Terça, 01 Outubro 2019 11:23

 

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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JUACY DA SILVA*
 

A degradação ambiental está se acelerando a olhos vistos no Brasil. Esta realidade é alimentada pelo sucateamento dos organismos e serviços de fiscalização, incluindo a redução dos recursos humanos, técnicos, orçamentários e financeiros dos mesmos e, ao mesmo tempo uma visão ideológica distorcida que ao invés de investir na fiscalização e ações preventivas, estimula, direta e indiretamente tais práticas criminosas.


Isto é uma forma de estimular práticas ambientais criminosas e passar a mensagem a tais criminosos que podem destruir, podem desmatar legal ou ilegalmente, podem queimar as florestas na Amazônia, no Cerrado, na Caatinga, nos Pampas, na Mata Atlântica e no Pantanal, podem invadir terras indígenas e reservas ambientais, podem matar ambientalistas e defensores dos trabalhadores rurais e dos direitos humanos, que nada vai acontecer, que a impunidade é um prêmio a quem destrói o meio ambiente e assassina seus defensores.


Ao longo dos últimos anos, com maior intensidade no atual governo , mesmo ante a precariedade em que sempre se encontrou o IBAMA, centenas ou talvez milhares de multas foram aplicadas, como, por exemplo, nos casos dos crimes ambientais cometidos pela mineradora Vale, em Mariana e Brumadinho, que até agora não pagou nenhuma multa e tantos outros crimes ambientais que ficam totalmente impunes na totalidade dos estados e municípios brasileiros, mesmo tendo sido autuados e multados pelo IBAMA ou órgãos estaduais e municipais.


Agora surge mais uma denúncia, oriunda do próprio IBAMA, de que as ações de  fiscalização na Amazônia não tem condições de serem feitas, mesmo em meio a tamanha crise, devido `a falta de apoio para tais ações, como noticiado pelos meios de comunicação.


Só falta esta agora, os órgãos públicos que tem o poder de policia afrouxarem a ação e seguirem a politica do Governo Bolsonaro, que pretende a qualquer custo sucatear os órgãos ambientais. O sucateamento da fiscalização ambiental é um incentivo por parte do Governo Bolsonaro e de governos estaduais que defendem, na verdade, não o meio ambiente, mas pela omissão e certa conivência, favorecem as ações de grileiros, garimpeiros, mineradoras, madeireiros e invasores de terras indígenas, quilombolas e reservas florestais/ambientais.


Existe um grande abismo entre os discursos dos políticos, governantes e empresários em defesa da Amazônia, do meio ambiente, da sustentabilidade, da justiça ambiental, dos direitos humanos e o que realmente está acontecendo no Brasil, que é  a omissão, a conivência e indiretamente  estimula a degradação ambiental, destruição dos ecossistemas e da biodiversidade e também a violência relacionada a esses aspectos.


Quem está dizendo ultimamente sobre esta realidade são os próprios  organismos públicos e não apenas ONGs ambientalistas e ativistas que sempre estiveram na luta por um meio ambiente que possa ser sustentável, permitindo  que as futuras gerações não tenham que pagar um pesado ônus pelo descaso dos governantes e práticas predatórias de falsos empresários, que não se importam de, em nome do desenvolvimento e do "progresso", deixarem uma herança maldita de terra arrasada como tem feito as mineradoras, madeireiros, grileiros e latifundiários no Brasil e ao redor do mundo.


Tudo isso tem consequências, tem um preço para as atuais e futuras gerações, a começar pelo impacto direto nas mudanças climáticas, no processo de desertificação,  na poluição do ar e dos cursos d'agua e no aumento dos desastres naturais, que a cada ano estão se tornando mais frequentes e mais destruidores!


É contra este estado de letargia e de alienação de boa parte da população, da falta de ação efetiva por parte dos governantes, tanto no Brasil quanto em outros países que a ativista ambiental, a adolescente GRETA THUNBERG e de outras vozes como do próprio Secretário Geral da ONU, que precisamos estar mais alertas, mais conscientes e também somarmos nossas vozes, nossas ações e indignação, enfim, colocar a questão ambiental em geral e a das mudanças climáticas em particular na ordem do dia, na agenda das discussões nacionais, estaduais e municipais.


Dentro de um ano estarão sendo realizadas eleições municipais, precisamos cobrar, acompanhar e exigir que a questão ambiental esteja no cerne, não apenas dos discursos mas também nos planos de desenvolvimento estratégico de cada município brasileiro. Só assim, teremos a certeza de que os eleitos vão agir tendo em vista a sustentabilidade, a justiça social e o desenvolvimento local integrado e participativo.


Precisamos pressionar para que os governos locais, municipais, estaduais e também o Governo Federal encarem a questão ambiental em geral e não apenas o desmatamento e queimadas na Amazônia e no Centro-Oeste, e que o meio ambiente seja uma  das prioridades na definição de politicas públicas em nosso país.


Precisamos voltar nossa atenção de forma mais aprofundada e mais critica para a Agenda 2030, em que todos os países se comprometeram a cumpri-la em  2015 e, para tanto, a realizarem ações para atingirem as 167 metas que fazem parte dos OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENÁVEL.


O Brasil não pode seguir sem uma politica ambiental clara, objetiva, coerente, com alcance de longo prazo, como parte de um projeto nacional de desenvolvimento. Não podemos continuar com ações imediatistas, orgasmicas, sempre “correndo atrás do prejuízo”, de forma improvisada, paliativa e descontinuada.


Isto demonstra que nossos governantes não tem capacidade para definir e implementar um planejamento estratégico e nem compromisso de longo prazo, pois, ao invés de pensarem nas próximas gerações, só conseguem pensar nas próximas eleições e em seus esquemas de perpetuação no poder, onde o caixa dois, a corrupção, as mutretas, as manobras para continuarem com seus privilégios, a partir de onde continuarão legislando em causa própria e facilitando a vida de grandes grupos econômicos que garantem suas eleições, os favores e benesses que o poder oferece a tais grupos econômicos em detrimento da imensa maioria do povo brasileiro que continua sendo excluído tanto das decisões governamentais quanto da distribuição dos frutos do desenvolvimento, razões maiores para a perpetuação da miséria, da fome, da injustiça e da violência em nossa sociedade.


Com o discurso de que o Estado brasileiro é muito grande, muito pesado, acabam justificando a inércia, a incúria e a falta de fiscalização em todas as áreas, inclusive ou principalmente em relação ao meio ambiente. Esta é a lógica que embasa a politica brasileira na atualidade. Estado mínimo e o máximo de exploração de quem fica à margem da sociedade.


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de diversos veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

 

Quinta, 26 Setembro 2019 12:16

 

 

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JUACY DA SILVA*
 

Conforme podemos ler na Bíblia Sagrada, tanto no velho quanto no novo testamento, os profetas tiverem um papel significativo na vida do povo de Deus. Eram eles que denunciavam as injustiças, as iniquidades, a corrupção dos governantes da época, que, lamentavelmente ainda está presente nos dias de hoje no Brasil e em tantos outros países.


Enfim, eram os profetas que abriam a boca e exortavam os donos do poder, os governantes quanto aos seus erros e a importância do respeito que a gente simples, os trabalhadores e excluídos merecem, que só com a verdade e com a equidade poderia ser construído um reino próspero e realmente humano.


A cada momento, principalmente os mais decisivos, os mais angustiantes, ao longo da história surgem os profetas para denunciarem tudo o que esteja errado, seja em um país ou na dimensão planetária. Por esta razão, os profetas e as profetizas falam as verdades que os potentados, os donos do poder, os governantes que se colocam sempre acima das massas, enfim, os poderosos e seus asseclas/aliados não gostam de ouvir.


Muitos profetas foram mortos ao longo da história, na vã ideia de que ao matarem os profetas suas mensagens iriam desaparecer. Mas foi o próprio Cristo quem disse, ao final de uma parábola, que “ Se calarem os profetas, até as pedras falarão”, querendo com isto dizer que ninguém consegue calar a voz da verdade, a voz da justiça, a voz em defesa de quem não tem voz e nem vez.


Sempre é bom lembrar de alguns desses profetas modernos, cada qual com sua voz defendendo causas relacionados com o bem comum, com a liberdade, com os direitos humanos, com a justiça social e contra todas as formas de exploração, preconceitos. Ghandi, o profeta da não violência que conseguiu libertar a Índia do jugo colonialista da Inglaterra; Martin Luter King que lutou contra a discriminação racial nos EUA, com sua celebre frase “Eu tenho um Sonho”, o seu sonho era de que um dia negros e brancos e pessoas de todas as raças e origens deveriam ser tratados igualmente; Chico Mendes que lutou em defesa da Floresta amazônica, que ainda hoje está sendo impiedosamente destruída e consumida pelas chamas; Malala, uma jovem que por sua luta na defesa dos direitos das meninas do Paquistão poderem estudar e agora, esta nova profetiza Greta Thunberg que está levando sua mensagem, que também é a mensagem de bilhões de pessoas preocupados com as mudanças climáticas, com o aquecimento global, com o derretimento das calotas polares e geleiras, com a insensibilidade e incúria da maioria dos governantes mundo afora.


Há dois dias, na última quarta feira, 25 de Setembro de 2019, um dos jornais mais influentes não apenas do Reino Unidos, mas também da Europa, o The Guardian, veiculou uma matéria sobre esta menina sueca, de apenas 16 anos, de estatura baixa, mas com uma voz ponderosa, dizendo que a mesma foi a estrela maior durante os trabalhos da reunião do clima, denominado de Ação Climática, promovida pela ONU, como o mais importante evento que antecedeu a Abertura oficial dos trabalhos da Assembleia Geral da mesma.


Segundo o The Guardian, esta adolescente, que não teve medo de cruzar o Oceano Atlântico da Suécia até Nova York, em um pequeno veleiro movimentada a energia solar, para vir a esta reunião da ONU e falar diante de governantes famosos, estrelas mundiais, poderosos e muitos também extremamente prepotentes, que imaginam saber de tudo, poder fazer tudo, ignorando até mesmo verdades científicas, como as de centenas de cientistas, na forma de alerta para a catástrofe climática que já estamos vivendo.


