Quinta, 27 Setembro 2018 12:12

PENSANDO NAS PESQUISAS ELEITORAIS - Roberto de Barros Freire

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Por Roberto de Barros Freire


As pesquisas eleitorais são uma vitrine nacional que nos permite levantar algumas questões sobre as eleições e os eleitores. Sem entrar no mérito se elas acertam ou qual a porcentagem de acerto de cada uma delas, elas revelam intenções e desejos de certo momento, e assim nem sempre reproduzem o resultado final supostamente revelada pela pesquisa, mas o estado de espírito de determinadas pessoas num determinado momento. Podemos questionar se as pesquisas já não induziria o eleitor à determinada posição, ou se até mesmo o pesquisador não poderia forjar resultados, no entanto, de maneira geral as pesquisas são confiáveis em sua metodologia e aplicação, mesmo errando muitas vezes em suas previsões. Naturalmente, que a pretensão de querer prever o futuro é sempre algo que se aproxima mais do místico do que da ciência, e pesquisas podem quando muito apresentar probabilidades, o que nunca é certo; mostra o possível, não o necessário.


Hoje sabemos qual a porcentagem de eleitores de cada um dos candidatos, o que parece ser o mais interessante e importante saber. Mas, sabemos também a rejeição dos mesmos, o que para mim é mais significativo e deveria ser levado em conta, seja pelos eleitores, seja pelos eleitos, seja principalmente pelo sistema eleitoral. Ora, todos os candidatos têm taxas bem superiores de rejeição do que de intenção de votos. Todos estão mais rejeitados do que aprovados, nenhum deles obteve número superior de votantes ao de rejeição, ou seja, a maior parte da população não aprova todos os candidatos, e os que forem eleitos, só o serão, por uma parte ínfima da população, pois que as urnas só captam votos, não a rejeição, a começar pela rejeição que se realiza ao votar nulo ou em branco.


Quando os candidatos se arrogam no direito de falar em nome de não sei lá quantos eleitores, ou de maiorias, deveria ser alertado que ele não representa a maioria da população, mas uma pequena minoria, que por circunstâncias de uma justiça eleitoral capenga, permite que tal ocorra. Ele deveria ser alertado que seu índice de rejeição é superior ao de aceitação, que ainda que represente alguns eleitores não está lá para beneficiar apenas aqueles, mas a nação, enfim, que não tem uma procuração de todos, ou da maioria, mas de alguns poucos que circunstancialmente fizeram uma breve maioria aparente. E mesmo que esses eleitores lhe tenham dado um passaporte para o exercício do poder, o poder não lhe pertence, mas deve ser exercido em nome de todos, até mesmo para aqueles que lhe rejeitam.


Em minha opinião, deveria se ter na urna formas de manifestarmos nossas rejeições a alguns candidatos, e só poderiam ser eleitos candidatos que tivessem índices superiores de aprovação do que de rejeição. Caso acontecesse o que hoje ocorre, que os candidatos têm índices superiores de rejeição ao de votos, todos deveriam ser reprovados e retirados das eleições, e abrirmos vagas para candidatos mais confiáveis à população. O fato é que todos têm mais desconfiança dos políticos do que alguma crença de que possam nos salvar deles próprios. A política é antes nosso problema e os políticos longes estão de ser a solução. Que a sociedade civil fique atenta e que faça os novos políticos ficarem mais republicanos e honestos, que tenha virtude cívica para cobrar serviços das autoridades, para direcionar as verbas públicas para o bem público; que a sociedade civil tenha uma participação cívica antes que apática e omissa, como tem sido no decorrer da nossa democracia capenga.


 
Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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