Sexta, 01 Dezembro 2023 14:43

 

A Adufmat-Ssind iniciou, esta semana, um Quadro de entrevistas com todas as chapas candidatas à Reitoria da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) 2024. A ideia é pautar as questões de interesse da categoria docente e da comunidade acadêmica como um todo, até o momento da votação, que será realizada, em primeiro turno, em março de 2024.
 
Conforme explicado aos candidatos no e-mail enviado na tarde de segunda-feira, 27/11, no endereço de e-mail dos candidatos à reitor(a) e aos representantes docentes na Comissão Eleitoral, o Quadro “Candidatos Respondem” terá sua primeira publicação nesta sexta-feira 01/12/23. A dinâmica será sempre a submissão de uma pergunta por vez, igual para todas as chapas inscritas, sem limitação de espaço para a resposta.
 
Para a primeira pergunta, solicitamos aos candidatos que encaminhassem a resposta impreterivelmente até a noite do dia 30/11. Responderam, conforme o solicitado, as chapas 1 e 3 - UFMT que Queremos e UFMT Novos Rumos, respectivamente. As respostas serão divulgadas após a pergunta, na ordem numérica das chapas. Confira.  

Pergunta: A Adufmat-Ssind entende a Progressão Funcional como um direito do servidor público, em que, para o/a docente ter acesso, basta a comprovação do cumprimento jornada de trabalho contratual. Não há qualquer previsão legal de métrica produtivista para o alcance da progressão funcional e não é este o caminho que o sindicato defende. Defendemos a superação do produtivismo para uma Universidade, cujas decisões devem ser pautadas em necessidades humanas (não em cifras e metas) e é neste sentido que defendemos debater a Progressão Funcional. No entanto, a UFMT não tem operado desta forma. Qual é a proposta da sua chapa para esta matéria?
 
 
Resposta da Chapa 1 - UFMT que Queremos
 

A progressão na carreira é uma conquista fundamental dos docentes das universidades federais, reconhecida a partir de 1987. Não por acaso, desde então, muitos têm sido os movimentos (sutis ou não) para subtração do alcance pleno deste direito. 

Na UFMT, duas dimensões do trabalho docente têm enfrentado problemas de grandes proporções. O primeiro diz respeito à Resolução n. 158/2010, que trata da regulamentação das atividades docentes. O segundo está relacionado às exigências para progressão funcional. Ambas dimensões, sob a forma de Resoluções do CONSEPE, têm sido encaminhadas sem o enfrentamento quanto à especificidade do trabalho docente. Isto é: se tem limitado a discussão à carga horária e à pontuação para progressão a partir do controle do tempo (hora) e do alcance das metas produtivistas, sempre ampliadas.  

Assim, ao não enfrentar a questão central que é reconhecer a especificidade do trabalho docente (que transcende a sala de aula e orientação discente), as proposições da UFMT que envolvem o assunto não apenas criaram instrumentos de registro que não correspondem à realidade do trabalho semanal docente (PIA), senão que tais instrumentos ocultam a quantidade total de horas dedicadas àquelas atividades registráveis.

Tem-se, assim, perdas de variadas dimensões: a) o instrumento não permite o registro de atividades típicas/comuns aos docentes, tais como participação em bancas de avaliação discente; elaboração de artigos; emissão de pareceres; participação nas mais diversas comissões de trabalho; participação em conselhos editorais; organização de eventos; organização de coletâneas; etc.; e, b) o instrumento omite a totalização das horas registradas que excedam 40h semanais, inclusive limitando o número de registros naquelas atividades disponíveis.

Se quanto à Resolução n. 158/2010, o processo de discussão não tem avançado desde 2017 (sem considerar aqui a tentativa frustrada da Reitoria de tentar repassar para o CONSUNI o que é de competência do CONSEPE), quanto à Progressão Funcional, desde 2019, a discussão foi retomada, provocada pela CPPD.

Apresentadas sem articulação entre elas, as Minutas seguem sem diálogo entre si, como se não tivessem em comum o trabalho docente. A consequência é que a Minuta sobre Progressão Funcional que ora tramita no CONSEPE, além de não enfrentar o problema da especificidade do trabalho docente e, portanto, manter a referência no controle do tempo, das metas e da métrica, e, tampouco dialogar com a Resolução n. 158, as proposições constantes na Minuta não são de amplo conhecimento da categoria docente.

Desta maneira, enfrentar as dimensões e especificidades do trabalho docente, assim como os instrumentos utilizados para seu registro, são fundamentais para a construção de uma Resolução comprometida com o reconhecimento e valorização do trabalho docente, contribuindo, inclusive, para o enfrentamento dos altos índices de adoecimento físico e mental de muitos professores, soterrados pelo excesso de trabalho.

Profa. Dra. Marluce Souza

Prof. Dr. Silvano Macedo Galvão 

Chapa 01


Resposta da Chapa 3 - UFMT Novos Rumos
 

A Chapa 3 entende que a temática da Progressão Funcional  merece uma discussão profunda e profícua, que envolva todo o segmento docente, e que, necessariamente seja articulada com o debate sobre o trabalho diário da professora e do professor na universidade.

É evidente que a atual normatização não atende aos anseios e necessidades da categoria. Logo, é urgente e necessária a sua revisão.