Foi exatamente nesta reunião, com o apoio decisivo do Secretário Geral da ONU, Antônio Guterres, que Greta Thunberg demonstrou sua coragem, sua determinação, sua capacidade de falar a verdade em qualquer lugar, sua tenacidade em levar a mensagem que ela e bilhões de pessoas acreditam quanto à urgência de que ações sejam tomadas por todos os governos e governantes mundo afora, para reduzir drasticamente os níveis de poluição do ar, o maior responsável pelo aquecimento global, pela emissão dos gases que provocam o efeito estufa, pelo aquecimento dos oceanos e aumento das catástrofes climáticas.


Em sua fala emocionada, que a todos os presentes e aos que a assistiram pelos meios de comunicação, demonstrou firmeza, coragem e preparo em uma área não apenas complexa mas também controvertida. Muitos céticos quanto às mudanças do clima que vivem envoltos no que eu denomino de OBSCURANTISMO AMBIENTAL ou ECOLÓGICO, além de não acreditarem na mensagem que Greta Thunberb está levando aos quatro cantos do mundo, ainda começaram a atacar esta profetiza do meio ambiente.


Já que não podem confrontar com a verdade contida em sua mensagem, tentam desconstruir sua imagem, invocando inclusive, de uma forma nada ética e até mesmo perversa que ela sofre de alguma doença, como o autismo, em uma demonstração de mais um preconceito contra milhões de pessoas que sofrem com esta doença ao redor do mundo.


Greta Thunberg disse na cara dos governantes presentes à reunião do clima da ONU e também através dos meios de comunicação aos que não estiveram presentes ou foram excluídos da reunião por não terem feito o dever de casa, como o Governo brasileiro; que a insensibilidade, a incompetência e o descaso dos mesmos em relação ao meio ambiente em geral e às mudanças climáticas em particular estão roubando a esperança não apenas das atuais, mas sim, das futuras gerações; que os modelos econômicos existentes na maioria dos países só induzem ao lucro imediato  e na acumulação de riquezas em poucas mãos em detrimento da grande maioria da população e do planeta, da biodiversidade, das pessoas; que esta insensibilidade e irresponsabilidade dos governantes estão matando as pessoas e destruindo irreparavelmente o planeta.


Disse que a cada ano, não apenas nas reuniões da ONU mas também em outros fóruns internacionais esses mesmos governantes ou quem os antecederam ou irão sucede-los falam bastante, proferem belos discursos, mas tudo não passa de palavras e as ações que poderiam mudar este roteiro de destruição e sofrimento não surgem e a cada ano as mudanças climáticas e suas consequências são maiores e muito piores, só não vê quem não quer.


Antes de sua presença e discursos na ONU, Greta Thunberg já esteve falando, dizendo as mesmas coisas, levando a mesma mensagem ante o Parlamento Europeu; participou de uma conferência do clima na Austrália; esteve com o Papa Francisco, com o Presidente Macron, da França e outros chefes de Estado e de Governo e tem concedido, talvez, centenas de entrevistas a canais de televisão, rádio ou outros veículos de comunicação, onde e quando não se cansa de levar avante esta sua cruzada que começou como algo despretensioso, uma menina franzina que todas as sextas feiras se recusava a ir a escola para ir protestar, silenciosamente, com um cartaz escrito a mão em uma cartolina ou pedaço de papelão, em frente ao Parlamento Sueco, dizendo “Greve nas escolas pelo clima”.


O resultado em pouco tempo, apenas um ano foram as grandes manifestações, reunindo milhões e milhões de pessoas ao redor do mundo, mais de 500 cidades, inclusive varias no Brasil e também nos EUA e outros países, como aconteceu na última semana.


Dizem que a verdade incomoda, que a verdade dói, que a verdade provoca calafrios. É com a verdade que Greta Thunberg está alimentando sua mensagem em defesa da vida e do planeta, por isso, já está começando a sofrer ataques, injúrias e difamação por parte de pessoas e grupos ultra conservadores, que imaginam que em nome do progresso e do bem estar de uma minoria, seja nos diversos países ou no planeta como um todo, podemos destruir impiedosamente o meio ambiente, gerando mais pobreza, miséria e sofrimento.


Precisamos de centenas, milhares, milhões de Greta Thunberg neste momento de crise e calamidade ambiental, de destruição das florestas, de poluição do ar, de matrizes energéticas baseadas em combustíveis fósseis, de uso abusivo de agrotóxicos que estão afetando a saúde dos consumidores e matando milhões de pessoas.


Com certeza a voz e a mensagem de Greta Thunberg não vão ser ouvidas por grileiros, madeireiros que invadem terras indigenas, que desmatam as florestas, quem provocam queimadas como as que acontecem no Brasil, na Bolívia e outros países, por mineradoras e garimpeiros que retiram riquezas do sub-solo e deixam crateras e desastres como de Mariana, Brumadinho, Barcarena e outros mais; de latifundiáiros e portentados do agronegócio que se recusam a ver que o meio ambiente não pode ser apenas para uso e em busca de lucros imediatistas e também, esta mensagem não é ouvida por governantes de índole totalitária, que desejam apenas  os votos dos eleitores e depois, ignoram a população quando da definição e implementação das ações governamentais. Por governantes demagogos, que mistificam e destorcem os fatos e usam de mentiras e meias verdades para tentarem enganar a opinião pública.


Em todos os momentos de crise, quando os desafios são enormes que a muitos parecem impossíveis de serem vencidos, são nesses momentos que surgem os profetas e profetizas. Quando os profetas e profetizas são calados por quem quer que seja, principalmente as forças ponderosas dos interesses econômicos, com certeza outros profetas e profetizas irão surgir e ocupar o lugar de quem foi calado ou eliminados fisicamente, mortos, como tem acontecido com diversas lideranças indigenas, de trabalhadores rurais, de ambientalistas, religiosos e de quem tenha abraçado a causa dos direitos humanos como sua missão.


Por tudo isso, podemos ter a certeza, como bem disse Greta Thunberg, citação em ingles ““You are failing us. But the young people are starting to understand your betrayal… We will not let you get away with this… The world is waking up. And change is coming, whether you like it or not. We never forgive you, never” Traduzindo, dizendo na cara de diversos líderes mundiais presentes ao Encontro do clima da ONU, inclusive Trump que deu uma “passadinha”, mesmo antes tendo dito que não atenderia a reunião do clima, “Voces estão falhando. Nós, os jovens, estamos começando a entender a enganação de voces,  não vamos deixar voces escaparem disso…O mundo está acordando e as mudanças estão chegando, quer voces queiram ou não”  e para finalizar completou…”Nós não iremos perdoar voces jamais”.


Acessando o Youtube, podemos ouvir Greta Thunberg em suas diversas manifestações, ela traz uma mensagem forte, verdadeira, urgente, comovente e que chama a todos, crianças, adolescentes e jovens que representam as gerações que viverão em um mundo muito mais ameaçado pelas mudanças climáticas, pela degradação do meio ambiente e por idéias malévolas que são consideradas como OBSCURANTISMO AMBIENTAL.


Sua mensagem também é um apelo para adultos e idosos que já estão sofrendo com as mudanças climáticas e com o aquecimento do planeta, mas nem de longe podem imaginar o que realmente será o futuro, se nada for feito agora, com a urgência que esta questão nos impõe.


A omissão, a irresponsabilidade e descaso em relação ao meio ambiente, tanto por parte de governantes quanto de empresários e também da população, com sistemas de produção poluidores e hábitos de consumo perdulários, estão, na verdade criando um inferno  no planeta terra.


É sobre isto que esta profetiza do século 21 está levando sua mensagem de alerta quanto `a catástrofe ambiental em curso, mas, ao mesmo tempo, esta é uma mensagem de esperança, que, se ações concretas e não  belos discursos, como enfatizou o Secretário Geral da ONU, forem tomadas, de fato agora, ainda existe esperança para reverter este futuro sombrio anunciado.


*Juacy da Silva, professor titular e aposentado UFMT, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de alguns veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy 

Segunda, 23 Setembro 2019 10:42

 

 

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JUACY DA SILVA*
 

Na véspera do dia da Árvore no Brasil e em alguns outros países, no final de semana que antecede `a reunião de cúpula da ONU para tratar sobre as ações para manter o Acordo de Paris em vigor desde 2015, que antecedem a abertura da Assembleia Geral da ONU em Nova York, milhões e milhões de crianças, adolescentes, jovens e pessoas de todas as idades, conscientes de que estamos em meio a uma enorme tragédia ambiental mundial, gritaram aos quatro cantos do planeta que é preciso dar um basta às mudanças climáticas,  ao desmatamento e destruição não de umas poucas árvores, como os políticos gostam de, simbolicamente, plantar neste dia, mas sim, milhões de hectares de terra, bilhões de árvores centenárias, bilhões animais e plantas de espécies vegetais e animais estão sendo consumidos pelo fogo, não apenas na Amazônia brasileira ou boliviana, mas no cerrado e nos campos brasileiros, africanos, asiáticos e também o fogaréu que tem devastado grandes áreas na Europa e dos Estados Unidos todos os anos.


Os protestos desta sexta feira, dia 20 de Agosto de 2019, devem ficar na história como o início de uma grande onda de indignação das gerações mais jovens que não se conformam com a estupidez, a insensibilidade, a incúria, o descaso e a corrupção como os atuais políticos, empresários, as elites dominantes e diversas camadas populacionais alienadas agem como se o mundo fosse só deles e que podem tudo destruir e deixar para as próximas gerações uma terra arrasada pelo fogo, pelos agrotóxicos, pela poluição que estão envenenando todos os cursos d’água, poluindo os oceanos, destruindo a camada de ozônio e provocando o efeito estufa.


Enfim, quando vemos o Rio Tietê, em São Paulo, em mais de 160 km totalmente morto, a Baia da Guanabara  completamente degradada, quando cientistas e pesquisadores colhem dados e demonstram que as águas dos oceanos estão aquecendo, que as calotas polares e as grandes geleiras estão derretendo e que o clima está mudando, provocando grandes tempestades, grandes secas, enormes ondas de calor, esses lunáticas imaginam que desenvolvimento significa destruir todas as florestas, poluírem todos os rios, matar todos os animais, queimarem toda a biodiversidade e também escorraçarem todos os pequenos agricultores, as populações indígenas para construírem grandes barragens e permitirem que madeireiros, grileiros, latifundiárias, mineradoras e empresários inescrupulosos deixem um passivo ambiental, impagável, para as próximas gerações.


