Quarta, 27 Setembro 2017 16:12

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Já disse em artigos anteriores que sou apreciador da criativa arte publicitária brasileira. No plano acadêmico, defendi tese de doutorado nessa área, que aprendeu a dialogar, há algum tempo, com a nossa pauta política. Por isso, volta e meia somos surpreendidos por trabalhos que merecem reflexões.

Neste momento, destaco o conjunto da interessante campanha “O que o mundo separa a música aproxima”, do Banco Itaú, produzida para o “Rock in Rio 2017”. 

Pois bem. Mesmo registrando o óbvio, o slogan acima transcrito intertextualiza o seguinte versículo bíblico: “O que Deus uniu, o homem não separa” (Marcos, 10: 9).

A base do processo intertextual em pauta – a paródia – não poderia ser outra. Por esse recurso, o enunciador subverte qualquer essência originária dos discursos socialmente produzidos.

Como sabemos, o fragmento bíblico em questão – que mais se parece com uma sentença inquestionável – é visivelmente conservador. Ele é reproduzido “desde sempre” pelo clero durante o Sacramento do Matrimônio na ritualística católica. No cerne, ele tem buscado ao longo do tempo consolidar a estrutura milenar do casamento convencionalmente conhecido como tal; mais: tem insistido na perpetuação tradicional dessa instituição.

Na esteira das contestações já produzidas pelo gênero musical do rock, e na contramão das tradições, dentre outros itens da campanha, dois filmes publicitários foram produzidos para o Itaú, abrangendo o período de 30/08 a 30/09 deste ano. Deles, destaco o primeiro, intitulado “Diferenças”.

Como sugere o título, a Agência África e a Saigon Filmes trabalharam a ideia de que, na música, as diferenças – sejam as geográficas, de gênero, culturais ou raciais – se aproximam e se misturam; daí que é dito no filme em tela:

A música tem gênero, mas não se liga pro gênero de ninguém. Ela não escolhe quem a escuta pela cor da pele. A música fala todas as línguas. Não julga. Não condena. A música acolhe, aceita. Se você parar pra ver, a música é tudo o que mundo deveria ser. O que o mundo separa a música aproxima”.

E aproxima mesmo!

O “Capital Inicial” foi uma das maiores provas disso. Esse importante grupo musical, crítico em tantas de suas letras, realizou um show com forte carga política localizada no aqui e agora do panorama brasileiro atual. Um risco, convenhamos. Risco por conta da divisão que agrupamentos políticos patrocinam no cotidiano.

“Nunca como antes na história deste país”, nossa sociedade, com ênfase nas camadas médias e baixas, esteve tão dividida. Dicotomicamente, dois grupos se destacam nesse estúpido processo: os rotulados “coxinhas” e os não menos rotulados “mortadelas”.

E no Rock in Rio havia um pouco de tudo isso e muito mais. Todavia, pela música, a pluralidade sem fim se unificou; cantou o mesmo canto e dançou a mesma dança.

Assim, quando Dinho – vocalista do Capital – ouviu o “Fora, Temer”, tratou de aumentar a lista dos “saqueadores do país”, citando vários políticos, e de diferentes partidos. Como que ampliando o leque da “diferença”, lembrou nominalmente de Aécio Neves, Dilma Rousseff, Sérgio Cabral e Fernando Collor. Ao presidente do momento, dedicou o antológico “Que país é esse?”

Com tais citações, atacou e acertou em ícones dos partidos políticos mais significativos, incluindo os falsos dicotômicos PT e PSDB; assim, a diferença conviveu muito bem na Cidade do Rock. Seria muito salutar que essa experiência – todos os dias e a cada momento – se espalhasse por todas as cidades do país. 

 

Segunda, 25 Setembro 2017 14:58
 
 
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A Gestão de Pessoal da UFMT, desgraçadamente, tem trafegado na contramão da história. Maior atraso não existe em gerência de pessoal. Deve ser por isso que mudou a designação de “administração de pessoal”, para uma designação de mau gosto, de ‘burrice”, copiada da iniciativa privada, como “gestão”, coisa parecida com indigestão, má-digestão, má-gestão, congestão etc., tudo coisa ruim... Logo, “gestão de pessoas” só podia dar nesse imbróglio.

 

Será que tudo isso faz parte do retrocesso imposto à terra “brasilis”? Em lugar de dirigir, administrar o país, as coisas públicas, os dirigentes petistas, afeitos à apropriação das coisas do estado pela iniciativa privada e, ainda que criticassem a chamada “privataria tucana”, a única coisa que conseguiram fazer, com “eficiência”, foi exatamente privatizar o estado, de preferência, favorecendo o banditismo “nunca visto antes na história deste país”, bem ao gosto do guru maior, que anda saudoso das benesses e dos benefícios do poder político. Triste povo brasileiro! Será que João Ubaldo Ribeiro escreveria algo assim: Pobre Povo Brasileiro!

 

A marcha-ré é a principal estratégia dessa gente! Quem “assume” uma mera “gestão” de pessoal pensa e age como se fosse um Deus ex-Machina, com poder de senhor absoluto sobre a vida e a morte dos pobres aposentados. Pode tudo, principalmente resolver que os aposentados, expropriados de seus direitos, não fazem jus a uma vida minimamente digna, com tratamento de saúde e tratamento dentário. Será que existe Estatuto do Idoso neste País?

 

Tudo que almejo a esse SENHOR TODO-PODEROSO é que receba, em dobro e em vida, todo o mal que tem feito aos aposentados expropriados dos direitos, sem que NINGUÉM faça nada! É um desmando absurdo dentro de uma instituição pública! É um descalabro! Até quando?!

 

Na sexta-feira, dia 22 de setembro, ao ler uma matéria de cunho jurídico, verifiquei o seguinte: o Superior Tribunal de Justiça, ao apreciar um processo em que o autor, aposentado por invalidez, pleiteava o benefício do acréscimo de 25% aos seus proventos, dada a natureza de sua aposentadoria, resolveu estudar a possibilidade de estender esse benefício a outros cidadãos aposentados que, embora não sejam inválidos, tenham necessidades cotidianas análogas.