Uma revisão que produza uma resolução que incorpore os princípios fundamentais de respeito e valorização do trabalho docente. É preciso que os sistemas da universidade estejam integrados facilitando o processo de progressão funcional.

A complexidade e magnitude de pautas como a Progressão Funcional e o Trabalho Docente impõem que uma gestão superior preocupada com as pessoas realize uma discussão continua com a comunidade acadêmica para o aperfeiçoamento e a eficiência de nossas normativas. . Infelizmente a atual gestão interditou esse e outros importantes debates para a UFMT.

Defendemos, portanto, uma Progressão Funcional que garanta integralmente os direitos dos docentes e permita o fortalecimento da nossa universidade.

​Prof. Dr. Marcus Cruz

Profa. Dra. Lisiane Pereira 

Chapa 03

Sexta, 01 Dezembro 2023 14:37

 

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados aprovou  parecer da relatora, deputada Ana Pimentel (PT-MG), pela aprovação do PL 2699/2011, que trata da alteração da forma de escolha de reitoras e reitores das universidades, Cefets e Institutos Federais. A votação foi acompanhada por Lucia Lopes e Alexandre Galvão, respectivamente 3ª vice-presidenta e 2º secretário do ANDES Sindicato Nacional.

 

 

O projeto aglutina outras 14 proposições e o substitutivo que havia sido aprovado na Comissão de Educação, incluindo a proposta do ANDES-SN pelo fim da lista tríplice, apresentada ao deputado Tarcísio Motta (PSol-RJ), convertida no PL 1621/2023, que incorpora princípios do Caderno 2 do Sindicato Nacional.

Para o ANDES-SN, apesar de não ser o ideal, a aprovação é uma vitória parcial, pois sinaliza rumo à autonomia administrativa, onde o processo eleitoral começa e termina na instituição. Na avaliação de Lucia Lopes, o texto aprovado requer acompanhamento sistemático para evitar que a conquista de hoje seja comprometida. “O ANDES-SN sempre defendeu que a eleição dos dirigentes nas instituições federais de ensino se dê com a participação universal ou paritária dos docentes e das docentes, de discentes e de técnicos administrativos. As proposições hoje apresentadas nem todas caminham nessa direção. Apresentam ainda alguns obstáculos como critérios restritivos para aqueles ou aquelas que poderão se candidatar como reitoras e reitoras e limitam a participação ampla dos docentes e daqueles que compõem a comunidade universitária”, analisa. A dirigente destaca também que a redação final do projeto será dada pela CCJC e isso é motivo de alerta pelo risco de modificações. 

Apesar de considerar ser uma grande vitória para que o processo de escolha de reitoras e reitoras seja feito respeitando a vontade da comunidade universitária, o ANDES-SN mantém as críticas apontadas quando da aprovação do substitutivo na Comissão de Educação (leia AQUI), devido aos limites e restrições que a proposta abraça. Confira trechos da nota:

Em primeiro lugar, o substitutivo define requisitos para as candidaturas para reitor(a) e vice-reitor(a) que são incompatíveis com o que defendemos no Caderno 2. O substitutivo estabelece que nas universidades poderão candidatar-se apenas docentes da carreira de Magistério Superior que possuam o título de doutor ou estejam posicionados como Professor Titular ou Professor Associado 4 ou sejam ocupantes de cargo efetivo isolado de Professor Titular Livre do Magistério Superior. Desta maneira, o substitutivo exclui a possibilidade de participação de inúmeros setores da comunidade universitária, em especial docentes da carreira EBTT. Sobre este ponto, o Caderno 2 indica que “todos docentes serão elegíveis para funções administrativas e para colegiados, independentemente de sua referência na carreira” (ANDES-SN, 2013, p. 24). 

Em segundo lugar, o substitutivo impossibilita qualquer isonomia ao definir regras diferenciadas para a escolha de dirigentes em universidades e institutos federais. Nos Institutos Federais, o substitutivo estabelece o critério de paridade, enquanto para as universidades estabelece que as regras eleitorais serão homologadas por “um colegiado criado especificamente para este fim”. Além disso, no caso das universidades, não se assegura a paridade ou universalidade. 

Em terceiro lugar, o substitutivo abre a possibilidade de violação da autonomia didático-científica, administrativa, de gestão financeira e patrimonial ao estabelecer que “representantes de entidades da sociedade civil” tenham o direito de participar do processo eleitoral. Isto abre a possibilidade de que entidades privadas e que não têm relação direta com a universidade possam escolher o(a)s dirigentes de nossas instituições. Para o Andes-SN é fundamental que todo processo comece e termine no âmbito da instituição e, por isso, defendemos que participem das eleições apenas “docentes, estudantes e técnico-administrativos” (ANDES-SN, 2013, p. 25).

Com a tramitação conclusiva na CCJC, o projeto segue para análise no Senado, onde também deverá tramitar terminativamente nas comissões Especial e de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Como na Câmara dos Deputados, a tramitação conclusiva no Senado também excluiu a votação em plenário. 

 

Fonte: Andes-SN

Quinta, 30 Novembro 2023 16:26

 

A Comissão responsável pela Eleição Extemporânea para Diretoria da Subseção Araguaia da Adufmat-Ssind informa o resultado preliminar da votação realizada nesta quarta-feira, 29/11:

Chapa 1 - Democracia e Transparência obteve 31 votos. 

Quinta, 30 Novembro 2023 16:18

 

DECISÃO Nº 006 CCIUFMT - ALTERA DATAS DOS DEBATES

 

 

(Documento também disponível para download no arquivo anexo abaixo)

Quinta, 30 Novembro 2023 16:13

 

DECISÃO Nº 005 CCIUFMT - MAPA DE URNAS

 

(Documento também disponível para download no arquivo anexo abaixo)

Quinta, 30 Novembro 2023 15:58

 

A Universidade Federal Fluminense (UFF) está entre as 16 melhores instituições públicas de ensino superior do país, segundo o QS World University Rankings 2024.  Também ocupa a 55ª colocação no QS Latin America & The Caribbean Rankings 2024, e está classificada entre as 31 melhores universidades do Cone Sul. Isso se deve trabalho dos servidores que, muitas vezes, dedicam suas vidas à instituição. Um deles é o professor titular da Faculdade de Administração, Dr. Cláudio Gurgel, efetivo desde 1994. São quase 30 anos exercendo ensino, pesquisa, extensão, além de funções administrativas, para formar profissionais e edificar uma educação pública capaz de atender as necessidades da sociedade brasileira.

 

Como recompensa, atualmente, Gurgel é um dos 33 ex-conselheiros ameaçados de demissão ou cassação de aposentadoria, por uma manifestação emitida há mais de quinze anos (2008), em reunião do Conselho Universitário (CUV). Na ocasião, os conselheiros apenas reconheceram o direito de reenquadramento de servidores técnicos-administrativos aposentados na então nova carreira.

 

À época, não havia consenso jurídico sobre a questão, e a manifestação contrariou o parecer da Procuradoria Geral junto à UFF, que iniciou um processo de apuração das ações do então reitor com a participação dos conselheiros. Em 2019, sem qualquer comprovação de irregularidade ou má fé, a Comissão de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) emitiu o seu relatório final, indicando a “absolvição sumária dos servidores notificados”. Seguindo os trâmites, a Procuradoria Federal junto à UFF registrou o Parecer 108/2019, encaminhando o “acolhimento do relatório da Comissão Processante”, ou seja, a absolvição.

 

Ocorre que, em outubro do mesmo ano, um procurador federal, candidato em 2018 a deputado federal pelo Partido Social Liberal (PSL), apoiador do então candidato a presidente, igualmente pelo PSL, Jair Bolsonaro, apresentou a Nota Técnica de Juízo de Admissibilidade de número 82, concluindo pela “existência de indícios de cometimento de infrações disciplinares”, recomendando a instauração, novamente, de Processo Administrativo Disciplinar em face do ex-reitor, ex-vice-reitor e dos conselheiros do Conselho Universitário “à época dos fatos presentes na Sessão Extraordinária”.

 

O novo processo, que poderia ser um genuíno romance kafkaniano, seguiu dois anos inteiros sem qualquer tipo de movimentação ou apresentação de documentos que justificassem sua existência. No entanto, sob o Governo Bolsonaro, em janeiro de 2022, nova comissão se reuniu para iniciar os trabalhos. Para “dar celeridade”, a comissão dividiu os processados em três grupos, de forma arbitrária e sem critério conhecido.  Desrespeitando inclusive o recesso forense, em 24 de dezembro de 2022, o Relatório da Comissão foi protocolado no Ministério da Educação (MEC) com a indicação de notificação dos primeiros nove acusados, para os quais se pede demissão e cassação de aposentadoria.   

 

Indignados, os ex-conselheiros, alguns já aposentados, atribuem o fato à flagrante perseguição política. “Esse fato compromete a atuação de qualquer conselheiro em qualquer lugar. Nós temos a presunção de que o critério desta acusação seja político, com interesse em promover um ataque a mais à universidade pública. Se um conselho universitário está exposto a um processo desta natureza, porque contrariou o parecer de um procurador, se além do processo há uma possibilidade de o conselheiro, representante da comunidade, ser demitido ou ter aposentadoria cassada, você imagine como se sentem os conselheiros hoje em dia? Como se sentirão os conselheiros em qualquer lugar do Brasil?”, avalia Gurgel.

 

A categoria reagiu. A Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal Fluminense (Aduff) e o próprio Andes-Sindicato Nacional realizaram diversas ações para arquivar, de vez, o processo. No entanto, um ano depois da notificação dos nove ex-conselheiros, o grupo permanece apreensivo e em busca de respostas. Um novo grupo de ex-conselheiros está sendo interrogado, para uma nova “fatia” de professores ameaçados tramitar no MEC, como se o bolsonarismo continuasse atuando livremente no Governo Federal.

 

“A responsabilização dos conselheiros é o que qualifica este fato como uma questão nacional. O funcionamento da democracia no interior da universidade se encontra evidentemente ameaçado, em plano nacional e para todos os tempos, se esse processo continuar evoluindo. Não é uma questão apenas de trinta e poucos conselheiros. Um caso desses deveria ser objeto de uma simples extinção, por conta do seu significado concreto e simbólico. Porque o fato de você admitir que um conselheiro venha a ser processado, simplesmente porque ele emitiu um voto diferente do que um parecer da Procuradoria quer, é o comprometimento geral de todo o sistema”, concluiu o ex-conselheiro.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Quinta, 30 Novembro 2023 15:21

 

 

Na próxima segunda-feira, 04/12, às 13h30, o auditório da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind) receberá uma atividade do I Encontro Mato-grossense sobre Violência Política de Gênero. Será uma roda de conversa aberta a todas as participantes que queiram compartilhar suas experiências e pensar propostas de políticas públicas capazes de mudar o histórico do estado, que está entre os mais agressivos do país.  