Não basta belos discursos ou o plantio de meia dúzia de árvores em gestos simbólicos de governantes e políticos que usam do obscurantismo ambiental, da demagogia e do cinismo como forma de ação politica.


O próprio Secretário Geral da ONU, Francisco Guterres, afirmou de forma clara que na Cúpula do Clima, chamada de Ação Climática que ocorre nesta segunda feira (23 de setembro de 2019), em Nova York, espera que Chefes de Estado e de Governo deixem em casa, ou seja, em seus países seus belos discursos, belos no sentido de discursos enganadores, mentirosos, mistificadores quanto ao meio ambiente e tragam para a mesa de negociações não apenas os planos em andamento e o que vão realizar no futuro, mas sim, também, relatórios com números concretos e verdadeiros do que cada país tem feito nesses quatro anos desde a assinatura do Acordo de Paris, quando praticamente todos os países se comprometeram a realizar diversas ações para combater, de fato e não de boca, de mentirinha, as mudanças climáticas.


Talvez seja por isso que o Brasil já foi excluídos de se pronunciar oficialmente nesta cúpula do Clima da ONU. No caso de nosso país, que esta literalmente dominado pelas chamas , pelas queimadas que estão poluindo o ar, afetando a saúde da população, causando prejuízos bilionários à economia e enlameando a imagem do país interna e internacionalmente, o Estado brasileiro e não o governo de plantão, se comprometeu ao aderir e assinar o Acordo de Paris, por exemplo, com a meta de “desmatamento zero”, tanto na Amazônia quanto no cerrado e nos demais biomas, mas o que se viu nesses oito ou quase nove meses de governo Bolsonaro  foi uma verdadeira catástrofe ambiental, facilitada pelo sucateamento de todo o aparato de fiscalização ambiental e desorganização dos organismos voltados ao meio ambiente como o IBAMA, FUNAI e quase a extinção do próprio Ministério do Meio Ambiente e um discursos mistificador, tentando enganar a opinião pública quanto aos estragos que este obscurantismo ambiental esta causando e irá causar muito mais em futuro próximo.


O discursos, os gritos de milhões de crianças, adolescentes e jovens e pessoas de todas as idades  nas ruas e praças de centenas de cidades ao redor do mundo como o maior protesto já visto, foi um só: “Os políticos vão ter que ouvir nossas vozes”.  O futuro nos pertence e precisamos defende-lo agora, não podemos deixar que as gerações atuais de governantes, empresários, elites dominantes e população alienada destruam o planeta inviabilizando a vida das gerações futuras. O futuro nos pertence e não a quem o esta destruindo o planeta agora, chega, basta!


Com toda a certeza essas mobilizações, juntamente com a voz e a pressão de alguns governantes conscientes da catástrofe ambiental que estamos vivendo e que se agravará ainda mais no futuro,  já estão sendo ouvidas em alguns países, como na França e na Alemanha, onde o Governo tomou a iniciativa de definir um plano de ação, que, por exemplo, que cria impostos sobre poluição e  incentivos para a substituição rápida dos combustíveis fósseis por energias limpas e renováveis como eólica e solar, penalizando o transporte individual poluidor por transporte publico de qualidade.


Aqui mesmo nos EUA, o Partido Democrata que se opõe às politicas de Trump, que abandonou o Acordo de Paris, tem feito debates entre seus pré-candidatos, inclusive um debate especial só sobre a questão climática. Um dos candidatos, o Senador Bernie Sanders, apresentou o mais consistente plano, com mais de cem paginas, como sua proposta ambiental, caso seja eleito, o custo deste plano seria de 16 trilhões de dólares e mudaria radicalmente a matriz energética, de transporte e de produção industrial e agricultura do país, possibilitando que os EUA possam cumprir integralmente o Acordo de Paris. EUA, China, Índia, Rússia e Brasil são os países que mais poluem e degradam o meio ambiente.


Exemplo bem recente é o do Parlamento Austríaco que vetou o acordo da União Europeia com o Mercosul, tendo como argumento central o desmatamento e queimadas no Brasil e outros países do Bloco; a manifestação de um fundo trilionário em dólares, que alertou grandes companhias e investidores que não irá negociar seus ativos se não mudarem suas ações e transações comerciais com países que estão destruindo o meio ambiente, ou seja, parece que uma tênue réstea de esperança está surgindo, alguma lucidez ainda existe nos atuais donos do poder em diversos países e na economia global.


No caso brasileiro, urge que o Governo Bolsonaro  defina uma politica nacional relativa ao meio ambiente como um todo e não apenas algumas medidas para tampar o sol com a peneira e direcionar a atenção da opinião pública para a Amazônia, mistificando o drama ambiental nacional por slogans que alimentam um falso patriotismo, quando na verdade está com uma enorme gana para entregar as riquezas da Amazônia para mineradoras internacionais, as mesmas que estão destruindo o meio ambiente em Minas Gerais, na Austrália, na África do Sul e tantos outros países, deixando como herança buracos, poluição, destruição e sofrimento humano, como de Mariana, Barcarena e Brumadinho, tudo de forma impune.


Urge que seja articulado um plano nacional com planos estaduais e municipais de meio ambiente, não apenas ações imediatistas, paliativas ou espetaculares, mas sim, planos estratégicos, de longo prazo, planos que tenham continuidade e não sejam interrompidos ou alterados a cada quatro anos por governantes que só pensam nas próximas eleições e jamais nas próximas gerações.


Este é o sentido dos gritos de indignação que ouvimos e vimos nesta semana e ouviremos e veremos muito mais a partir de agora.  Se as crianças, os adolescentes e os jovens se calarem agora, em um future próximo, como adultos, estarão gemendo e sofrendo devido à omissão e as consequências da destruição do planeta que esta ocorrendo a olhos vistos agora. Só não vê, só não sente, só não fica indignados/indignada quem está adormecido/adormecida na alienação e no obscurantismo ambiental.


Aqui cabe um pensamento indígena que li na internet há poucos dias que traduz uma mensagem profunda “Quando o último rio secar, quando o último peixe for pescado, quando os mares se transformarem em grandes lixeiras, quando o ar for irrespirável, quando a última árvore for cortada, quando os animais das florestas forem queimados vivos, só então as pessoas e os governantes vão perceber que não comemos dinheiro e nem bebemos veneno e que no caixão das pessoas humildes e também poderosas não tem lugar para ganância, para cartões de crédito, saldos bilionários em contas bancárias, muitas secretas em paraísos fiscais, privilégios, prepotência e pompas”.


Dentro de poucas semanas será também a ocasião em que ouviremos a voz da Igreja Católica, no Sínodo dos Bispos da Pan Amazônia, convocados pelo Papa Francisco para discutirem o que está acontecendo nesta vasta região e qual devera ser o futuro da Igreja na Amazônia, sob a perspectiva da Encíclica Laudato Si (A Encíclica Verde) e o que o Sumo Pontífice denomina de Ecologia Integral, uma matriz verdadeiramente revolucionária capaz de salvar o planeta, começando pela Amazônia e se expandindo pelo mundo afora.


As questões ambientais em geral e das mudanças climáticas em particular devem permanecer na Agenda mundial por um bom tempo, não adiante governantes omissos nessas questões chiarem, espernearem, a voz do povo será mais forte em todos os países, inclusive no Brasil.


Estamos, no caso do Brasil, na antevéspera das eleições municipais do próximo ano, oxalá a questão ambiental possa estar inserida nas discussões eleitorais e nas propostas dos candidatos a prefeito e vereadores. A oportunidade é agora para colocar, de fato, o meio ambiente como prioridade das politicas públicas e das ações governamentais, mudando, radicalmente o nosso futuro comum.


Vamos acompanhar bem de perto  as discussões da ONU tanto no Fórum Global do Clima, quanto no decorrer da Assembleia Geral e também o SINODO DOS BISPOS DA AMAZÔNIA. Muito chumbo grosso vem por ai, afinal, a MÃE NATUREZA pede Socorro!


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

 

Segunda, 16 Setembro 2019 10:11

 

 

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JUACY DA SILVA* 

Até há poucas semanas ou no máximo há um mês tanto os veículos de comunicação do Brasil quanto praticamente da maior ou a quase totalidade dos países estampavam manchetes com imagens aterradoras do desmatamento legal e ilegal e das queimadas na Amazônia.

Enquanto isso, nossas autoridades procuravam minimizar os fatos, ora demitindo servidores por terem divulgado alertas quanto ao que estava por vir em relação à degradação e crimes ambientais ou tentando desacreditar de dados estatísticos e científicos.

A postura relativista do Governo Federal, de seus ministros e de vários governadores e outras autoridades que tentavam justificar o aumento exagerado tanto do desmatamento quanto das queimadas, quando comparadas com igual período de anos anteriores ou até mesmo criticando outros países, dizendo que deveriam cuidar de problemas deles.

Em certos momentos até mesmo teorias da conspiração foram mencionadas como quando o Presidente da República disse, sem apresentar provas, de que eram ONGs ambientalistas, que teriam perdido a “boquinha” de recursos públicos é que estavam colocando fogo nas florestas, o que acabou não sendo comprovado ou clamando para um já surrado slogan da ambição internacional em relação à Amazônia, que poderia afrontar a soberania nacional sobre esta parte do território brasileiro.

Diversos estudiosos e instituições de renome tem alertado que o Brasil não tem uma politica voltada para a proteção do meio ambiente e da biodiversidade ou, inversamente, que a omissão do Governo, principalmente quando menciona que a fiscalização ambiental é muito “xiita” ou que o ministro do meio ambiente deveria passar a foice e “degolar’ tais xiitas no IBAMA, que estaria aparelhado pela esquerda, ou seja, que esta omissão e até certa conivência com crimes ambientais e práticas que estão destruindo o meio ambiente são os grandes responsáveis por tudo o que esta acontecendo. Quando se diz governo, isto significa atual e anteriores, em todos os níveis e regiões.