 

Como há outros processos em tramitação naquela Corte, tratando da mesma matéria e de questões assemelhadas, foi o julgamento suspenso, com recomendação para que as cortes de segundo grau aguardem a decisão sobre a possibilidade de estender tal benefício aos aposentados que já precisam de cuidador, de medicação especial e de outros cuidados, independentemente, da natureza da aposentadoria. Segue a notícia:

 

STJ vai decidir sobre adicional de 25% a aposentado que precisa de assistência permanente

 

A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça determinou que seja suspensa em todo o território nacional a tramitação de processos individuais ou coletivos que discutam se o adicional de 25%, previsto para o segurado aposentado por invalidez que precisa da assistência permanente de outra pessoa – na forma do artigo 45 da Lei 8.213/91 –, pode ser estendido, ou não, a outros aposentados que, apesar de também necessitarem da assistência permanente de terceiros, sejam beneficiários de outras espécies de aposentadoria, diversas da aposentadoria por invalidez. O novo Código de Processo Civil regula nos artigos 1.036 a 1.041 o julgamento por amostragem, mediante a seleção de recursos especiais que tenham controvérsias idênticas. Conforme previsto nos artigos 121-A do RISTJ e 927 do CPC, a definição da tese pelo STJ vai servir de orientação às instâncias ordinárias da Justiça, inclusive aos juizados especiais, para a solução de casos fundados na mesma controvérsia. A tese estabelecida em repetitivo também terá importante reflexo na admissibilidade de recursos para o STJ e em outras situações processuais, como a tutela da evidência e a improcedência liminar do pedido.

 

  Fonte: Âmbito Jurídico, 20.09.2017.       

 

Na contramão dessa história, a UFMT, LITERALMENTE, USURPOU, POR DECISÃO EXCLUSIVA DO SENHOR DOMINGOS SÁLVIO SANT’ANA, O DIREITO DE ALGUNS APOSENTADOS (ESPECIALMENTE ESCOLHIDOS – CORTE SELETIVO), AOS 28,86%, ATRIBUINDO A SI MESMO O PAPEL DE SOBERANO TODO-PODEROSO, QUE ESTÁ ACIMA DA JUSTIÇA, DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, ENFIM, ACIMA DE TUDO E DE TODOS, PORQUE RESOLVEU QUE ALGUNS “SELECIONADOS” NÃO TÊM DIREITO AO RECEBIMENTO DA REFERIDO PARCELA, SÓ PORQUE ELE NÃO QUER QUE RECEBAM.

 

Vejam bem: enquanto o STJ estuda a possibilidade de estender um benefício a aposentados que já apresentam necessidades cotidianas que exigem maiores despesas (cuidador, medicação específica mais cara, etc), a UFMT, por sua “GESTÃO DE PESSOAL” PROMOVE A REDUÇÃO DOS PROVENTOS DE ALGUNS APOSENTADOS, POR UM PROCEDIMENTO ABSOLUTAMENTE PERVERSO, PERSECUTÓRIO, DESUMANO, CRUEL, IRRESPONSÁVEL, INCONSEQUENTE, MAS, SOBRETUDO, ILEGÍTIMO, ILEGAL E INCONSTITUCIONAL, PORQUE O ARTIGO 7º, INCISO VI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, DE 1988, TRAZ O PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE DO SALÁRIO, VENCIMENTOS E PROVENTOS, E OS APOSENTADOS ATINGIDOS ENCONTRAM-SE PREJUDICADOS PELAS MEDIDAS ARBITRÁRIAS DO REFERIDO SENHOR.

 

FAÇO UM APELO À DIREÇÃO DA UFMT, REITORA E VICE-REITOR E AO CONSELHO UNIVERSITÁRIO, NO SENTIDO DE QUE CORRIJAM COM URGÊNCIA ESSE ABSURDO, PORQUE, DIA A DIA, OS PREJUDICADOS NÃO MAIS SUPORTAM TAMANHA INJUSTIÇA E A PRIVAÇÃO DE NECESSIDADES COMO O PLANO DE SAÚDE E OUTROS TRATAMENTOS NÃO COBERTOS PELOS PLANOS, COMO TRATAMENTO DENTÁRIO URGENTES.

 

PELO PAGAMENTOS DOS 28,86% A TODOS JÁ!

 

Alice Saboia, Professora Aposentada, com os 28.86% incorporados por determinação do TCU.

Pós-Doutorados em:

Lexicologia, Lexicografia e Terminologia: (Université Lumiére Lyon II, 1995-1996, Lyon, França)

Linguística Computacional – (Université de Toulouse – Le Mirail, 1995-1996, Toulouse, França).

Doutora (Letras e Linguística, USP, 1992)

Mestre em Letras – PUC-RJ, 1980.

Graduada em Letras – UFPE – 1972

Graduada em Direito – UFPE – 1977.

 

 

Sexta, 22 Setembro 2017 18:07
 
 
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JUACY DA SILVA*
 

Há poucos  meses o Presidente Temer foi denunciado pela Procuradoria Geral da República junto ao Supremo Tribunal Federal  - STF – por corrupção passiva, obstrução da justiça e outros crimes de colarinho branco. Isto aconteceu quando o mesmo foi gravado em uma reunião na calada da noite, no Palácio do Jaburu, em conversa que teve com Joesley Batista, um mega  empresário da JBS/J&F que, atualmente está preso, e que naquele diálogo  com o Presidente confessou diversos crimes e estava em busca de mais favores por parte de Temer, para continuar suas falcatruas nas diversas esferas do Governo e da administração pública.

Após  o recebimento da denúncia, o STF  encaminhou a mesma para a Câmara Federal  para que aquela “Casa de Leis”  autorizasse a Justiça investigar o Presidente pelos crimes de que era acusado. Como era de se esperar, a Câmara Federal, onde impera o balcão de negócios, o troca troca de favores e onde também estão mais de uma centena de parlamentares envolvidos em denúncias de corrupção, investigados em diversas operações  como a LAVA JATO, negou o pedido e salvou Temer.

Nem por isso Temer  vai conseguir escapar  da Justiça. Como está acontecendo com o ex-presidente Lula e a ex-presidente Dilma, tão logo encerre seu mandato não mais terá o manto protetor desta excrecência jurídica que é o FORO PRIVILEGIADO e ai poderá ser investigado, processado e até mesmo preso, como já acontece com alguns de seus correligionários como Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves, Geddel Vieira Lima, o Homem de confiança de Temer,  que voltou para a cadeia depois de serem descobertos mais de R$51 milhões de reais em seu poder, de Rodrigo Rocha Loure, o ex-assessor e homem de confiança de Temer e suplente de Deputado Federal, flagrado correndo  com uma mala com meio milhão de reais.

Neste contexto, no apagar das luzes, coube ainda ao então Procurador Geral da República, apresentar ao STF uma nova denúncia contra Temer  e seus ministros mais próximos: Moreira Franco e Eliseu Padilha e outros mais, com assento no Palácio do Planalto, desta vez por formação de quadrilha ou organização criminosa. Quem está sendo investigado por tantas  denúncias não pode estar com esta ”bola toda”, mas no Brasil tudo é possível, afinal a impunidade está presente  e escancarada quando envolve gente importante  e que pertence ao “andar de cima”. Prisão ainda continua sendo o destino de criminosos comuns, pobres, analfabetos, negros  e outras minorias. Gente graúda parece que está sempre longe dos tentáculos da justiça, apesar da constituição estabelecer que “todos são iguais perante a Lei”. Só que alguns, os poderosos são mais iguais do que o restante da população.

Nos últimos dois dias o STF, com aval da nova Procuradora Geral de Justiça, Raquel Dodge, aprovou o envio desta segunda denúncia criminal contra Temer, para que a Câmara Federal autorize ou não que a Justiça possa investigar o Presidente. Como tudo leva a crer, mais uma vez o espírito de corpo e o poder da corrupção enquistado no Poder Legislativo, tanto na Câmara quanto no Senado, irá vencer  e a corrupção praticada por governantes com foro privilegiado vai continuar sob o manto da impunidade.

Temer  não para de se auto elogiar, elogiar  seu governo, como fez há poucos dias quando da abertura da Assembleia Geral da ONU, onde falou de um Brasil fictício, onde tudo está indo as mil maravilhas, a economia em franca recuperação, o desmatamento na Amazônia está caindo e outras balelas mais.

Ao ser perguntado por um jornalista  estrangeiro sobre a corrupção que envolve seu governo , a si próprio e demais partidos e políticos que o apoiam, da mesma forma que também presentes nos governos de Lula e Dilma, de quem Temer e seu PMDB foram sócios umbilicais, em uma aliança do mal entre PMDB, PT e praticamente todos os partidos, que hoje estão em campos opostos, mas mamando nas mesmas tetas dos cofres públicos, o presidente simplesmente se calou e encerrou a entrevista.

Apesar do Blá Blá Blá  de Temer, a última pesquisa realizada pela CNT/MDA entre 13 e 16 deste mês de setembro, ou seja , há uma semana, demonstra que seu governo esta derretendo  e sem nenhuma credibilidade perante a opinião pública.

Apenas 3,4% das pessoas  entrevistadas são de opinião que seu governo seja ótimo/bom enquanto para 75,6% o Governo Temer é ruim/péssimo. Em relação ao desempenho pessoal do Presidente, 84,5% reprovam  sua  forma de governar e apenas 10,1% aprovam.

Comparando com a última pesquisa da CNT/MDA, da mesma forma que as pesquisas do IBOPE  e DATA FOLHA, entre fevereiro deste ano e meados de setembro tem havido uma deterioração na avaliação da população, tanto em relação ao Governo Temer, que é apoiado por partidos com dezenas de parlamentares denunciados por corrupção, além de dez de seus ministros que também estão sendo denunciados e investigados por corrupção e outros crimes de colarinho branco, quanto em relação ao seu desempenho pessoal. Ou seja, nem Temer e nem o seu governo merecem crédito por parte da população.

Enquanto isso, a situação da saúde, da segurança pública, da violência, do saneamento, da degradação ambiental, da infra estrutura, do desemprego, do endividamento das famílias, do déficit público, das taxas de juros absurdas, do aumento da dívida pública, do caos na administração pública  federal, nos estados e municípios, indicam que nossa realidade é  bem diferente e está muito distante das maravilhas que Temer vem falando dentro e fora do Brasil.

O que mais intriga observadores e analistas nacionais ou estrangeiros é o mutismo, a passividade do povo, das massas que continuam ausentes das ruas e praças do país, diferente do que aconteceu por ocasião da crise que levou ao impeachment de Dilma e antes, de Collor.

Talvez este é o único fator que ainda esteja garantindo a permanência de Temer e de seus aliados no poder, mesmo que sua avaliação esteja se deteriorando, derretendo a cada dia. Uma vergonha!

*JUACY DA SILVA,  professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs. E-mail professor,O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blogwww.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

Quinta, 21 Setembro 2017 10:38

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT

 

Habemus procuradora”!

Raquel Dodge, no dia 18, foi empossada por Temer, passando a substituir Janot, no Ministério Público Federal (MPF).

Por conta da complexidade do momento, essa substituição não é algo menor. Ela chega quando todos estamos assistimos a uma avalanche de informações sobre a corrupção brasileira, que parece não ter limites e nem fim.

Detalhe: o presidente que dá posse à procurada está atolado por denúncias.

Pior: antes mesmo da posse de Dodge, pelo menos dois elementos precisam ser lembrados:

1º) a procuradora não foi a primeira da lista tríplice, originada da votação entre os procuradores. Temer quebrou a prática de nomear o mais votado entre os pares. Amparada por todos as legalidades, ela segue adiante, sem constrangimentos;

2º) a procuradora, assim que soube ter sido a escolhida por Temer, foi procurá-lo na residência oficial, mas em horário fora do expediente e sem agenda pública. Aquelas imagens me fizeram lembrar da necessidade que se impunha à mulher de César, ambos do universo bíblico, muito apreciado Raquel.

Tudo isso à parte, como à parte o fato de ser Dodge a primeira mulher a ocupar esse cargo, de seu frágil discurso, há de se ressaltar o que foi dito, mas também o que não foi.

Não sem invocar seu deus católico, em ato subjetivamente demarcador, do que foi pronunciado, com base no óbvio, Dodge disse que exercerá seu trabalho com “equilíbrio, firmeza e coragem, com fundamento na constituição e nas leis”.

Ressaltou que o MPF deve defender a democracia, zelar “pelo bem comum e pelo meio ambiente”, assegurar a “voz a quem não a tem e garantir que ninguém esteja acima da lei e ninguém esteja abaixo da lei”. Disse saber que “o povo não tolera a corrupção e não só espera, mas também cobra resultados”.

Sobre a corrupção, Dodge citou conceitualmente o Papa Francisco, dizendo:

A corrupção não é um ato, mas uma condição, um estado pessoal e social, no qual a pessoa se habitua a viver. O corrupto está tão fechado e satisfeito em sua autossuficiência que não se deixa questionar por nada nem por ninguém...”

Em tom conciliatório, Dodge ancorou-se nas construções de antigos discursos – à lá Gilberto Freire e Sérgio Buarque – sobre nossas origens. Por isso, também não se constrangeu em afirmar que “Fomos moldados por diversas línguas e culturas e convivemos bem com as diferenças”.

Disso, fiquei tentando entender de que país a procuradora falava, pois o arcabouço das imposições dos exploradores portugueses, inclusive na subjugação linguística, é praticamente ímpar no planeta. 

Sendo assim, pergunto: aonde e quem convive bem com as diferenças por aqui?

Mais: em um país de tanta desigualdade, há condições para que as diferenças sejam respeitadas?

Diante disso, só restavam a Dodge os clichês, recorrentes do prólogo ao epílogo de seu evasivo discurso; tão fugidio que não citara a “Lava Jato”. Para piorar, ainda fez apologia da “harmonia entre as instituições...”

Infelizmente, não é disso de que precisamos. Tudo dentro dos marcos civilizatórios de convivência, do que as instituições brasileiras realmente precisam é autonomia; e sua conquista e consolidação nem sempre possibilitam o ritual do cachimbo da paz.

Assim, se Dodge encerra seu discurso com palavras de efeito da maravilhosa Cora Coralina, desejando "mais esperança nos nossos passos do que tristeza em nossos ombros", encerro com Gonçalves Dias, que em sua “Canção do Tamoio” dirá “que viver é lutar” e que “a vida é combate”.

Que as práticas de Dodge sejam mais fortes do que o seu discurso.

 

Segunda, 18 Setembro 2017 09:25

 

Benedito Pedro Dorileo

 

 

Atravessamos a Praça Alencastro, frente a frente o velho sobrado da Prefeitura e da Câmara Municipal com o novo Palácio Alencastro, em Cuiabá. Iniciava o ano de 1966.  Era a primeira visita de cortesia ao moço governador de Mato Grosso indiviso. Acompanhava o Prefeito Vicente Emílio Vuolo, como presidente da Câmara de Vereadores. Receptividade de renovação e de esperança, foi tudo o quanto me impressionou o primeiro diálogo. Franco e obstinado, de logo sustentou o clarear de nova era, descompromissando-se do ranço dos diretórios políticos do tempo pós-getulista, a rasgar de pronto as costumeiras listas da perseguição ao adversário, na disputa de vaga interina do emprego compensador do voto depositado na urna.

Foi Pedro Pedrossian o último governador eleito para mandato de 5 anos, diretamente pelo povo. Ao depois, tivemos governantes eleitos pelo Poder Legislativo, cujo nome descia do Planalto para, servilmente, ser referendado. Dele, ouvimos o cumprimento da Lei, a instalação do planejamento e a proclamação do mérito através de concursos públicos. Gáudio para nossa geração, quando também realizei dois concursos públicos no Estado, outro na Escola Técnica Federal, escapando de um Fórum sob diretoria de magistrado corrupto e inércia da OAB, seccional nossa. E deixando, ainda, cargo político eletivo, após válida experiência.

Natural que a reação viria, como o foi a tentativa do seu impedimento, não vingando por pouco. Já se acentuou que aquelas organizações partidárias exibiam sinais fugidios de programa filosófico ou social. Estruturavam-se como falanges ciosas do poder conquistado no comando partidário coronelista, com o povo desinformado, adrede, à mingua de pequenos favores, e ao lado dos espertos apossadores de terras devolutas na Capital mato-grossense. Pagava-se o valor de 40 centavos de selo e carimbo, o quanto bastava para os chamados marreteiros de terras da época. Para os mais prestigiados, o Departamento de Terras do Estado abria a porta para conquista da mata virgem pelos  latifundiários que nada produziam. O cinzento cenário da época.

Paralelamente avançava o governo militar advindo de 1964, com os civis Carlos Lacerda, Juracy Magalhães,  governadores e outros brasileiros, como a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. A Igreja Católica em quase totalidade apoiava, sob o temor do regime político da URSS, a guerra fria, alta corrupção. E militares foram concitados, dando início ao regime de exceção política que se instalou demoradamente até a Constituição Federal de 1988. O ideal de Montesquieu é restaurado com Democracia plena a conquistar o maior lapso histórico de liberdade; todavia, o Brasil, agora, afunda-se na maior corrupção desmascarada do planeta. Somos, hoje, um povo aturdido, vendo mortes violentas em número que supera ao de quaisquer guerras contemporâneas; ainda, desiludido pela dificuldade de nomes para cargos políticos no País. É de chamar-se o filósofo grego Diógenes que com a lâmpada acesa ao meio-dia procurava um homem.

Tal o sobe-desce da humanidade, e entre nós uma Pátria com apenas 195 anos de independência política, que, naturalmente, poderá superar as vicissitudes, aprimorando a democracia.

Pedrossian previa a inevitável divisão territorial do Estado, o que ocorreu em 11 de outubro de 1977 – decorridos 40 anos – desejo centenário sulista que ganhou força com os estudos militares geopolíticos para fazer concretizar nova unidade federativa, ficando Mato Grosso detentor de três ecossistemas, potência, hoje, na agropecuária, que inaugura indústria de etanol extraído do milho, ao lado do da cana de açúcar. No ensino superior, superou o marasmo e ofereceu ao Governo da República condições acadêmicas com 12 cursos superiores organizados no Instituto de Ciências e Letras de Cuiabá, já existindo a Faculdade de Direito, e ofertou o Campus em edificação para implantar a UFMT, a maior agência do desenvolvimento. No sul, criou a Universidade de Campo Grande, e mais tarde a da Grande Dourados. Cabe a ele o epíteto de Semeador de Universidades. Governou o Estado íntegro e duas vezes Mato Grosso do Sul, além de passar pelo senado da República.

Vivendo em Campo Grande, com 89 anos completos em 13 de agosto passado, deixou a existência na madrugada do dia 22 desse mês. Somos dois Estados estuantes de desenvolvimento, equidistantes pela reorganização federativa, com a mesma gênese, pranteamos abraçados tão eminente figura de estadista que ingressa na história da República.

 

 

                                                                     Benedito Pedro Dorileo é advogado

                                                                     e foi reitor da UFMT

Segunda, 18 Setembro 2017 09:20

 

 

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JUACY DA SILVA*

Praticamente todos os dias, todas as semanas e todos os meses, ao longo das últimas três ou quatro décadas, desde o fim dos governos militares, com o advento da tão sonhada, acalentada e louvada  democracia, como alguns costumam dizer, democracia vilipendiada e maculada, a opinião pública brasileira acordo com notícias de prisões  ou operações “caça corruptos”.

Com  toda a certeza estamos vivendo novos tempos, onde alguns figurões, poucos na verdade, tem passado pelo constrangimento de serem presos, conduzidos coercitivamente ou terem suas casas, escritórios  e mansões vasculhados pela Polícia Federal  ou  outros agentes da repressão aos crimes de colarinho branco.

Até alguns anos ou em décadas passados, costumava-se dizer que prisão era apenas o destino das classes subalternas, pobres, negros, prostitutas  e outros grupos excluídos de nossa sociedade. Gente fina, granfinos, autoridades, doutores, grandes empresários só eram notícia em colunas sociais, participando de banquetes e festas badaladas, regadas  com muitas iguarias e bebidas caríssimas, enquanto os pobres passavam e continuam passando fome.

Muitos empresários fizeram fortuna do dia para a noite e eram tratados como grandes empreendedores.  Políticos  e gestores públicos que se  eternizavam e ainda se eternizam no poder, entravam  pobres na ou para a política e administração pública e acabavam ficando ou ainda ficam milionários ou até bilionários. A origem dessas fortunas pouca gente sabia, pois  este enriquecimento era e continua sendo fruto da corrupção e de esquemas tramados nos porões, não da ditadura, mas da democracia, nos  porões dos governos federal, estaduais e municipais. Ai  eram realizados e “montados”  os grandes  esquemas, muito semelhantes aos que existem nas quadrilhas dos bandidos comuns, os traficantes de drogas, de armas , enfim, a bandidagem comum, esta que amedronta a população com sua forma violenta de agir, onde os sequestros, os roubos `a mão armada, o que as vezes é chamado de “novo cangaço”, aterroriza o povo.

Não menos violentos são os crimes de colarinho branco, os praticados por políticos, governantes  e  empresários corruptos, a arma é o cinismo, a dissimulação,  o superfaturamento, as obras  e contratos fictícios, os aditivos generosos que triplicam ou quadruplicam o  valor dos contratos, das obras e dos serviços, tudo devidamente “fiscalizados”  e aprovados pelos órgãos de controle interno e externo, os tribunais de contas, as auditorias,  as controladorias, os poderes legislativos federal, estaduais e municipais, além  das famosas CPIs  e CPMIs, verdadeiros circos da democracia, que quase sempre acabam em pizza.

A arma utilizada pelos corruptos  ou criminosos de colarinho branco, além da ostentação, da cara de pau quando pegos com a boca na botija, colocando dinheiro público nas cuecas, nas bolsas, mochilas, malas, caixas de papelão  ou descobertas quando feitas  na forma de transferência eletrônica,  ou transformadas em barras de ouro, obras de arte, imóveis, apartamentos, sítios  ou fazendas,  são os recursos que fazem falta para a saúde que continua  um caos cada vez maior, matando brasileiros inocentes pela falta de atendimento; fazendo falta nas  áreas  da segurança pública, no saneamento, na educação e tantos outros setores da administração pública.

Alguém recentemente perguntou a um cidadão que caminhava por uma rua toda esburacada, com esgoto correndo a céu aberto, de quem tinha mais medo, se de bandido comum que assalta ,rouba, estupra  ou de políticos e empresários corruptos que fazem tudo isso sem arma, usando apenas caneta, o poder e a influência de seus cargos e mandatos.  De pronto o cidadão disse que dos políticos e empresário corruptos, principalmente dos que gozam do chamado foro privilegiado, pois esses jamais  ou quase nunca, com raríssimas exceções vão parar na cadeia. Isto  acontece apenas, quando acontece, só quando não tem mais a cobertura desta excrecência brasileira que é o foro privilegiado.

Considerando a quantidades de denúncias contra políticos, autoridades com mandato ou cargos  que garantem foro privilegiado  e a demora  que tais processos exigem  para serem concluídos a impunidade  vai continuar reinando por muitos séculos em nosso país.

Apenas para recordar, temos  alguns ex-presidentes que foram  cassados por corrupção  e  o atual que já  é alvo de investigações por ser  considerado, pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, como chefes de organizações  criminosas, das quais participaram e participam alguns  de seus ministros e diversos parlamentares  e ex-parlamentares, incluindo um que voltou para a Papuda porque foi pego com a bagatela  de R$ 51 milhões  de reais.

Cenas como esta e a de deputados em Mato Grosso recebendo propina paga  pelo ex-chefe de Gabinete do então Governador do Estado são deprimentes e “monstruosas”, na linguagem do Ministro Fux, do STF.

Até  quando vamos ser governados por bandidos, criminosos de colarinho branco travestidos de autoridades? Será que isto é Estado democrático de direito? Uma democracia?

*JUACY DA SILVA, professor universitário,  titular e aposentado UFMT,  mestre  em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs  e outros veículos de comunicação.  Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.  Blog  www.professorjuacy.blogspot.com  Twitter@profjuacy

 

Sexta, 15 Setembro 2017 11:06

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Em 1975, Paulinho da Viola lançou “Pecado Capital”, música em que trata da relação de seres humanos – ricos e/ou pobres – com o dinheiro. Ao fazer isso, como poucos, “fotografa” o comportamento psicossocial da maioria das pessoas que vivem em sociedades capitalistas.

Em termos estruturais, quatro são as estrofes que compõem “Pecado Capital”. Como as duas últimas são repetições das duas primeiras, o texto apresenta dois movimentos apenas; e que não se opõem na essência, como normalmente ocorre em textos poéticos, mas que se complementam na oposição de dois distintos extratos sociais.

No primeiro movimento, o texto musicado alude a um “sonhador” que busca, sem limites, uma “grandeza” material, traduzida pela posse do dinheiro: representação, por excelência, dos seres bem-sucedidos em sociedades capitalistas.

No outro movimento, não há mais referência a um sonhador deslumbrado pelo acúmulo de capital, que não mede consequências para ver seu sonho realizado, mas daquele ser que, driblando adversidades do cotidiano, precisa lutar pela mera sobrevivência dentro da própria espécie. Darwiniamamente falando, se “viver não é brincadeira não,// Quando o jeito é se virar// cada qual trata de si// Irmão desconhece irmão”.

Mas por que, hoje, lanço mão de “Pecado Capital”?

Porque a imagem de 51 milhões encontrados no apartamento em Salvador não me sai do pensamento. Daquela chocante imagem, outras lembranças se sucedem. E saber que Geddel não usava tornozeleira porque a “Triste Bahia”, agora lembrando Gregório de Matos e Caetano, não dispunha de recursos para esse e outros “investimentos”.

Agora os têm. E muito!

Paradoxalmente, diante desse “muito”, o texto de Paulinho acaba não dando conta. Nem essa grande música parece alcançar a dimensão do desvario de um Geddel, que parece disputar com a ganância de um Sérgio Cabral, que parece querer superar a avareza de um Maluf, de um Lula, de um Aécio, de um Temer... A lista não é pequena, só alma desse tipo de gente é...

Em meio à sovinice dos que buscam o topo dos mais corruptos, a impressão que nos dá é a de haver alguém sempre querendo superar outrem nas ações do subterrâneo nesta terra arrasada chamada Brasil.

Agora, na contraposição de “Pecado Capital”, resgato a composição musical “Casa no Campo”, de Tavito e Zé Rodrix. Nesta, o eu-poético – à lá árcades setecentistas – deseja apenas “...uma casa no campo// Do tamanho ideal, pau a pique e sapê”, onde se possa plantar amigos, discos, livros e nada mais.

Mas esse querer tão genuíno e elevador interno do humano (alma?) é para poucos. Muitos dos querem, hoje, uma casa no campo estão longe de se contentar com algo “do tamanho ideal”; tampouco construído de forma básica.

Ao que tudo indica, muita gente já entendeu que uma casa no campo – e se for em Atibaia e reformada com dinheiro de propina, melhor – também tem lá seu valor mais concreto do que qualquer simbologia próxima de descanso e sossego, desejados pelos antigos que almejavam apenas um locus amoenus, no qual pudesse usufruir do que de melhor a vida nos dá: livros, discos e amigos.  

É, pois, nesse clima desolador de tanta corrupção, que assistimos, há alguns dias, à delação de um companheiro contra outro; de um irmão desconhecendo irmão da mesma legenda, ou do mesmo saco.

E assim, de delação em delação, as construções, mesmo as de mais alto padrão – em atibaias ou em quaisquer praias – vão se desmoronando; ao mesmo tempo, vão corroendo nossas energias, que não podem se esgotar.

 

Sexta, 15 Setembro 2017 11:04

 

 
 
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para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.

 

Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind. 

 

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JUACY DA SILVA*

 

Há pouco poucos meses o Brasil inteiro viu as cenas ridículas de um deputado, na verdade suplente  de deputado federal e ex-assessor de Temer, sobre  quem o Presidente  referiu-se em gravação  realizada por um empresário corrupto, que foi recebido pelo  presidente da República, na calada da noite, como sendo de sua inteira confiança; este senhor foi flagrado  e filmado pela Polícia Federal  saindo correndo de uma pizzaria em São Paulo, com uma mala com R$ 500  mil reais, que, conforme denúncia do Procurador Geral da República, seriam destinados ao atual Presidente.

Mesmo tendo o STF aceito a denúncia  contra o Presidente por corrupção passiva e outros crimes, a Câmara Federal, onde mais de uma centena de deputados também são investigados por corrupção,  acabou salvo pela sua base de apoio na Câmara.

Além de dezenas de deputados federais que o apoiam e estão sendo investigados por corrupção, o Governo Temer tem dez ministros que também estão sendo investigados por corrupção  e outros crimes de colarinho branco.

O ex-governador do Rio de Janeiro, também do PMDB, que  está preso há um bom tempo,  já  foi indiciado em diversos processos e tudo leva a crer  que deverá ser condenado  a muitas décadas de prisão, pelos muitos milhões  de reais que ele e sua quadrilha roubaram  dos cofres públicos, deixando o estado na quase falência  e nas costas dos servidores públicos os resultados desta pilhagem.

Em Mato Grosso,  também  o ex-governador Silval Barbosa que já esteve preso por quase dois anos e só conseguiu ser solto  mediante delação premiada, entregou ao Ministério Público Federal vídeos e gravações  onde diversos deputados  aparecem de forma cínica e criminosa recebendo pacotes de dinheiro, colocando tais pacotes  nos bolsos, como o atual Prefeito de Cuiabá,  em mochila como o outrora presidente do PT e procurador do Estado  e outros deputados/a colocando dinheiro sujo em sacolas, bolsas e caixas de papelão.

Esta delação foi considerada  pelo Ministro Fux, do Supremo Tribunal Federal  como monstruosa e um acinte conta a democracia e o povo de Mato Grosso, tamanha o cinismo e  a desfaçatez  como governantes roubam os cofres públicos.

Há  poucos dias em outra operação da Policia Federal,  foi feita mais  uma devassa, desta vez no Comitê Olímpico brasileiro, onde inclusive seu eterno presidente  e alguns empresários corruptos  “compraram” votos para que o Rio de Janeiro fosse  escolhida como cidade sede  das olimpíadas de 2016, tudo dentro do esquema de roubalheira do ex-governador Sérgio Cabral.

Agora, o último escândalo que abala o Brasil e “choca”  a opinião pública  foi a  descoberta e apreensão de oito malas, dessas de viagem bem grandes e mais diversas caixas de papelão enormes, todas recheadas com notas de cem e cinquenta reais, totalizando a apreensão de nada menos do que 51 milhões de reais, que devem ou deveriam pertencer ao ex-ministro, preso há algum tempo por práticas de tráfico de influência e corrupção, em prisão domiciliar, em seu apartamento luxuoso de Salvador, sem tornozeleira, isto é uma vergonha para o pais e para o povo.

Estamos às vésperas do SETE DE SETEMBRO, nossa data magna em que comemoramos nossa independência, quando o Brasil se livrou do jugo de Portugal, mas que, passados 195 anos, quase dois séculos, ainda não conseguimos nos livrar do jugo da corrupção.

Estamos sendo governados, em todos os níveis de poder, em todas as regiões, abrangendo todos os poderes, a união, os estados e municípios, por políticos, governantes e gestores corruptos, associados com também empresários venais, cínicos e corruptos, verdadeiras quadrilhas que estão destruindo nossas instituições e a esperança do povo.

Talvez a única solução para acabar com a corrupção no Brasil seja a adoção do modelo chines, onde todos os criminosos, inclusive os corruptos, principalmente os governantes e dirigentes do PCC, Partido comunista chines, são fuzilados.

Não podemos permitir que os corruptos dominem o Brasil, espoliem o povo e destruam nossas instituições. Precisamos  ter leis mais severas  para punir esses crimes e criminosos. Deixar  bandidos de colarinho branco, como aconteceu com os irmãos batista  da JBS, que sequer foram presos e receberam  total imunidade para seus crimes tanto por parte do MPF  quanto do STF  é  um tapa na cada do povo, da mesma forma que aposentar compulsoriamente juízes  e conselheiros de tribunais de contas por prática de corrupção,  com aposentadorias de marajás  não é punição, mas sim um incentivo, demonstrando que crimes de colarinho branco é  um “negócio da china”, país onde, aliás, os corruptos recebem  prisões por longas décadas, prisão perpétua com trabalho forçado ou até mesmo a pena de morte.

Algo mais severo tem que ser aplicado aos corruptos brasileiros, o povo e os contribuintes não podem continuar pagando a conta da corrupção.

 

*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado  UFMT, mestre  em sociologia, articulista  e colaborador de jornais, sites e outros veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo." target="_blank">O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog  www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

Quinta, 31 Agosto 2017 14:37
 
 
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Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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JUACY DA SILVA *
 

Será  que alguém viu pela televisão, ouviu pelo rádio ou leu nos jornais, revistas, sites e blogs como tem sido a roubalheira de políticos em Mato Grosso recebendo pacotes de $$$ entregues pelo chefe de Gabinete do ex-governador Silval Barbosa, entregues pelo próprio ex-governador em sua delação premiada ou “colaboração” com a justiça e homologado pelo Ministro do STF Luiz Fux? Enquanto outros investigados e presos por corrupção no Rio de Janeiro foram  soltos por determinação judicial do STF?


É revoltante ver essas cenas de roubo explícito e  o cinismo desses criminosos de colarinho branco, travestidos de autoridades e representantes do povo ou empresários.

Antes era o Rio de Janeiro que foi governado por uma quadrilha de criminosos de colarinho branco, agora surge Mato Grosso para fazer companhia ao Rio Grande do Norte, Minas Gerais e outros estados.


A corrupção é a chaga, o câncer que está destruindo o Brasil, o povo paga tantos impostos, cada dia a carga tributária é maior, mas a corrupção e a incompetência de nossos governantes e gestores públicos estão estrangulando os serviços públicos, onde o caos impera abertamente.


Além de pagar uma carga tributária exorbitante, quem precisa de saúde de qualidade tem que pagar planos de saúde; quem quer educação de qualidade para seus filhos tem que pagar escola particular; quem quer segurança tem que colocar cercas eletrificadas e pagar segurança particular, enquanto isso os serviços básicos como saneamento, infra estrutura, justiça e outros serviços públicos estão cada dia piores.


Será que um Congresso cheio deste tipo de políticos tem moral e legitimidade para propor reformas que vão penalizar ainda mais o povo, enquanto os privilégios, mordomias e benesses continuam favorecendo esta casta de privilegiados?


Será que é justo um país que paga um salário mínimo de fome aos trabalhadores que dão o duro enquanto alguns marajás da República recebem dos cofres públicos,  dos impostos pagos por  uma população que sofre, verdadeiras fortunas, mais de um milhão de reais por ano?

Pense nisso e imagine o que podemos e devemos fazer para nos livrar desta corja de salteadores dos cofres públicos e seus apaniguados.
 

 
*Professor universitário, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites e blogs, e-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
 

Terça, 29 Agosto 2017 10:33

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT

 

Contrariando Antônio Vieira, que pedia ao orador do séc. 17 que desenvolvesse apenas um tema por ocasião, neste artigo, tratarei de dois.

O primeiro se refere a uma recente nota inserida no site da UFMT, reforçada em entrevista coletiva de sua reitora sobre a crise financeira da Instituição, ora empreendida pelo governo Temer/PMDB.

Na essência, sem contraposições; ao contrário, até exalto a atitude da magnífica. Falar publicamente de crise nas universidades é ato político legítimo e corajoso; é para poucos. Todavia, respeitosamente, aponto alguns itens que foram esquecidos.

Embora seja dito na nota que, “De 2014 para cá, perdemos 50% dos recursos de capital e 20% de custeio, sem contar a inflação...”, nada é exposto sobre o comportamento político dos governos e reitorias anteriores.

Tais comportamentos – compreendidos e denunciados pelo Sindicato Nacional da categoria (ANDES-SN) – não isentaram ninguém (de Collor a Dilma, e Temer poderá ser o da vez) de enfrentar greves das universidades. Nem Lula/PT – para quem reitores serviram de tapete político – escapou.

Aliás, de Lula – sempre desdenhoso para com os servidores federais e sedento para se perpetuar no poder – se chamou a atenção para a expansão irresponsável que seu governo se nos impunha, subtraindo-nos a autonomia. Seu Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades (ReUNI) e o ENEM são exemplos cabais.

Lula, ao injetar recursos para construção de prédios nas universidades – em geral, mal feitos, muito mais para contemplar interesses de empreiteiras – mandou e desmandou nas federais. Servimos de moeda de troca. Simples assim.  

Pergunto: o que os reitorados e os reitoráveis da época fizeram para cuidar do futuro das instituições? O que fizeram para preservar a Autonomia Universitária, consoante o Art. 207 da Constituição?

Como “o futuro” já é, relembro: a maioria, além de apoiar aquele governo, golpeou/cooptou os conselhos superiores para a imposição dessas expansões.

Na UFMT, vários dos novos cursos e o campus (aliás, sem o vergonhoso acento circunflexo em um termo da Língua Latina) de Várzea Grande, vizinho da capital, mas não só, são exemplos de expansão irresponsável. Aqui, chegou-se ao cúmulo de votar coisas do gênero fora do campus (de novo, sem o circunflexo, pois está no singular). Lembram-se da votação na OAB?

Mais: o que fizeram os magníficos quando Lula e Dilma – de novo, o PT pensando na perpetuação da espécie no poder – canalizaram recursos públicos aos cofres das privadas, por meio do ProUNI, FIES etc.?

Em casos tais, o requinte de maldade desses mandatários foi estupendo, pois todos sabemos que as instituições particulares, com raríssimas exceções, não trabalham com acadêmicos, mas com clientes. Isso diz tudo: diplomas sem lastro e povo iludido, quando não endividado.

Mas sob o manto da inclusão, mesmo que falsa ou capenga, só “ouvimos o silêncio” dos magníficos, que agora precisarão gritar; e gritarão, afinal, Lula não está lá para ouvir.

Nem Dilma, para quem vários magníficos até posaram para foto de sua reeleição. Deu no que deu.

Portanto, apontemos legitimamente a crise. Democraticamente, condenemos Temer, de quem se deve mesmo temer sempre, mas não nos esqueçamos das outras farinhas, pois são todas do mesmo saco. Aliás, bem juntinhos, subiram a mesma rampa. Alguns já rolaram. Outros rolarão.

O segundo tópico é sobre as impactantes imagens das notas de maços de dinheiro em caixas, paletós e mochilas, recebidas por políticos mato-grossenses – e ao que tudo indica, corruptos – durante o governo Silval Barbosa, o delator do cerrado.

De seus delatados, há um que – além de ex-deputado e procurador do Estado – é docente de Direito na UFMT, pelo menos é o que constava na “Apresentação” de sua página virtual em 28/08/2017.  

Da parte da PGE, em nota, já foi admitida a gravidade das cenas, sinalizando com a abertura de Processo Administrativo Disciplinar contra aquele seu procurador.

No Rio, o professor que, nas redes sociais, incitou a violência, empunhando arma para comemorar a vitória de seu time, já recebeu as devidas e necessárias punições, e receberá outras, tão devidas quanto necessárias.

E a UFMT? Continuará no silêncio, fazendo-se passar por quem nada tem a ver com o problema tornado público em todas as mídias?

Nosso silêncio não poderia parecer um tipo de atestado de conivência institucional com a possível corrupção de um professor do seu quadro de efetivos?

Só para lembrar: esse colega foi liberado de suas funções acadêmicas para nos representar na Assembleia Legislativa, após sua eleição a deputado estadual.

Mas sua representação era como as imagens mostraram? Se for, fica por isso mesmo?

Outra lembrança: a despeito de eventual subtração de recursos públicos, que podem ser traduzidos pelos maços enfiados em sua mochila, sua própria liberação já impusera – isso com certeza – custos adicionais à sociedade, uma vez que alguém deve ter lhe substituído em seu Departamento.

Enfim, não estou, aqui, pedindo a condenação pública do colega previamente e sem julgamento, mesmo diante da nitidez das imagens, que constrangem. Estou solicitando que a UFMT se pronuncie, publicamente, no sentido de dar apoio irrestrito às investigações que o caso requer. Se houver condenação, que a Instituição tome as devidas providências no futuro.

De uma coisa, tenho certeza: o silêncio não nos fará bem.