 

O evento, que será presencial, mas também terá transmissão online, será coordenado por professoras e também pesquisadoras da área. A advogada Priscila Stella Munhoz é uma delas. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Política Social da UFMT (PPGPS), seu trabalho pretende desvelar como têm sido registradas e tratadas as situações de violências políticas de gênero em Mato Grosso entre 2021 e 2023.     

 

“A minha pesquisa é sobre a violência política de gênero em Mato Grosso. Em 2021 foram sancionadas duas leis, a Lei 14.192 que acrescentou no Código Eleitoral o crime de violência política de gênero, e a Lei 14.197, que acrescentou no Código Penal o crime de violência política que pode ter incidência em casos de violência política contra a mulher. Acontece que há uma banalização e normalização das violências de forma estrutural e institucional e quando falamos em violências contra as mulheres é ainda mais complicado”, explica a pesquisadora.

 

Dois casos recentes explicitam a atualidade dessas leis: o impeachment de Dilma Rousseff e o assassinato da vereadora Marielle Franco. De acordo com Munhoz, há um protocolo de julgamento com perspectiva de gênero do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que trata também de casos de violência política contra a mulher. Por isso, o ideal seria que o Poder Judiciário e todos os órgãos que atuam com ele tivessem uma análise de julgamento e atuação com perspectiva de gênero.  

 

As leis observadas versam sobre a participação política das mulheres em diversos âmbitos, não apenas o partidário. “A lei que alterou o Código Eleitoral se refere exclusivamente a candidatas em período ou mandato eleitoral. Já a lei do Código Penal encontra uma objetividade jurídica que está relacionada à ampla participação política das pessoas e, quando a gente fala das mulheres, à mulher que ocupa qualquer cargo de poder e decisão para além do mandato eletivo, da política institucional, do Legislativo, de ocupar um cargo político público. A gente está falando da mulher que é representante sindical, que está no movimento social, que é presidente de bairro; tanto a que já está quanto a que pretende se candidatar”, conclui.

 

Para a professora Dra. Dejenana Campos, do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), campus Cel. Octayde Jorge da Silva, a violência política de gênero está representada em qualquer ato que pretenda excluir as mulheres dos espaços de debate e decisão. “A violência política de gênero afasta as mulheres do espaço de poder e decisão. É qualquer ato com o objetivo de excluir a mulher do espaço político, impedir ou restringir seu acesso ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade. Nós precisamos dialogar, classificar, mapear e diagnosticar os tipos de violência que as mulheres sofrem na política institucional e eleitoral, para melhor orientar o debate público, fortalecendo a democracia do nosso país. Nosso tempo urge! Nós precisamos de mais mulheres no poder e mais poder para as mulheres”, completa.

 

Desrespeito a outros Direitos Humanos

 

A Roda de Conversa do I Encontro Mato-Grossense sobre Violência Política de Gênero está inserida numa programação que envolve também debates sobre outros temas relacionados aos Direitos Humanos.

 

A professora Edir Almeida, que leciona desde 1996 no curso de Ciências Contábeis da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), explica que esta atividade já é realizada há muitos anos, mas que, pela primeira vez, reunirá as três instituições. “Esse evento é resultado de uma soma de esforços das instituições, que têm afinidades nas temáticas de Direitos Humanos. Assim, nós resolvemos fazer uma programação coletiva, criar um calendário de atividades e a fazer um bloco de eventos. A gente já fazia isso tradicionalmente, de forma separada ou com outros parceiros. Então, esse ano, a gente continuou essa tradição e conseguiu associar as três instituições em torno desse esforço coletivo”, relata.

 

Além do debate sobre violência política de gênero, também haverá mesas com temáticas relacionadas às políticas voltadas às questões das desigualdades raciais, violências contra povos e comunidades tradicionais - cujos direitos têm sido aviltados em função de atividades predatórias como garimpo, madeireiras, centrais hidrelétricas -, acolhimento da população imigrante ou refugiada e garantia de segurança alimentar e nutricional, especialmente para a população em situação de vulnerabilidade. Os encontros serão realizados nos municípios de Cuiabá e de Cáceres.

 

“Serão várias atividades, painéis, mesas, rodas de conversa, atos. Por exemplo, no dia oito, em Cáceres, nós faremos o plantio de árvores numa escola, onde há um curso de Agricultura Urbana e Agroecologia. Com isso a gente tem a proposta de reafirmar o papel social da universidade, através das suas várias atividades. Trazer essa discussão sobre políticas públicas, para entender o que o Estado, o que o Poder Público está fazendo para mitigar essas questões”, destaca.

             

Como participar?

 

O I Encontro Mato-Grossense sobre Violência Política de Gênero será presencial e também terá transmissão online.

 

Será uma roda de conversa para que todas possam dialogar, partilhar e construir ações de enfrentamento às violências políticas que atravessam a vida de todas as mulheres candidatas e ocupantes de espaços políticos de poder e decisão.

Para se inscrever, basta preencher as informações solicitadas no link abaixo: https://forms.gle/noQ8z8jeCK16FQif6

 

Haverá certificação para os participantes do evento. Confira a programação completa:

 

 

 

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Quarta, 29 Novembro 2023 16:37

 

 

Jiddu Krishnamurti foi um filósofo e educador indiano que morreu em 1986. É dele a clássica frase “não é sinal de saúde estar bem adaptado a uma sociedade doente”. Uma pequena demonstração de que há muitos anos estudiosos e cientistas identificam que não estamos caminhando como deveríamos.

 

Nesse sentido, o aumento de ocorrências cotidianas relacionadas à saúde mental e, consequentemente, de pesquisas na área, é sintomático. São as universidades públicas que realizam a maior parte dos estudos, observando grupos fora e dentro das instituições.

 

Na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), por exemplo, a mestranda do Programa de Pós-graduação em Política Social, Gisele Marques Lopes, se dedicou ao estudo do adoecimento docente dentro da instituição, entre 2011 e 2022. Sua dissertação foi apresentada em 30 de outubro deste ano.

 

Os resultados preliminares da pesquisa indicaram a sobrecarga de trabalho, algumas extrapolando a função docente, como a realização de atividades técnico-administrativas por ausência de servidores para auxiliarem as coordenações de curso, excesso de trabalho nas chefias de departamentos e demais atividades administrativas, como a participação em comissões, além do volume de trabalho excessivo para dar conta das atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão.

 

Também foram relatados problemas com relação a estrutura precária da universidade, ambientes insalubres, prédios desabando, limpeza precária de laboratórios, ausência de segurança no campus no período noturno, falta de equipamentos mínimos para ministrar as aulas e relações que configuram assédio.

          

O próprio Sindicato Nacional da categoria (Andes-SN) está levantando informações, neste momento, por meio da enquete nacional “Condições de Trabalho e Saúde dos(as) Docentes que atuam nas Universidades Públicas, Institutos Federais e Cefets”. Alguns dados preliminares já foram divulgados, inclusive com a contribuição de docentes da UFMT (veja aqui).  

 

Para falar mais sobre doença e saúde mental, a Adufmat-Ssind entrevistou a doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e professora do Departamento de Psicologia da UFMT, Vanessa Furtado.

 

Entre outras observações, a psicóloga reafirmou o fato de que as condições de saúde e doença são multideterminadas por diversas questões, isto é, que a constituição da unidade psicofísica de cada pessoa é fruto de suas relações sociais e históricas com o meio social.

 

Confira abaixo íntegra da entrevista.

 

 

Adufmat-Ssind.: Há dados estatísticos, pesquisas ou estudos que demonstrem o aumento do desenvolvimento de doenças psíquicas no mundo, no Brasil e/ou nas universidades?

 

Vanessa Furtado: Não sei se há algum espaço, local ou entidade que faça uma compilação desses dados estatísticos. No campo da pesquisa, o que é possível perceber nas bases de dados como Redalyc, Scielo, Google Acadêmico é que houve um aumento de pesquisas que tem como objeto a saúde mental de docentes do nível superior no período da pandemia e ensino remoto. Porém, no ano de 2016, o ANDES realizou um evento sobre saúde docente em Fortaleza e, já naquele momento, diante dos depoimentos e discussões no evento, era possível notar um processo de adoecimento psíquico entre docentes. Uso esse recorte de tempo só para termos uma noção de que quatro anos antes da entrada no ensino remoto em decorrência da pandemia, já era possível notar adoecimento psíquico na categoria.

 

Também é possível notar pesquisas em 2009, 2012, 2016, 2018 que trabalham o tema, mas são poucas e espaçadas as análises em comparação com os números produzidos sobre o tema a partir da pandemia.

 

O que quero dizer é que, embora, numa primeira e superficial análise, tenha havido uma preocupação maior com o agravamento do sofrimento psíquico docente no período de pandemia, essa realidade já estava presente no processo de trabalho da categoria muito antes. Isto quer dizer que pode ser que a pandemia tenha agudizado a situação, mas que os fatores de adoecimento não estão apenas ligados às formas remotas do processo ensino-aprendizagem, mas sim na própria forma de organização do trabalho docente hoje. É preciso entendermos esse processo como historicamente construído e sua relação, por exemplo, com as perdas de direitos trabalhistas nas reformas estatutárias e das leis trabalhistas de forma geral.

 

Ad: Quais são os principais motivadores das doenças relacionadas ao trabalho no geral e também dentro da universidade, entre docentes, discentes e técnicos?

 

VF: A gente tem trabalhado com a tese da Determinação Social da Saúde, que em essência entende os processos saúde e doença a partir de fatores multideterminados constituídos social e historicamente da singularidade de cada pessoa, bem como, das particularidades, contextos sociais em que a pessoa está inserida. Neste sentido, não se trata de apenas um fator que se possa apontar como etiologia da patologia, mas sim, de uma série de fatores que estão ligados às formas de produção e reprodução da vida. Então, não se tratam de fatores biológicos e/ou genéticos dados desde o princípio da concepção daquela pessoa que vão determinar se ela vai ou não adoecer, mas sim a relação estabelecida entre a pessoa e o seu meio social. Ainda dentro da ideia da genética, é preciso considerar os fatores que são chamados epigenéticos que, em essência, estão relacionados em como a interação com o meio anula ou favorece a expressão fenotípica de um gene. Isto mostra que o biológico não é determinante, mas sim a relação da pessoa com o meio social que vai incidir, inclusive, em sua constituição biológica ao longo da vida. Para aprendermos o processo de adoecimento psíquico, portanto, preciso entender como a relação entre a pessoa, enquanto unidade psicofísica, e seu meio social se dão. É aí que precisamos entender o lugar do trabalho assalariado no processo de adoecimento, enquanto processo de produção e reprodução da vida.

 

No modo de sociabilidade capitalista, o trabalho assalariado se configura como principal meio de manutenção da vida, tudo se transforma em mercadoria comprável a partir do dinheiro recebido pelo nosso trabalho. Sem trabalho, boa parte da população mundial não consegue sequer se alimentar, os postos de trabalho estão sob domínio e controle da burguesia e associado à produção do lucro dessa classe às custas da exploração da mão de obra da classe trabalhadora. Quanto mais explorada, no sentido de maior carga de trabalho, menos direitos trabalhistas e menores salários, mais aumenta o lucro da classe dominante. Para sustentação dessa exploração engendra a lógica da opressão, que vai dizer, em última instância, dos processos ideológicos que desvaloriza, ou melhor, atribui um menor preço à mão de obra que se distancia cada vez mais das formas fenomênicas do ethos burguês (branco, homem, cis, heteropatriarcal, etc). Daí incidem as opressões como o racismo, o machismo, a lgbtqia+fobia, dentre outras. Uma ideologia que sustenta, por exemplo, as diferenças salariais entre homens e mulheres; a diferença do valor da mão de obra europeia e brasileira.

 

Além disso, é preciso analisar a história de vida da pessoa e sua exposição a fatores de adoecimento, como as diversas formas de exploração da mão de obra, trabalhadoras que estão mais expostas ao sol, tendem a desenvolver mais problemas de pele e câncer do que os que não estão; trabalhadoras expostas a produtos químicos tendem a desenvolver doenças respiratórias (ainda que utilizem Equipamentos de Proteção Individual - EPIs, porque os EPIs reduzem os danos); etc.

 

Estou trazendo todos esses elementos para demonstrar que essas relações refletem nas pessoas diversas formas e modificações de sua constituição enquanto unidade psicofísica e podem se expressar como adoecimentos, não apenas psíquicos, mas casos de pressão alta, diabetes, problemas cardíacos, câncer, entre outros. É a isso que se denomina Determinação Social do Processo Saúde e Doença, (uma categoria da medicina latinoamericana cujos expoentes são Breilh e Laurel), não se trata de apenas um agente etiológico determinando o processo, mas vários outros fatores que incidem na forma de expressão daquele tipo de adoecimento. Por exemplo, a COVID-19 é um vírus que provoca uma série de alterações no organismo que podem levar as pessoas à morte. No entanto, algumas desenvolveram condições graves e morreram ou carregam sequelas até hoje, enquanto outras, mesmo sem vacina, não desenvolveram sintomas tão graves assim e se curaram sem precisar ser hospitalizadas. E há, ainda, uma outra gama de pessoas que desenvolveram condições agravadas dessa doença, mas tiveram mais acesso aos recursos médicos de cuidado, condições de repouso sem preocupação com tarefas domésticas e cumprimento de metas do trabalho assalariado; acesso a hospitais e tecnologias de saúde que a grande maioria das pessoas não tiveram, e isso ajudou o processo de recuperação da doença. Enfim, o vírus agiu em cada pessoa de forma diferente e cada pessoa teve condições objetivas, materiais e psicofísicas diferentes de lidar com seu adoecimento, o que pode ter sido determinante para essa pessoa viver ou morrer. O que fica disso é o fato de que a condição saúde e doença é multideterminada por essas diversas questões que vimos trabalhando aqui, a constituição da unidade psicofísica de cada pessoa é fruto de sua relação social e histórica com o meio social.

 

Ad. No caso específico das universidades, quais são os cuidados mais relevantes para a prevenção do desenvolvimento dessas doenças?

 

É difícil falar dos cuidados em apenas um aspecto como nas universidades, mas é preciso atentar-se para fatores que agravam e agudizam os sofrimentos psíquicos e estes passam a se constituir como processo de adoecimento. Vivemos, na universidade, enquanto trabalhadoras, uma série de perdas de direitos. Um exemplo básico: na universidade, enquanto docente, se eu adoecer e não puder dar aulas e apresentar atestado médico de um ou dois dias (ou algum atestado que seja inferior a três meses, que é o que não gera lastro para contratação de substituto) eu preciso, de alguma forma, repor as horas de aulas que não dei durante a licença médica. Então, vemos docentes que, mesmo com "doenças menores", como uma febre, vão dar aulas, porque, se não derem, isso vai incidir em sua carga de trabalho posterior, pois, embora apresentem atestado médico, os dias atestados por afastamento por saúde devem ser repostos, sob pena de prejudicarem também as estudantes, que não fecham carga horária daquela disciplina para poderem se formar. É neste nível de exploração da mão de obra da classe docente que estamos na UFMT. Você tira licença para produzir pesquisas, licença pós-doutorado, por exemplo, que são de interesse da própria universidade, porque seu rankeamento é medido pelo número de produtividade de pesquisa, mas ao retornar deve repor os encargos não dados. Muitas docentes não têm encargos nas pós-graduações contados em suas horas de trabalho, porque não se pode extrapolar um determinado número de horas de trabalho, embora a gente trabalhe mais do que está em nosso contrato de 40h. Em outras formas de trabalho, trabalhar mais do que o contratado gera horas-extras em termos de remuneração, aqui na UFMT nem isso gera. Mas, ainda assim, o que significa a hora-extra? Um trabalho fora da hora contratada que, em última instância, rouba o nosso tempo de lazer, de ficar com a família, amigos, de estabelecer vínculos e relações sociais outras que não se circunscrevem apenas ao ambiente do trabalho. Estes vínculos e atividade fora do trabalho são essenciais para o processo de prevenção e promoção de saúde no âmbito da saúde mental.

 

Talvez o principal cuidado nas universidades em termos de trabalho docente é que seja nossa luta diária a busca por direitos trabalhistas que nos dê condições de Ensino, Pesquisa e Extensão de forma dignas, que as atividades fora de sala de aula não se constituam atividades extras, que a lógica da produtividade imposta pela CAPES seja questionada e modificada, o financiamento da universidade não pode estar atrelado à sua produtividade como se fôssemos uma indústria privada de fabricação e conhecimento. O processo de pesquisa, muitas vezes demanda tempo, as publicações de artigos, trabalhos científicos demandam tempo de processamento de dados, ideias, etc. O modelo atual não faz avançar a produção científica no Brasil em termos reais, apenas em termos estatísticos, talvez, sob as custas da maior exploração da mão de obra docente, sem a devida remuneração e menos tempo para vivenciar as outras esferas de sua vida para além do trabalho, o que culmina no adoecimento da classe docente. Nós poderíamos afirmar que reflete no adoecimento de toda a comunidade acadêmica, porque os processos de aumento da exploração unidos com o aumento das opressões se expressam em todos os setores da universidade.

 

Uma última observação se faz necessária, em que pese que, ainda que fôssemos remuneradas pelas horas-extras, estaríamos vendendo a nossa saúde, pois estaríamos abrindo mão de realizar atividades que poderiam nos servir como fatores de prevenção e promoção de saúde. Por outro lado, espero que tudo o que tenho discutido aqui nos possibilite entender também que não se pode atribuir a apenas ao indivíduo as questões que dizem respeito a sua saúde, como entrar no clichê de "hábitos saudáveis". Porque as condições de trabalho incidem diretamente nas condições objetivas e materiais da pessoa conseguir ter ou não ter hábitos que lhe possam trazer mais benefícios à sua saúde - tempo, dinheiro, organização da rotina, etc. Por isso, a responsabilização não pode ser individualizada, mas entendida a partir das determinações sociais e históricas do processo saúde e doença.

 

Ad. Gostaria de dizer mais alguma coisa?

 

VF: Por fim, a questão da saúde mental na comunidade acadêmica tem sido uma pauta pouco trabalhada na UFMT, pelo menos nos últimos 10 anos, que pude acompanhar. Digo pouco trabalhada, porque elas se restringem a ações pontuais, em geral, em casos de agravos do processo de adoecimento como surtos psicóticos, tentativas de suicídio etc. Mas, as ações se encerram em casos pontuais.

 

Além disso, há outros fatores que não são encarados como questões de saúde mental, como o uso abusivo e nocivo de substâncias como álcool e outras drogas lícitas ou ilícitas. Se fizermos um levantamento rápido em um departamento ou faculdade de quantas pessoas ali fazem uso de medicação psiquiátrica, por exemplo, não será surpresa encontrarmos um número superior a 50% do corpo docente, de técnicas e técnicos e estudantes. O uso desses medicamentos, assim como o uso de substâncias como o álcool, é banalizado e naturalizado por grande parte das pessoas e na universidade não é diferente. Todas nós sofremos com o aumento do processo de perdas de direito, aumento da exploração e opressão do nosso trabalho e no nosso ambiente de trabalho, que culminam em formas de assédios morais e institucionais, todas nós nos medicamos seja com medicação farmacológica seja com substâncias outras, mas sofremos, de certa forma, caladas, porque individualizamos o processo de adoecimento e naturalizamos o aumento do processo de exploração e opressão que temos assistido nas universidades federais brasileiras. Quantas docentes, ao invés de questionarem o modelo de produtividade da CAPES, tomam como regra natural e imutável, e acabam por extrapolarem suas horas de trabalho para publicarem um artigo? Pressionam suas orientadas e orientados para que concluam os trabalhos de pesquisa e isso gere publicações? É esta relação que muitas vezes resulta em casos de assédio e são absolutamente banalizadas dentro da estrutura da universidade, não só no Brasil e não apenas na relação docente e estudante, mas também na relação docentes e técnicas e técnicos em educação e entre o próprio corpo docente.

 

A solução, assim como a causa do adoecimento psíquico, não pode ser individualizada. É preciso um processo de entendimento coletivo dos principais fatores que asseveram o adoecimento psíquico nas universidades, lutar por condições de trabalho dignas, pelo direito do gozo das licenças em seus tempos determinados pelas resoluções de modo a não precisar repor as atividades não dadas, porque isso se configura em maior sobrecarga de trabalho e, na prática, é a perda do direito de se afastar do trabalho, seja por motivos médicos ou para capacitação e qualificação. Isto vai ter impactos em situações de pessoas que preferem fazer procedimentos médicos no período de férias, por exemplo, perdendo mais esse direito de gozar das férias remuneradas como descanso das atividades laborais no tempo previsto por lei de 30 dias - o que foi recentemente alterado na UFMT à revelia da lei.

 

Por fim, acredito que, sendo os processos de adoecimento e saúde processos coletivos, precisamos nos organizar de forma coletiva para enfrentar as questões que nos têm levado a adoecer no exercício de nossa atividade profissional. Seria fundamental, pois, termos no ANDES algo como um Observatório de Saúde Mental Docente, onde pudéssemos ter a compilação dos dados estatísticos das diversas seções sindicais, sobre os números de afastamentos docentes provocados por CID [Classificação Internacional de Doenças] psiquiátricos, por exemplo. Poderíamos entender historicamente esses dados, notar o aumento dos afastamentos, quais os principais CIDs, quais as principais substâncias utilizadas (psicofarmacológicas ou não), e apontar para o desenvolvimento de políticas de atenção e prevenção à saúde mental. Mas, isso não pode se restringir às formas individualizadas e ambulatoriais de atenção à saúde mental, é preciso um trabalho coletivo e articulado com a luta por direitos. Também não pode se restringir à pesquisa apenas, mas ser incorporado ao processo de luta sindical, demonstrando, enfim, o necessário papel da luta por direitos trabalhistas que, consequentemente, é a luta pela melhoria das nossas condições de vida e que essas melhorias são preventivas e promotoras de saúde de forma geral e não apenas no campo da saúde mental.

 

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Quarta, 29 Novembro 2023 11:34

Atualizada às 17h10 do dia 29/11/23.  

 

O Sindicato dos Servidores Técnicos Administrativos (Sintuf-MT) tem cadeiras de representação nos conselhos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). O Diretório Central dos Estudantes (DCE) também. A Adufmat-Ssind abriu mão das suas, por decisão coletiva de assembleia geral, para não acabar legitimando decisões impostas pelas reitorias, mas disfarçadas de democráticas porque passaram pelos conselhos.

Do debate, no entanto, a Adufmat-Ssind nunca se furtou, seja qual for o espaço, dentro ou fora da UFMT. Sabendo que o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) debateria a Progressão Funcional docente, o sindicato solicitou, via SEI, no dia 23/11, espaço para fazer uma intervenção sobre o tema. A resposta oficial veio no dia seguinte, informando: “De ordem da Presidente em exercício do Consepe e considerando o Ofício 015. Adufmat, informamos que conforme Regimento do Conselho, Resolução Consepe no 32/2013, artigo 19, parágrafo único, o direito a palavra para pessoas não integrantes do Consepe dependerá da autorização da maioria simples do pleno”.

Vale destacar, ainda, que historicamente, é a própria Adufmat-Ssind, em conjunto com o Sintuf-MT e DCE, que realiza a Consulta Informal para indicar os nomes legitimados pela comunidade acadêmica à Reitoria da instituição.

No entanto, no dia da reunião do Consepe, agendada para a segunda-feira, 27/11, os participantes presenciaram atitudes lamentáveis, que nada condizem com um espaço formado por servidores responsáveis pelo futuro de uma instituição pública de ensino e pesquisa. O autoritarismo se impôs. A vice-reitora Rosaline Lunardi, presidente da sessão, sequer colocou para votação a possibilidade de o sindicato manifestar a posição de sua base.

“Ela disse que a Adufmat-Ssind não é UFMT, e por isso não teria direito de intervir ou apresentar proposta. Isso representa a destruição dos espaços democráticos de autonomia da universidade e a imposição burocrática para que as decisões da Reitoria descem goela abaixo”, disse a diretora geral adjunta da Adufmat-Ssind, Lélica Lacerda, que estava assistindo a reunião para fazer a intervenção pelo sindicato.

Segundo a diretora, até mesmo a conselheira Gleyva Oliveira, que aguarda resposta de um processo protocolado há mais de 45 dias, indicando uma série de irregularidade e ilegalidades das reuniões realizadas no formato online, foi impedida de se manifestar.

“Se eu estivesse lá presencialmente, eu teria sido ouvida. Eu ia me manifestar. Mas online não tem como fazer isso. Esse formato é ilegal. A Reitoria desconhece os ritos do conselho que ela mesma preside”, complementou Lacerda.

A diretora alertou, ainda, sobre outra questão: com os impedimentos de avanço da pauta - inclusive porque cerca de 40% dos conselheiros afirmaram não terem conseguido debater o tema nos locais de representação -, a presidente da sessão afirmou que pretende retomar a apreciação em janeiro, quando a universidade estará esvaziada, com muitos professores ainda de férias.

“Não é possível que essa discussão seja retomada em janeiro, com a ausência de tantos docentes em período de férias. Esse debate nos interessa diretamente, por isso tem de ser feito, no mínimo, em fevereiro”, concluiu a representante sindical. A Adufmat-Ssind já solicitou, formalmente, espaço nas reuniões de congregação e colegiados de cursos para apresentar a proposta de Progressão Funcional elaborada e aprovada pela categoria (conheça aqui). Mais informações podem ser obtidas por meio do endereço de e-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. ou pelos telefones (65) 99686-8732 | (65) 99696-9293 (ambos com aplicativo de mensagens).

 

Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind