Quarta, 06 Maio 2020 19:35

 

Nessa sexta-feira, 08/05, a live da Adufmat-Ssind convida o médico Reinaldo Gaspar, a cientista política Alair Silveira e coordenadora do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Lucinéia Freitas, para debaterem diferentes concepções de sociedade e, consequentemente, maneiras de como lidar com a pandemia. A mesa "E daí ou O que fazer? As possibilidades históricas da crise" terá início às 19h30, na página oficial do Facebook da Adufmat-Ssind.

 

“E daí?”

E daí que a frase desdenhosa do presidente brasileiro diante das mortes causadas pelo coronavírus expõe a verdadeira face do capitalismo: desprezo total pelos trabalhadores. O presidente até tentou se desculpar depois de mais esse ato falho, mas sua posição elitista é tão consolidada que se faz recorrente. Nessa mesma semana, Jair Bolsonaro consolou a empresária que se referiu aos profissionais da saúde como “pessoas que reconhece pelo cheiro de banho mal tomado e sem perfume”. Diante das câmeras, o político disse balançando os ombros que a atitude não foi agressiva, e se foi não passou de agressão verbal, como as que recebem o tempo todo.

Mas o desdém de Bolsonaro e seus correligionários ao povo se manifesta objetivamente nas ações políticas, sempre preocupadas em beneficiar o mercado, enquanto a população espera em filas quilométricas, faça sol ou chuva, para receber um auxílio muito abaixo do ideal. Do alto do seu conforto, os mesmos empresários que esbravejam contra os trabalhadores que garantem sua riqueza conseguiram autorização para demitir e cortar salários - com bastante agilidade.

Vale destacar que antes mesmo da pandemia Bolsonaro já defendia que os trabalhadores é que deviam se sacrificar pela pátria, abrindo mão de seus direitos por meio da Carteira de Trabalho Verde e Amarela, Terceirização e das enganosas reformas Trabalhistas e da Previdência. Da mesma forma, para o atual presidente, os trabalhadores do setor público deveriam aceitar a redução de seus salários, assim como a população deve apoiar o esfacelamento dos serviços públicos que atendem as demandas populares diariamente, e aos quais podem recorrer em momentos como o atual.

 

“O que fazer?”

Se preocupar, pesquisar, se informar, agir, ser solidário, respeitar, ajudar. Na contramão do projeto de sociedade representado por Bolsonaro, trabalhadores do mundo inteiro agem com relação à pandemia, mesmo sem ter nas mãos a ferramenta mais poderosa para isso: o Estado. Diante de mais uma dificuldade apresentada a quem já sofre com desemprego, doenças, ou até fome, a solidariedade de classe se faz presente e os trabalhadores organizados seguem na luta pela sobrevivência e por dignidade.

Considerando que todos os direitos sociais e trabalhistas duramente atacados no presente foram conquistados no passado por trabalhadores cientes de sua importância no processo de produção de riqueza e inspirados pelas experiências socialistas no mundo, a ideia de que o capitalismo está sendo desmascarado e que o mundo pós-pandemia poderá ser mais solidário e igual preocupa a classe dominante.

Diferentes visões de mundo estão colocadas, mas qual será o fator determinante para definir os rumos das sociedades? Você pode ajudar a refletir sobre isso na live da Adufmat-Ssind da próxima sexta-feira, às 19h. Acesse a página do Facebook do sindicato por meio do link https://www.facebook.com/ADUFMAT-SSIND-211669182221828/?ref=bookmarks e faça a sua pergunta aos convidados durante o debate.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Quarta, 06 Maio 2020 17:24

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Katia Morosov Alonso1

Ana Lara Casagrande2

 

Uma das discussões a ser feita no momento diz respeito ao nosso trabalho num átimo tão difícil quanto o que vivenciamos nos dias atuais. Além de todo panorama político complicado, de assalto aos direitos dos trabalhadores, de negação dos valores democráticos, convivemos com uma pandemia que, para sermos responsáveis conosco próprios e com os demais, devemos seguir o denominado “isolamento social”... A ordem daqueles que pesquisam a Covid-19 é a de ficarmos em casa, recolhermo-nos e evitarmos aglomerações. Para nós professores, isso poderia ser fatal, na medida em que nossa atuação se dá com os outros, juntos, em diálogo, na construção e recriação de saberes e conhecimentos.

A questão que se coloca agora é extremamente relevante: afinal, haveria aprendizagem quando nosso trabalho, aquele de aprender e ensinar, tivesse que estabelecer-se em relação não presencial? Isso vem sendo debatido há anos e a resposta, pelo menos até agora, é: NÃO!

Em uma relação não presencial na distância – ignoremos a Portaria n° 343/2020, que num trágico desconhecimento, como comumente muitos vêm fazendo, reputa ao denominado ensino a distância (nem sequer Educação a Distância (EaD3)) – a panaceia para darmos prosseguimento às nossas atividades docentes, por óbvio, envolve a preocupação com as não aprendizagens, isto é, as desigualdades das condições de trabalho e estudo, bem como o fator psicológico: estão na ordem do dia.

Aprender significou, sempre, compartilhar, debater, estar em relação. Desde Vygotsky à Paulo Freire, há o alerta de que o processo de ensino-aprendizagem exige interação, mediação e diálogo. Para nós educadores, que nos dedicamos a pensar educação, emancipação, leitura de mundo e significar nossas existências, nada mais pueril! Aprendizagem na distância, solitariamente, autodidatismo ou vire-se como puder, não é possível, jamais seria aprender. Como aqui não estamos dedicados a estabelecer tratados novos e outros sobre aprendizagem, acredito que a máxima: aprender significa estar junto em colaboração/cooperação, seja suficiente para entendermos que o trabalho do docente é, justamente, o de prover condições para tanto, entre outros afazeres, é claro.

Pois bem, vivemos em tempos de cultura digital, que não está fora da gente, mas conosco, fazendo-nos e possibilitando pensar modos de produção da vida atravessados pelas denominadas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Cultura digital não expressa, apenas, uso mais intenso das TIC, isso é uma ponta das transformações pelas quais passa a humanidade nos últimos vinte anos. Como diz Thompson (2008), pela primeira vez, a humanidade pode experimentar/vivenciar a superação da disjunção do espaço e tempo. O que faz ressignificar nossas experiências todo o tempo, o tempo todo. Claro que temos, ainda, problemas de acesso a determinados recursos, de serviços de comunicação caros e, frequentemente, mal distribuídos. Mas isso não nos impediu de, pouco a pouco, criar outros sentidos para nossas convivências, nossas formas de relacionarmo-nos e de estarmos juntos. Longe de ‘ferramentas’ no sentido instrumental delas, encantamo-nos, para o bem e para o mal, com tecnologias, dispositivos e artefatos culturais que nos caracterizam como praticantes da cultura digital.

Diante disso, há a necessidade de repensar o processo educativo não apenas naquilo que lhe concerne enquanto instituído, uma vez que isso apontaria implicações profundas no modo de organizar o escolar, incluindo as universidades. Pensar sobre tal problemática é essencial, não só pelo isolamento social, mas, sobretudo, por conta daquilo que nos afeta cotidianamente.

Gere (2008) apresenta, de maneira ampla, as características da “cultura digital”, evidenciando os vários âmbitos e domínios de nossas vidas em que se observa a entronização de elementos que transcendem o uso das máquinas e conformam nossos cotidianos, tais como: big data, arte digital, música eletrônica, performance e interatividade, arte e tecnologia, literatura eletrônica, games, o punk e o design gráfico, cyberpunk... Elementos que aliciam e nos fazem presentes em interações e formas de comunicação afetando, portanto, modos de vida. A criação da World Wide Web (WWW), rede que nos faz conectados, é própria da cultura digital. Pois bem, nesse sentido, Castells (2014) denuncia o que denomina de obsolescência da educação:

 

A aprendizagem na maior parte das escolas e universidades é totalmente obsoleta, porque insistem em produzir uma pedagogia baseada na transmissão de informação[...]não precisamos de transmissão de informação, já que ela está toda na internet. (https://www.youtube.com/watch?v=eb0cNrE3I5g)

Como antes anunciado, não se trata apenas de repensar o instituído pelo modelo da escola moderna, teremos, ao que parece, de repensar uma forma de organização institucional que implique os novos modos de viver, que transformaram profundamente a maneira pela qual nos comunicamos e produzimos conhecimento.

Se considerarmos que a informação em si não implica conhecimento, então o desafio que temos pela frente é hercúleo, no sentido de trabalhar outros e novos modos de vida, de consumo e, considerando a instituição universidade especialmente, as novas configurações do trabalho. Esses, então, são os pontos sobre os quais nos debruçaremos aqui.

Muito longe de negar a relevância da defesa da escola pública, gratuita e de qualidade, mas, acrescido a tal bandeira histórica, faz-se necessário reconhecermos que, como projeto histórico, cabe à escola, especialmente a universidade, a formação e produção de conhecimentos fundados naqueles ideais e valores. Isso como chamamento dos mais jovens com relação ao futuro, bem como a insurgência de uma cultura altamente técnica e tecnificada, que se expressa na insegurança econômica, competitividade, no aumento da exploração do trabalho e do trabalhador e na deterioração das convivências, sobretudo, no não reconhecimento do outro, como se esse outro não se conformasse nas mesmas condições dos demais.

Sendo assim, o convite é para juntos construirmos convivências possíveis de um fazer juntos, sem aglomeração por enquanto, embora isso seja parte da essência do humano. Então, a disponibilização de recursos de comunicação que permitam aprendermos colaborativamente é o chamamento do agora. Claro, assentados na clareza de a qual projeto de sociedade a universidade se prestará, pois, a própria educação é uma prática social e um ato político.

Flexibilizar com a mediação das TIC é uma realidade na universidade pública brasileira, muitos projetos de pesquisa e extensão precisaram sim ser flexibilizados. A entrevista a ser realizada com gestores passou a ser mediada pelas tecnologias, bem como as aulas de música, para que beneficiários se mantivessem praticando. Tal estratégia para o terceiro elemento do tripé da universidade precisará ser democraticamente debatido.

Distantes jamais, juntos aprendendo, descobrindo e experimentando é o que os recursos digitais nos ensejam e desafiam. Mais que repositórios de conteúdos, as TIC apoiam a interação, mediação e convivências, tão caras ao aprender. Mais do que nunca, as aprendizagens dependem de nós professores, no sentido de superar a informação em si, o conteúdo pronto e disponível nas redes de comunicação. Do mesmo modo, cabe a nós discutirmos e enfrentarmos, junto com os estudantes, a avalanche das fakenews, dos analitycs, que pretendem prever nossos desejos e, daí, superaremos, quem sabe, a denominada pós-verdade.

É preciso tentar! Saberemos que não cruzamos os braços ou deixamos em um vazio existencial os(as) estudantes imersos na cultura digital e público da instituição que, entre outros, visa estimular o pensamento reflexivo, estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente. Precisamos pensar sim em uma flexibilização que não prejudique aqueles que não terão acesso às condições necessárias para o processo ensino- aprendizagem mediado pelas TIC. Não é objetivo de ninguém, aqui está o ponto comum de todos que estudam a educação na perspectiva crítica, penso, prejudicar estudantes. A questão é seguir da melhor maneira possível. O eixo ensino-pesquisa-extensão precisa seguir. Ninguém esperava a situação pela qual estamos passando, aí cabe à universidade pública, referência na produção de conhecimentos sobre o trabalho com TIC, ser um ponto de despertar da atoniticidade.

O fato é que uma educação de qualidade passará, sem dúvida, pelo crivo da reinvenção, não dos valores democráticos e de liberdade, mas de ressignificação de leituras, de apropriação de linguagens e de compreensão do vivido, aí sim, distantes das panaceias que nos pretendem iguais, constrangidos pelo autoritarismo que tem implicado destruição cotidiana e regular dos nossos locais de trabalho: as universidades públicas. Tentemos, apropriemo-nos criativamente da possibilidade de uso das TIC a nosso favor e não a favor “deles”. Por isso, é tempo de afirmar que os tempos são estranhos e imprecisos... Negar o possível, sem propor alternativas é cômodo, talvez o ato político mais importante agora seja o de nos mantermos juntos em resistência e, sim, fazendo, ensinando. Aprendendo.

 

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1 Departamento de Ensino e Organização Escolar (DEOE/UFMT), Campus Cuiabá. Líder do Grupo de pesquisa Laboratório de Estudos sobre Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação (Lêtece). E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

2 Departamento de Ensino e Organização Escolar (DEOE/UFMT), Campus Cuiabá. Pesquisadora do Grupo de pesquisa Laboratório de Estudos sobre Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação (Lêtece). E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

3 Falar em EaD envolve um conceito específico, historicamente construído, cujo percurso próprio não se assemelha às noções de adaptação postas para a prática pedagógica mediada por tecnologias nas diversas etapas da educação brasileira.

 

Referências:

 

CASTELLS, Manuel. A Obsolescência da Educação. You Tube - Fronteiras do Pensamento. (2014, 07 de abril) (4min14seg) Son. Color. Áudio: Espanhol. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=eb0cNrE3I5g>. Acesso em: 15 out. 2019.

 

GERE, Charlie. Digital Culture. London, Expanded Second Edition. Reaktion Books Ltd, 2008.

THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade – uma teoria social. 9ª. ed. Petrópolis RJ: Ed. Vozes, 2008.

Quarta, 06 Maio 2020 17:16

 

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Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Por Althen Teixeira Filho e José Domingues de Godoi Filho*

 

Frente a atual pandemia, a iniciativa do secretário geral da ONU de propor um cessar-fogo de conflitos bélicos no planeta é imprescindível para milhões de necessitados e demonstra um mínimo de senso humanitário.

Guerras são travadas por egoísmos, arrogâncias ou, pela falta de princípios éticos e morais que, há muito, deveriam ser a referência principal nas relações da espécie humana.

Entretanto, bem ao contrário, vive-se outra “guerra”, tão ou mais desumana das que roubam vidas no trovão de um míssil, no sibilo de um projetil ou na agonia de armas químicas.

Essa “guerra” não mata num súbito, mas amargura povos, tortura pela fome, aflige na incerteza do amanhã. Seus “generais”, longe dos campos de batalhas, refestelam-se em caros festins e em luxuosos escritórios urbanos de instituições financeiras. As táticas não visam a morte, mas calculam o domínio subliminar e como converter a energia do trabalho alheio em dividendos pessoais. Nela, botões são gatilhos que digitam cálculos bizarros, transmutando dívidas em repastos de insaciável ganância monetária. O aniquilamento não se faz sobre prédios, mas na desolação da cultura, na ausência do ensino e em profundas trincheiras de obscurantismo. As ordens do dia desvirtuam processos civilizatórios, impedem o progresso, propalam o engodo de promessas jamais cumpridas, jurando um futuro que jamais virá. Os espólios provêm desde vidas intrauterinas, mas também de crianças que choram medo, desesperançadas e degradadas em vidas sem rumo.  A estratégia não usa o impacto do balaço, mas a sutileza de dependência monetária infinda, a artimanha da interferência indevida, a política enquanto arma de corrupção. Essa “guerra” algema em grilhões de falsa moral, exigindo pagamentos não mais devidos, retirando o que não mais se pode cumprir, arrancando o que os povos não mais têm condições de oferecer.

