub estão funcionando normalmente.

Sobre a nomeação de reitores, o ministro disse que cumprirá estritamente a lei e retomou uma afirmação que já havia dito em outra ocasião: as universidades são autônomas, mas não são soberanas. Em seguida, disse ser favorável que forças policiais entrem nos campi.

22/05 - Estudantes estiveram na Comissão Especial de Educação, que terminou com um jovem sendo agredido

Para Antonio Gonçalves, presidente do ANDES-SN, a cada fala do ministro da Educação revela-se o projeto educacional do atual governo federal.

“É um projeto que vai além dos cortes orçamentários, mas que visa atacar a autonomia das IES e os servidores públicos”, afirmou.

“O 15M foi uma grande demonstração da nossa capacidade de organização e reação. Agora precisamos avançar na construção do 30M e da Greve Geral em 14 de junho”, reforçou.

Fonte: ANDES-SN