De forma semelhante, para justificar sua escolha do quem deverá ser o futuro Procurador Geral da República, em um evento com empresários do agronegócio,  o Presidente da República disse que o mesmo foi escolhido por alinhar-se `a sua forma de pensar sobre questões ambientais, demarcação de terras indígenas e outras pautas de cunho ideológico, muito caras aos ruralistas , afirmando ainda que o futuro Procurador Geral da República será um grande parceiro do agronegócio, quando o mais importante na escolha do mesmo deveria ser seu compromisso integral com a defesa da Constituição Federal e do ordenamento jurídico do país, afinal, o mesmo é denominado de “fiscal da Lei” e jamais parceiro de quem quer que seja, muito menos por razões de cunho ideológico ou religioso.

Precisou que esta catástrofe ambiental praticamente tivesse fugido ao controle dos organismos públicos e passasse a afetar tanto a saúde da população quanto a economia e os negócios privados para que o Presidente da República decretasse a chamada GLO – Garantia da Lei e da Ordem ambiental, bem tardiamente, pois isto deveria ter sido feito quando as imagens de satélite, usadas pelo INPE e as imagens de satélite da NASA há vários meses haviam demonstrado que o ritmo do desmatamento era intenso não apenas na Amazônia, mas também no Cerrado e demais biomas brasileiros. Todavia, nada foi feito e os madeireiros, mineradoras, garimpeiros e grileiros de terras públicas e particulares, invasores de terras indígenas agissem impunemente, causando crimes ambientais e suas consequências que nos dias atuais estamos sofrendo.

Mato Grosso, por exemplo, que tem em seu território parte de três biomas importantes, está literalmente em chamas tanto na parte da Amazônia Legal, quanto da parte que é coberto pelo cerrado e agora também o Pantanal está pegando fogo.

Todas as capitais, tanto dos estados amazônicos quanto do Centro Oeste estão sob uma imensa nuvem de fumaça, os postos de saúde estão abarrotados de pessoas, a grande maioria gente humilde, que não tem condições de procurar cuidados médicos e hospitalares fora da rede do SUS que, como o IBAMA, universidades federais, institutos federais de educação e tantos outros organismos públicos federais, estaduais e municipais estão totalmente sucateados e sem condições mínimas de atuação.

Dentro de poucos dias ou semanas ou quem sabe mais um ou dois meses as chuvas, que a cada ano estão ficando mais escassas devido às mudanças climáticas, devem contribuir para apagar este fogaréu que esta destruindo não apenas nosso meio ambiente mas também a credibilidade e a capacidade de planejamento e ação eficiente de organismos públicos, seus gestores e , principalmente, de nossos governantes que pouco ou quase nada fazem para evitar desastres e crimes ambientais, como os casos de Mariana, Brumadinho, Barcarena, a destruição de imensas áreas pelo desmatamento e, agora, essas queimadas, cujas imagens continuam sendo estampadas mundo afora.

Estamos às vésperas do inicio de mais uma Assembleia Geral da ONU , quando um dos temas em discussão deverá ser a questão do desmatamento e queimadas na Amazônia, que também devem ser ampliadas par outras questões correlatas.

Logo a seguir será a vez do SÍNODO DOS BISPOS DA PAN AMAZÔNIA, convocado pelo Papa Francisco, quando também temas considerados “delicados” pelo Governo Bolsonaro estarão sendo discutidos como as questões fundiária, indígena, a violência, principalmente contra povos primitivos,  posseiros, pequenos agricultores, defensores dos direitos humanos, ambientalistas e religiosos comprometidos com a defesa dos mais humildes e mais pobres, para que a Igreja tenha de fato, uma outra cara, como disse recentemente o Papa Francisco, que tanto tem condenado governantes corruptos quanto autoritários e seus apoiadores em politicas que conduzem a mais exclusão, miséria e discriminação, além da degradação ambiental.

O fato concreto é que a soma das áreas desmatadas e queimadas, essas últimas maiores do que as primeiras, em todos os biomas brasileiros, devem ultrapassar a casa dos milhões de hectares (ha). As queimadas estão presentes em todos os Estados da Amazônia, no Pantanal, nos estados que tem parte de seus territórios cobertos pelo cerrado, como a região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) área de recente e devastadora expansão da fronteira agrícola.

Existem também muitas queimadas em outros estados como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e até em Florianópolis. Toda esta destruição refletida em queimadas e nuvens gigantescas de fumaça podem ser vistas por satélites e não deixam dúvida de que um GRANDE DESASTRE AMBIENTAL está em curso no Brasil, por mais que nossos governantes tentem minimizar esta destruição. As consequências deste desastre ambiental devem ser sentidas por vários anos ou até mesmo décadas, causando um enorme prejuízo para as pessoas e para o Brasil.

Urge que os Governos Federal, estaduais e municipais coloquem na ordem do dia ou na pauta das discussões politicas e públicas a necessidade de serem formuladas as politicas Nacional, estaduais e municipais para o meio ambiente e, como corolário, os correspondentes planos nacional, estaduais e municipais do meio ambiente, em articulação com a sociedade civil organizado e os conselhos nacional, estaduais e municipais de meio ambiente.

Não se pode conceber em pleno século 21 que governos nacionais, regionais ou locais se deem ao luxo de agirem ou pautarem suas ações pela improvisação, sem planejamento, sem planos claros, dos quais a sociedade não tenha participado em sua elaboração.

Governar sem planejamento é uma forma irracional, perdulária e até criminosa de gastar o suado dinheiro do contribuinte. A população espera que organismos públicos e governantes falem menos e façam mais. Discursos demagógicos, guerra ideológica, xenofobismo, obscurantismo não resolvem problemas econômicos, sociais, políticos ou ambientais, essas formas distorcidas de governar devem ser substituídas por mais racionalidade, mais democracia, maior participação popular, mais transparência, ações integradas e articuladas entre governo e sociedade, em todos os níveis de poder.

A questão ambiental, a posse e uso do solo e demais recursos naturais, o saneamento básico, as mudanças climáticas, o aquecimento global, a poluição do ar e das águas, são grandes desafios tanto da sociedade brasileira,  incluindo ONGs ambientalistas, setor empresarial, igrejas, clubes de serviços quanto para o Governo Federal e demais níveis de poder, que teimam em reduzir os espaços democráticos de participação popular como tem feito o Governo Bolsonaro em relação a todos os Conselhos Nacionais, inclusive o CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente, totalmente castrado na atual gestão.

Enquanto isto não acontece, com certeza vamos continuar assistindo, nos próximos anos, mais e maiores desmatamentos e queimadas e o Brasil estará todos os anos sendo notícia internacional, com imagem negativa, envolvido e destruído pelas chamas, enquanto o obscurantismo ambiental persistir

*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de alguns veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blogwww.professorjuacy.blogspot.com

Sexta, 13 Setembro 2019 17:47

 

 

Ato em defesa da Amazônia convocado pela Companhia de Teatro Vitória Régia no centro de Manaus (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

 

Um chamado para uma Greve Global tem sido divulgado para o próximo dia 20 de setembro, em defesa do Clima e do Meio Ambiente. Mais de dois mil protestos estão confirmados em cerca de 120 países.

 

A CSP-Conlutas e a Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas participarão e fortalecem a convocatória, considerando que, em todo o mundo, por meios diferenciados, o que degrada o meio ambiente é o mesmo capitalismo e a busca incessante por lucro.

 

No Brasil, manifestantes voltarão a tomar as ruas nas principais cidades, em mais um ato em defesa de direitos e do Meio Ambiente. Motivos para protestos não nos faltam, e têm sido conhecidos mundialmente a partir de verdadeiros abusos por parte do governo brasileiro.

 

Em oito meses de mandato de Jair Bolsonaro, o que vimos foram centenas de autorizações para exploração na região amazônica, queimadas desenfreadas, afrouxamento da fiscalização do Meio Ambiente, além de demissões e muito deboche às instituições de pesquisa, como o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e a profissionais cientistas.

 

Segundo levantamento do próprio Inpe, em 2019 o desmatamento da Amazônia aumentou 222% em comparação ao mesmo período de agosto do ano passado.  A organização WWF-Brasil revelou que, na Amazônia, 31% dos focos de queimadas registrados até agosto deste ano localizavam-se em áreas que eram floresta até julho de 2018.

 

Uma explicação simples para tal posicionamento do governo é o fato de que boa parte do apoio para eleição de Bolsonaro veio da bancada ruralista. Além disso, a partir de uma política subserviente e entreguista, a Amazônia pode ser servida às fatias para os interesses internos e externos para gigantes do agronegócio, grileiros e ruralistas.

 

A CSP-Conlutas e a Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas participarão e fortalecem a convocatória global

 

Para Waldemir Soares Jr., do Setorial do Campo da CSP-Conlutas, “São diversas as declarações de Bolsonaro e seus ministros que estimulam o direito de fazendeiros desmatarem de acordo com seus interesses, de madeireiros, garimpeiros e grileiros de avançarem sobre a Amazônia, sem contar que já anunciou que pretende permitir a exploração de terras indígenas. Essa política é que tem resultado nessa verdadeira devastação ambiental”, afirma.

 

Contra todos os ataques – As centrais sindicais escolheram a data para, além de convergir como maneira de apoio à pauta pelo clima, trazer como outra demanda a luta contra a Reforma da Previdência, uma vez que poderá ser votada até o dia 18/9.

 

As mobilizações do que foi determinado pelas Centrais como Dia Nacional de Paralisações e Manifestações em Defesa do Meio Ambiente, Direitos, Educação, Empregos e Contra a Reforma da Previdência, começarão logo no início da manhã, com atos e assembleias nos locais de trabalho, e com participação, na parte da tarde, nos atos já programados nas diversas capitais.

 

A sugestão para adesão à data de ação internacional partiu da CSP-Conlutas. Em reunião das Centrais, o dirigente e membro da Secretaria Executiva Nacional da Central, Paulo Barela, colocou a importância de considerar a incorporação do dia, uma vez que “é preciso fortalecer a luta contra a destruição da Amazônia e as queimadas, em meio aos absurdos ataques de Bolsonaro, que assinou mais de 500 autorizações para exploração florestal”, e ainda a partir desse momento trazer a denúncia de “outros ataques como, além da reforma da Previdência, a MP 881, por exemplo”, ponderou o dirigente.

 

No Brasil estão confirmados atos, conforme site oficial da Greve Global pelo Clima, em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Piauí e Pará.

 

Em SP, a Coalização pelo Clima São Paulo, principal organização que planeja – junto a outros movimentos – a mobilização na capital, realizará  um ato às 16h, com concentração no Vão do Masp.

 

Fonte: CSP-Conlutas

Quarta, 11 Setembro 2019 10:39

 

 

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Publicamos a pedido do Prof. Juacy da Silva 

 

O papa prega uma nova concepção de Igreja na Amazônia, mais ligada aos anseios dos povos tradicionais. Bolsonaro monitora o movimento.

Em menos de um mês, dois dos temores mais inquietantes de Jair Bolsonaro se transformarão em inexorável realidade. Em 24 de setembro, caso não ocorra nenhum imprevisto, o presidente abrirá a 74ª edição da Assembleia Geral da ONU e terá de esclarecer a centenas de líderes estrangeiros quais são os seus meios e métodos para resolver a crise ambiental que se abateu sobre a Amazônia. O assunto voltará à pauta internacional logo depois, no dia 6 de outubro, quando bispos de nove países que detêm parte da floresta levarão ao papa Francisco (e a centenas de colegas) os anseios dos povos tradicionais da região, abrindo um importante debate sobre o papel da Igreja Católica na elaboração de um projeto para o futuro do mais importante bioma do mundo.

É o Sínodo da Amazônia. Na semana passada, mais de 60 bispos pan-amazônicos estiveram reunidos em Belém do Pará para discutir os tópicos que guiarão as discussões do evento com o papa. Em carta aberta escrita ao final do encontro, lamentaram ser tratados como “inimigos da pátria”. Saíram em defesa de uma Igreja “comprometida com a realidade dos povos e da terra” e exigiram que o governo reaja urgentemente à “agressão violenta e irracional à natureza”, citaram até os incêndios criminosos, em uma alusão ao infame Dia do Fogo protagonizado naquele estado e apontado como estopim da onda de queimadas que comoveu o mundo todo – e rendeu por parte de Bolsonaro acusações de ataque internacional à soberania. Há um trecho da carta que esclarece a posição do episcopado nessa polêmica: “A soberania brasileira sobre essa parte da Amazônia é para nós inquestionável. Entendemos, no entanto, e apoiamos a preocupação do mundo inteiro a respeito desse macrobioma”.

A preocupação do Planalto com o evento começou a aparecer em fevereiro, quando veio à tona que a Agência Brasileira de Inteligência, ligada ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, estaria atuando para conter os avanços da Igreja Católica contra a agenda do governo. À época, o GSI negou a arapongagem. No último fim de semana, porém, o presidente confirmou que a Abin monitora os bispos pan-amazônicos, e disse haver “muita influência política” nos preparativos para o encontro. O general Eduardo Villas Bôas, assessor do GSI, veio corroborar essa tese. “Estamos preocupados, sim, com o que pode sair de lá, no relatório final, com as suas deliberações. E, depois, como tudo isso vai chegar à opinião pública internacional, porque, certamente, vai ser explorado pelos ambientalistas”, declarou o militar ao Estado de S. Paulo. E acrescentou que os bispos não são inimigos da pátria, mas estão pautados por “dados distorcidos” que não correspondem à realidade da região. Houve contatos entre clérigos e representantes do governo, mas o clima mútuo de desconfiança perdura. Durante o Sínodo, serão convidadas a falar personalidades de fora dos muros eclesiais. Militares e políticos com mandato, entretanto, devem ficar fora.

Interlocutores ouvidos por CartaCapital rejeitam o rótulo de “evento esquerdista” e reforçam não haver qualquer intenção por parte da Igreja de interferir na soberania amazônica. “Os bispos querem deixar bem claro que a Igreja não cria conflitos nem questiona a soberania brasileira na questão amazônica. Mas é intransigente na defesa dos pobres, da casa comum, dos indígenas. Recuar nesses temas seria o mesmo que deixar de seguir o Evangelho”, afirma o padre espanhol Luis Miguel Modino, da Rede Eclesial Pan-Amazônica. Os documentos oficiais que servirão de base para a reunião deixam claro, porém, que as ideias defendidas pela Igreja nem de longe combinam com o embolorado modelo defendido pelo governo. O Instrumentum Laboris, documento elaborado sob a escuta de mais de 80 mil fiéis, defende a fundação de uma Igreja com rosto indígena e amazônico. Também diz com todas as letras que a ameaça à vida na região deriva de “interesses econômicos e políticos dos setores dominantes da sociedade atual”, muitas vezes sob a guarida de governos locais, nacionais e das autoridades tradicionais. 

Bolsonaro elegeu-se com ataques aos indígenasquilombolas e comunidades ribeirinhas, e explorar o potencial das terras daquela região para a pecuária e a mineração. Um programa ambiental claramente inspirado nos anos da ditadura. Sob o lema “integrar para não entregar”, os generais puseram em prática um projeto de exploração desmesurada e a aculturação dos índios que agravou os conflitos agrários e serviu de base à destruição que castigou a floresta nas décadas seguintes. Com Bolsonaro, os alertas de desmatamento subiram 278% em julho. Em agosto, triplicaram os focos de incêndio comparados ao mesmo período de 2018. O bioma amazônico agora caminha rumo à savanização, condição biológica geralmente irreversível.

Sínodo foi convocado por Francisco há dois anos, quando a possibilidade de ver um ex-deputado saudoso da ditadura subir a rampa do Planalto era menos que uma piada de mau gosto. Tem origem em uma encíclica publicada pelo pontífice argentino ainda em 2015, que defendia um novo olhar sobre o patrimônio ambiental mundial, a “casa comum”. A vitória eleitoral de 2018 acabou convertendo a face mais progressista do catolicismo em inimiga, ao menos aos olhos do novo presidente. Muitos dos agitadores virtuais do bolsonarismo, incluindo o sumido guru Olavo de Carvalho, são umbilicalmente ligados aos setores mais conservadores da Igreja. Ainda durante a campanha, Bolsonaro havia dito que a CNBB representava a “parte podre” da Igreja Católica, e não foram raras as oportunidades em que asseclas seus chamaram o papa argentino de “comunista”. Depois de um período de tensão nas eleições da CNBB, quando uma ala menos alinhada aos ideais de Francisco organizou-se para ganhar poder dentro da instituição, sem sucesso, o Sínodo converteu-se em preocupação primordial desses setores. Não à toa, o evento tem sido chamado pelos críticos de “Concílio Vaticano III”, em referência ao encontro dos anos 1960 que fundou as bases modernas da Igreja Católica, extinguindo a missa em latim e outros arcaísmos.

Desta vez, o encontro vai colocar sob perspectiva algumas tradições importantes. Um papel mais destacado às mulheres, grandes responsáveis pela missão católica na floresta. O caso emblemático é o da freira americana Dorothy Stang, assassinada em 2005 a mando de um consórcio de grileiros em Amapu, no Pará, por defender os direitos dos pequenos agricultores e das comunidades tradicionais na região. O texto-base do Sínodo fala na necessidade de “identificar o tipo de ministério oficial que pode ser conferido à mulher”, sem mais detalhes. Também será discutida a eventual ordenação dos viri probati, (homens com caráter atestado, em latim) em regiões de difícil acesso. No caso específico da Amazônia, o documento sugere discutir a indicação de pessoas idosas, de preferência indígenas, respeitadas e reconhecidas por sua comunidade, mesmo que já tenham uma família constituída e estável. Sobre esse assunto, Modino defende a busca por um ponto em comum. “Há comunidades onde as missas ocorrem apenas uma vez por ano. É preciso estudar soluções para esse problema, que é um fato. Mas apenas a simples ideia já provoca reações. Temos de aprender a caminhar juntos, mesmo em posições distintas.”

Fato é que o alto clero católico tem se movimentado para conter a onda de desinformação e eventuais ataques do Planalto. Há poucos dias, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil lançou uma campanha em prol do evento no Vaticano encampada nas redes sociais pelas hashtags #EuApoioOSinodo e #EuApoioOPapa. Na quarta-feira 4, representantes da entidade foram ao Congresso em busca de apoio parlamentar. Naquele sábado, quando perguntado se considerava o papa esquerdista, Bolsonaro saiu pela tangente: “Não quero encrenca com a Igreja Católica”. Dificilmente não terá.

 

Fonte: Thais Reis Oliveira, Carta Capital - 09/09/2019

 

Segunda, 09 Setembro 2019 09:37

 

 

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JUACY DA SILVA*
 

Há muito tempo estas três questões: MEIO AMBIENTE, AMAZÔNIA e MUDANÇAS CLIMÁTICAS estão bem visíveis nas pautas das discussões internacionais e também na grande maioria dos países e, dentro desses, nos estados, províncias  e localidade (municípios e cidades).


Por incrível que pareça, conforme tem demonstrado diversos estudos, inclusive muitas simulações, há várias décadas, o planeta terra tem uma capacidade limitada, baseado em recursos naturais não renováveis, em termos de sustentabilidade, principalmente quando assistimos formas e sistemas de produção, tanto agropecuárias, florestais quanto industrial, além do aspecto de moradia/habitação que são realizados/realizadas de maneira predatória.


O crescimento populacional mundial, mesmo que atualmente esteja em ritmo bem menor do que há meio século, ainda representa uma forte pressão por alimentos, matérias primas, bens e serviços, pressão esta que também tem aumentado pela elevação da renda média per capita nos vários países que aumenta o padrão de consumo mundial, sem falar no desperdício que existe em todos os países e em todos os setores.


Para corrigir essas distorções e proteger melhor o meio ambiente, evitando uma catástrofe já anunciada, só existem duas alternativas: aumentar a produtividade dos sistemas econômicos e reduzir, drastricamente o consume e o desperdício, isto significa produção e consumo sustentáveis e responsáveis. Tudo o mais representa apenas medidas paliativas.


Outros aspectos a serem considerados são os processos de urbanização caóticos de um lado e de outro uma industrialização altamente poluidora do ar, dos rios e oceanos que jamais levaram em conta a importância do meio ambiente. No caso do Brasil, no último século com o avanço das fronteiras agrícolas, primeiro nas regiões Sul e Sudeste e a partir da década de 1950 e anos mais recentes, rumo ao Centro-Oeste, Amazônia e partes do Nordeste, principalmente na vasta área do que é denominada de MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), tem contribuindo sobremaneira para a degradação de vastas áreas com o desmatamento acelerado da Amazônia e do Cerrado, afetando, inclusive cabeceiras e rios que formam as maiores bacias hidrográficas do Brasil e da América do Sul, a degradação dos solos e a desertificação.


Portanto, o que está acontecendo no momento na Amazônia e no Cerrado no Brasil, com um aumento vertiginoso do desmatamento e das queimadas nessas regiões decorrem da falta de visão estratégica de nossos governantes e, em certo grau, omissão e conivência com crimes ambientais que degradam e destroem o meio ambiente de forma absurda e criminosa.


Não é possível entender preocupação com meio ambiente, ativismo ambiental, fiscalização ambiental e repressão a crimes ambientais como práticas “xiitas”, ou seja, imaginar que degradação ambiental e exploração predatória de recursos naturais sejam sinônimos de soberania nacional e de desenvolvimento.


Quando um Presidente da República coloca como condição para a escolha/indicação de um Procurador Geral da República,  que é chamado de “fiscal da Lei”, pois esta é a função dos Ministérios Públicos Federal e Estaduais, que o mesmo paute sua conduta e suas ações pelas ideias dos governantes de plantão, não deixa dúvida de que os crimes ambientais, como atividades mineradoras que provocam “desastres” como de Mariana, Brumadinho e Barcarena; ou dos desmatamentos ilegais, invasões de terras indígenas por grileiros, garimpeiros, mineradoras e madeireiros; queimadas ilegais, uso abusivo de agrotóxicos, poluição de rios e outros cursos d’água por produtores rurais ou indústrias irresponsáveis, como as que mataram os Rios Tiete e Pinheiros em São Paulo , a baia da Guanabara no Rio de Janeiro ou a grilagem de terras públicas irão aumentar em um futuro próximo.


A devastação da floresta amazônica, do cerrado e das matas ciliares em todas as demais regiões, a degradação do Pantanal irão afetar sobremaneira o equilíbrio ecológico, o regime das chuvas, a poluição do ar e contribuirão também para as mudanças climáticas e irão colocar o Brasil na contramão da história e do movimento ambientalista brasileiro e mundial e afetarão nossas relações politicas e comerciais com o resto do mundo com toda a certeza.


O Brasil precisa com a máxima urgência definir uma politica nacional de longo prazo relativa ao meio ambiente, em consonância com outras politicas públicas que direta ou indiretamente afetam o meio ambiente como a politica energética, reduzindo nossa dependência em relação aos combustíveis fósseis, substituindo-os por fontes alternativas e sustentáveis como a energia solar, eólica e do biogás, promover uma maior inovação da indústria automobilística, uma politica de transporte público mais eficiente e sustentável, em substituição ao transporte individual altamente poluidor, precisamos conseguir maior eficiência energética, precisamos resolver nosso problema da falta de saneamento básico, dos resíduos sólidos, enfim, tudo o que nossos governantes tanto no âmbito federal quanto estadual e municipal não conseguem fazer/definir, que é um planejamento estratégico, com visão de longo prazo, integrado, articulado, tendo como parâmetros a sustentabilidade, a eficiência, a transparência e a participação popular.


Nossos governantes não podem tratar a população como uma manada de animais irracionais que devem ser “tocados” como boiadas, apenas cumprindo ordens, afinal, o povo é quem paga impostos, diga-se de passagem, com uma das maiores cargas tributárias do planeta e através de seu trabalho, gera riquezas, produz bens e serviços, os quais não devem ser apropriados , como vem acontecendo, quase que exclusivamente pelo governo e por uma minoria privilegiada da população, em detrimento das grandes massas que apenas vegetam  para sobreviver.


Governo sem planejamento e sem prioridades claras é um engodo, um arremedo de gestão pública e isto, mesmo que em um primeiro momento tais governantes tenham sido eleitos “democraticamente”, ao desviarem-se da racionalidade, da transparência, da ética, do respeito `a vontade popular e do compromisso de governar para todos, ou seja, ouvindo e abrindo espaços para a participação popular, aprofundando a democracia e jamais reduzindo seus espaços, quando isto acontece, tal governo perde a legitimidade interna e internacional.


Não tem sentido um governo que mesmo após eleito e empossado ainda não tenha conseguido apresentar, de forma clara e transparente, um plano nacional, e planos setoriais e regionais de desenvolvimento, tendo, como antes afirmado, a sustentabilidade, a democracia e a justiça social como balizadores de suas ações.


Planejamento sem ação é uma irresponsabilidade, um engodo e ação sem planejamento é uma irracionalidade sem limites, enfim, é um crime contra o país, contra a população, principalmente as camadas mais pobres e contra o contribuinte.


Precisamos, com urgência, aprofundar as discussões sobre essas e outras questões, enfim, precisamos discutir a realidade brasileira em todas as suas dimensões e contribuirmos para a busca de solução dos grandes problemas e desafios nacionais, estaduais e municipais. Isto é cidadania, Isto é democracia de verdade e não apenas comparecermos `as urnas de dois em dois anos ou de quatro em quatro anos para escolhermos nossos governantes.


O Brasil, como aconteceu com diversos países que saíram do subdesenvolvimento, da pobreza, do atraso através de projetos nacionais de desenvolvimento de longo prazo, que foram sendo ajustados ao longo do tempo, mas sem perder seus objetivos estratégicos, como o Japão no final do século 19; a Coréia do Sul e a China por volta da década de 1950, também precisa de um PROJETO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO que transcenda os diversos períodos governamentais e possam ter continuidade, diferente de continuísmo de partidos e pessoas como atualmente acontece, maximizando os recursos investidos e com prioridades bem claras.


Não podemos continuar calados, alienados, passivos e omissos como se tivéssemos passado uma  procuração em branco para que políticos e gestores públicos, muitos dos quais fogem da ética e descambam para a má gestão e a corrupção, essas pessoas não podem representar os anseios nacionais e a vontade popular, quando na verdade estão defendendo seus próprios interesses ou privilégios ou os  interesses de grupos econômicos,  de outras minorias, ou o que denominamos de marajás da República.


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de diversos veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
 

 

Quinta, 05 Setembro 2019 11:29

 

 

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JUACY DA SILVA*
 

Há um bom tempo tenho visto em diversas redes sociais, a cada momento com maior frequência, as pessoas colocando em suas fotos e páginas o slogan “SOS AMAZÔNIA”, um sinal claro que este tema está chamando a atenção de milhões de pessoas, não apenas no Brasil, mas ao redor do mundo.


Na verdade, precisamos colocar ou recolocar o debate sobre a questão da Amazônia em dois contextos, o primeiro é a questão da sustentabilidade, ou seja, o que as pessoas, os cidadãos, principalmente milhões que vivem tanto nos estados amazônicos propriamente dito, mas também outros tantos que vivem no que podemos denominar de entorno ou a chamada Amazônia Legal e também o setor empresarial, precisam discutir os rumos do que acontece nesta imensa região e não permanecerem como expectadores passivos do processo.


O segundo contexto é a gestão pública, ou seja, o que os governos federal, estaduais e municipais desses estados estão fazendo ou deixando de fazer, para que o desenvolvimento e a ocupação desta região respeitem tanto os princípios da sustentabilidade quanto à proteção das populações indígenas, ribeirinhos, quilombolas, extrativistas e pequenos agricultores e também uma justa distribuição de renda, riqueza e frutos deste processo, beneficiando a todos e não apenas uma minoria.


Ao longo dos últimos 50 anos a Amazônia brasileira tem sido motivo de uma ocupação desenfreada, sem planejamento, onde a ação de grileiros,  madeireiros, latifundiários, garimpeiros e mineradoras, tanto de terras particulares quanto de terras públicas, incluindo reservas florestais, parques nacionais, áreas de proteção ambiental  e terras indígenas, deixando um passivo ambiental de alto custo, praticamente impagável, ante a omissão de quem deveria proteger a Amazônia contra seus predadores.


Com o advento do Governo Bolsonaro, que desde a campanha eleitoral deixava bem clara a sua posição de que não tinha e continua não tendo nenhum compromisso sério com a questão ambiental e não tem plano setorial para a questão do meio ambiente em geral e em particular para a região amazônica, contribuiu sobremaneira para este desastre vergonhoso, verdadeiros crimes ambientais incluindo desmatamento ilegal e queimadas que estão destruindo não apenas a Floresta Amazônia, mas poluindo o ar, afetando a saúde da população e acarretando prejuízos econômicos, diretos ou indiretos, inclusive sanções econômicas internacionais.


Em meio a este sufoco e às pressões internacionais e também internas no Brasil, o Governo federal e os governos estaduais, que durante esses oito meses de governo se omitiram, fizeram vistas grossas para o que estava sendo realizado, como bem demonstram diversas reportagens ao longo do período, bem como dados estatísticos fornecidos por setores competentes como INPE e diversos organismos de pesquisas nacionais e internacionais, foram simplesmente ignorados tanto pelo governo federal quanto governos estaduais.


As ações que foram tomadas nos últimos dias, reuniões entre governadores, o Presidente da República, ministros e outros setores relacionados com a questão ambiental na Amazônia e a utilização das forças armadas no combate `as queimadas, a GLO,  são tardias, tímidas, paliativas e só agora essas autoridades parecem ter acordado de um sono letárgico, provocado pela incompetência, pela omissão e pela conivência com um desastre já anunciado de há muitos meses.


Coincidente com este desastre ambiental e também fruto de discursos incoerentes, de palavreado chulo às vezes e mistificador ao desviar a atenção do problema do desmatamento e das queimadas, para colocar verdadeiros ‘bodes expiatórios’, em lugar de encarar a realidade, o Presidente Bolsonaro usa a teoria da conspiração, procurando denegrir esforços internacionais que buscam discutir a questão ambiental em geral e a questão das mudanças climáticas e o aquecimento do planeta, colocando na pauta da discussão tanto a questão da soberania nacional/brasileira sobre  a Amazônia e também denegrindo a atuação de ONGs e tergiversando sobre a questão das reservas indígenas e áreas de proteção ambiental como empecilhos ao desenvolvimento e promovidas por interesses estrangeiros, assunto este que está amparado constitucionalmente e há 30 anos, desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, aguardam suas demarcações e nada foi feito nos últimos oito meses.


Enfim, no final deste mês, independente do que esteja fazendo os governos federal, estaduais e municipais ou do que Bolsonaro vai dizer em seu discursos na abertura da próxima Assembleia Geral da ONU, inúmeros atores internacionais, representantes de diversos países e também por decisão do Secretário Geral da ONU a questão da Amazônia vai ganhar uma repercussão mundial ainda maior.


Logo depois da Assembleia Geral da ONU, o Papa Francisco estará abrindo e conduzindo os trabalhos do Sínodo dos Bispos da Pan-Amazônia, ou seja, envolvendo altos dignitários e assessores episcopais dos diversos países que possuem território amazônico: Peru, Bolívia, Equador, Colômbia,  Guiana, Guiana Francesa, Venezuela e Brasil. Diferente da reunião articulado pelo governo brasileiro com representantes de países amazônicos, mas que exclui Venezuela e Guiana Francesa, por um desvio ideológico de Bolsonaro, o Papa Francisco quer ir mais a fundo na discussão da problemática Amazônia, sob a perspectiva da ecologia integral e dos postulados contidos em sua Encíclica Verde, “Laudato Si”.


No período de 06 a 27 de outubro, Bispos de toda a Pan Amazônia estarão reunidos em Roma, discutindo, estudando e traçando novas diretrizes para a atuação da Igreja nesta vasta região do Planeta ou o que está sendo denominado de “A Amazônia no coração da Igreja”, sob o tema “Amazônia: novos caminhos para uma ecologia integral”.


Este também será um evento que vai colocar a igreja de forma mais diretamente na defesa da população indígena, seus direitos ao território e recursos naturais; população ribeirinha, extrativista, pequenos agricultores familiares e também da população que vive nas periferias urbanas e excluídos nas cidades amazônicas, ou seja, cada vez mais a Igreja deverá estar assumindo seu compromisso com os pobres e excluídos, que continuam sendo ignorados e marginalizados nas politicas públicas dos Governos nacionais, estaduais, provinciais, regionais e locais da Pan Amazônia, incluindo o Brasil.
Talvez por isso é que o Governo Bolsonaro já esta tentando monitorar e, em certo sentido, acompanhar o que vai ser discutido no Sínodo dos Bispos em Roma e não será surpresa se começar a falar que os Bispos e a Igreja Católica também esta contra seu governo.


Na Pan Amazônia estão os maiores contingentes de pobres e excluídos da América do Sul, são mais de 90 milhões de pessoas, ignoradas e esquecidas pelos governantes da região de uma forma injusta.


Desses debates internacionais devem surgir mais uma vez uma luz que indique a necessidade de um planejamento de longo prazo, com visão de futuro, para que cada vez mais esta população excluída possa ser também protagonista não apenas das discussões, mas também de um planejamento que integre ações públicas e privadas, tanto por parte do setor empresarial quanto de ONGs e outras formas de organizações populares, cuja finalidade maior é uma melhor e mais equitativa distribuição dos frutos do progresso e do desenvolvimento, diferente do que atualmente acontece, quando apenas uma minoria se apropria das riquezas da região.


Nossos governantes não podem traçar seus planos e direcionar suas ações ouvindo apenas empresários, exportadores, políticos,  enfim apenas as elites do poder e elites dominantes, mas sim, devem ouvir e respeitar também as aspirações de milhões de marginalizados e outros atores que também pertencem como cidadãos desses territórios.


De forma semelhante, nossos governantes precisam abrir espaço para participação das universidades, cientistas, centros de pesquisas, tanto nacionais quanto internacionais, afinal, vivemos em uma “casa comum”, que é o planeta e a degradação ambiental na Amazônia , na África, na América do Norte, na Ásia ou na Europa afeta o planeta como um todo.

 

Isto nada tem a ver com soberania, que é um conceito geopolítico e que muitas vezes é usado amplamente por governantes entreguistas, corruptos, autoritários que desrespeitam os direitos das pessoas em nome de suas ideologias.


Será que a soberania nacional é observada quando riquezas naturais ou ativos econômicos construídos com dinheiro público são entregues de mão beijada para grandes corporações internacionais, quem afronta mais a soberania nacional empresas multinacionais que provocam desastres naturais e continuam impunes.


Como podermos perceber, tem muita coisa para ser discutida, não apenas por por representantes dos governos federal, estaduais e municipais em relação à Amazônia, mas também pela população. Nossos governantes precisam respeitar mais a cidadania e não continuar excluindo a participação popular na construção de um projeto nacional de desenvolvimento ou de um plano plurianual de ação para a Amazônia.


A legalidade e legitimidade das eleiçõs e dos eleitos não significa que o povo, como fonte única e verdadeira do poder, seja ignorado ao longo do tempo e só chamado para se manifestar por ocasião das eleições. O povo, os eleitores, que também  são os contribuintes tem o direito de opinar, criticar e discordar dos governantes, isto é um princípio fundamental da democracia que a difere dos regimes ditatoriais e totalitários, sejam  civis , militares ou eclesiásticos.


Nem mesmo a censura governamental consegue apagar a voz e a vontade do povo, prova disto é que até mesmo regimes ditatoriais e sanguinários, mais dia menos dia, acabam sendo derrotados pela força do povo!


Nesta próxima quinta feira, 05 de setembro, é comemorando mais um DIA DA AMAZÔNIA, rememorando decisão de D. Pedro II, que nesta mesma data, em 1.850, decretou a constituição da Província da Amazônia, atual estado do Amazonas.


Ao longo de séculos, com certeza muitos países e grupos cobiçaram a Amazônia, mas esta parte do território brasileiro nunca esteve tão ameaçado, não por outros países ou ONGs que possam estar tentando apoderar-se desta parcela enorme do território nacional, mas sim, por maus brasileiros, nas figuras de grileiros, latifundiários, madeireiros, falsos empresários, mineradoras, garimpeiros e grupos econômicos nacionais e estrangeiros que estão destruindo este bioma com desmatamento ilegal e queimadas de forma impiedosa, impunimente, como estamos presenciando no momento.


Por isso, em minha modesta opinião o que esta em jogo não é a soberania nacional brasileira sobre a Amazônia, mas sim como a omissão, conivência, a falta de planejamento, de politicas públicas e o sucateamento dos organismos de fiscalização contra crimes ambientais estão provocando a degradação ambiental e destruição de sua rica biodiversidade. Isto sim, coloca em risco a Amazônia e a nossa soberania.


Esta é a minha contribuição para refletir sobre mais um DIA DA AMAZÔNIA, com pouco ou nada a comemorar e muito a lamentar pelo que vemos e assistimos todos os dias, ultimamente! Até quando, só Deus sabe!


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de diversos veículos de comunicação. Twitter@profjuacy Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com
 

Segunda, 02 Setembro 2019 16:55

 

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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JUACY DA SILVA*
 

Ao longo das últimas semanas e meses o assunto que dominou a atenção nacional e mundial, chegando a muitas polêmicas, mal entendidos, meias verdades, mentiras e distorções foram as queimadas, antecedidas por grandes desmatamentos ilegais no cerrado e na Amazônia brasileira e de outros países da América do Sul que também tem parte de seus territórios na chamada Pan-Amazônia.


Na verdade, o desmatamento acelerado, em boa parte e há quem diga que a maior parte seja ilegal, tem acontecido não apenas na Amazônia brasileira, mas também em todos os demais biomas, com destaque para o CERRADO, que representa 30% de todo o desmatamento em nosso pais, enquanto a Amazônia é responsável por pouco mais de 53% deste desastre ambiental. Também tem sido constatadas grandes queimadas nos demais biomas como Caatinga, Pampas e Pantanal.


O Brasil é um dos signatários do Acordo de Paris, quando se comprometeu a combater todas as formas de aquecimento global, incluindo as queimadas e os desmatamentos, chegando mesmo a firmar compromisso que atingir o denominado “desmatamento zero”.


Além de não cumprir esses compromissos, o que constatou-se foi um aumento absurdo do desmatamento e das queimadas na Amazônia nos oito primeiros meses deste ano de 2019, quando comparados com anos recentes, principalmente com o ano anterior (2018). Em alguns estados como Mato Grosso e o Pará, tanto o desmatamento quanto as queimadas tem aumentado em mais de 100% quando comparados com períodos recentes.


O “interessante”, para dizer outra palavra, é que esta tem sido uma tragédia anunciada. Desde a campanha eleitoral o atual presidente da República, dava ênfase à uma ideia distorcida em relação ao meio ambiente, considerava que a fiscalização era e continua sendo uma  atividade  “xiita”, que os organismos de proteção e fiscalização de crimes ambientais, integrantes do poder executivo, estavam totalmente aparelhados e que as suas ações eram direcionadas ideologicamente.


Além deste aspecto notou-se também uma certa omissão por parte do Ministério Público Federal e Ministérios Públicos estaduais quanto à atuação ilegal de grileiros, madeireiros, garimpeiros através de invasões em terras indígenas e áreas de proteção ambiental tanto federais quanto estaduais e também em parques nacionais.


Outro aspecto é que o setor de fiscalização, no caso mais específico do IBAMA, mesmo sucateado tem aplicado inúmeras multas por crimes ambientais e os infratores pouco ou nada pagam e não são “molestados” pela Advocacia Geral da União. São bilhões de reais de multas, boa parte contestadas pelos infratores perante o Poder Judiciário, que, pela sua lentidão, acabam sendo favorecidos pela impunidade, gerando a ideia de que a questão ambiental, principalmente o desmatamento ilegal e as queimadas é uma terra de ninguém, ou popularmente, “casa de mãe joana”.


O Governo Bolsonaro, fazendo coro com o Presidente dos EUA sempre que pode critica o Acordo do Clima/Acordo de Paris, declinou de o Brasil sediar a próxima reunião do clima da ONU, sempre e de todas as formas tem sucateado o IBAMA e o Ministério do Meio Ambiente, que só não foi extinto  e subordinado ao Ministério da Agricultura e Pecuária, ou seja, subordinação da questão ambiental aos interesses do agronegócio e dos latifundiários, grileiros, madeireiros e mineradoras, que têm uma visão distorcida, equivocada e canhestra da questão indígena e ambiental e tenta, a todo custo, relativizar a gravidade do desastre ambiental em que o Brasil está envolvido.


Tudo isso, acabou desaguando em duas grandes questões: a ambiental em si e a internacional, contribuindo para denegrir de forma indelével a imagem do Brasil no Exterior.


Enfim, apesar as ações tímidas e tardias que estão sendo tomadas pelo governo brasileiro, este assunto continua na ordem dia das discussões mundiais e deverá fazer parte da pauta da próxima Assembleia Geral da ONU e do SINODO DOS BISPOS DA AMAZONIA, convocado pelo Papa Francisco a ter lugar proximamente em Roma, que deverão acontecer proximamente.


O Acordo do Clima de Paris, que está sendo boicotado pelos EUA e por alguns outros países, incluindo o Brasil, coloca em risco as tentativas de enfrentar as mudanças climáticas com seriedade, apesar de sua gravidade como consta de diversos relatórios da comunidade científica internacional e sobejamente demonstrado por inúmeras reportagens ao redor do mundo, inclusive no Brasil.


O dilema que existe, explorar desenfreadamente os recursos naturais do planeta, na busca do lucro imediato e deixar um passivo ambiental, impagável, para as próximas gerações e um meio ambiente extremamente degradado, como acontece com as atividades e pecuária extensiva e de baixa produtividade e mineradoras, incluindo crimes ambientais como de Mariana , Brumadinho e Barcarena; ou pensar a longa prazo, agindo com racionalidade e compromisso com as gerações futuras ou seja, este é o dilema que se apresentar ao Brasil e demais países: Destruição dos biomas, do biodiversidade e aquecimento global/mudanças climáticas x sustentabilidade, de verdade!


A questão ambiental é seria, complexa, global e não se restrinja apenas ao que pensa ou decide um governante de plantão, agindo como se fosse o único dono da verdade ou oráculo de Deus. A questão da soberania dos países, no caso da degradação ambiental, é apenas uma cortina de fumaça para desviar a atenção para os crimes ambientais que estão sendo perpetrados por grileiros, latifundiários,  madeireiros, mineradoras e as grandes corporações, verdadeiros criminosos conforme os dispositivos estabelecidos nas legislações nacional, estaduais e municipais.


A pergunta que se faz é a seguinte, soberania para quem? para que o povo usufrua dos frutos do "desenvolvimento", ou para apenas proteger interesses de grandes corporações, geralmente multinacionais e seus parceiros dentro de cada pais? Soberania significa governantes omissos ante crimes ambientais? Soberania significa proteger desmatamento e queimadas ilegais? Soberania significa sufocar a população com fumaça e fogo? Soberania significa vilipendia direitos consagrados constitucionalmente aos povos e populações primitivos, quilombolas e ribeirinhos?


Estamos precisando de governantes responsáveis, verdadeiros, competentes, que tenham visão estratégica, sejam capazes de planejar e executar suas ações em prol da comunidade nacionais e não apenas para as minorias e privilegiados, terem posturas de estadistas e não de governantes que se aliam ideologicamente a superpotências e se tornam subservientes a interesses estrangeiros, mesmo que tenham discursos nacionalistas e que manipulam o povo em nome da soberania nacional e são, na verdade, também entreguistas, travestidos em uma capa de nacionalismo e patriotismo.


Precisamos, de fato, discutir com mais seriedade e menos ufanismo, os conceitos de soberania, soberania nacional, desenvolvimento nacional, preservação ambiental, sustentabilidade, pobreza, exclusão social/econômica e justiça social e participação popular.


O povo, a população não deve ser massa de manobra, mas sim fonte do poder estatal e o único beneficiário dos frutos do desenvolvimento nacional, afinal é o povo quem paga uma pesada e extorsiva carga tributaria e tem direito tanto de participar dos rumos do país quanto usufruir de bens e serviços públicos de qualidade, sem isto, estamos diante de um grande engodo que nos levará a mais conflitos, miséria e exclusão social, politica e econômica, jamais a uma sociedade justa, humana, progressista e sustentável ou o que podemos de chamar de sociedade do bem-viver.


Um último aspecto a ser considerado: o Governo Bolsonaro não tem e não faz questão de ter uma politica efetiva e racional para a questão ambiental e todos os demais setores que tanto afetam a vida da população e o mesmo acontece com os demais governos estaduais e municipais.


Apesar da gravidade da questão ambiental, nossos governantes por não terem visão estratégica de longo prazo e nem a necessária competência técnica para planejarem e realizarem suas ações, a questão ambiental, a preservação ambiental e a sustentabilidade em todas as suas dimensões não é prioridade dos atuais governantes em nosso pais, em todos os níveis: Federal, Estaduais e municipais. Basta ver o que consta nos orçamentos da União, dos Estados e municípios a cada ano para o meio ambiente em comparação, por exemplo do quanto o Brasil gasta com o pagamento de juros, amortização e rolagem da divida publica, ou de quanto o Brasil, os Estados e Municípios abrem mão de arrecadar com ‘incentivos” fiscais, renúncia fiscal e subsídios ao baronato da economia nacional ou de quanto de dinheiro publico é surrupiado impunemente dos corres públicos com a corrupção ou de quanto o país, os Estados e Municípios malbaratam com obras paralisadas, algumas bilionárias, tocadas por manipulação e corrupção, como o VLT em Cuiabá/Várzea Grande e milhares pelo Brasil afora.


Diante de tantos desmandos não tem sentido ouvirmos governantes afirmarem com frequência de que não existem recursos para a educação, para a segurança publica, para a saúde, para o meio ambiente e tantos outros setores. Afinal, o Brasil é a oitava ou nona economia do Planeta e tem um PIB de vários trilhões de reais e orçamentos públicos que, somados União, Estados e Municípios, somam mais de quatro trilhões de reais. É um vexame, uma vergonha quanto nosso país precisa ficar de pires na mão para uma ajuda, verdadeira esmola de R$82,0 bilhões de reais.


É urgente que o Governo Bolsonaro e todos os governos estaduais definam como prioridade a questão do meio ambiente e que o Brasil possa estar `a altura dos compromissos assumidos internacionalmente e tenham uma postura corajosa e decisiva em relação ao cumprimento da legislação ambiental em vigor, onde a fiscalização, a repressão aos crimes ambientais sejam algo verdadeiro e não mero discursos para incentivar e fazer vistas grossas `as ações daqueles que deliberadamente estão destruindo o meio ambiente e colocando fogo no país.


Neste aspecto é fundamental também uma ação mais efetiva por parte dos Ministérios Público Federal e Estaduais, bem como decisões mais rápidas e firmes por parte do poder judiciário, demonstrando `a sociedade brasileira e `a comunidade internacional que em nosso país o crime ambiental não compensa. Se nada for feito, vamos continuar assistindo, lamentavelmente, todos os anos a essas tragédias sempre anunciadas.


Enquanto este nó não for desatado, vamos continuar assistindo não apenas ao desmatamento, ás queimadas não apenas na Amazônia, como no restante do país e também a degradação ambiental urbana, caracterizada por falta de saneamento básico, poluição do ar, das águas; os lixões e outros problemas que bem conhecemos. Uma realidade deprimente e desoladora que vai continuar fazendo parte da vida nacional, enquanto o povo, “livremente” escolher governantes como os que temos na atualidade e em passado recente.


*JUACY DA SILVA, professor universitário, mestre em sociologia, colaborador de diversos veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter @profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
 

 

Terça, 27 Agosto 2019 15:06

 

Um grupo de trabalhadores e estudantes de diversas organizações está convocando um ato em defesa dos biomas mato-grossenses para o final da tarde dessa quarta-feira, 28/08. O ato político e cultural “SOS Cerrado - Amazônia” será na Praça Ipiranga, às 18h.

 

Milhares de pessoas têm se reunido, nos últimos dias, para protestar contra o descaso do governo Bolsonaro com o meio ambiente, favorecendo o setor ruralista em detrimento das políticas de conservação.

  

As mobilizações ocorrem dentro e fora do país.

 

Abaixo a íntegra do texto divulgado pelos organizadores do evento e a programação, que terá, ainda, oficina de placa biodegradável, distribuição de mudas e atividades com artistas locais a partir das 16h.

 

Um ato político em defesa da Amazônia, Cerrado, Pantanal, em defesa da vida, dos povos e da biodiversidade. Nós somos trabalhadores/as, estudantes, povos ancestrais, povos da cidade e artistas, lutamos pelas florestas do nosso território e contra o genocídio da vida. Nós não aceitamos que a nossa água, nosso solo, nossas riquezas, nossa agricultura sirvam meramente para exportação e obtenção de lucro para um pequeno grupo econômico.

 

A água e chuva que nos beneficia, o ar que respiramos, a comida que comemos dependem do Cerrado, Pantanal e Amazônia. Nosso movimento convoca às ruas todas as pessoas que sabem da importância das florestas, da terra e da água e que querem se organizar em um amplo movimento de defesa do que é nosso.

 

Também convocamos para o diálogo, por meio da informação, canto, cultura e arte, todas as pessoas que querem saber mais sobre a importância da Amazônia, Cerrado e Pantanal para os povos do campo e das cidades.

 

Organize-se com a gente, é possível lutar por um mundo sem destruição, assassinato da vida e que respeite nossa ancestralidade para as futuras gerações.

 

 

 

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind