JUACY DA SILVA *

Para que as cidades  sejam realmente sustentáveis e locais que ofereçam condições para que seus habitantes possam desfrutar de níveis de vida dignos, uma série de desafios devem ser superados, incluindo serviços públicos de qualidade, a começar pela saúde, saneamento, educação, segurança e, também, cuidar da mobilidade urbana, onde estão incluídos não apenas as questões do trânsito e dos transportes, mas também possibilitar que os pedestres e os ciclistas possam ter garantido o seu direito de ir e vir.


Neste sentido, tanto as vias públicas, ruas, avenidas e as rodovias, devem ser seguras quanto as calçadas e ciclovias devem atender este requisite básico. Lamentavelmente, apesar de que praticamente quase a metade da população faça seus deslocamentos a pé, incluindo pessoas portadoras de necessidades especiais ou o que denominamos de deficientes, as calças na quase totalidade de nossas cidades é  um caso de polícia,  uma vergonha, demonstrando que os pedestres principalmente não constam da agenda de nossas administrações municipais, com raríssimas exceções, que apenas confirmam a regra.


Neste artigo vou tratar apenas da questão da violência no trânsito que ao logo dos últimos 21 anos foi responsável pela morte de 843.451 pessoas,  das quais 43,3%  eram pedestres  e 4,5% ciclistas, números  que assustam  pois representam mais do que todos os atos terroristas cometidos em mais de 50 anos pelo mundo afora.


De acordo com dados da ONU, tomando como base o ano de 2010, morrem aproximadamente 1,3 milhões de pessoas em acidentes de trânsito ao redor do mundo. O total de pessoas, vítimas desses acidentes, incluindo as que morrem chega a mais de 50 milhões de pessoas. O  custo desses acidentes e dessas  mortes  naquele ano era de US 518 bilhões de dólares, valor maior do que o PIB  de 160 países, incluindo os custos médicos, hospitalares, ausências do trabalho e a previsão da sobrevida que haveria se essas mortes, desnecessárias, não houvessem ocorrido.


O Brasil, como em tantos outros aspectos, quando comparado  com outros países, está e continua muito feio na foto. Nosso país é o quarto no ranking mundial de mortes por acidentes de trânsito, perdendo apenas para a China, a Índia e a Nigéria, mas quando comparado por índice de mortes por 100 mil habitantes, entre os quatro mencionados, somos o segundo onde o trânsito mais mata, pior do que na China, na Índia, nos EUA, no Japão e em todos os países Europeus, Canadá e Austrália.


Por  ano morrem mais de 46 mil pessoas em acidentes de trânsito em nosso país.  O  total de mortos no trânsito de 1996 a 2017, deverá chegar a 843.451 mortes violentas, que poderiam ser plenamente evitadas se nossa  legislação do trânsito fosse respeitada, desde que os poderes públicos exercessem uma efetiva  fiscalização  e os infratores fossem de fato  punidos. Da mesma forma que a impunidade acoberta a corrupção política e empresarial, também  a impunidade e penas consideradas leves ou brandas demais acabam sendo a regra geral nos acidentes e mortes no trânsito.


As  estatísticas de acidentes e mortes no trânsito demonstram de forma clara que estamos diante de uma verdadeira carnificina. Ficamos horrorizados quando um ato terrorista mata 10 , 20 ou cem pessoas na Europa, nos EUA  ou em outros países,  e parece que aceitamos de forma passiva quando sabemos que em 2017 deverão morrer em torno de 46 mil pessoas em acidentes de trânsito em nosso país. Dessas, nada menos do que 43,3%  são pedestres,  como bem demonstrou o MAPA DA VIOLÊNCIA, para o período de 1996/2010.  Neste período 225.361 pedestres  morreram  ou melhor, foram assassinados por motoristas irresponsáveis, verdadeiros  assassinos ao volante, muitos dos quais sequer foram presos ou indenizaram suas vítimas.


No mesmo período 23.445  ciclistas também foram vítimas de um trânsito violento e assassino  e o que se apresenta como uma escalada nesta violência no cotidiano de nossas cidades, 99.203 motociclistas  também perdem a vida. No conjunto desta tragédia, os pedestres representam 43,3% das mortes no trânsito; os ciclistas 4,5%   e os motociclistas 19,1%, totalizando 66,9% das mortes no trânsito.


Em  termos de uma visão evolutiva, percebemos que no período considerado as mortes de pedestres apresentaram  uma redução anual de 51,5%, os ciclistas um aumento de 207,8% e os motociclistas um aumento vertiginoso de 846,5%, o que indica que  estamos diante de  uma tragédia anunciada, uma escalada  sem paralelo, no que tange  `a  violência no trânsito.


No Brasil as mortes por acidentes de trânsito, ocupam em termos gerais a oitava causa de morte, mas quando consideradas algumas faixas etárias podemos acender o alarme vermelho antes que esta carnificina passe a ser mais uma rotina a marcar a imagem de nosso pais.


As  mortes no trânsito é a terceira causa na faixa entre 30 e 44 anos; a segunda na faixa entre cinco e 14 anos e a primeira na faixa de 15 a 29 anos, ou seja, o trânsito, da mesma forma que o banditismo, os assassinatos, está matando impiedosamente as nossas crianças, a nossa juventude e os nossos  adultos em plena idade produtiva.


Enquanto isto, continuamos a conviver com o noticiário diário dando conta que nossos políticos, empresários e governantes  estão roubando descaradamente o dinheiro que faz falta para as políticas públicas em todas as áreas, incluindo saúde, segurança e na mobilidade urbana. É triste e vergonhoso viver  em um país como o nosso, onde há anos só se fala em operações caça  corruptos.


A continuar esta rotina, a cada década milhões de pessoas continuarão morrendo de forma violenta, assassinadas no trânsito ou pela sanha do banditismo que no amedronta, ante o descaso de nossas autoridades!


* JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação. 

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Quarta, 14 Junho 2017 16:26

RÁBULAS EM AÇÃO - Roberto Boaventura

RÁBULAS EM AÇÃO

Roberto Boaventura da Silva Sá*

 

A quem não se lembrar, no Brasil Império, “rábula” – ou “provisionado” – era o termo que se usava para o advogado que, mesmo não tendo formação de bacharel em Direito, obtinha autorização para atuar como tal, ainda que apenas em primeira instância. Hoje, “rábula” recebe carga pejorativa semanticamente. É assim que o utilizo aqui.

 

Dessa forma, mesmo sabendo da insuficiência das palavras para determinadas situações, o rebuscado título para o presente artigo tenta demonstrar minha perplexidade diante da atuação da maioria dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), durante as sessões que julgaram o pedido de cassação da Chapa Dilma/Temer.

 

Por mais paradoxal que possa ser, o país assistiu – digamos – por covardia à coragem de quatro senhores absolvendo – sem pejo algum – a dupla acima de políticos julgados por corrupção eleitoral.

 

Se em algum momento, Chico Buarque, no plano de um erotismo muito nosso, já disse que “não existe pecado abaixo da linha do Equador”, estendo o horizonte dos pecados e ironicamente afirmo: não existe mais nenhum tipo de pecado, nem os mortais, abaixo da mesma linha do globo terrestre.

 

No plano eleitoral, a partir de agora, todos podem continuar se sentindo livres para ganhar eleições jogando o vale-tudo com empresários desonestos. O precedente foi aberto. Esse quadro só se modificará se aquela deprimente sessão for anulada pelo Superior Tribunal Federal (STF). Porém, se isso ocorrer, será exposta a situação de inferioridade de um tribunal superior. Já posso até imaginar o biquinho de boca de seu presidente virando um bicão gigantesco.  

 

Depois daquele resultado, o TSE, que servia para promover e supervisionar as eleições no País, poderia até terceirizar a produção das eleições para qualquer empresa que promova eventos; ou para qualquer Ong. Tanto faz. O TSE, que se sustenta em cima de uma estrutura caríssima, comprometeu sua relevância. Esvaziou-se. Pôs em xeque a condição ética para supervisionar/julgar qualquer crime cometido nas instâncias de nossas eleições.

 

Ao se permitirem descer ao último degrau da decência profissional, aqueles senhores deram a mais assistida aula magna da desfaçatez de um magistrado. Aquilo foi transmitido ao vivo e em cores para o mundo inteiro.

 

Toda vez que vejo alguém de gerações mais velhas compartilhando com as mais novas comportamentos socialmente reprováveis, fico tão triste quanto preocupado. Um futuro melhor vai sendo minado a cada mau exemplo dado.

 

Vendo aquilo tudo, pus-me a pensar nos jovens que estão cursando Direito. Pensei naqueles que saíram há pouco das universidades. Pensei nos que estão se preparando para o ingresso nesse curso. Em dias em que a ética é pisoteada sem dó nem piedade, pergunto: como cada um desses jovens reagirá diante do que assistiram?

 

Detalhe: eles não viram apenas a desconsideração de juízes às provas produzidas à tonelada. Eles viram quatro magistrados maculando a beleza do curso de Direito. Aliás, de um deles, viram uma formação acadêmica aquém do necessário para o ofício. Aquele mesmo juiz mal conseguia soletrar o que escrevera. De outro, viram uma autodefesa que mais parecia uma condenação publicamente exposta. Péssimo ator aquele senhor. Seu esforço para posar de honesto foi em vão. Não convenceu.

 

Diante de tudo, só me resta torcer para que a juventude repudie a atuação daqueles quatro juízes e inspirem-se nos três que foram vencidos. Que se recusem a sair medíocres das universidades. Se isso ocorrer, ainda podemos apostar no futuro. Se não, tudo será mais difícil.

 

*Roberto Boaventura da Silva Sá, Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT

 

 


JUACY DA SILVA*

 

Todos os países, de uma forma ou de outra, enfrentam inúmeros desafios para atenderem as necessidades, as aspirações e os objetivos de suas populações. Basta observarmos o noticiário internacional, falado, escrito ou televisivo, que vamos nos deparar com atos terroristas cada vez mais frequentes,  fanatismo religioso ou  ideológico, conflitos de baixa ou média intensidade, guerras civis  ou regionais, pobreza, fome, violência urbana e criminalidade, drogas, crime organizado e a corrupção generalizada na sociedade e nas instituições públicas, principalmente nas relações entre setores públicos  e empresários.


Todavia, existem outros problemas que, segundo a ótica da sobrevivência da humanidade são muito mais graves do que os apontados anteriormente e que as vezes pouca atenção e as ações para a sua superação, recebem das pessoas, individualmente e dos governos como um todo, por mais que cientistas e organizações internacionais apontem a gravidade desses desafios e a urgência que deve ser dada para evitar que uma catástrofe anunciada acabe ocorrendo com consequências as mais desastrosas possíveis em um futuro não muito longínquo.


O aumento demográfico mundial,  indica que dentro de poucas décadas o mundo deverá atingir nada menos do que 9,2 bilhões de habitantes, dos quais mais de 80% estarão vivendo nas cidades. Mesmo que as taxas de crescimento demográfico venham declinando em escala mundial de forma lenta, a urbanização desde meados do século passado vem ocorrendo de forma acelerada.


A combinação desses dois fatores coloca alguns desafios prementes e impõem  a necessidade de um planejamento em escala transnacional para que os mesmos possam ser encarados.  Os três maiores são a produção de alimentos , a geração de energia e o suprimento de água.  Outros desafios estão diretamente ligados `as formas como essas três demandas são atendidas.


A ideia de que o planeta  tem recursos naturais abundantes e inesgotáveis tem se mostrado uma grande falácia e induzido alguns governos nacionais a se descuidarem das questões ambientais. Em boa hora a ONU substituiu os OBJETIVOS DO MILÊNIO, cujo prazo de conquista encerrou-se em 2015, pelos OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, demonstrando que se cada país e o conjunto de países não cuidarem do planeta, denominado pelo Papa Francisco em sua Encíclica Verde (Laudato Si), como a casa comum, estaremos , todos , condenados a um grande desastre talvez  igual ao que levou ao desaparecimento dos dinossauros.



Está comprovado, basta ler os resultados do trabalho do Painel dos cientistas sobre as mudanças climáticas, que boa parte dos desastres naturais e a degradação ambiental que está acontecendo em escala global, estão diretamente relacionados com as ações humanas para produzirem alimentos, energia e água e desenvolver a economia.


Diretamente relacionada com esses desafios todos os países já experimentaram ou estão experimentando a destruição dos biomas, no caso do Brasil esta destruição acontece  em todos os nossos biomas, como Amazônia,  Cerrado, Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica e Pampas, como demonstrou recentemente a CNBB  na última Campanha da Fraternidade.


Estamos produzindo bens e serviços que acabam atendendo a um consumismo desenfreado, alimentado pelo marketing  comercial na busca frenética pela acumulação de capital e a busca do lucro e, em decorrência gerando lixo e rejeitos que estão tornando inviável a vida em geral. Só nos oceanos são lançados oito milhões de toneladas de lixo em geral e plásticos por ano, tornando a vida marinha impossível, destruindo todo tipo de vida. De forma semelhante nossos rios, lagos, lagoas, ruas, avenidas, terrenos não ocupados estão se transformando em uma grandes lixões e nossos córregos e rios nada mais são ou serão do que grandes esgotos a céu aberto, vide Rios Tiete e Cuiabá.


A interação de todos esses fatores estão contribuindo de forma assustadora para as mudanças climáticas, aquecendo o planeta e tornando a vida impossível dentro de algumas gerações. Diante deste desastre anunciado, é fundamental que cada pessoa faça  sua parte. Mas a maior responsabilidade continua sendo das instituições públicas e dos governos, no sentido de desenvolverem políticas públicas, planos e programas que tenham na sustentabilidade sua base fundamental e que os países/governos cumpram os acordos internacionais que firmaram para que tudo não venha a ser apenas discursos e uma grande encenação, esperando, talvez pelo próximo ou o grande desastre que se avizinha.

 

O maior desafio ou o somatório de todos os desafios pode ser resumido em uma frase: O planeta está  morrendo, a hora de salva-lo é agora!

 


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites e blogs.

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Roberto Boaventura da Silva Sá*

 

Sobre “Fanáticos por quadrilhas”, meu artigo anterior a este, muitos comentários surgiram. Ali, ao invés das quadrilhas juninas, que neste mês se espalharão pelo país, tratei dos brasileiros que têm demonstrado fanatismo por corruptos. Destes, citei Dirceu e Vaccari, já presos. Mas há outros do mesmo Partido, incluindo o “chefe”, que dificilmente escaparão de punições. E melhor: sem nenhuma perseguição da mídia e/ou da Justiça, como querem fazer crer aos tolos da plebe que optou pela ignorância dos fatos e das imagens.

Pois bem. Dos comentários, destaquei três deles para continuar o debate sobre essa modalidade nova de fundamentalismo: cultuar corruptos; ou seja, comportamento social que já deveria – se é que já não há – estar motivando dissertações e teses no campo da Psicologia. Isso é sério; até porque é constrangedor ver esse comportamento sendo “compartilhado” alhures. Vergonha alheia.


O primeiro dos leitores me cumprimenta e diz que sou “do tipo razoável que critica a direita e a esquerda”.


Ainda que eu me esforçasse para lembrar de quando eu teria condenado a atual esquerda, confesso dificuldades. Até onde me lembro, nunca critiquei ninguém do Psol ou do PSTU. No limite, mesmo sem aproximação partidária com esses agrupamentos, reconheço que é o que restou de mais próximo daquilo que se podia identificar com partidos de esquerda, isso quando aquele “anjo torto”, de Drummond, ainda conversava com mortais. Os outros partidos, não. O PT menos ainda; ele é tão neoliberal quanto o PSDB, PMDB, DEM, PP... Com exceções, seus agentes estão em todos os braços e abraços da corrupção: juntos e misturados.


Aliás, as cifras desses crimes são de tirar o fôlego. Mal sabemos quantos zeros têm alguns dos valores já revelados; e revelados com tanta familiaridade com os milhões, com os bilhões. Quem fala de mil fica inferiorizado no mundo imundo da corrupção; parece que humilha os esquemas. Portanto, nunca critiquei a esquerda brasileira. Refuto agentes do neoliberalismo: de Sarney e Collor a Temer, passando por FHC, Lula e Dilma. Por tabela, menosprezo também tipos como o “Mineirinho”.


Outro leitor se disse positivamente surpreso, pois pensou que eu, “como a maioria dos colegas da UFMT, fosse PTista até a alma”.


Sobre isso, respeito quem ainda seja petista, como já fui. Conheço pessoas queridas insistindo e acreditando nesse erro. Fazer o quê? O que tenho dificuldade é de compreender como alguém ainda pode apoiar políticos nitidamente corruptos e achar que há perseguições em curso. O que não admito é ver o PT neoliberal arrotar de oposição. Estou farto de farsas. Não admito porque não considero políticas de compensação avanço algum. Ao contrário. São colchões que amortecem a queda no chão duro; mas a queda ocorre do mesmo jeito.


Por fim, um leitor, querendo fazer que eu enxergue o meu lugar de mero mortal, diz que “Caetano Veloso é um fanático! Diretas Já!”


Nessa lista de gente “avançada” do nosso meio cultural, o leitor ainda poderia inserir Mart’nália, Tereza Cristina e Milton Nascimento, além de outros menos conhecidos. Ah, sim! Não poderia esquecer de Chico Buarque que, sistematicamente, tem dado apoio público aos petistas. Nem tudo é perfeito. 


Quanto a isso, com raras exceções, penso que esses artistas não estão apoiando a corrupção. Têm apenas uma leitura de que com Temer já não dá mais, com o que concordo, e, por isso, pedem as “Diretas Já”.

Bem, isso já é outra questão. Dela, não tratei no artigo anterior; nem neste.   

 

*Roberto Boaventura da Silva Sá, professor de Literatura na UFMT e Dr. em Jornalismo pela USP.

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JUACY DA SILVA*
 

Há 45 anos a ONU estabeleceu que 05 de Junho deveria ser dedicado ao DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE e, desde então, mesmo em meio a muitas resistências políticas, geopolíticas e, principalmente econômicas, vários passos  já foram dados na direção do desenvolvimento sustentável,  nova agenda da ONU chamada de Agenda 2030, buscando  um maior respeito em relação à natureza.


Como marcos desta caminhada podemos mencionar a primeira conferência mundial do meio ambiente em Estocolmo, no início dos anos setenta, depois a ECO 92, no Rio de  Janeiro,  a Rio+20, também no Brasil, o acordo do clima de Kyoto e mais recentemente o acordo de Paris e vários outros protocolos e decisões das Assembleias Gerais da ONU, culminando com os Objetivos do desenvolvimento sustentável, em que praticamente todos os países, inclusive o Brasil passaram a ser signatários.


Em alguns países esses compromissos nacionais ou regionais, como na Europa, tem avançado  e em outros  a caminhada é bem mais lenta  ou até mesmo a resistência se faz presente como acontece no momento atual nos EUA, o segundo país mais poluidor do planeta, só perdendo para a China, que ainda caminha muito devagar.


No  Brasil, que é o Quinto país mais poluidor do planeta, a retórica , os discursos  e as leis, a maioria só de fachada, também não tem contribuído de forma significativa para reduzir a degradação ambiental e os crimes ambientais continuam sendo praticados `a luz do dia, como se costuma dizer, a impunidade  dos crimes ambientais só perde para  a  impunidade dos crimes de colarinho branco, ou seja, a corrupção, na maioria da vezes ambos estão juntos.

Para comemorar o DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE em 2017, na próxima segunda feira, a ONU  estabeleceu como tema “Conectando as pessoas com a natureza”, representando um chamamento individual e coletivo, local, regional, nacional e internacional para práticas que resgatem as relações dos seres humanos com a natureza e desses  entre si. A ênfase continua a mesma de anos e décadas , é preciso reduzir o consumismo, que gera desperdício  e estimula a destruição da natureza e a degradação ambiental.  Neste processo é de fundamental importância a reciclagem, a economia circular, para que a  redução de bens de consumo, o reuso  e a transformação dos rejeitos ou do que chamamos lixo possa novamente ser transformado em bens de consumo, sem os impactos negativos sobre a natureza. É preciso produzir sem o uso abusivo dos agrotóxicos que estão envenenando as pessoas e destruindo a biodiversidade de forma impiedosa.


Já é por demais conhecido que a capacidade física do planeta terra em suportar uma população de bilhões de pessoas, que deverá ultrapassar 9 bilhões  em 2050, é limitada. Mesmo países como o Brasil, que possui uma população que deverá chegar a mais de 250 milhões dentro de algumas décadas,  por ter um grande território e outros recursos naturais abundantes, não pode se dar ao luxo de ser o celeiro do mundo ou uma potência agrícola  e pretender alimentar o mundo com grãos, carnes, minérios, madeira e outros produtos derivados ou extraídos da natureza.


Este modelo, agroexportador, baseado na monocultura , no extrativismo que tem em sua pauta de  comércio exterior a troca de bens   primários por produtos acabados de alta tecnologia, a longo prazo, como a nossa história tem comprovado, deixará um  grande passiva ambiental, como acontece com a destruição do Cerrado, da Amazônia, do Pantanal; como no passado deixou suas marcas negativas na destruição da Mata Atlântica, nos Pampas  e na Caatinga e no caos urbano.


Em  boa hora a CNBB estabeleceu como tema da Campanha da Fraternidade deste ano “ Biomas Brasileiros e a defesa da vida”, fazendo um chamamento aos católicos, demais cristãos e não cristãos para defendermos a Casa Comum, o nosso meio ambiente, demonstrando que práticas econômicas baseadas no lucro fácil e rápido, ao mesmo tempo que favorecem uma minoria da população traz consequencias que afetam milhões, principalmente a  grande maioria da população brasileira, constituída de excluídos política, econômica, social e culturalmente.


É fundamental que, mesmo em meio a esta grande crise econômica, financeira, moral e institucional pela qual passa nosso país, possamos recolocar a questão ambiental na ordem do dia. Precisamos, com urgência estabelecer  uma NOVA AGENDA AMBIENTAL verdadeira e não apenas baseada em discursos e mentiras oficiais.

*JUACY DA SILVA, professor universitário, UFMT, mestre em sociologia, articulista  e colaborador de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação.

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JUACY DA SILVA*

 

Nunca as frases de Bezerra  da Silva e de Rui Barbosa  foram tão atuais. A corrupção está entranhada na vida e na história política, social, cultural e econômica de nosso país,  vem desde o período colonial, passou pelos dois impérios, ou seja, antes e depois da proclamação de nossa independência e da proclamação da República, continuou na República Velha , esteve presente durante o Estado Novo da ditadura de Vargas, durante a redemocratização após a segunda Guerra mundial, fortaleceu-se no período populista antes do regime militar, esteve presente durante os governos dos generais, continuou a florescer sobre os governos civis ,  escancarou de vez durante a era do tucanato e praticamente institucionalizou-se na era petista e está mais viva do que nunca no governo Temer, do PMDB/PSDB/DEM  e outros partidos que fazem parte da famosa “base”.


Enfim, o povo brasileiro assiste quase passivamente a uma  deterioração institucional e moral do país , onde os privilégios dos governantes e os assaltos aos cofres públicos pelas quadrilhas instaladas no poder a serviço dos interesses dos grandes grupos econômicas praticamente estão destruindo não apenas a confiança e a esperança do povo, mas inviabilizando a dinâmica do Estado “democrático de direito”, praticamente falido pela rapinagem de bandidos de colarinho branco.


Bezerra  da Silva, em sua música diz “ Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão”, esta frase é extremamente verdadeira e atualíssima no momento em que mais de  um terço dos senadores,  Casa onde estão guardados discursos inflamados de Rui Barbosa, contra a corrupção, como a frase proferida durante um pronunciamento no  dia 17 de dezembro de 1914, em que dizia “ De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra,  de tanto ver crescer  a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se  da virtude,  a rir-se da honra  e a ter vergonha  de ser honesto”.

 

Talvez  esta frase devesse ser impressa  em letras garrafais e colocada no lugar dos retratos de  governantes e em todas as salas, escritórios, gabinetes públicos,  nos palácios e nas salas de reuniões e sedes de grandes empresas, como as que participaram do mensalão, da lava jato e principalmente das que estão fazendo delações premiadas para livrarem empresários  que corromperam servidores públicos, gestores públicos e, principalmente, políticos que roubaram  e continuam roubando abertamente.


Os  fatos acontecidos nos últimos dias que lançaram muita lama sobre políticos de envergadura nacional, incluindo o Presidente da República, lideranças até pouco tempo “acima de  qualquer suspeita”, como do Senador Presidente do PSDB, a prisão de diversos ex-governados, que só não foram presos antes por gozarem do famigerado “foro privilegiado”, uma excrecência jurídica para proteger políticos e gestores corruptos, muito mais gente , incluindo empresários que  enriqueceram as custas do BNDES e de outros favores do governo, deveriam estar presos e não serem perdoados após  realizarem  delação premiada e acordos de leniência.


Enquanto a operação lava jato sob a batuta do Juiz Sérgio Moro caminha a passos céleres, as investigações dos  políticos suspeitos de corrupção, que gozam de foro privilegiado, incluindo senadores, deputados  federais, ministros e agora o próprio presidente da República, caminham a passos de tartaruga.


O cidadão e contribuinte pode perguntar-se quantos dos suspeitos que constam da  primeira Lista do Janot, que o STF  autorizou que fossem investigados já foram denunciados pelo Ministério Público Federal? E os da segunda Lista do JANOT/Fachim, quantos foram denunciados?  E  os que constam das delações da Odebrecht que gozam de foro privilegiado quantos foram investigados e denunciados?  E o que vai acontecer com os mais de 1800 políticos que receberam propina da JBS, incluindo os 166 deputados federais eleitos, 28 senadores e 16 governadores, que também receberam propina desses criminosos de colarinho branco travestidos de empresários serão investigados? O que vai acontecer  com os donos da JBS que já estão fora do Brasil e que confessaram vários crimes, vão ser perdoados enquanto outros empresários, como o ex-presidente da Odebrecht já está preso e condenado?


O tempo dirá se estamos vivendo em um país sério ou em uma republiqueta de bananas, se tudo virar em pizza e apenas uns gatos pingados forem levados às barras dos tribunais e condenados, com certeza a frase de Rui Barbosa espelha como nunca o país em que vivemos!

 


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular  e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação. E-mail  O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

 

 

FANÁTICOS POR QUADRILHAS

 

Roberto Boaventura da Silva Sá*

 

Sempre que posso, prefiro fugir de contendas a nelas mergulhar. Perder pessoas próximas é sempre ruim, ainda mais a quem nunca teve a pretensão de “...ter um milhão de amigos...”


Logo após Lula depor na Lava-Jato e discursar no 6º Congresso do PT paulista, escrevi o artigo “Os dias são assim aos fanáticos”. Mas não o publiquei. Agora, mudei de ideia.

Hoje, falarei de fanáticos; por isso, apenas tangenciarei o panorama político, mesmo sabendo de seu caráter estarrecedor. Mas e quando o fanático é colega de profissão? E quando o colega ostenta o título de doutor, que, em tese, far-lhe-ia um pensador?

Em meio ao caos deste momento, vi uma postagem de um fanático por corruptos, ou seja, pelo menos até onde sei, uma nova modalidade de fanatismo. Penso que pessoas assim assemelham-se aos fanáticos por futebol, religião, ou por outra coisa qualquer. Fanático é o tipo de quem não é preciso chegar bem perto para ver que não é normal. Desculpem-me lançar mão do complexo dicotômico “normal versus anormal”. 

Para estudos da Psicologia, em geral, os fanáticos apresentam algumas características marcantes: demonstram preconceitos de tipos variados e, por isso, cultivam o ódio; apresentam estreiteza mental e, por isso, vivenciam demora excessiva em determinada situação e/ou circunstância; expõem credulidade em algum tipo de sistema ou de seres que representem tais sistemas e, por isso, os defendem cegamente; são individualistas.

Complemento meu: fanático é radical, mas no pior sentido do termo; logo, referenciando “Sampa” de Caetano, o fanático é intolerante ao que não lhe seja “de espelho”. O fanático tem visão de mundo maniqueísta. Um fanático pode adotar condutas tão irracionais quanto agressivas; pode ser violento para impor seu ponto de vista. A agressão pode ser tanto física quanto simbólica.

Pois bem. Na mensagem que recebi, em sua foto de perfil, há um meme. No plano da paródia, a foto daquele meme poderia lembrar a Monalisa (envelhecida, é claro) de Da Vinci, pois nela se encontra uma foto da senhora Dilma sorrindo com a boca fechada. Embaixo da foto, a pergunta infame que alguns fanáticos por corruptos estão a fazer neste momento em que tudo está ruindo no país: “Já posso rir”?

Não. Não pode. Engula o riso. Ele é desumano. Quem rir, comprova o grau de insanidade, da estupidez, da falta de memória, da falta de leitura política destes dias tão cruéis pelos quais estamos passando. Rir, hoje, da desgraça de Temer e/ou de agentes de outras quadrilhas políticas é, antes de tudo, esquecer dos agentes da quadrilha apeada há pouco do poder. Aliás, é difícil entender como alguém pode esquecer daquela.

Mas os fanáticos esquecem. Ao esquecer, são capazes de gritar – sem constrangimentos – que “Dirceu é guerreiro do povo brasileiro”. São capazes de acreditar que Vaccari – o onisciente, pois estava em diversas as falcatruas – é um “prisioneiro político”. São capazes de desejar o retorno de Lula, o ignorante, pois é aquele que nunca sabe de nada do que ocorre ao seu redor. Em contrapartida, os delatores, deles, não se esquecem. Eles ainda continuam a cada momento sendo lembrados em todas as delações; e por incontáveis milhões.

Diante desse quadro, perguntar se alguém pode rir é ignorar o sofrimento de um contingente de brasileiros desempregados ou subempregados: vítimas de uma sequência de velhos e velhacos criminosos no poder. Quase ninguém escapa. Por isso, não há espaço para riso. Na real: todos nós só temos motivos para chorar; e muito.

*Roberto Boaventura da Silva Sá é Professor de Literatura na UFMT e Doutor em Jornalismo pela USP.
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Pra não dizer que não falei das flores!

 

Qelli Rocha*


Aludindo à música de Geraldo Vandré, e com toda licença poética que nos é permitida, necessitamos falar um pouco sobre o processo em que nós mulheres temos passado ao nos inserirmos na luta sindical e na luta classista, objetivando a superação da sociabilidade patriarcal burguesa capitalista.


Mesmo antes do 36º congresso do Andes sediado pelo Adufmat, nós mulheres sindicalizadas, participantes dos movimentos sociais e estudantil de Cuiabá, já denunciávamos o quão agressivo, abusivo e muitas vezes violento é o processo de inserção na “Luta por dentro da Luta”.



A máxima da compreensão de que a categoria classe abarcaria como uma totalidade não contraditória e antagônica o combate às opressões, fez com que, por muito tempo, a inscrição das singularidades dos sujeitos constituintes de uma determinada classe social não tivessem suas identidades unitárias reconhecidas. Assim, mesmo sendo a classe uma totalidade parcial, ficamos (e de certa forma, ainda estamos) escamoteadas/os a uma ínfima parte no processo de construção de uma nova sociabilidade.



O agravamento da Questão Social, evidenciado pelo desenfreado crescimento do desemprego estrutural; os cortes salariais; a violação dos direitos outrora assegurados e conquistados pelos trabalhadores e o desmonte das políticas públicas de cunho universalista expressam esta conjuntura. Entretanto, nos espaços de luta há certo desdouro sobre a compreensão de que a classe trabalhadora tenha “dois sexos” e, neste sentido, é exigido do sexo feminino, denotadamente, sua nulidade.



Destarte, mesmo que no plano real as contrarreformas ora em curso se materializem demasiadamente sobre nós mulheres, gays e negros¹, uma vez que incidirá sobre as condições de precarização de postos de trabalho hoje por nós já ocupados hegemonicamente; em relação ao trabalho doméstico constituímos a categoria que executa contínua jornada de trabalho, posto o aumento da tendência de crescimento das famílias monoparentais, especialmente as formadas por mãe+filhos, que resulta no aumento de horas de trabalho doméstico.

Fonte: IBGE – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - Elaboração: Dieese10

Economicamente somos a população com menores rendimentos médios; ocupando os postos rotativos, permanecemos por menor tempo cerca em média 37
meses no mesmo trabalho, período inferior ao dos homens, que é de 41,7 meses (RAIS 2014). Encontramos dificuldades quanto ao acesso a bens e serviços públicos relacionados, como creches e instituições para cuidados com idosos e enfermos.



Se alcançamos a idade de 82 anos em termos de expectativa de vida, não é graças às condições objetivas e materiais, pois a população masculina constitui cerca de 8% a mais da população abarcada e protegida pela aposentadoria. De acordo com Batista (2016), em 2014, dos 90 milhões de pessoas ocupadas no Brasil entre 16 e 59 anos, 65,3 milhões estavam protegidas socialmente. Para o total de idosos, enquanto a proteção dos homens atinge 86,1% (10 milhões), a das mulheres é estimada em 78,5%, (11,5 milhões). Desse total de idosas protegidas, 7 milhões (61%) são aposentadas, 2,3 milhões (20%) pensionistas e 1,7 milhão são aposentadas e pensionistas. Essa diferença de proteção reflete a forma de inserção das mulheres no mercado de trabalho nas últimas décadas, em condições mais precárias e sujeitas a maior grau de vulnerabilidade, evidenciando não só o crescimento da população idosa, como também
a “feminização” da velhice.


No plano de luta, nas organizações sindicais e classistas, nossa singularidade continua a ser diminuída. Em nome de certa ordenação e manutenção de uma classe homogênea, negam-se a compreender que o quadro apresentado é de uma heterogeneidade, fragmentação e complexificação dos trabalhadores (ANTUNES, 2007).


Entretanto, com a constituição do Grupo de Trabalho de Política de Classe para as Questões Étnico-raciais, de Gênero e Diversidade Sexual – GTPCEGDS da seção ADUFMAT- Andes, compreendendo que se torna imprescindível situar tais discussões no cenário regulado pelo capital, cujo sistema tem tido inúmeras ressonâncias e provocado diversos significados para a compreensão da realidade social; apontamos que, na atualidade, ao se abordar a categoria trabalho é necessário abordagem das relações sociais de gênero, sendo necessário compreendê-las e apreendê-las como manifestações da Questão Social.


Neste sentido, deste nossa implementação, logo após o 36º Congresso do Andes, constituindo politicamente o GT nacionalmente, temos atuado no planejamento estratégico: participamos em duas reuniões do GT em Brasília ( nos dias 18,19 e 20 de Março e agora entre os dias 19 e 21 de Maio), contribuindo com pautas políticas e estabelecendo interlocução com o movimento social de mulheres da UFMT e de Cuiabá, bem como com o movimento estudantil. Participamos da construção coletiva da greve internacional do 8º de Março por meio de nossa atuação na Frente Mulheres em Luta!. Estamos construindo o Seminário de Combate às Opressões, previsto para ocorrer em Agosto do ano corrente. Atuamos na revisão e ampliação da cartilha de combate as opressões que será reeditada e lançada no próximo CONAD. Contribuirmos com Curso nacional de formação política e Sindical Movimentos sociais, exploração, opressão e revolução _ Facilitando a discussão sobre: Mulheres, opressão pelo viés de classe na perspectiva revolucionária, realizado em Fortaleza-CE. Fomos para as ruas denunciar as violações aos nossos direitos dia 28 de Abril. Contribuiremos com a Marcha contra as opressões da UFMT que ocorrerá dia 06 de Junho. Sediaremos, em conjunto com o campus de Sinop, a apresentação da Cartilha de Combate às Opressões do Andes (entre os dias 05 e 06 de junho do ano corrente), momento em que também ocorrerá a mesa: “Lugar de Mulher é Onde ela quiser: A participação da Mulher no Espaço Sindical – Desafios e Possibilidades!”. Denunciamos as situações de assédio moral e sexual nos campis por meio do fortalecimento dos sujeitos sociais e coletivos inscritos na UFMT e fora dela.


Desta forma, enfrentando o machismo, homofobia, racismos e todas as formas de opressão avisamos: o GTPCEGDS veio pra ficar e convidamos todas(os) para dele participar! Para não dizer que não falamos em flores, advertimos que nossa construção identitária classista nega o binarismo dicotomizador que estabelece e ratifica o lugar de privilégio do macho usurpador!

¹O que chamarei aqui, de populações mais subalternizadas, pois é próprio e estratégico do patriarcado capitalista burguês tornar parte da classe da trabalhadora assim!

*Qelli Rocha é professora do Departamento de Serviço Social – ICHS Cuiabá. Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre a organização da mulher e relações de gênero (NUEPOM) Membro do GTPCEGDS .

 

Vitamina D grátis

 

 Valfredo da Mota Menezes*

 

O Sol foi considerado e adorado como um Deus por muitos povos. Foi considerado e amado como um Rei, durantes séculos, por todos os povos. Nos primeiros anos do século passado descobriu-se que seus raios curavam algumas doenças de pele, reverteram quadros de raquitismo e o sol passou a ser considerado como opção de tratamento (helioterapia). Durante quase todo o século passado o “banho de sol” transformou-se numa atividade terapêutica e estética. Todas as moças queriam ter um “corpo dourado do sol de Ipanema....” ou de qualquer outro lugar. O Brasil era um país moreno.

 

Há muitos anos a ciência já havia mostrado que os raios ultravioletas (UV) do sol, principalmente UVB, quando penetra na pele transforma o precursor da vitamina D na forma ativa da vitamina D (D3); que a exposição da pele ao sol é a principal fonte de vitamina D. Há muitos anos já se conheciam os efeitos benéficos da Vitamina D sobre a estrutura óssea das pessoas. Ela ajuda na absorção, na deposição e mobilização do cálcio nos ossos. Crianças sem vitamina D serão crianças sem cálcio e, consequentemente, raquíticas. Adolescentes sem vitamina D serão adultos com osteoporose e consequentemente com fragilidade óssea e fraturas. A sua diminuição, ao alterar a absorção de cálcio, leva a fraqueza muscular e óssea, facilitando à queda e a osteoporose com consequente fratura de bacia e/ou vertebral, que em pessoas idosas pode, pela imobilização prolongada, levar a morte. Entretanto, desde o último quarto do século passado, depois de ter sido associado ao câncer de pele, o sol passou a se execrado, temido e evitado. As recomendações e alertas sobre seus “malefícios” passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas e foram endossadas por entidades acreditadas e respeitadas mundialmente, como a própria Organização Mundial de Saúde que, em 1992, concluiu que a radiação UV é fator de risco para o câncer de pele. “O sol dá câncer de pele”. Esta foi e tem sido a frase aterrorizadora que, mesmo sem a necessidade de algum complemento ou explicação, faz com que a maior parte das pessoas passe a usar proteção contra seus raios. Isto ficou ainda pior com as consequências que viriam do “buraco na camada de ozônio”. Todos nós íamos morrer de câncer e sapecados pelo sol. “Vamos salvar as nossas crianças!”. “Cubram as quadras esportivas”, “cubram as piscinas”; “não deixe ninguém sair de casa sem protetor solar”. As moças já não queriam o “corpo dourado”. Ficaram pálidas e passaram a pintar o cabelo. Viramos um país de “loiras”.

 

 Porém, nada melhor “que um sol depois do outro”. O tempo passou e alguns estudos, já neste século, começaram a por em dúvida a afirmação categórica da culpa do sol em todas as situações e em todas as pessoas. Mostraram que, embora o sol seja um fator de risco para o aparecimento do câncer de pele, o melanoma (o câncer de pele que pode levar à morte) ocorre em pessoas com predisposição genética, principalmente em pessoas com pele muito clara, ruivas, ou com grande número de nevos (pintas) na pele e que já sofreram repetidas queimaduras solares1 . Mostraram, também, que “a incidência de melanoma está associada ao aumento do índice UV e baixa latitude e somente em brancos não-hispânicos” 2 . Mostraram, ainda, que os cânceres mais benignos (basocelular e de células escamosas) ocorrem com mais frequência em pessoas de pele muito clara e com exposição crônica e repetidas queimaduras solares3 . Também neste século estudos chamaram a atenção para a deficiência de vitamina D em diversos países. No Brasil, alguns estudos mostraram um alto grau de deficiência em várias cidades pesquisadas: São Paulo com taxas de até 96%; Curitiba com 90,6%; Rio de janeiro com 67%; Belo Horizonte com 42%; Recife com 66%; Vitória com 42%; João Pessoa com 33%.(Apud – Sergio S. Maeda et al.)4 . A descoberta recente de um receptor da vitamina D em diferentes células do organismo levantou a possibilidade de que ela pudesse também ter efeito protetor sobre essas células5 . Além disso, três recentes revisões sistemáticas mostraram benefícios da Vitamina D. Uma sugere que pessoas com deficiência de vitamina D têm maior índice de mortalidade6 , outra que a vitamina D diminui o índice de quedas em pessoas idosas7 e outra mostra o benefício da vitamina D na diminuição de resfriados8 . Esses fatos – déficits de vitamina D e benefícios da suplementação de vitamina D - talvez sejam os causadores do aumento exponencial da prescrição de vitamina D que vem ocorrendo nos últimos tempos. Grande parte da população (desde crianças a idosos) passou a tomar a vitamina D por via oral. Isto é, grande parte da população está comprando vitamina D. Se sabemos que a principal fonte de síntese da vitamina D é o sol, por que estão comprando quando basta sair ao sol??. A resposta está no excessivo medo que nos impuseram sobre a possiblidade de o sol provocar câncer. A Sociedade Brasileira de Dermatologia chega mesmo, como em seu último Consenso, a quase proibir qualquer exposição ao sol. A recomendação é tão radical e fundamentalista que, no mínimo, as mulheres deveriam usar burca e as crianças deveriam voltar para dentro do útero o só saírem depois de mais nove meses, e já lambuzadas de protetor solar e todas tomando vitamina oral9 . A Sociedade Brasileira de Endocrinologia, embora reconheça e enfatize a importância do sol, em seu Consenso, entretanto, só recomenda a reposição oral4 . Infelizmente, o fato de o Autor principal e de alguns coautores do Consenso serem palestrantes e receberem pagamento de duas indústrias que fabricam e comercializam a Vitamina D fragiliza muito essa recomendação.

 

 Acredito que as Sociedades médicas e mesmo a OMS, diante das novas evidências, poderão, em pouco tempo, mudar a recomendação de que nenhum sol deve ser permitido para algum sol deve ser permitido.

 

É natural que, depois de tantas informações sobre os malefícios do sol, as pessoas continuem com medo. O sol realmente é um fator de risco (principalmente quando causa queimaduras), entretanto a falta dele é outro sério fator de risco especialmente para crianças e adolescentes. Então qual é a exposição segura? Qual deve ser a dose de radiação considerada segura para a síntese de vitamina D sem que provoque queimadura com consequente risco de câncer de pele? Já começaram a surgir alguns oportunistas que tentarão tirar seu dinheiro. Já tem gente vendendo “doses de sol”. Estão prescrevendo o uso do sol ou de radiação UVB sob supervisão. Oferecem segurança contra seus malefícios, síntese de vitamina D e você ainda “pega uma cor”. Ninguém precisa pagar para isso.

 

O que as pessoas precisam saber é que para diferentes tipos de pele serão necessários diferentes tempos de exposição e que qualquer coisa que influencie a penetração do raio UVB na pele pode alterar a produção de Vitamina D. Assim, quanto mais escura for a tonalidade (mais melanina) e mais protegida estiver a pele (protetor solar, roupa, nuvens etc.) menor será a penetração e menor a formação de vitamina D. Quanto mais clara, maior a penetração e menor deverá ser o tempo de exposição. Na dependência da sensibilidade à radiação solar, a Dermatologia classifica a pele em seis diferentes tipos que vai do Tipo I (pele muito clara, com pouca ou nenhuma melanina, que quando exposta ao sol por cerca de 40 - 60 minutos fica vermelha, irritada e não bronzeia) até pele do Tipo VI (pele escura e com muita melanina que nunca fica vermelha ou irritada e que aumenta a tonalidade com o sol). Uma pele muito clara que fica irritada, vermelha, mas que consegue ficar ligeiramente bronzeada é do Tipo II, a do Tipo III é semelhante ao I e II, porém consegue um bronzeamento mais intenso. As dos Tipos IV e V são semelhantes a VI, porém com menos melanina, não ficam irritadas ou vermelhas e aumentam facilmente o bronzeado10 . É importante que a população conheça esta classificação para fazer a sua própria dosagem segura de radiação.

 

Algumas pesquisas mostram que basta cerca de 10 a 20 minutos de exposição solar para se manter um nível adequado de vitamina D 11-13 . Pesquisadores da Noruega propõem o uso de uma calculadora que, embora não tenha ainda sido validada no Brasil, serve como um parâmetro mínimo para que cada pessoa possa fazer seu próprio calculo14 . https://fastrt.nilu.no/VitD_quartMED.html

Todo esse volume de novos estudos provocará novas discussões e novos direcionamentos em relação à exposição solar, vitamina D e câncer. Todavia, fica claro, que a reposição pela exposição solar é a mais fácil e a mais barata. A minha recomendação é: o Sol faz bem, porém use com moderação.

 

 

*Médico, Prof. Associado/Faculdade de Medicina/UFMT (aposentado) Doutor em Medicina Interna e Terapêutica

 

(1)Nielsen K, et al. A prospective, population-based study of 40,000 women regarding host factors, UV exposure and sunbed use in relation to risk and anatomic site of cutaneous melanoma. Int J Cancer. 2012;131(3):706-15. (2) Eide MJ et al. Association of UV index, latitude, and melanoma incidence in nonwhite populations--US Surveillance, Epidemiology, and End Results (SEER) Program, 1992 to 2001. Arch Dermatol. 2005;141(4):477-81. (3) Zanetti R et al. Comparison of risk patterns in carcinoma and melanoma of the skin in men: a multi-centre case-case-control study. Br J Cancer. 2006;94(5):743. (4) Sergio S.Maeda et al. Recomendações da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) para o diagnóstico e tratamento da hipovitaminose D Arq Bras Endocrinol Metab vol.58 no.5 São Paulo July 2014. (5) Holick MF. Biological Effects of Sunlight, Ultraviolet Radiation, Visible Light, Infrared Radiation and Vitamin D for Health. Anticancer Res. 2016;36(3):1345-56. (6) Bjelakovic G et al. Vitamin D supplementation for prevention of mortality in adults. Cochrane Database Syst Rev. 2014 Jan 10;(1):CD007470. (7) Kalyani RR, et al. Vitamin D treatment for the prevention of falls in older adults: systematic review and meta-analysis. J Am Geriatr Soc. 2010;58(7):1299-310. (8) Martineau AR, et al. Vitamin D supplementation to prevent acute respiratory tract infections: systematic review and metaanalysis of individual participant data. BMJ. 2017;356:i6583. (9) Schalka S et al. Brazilian Society of Dermatology Brazilian consensus on photoprotection. An Bras Dermatol. 2014;89(6 Suppl 1):1-74. (10)Fitzpatrick TB The validity and practicality of sun-reactive skin types I through VI. Arch Dermatol. 1988;124(6):869-71. (11)Chuck A et al. Subliminal ultraviolet-B irradiation for the prevention of vitamin D deficiency in the elderly: a feasibility study.Photodermatol Photoimmunol Photomed. 2001;17(4):168-71. (12)Reid IR et al. Prophylaxis against vitamin D deficiency in the elderly by regular sunlight exposure. Age Ageing. 1986;15(1):35- 40. (13)Holick MF. Sunlight and vitamin D for boné health and prevention of autoimmune diseases, cancer, and cardiovascular disease. Am J Clin Nutr. 2004;80(6Suppl):1678S-88S. (14)Webb, A.R. and O. Engelsen (2006) Calculated Ultraviolet Exposure Levels for a H ealthy Vitamin D Status. Photochemistry and Photobiology. 82(6), 1697-1703

 

PROTESTO: RETORNO DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL PARA 1%!  

 

 

Prezados docentes assim que iniciamos a greve em maio de 2015, iniciava-se também a gestão 2015-2017 (chapa única). Na Assembleia de 25/05/2015, foi deliberado por 144 docentes, com gravação e registrado em ata, o seguinte:  assim que acabasse a greve, a contribuição sindical retornaria à 1%. No entanto, antes de iniciar a greve, havia mais de R$ 600.000,00 em caixa deixados pela gestão anterior. Um pouco antes do início da gestão 2015-2017 e da greve, discutimos por várias assembleias sobre a auditoria interna da Adufmat e aprovamos uma série de medidas quanto ao uso dos recursos financeiros.  

 

Na assembleia de encerramento da greve, em novembro de 2015, na Adufmat, foi colocado como ponto de pauta – a contribuição sindical. No entanto, por ter sido uma assembleia extensa e pelo adiantar da hora, o tema foi remetido para uma assembleia seguinte. Na assembleia de 27/11/2015, estando cerca de 6 a 7 sindicalizados presentes para debater o tema, iniciou-se a discussão por ser o primeiro ponto da pauta. Logo depois da votação, chegaram mais 7 pessoas, inclusive eu. Ao analisar a gravação e a ata daquela data, o Prof Reginaldo coloca que devido à greve era necessário recompor o caixa da Adufmat para “as lutas de 2016”, sendo que restava no caixa somente uma quantia próxima de R$ 150.000,00. Com isso, ele fez a defesa de que a contribuição permanecesse no percentual de 1,25%. 

 

Vamos agora analisar todos os fatores referentes aquele momento. Primeiro, embora a assembleia seja soberana, havia uma grande desmobilização após a greve devido à retomada das atividades, ou seja, o ponto foi debatido numa assembleia bastante esvaziada. Segundo, havia outro ponto nefrálgico referente às contribuições de agosto, setembro, outubro e novembro de 2015 - período em que os descontos em folha não foram realizados.  Assim, também se utilizou desse argumento como uma justificativa pelo caixa estar baixo, pois uma quantidade enorme dos recursos foi usada para a própria manutenção da Seção Sindical, enquanto não se descontava a contribuição em folha (meses citados), havendo necessidade da recomposição do fundo de greve.


Pois bem, durante toda a gestão de 2016 
não houve a menor preocupação quanto à regularização dessas contribuições em atraso (meses citados), o que equivaleria a uma arrecadação de mais de meio milhão de reais. Infelizmente, não houve uma preocupação com isso durante toda a gestão.  Se houvesse, como veremos a seguir, vários problemas dessa ordem teriam sido sanados.


Alguns sindicalizados, incluindo quem vos escreve quitou os boletos dos meses 08, 09, 10 e 11 de 2015. No entanto, parece que a grande maioria dos sindicalizados recebeu anistia quanto a essas contribuições. Dito isso, a Adufmat não poderia ter regularizado essa situação em 2016 de forma parcelada junto aqueles que não quitaram os boletos? No final de 2016 e início de 2017 já não se podia mais incluir tais contribuições em atraso devido ao pagamento dos percentuais referentes aos 28,86% ter excedido o limite de desconto em folha. Logo pergunto, a Adufmat ficará com esse prejuízo enorme e quem pagou ficam como palhaços? 

 

Se não bastasse tudo isso, temos outros pontos referentes à contribuição sindical. Durante o mês de 12/2015 até meados de 2016, muitas pessoas não foram cadastradas corretamente no sistema, o que causou outro grande prejuízo para os cofres da Adufmat, mesmo após contratação de duas funcionárias para a tesouraria. Lembrando também que um escritório de contabilidade é muito bem remunerado para prestar suporte e acompanhamento do financeiro da Adufmat.  

Os danos repercutiram não somente na esfera financeira, mas também na política, pois vários sindicalizados, alguns com mais de 30 anos de casa, não puderam exercer seu direito de votar durante a última eleição por estarem “supostamente inadimplentes”.  Curioso que no dia da eleição, alguns foram considerados aptos a votar sem estarem de fato adimplentes e outros considerados adimplentes sem estarem aptos (vou explicar adiante).


No primeiro edital da campanha eleitoral, utilizou-se todo o período de filiação para se considerar como adimplente ou não, respectivamente, apto ou não a votar. Depois, em uma reunião com a comissão e a outra chapa, chamei a atenção para isso, pois mais de 80% dos sindicalizados não estariam aptos a votar devido aqueles meses de 2015 que não foram descontados em folha. Com isso, o período do novo edital para adimplência passou a ser de 2016 e início de 2017. Até então, pensávamos que estava tudo certo e se tivéssemos algum problema atingiria uma parcela irrisória de sindicalizados, até mesmo porque o próprio presidente (que encabeçava uma chapa) nos informou que a contabilidade estaria ok naquele período.


Contudo, a verdade veio como um tsunami no dia da votação e o que se revelou naquele dia foi algo extremamente preocupante, pois alguns docentes não puderam exercer seu direito ao voto por estarem “supostamente” inadimplentes.


Culpa deles? Não! Foi pura má gestão dos recursos financeiros. Inúmeros professores não foram recadastrados corretamente no sistema no início de 2016. Assim quando se processou a lista de adimplentes, estes apareceram como devedores. A Adufmat durante todo o ano de 2016, não informou os docentes quanto à essa situação e nem fez nada para reverte-la. Mais uma vez, poderia ter entrado em contato e negociado com os docentes em “inadimplência”, pois a iniciativa e o interesse de quitação de dívidas devem ser mais do credor que do devedor!   


Vejamos agora outra curiosidade, quando a gente analisa as listas D8 de 2016 e 2017 (documentos que retornam do MPGO com os descontos oficializados) encontramos muita distorção referente ao que foi enviado e aquilo que é efetivado em folha, inclusive alguns descontos são irrisórios e há falta de atualização mensal referente aos salários. Verifiquem nos contracheques dos senhores e vejam se os valores de desconto no ano de 2016 apresentam homogeneidade e se os mesmos se referem à 1,25% do bruto.


Desse modo, uma grande parcela de sindicalizados exerceram o seu direito sem de fato estarem adimplentes, ferindo o edital eleitoral. Denunciamos tudo isso à Comissão Eleitoral, a qual não tomou às devidas providências (atitude que já era esperada).  Resolvemos também não impetrar nenhum processo na justiça, pois respeitamos a escolha dos nossos colegas e para não parecer algo como o “choro dos derrotados”. Tínhamos clareza do que estava acontecendo na Adufmat e que um dia muitas verdades viriam à baila para denunciar quem realmente é “aventureiro de plantão” no sindicato (relembrando uma carta publicada poucos dias antes da votação). Portanto, somente para registro entre nós, o critério de adimplência usado na eleição foi viciado.


Diante de todos os elementos, a Adufmat, atualmente, possui um déficit gigantesco nas suas receitas referente:  aos meses 08, 09, 10 e 11de 2015; ao que não foi cadastrado devidamente em dez/15 e início de 2016; e aos inúmeros valores desproporcionais que foram aferidos em folha (tem desconto de apenas R$ 11,00).


Outro fato bastante esdrúxulo durante a eleição foi que para a regularização da dívida, o docente deveria pagar um boleto em separado, pois não havia tempo hábil para o desconto em folha e nem margem devido ao desconto dos 28%. Ora, todas as contribuições devem ser lançadas tão somente em folha e não se deve permitir caixa 2 no sindicato. Quando uma empresa que vive de determinados rendimentos percebe que sua contabilidade está com problemas referentes aos pagamentos, se for ORGANIZADA imediatamente procura sanar os débitos perante aos seus devedores. Ainda mais quando quem contribui tem o interesse nessa contrapartida. Durante anos temos cumprido religiosamente com a nossa parte, mas nunca tivemos uma contrapartida por demonstrativos financeiros mensais, indicando receitas, despesas e aplicações.   Assim, concluo que precisa-se de mais responsabilidade com o financeiro da Adufmat, pois não dá mais para continuar com essa esculhambação.


Então, retornando à assembleia de 27/11/2015 que deliberou por manter a contribuição em 1,25%, possivelmente houve uma má fé e indução ao erro dos presentes por quem detinha informações privilegiadas, uma vez que, sanando os problemas de gestão financeira, teríamos um excedente enorme para tais lutas durante 2016 e ninguém seria indevidamente considerado inapto a votar durante a eleição. Além disso, se houvesse bom senso, não seria necessário manter a espoliação dos recursos dos sindicalizados. Nesse ponto, cabe ressaltar que durante 2016 tivemos muitas festas e muitos gastos, mas tenho dúvidas se realmente foram com a nossa luta ou nossos interesses!


Agora, o porquê dessa carta aos colegas desmascarando todas essas situações. Vejam, na primeira assembleia dessa nova gestão 2017-2019, ocorrida em 12/04/17, nós solicitamos a inclusão do ponto de pauta: contribuição sindical. O prof Reginaldo foi contrário porque na avaliação dele deveria vir na próxima convocatória por ter influências para o sindicado e todos os sindicalizados, se comprometendo a inseri-lo como primeiro ponto de pauta da próxima assembleia, o que seria hoje (22/05/17). Depois de muitas discussões, concordamos, ficando deliberado e registrado dessa forma. Quem tiver dúvidas solicitem a gravação de tal assembleia.


Pois bem, hoje teremos a segunda assembleia e o ponto “Retorno da contribuição sindical à 1%” nãoconsta na convocatória, ou seja, não foi incluído pela diretoria, descumprindo deliberação de assembleia.


Em 2016, sem greve, não foi possível recompor o caixa? Está faltando tanto dinheiro ainda no caixa da Adufmat? O próprio prof Reginaldo durante a campanha eleitoral e, por outras vezes, em assembleias tem relatado uma quantia de mais de 700 mil em caixa. Sou favorável que a Adufmat tenha muitos recursos, mas que preste conta adequadamente e seja eficiente no controle de gastos e na gestão do nosso dinheiro. Atualmente, o que temos de concreto na Adufmat para o docente e em termos de transparência?


Toda a análise foi construída em fatos reais e sei que as tentativas de minimizar ou de me desmoralizar que porventura possam ser construídas são irrelevantes e, caso adotem essa tática, solicito que tenham a coragem de disponibilizar as gravações e as atas das assembleias. Aguardo o enfrentamento desses pontos e de outros que irão surgir nas assembleias.  Aprendam a respeitar o que é deliberado pelo coletivo. Queremos somente a coerência, o justo e o honesto para com o sindicato e para conosco. Esse debate sobre a contribuição sindical não deve ser menosprezado pela diretoria sob risco de dar margem a muitas interpretações. 

Cordiais saudações,

Prof. Alexandre Paulo Machado.

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