A exploração da força de trabalho e dos recursos naturais pelo “capital” atingiu níveis impensáveis que geraram por questões do tipo, levantadas nos anos 90: - “É preciso merecer viver para ter esse direito? Será útil viver quando não se é lucrativo ao lucro?”

A riqueza mundial produzida é desfrute de ínfimo número de poderosos, nada restando para imensa parcela de miseráveis. Crescem mais o acúmulo das riquezas do que os salários, provocando um sem número de desvalidos. Surgem, sempre exponenciais, o lucro de empresas (bancos, indústria armamentista, de agrotóxicos, farmacêutica, outras), enquanto proventos rareiam ao ponto de não permitir o saciar da fome. Geram-se guetos, favelas, marginalidades sem água, sem esgoto, sem qualidade de vida (se é que podem ser nominadas “vidas”)!

A humanidade está obcecada no egoísmo do acúmulo de bens, na exploração insana da natureza, na financeirização de tudo e de todos.

A pandemia que ora vivemos fere de morte um sistema de especulações, de rendimentos em bolsas de valores, de juros obscenos, de agiotagem, de consumismo desenfreado, de ímpios cálculos que precificam vidas, da primazia de capitais sobre interesses da humanidade.

Então, assim como exigir o fim dos conflitos bélicos, deve-se imediatamente libertar, de uma vez por todas e para sempre, os países dos tentáculos de “dívidas” que sugam energias financeiras, as quais seriam empregadas para o progresso e proteção de cidadãos. A proposta apresentada de simples “suspensão” da dívida por seis meses é grotesca e só atesta falta de dignidade e excelência.

Esta “alforria” seria um marco civilizatório regido por lucidez, bom senso, humanidade, benevolência, amparo, caridade...

Nosso planeta precisa e merece ser, minimamente, mais humano!
 

*Althen Teixeira Filho – Professor da Universidade Federal de Pelotas/Instituto de Biologia – O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
 José Domingues de Godoi Filho – Professor da Universidade Federal de Mato Grosso/Faculdade de Geociências – O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
 

Terça, 05 Maio 2020 14:21

 

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Por Fernando Nogueira de Lima*
 

Por aqui, o dia amanheceu ensolarado e agradável, propício para se dedicar às amenidades da vida. Já nos noticiários, ao contrário, o clima está ruim por conta da intempérie que caiu no tabuleiro da política nacional, prenunciando que muita água ainda irá rolar e cabeças também. Minha expectativa é que a correnteza arraste máscaras e desnude a face oculta da verdade sobre tantas inverdades, maquiadas de dissimulações e de falsos discursos.

Devido à excessiva repetição, desviei, por um instante, a atenção das informações e comentários sobre o atual cenário político, lá no planalto central do país. De repente, me veio à mente a letra da cantiga infantil “Pomar” do grupo Palavra Cantada, composta com o propósito de ensinar à criançada a origem das frutas, cujos versos eu transcrevo a seguir:

“Banana, bananeira/ goiaba, goiabeira/ laranja, laranjeira/ maçã, macieira/ mamão, mamoeiro/ abacate, abacateiro/ limão, limoeiro/ tomate, tomateiro/ caju, cajueiro/ umbu, umbuzeiro/ manga, mangueira/ pêra, pereira/ amora, amoreira/ pitanga, pitangueira/ figo, figueira/ mexerica, mexeriqueira/ açaí, açaizeiro/ sapoti, sapotizeiro/ mangaba, mangabeira/ uva, parreira/ coco, coqueiro/ ingá, ingazeiro/ jambo, jambeiro/ jabuticaba, jabuticabeira”.

Pois é, minha mente tem disso. Como se tivesse vontade própria me mostra, vez por outra, como entender melhor o que meus olhos e ouvidos estão a ver e a ouvir. Desta feita, a mensagem esclarece que não há porque eu ficar surpreso com esse temporal aí, pois ele era previsível. E cá pra nós, a forma que ele desabou e suas especificidades também estão dentro do espectro da previsibilidade. A equação não é complicada, pois, também na natureza humana “laranja, laranjeira/ limão, limoeiro/ mexerica, mexeriqueira...  

Nessa linha de raciocínio, acrescento uma frase que também reflete o óbvio: “ninguém dá o que não tem”. Por isso, conforme disse Abraham Lincoln: “você pode enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo; mas não consegue enganar todas por todo o tempo”. Porém, nada mudará se a sociedade continuar aceitando ser enganada: inconscientemente - por ignorância ou ingenuidade; conscientemente - por comodidade ou escassez de indignação; deliberadamente - por conveniências pessoais ou coletivas.

O que pensar de uma república em que a carta magna pode sofrer - no âmbito de poderes constituídos, investidas com o fito de desrespeitá-la ou de desfigurá-la. E o que aguardar de uma sociedade em que a pretexto de defender o regime democrático, clama-se - à luz do dia e no breu de interesses nada republicanos-, por medidas que contraditoriamente negam a democracia e que, não importando a forma ou os argumentos postos, rasgam a Constituição. 

O que dizer de uma coletividade que submete o seu futuro a inútil disputa em que sairá vencedor os responsáveis pelo panelaço que fizer mais barulho ou que seja mais divulgado na mídia. E, nesse agir, aceita invadir ruas e avenidas, em dias e horários pré-definidos, e amplamente divulgados, empunhando bandeiras de causas que contemplam os mais diversos propósitos, nem todos democráticos. Para, depois, uns comemorarem a tática levada a efeito e outros ficarem pensando que contribuíram para salvaguardar a liberdade.

O que esperar de um povo que vive à mercê de heróis, forjados em períodos de calamidades, em momentos de descontentamento coletivo, em tempos de total perda de credibilidade na classe política e em temporadas de muitos escândalos, vindo à tona. A narrativa tem sido trivial: basta dar conta da sua ocupação, causar polêmica e ter holofotes à sua disposição, que pronto! Eis o nosso herói, desta sexta feira, deste mês de primavera sem cheiro de alecrim para anunciar que, em breve, nada será como antes tem sido, ou já foi. 

E assim, vamos produzindo heróis de araque e tendo fé neles como se fossem mortais divinizados, semideuses, mas, que não resistem a uma chuva com trovoada. Além disso, insistimos em negligenciar o significado da palavra herói e continuamos desconhecendo pessoas notáveis da nossa história real, imersos que estamos neste cotidiano em que o número de indivíduos crentes de que a realidade acontece nas redes sociais, só aumenta.

Nesta conjuntura, no exercício da cidadania, mesmo descrente, é imperativo ter atitudes que contribuam para a construção de um país próspero e de uma sociedade livre, justa e solidária. Até lá, além do isolamento responsável e do uso obrigatório de máscaras é preciso se vacinar contra a mesmice, a ignorância, os falsos profetas e a má política. E mais, é inadiável se deixar contaminar pela curiosidade, pela leitura, pelos fatos e pela boa política.


*Fernando Nogueira de Lima é engenheiro eletricista e foi reitor da UFMT.

Terça, 05 Maio 2020 14:16

 

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Por Roberto de Barros Freire*

 

O atual ministro da saúde que foge da imprensa, dos governadores, dos compromissos com a sociedade, é apenas um fantoche. É visível até seu constrangimento diante das câmeras de televisão, por ter que fazer um esforço gigantesco para não mencionar o isolamento social como prática necessária diante do crescimento da doença. Um exercício de contorcionismo para fugir da verdade dos fatos.


Afirmou na semana passada que a pandemia estava diminuindo no país, e hoje vemos que ela está aumentando, e muito, não é pouco não, milhares de vezes mais do que gostariam as autoridades. Muito mais do que previa o atrasado Osmar Terra, conselheiro do presidente, que olha a medicina com olhos moralistas ao invés de científicos.


Diante do enorme crescimento dos números, o que o ministro (sic!) faz? Diz que os números são diferentes em diferentes lugares do país, um tratado geral do óbvio. E o que recomenda? Nada, silêncio absoluto. Não pode dizer para mantermos o isolamento social ou o ampliemos, como seria o recomendado pela medicina e ciência, pois isso desagradaria o chefe, e ele está lá para servir ao chefe, não o país. Não diz o que fazer, nem ao menos recomenda que usemos máscara e higienizemos as mãos. Enfim, ele está lá para constatar a praga e nada fazer, e desconversar com a nação sobre as atitudes a serem tomadas. Nada a recomendar, nada a defender, nada a dizer nem ao menos para as famílias das vítimas que não tiveram uma UTI e que agora nem têm onde serem enterrados seus mortos. Fica dizendo que precisa melhorar os números, mas nem melhora a testagem, nem toma atitude com os números desagradáveis que já temos, e que se melhorar a amostragem, vai piorar ainda mais o quadro de infecção, o que deveria obrigar, se fosse sensato e não um capacho de Bolsonaro, a pensar em alguma instrução para a ampliação do isolamento social, para educar os bolsonaristas a não agirem contra o país em suas manifestações.


É uma vergonha ver um adulto prestar um serviço tão servil, tão medíocre, com atitudes mais de um servo ou escravo do que de uma pessoa livre e autônoma. Pode ser médico de formação, mas é um office boy do presidente. Tenho dúvidas se ele sabe a gravidade que vivemos, tão encantado está em agradar e servir seu dono, digo chefe.


Nossa saúde que nunca foi uma prioridade das autoridades governamentais, nem teve muitos recursos para consertar seus gargalos históricos, está acéfala, doente, incapaz de ser uma liderança e a indicar as recomendações necessárias para atravessar a pandemia. A troca de Mandeta foi uma aposta na doença, pois a doença talvez sirva a Bolsonaro para dar uma desculpa pelos resultados pífios que tem a oferecer com seu governo errático e criminoso. A doença parece servir aos interesses inconfessáveis do presidente, que como mostram as manchetes, apenas tem sarcasmos para aqueles que lhe indagam: “E daí? ... quer que faça o quê?”, diz o presidente desaforado diante do número de mortos. Queremos que ele tome uma atitude de gente grande e razoável. Temos que torcer que os governadores mais sensatos melhorem a saúde, pois a depender do governo federal, estamos em péssimas mãos. Nossa saúde caminha para o coma.


Temo que o mesmo ocorrerá agora na Justiça e na Polícia Federal, com pessoas que estarão a serviço do presidente, não do país. O presidente cerca-se de capachos e aduladores, como o ministro da saúde, que lá está para fazer a vontade do líder, não o que obriga a lei.
 
*Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Terça, 05 Maio 2020 14:04

 

Nunca conseguimos terminar de contar nossos mortos! Sobre o sangue dos indígenas mortos, escorreu o do povo africano escravizado e açoitado; escorreu o sangue de nossas lideranças  desde Zumbi dos Palmares, Dandara e Tereza de Benguela, a Marighella, Margarida e Marielle. Jamais paramos de enterrar os nossos!

 

E se não bastasse matar, querem apagar nossa existência! Quantos dos mais bravos dentre nós foram enterrados como indigentes? Quanta ocultação de cadáver escondeu de nós mesmos as memórias mais caras da nossa própria luta?! E assim o fazem com a pandemia, subnotificando casos e enterrando corpos sem contabilização!

 

Diante da crise que se aprofunda, o capital rosna expondo seus dentes fascistas e a elite brasileira ergue o chicote contra nossos trabalhadores. “Alguns vão morrer, mas a economia não pode parar!”

 

São de mulheres e negros a maioria dos corpos dos quais se desdenha com o sonoro “E daí?”, lançado pelas elites pela voz do presidente da república diante de 5 mil mortes! E a perspectiva é que ultrapassaremos um milhão.

 

Como o senhor da morte que sempre se apresentou, o bolsonarismo faz dela o motor de seu poder! Não bastasse a gravidade que representa a crise sanitária que atravessamos durante a maior pandemia deste século, ainda temos de suportar um governo genocida que sadicamente atrasa o auxílio emergencial para ter o sórdido prazer de ver o desespero dos mais pobres expondo suas vidas para terem o que comer. Por isso autorizam demissões e redução de salários, permitem o aumento dos preços, sucateiam nossas escolas, tiram recursos de nossas pesquisas e hospitais até mesmo em meio a pandemia. Matam nossos trabalhadores para enviarem a maior parte do dinheiro de nossos impostos aos bancos.

 

Eles cometem todas as atrocidades à luz do dia, sem meias palavras. Não que não esperam que reajamos; contra isso, anunciam mais morte! Com todas as letras falam do projeto autoritário que pretendem construir para conter a revolta popular: criminosamente, pedem o fechamento do Parlamento e do Supremo Tribunal Federal (STF), além de aparelhar a Polícia Federal; perseguem a imprensa, os artistas, professores e cientistas; reivindicam o moralismo e a “família de bem”, marcada pela hierarquia e violência; querem fechar escolas e universidades para impor religião no lugar da ciência.

 

Covardes como sempre, fazem-no num momento em que o afastamento das ruas é condição de luta pela sobrevivência de um povo largado a própria sorte em meio a maior crise sanitária do século, talvez da história brasileira.

 

A Adufmat-Ssind vem, por meio desta nota, afirmar também com todas as letras que não esquecerá dos corpos tombados pelo escravismo colonial, nem dos militantes assassinados pelas ditaduras ou dos jovens negros periféricos chacinados pela política militar, nem dos que se foram por negligência pela COVID-19. Por cada um, lutaremos por memória e justiça!

 

O sindicato não se calará diante do peso dos anos de chumbo, nem aceitará que homens ricos, brancos e nefastos ao povo brasileiro ditem os rumos do país à revelia da vontade popular!

 

A Diretoria

Terça, 05 Maio 2020 10:50

 

 

O mundo ainda nem se recuperou do caos provocado por uma pandemia e a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) já se preocupa com a volta as aulas. Aliás, no continente latino e, especialmente, no interior do Brasil, onde a UFMT está localizada, é possível que o pior ainda nem tenham chegado. Mesmo assim, membros do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE) debaterão, nessa quarta-feira, 06/05, a possibilidade de retomar as aulas à distância.

 

Por esse motivo, representantes docentes, técnico-administrativos e estudantis farão um debate por meio de live na noite de terça-feira, 05/05. A ideia é qualificar o debate e apresentar propostas afirmando que a universidade tem de funcionar, sim, atendendo aos anseios da população, isto é, direcionando todos os seus recursos para o combate ao coronavírus. 

 

“No momento do enfrentamento à pandemia da COVID-19, o papel da universidade pública brasileira é fundamental, colocando sua produção científica e tecnológica a serviço da vida, com a colaboração de todas suas áreas de conhecimento: profissionais de ponta e conhecimento acumulado para colocar à disposição das múltiplas e complexas tarefas necessários para a defesa da vida da população”, afirmam os representantes da comunidade acadêmica num documento que será apresentado durante a live e entregue à Reitoria.    

 

A defesa, no entanto, é de que as aulas continuem suspensas. As entidades afirmam que grande parte dos estudantes não tem condições de acompanhar as aulas à distância, e que o contato professor – aluno é imprescindível para o aprendizado.

 

Associação dos Docentes (Adufmat-Ssind), Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos (Sintuf-MT) e Diretório Central dos Estudantes (DCE) afirmam, ainda, que sempre defenderam uma universidade comprometida com seu povo e não com o mercado e, por isso, denunciam também a política de morte apresentada pelo governo atual. Nesse sentido, a universidade pública precisa adotar rumos diferentes. Assim, as propostas que serão apresentadas à Reitoria e ao CONSEPE sugerem:

 

1)    manutenção da suspensão de atividades didáticas de ensino na graduação e pós graduação, bem como qualquer etapa necessária para o ingresso 2020/1 que coloque a vida dos estudantes, técnicos e professores em risco;

2)    construção de um plano estratégico de ações no âmbito da pesquisa e da extensão com financiamento público de bolsas e demais despesas necessárias para o desenvolvimento de conhecimentos, tecnologias e técnicas focadas no enfrentamento e acompanhamento da pandemia, dentro das possibilidades das áreas de conhecimento da universidade;

3)    adesão voluntária de docentes, técnicos, pesquisadores e estudantes a esses projetos de pesquisa e extensão, respeitando as condições psicológicas e estruturais de poderem ou não se engajar nessas ações;

4)    criação de um comitê para coordenação e acompanhamento das ações, com representação democrática de todas as unidades acadêmicas.

 

Durante o debate ao vivo desta terça-feira, 05/05, às 19h30 os ouvintes poderão interagir com os convidados enviando perguntas e comentários. Acompanhe a live na página da Adufmat-Ssind, de sua opinião, tire suas dúvidas. O acesso à página oficial da Adufmat-Ssind no Facebook pode ser feito por meio do link: https://www.facebook.com/ADUFMAT-SSIND-211669182221828/.

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Terça, 05 Maio 2020 10:29

 

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) não destinará bolsas de iniciação científica para a área de Ciências Humanas e Sociais até o próximo ano. As 25 mil bolsas do Programa de Bolsas para Iniciação Científica (Pibic) anunciadas terão vigência de agosto de 2020 a julho de 2021 e serão destinadas aos estudantes das Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICTs) e das Instituições de Ensino Superior (IES), públicas e privadas, selecionadas por meio de chamada pública. 

No anúncio divulgado na página do CNPq, na última quinta-feira (23), consta que apenas os projetos de pesquisa que apresentem aderência a, no mínimo, uma das áreas de tecnologias prioritárias do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) serão contemplados. "É um absurdo o governo federal, através do MEC, impor que a produção do conhecimento não seja feita pelas áreas das Humanas. Demonstra a visão fundamentalista, anticiência e reacionário do governo de extrema-direita, que tem como objetivo esvaziar o sentido da educação e da produção do conhecimento socialmente referenciada. Necessário lutarmos e resistirmos para que eles não transformem a Universidade em um braço do mercado absolutamente desvinculada das necessidades da população", disse Eblin Farage, secretária-geral do ANDES-SN.


Os investimentos em ciência e pesquisa no Brasil ainda são baixos e os cursos de ciências sociais, por exemplo, representam apenas 1,4% das bolsas de estudo do CNPq, segundo informações colhidas de audiência pública realizada no ano passado na Câmara dos Deputados.

As áreas prioritárias foram definidas em uma portaria (nº 1.122) publicada pelo ministério em março. Receberão as 25 mil bolsas as áreas de Tecnologias para Qualidade de Vida, para o Desenvolvimento Sustentável, de Produção, Habilitadoras e Estratégicas. 

A área de Tecnologias Estratégicas contempla os setores espacial, nuclear, cibernética e segurança pública e de fronteira. Já Tecnologias Habilitadoras incluem inteligência artificial, internet das coisas (IoT), materiais avançados, biotecnologia e nanotecnologia. A área de Tecnologias de Produção abrange indústria, agronegócio, comunicações, infraestrutura e serviços. Em Tecnologias para o Desenvolvimento Sustentável estão cidades inteligentes, energias renováveis, bioeconomia, tratamento e reciclagem de resíduos sólidos, tratamento de poluição, monitoramento, prevenção e recuperação de desastres naturais e ambientais, além de preservação ambiental. A última área, de Tecnologias para Qualidade de Vida, envolve os setores de saúde, saneamento básico, segurança hídrica e tecnologias assistivas.

Portaria
No dia 24 de março, uma portaria do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI), excluía a área de Ciências Humanas e Sociais das prioridades de projetos de pesquisa do CNPq até 2023. A definição dessas áreas tem como objetivo “contribuir para a alavancagem em setores com maiores potencialidades para a aceleração do desenvolvimento econômico e social do país” e “racionalizar o uso dos recursos orçamentários e financeiros, conforme a programação inicial do PPA 2020-2023”. 

Após a repercussão negativa e grande mobilização de entidades sindicais representativas dos docentes e de servidores dos órgãos de pesquisa ligados à pasta, foi publicada outra portaria (n°1329).

No novo texto, publicado no dia 30 de março, o ministério adicionou o parágrafo único: “São também considerados prioritários, diante de sua característica essencial e transversal, os projetos de pesquisa básica, humanidades e ciências sociais que contribuam para o desenvolvimento das áreas definidas nos incisos I a V do caput.”

 

Fonte: ANDES-SN

Segunda, 04 Maio 2020 19:47

 

Mais uma vez a opção do governo é retirar do trabalhador para beneficiar banqueiros, empresários e milionários. O Projeto de Lei Complementar (PLP) 39/20, previsto para entrar na pauta da Câmara dos Deputados nessa segunda-feira, 04/05, é apresentado como alternativa para a economia de estados e municípios, mas nada mais é do que a transferência do ônus de um sistema financeiro parasita aos trabalhadores.  

 

Há muito tempo o Ministro da Economia, Paulo Guedes, atribui a propalada crise econômica aos servidores públicos e ao aparato estatal que sempre - e especialmente neste período de pandemia - atende aos anseios da população. Agora, sob o pretexto de ajudar estados e municípios garantindo o repasse de R$125 bilhões, o governo federal e seus aliados no Congresso Nacional pretendem congelar os salários dos servidores por até 18 meses – ou seja, até 31 de dezembro de 2021. Um plano que não representa novidade alguma.

 

Caso o projeto seja aprovado sem alterações pela Câmara de Deputados - como os parlamentares costumam fazer para dar celeridade aos projetos que consideram urgentes -, seguirá para sanção presidencial. Se tiver alterações, volta ao Senado.

 

Entendendo que os governos devem governar para os trabalhadores e não para os ricos e, por isso, deveria taxar grandes fortunas, revogar a Emenda Constitucional 95 e suspender o pagamento de juros e amortização da dívida pública, o ANDES – Sindicato Nacional solicita aos docentes de todo o país que ajudem a barrar o projeto, enviando mensagens para deputados e senadores dos seus estados. A intenção é solicitar a retirada dos artigos 7º e 8º do PLP 39/30, com base no modelo de carta elaborado pelo sindicato (disponível abaixo).


Apesar de apresentar exceções para servidores das áreas de saúde, segurança pública e membros das Forças Armadas, o PLP 39/2020 pode congelar os salários de mais de dois milhões de professores e professoras federais, estaduais e municipais, que estão nas universidades, institutos federais e CEFET, pesquisando e produzindo diversos recursos e conhecimentos também fundamentais ao enfrentamento da Covid-19. 

 

“Há docentes nos hospitais universitários, enfrentando o vírus e arriscando a vida que serão penalizados caso o texto seja aprovado com a manutenção dos artigos 7º e 8º.  Revogar esses artigos se faz mais do que necessário em um momento como esse. Por isso, o Sindicato Nacional convoca a categoria a pressionar parlamentares e demonstrar que o texto aprovado no Senado desrespeita milhões de trabalhadores e trabalhadoras em todo o país! Diga não aos artigos 7º e 8º do PLP 39/2020”, divulgou o ANDES-SN.

 

Para contribuir com a mobilização, utilize o modelo de carta ao parlamentar e lista de e-mails, também disponíveis para download no arquivo anexo abaixo.

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Segunda, 04 Maio 2020 12:00

 

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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JUACY DA SILVA*
 

A recentíssima decisão do STF – Supremo Tribunal Federal, na última sexta feira, 24/04/2020, em Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) sobre uma lei Municipal que amordaçava a liberdade de pensamento e expressão em uma escola de Goiás, que, se não fosse constatada poderia ou poderá  virar moda, considerando o nível de autoritarismo, obscurantismo e preconceito que caracteriza o atual ministro da Educação e vários integrantes do Governo Bolsonaro e seus aliados de extrema direita espalhados pelos estados e municípios, nesta matéria.

Precisamos ficar alertas, vigilantes e não permitir que o retrocesso possa se abater ainda mais sobre a educação brasileira, muito pois o sucateamento da mesma já ocorre a olhos vistos, vilipendiada nos últimos tempos, com o avanço da extrema direita que tenta, desesperadamente, descontruir e abolir todas as vitórias e conquistas alcançadas pela educação brasileira nas últimas décadas!

Esta decisão histórica do STF não pode passar desapercebida para educadores, estudantes, enfim, a sociedade brasileira, pois é uma vitória da liberdade de pensamento, de expressão e do livre debate de ideias nas escolas, contra o arbítrio, o obscurantismo e o autoritarismo dos partidários da extrema direita no Brasil.

A escola só cumpre seu papel se possibilitar os espaços necessários para que a educação seja, realmente, crítica, criadora e libertadora, como tanto enfatizaram educadores como Anísio Teixeira, Paulo Freire ,Darcy Ribeiro, Rubem Alves e tantos outros que sempre propugnaram e lutaram por uma educação que seja o apanágio da liberdade e dos direitos humanos!

Em lugar da censura, que é um dos piores instrumentos e uma das características mais perversas de todas as ditaduras, civis ou militares, de esquerda ou de direita, viva a Liberdade, vida longa para a democracia, para a pluralidade de ideias e para a separação entre a Igreja, as religiões e o Estado laico que, representa a liberdade de culto e de expressão e se contrapõe ao totalitarismo das Teocracias, não importa qual o grupo religioso hegemônico na sociedade. A hegemonia do pensamento único é o caminho para a tirania, para a prepotência e para os abusos que silenciam, torturam e matam não apenas as pessoas, mas as ideias e a esperança de uma sociedade justa, inclusiva e um mundo melhor.

A laicidade do Estado e o respeito à diversidade de pensamento são as grandes conquistas do mundo ocidental ao longo de séculos e as únicas garantias do avanço da ciência, a partir da liberdade de pensamento e de investigação nas escolas, em todos os níveis, da mais tenra idade até as universidades.

Sem liberdade de pensamento e de expressão as pessoas se tornam escravas dos donos do poder, das classes dominantes e dos eternos “donos da verdade”.  Liberdade sim, escravidão, Jamais!



*Juacy da Silva, professor universitário, fundador, titular e aposentado Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de alguns veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy