Sexta, 26 Outubro 2018 14:54

 

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Por Aldi Nestor de Souza
 

Estou, nesse momento em que escrevo, dentro de uma sala hermeticamente fechada, uma sala que sequer tem portas. Só paredes, piso e teto reforçados. É uma sala sem ar, sem água, sem móveis, sem luz, sem decoração, sem nada. É uma sala distante de tudo, alheia a qualquer tipo de relação. Essa sala é o lugar onde vivem os antipetistas fundamentalistas.

Claro, esse tipo de sala é o mesmo onde vivem os fundamentalistas em geral, só escolhi os antipetistas devido ao calor da hora. É claro também que os petistas fundamentalistas vivem numa sala igual.

Pra eu entrar nessa sala, evidentemente, tive que optar por morrer primeiro, entendendo que só a morte poderia me proporcionar peripécias tais como atravessar paredes instransponíveis e achar que eu não tenho nada a ver com o que ocorre no mundo, com as mazelas da sociedade em geral.

Pois, pelo menos a meu juízo, é exatamente isso o que ocorre com os antipetistas fundamentalistas: a sensação de viverem num mundo à parte, num mundo sem relações, num mundo idealizado, num mundo hermético, num mundo só deles. E aqui estou falando de todos os antipetistas fundamentalistas. Todos: dos intelectuais aos hipopótamos.  

Uma característica bem visível de um antipetista fundamentalista é que ele não consegue falar, como um todo, dos governos petistas. E isso é compreensível, até bem natural, de quem se julga fora do processo, fora do embate, dentro de uma sala hermeticamente fechada.

Por exemplo, o combate à fome, o bolsa família, raramente entra na sessão de argumentos de um antipetista fundamentalista. E não entra por um motivo também evidente: não se pode falar contra, com desenvoltura, de um programa que tirou , segundo a ONU, pela primeira vez nos últimos 500 anos,  o país do mapa da fome. A fome é difícil de medir, ela é singular demais pra caber na pena ou na bile de um sujeito enfurecido e alheio às relações que determinam a vida em sociedade. A fome desconcerta qualquer argumento. A fome é a fome e ponto final.

Também não se fala do lado positivo da expansão de universidades e de institutos de ensino públicos nascidos ao relento e espalhados país afora. No lugar disso, como é óbvio, é muito mais confortável centrar força na precariedade da expansão.  

Aqui, na sala onde estou, fala-se aos gritos desses males. Nesse momento, por exemplo, uma pessoa não para de erguer os braços, de gesticular com ferocidade e de bradar as mais terríveis palavras de repúdio ao campus da Federal que brotou lá no meio da caatinga nordestina, lá onde só tinha pedra, xiquexique e gente, lá onde não tinha nada. Mas o brado é porque tá faltando alguns ingredientes pra um laboratório e grana pra se fazer aula de campo. Quase todo o resto tá funcionando, tem gente se formando, tem gente trabalhando, a cidadezinha de merda prosperou, o xiquexique floresceu, a pedra deu experimento. Mas nada disso vale, quando se vive numa sala hermeticamente fechada.

Mas a coisa preferida mesmo dos antipetistas fundamentalistas, pelo menos é a mais badalada aqui na sala e a grande geradora de ódio, é a execrável corrupção. A corrupção é sedutora demais, levanta até a moral dos velhinhos sem saúde. E a corrupção tem a vantagem de já vir pronta, não precisa explicação, o censo comum basta.

Mas a corrupção, inevitável no modo de produção capitalista, não faz nem cócegas nos problemas sérios do Brasil. Por exemplo, segundo a polícia federal, após mais de quatro anos de investigação, o famoso Petrolão, muso inspirador de jornalistas e articulistas de pena pesada, desviou 42 bilhões da Petrobrás. Uma fortuna, realmente. Inaceitável. Essa fortuna gerou uma infinidade de assustadoras manchetes de jornais e artigos de opinião, segundo os quais a empresa petroleira brasileira, em função disso, havia quebrado.

Perto da avalanche sobre o escândalo do Petrolão, a notícia de que cinco brasileiros, exatamente cinco, tem a mesma renda de metade da população mais pobre, virou apenas uma reles notinha de pé de pagina. Uma coisa que, de tão nanica, quase ninguém lembra mais.

Por outro lado, segundo o jornal correio brasiliense, de 19/05/2018, em uma semana de greve dos caminhoneiros, greve que ocorreu em maio, a Petrobrás teve um prejuízo de 118 bilhões de reais. Ou seja, quase três Petrolões em apenas uma semaninha e a empresa segue firme, vendendo normalmente seus pedaços de pré sal pro mercado internacional. Esse Prejuízo, no mundo das narrativas antipetistas, sequer foi comparado ao Petrolão.

Outra coisa que os antipetistas fundamentalistas não levam em conta é a simbologia, para a classe trabalhadora, do ex metalúrgico, aquele de dedo torado no torno. Aqui a coisa fica mais complicada. Falar desse ex metalúrgico é como tocar num ponto nevrálgico, de dor cortante.  Para os antipetistas fundamentalistas, o ex metalúrgico não é um ex metalúrgico, não é um ex retirante nordestino, que almoçava do marmitex da empresa e guardava a carne pra janta, não é um degustador de cachaça, não é um sujeito que engole plurais.

Não. Nenhum desses símbolos, símbolos estes que caracterizam a enorme maioria da classe trabalhadora brasileira, é levado em conta. Nenhum. Na briga de narrativas, para um antipetista fundamentalista, mesmo para aqueles que são trabalhadores, valem apenas as coisas óbvias: as “irrefutáveis”, as “apuradas” em investigações, as denunciadas pelos ex companheiros, as “julgadas” pela justiça, as que horrorizam o componente moral.

Por fim, um antipetista fundamentalista, de tão certo, parece capaz de se submeter à barbárie, de deixar fraquejar a democracia, de deixar fraquejar os direitos humanos, de não maneirar no julgamento nem na pena, mesmo diante da catástrofe, e de fazer crítica pesada, repetida e requentada, ao partido e ao ex metalúrgico, mesmo estando todos nós à beira do abismo e de uma tragédia bem maior, tragédia que poderá tirar, até dos mortos, o direito de pensar livremente e de opinar.
 

*Aldi Nestor de Souza
Professor do departamento de matemática. UFMT/Cuiabá.
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Sexta, 26 Outubro 2018 11:36

 

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Wescley Pinheiro

Professor do Departamento de Serviço Social da UFMT

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        Não há como não se afetar com os elementos presentes na conjuntura. Não existe ninguém satisfeito com as coisas como estão e, seja qual for a posição política diante do quadro atual, é inegável que o agravamento das questões atravessam nossas relações pessoais, atinge nossas emoções e causam sofrimento. Isso ocorre de diferentes formas e níveis e por distintas motivações. Nesse sentido, com o processo de recrudescimento do conservadorismo e ascensão do protofascismo, legitimado pelas parcas estruturas democráticas, temos a tônica de algo tão doloroso quanto real: a hipertrofia da violência vivida no cotidiano.

        Esse fenômeno tira do armário todos os preconceitos, vilipendia qualquer concessão civilizatória, vomita tudo de desumano que se encontrava aparentemente domesticado em nossas relações e, sem necessidade de lógica e coerência, os espaços da singularidade e das particularidades são tomados de assalto por todas as formas de opressões historicamente determinadas. Dos púlpitos das cátedras ou das catedrais, dos bancos ou das bancadas, das piadas infames ao relativismo das desigualdades impera a explosão de violações travestidas de neutralidade, boa vontade ou explicitamente agressivas. Entre a patologização da questão social, a normalização da exploração e das opressões, a medicalização da vida e a moralização da barbárie caminha nosso processo de individuação entre relacionamentos abusivos, práticas intolerantes e relações adoecedoras no desencaixe dos espaços comuns.

        Com isso as violências morais, simbólicas e psicológicas cravam as possibilidades mais severas por via de instituições tão caras ao nosso tempo histórico. Por tudo aquilo que colocamos no texto “O ovo da serpente foi chocado: protofascismo brasileiro e novos desafios frente ao obscurantismo contemporâneo” cresce a necessidade da busca pelos culpados nos espaços cotidianos diante daquilo que nos desumaniza.

        Para aprofundarmos o entendimento de como um projeto autoritário ganha força nos setores populares e de como isso faz com que fortaleça opressões históricas é preciso compreender a estrutura da hegemonia e sua retroalimentação ideológica para além da política formal, perpassando a mídia, a religião, a ciência, além dos diversos aparelhos ideológicos, instituições e ambientes importantes para a propagação e reprodução da cultura, inclusive o lócus de socialização primária. Quando aquilo que chamamos de “esquerda”, por diversas razões, perdeu espaço, abriu mão ou se equivocou na construção da contra-hegemonia, com táticas reformistas e/ou reproduzindo práticas de estranhamento no trato nas relações particulares, o vácuo possibilitou a ampliação avanço protofascista.

        Quando a crise do capital degrada a condição de vida das pessoas, o Estado busca tomar as rédeas para administrar a possibilidade das taxas de lucro de modo mais agressivo e a moral aparece como instrumento mistificador da realidade, engabelando possíveis resistências diante das questões essenciais e dirigindo olhares para a superfície. Por isso, as relações subjetivas, os espaços cotidianos de trabalho, assim como a família, os lugares coletivos onde buscamos fortalecer o espírito, as relações de amizade, entre outros afetos surgem com toda a violência possível, materializando em nossas vidas aquilo que se projeta, se propaga e se consolida no fascismo contemporâneo.

        A negação dos elementos que fundamentam a realidade frente aos fragmentos da cotidianidade se alastram na constituição individual em tempos de acirramento das contradições de classe. O sofrimento subjetivo busca o pensamento mágico, particularismos e esquivas diante do real. Nesse sentido, tanto conservadores quanto muitos daqueles que buscam desconstruí-lo desenvolvem suas manifestações de mistificação.

        No entanto, mesmo nos meandros da fantasia a realidade existe. Ela é inexorável, objetiva, concreta, complexa, cheia de determinações, se expressando no cotidiano irremediavelmente heterogêneo, imediato, fragmentado, insuprimível. A realidade se esconde e se revela sorrateira, surge com vendas em nossos olhos, nos permitindo conhecê-la parcialmente por nossas experiências. Ela se manifesta caleidoscópica, cumprindo suas armadilhas de sugerir-se inteira a partir das vivências particulares.

        Entre um ser humano inteiro e o inteiramente humano vamos dançando o baile entre nosso cotidiano e a realidade. Permanecemos passeando pelo que nos salta aos olhos, comumente sem conseguir ultrapassar o alcance da nossa visão, ainda com esforço, mesmo que pintemos esse espetáculo com os sentidos que queremos. A tarefa não é simples, sobretudo num tempo de confusão, onde o ar é pesado, as falas são duras e os laços frígidos.

        Buscando atalhos há quem acredite não haver o real, embora ele esteja lá, há quem acredite que o real é apenas aquilo que vive, ou ainda que é possível somente por ali conhecer todas as mediações que o constituem. Há também quem molde um real amplo para o seu particular, quem mergulhe nas buscas profundas, mas se afogue em seu próprio ar. O tempo da barbárie também é o tempo da vaidade e da ultrageneralização.

        Diante desses desafios tudo tende a ser reduzido ao binômio causa-consequência ou à falácia da impossibilidade. Criam-se mitos para dar sentido às percepções, referendam-se crenças nas mudanças singulares ou nas respostas microscópicas ou ainda naquelas que são supostamente amplas. Por outro lado, se confunde universalidade com totalidade, jogam as apostas nas mudanças de sentido e significado, blefam na dinâmica da imediaticidade rivalizando, fulanizando, umbiguizando as coisas.

        Nesse jogo, nessa dança, nesses olhares, a busca pela trajetória mais difícil tem sucumbido, perdido ressonância, vivido um descompasso. O temor é que não haja mais tempo nem espaço para se aprofundar. Que seja realmente o espetáculo do maniqueísmo, da dieta da consciência aparentemente radical, temperada com hedonismo ou individualismo, com moralismo ou fatalismo, com as tintas e cores moribundas e verossímeis, mas perecíveis. O temor subjetivo é que seja isso tudo nosso espectro do tão pouco.

        O desespero e o desamparo constitui sujeitos armados de metralhadoras giratórias, vociferando o não-diálogo, ampliando o irracionalismo e abstraindo que aquilo que aparece como fórmula mágica para a resolução de problemas políticos viola seus comuns. Para quem sofre com as opressões e com a possibilidade direta de perda de direitos, aquilo que é aparentemente uma opinião divergente é, na verdade, pura reprodução de desigualdade, risco iminente.

        A violência física e simbólica, aparente nos números oficiais, obscurecida nas percentagens oficiosas e tão relativizadas em tempos sombrios atinge cada vez mais os setores que sempre estiveram às margens das mínimas garantias da emancipação política do Estado democrático de direito. Mais que atiradores de elite, o medo social, aliado ao moralismo e catalisado pelo fundamentalismo religioso se funde à seletividade do judiciário e a criminalização midiática para multiplicar atiradores da elite. Com as desculpas fundamentadas e capilarizadas, sem o devido contraponto estabelecido, essa forma de violência funde com ferro e fogo nas marcas da sociabilidade cotidiana da classe trabalhadora brasileira para garantir um cotidiano paramilitar. O baile de máscaras entoa o canto da serpente fascista para multiplicar ódios, rancores e afogar qualquer luta emancipatória.

        Entre os eleitores de Bolsonaro existem os que organizadamente militam pela potencialização dos preconceitos e da discriminação, no entanto, há também os que são tomados pelo saudosismo mistificador, que se veste com o moralismo reacionário para acalentar uma suposta reestruturação da sociedade, deslocando tudo isso da política e fingindo que isso trará atenuantes às expressões da questão social.         Essa direção ganha contornos absurdos para um país que nunca efetivou a laicidade do Estado, não amadureceu a democracia e não enfrentou sua tradição autoritária, patriarcal, racista e machista. Os sujeitos querem resoluções imediatas, buscam um discurso seguro, absorvem a tragédia e a farsa bonapartista pela sua carência de projeto coletivo e qualquer simbologia que dê uma direção que pareça diferente do vento que nos carrega, ainda que seja apenas um sopro mais forte para o caos, é uma aposta a se fazer.

        Para esses sujeitos, há uma abstração do cotidiano, o moralismo é percebido como mero discurso, com materialização distante de seus comuns, algo no campo das ideias e, ainda que sejam capazes de refletir sobre discursos violentos, preferem fechar os olhos para o óbvio e apostar que o discurso de ódio seja exagero, efeito colateral de uma proposta de ordem e progresso. Assim, submersos nas turvas águas das fake news, de discursos de pastores inescrupulosos e de bravatas de asseclas da econometria, abstraem que amigos/as, filhos/as, tios/as que pensam diferente ou que simplesmente existam, sejam nordestinos/as, negros/as, LGBT´s, mulheres estarão sofrendo ainda mais riscos dentro do protofascismo legitimado.

        Quando o moralismo e a violência simbólica não são somente abstrações que potencializam o aumento das estatísticas, mas aparecem entre nós, nos grupos de whatsapp, nas reuniões de família, nas relações mais prosaicas, ainda que saibamos as razões, criamos a expectativa, pela famosa empatia, de um processo mínimo de identificação e sensibilidade. Desejamos a compreensão, ainda que limitada, de que a ferida aberta e cutucada por tudo aquilo que virou moda possa ser entendida como a propagação de uma ideologia capaz de estruturar coisas que farão sangrar seus semelhantes. O sofrimento se amplia quando percebemos que isso tende a não ocorrer.

        O (des)afeto dentro desses grupos, por sua própria estrutura conservadora, acaba por cavar buracos ainda mais profundos, desavergonham os preconceitos, retiram laços, enchem os espaços de perversidade diante do diferente. O tempo do protofascismo se constitui também pelo mascaramento da realidade e desmascaramento de violências entre as pessoas próximas, onde o ódio ou a indiferença crescem ao som da trilha sonora da crueldade, do relativismo, do desdém oriundo dos discursos de autoridade que consideram tudo coitadismo.

        No livro os “Sofrimentos do Homem Burguês”, Leandro Konder reflete sobre nós, aqueles do tipo humano da sociedade burguesa, seres ontologicamente sociais, que transcendem e potencializam sua individualidade por via da coletividade, que criam possibilidade pela diversidade através da nossa capacidade de fazer história, mas que, numa sociedade fundada na apropriação das coisas e das pessoas, buscamos (e não encontramos) essa essência em coletividades estranhadas, em relações alienadas e alienantes e, assim, o autor reflete como nossos arranjos e relações familiares e toda sua carga histórica são passíveis de naturalização de opressões, como nossas religiões mistificam o mundo concreto, normalizam o hegemônico e moralizam a diferença, como a mídia rebaixa tudo em mercadoria, como a história é vista apenas como passado e não como possibilidade concreta de construirmos o presente e o futuro.

        Numa reprodução hegemônica do discurso de que democracia é a ditadura da maioria e não a convivência da diversidade de pensamento, onde os valores moralistas circulam sempre nas práticas políticas, onde público e privado sempre se confundiram, onde combater privilégios e a intolerância foi e é visto como ataque aos direitos, numa sociedade absolutamente perversa e que amorteceu possibilidades amplas de construções coletivas com sentido, o cotidiano, espaço privilegiado de naturalização daquilo que é construído socialmente, apura seu caráter mistificador, imediatista, heterogêneo, capaz de negar qualquer lógica, racionalidade e elementos da realidade.

        Assim, o descolamento do real é característica do nosso tempo. Não importa se o sujeito que diz que “odeia o pecado, mas ama o pecador” defende líderes políticos que potencializam crimes de ódio, se defende a vida e, ao mesmo tempo, a tortura, se estuda para concursos públicos e milita para o fim dos mesmos, se sonha com educação para seus filhos e aprofunda a desconstrução dela como direito, se é contra a corrupção e a mentira, mas desconsidera as práticas corruptas de seus mitos diante da necessidade de vencer o inimigo. Não importa o real, as evidências e tudo aquilo que aponta a direção que estamos seguindo, a ideia de que é preciso mudar, ainda que para pior, constitui o sadomasoquismo social do “sofrimento do homem burguês” e negar a realidade faz parte disso.

        Tudo aquilo que produziu a possibilidade real de hegemonia do protofascismo constituiu também subjetividades dilaceradas, visões opacas diante do outro, relações ainda mais coisificadas. O discurso pautado no mito de dois extremos quando, na realidade, só há um, aquele da violência sob todas as formas, amplia no cotidiano as atitudes de poder e desvalor sobre as pessoas tidas como “não-normais” e, portanto, compreendidas como menos humanas. A apatia ou a agressividade diante do caos cotidiano, ação desmedida, desenfreada, sem projeto coletivo ou sobreposta de pura reprodução das opressões atinge em cheio nossas subjetividades.

        A insensibilidade diante do fato que poderemos perder o emprego ou nunca ter um, que poderemos ser “varridos”, agredidos, violentados, presos ou mortos nos afeta quando vem como discurso personificado por aqueles que nos conhecem e sabem que não somos uma caricatura. A desumanização é ainda mais devastadora quando vem daqueles que nutrimos afetos, que construímos projetos ou histórias e que, ainda assim, não são capazes de perceber que o discurso que reproduzem afeta a vida concreta daqueles que dizem amar. A profusão de um sentimento reificado se constitui mútuo, mas a decepção e o sofrimento aparecerão muito mais do lado de quem é coisificado.

        Diante de rupturas particulares em relações tão caras, diante de posicionamentos tão duros e irresponsáveis com aquele/as que dizem nutrir afeto, num tempo histórico onde nossa emoção é estranhada e o irracionalismo toma de conta atingimos a agudização do individualismo. Ele vem fantasiado de preocupação com o futuro, de conversão religiosa, de afeto familiar, de amizade, mas sempre traz na mão o punhal das opressões e a bainha do preconceito.

        Precisamos reinventar coletivos com sentido, necessitamos construir tanto a resistência objetiva quanto a subjetiva. Elas caminharão juntas. Até as coisas se revelarem, até conseguirmos suspender o cotidiano, até demonstrarmos todas as determinações que nos levaram ao protofascismo muito sofrimento se aprofundará. Nenhum espaço de nossa vida pode ser desprezado na luta contra reprodução da exploração, da violência e das opressões. Construir formas de disputa no campo dos valores, apreendendo a vida concreta e a cultura dos setores populares para um projeto emancipatório é fundamental. Para isso precisaremos pleitear novos valores em todos os âmbitos de socialização e também exercitar formas de autocuidado.

        Os espaços onde nos encontramos, onde socializamos nossas angustias, medos e vontades, onde apreendemos que essas experiências são constituídas historicamente, onde desnaturalizamos as coisas e mostrando possibilidades para outra sociabilidade, onde potencializamos as respostas coletivas podem nos fortalecer enquanto indivíduos e nos ajudar na construção de relações mais profundas.

        Na exacerbação da forma mais grave da sociabilidade capitalista a reprodução do protofascismo exigirá de nós a necessária construção coletiva, a paciência histórica e o exercício da lucidez. Entre as estratégias e as táticas, entre as reuniões e os atos, entre sofrimentos, desapontamentos e desafetos, entre a necessária resistência e a vida cotidiana haverão ainda mais desafios. O exercício de diálogo, de enxergar as pessoas, de construir relações para visibilizar nossa humanidade nos outros será também rebeldia em tempos de cólera. O desafio é enorme pois não haverá relações com sentido numa sociedade sem sentido.

 

Quinta, 25 Outubro 2018 15:24

 

 

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JUACY DA SILVA*
 

Estamos quase chegando ao final do OUTUBRO ROSA, mês dedicado ao alerta, principalmente `as mulheres, quanto aos riscos do CÂNCER DE MAMA e a importância do diagnóstico precoce para que o tratamento seja viável e possível, evitando-se mais mortes, consideradas desnecessárias.


Dentro de uma semana, será iniciado o NOVEMBRO AZUL, mês dedicado ao alerta, principalmente, aos homens quanto ao CÂNCER DA PRÓSTATA, doença que também vem crescendo e fazendo vitimas que poderiam não apenas sobreviverem mas terem uma vida digna em lugar de mortes precoces e evitáveis, em meio a um grande preconceito quanto ao exame de toque é a forma de detectar-se a doença.


O câncer, em seus mais de 22 tipos diferentes, mas com o mesmo estigma e pavor que causa nas pessoas e em seus familiares, é uma doença que data de milhares de anos e, mesmo com o avanço da medicina, da indústria farmacêutica e uma verdadeira revolução tecnológica na saúde, ainda está presente no mundo através de mais de 18,1 milhões de novos casos em 2018 e em escala crescente pelos próximos anos, podendo chegar a mais de 25 milhões de novos casos em 2030, além de 9,6 milhões de mortes, muitas totalmente evitáveis, caso a doença tivesse sido detectada, diagnosticada e o tratamento realizado a tempo.


Só para se ter uma ideia, em 2012 foram estimados 14,1 milhões de novos casos de câncer no mundo, passando para 18,1 milhões em 2018 e deverá atingir mais de 25 milhões em 2030. Em relação `as mortes por câncer, no ano 2000 ocorreram 6,9 milhões de óbitos; passou para 8,1 milhões em 2010, este ano de 2018 deverá registrar 9,6 milhões e em 2030 estima-se que mais de 21 milhões deverão morrer vitimas de algum tipo de câncer, sendo que os principais serão: pulmão; colorretal, estômago, fígado, mama e esôfago.


Em relação aos novos casos, em 2018, pela ordem decrescente os mais significativos são: Pulmão e mama, com 2,1 milhões de casos aproximadamente cada um; colorretal com 1,7 milhões; próstata com 1,3 milhões e estômago com 1,03 milhões de casos.


No Brasil o panorama acompanha da tendência mundial, com um fator agravante que é a circunstância de sermos um país subdesenvolvido ou emergente, com poucos recursos para a saúde em geral e a área do câncer em especial, além do caos em que se encontra a saúde pública em nosso país, pela da falta de planejamento, gestão empírica e deficiente, situação ainda mais agravada pela corrupção endêmica que tomou conta do Brasil em geral e da saúde pública em particular, há décadas ou séculos, pouco importando o tipo de governo ou ideologias defendidas pelos governantes de plantão.


Segundo estimativas do INCA – Instituto Nacional do Câncer e de outras instituições públicas e não governamentais, a luta contra o câncer, inclusive do CÂNCER DE MAMA, objeto do OUTUBRO ROSA ou do CÂNCER DE PRÓSTATA que será destaque dentro de poucos dias com o NOVEMBRO AZUL, tanto em 2018 quanto 2019, o número de novos casos de câncer no Brasil será de 634.880, um aumento de 35,1% em relação a 2008 e 2009 quando ocorreram aproximadamente 470 mil casos.


Neste mesmo período o número de novos casos de câncer de mama passaram de 49.400 em 2012 para 59.700 em 2018/2019; o de próstata aumentou de 49.530 em 2012 para 68.220 em 2018; o colorretal de 26.990 para 36.360 e o de pulmão de 22.770 em 2012 para 31.270 em 2018.


O que mais desafia a sociedade brasileira quando falamos de câncer é que o tratamento é caro e as vezes se prolonga por vários anos e para 80% da população que é constituída de trabalhadores, urbanos e rurais, de baixa renda, onde mais de 85% tem uma renda per capita de no máximo 2,5 salários mínimos, a única alternativa para diagnosticar a doença e realizar o tratamento é o SUS, que está praticamente falido, faltando recursos para aquisição de medicamentos de alto custo, como são os  relacionados com tratamento de câncer e outras doenças crônicas, falta de equipamentos como mamógrafos, tomógrafos e para outras imagens ou mesmo falta de leitos hospitalares e profissionais nas áreas de média e alta complexidade. Por isso este número elevado de mortes e muito sofrimento.


Segundo matéria da BBC/Brasil em fevereiro último, nada menos do que 235 mil pessoas morreram de câncer no Brasil em 2017, sendo que dessas mortes 38,7% eram de pessoas entre 15 e  65 anos, ou seja , participantes da população economicamente ativa , outra parte entre crianças e a maior parte entre idosos, grupo populacional bastante vulnerável e excluídos social, econômica e politicamente em nosso país.


Enfim, tanto o OUTUBRO ROSA quanto o NOVEMBRO AZUL e os demais meses com suas cores e fitas ligadas aos demais tipos de câncer, não basta apenas alertar a população, despertar a consciência para que as pessoas se precavejam,  se, ao mesmo tempo, nossos governantes, nos poderes legislativos, executivos e judiciário também não se conscientizarem de que tratamento do câncer e de todas as demais doenças, principalmente as crônicas, não se faz com discursos e belas mentiras, mas sim, com dotações e execução orçamentárias adequadas e uma gestão humanizada e de qualidade.


Se isto não for feito, vamos presenciar centenas de milhares de pessoas sofrendo, sendo mal tratadas e morrendo ante o descaso de quem tem por obrigação e dever de zelar pela dignidade e qualidade de vida da população. Para isso é que são eleitos ou designados para cargos importantes nos governos federal, estaduais e municipais. O resto é conversa mole ou discursos para boi dormir.


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, colaborador e articulista de diversos veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@ profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
 

 

Quinta, 25 Outubro 2018 09:34

 

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Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Domingo (28/10), longe das opções singelas entre “Ou Isto ou Aquilo”, inseridas em um “poema infantil” de Cecília Meireles, os brasileiros elegerão o novo presidente; em princípio, para quatro anos. “Em princípio”, pois é certo o futuro incerto.

Dos mais recentes discursos e acontecimentos sabidos, destaco o vídeo em que Eduardo Bolsonaro – filho do “capitão” Jair – admite estarmos caminhando a um “estado de exceção”. Para ele, o STF poderia, a qualquer momento, ser fechado “por um simples cabo e um soldado”, sem sequer precisar “de jipe”.

Estarrecedora declaração.

Pior: o estarrecimento deve ser redimensionado, pois esse filho de Bolsonaro teve a maior votação que um deputado já pode ter em nossa história republicana.

Feito o registro daquela aberração, seguida de inaceitáveis desculpas, tanto do pai, quanto do filho, a realidade é que tais criaturas – em nome da Tradição, Família e Propriedade, tendo “Deus acima de todos”, é que, conforme as últimas pesquisas – deverão conduzir os rumos de nosso país.

Céus! A que ponto descemos!

Mas, agora que a “Inês já é morta”, melhor do que o desespero, seria didático para todos nós, defensores da democracia, entendermos os motivos pelos quais a esse ponto chegamos; afinal, é indiscutível que manifestações conservadoras e protofacistas possam surgir do nada.

Logo, se tal situação não vem do nada, por que a maioria de nosso povo está dando aval a um candidato com os mais profundos vínculos com o militarismo? Como faremos para sobreviver ao que poderá vir?

Partindo das indagações acima, é possível que leitores possam avaliar que antes de pensar sobre isso, o ideal seria, em nome de salvar o regime democrático, fechar os olhos e tapar o nariz para a história recentíssima do país e acatar a chantagem do “voto crítico” em Haddad.

Infelizmente, divergindo de amigos tão caros, não reflexiono em cima de cadáveres. Repito, hoje, a “Inês já é morta”. E foi “morta” – antes de outras quaisquer – pelas ações do PT, que insistiu em errar, deixando-nos num beco sem saídas, a não ser voltar a seus próprios subterrâneos políticos, ainda que a volta seja estratégica e momentânea, dado o esforço que isso exige de tantos, inclusive de filhos pródigos do Partido. 

Mas a propósito: quem “mata Inês” pode salvar a democracia?

Convenhamos. A derrota do PT era previsão dada. Sem Lula, o Partido perderia o segundo turno, fosse a quem fosse. Bolsonaro, idem, desde que não disputasse com o PT. Portanto, se todos sabiam disso, tínhamos saídas, mas todas foram inviabilizadas pelo PT. Agora, a reversão desse quadro seria enorme surpresa.

Por que?

Porque “nunca antes na história...” o “antipetismo” foi tão forte. Por isso, não leu os rumos que a rua foi tomando quem não quis. E quem não quis, apostou no escuro.

Agora, imersos ao desespero, seria interessante desvendar os porquês de não terem lido as evidências.

Arrisco a dizer que muito do estrago feito à nossa democracia se deu por conta dos caprichos do “comandante” preso, que apostou em si até o limite. Depois, acreditou que passaria sua herança política a alguém. Não fosse isso, nossa democracia não correria o risco que corre; não da forma como corre. Ninguém seria obrigado a se juntar a uma “organização criminosa” travestida de partido.

Por fim, antes que o futuro sombrio chegue de fato, é prudente, desde agora, a quem puder, “já ir” pensando em saídas, pois, para nós, o sinal poderá se fechar de repente, não mais do que de repente.

Que tristeza.

Quarta, 24 Outubro 2018 17:50

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.

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Por Alice Saboia*

 

PARA “BONS ENTENDEDORES” POUCAS PALAVRAS NÃO BASTAM? HÁ MAIS “MISTÉRIOS” ENTRE OS POLITIQUEIROS DE PLANTÃO E O PROJETO DE PODER E DE DESMANDO NO BRASIL DO QUE DESCONFIA O ELEITOR!!! EIS A QUESTÃO! A QUEM SERVEM TAIS DESPAUTÉRIOS? AO INTERESSE PÚBLICO? COM CERTEZA NÃO!

Um ponto fundamental do conhecido filme de Ingmar Bergman é destacar que os humanos, de maneira geral, trazem, em si mesmos, o bem e o mal. Aliás, para ser mais precisa, essa dicotomia atravessa toda a história da humanidade e, de tudo que se sabe, esteve bem em foco durante a chamada “idade das trevas”, a Idade Média, nos famosos procedimentos de “caça às bruxas” que levaram tantos e tantos às fogueiras da inquisição... Na estética romântica também foi pano de fundo. A literatura, de modo geral, é prenhe do emprego da dicotomia bem versus mal, heróis versus anti-heróis e por aí segue.

Certos “modismos, são cíclicos. Volta e meia aparece um “exorcista” de plantão para jogar os infiéis à fogueira! Melhor forma não existe que adotar um “argumento” que cala alto à alma dos “santos”, como, por exemplo, o “ovo da serpente”!!! Não é de graça que os politiqueiros de plantão jogam com o “medo” e a “esperança”, ou seja: o “demônio”, a reencarnação dos torturadores, a volta da ditadura militar, tudo a ser derrotado pelo “salvador da pátria”.

A propósito dos “temidos militares”, das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) Polícias, Militar e Civil, ocorre, sempre, uma pergunta: os militares são “extraterrestres do mal” que têm o propósito de torturar as pessoas do bem? Pelo que se sabe, só brasileiros podem integrar os contingentes militares. Normalmente, esses contingentes são constituídos por jovens (filhos, hoje também filhas) das famílias brasileiras, e têm obrigação de prestar serviço militar.

Tudo faz crer que a referência raivosa às Forças Armadas Brasileiras não passa de um grande equívoco, ou de uma terrível desinformação. Quanto aos embates a que insistem em se referir alguns “ideólogos”, esses foram, de fato, fantasiosos fogos cruzados, de parte a parte... Não há tantos santos crucificados, como querem fazer crer, nem demônios a ser exorcizados. A “briga” foi pau a pau. Bateram e levaram, levaram e bateram. As verdadeiras vítimas estavam enterradas numa vala comum no Cemitério de Perus, São Paulo. Os demais não passam de atores medíocres fazendo mera figuração.

Por todo o mundo, sabe-se que há alguns “mecanismos” temíveis e terríveis, em alguns países, como a famosa, temida e indestrutível KGB russa, pouco referida no Brasil. Certas lembranças não são tão convenientes... Não é mesmo? Os soviéticos não não nazistas! Nem fascistas! São eles mesmos e dispensam ideologias importadas, pois não precisam disso...

Aqui muito se fala do DOI-CODI, de triste memória, já foi, faz muito tempo, juntamente com os “guerrilheiros anistiados”, estes continuam recebendo polpudas aposentadorias e pensões, quando jamais contribuíram para a Previdência Social.

Que tal jogar um aterrorizante “ovo da serpente”, como uma espécie de “premonição” de instauração de um regime fascista ou nazista, se o candidato do outro lado que não o do ideólogo vencer nas urnas com o voto da maioria que, nesse caso, será constituída dos “nazistas ou dos fascistas”? Dependendo do ponto de vista (na grande tirada na trilha do inesquecível e irreverente Millor Fernandes), se o povo escolher seu governante democraticamente nas urnas, mas a maioria depositar seu voto em um candidato que não seja o “recomendado” pelos ideólogos bons, será esse povo, imediatamente, carimbado de nazista ou fascista.

No entendimento dos “bons”, o mal, diferentemente do “bem”, não costuma ser tão “evidente”, a não ser que aqueles que se julgam “bons” e emissários do “bem” tratem de evidenciá-lo nos outros, não em si mesmos! O ”ovo da serpente” é gestado sempre, sempre, sempre nos outros... Seria trágico, se não fosse hilariante... Só os “clarividentes” são capazes de detectá-lo, nos outros, naturalmente... É claro!!!

O conhecido cientista inglês, Stephen Hawking (falecido em março do ano passado, depois de uma longa doença paralisante), no exercício normal de sua respeitável sabedoria e de sua reconhecida sapiência, certa vez teria asseverado que, no DNA do ser humano, há informações que o conduzem para o bem e(ou) para o mal. Um exemplo disso é o fato de todo ser humano ser movido pela ambição que tanto pode conduzi-lo à prática do bem, quanto do mal. Em excesso, a ambição conduz a guerras e a toda sorte de práticas maléficas, por isso, segundo esse gênio único, a ambição está na raiz de todas as guerras. Pode-se concluir: tudo em torno das disputas pelo poder.

Tudo levar a crer que não é diferente nas disputas políticas e eleitorais.

Nessa linha, há temas que conduzem os humanos a desencontros muito graves. No Brasil, por exemplo, as discussões sobre times de futebol que têm torcidas numerosas, religião, partidos políticos com diferentes ideologias, gênero e raça são bastante controvertidas e, não raro, levam às vias de fato os mais radicais, que beiram ao fanatismo irracional.

Nos tempos atuais, os brasileiros deveriam aproveitar a oportunidade de escolher seus governantes e os seus representantes no Parlamento, neste momento de gravíssima crise econômica, social e, sobretudo, ética, sem precedentes, para consignar suas aspirações por uma sociedade melhor, mais justa, calcada em valores como decência, dignidade da pessoa humana, honestidade, desenvolvimento social, atendimento competente às necessidades públicas em saúde, educação, segurança, infraestrutura e fortalecimento das instituições públicas, investimento na ciência, na tecnologia, enfim, na produção do conhecimento que assegure à nação brasileira uma posição de autonomia em todos os setores da produção do saber, com soberania, independência e respeito no concerto das nações, sem filiação a qualquer fanatismo político-ideológico, como é de esperar de uma não nação livre e democrática.

Não se sabe exatamente por qual razão determinados ideólogos consideram que esses valores são de “direita”, “insulto”, utilizado de regra, pelos que se consideram de “esquerda”!

Como humoristicamente diria Millor Fernandes, direita e esquerda dependem sempre do ponto de vista de quem olha. Direita e esquerda são apenas as designações de lados opostos linearmente que se podem alternar, dependendo da perspectiva e dos interesses em jogo... Acontece que o universo não se constitui apenas de direita e de esquerda, porque ele é multidimensional. Reduzi-lo à direita e à esquerda é de uma mediocridade espantosa, principalmente quando isso parte de pessoas consideradas “esclarecidas”...

Nessa mesma visão simplória, é que, para certas pessoas, "serpentes" sempre são as outras. É o caso de quem só acha que é o outro o culpado, e os outras pessoas são "serpentes venenosas" (pleonasmo vicioso!!!, porque toda serpente é venenosa!). Ela pica, na certeza de que, com seu veneno, eliminará o outro ser, de quem pretende defender-se)... Assim, como o veneno é-lhe inerente, conhece muito bem seu potencial destrutivo, logo, trata de disseminá-lo, de forma a “eliminar” as outras “serpentes” que, por vezes, são cobras inofensivas...

É obvio que, ao praticar tal “precaução” as serpentes, pensam passar a falsa ideia de que seu veneno não é veneno, mas "forma de limpar" o ambiente das “impurezas” produzidas pelas serpentes infiéis. Essa é a lógica daqueles que se julgam bons... Nessa perspectiva, quem não se subordina a essa mesma lógica, tem que ser destruído... Não é isso? A lógica destrutiva, projetiva, assenta-se em atribuir ao outro a gestação do "ovo de serpente"...

A cegueira político-ideológica é um mal que destrói qualquer possibilidade de convivência respeitosa, harmoniosa, digna, decente, honesta, leal, enfim, todas as práticas positivas na direção de uma sociedade saudável, fraterna, humana e humanitária.

O bom-senso e a democracia deveriam fazer com que todos respeitassem o direito de o cidadão votar, segundo seu entendimento, aspirações, visão de mundo, etc. sem manipulações da parte de quem quer que seja... Essa, sim, a verdadeira democracia. Ganhar ou perder são contingências normais da vida.

Ganhar, a qualquer custo, ou impingir derrota ao outro, a qualquer preço, é a concretização da barbárie.

Em síntese, politicamente, a direita e a esquerda se merecem mutuamente...

Um bom fecho é o que disse, certa vez, Millor Fernandes:

Não gosto da direita porque ela é de direita, e não gosto da esquerda porque ela é de direita.

*Alice Saboia, Professora Titular (aposentada), Doutora em Letras e Linguística - (USP), Pós-Doutorado - Université Lumière Lyon II, Pós-Doutorado - Université de Toulouse, Le Mirail - França

Quarta, 24 Outubro 2018 17:46

 

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Por Vicente Machado Ávila
  

Deixem o povo votar, exercer seu livre arbítrio. É assim que quer o Papa Francisco.

Não transforme sua Igreja em um palco de RINGUE

Preguem o amor, a paz e a democracia. É assim que queria o pastor Martin Luther KING.

Deixem o povo votar, livremente escolher, caminhar, rezar e sonhar.

É assim que queria a Madre Teresa de Calcutá.

Deixem o povo votar, livremente sem raiva e sem medo.

Não faça da sua missão uma ferramenta do voto de cabresto.


Professor Vicente Ávila
Colaboradoras
Professoras Enelinda Escala e Acadêmica de Direito Silvia Melo

 

Terça, 23 Outubro 2018 16:21

 

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Por Aldi Nestor de Souza*
 

A mãe de Adelina sabia tudo do algodão. Mas tudo mesmo, do plantio ao feitio das roupas. Até o solo pra receber e gestar as sementes ela sabia preparar. Plantava, cultivava, colhia, descaroçava, fiava, tecia, fazia até linha de costura e costurava. Era isso: de uma sementinha de algodão e o conhecimento adquirido dos pais, avós, bisavós e etc, ela conseguia fazer uma blusa, uma saia, uma calça, uma rede.

E tudo isso se dava ali, no sossego do roçado ao redor da casa, no alpendre ventilado e na sala espaçosa. Era uma fábrica sem pressa, sem hora marcada, que conseguia dar conta de tudo, da matéria prima ao produto final, e que funcionava de portas abertas, de chinelo de dedo, de calção cerzido, de saia de chita, às vezes pra empurrar o tempo. Era uma fábrica muito engraçada, uma fábrica que nem era fábrica.

Adelina, que agora vive muito longe dali, se pegou pensando nessas habilidades da  mãe ao dobrar uma blusa de algodão, feita artesanalmente, e muito parecida com as que a mãe fazia. Ela estava numa casa, de pessoas completamente desconhecidas, prestando seus serviços de arrumadeira de mala de viagem. Um aplicativo da internet a levou até ali.

O serviço dela consiste apenas de arrumar mala de viagem. É o seguinte: alguém um dia percebeu que poderia ser um bom negócio, assessorar as pessoas que viajam e que costumam esquecer de colocar na bagagem os pertences necessários para tal. Daí nasceu a figura do Personal Organizer, com especialização em arrumação de malas, que é o caso de Adelina.

Para se tornar um profissional como esses, você precisa primeiro fazer um curso de Personal Organizer, que é uma formação geral, e depois se especializar. Pode ser em arrumação de malas, como a Adelina, mas pode ser em arrumação de gavetas, em arrumação de interiores de casa, arrumação de armário de banheiro, arrumação de quarto de criança, pode ser apenas especialização em dobrar roupas. Sim porque tem gente que até consegue colocar as roupas no guarda roupa ou na mala, mas não sabe dobrá-las.

Para contratar os serviços de Adelina, o cliente precisa saber: para onde está viajando, quantos dias vai ficar lá, se é viagem a negócio ou a passeio, se no lugar tem pontos turísticos e quais, se tem praia, etc. Com tudo isso informado no aplicativo, Adelina segue até o destino e faz seu trabalho. Uma nota pelo aplicativo, sela a qualidade do serviço prestado.

Adelina, ao lembrar da mãe,  lembrou também da fábrica sem pressa e de quando brincava de fazer nuvem com a lã do algodão. Ela tinha inclusive um céu inteiro, todo cheio de nuvem no seu quarto. Tinha nuvem escura, pintada de carvão, que era pro tempo de chuva. E tinha nuvem escassa, nuvem de tempo limpo.

Adelina abandonou suas nuvens para ir pra cidade estudar. Hoje ela é formada em administração de empresas. Sabe até falar língua distante. Mas com o desemprego, acabou indo parar na onda tecnológica e no empreendedorismo. Agora ela é uma micro empreendedora individual. Não tem patrão, o aplicativo é quem dita as regras. Mas é um aplicativo que ela carrega dentro da própria bolsa, no seu próprio celular, é tudo de casa, portanto.

A mãe de Adelina, que sabia tudo do algodão, que sabia preparar o solo, que sabia plantar, que sabia cultivar, que sabia colher, que sabia descaroçar, que sabia fiar, que sabia tecer, que sabia fazer linha de costura, que sabia costurar, nunca foi à escola.

A fábrica sem pressa não existe mais. Não existe mais tempo vadio nesse mundo. A fábrica, o roçado, o alpendre, a sala e as nuvens, não resistiram a exatidão do aplicativo.


*Aldi Nestor de Souza
Professor do departamento de matemática UFMT/Cuiabá
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Terça, 23 Outubro 2018 08:45

 

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Roberto de Barros Freire*
 

A vitória de Bolsonaro é quase certa. Só não ocorrerá caso haja algo inusitado que condene o candidato, mas mesmo isso é muito difícil de acontecer, pois mesmo as coisas que desabonariam um candidato (ameaçar ex-esposa de morte, roubá-la, ou ter funcionários fantasmas no parlamento para trabalhar na sua casa de praia, ou dizeres racistas e ditatoriais que desabonam a maioria das pessoas) não colam no candidato. E devido ao desabono da imprensa iniciada e levada adiante por décadas pelo PT, fez com que jornais e televisões não sejam considerados confiáveis pelos bolsonaristas ou por grande parte das pessoas. Bolsonaristas acham que a imprensa está a favor do PT e os petistas acham que a imprensa está contrária a eles, e todos lançam suspeitas sobre a imprensa. Sem dúvida, Bolsonaro conta com a incompetência petista para se eleger.


A confiança do PT na força de Lula foi a única coisa que apresentaram nas eleições. Não se percebeu, desde 2013, a necessidade de se refundar o partido. Foi o antes inexpressivo Jair Bolsonaro quem conseguiu surfar a onda da revolta popular contra o sistema. Impulsionado pelas redes sociais, ele alavancou sua retórica incendiária para energizar cidadãos indignados com a promessa democrática frustrada. Sem partido e sem máquina, ficou livre para fazer um compromisso estridente com a mudança.


Criou um discurso por “lei e ordem”, que se fundamenta no pensamento que “segurança pública é assunto de polícia” e que percorre diferentes classes econômicas (com seus consequentes reflexos políticos), mas que estabelece um sentido convergente de eliminação do outro, seja pela morte, seja pelo depósito de vidas em presídios com precárias condições de vida, ao arrepio do Estado de Direito.


Muita gente no Brasil está cansada, por exemplo, de ser levada a pensar que debates ao redor do fenômeno “trans” sejam a pauta mais importante em termos de direitos humanos. Antes de tudo, a gente comum (que normalmente é casada e a mulher manda em casa, a fim de que a janta seja servida todos os dias) cansou de sentir que sua percepção de mundo é absurda, errada, reacionária, monstruosa, idiota ou cheia de ódio.


Para a maioria do eleitorado, como se depreende pelos 58% a 42% do Datafolha, ou do 59% a 41% do Ibope, o PT não oferece sonho, uma perspectiva de melhora que seja e nem sequer é um mal menor. Os 58%/59% preferem arriscar-se no desconhecido, no novo, mesmo que o novo tenha cara de velho, gosto de passado e cheiro de bolor.


O partido de Lula tem agora o ainda mais raro privilégio de renascer pela segunda vez. Só que desta vez vai sobreviver apenas se se mostrar maior do que é, se abrir mão de concentrar poder. Só renascerá se se apresentar como mero ponto de confluência de uma reconstrução institucional. Para isso, tem de convencer de que está à altura da gravidade do momento. Tem de dar garantias de que vai recolocar as instituições em novo e positivo patamar de funcionamento. Tem de convencer de que estará acima de seu próprio partido. Tem que provar que Haddad não é um fantoche de Lula.


Ou seja, será preciso uma autocrítica digna do nome e gestos políticos que demonstrem sua convicção pela democracia. Antes de tudo deve condenar o governo Dilma pela incompetência ao invés de ficar criticando a oposição pela sua derrocada. É preciso expulsar todos os condenados pela justiça do interior do partido, pois não há prova maior de apego à democracia do que se submeter às suas instituições. O PT até o momento só se contrapõe ao judiciário e ao ministério público, e mantém em seus quadros elementos já condenados, se contrapondo a lei. Um partido que não exclui dos seus quadros aqueles que a sociedade através de suas instituições condenaram, se contrapõe ao judiciário e se coloca acima das leis. A submissão à lei é prova de democracia, a contraposição é prova de tirania.


O chamamento a todos os democratas afirmando que o PT não tem restrição, dizendo que se as pessoas tiverem noção do que está em jogo no Brasil e defenderem a democracia, tem que estar nessa caminhada petista é de uma profunda petulância e arrogância. A causa democrática não precisa do toque do PT, é justo o contrário. A ideia segundo a qual o programa do PT precisa apenas de ajustes é suicida. A Haddad não restará a estratégia, agora muito tardia, de se desfazer do peso e do lastro indesejável dos exclusivismos petistas, que repeliram parte do eleitorado mais centrista e ameaçam derrubar precocemente o balão murcho de sua candidatura. O PT usou bastante essa arma, um traço que se agravou à medida que o partido passava por seu conhecido declínio ético ("nós contra eles", liberais rotulados de fascistas, campanha de desmoralização da imprensa etc.).


O fato é que o PT minou várias instituições democráticas, por exemplo, afirmando sempre para não se acreditar em nada que a mídia tradicional diga. Precisa aprender a criticar e a se autocriticar — algo exógeno à personalidade brasileira, que prefere rodeios condescendentes ou tons agressivos, delegando culpas aos outros.


O PT esperava que apoios de segundo turno se dessem pela lei da gravidade. Não entende de física, nem de política. O PT achava todo mundo que não fosse petista um canalha, golpista. A violência na política não está apenas no lado fascista, mas está do lado do populismo. Agora quer que todos se unam por ele, como? Não esqueçamos também que o mea-culpa do petismo demorou tanto que está se tornando desnecessário. Quando se insulta a direita liberal e/ou conservadora chamando-a de fascista, as pessoas não vão mais confiar nas eleições, vão questionar sua legitimidade.


É preciso um gesto aos demais partidos, cedendo lugar e poder aos partidos de centro e de direita, e não apenas cargos secundários aos partidos esquerdistas que se satisfazem com porcaria. É preciso incorporar políticas do PSDB, do MDB, da Rede, do PDT, mais do que apenas solicitar apoio. Terá grandeza para tanto? Duvido........

 
*Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Segunda, 22 Outubro 2018 16:25

 

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     O Brasil vive atualmente o acirramento da luta de classes, fruto do esgotamento das políticas de conciliação de classes, tempos de financeirização, de reestruturação produtiva e do neoliberalismo que são fenômenos de uma problemática determinante: a crise estrutural do capital. Dada esta conjuntura, não é surpresa que vivemos períodos de grandes retrocessos e conflitos políticos. Exemplos como golpe em Honduras em junho de 2009, a destituição de Fernando Lugo no Paraguai, a eleição do empresário Donald Trump nos Estados Unidos, o golpe de 2016 contra a Presidenta Dilma Rousseff, as consequências das privatizações no Chile, implementadas desde a ditadura militar há 45 anos e o esgotamento da democracia representativa são expressões das contradições oriundas do capitalismo.

       Diante da barbárie em curso, produzida pela crise do capital, do ajuste neoliberal que, no caso brasileiro, assume contornos mais graves com a ascensão do fascismo a ser legitimado nas urnas, o Serviço Social da UFMT, em assembleia realizada no dia 18 de outubro de 2018, às 10h nas dependências do ICHS, com a participação de professores, estudantes (graduação e pós-graduação em Política Social e Residência Multiprofissional) e profissionais vem a público expressar sua posição em favor da democracia, da defesa intransigente dos direitos humanos e sociais, o que diante do cenário atual não há como hesitar.

     A candidatura de Jair Bolsonaro e General Mourão representa tudo de mais retrógrado e conservador. Em 2012, Bolsonaro foi o único parlamentar que votou contra a Lei que estendia os direitos trabalhistas às empregadas domésticas; votou a favor do Impeachment fazendo reverência ao torturador Ustra; votou a favor da reforma trabalhista; declarou publicamente que os trabalhadores brasileiros terão que decidir entre “mais empregos ou mais direitos”; tem defendido a eliminação do 13° salário; afirma que os indígenas e quilombolas não terão “um centímetro de terra”; fez declarações abertamente racistas, lgbtfóbicas e machistas; defende a terceirização irrestrita e privatização de espaços e serviços públicos; bem como defende o desmonte do ensino superior público.

     O Projeto Ético Político do Serviço Social  que assenta-se na liberdade como seu valor central exige compromisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos indivíduos sociais, vinculando-se a um projeto societário de construção de uma nova ordem social, sem exploração/dominação de classe, etnia e gênero. Nesse sentido, assume a defesa da candidatura Haddad -13 por se apresentar como alternativa ao enfrentamento da barbárie em curso. Nos encontramos atualmente em um cenário muito semelhante ao de 1964, em que precisamos marcar posição e transformar o medo em ousadia tomando as ruas em defesa da democracia.


Em defesa das liberdades democráticas e contra a barbárie, Haddad  sim!!!

 
Esse é tempo de partido
Tempo de homens partidos.
Carlos Drummond de Andrade
 
 

Segunda, 22 Outubro 2018 09:17

 

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Encaminhado ao Espaço Aberto a pedido do Prof. Aldi Nestor de Souza
 

Neste momento de disputa política, o PET conexões: diferentes saberes e fazeres na UFMT vem a público manifestar a defesa incondicional da democracia; dos direitos humanos; dos direitos da classe trabalhadora e da universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada.

Aproveitamos a ocasião para manifestar nosso mais absoluto repúdio a qualquer forma de violência, levada a cabo por razões de intolerância e desrespeito à vida humana, e também a qualquer flerte  com formas totalitárias.

Entendemos também que não há espaço pra neutralidade em uma situação política, na qual a vida e os valores da dignidade humana estão colocados em disputa na sociedade.

Por essas razões o PET conexões: diferentes saberes e fazeres na UFMT se posiciona:

- Contra o autoritarismo e a violência política na vida cotidiana;

- Contra a criminalização dos movimentos populares e sociais;

- Pela imediata revogação da Emenda constitucional 95 ( PEC do teto dos gastos públicos);

- Pelo direito e respeito à diferença;

- Pelo reconhecimento dos direitos das mulheres, dos negros, dos quilombolas, dos indígenas e dos pobres em situação de vulnerabilidade social;

- Pelo reconhecimento do direito à livre orientação sexual e de gênero.

 
Cuiabá, MT, 18/10/2018