Sexta, 19 Outubro 2018 16:35

 

"O ANDES-SN reafirma a sua luta histórica contra o projeto fascista e de extrema direita, o projeto ultraliberal e as ações de ódio que estão sendo difundidas pelo Brasil. Este sindicato se integra às frentes antifascistas suprapartidárias, criadas nos estados e nas instituições públicas de ensino superior, e se posiciona contra o voto nulo e em branco no segundo turno das eleições, indicando a participação ativa nos atos e mobilizações em defesa da democracia e contra o fascismo, bem como nas atividades do movimento #EleNão”.

Este posicionamento integra a nota política do Sindicato Nacional sobre o segundo turno das eleições. A nota foi aprovada na reunião conjunta dos Setores das Instituições Federais de Ensino (Ifes) e Estaduais e Municipais de Ensino Superior (Iees/Imes) nesta quinta-feira (18). Os docentes avaliaram os resultados das assembleias e  definiram os próximos passos da luta.

A nota avalia “que o que está em jogo nesse momento é a possibilidade ou não dos docentes continuarem lutando nas ruas pelos direitos dos trabalhadores”. O documento convoca todas as seções sindicais a fortalecerem as lutas, nas urnas e nas ruas, para derrotar o fascismo que tem crescido na sociedade.

Para Antonio Gonçalves, presidente do ANDES-SN, a diretoria acertou em consultar as bases, chamando as duas reuniões de urgência. “Serviu para mobilizar a categoria em torno do tema e para respeitar o método democrático que sempre pautou nossa entidade”, disse.

Segundo Antonio, houve uma construção importante para a conjuntura, posicionando o ANDES-SN na luta contra o fascismo e chamando a categoria participar dessa luta “nos locais de trabalho, nas ruas e nas urnas”, explicou.

Gonçalves destaca que independente do resultado da eleição, o enfrentamento ao fascismo continua: “O nosso posicionamento como Sindicato Nacional vai para além das eleições. Mesmo que o candidato que representa o ataque à democracia e às liberdades individuais seja derrotado, há na classe trabalhadora uma adesão às ideias protofascistas. Nós temos que fazer esse enfrentamento para além das eleições. A decisão foi importante, porque ela marca um posicionamento para o segundo turno das eleições, mas também sinaliza para o que vem a seguir. Nossa luta continua independente do resultado das urnas”, concluiu.

Encaminhamentos
A reunião aprovou a produção de materiais contra o fascismo, intensificação das mobilizações para o dia 24 (Dia Nacional de Lutas dos Servidores Públicos), participação em frentes suprapartidárias, entre outros. 

Leia também:

Nota política do ANDES-SN sobre o 2º turno das eleições Presidenciais

Reunião conjunta dos Setores do ANDES-SN reforça luta contra fascismo

Seções Sindicais se posicionam contra o fascismo e pelas liberdades democráticas

Setores do ANDES-SN indicam rodada de assembleias de 10 a 17 de outubro

 

Fonte: ANDES-SN

 

Sexta, 19 Outubro 2018 16:30

 

Docentes, estudantes e técnicos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) estão mobilizados para que, à exemplo de outras instituições de ensino superior, o Conselho Universitário (Consuni) realize uma discussão e tire posicionamento com relação a conjuntura eleitoral brasileira.

 

“A comunidade acadêmica espera que a universidade se posicione firmemente com relação a questões históricas, como a defesa da democracia, da autonomia e liberdade intelectual, da educação pública, gratuita, socialmente referenciada, laica, de qualidade, e sobretudo inclusiva”, afirmou o presidente da Adufmat-Seção Sindical do ANDES-SN, Reginaldo Araújo.

 

Alegando que a universidade não pode se omitir no momento complexo da conjuntura do país, a reivindicação da comunidade acadêmica é de que a Reitoria convoque uma reunião extraordinária do Conselho Universitário para o dia 24/10/18, para debater, como único ponto de pauta, a conjuntura política eleitoral.

 

 

Nesse sentido, membros do Consuni assinaram um documento entregue à Reitoria nessa sexta-feira, 19/10, em que a comunidade explicita a preocupação com as intimidações aos direitos humanos por parte de uma das candidaturas à presidência, com “ameaças e incitação de violência contra indígenas, negros, mulheres, gays, lésbicas e outras minorias”.

 

O recurso de autoconvocação de reunião extraordinária está previsto no Art. 18 do Estatuto da Universidade, que determina: “O Conselho Universitário reunir-se-á durante o ano acadêmico, ordinariamente, pelo menos uma vez ao mês, sempre que for convocado pelo Reitor e, extraordinariamente, quando convocado pela mesma autoridade ou pela maioria de seus membros”.

 

Cerca de 40 conselheiros assinaram o documento, ultrapassando a maioria dos membros do Consuni, formado atualmente por 74 representantes.   

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind    

Sexta, 19 Outubro 2018 10:26

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Texto enviado pelo Prof. Dirceu Grasel

 

Autoria: Gustavo Bertoche - Dr. em Filosofia 

 

Desculpem os amigos, mas não é de um "machismo", de uma "homofobia" ou de um "racismo" do brasileiro. A imensa maioria dos eleitores do candidato do PSL não é machista, racista, homofóbica nem defende a tortura. A maioria deles nem mesmo é bolsonarista.

O Bolsonaro surgiu daqui mesmo, do campo das esquerdas. Surgiu da nossa incapacidade de fazer a necessária autocrítica. Surgiu da recusa em conversar com o outro lado. Surgiu da insistência na ação estratégica em detrimento da ação comunicativa, o que nos levou a demonizar, sem tentar compreender, os que pensam e sentem de modo diferente.

É, inclusive, o que estamos fazendo agora. O meu Facebook e o meu WhatsApp estão cheios de ataques aos "fascistas", àqueles que têm "mãos cheias de sangue", que são "machistas", "homofóbicos", "racistas". Só que o eleitor médio do Bolsonaro não é nada disso nem se identifica com essas pechas. As mulheres votaram mais no Bolsonaro do que no Haddad. Os negros votaram mais no Bolsonaro do que no Haddad. Uma quantidade enorme de gays votou no Bolsonaro.

Amigos, estamos errando o alvo. O problema não é o eleitor do Bolsonaro. Somos nós, do grande campo das esquerdas.

O eleitor não votou no Bolsonaro PORQUE ele disse coisas detestáveis. Ele votou no Bolsonaro APESAR disso.

O voto no Bolsonaro, não nos iludamos, não foi o voto na direita: foi o voto anti-esquerda, foi o voto anti-sistema, foi o voto anti-corrupção. Na cabeça de muita gente (aqui e nos EUA, nas últimas eleições), o sistema, a corrupção e a esquerda estão ligados. O voto deles aqui foi o mesmo voto que elegeu o Trump lá. E os pecados da esquerda de lá são os pecados da esquerda daqui.

O Bolsonaro teve os votos que teve porque nós evitamos, a todo custo, olhar para os nossos erros e mudar a forma de fazer política. Ficamos presos a nomes intocáveis, mesmo quando demonstraram sua falibilidade. Adotamos o método mais podre de conquistar maioria no congresso e nas assembleias legislativas, por termos preferido o poder à virtude. Corrompemos a mídia com anúncios de empresas estatais até o ponto em que elas passaram a depender do Estado. E expulsamos, ou levamos ao ostracismo, todas as vozes críticas dentro da esquerda.

O que fizemos com o Cristóvão Buarque?

O que fizemos com o Gabeira?

O que fizemos com a Marina?

O que fizemos com o Hélio Bicudo?

O que fizemos com tantos outros menores do que eles?

Os que não concordavam com a nossa vaca sagrada, os que criticavam os métodos das cúpulas partidárias, foram calados ou tiveram que abandonar a esquerda para continuar tendo voz.

Enquanto isso, enganávamo-nos com os sucessos eleitorais, e nos tornamos um movimento da elite política. Perdemos a capacidade de nos comunicar com o povo, com as classes médias, com o cidadão que trabalha 10h por dia, e passamos a nos iludir com a crença na ideia de que toda mobilização popular deve ser estruturada de cima para baixo.

A própria decisão de lançar o Lula e o Haddad como candidatos mostra que não aprendemos nada com nossos erros - ou, o que é pior, que nem percebemos que estamos errando, e colocamos a culpa nos outros. Onde estão as convenções partidárias lindas dos anos 80? Onde estão as correntes e tendências lançando contra-pré-candidatos? Onde estão os debates internos? Quando foi que o partido passou a ter um dono?

Em suma: as esquerdas envelheceram, enriqueceram e se esqueceram de suas origens.

O que nos restou foi a criação de slogans que repetimos e repetimos até que passamos a acreditar neles. Só que esses slogans não pegam no povo, porque não correspondem ao que o povo vivencia. Não adianta chamar o eleitor do Bolsonaro de racista, quando esse eleitor é negro e decidiu que não vota nunca mais no PT. Não adianta falar que mulher não vota no Bolsonaro para a mulher que decidiu não votar no PT de jeito nenhum.

Não, amigos, o Brasil não tem 47% de machistas, homofóbicos e racistas. Nós chamarmos os eleitores do Bolsonaro disso tudo não vai resolver nada, porque o xingamento não vai pegar. O eleitor médio do cara não é nada disso. Ele só não quer mais que o país seja governado por um partido que tem um dono.

E não, não está havendo uma disputa entre barbárie e civilização. O bárbaro não disputa eleições. (Ah, o Hitler disputou etc. Você já leu o Mein Kampf? Eu já. Está tudo lá, já em 1925. Desculpe, amigo, mas piadas e frases imbecis NÃO SÃO o Mein Kampf. Onde está a sua capacidade hermenêutica?).

Está havendo uma onda Bolsonaro, mas poderia ser uma onda de qualquer outro candidato anti-PT. Eu suspeito que o Bolsonaro só surfa nessa onda sozinho porque é o mais antipetista de todos.

E a culpa dessa onda ter surgido é nossa, exclusivamente nossa. Não somente é nossa, como continuará sendo até que consigamos fazer uma verdadeira autocrítica e trazer de volta para nosso campo (e para os nossos partidos) uma prática verdadeiramente democrática, que é algo que perdemos há mais de vinte anos. Falamos tanto na defesa da democracia, mas não praticamos a democracia em nossa própria casa. Será que nós esquecemos o seu significado e transformamos também a democracia em um mero slogan político, em que o que é nosso é automaticamente democrático e o que é do outro é automaticamente fascista?

É hora de utilizar menos as vísceras e mais o cérebro, amigos. E slogans falam à bile, não à razão.

 

Quinta, 18 Outubro 2018 10:16

 

Dois militantes foram presos na tarde de terça (16), na cidade de Campinas (SP), por distribuir panfletos em frente ao terminal rodoviário da cidade. No ato da prisão, um guarda municipal disse que “graças a Deus” a ditadura militar havia voltado.

 

Marcela Carbone, recém-formada em artes cênicas pela Universidade de São Paulo (USP), e João Pedro Buzalski, estudante de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foram levados à Polícia Federal (PF) acusados de crime eleitoral e liberados horas depois.

 

“Eu me senti calada. É a dor da contenção. Qualquer pessoa que é contida assim, física ou moralmente, entende o que é isso. O que é ter que se calar. Eu tenho direito à minha voz. Tenho direito a falar o que eu quiser. Ontem, a sensação que eu tive é que não posso falar o que quiser”, afirmou Marcela em entrevista ao ANDES-SN.

  

Ela conta que estava junto com João Pedro, panfletando em frente ao terminal rodoviário, quando foram abordados por um membro da Guarda Municipal. O guarda afirmava que eles estariam dentro do terminal e, portanto, cometendo uma ilegalidade ao distribuir panfletos em uma instituição pública. “Eu questionei o guarda, dizendo que já havia panfletado várias vezes no local. No terminal, o portão dá para uma praça cheia de camelôs e o guarda dizia que eu não podia ficar lá, que só podia panfletar mais longe, na rua. Mas ali há uma demarcação física, com o portão, mostrando o limite do terminal”, explica.

 

O guarda se enfureceu com as respostas dadas e passou a acusar os militantes de desacato à autoridade. Ele aumentou o tom de voz e repetiu diversas vezes para que Marcela se calasse. “Ele dizia que eu não podia aumentar o tom de voz, que só ele podia falar alto e gritar. Eu tentava argumentar, mostrando para ele que eu não queria arrumar confusão”, conta. “Eu questionava porque ele gritava comigo. Que só por estar fardado estava gritando comigo e que isso era abuso de poder”, completa Marcela.

 

Quando o guarda chamou reforços, os militantes se viram cercados. A população também passou a se aglomerar para entender o que estava acontecendo. Os militantes foram impedidos de ir embora porque estariam passando por averiguação. Suas mochilas foram abertas e todos os panfletos apreendidos. “Como eu não podia entregar panfletos, comecei a dialogar com a população, falando das propostas que estavam nos panfletos. O guarda me dizia que eu não podia falar, que ia ser pega por desacato”, afirma.

 

No momento em que foram acusados de crime eleitoral, Marcela ligou para sua advogada. No telefone, comentou que sentia que a ditadura havia voltado. O guarda que estava ao seu lado respondeu: “é isso mesmo, a ditadura voltou, graças a Deus”. A militante conta que se sentiu indignada por perceber que a abordagem dos guardas era política.

 

Os militantes foram levados à PF e depois à 1ª Delegacia Policial de Campinas. Em seguida foram novamente à PF, onde prestaram depoimento. Ambos foram liberados no início da noite e o material de campanha confiscado foi devolvido. Eles ainda não sabem se serão processados.

 

Fica quieta! Você fala muito! Fica quieta!

 

Marcela Carbone ainda está tentando entender o que sentiu ao ser proibida de panfletar e ao ser presa por lutar por seus direitos. “Estou desde ontem tentando entender o que senti. Foi muita adrenalina. Senti todas as emoções possíveis. A palavra que mais ficou na minha cabeça é contenção. O que eu mais ouvia, e que ficou se repetindo na minha cabeça, era o guarda me dizendo para ficar quieta, me dizendo que eu não podia falar. "Fica quieta! Você fala muito! Fica quieta!", ele dizia”, conta a militante.

 

Ela considera que a prisão está relacionada à onda de ataques de ódio vivida nas últimas semanas no Brasil. “O candidato que foi o mais votado do primeiro turno e que tem chances de ganhar as eleições, ou seja, a pessoa que vai dar exemplos para a população é a pessoa que diz que petista tem que ser metralhado, que mulher tem que ser silenciada e receber menos, que gay nem é gente, que negro é comparável a animal. Isso legitima que as pessoas se sintam à vontade para agredir. Porque elas sentem que não vão ser punidas por abusar do poder. Por isso, o guarda falou que a ditadura voltou. Ele quer dizer que “graças a deus” vai poder abusar do poder, sem medo de qualquer discussão sobre direitos humanos”, comenta Marcela.

 

“Apesar de isso impactar, a prisão não vai me derrubar. A gente tem que seguir enfrentando. Não podemos recuar. Esse é o recado que quero deixar: eles não vão conseguir me calar”, conclui.

  

Fonte: ANDES-SN (com imagem de Diário do Centro do Mundo)

 

Quinta, 18 Outubro 2018 10:00

 

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Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. em Jornalismo pela USP/Professor da UFMT

 

Nas relações sociais, muitas coisas são perversas; poucas são piores do que a chantagem.

De forma geral, a chantagem se caracteriza pelo ato de se prometer alguma coisa a alguém para obter determinado comportamento diante de uma dada situação. O fenômeno envolve os sentimentos/crenças/convicções de uma pessoa em troca de algo que não se baseia, necessariamente, em bens materiais, mas simbólicos.

A chantagem pode até se constituir em crime; todavia, como não é disso que pretendo tratar, ficarei com as anotações anteriores.

Mas por que estou falando de chantagem, e de “chantagem política”, como está predito no título do artigo?

Por conta da polarizada e indesejada conjuntura. Do resultado do primeiro turno, restaram-nos duas frentes de fanáticos que se digladiam por tudo. O segundo turno já bate às portas.

Por que a polarização se concretizou, embora fosse possível evitá-la?

Porque o PT, mesmo cometendo avalanche de erros gravíssimos, como o Mensalão e o Petrolão, não foi capaz – e tampouco democrático – de fazer autocrítica pra valer. Ao contrário. De forma irresponsável, faz-se passar por injustiçado e perseguido pelas elites.

Pior: há algumas semanas, quando a polarização já estava avançada, o PT não recuou. Ignorou as possibilidades de candidaturas atenuadoras da tensão. Esticou a corda o quanto pode, apostando, até o último instante, na candidatura de Lula, preso por corrupção. A arrogância do PT – mais do que qualquer outra força – está desafiando a nossa democracia.

Naufragada a candidatura Lula, o soberbo tupiniquim, a ele só lhe restava comandar, da cadeia, a candidatura Haddad, que fora seu ministro da Educação; aliás, um ministro antidemocrático. Desse recorte, destaco que o ENEN/Sisu (Sistema de Avaliação Integrada) serviu a Haddad como moeda de troca às universidades: ou elas aderiam àquilo ou não recebiam verbas.

Outra: quando Haddad se tornara ministro, herdara de Lula e Tarso Genro a construção do Proifes, ou seja, um “sindicato” de professores pelegos das universidades, criado para enfraquecer a representação do ANDES, o legítimo sindicato dos docentes das Instituições de Ensino Superior. Haddad, que já recebera a UNE e a CUT cooptadas por Lula, usou os pelegos do Proifes na greve das universidades em 2012. Nunca Haddad dialogou com os professores em greve. 

Haddad fez mais: ajudou a canalizar recursos públicos até para as piores faculdades particulares do país, via ProUni e Fies, que é o carro-chefe da política de enganação aos jovens pobres do país. A maioria deles, hoje, não tem emprego, mas tem uma dívida com o empréstimo bancário e um diploma vazio de conteúdo.

Mesmo diante de tudo isso, descobri que as forças progressistas do país, incluindo as das universidades, tentam me fazer crer que votar em Haddad é dar voto crítico para salvar o regime democrático, que, de fato, repito, por responsabilidade direta do PT, corre riscos, se Bolsonaro ganhar as eleições.

Sobre Bolsonaro, não preciso dizer nada. Ele fala por si e para seus semelhantes, e sem a menor cerimônia. Por isso, resumo: Bolsonaro me faz lembrar a prepotência de Collor; todavia, seus discursos são ainda mais devastadores. Ele é sinal nítido de atraso. Bolsonaro jamais terá o meu voto.

Então, votarei em Haddad? Cederei ao voto chantagem?

Não.

Anularei. Delegarei à “sabedoria popular” o pleno e democrático direito da escolha do nosso futuro imediato, irremediavelmente de perdas.

E depois?

Estarei na luta, tentando recuperar o que for possível, se for possível.

Sinto muito. 

Quinta, 18 Outubro 2018 07:57

 

Na madrugada de terça-feira (16), a travesti Priscila foi assassinada no Largo do Arouche, em São Paulo. Ela estava em um bar quando foi agredida e esfaqueada. Após o ataque, a vítima saiu cambaleando e caiu. Socorrida, morreu a caminho da Santa Casa de Misericórdia da cidade.

De acordo com a Ponte Jornalismo, testemunhas ouviram os agressores gritar o nome do candidato de ultra direita no momento do ataque.

O assassinato de Priscila entra para a lista de crimes motivados pelo discurso de ódio. Em 7 de outubro, primeiro turno das eleições, o mestre de capoeira e compositor Romualdo Rosário da Costa foi assassinado a facadas em Salvador (BA). Quando disse ser eleitor do Partido dos Trabalhadores, ele foi esfaqueado 12 vezes nas costas por um apoiador da ultra direita.

“Pretaiada vai voltar pra senzala”
A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) foi palco de mais um caso de ódio nas instituições de ensino superior. Um dos banheiros da instituição foi pichado: “Pretaiada vai voltar pra senzala”. A UFU sedia, desde sexta-feira (12), o X Congresso Nacional de Pesquisadores Negros (Copene). O evento termina nesta quarta (17).

Na quarta-feira (16), a universidade publicou uma nota em defesa da democracia e dos valores republicanos. “(...) a UFU repudia todo o tipo de manifestação de ódio que possa desrespeitar os direitos fundamentais da sociedade, independentemente de sua classe social, orientação sexual, práticas culturais, escolhas políticas e religiosa”, diz o texto.

A direção do ANDES-SN destaca que o processo eleitoral no Brasil vem revelando os projetos e os grupos favoráveis às ideias protofascistas e neoliberais. Fundamentados no discurso de ódio contra os movimentos negro, indígena, feminista e LGBT, esses grupos favoráveis ao projeto fascista usam da violência para calar quem pensa diferente.

A Diretoria do Sindicato Nacional repudia veementemente os discursos de ódio e a violência utilizada pelos grupos protofascistas contra aqueles que pensam diferente, que defendem a diversidade, a democracia e as conquistas dos Movimentos Sociais.

Leia também:

Aprofurg-SSind é vítima de ataques por defender democracia

Agressões e cerceamento ao debate: cresce a onda de ódio

Crescem os ataques de ódio no Brasil

 

Fonte: ANDES-SN (com informações e foto de Ponte Jornalismo)

 

Quarta, 17 Outubro 2018 11:08

 

As propostas econômicas do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) resumem-se a um amontoado de generalidades, mas aqui e ali, escapa uma informação ou outra. Além de declarações contra o 13° salário e as férias dos trabalhadores e a favor de privatizações, o candidato já falou que se eleito pretende fazer a Reforma da Previdência.

 

 

 Segundo o economista ultraliberal Paulo Guedes, cotado a ser o ministro da Economia num eventual governo do PSL, a proposta seria acabar com o atual regime de repartição da Previdência e criar um regime de capitalização. Por esse regime, o trabalhador contribui individualmente numa espécie de poupança para a sua aposentadoria.

 

A proposta está no programa de governo registrado no TSE. “Há de se considerar aqui a necessidade de distinguir o modelo de previdência tradicional, por repartição, do modelo de capitalização, que se pretende introduzir paulatinamente no país. E reformas serão necessárias tanto para aperfeiçoar o modelo atual como para introduzir um novo modelo. A grande novidade será a introdução de um sistema com contas individuais de capitalização. Novos participantes terão a possibilidade de optar entre os sistemas novo e velho. E aqueles que optarem pela capitalização merecerão o benefício da redução dos encargos trabalhistas [não há explicação do que seria isso]. Obviamente, a transição de um regime para o outro gera um problema de insuficiência de recursos, na medida em que os aposentados deixam de contar com a contribuição dos optantes pela capitalização. Para isto será criado um fundo para reforçar o financiamento da previdência e compensar a redução de contribuições previdenciárias no sistema antigo”, diz trecho do programa.

 

Em entrevistas, Bolsonaro também disse ser a favor do aumento da idade mínima para a aposentadoria. No serviço público, por exemplo, sugeriu o aumento da idade para as mulheres para 60 anos e 30 anos de contribuição.

 

Modelo igual no Chile causou tragédia social

O modelo é um desastre. O governo não contribui, nem as empresas. Apenas o trabalhador contribui como se fosse um plano de saúde. Se ficar desempregado ou não puder pagar, a “aposentadoria” é afetada. Na prática, é a privatização da Previdência. O Chile implementou esse tipo de reforma e hoje há uma verdadeira tragédia social no país.

 

 

Em 1981, em plena ditadura militar de Augusto Pinochet, o governo chileno mudou o sistema de Previdência que era parecido com o atual existente aqui no Brasil. Cada trabalhador passou a contribuir individualmente com 10% do seu salário para fundos de pensão privados, conhecidos como Administradoras de Fundo de Pensão. As mulheres começam a receber o benefício aos 60 anos e os homens aos 65 e são obrigados a contribuir por, no mínimo, 20 anos.

 

Contudo, o que ocorreu foi que as AFPs, como são chamadas, passaram a administrar o dinheiro dos trabalhadores, usando para investimentos e especulação, com vários casos de corrupção e prejuízos, e na hora de pagar as aposentadorias os valores são irrisórios. Longe de representar o que os trabalhadores contribuíram a vida toda, sequer garantem o mínimo de subsistência.

 

Segundo levantamentos, 91% dos chilenos aposentados recebem no máximo 235 dólares (726 reais), que representam apenas dois terços do salário mínimo do Chile. No caso das mulheres, 94% das aposentadas ganham menos ainda. Embora os criadores do sistema tenham previsto que em 2020 as pessoas se aposentariam com 100% de seus vencimentos na ativa, metade daqueles que contribuíram entre 25 e 33 anos receberá pensões equivalentes a apenas 21%.

 

Se botar para votar, o Brasil vai parar!

O candidato Fernando Haddad traz no programa apresentado ao TSE e tem falado em entrevistas em criar um regime único de previdência, incluindo os trabalhadores da iniciativa privada e os servidores públicos, e repactuar os regimes próprios dos estados e municípios, sem detalhar exatamente quais seriam as medidas.

 

Mesmo Michel Temer, no apagar das luzes do seu temeroso governo, deu declarações recentes à imprensa que passando as eleições vai buscar articular colocar a proposta de Reforma da Previdência que está parada no Congresso para votar ainda esse ano.

 

As centrais sindicais brasileiras reuniram-se no início de outubro para discutir a ameaça da volta da reforma à pauta de votação no Congresso. A posição unânime das centrais é que se Temer ou o próximo governo, seja quem for, botar a reforma para votar, a proposta é realizar uma nova Greve Geral no país.

 

“A proposta do candidato que está à frente das pesquisas é absurda. Um brutal ataque que pode destruir a Previdência Pública e acabar com o direito à aposentadoria dos brasileiros“, avalia Atnágoras Lopes, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.

 

“Foi na luta contra a Reforma da Previdência que realizamos a maior greve geral dos últimos trinta anos no ano passado. Portanto, estamos mandando um novo recado ao governo Temer, a quem for eleito e a esse Congresso: se botar para votar, o Brasil vai parar de novo”, afirmou.

 

Leia também:

 

Nota das Centrais sobre proposta de Temer para a Previdência: se botar pra votar, o Brasil vai parar!

 

Primeiro país a privatizar Previdência, no Chile aposentadorias são miseráveis

 

Chilenos realizam novo protesto contra o sistema de previdência privada do país

 

Fonte: CSP Conlutas (Com informações BBC, El País e G1) 

Quarta, 17 Outubro 2018 09:00

 

 

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JUACY DA SILVA*
 

Os resultados do primeiro turno das eleições gerais de 2018 tem deixado analistas, institutos de pesquisas, dirigentes partidários, acadêmicos, enfim, estudiosos da dinâmica politica brasileira um tanto estupefatos ou atarantados.


Alguns analistas e profissionais da mídia falam em um verdadeiro “tsunami” na politica brasileira, com a derrota de velhos caciques que durante décadas, alguns com quase meio século de vida pública, verdadeiros donos de currais eleitorais e de cadeiras cativas no Senado, na Câmara Federal e nas Assembleias Legislativas foram vergonhosamente derrotados nas urnas.


Parece que os eleitores, de forma anônima, deram cartão vermelho para velhas raposas,  boa parte ou talvez a maioria desses políticos e de outros que escaparam por pouco da guilhotina eleitoral, fazem parte de suspeitos e investigados por corrupção ou pertencem a grupos que são acusados de corrupção ativa e passiva, enriquecimento ilícito, formação de quadrilha e com alta probabilidade, ao perderem a impunidade e o foro privilegiado, poderão ter o mesmo destino de outros políticos que estão trancafiados, longe do convívio politico, social e econômico da vida nacional.


Outro aspecto desta onda foram as derrotadas dos chamados partidos de centro ou o “centrão”, incluindo os tucanos (PSDB), MDB, DEM e alguns outros de seus satélites. Comparados os desempenhos, por exemplo, da ex-presidente Dilma, do atual senador e futuro deputado federal Aécio Neves nas últimas eleições em 2014, tanto a derrota de Dilma para o Senado em Minas Gerais quanto a pífia votação de Geraldo Alkmin quanto de Henrique Meireles, foi possível perceber que os mesmos foram deixados à própria sorte por seus correligionários, traídos como se chegou a dizer de forma aberta.


Outra particularidade deste primeiro turno foi o derretimento de Marina Silva, que passou de mais de 20 milhões de votos há quatro anos quando quase  chegou ao segundo turno contra seus poucos mais de um milhão de votos, metade da votação de Janaina Paschoal, do PSL,  eleita como a deputada estadual em São Paulo, com mais de dois milhões de votos, a mais votada na história do Brasil.


A busca de um consenso como alternativa de centro para evitar a radicalização entre esquerda e direita, mesmo com o empenho de Ciro Gomes, de Geraldo Alkmin, Meirelles e outros candidatos fracassou de forma clara. Os eleitores preferiram os extremos, com Bolsonaro representando as forças de direita, os conservadores como a opção mais provável no segundo turno, a não ser que ocorra outro tsunami no segundo turno e Fernando Haddad, que representa a esquerda, venha a ser o vitorioso, realidade pouco provável.


Além do DEM, MDB e PSDB, que em passado recente eram os partidos que representavam os interesses do mercado, das forcas conservadoras, também o PT e alguns de seus aliados, principalmente o PCdoB, perderam espaço no Congresso Nacional. O espaço antes ocupado pelos partidos de centro deverão ser ocupados  de forma avassaladora pelo PSL um partido nanico até a presente legislatura e que a partir de 2019 deve ser a segunda força na Câmara Federal.


Com o advento da cláusula de barreira diversos partidos nanicos devem desaparecer e ou seus parlamentares eleitos deverão migrar para outros partidos. As perspectivas, devido ao fisiologismo que é a marca registrada da politica brasileira, a maioria desses parlamentares devem aumentar as fileiras do PSL, partido de Bolsonaro e outros que deverão ser seus aliados no Congresso.


Dificilmente os partidos de esquerda, mesmo com o bom desempenho do PSB, deverão ter número de deputados e senadores para barrarem o rolo compressor da direita tanto no Congresso Nacional quanto nas Assembleias Legislativas, incluindo a de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.


Nota-se perfeitamente não apenas uma polarização entre esquerda e direita na politica brasileira a partir deste segundo turno e com mais ênfase a partir de 2019, mas sim, uma guinada avassaladora das forças de direita, incluindo empresários e a classe media, servidores públicos graduados e os marajás da República nos três poderes, no MPF/MPE que, com exceção do Nordeste e do Pará e da população pobre, deverão mudar as pautas da vida nacional, estimulando, ainda mais não apenas os conflitos ideológicos, mas principalmente a violência politica nos próximos anos, incluindo as eleições municipais de 2020, onde esquerda e direita voltarão a se enfrentar em verdadeiras lutas fratricidas.


Quem viver verá.


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversos veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

 

Terça, 16 Outubro 2018 14:47

 

O ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Carlos Horbach determinou, nesta segunda-feira (15), a exclusão de publicações na internet nas quais o candidato Jair Bolsonaro (PSL) aparece criticando a suposta distribuição pelo Ministério da Educação do chamado “kit gay”. A decisão foi dada, pois a informação constantemente divulgada pelo candidato é uma Fake News, ou seja, é mentira.

 

 

Segundo o TSE, “os conteúdos vinculados às URLs (…) expressamente vinculam o livro ‘Aparelho Sexual e Cia’ ao projeto ‘Escola sem Homofobia’ ou aos programas de livros didáticos do Ministério da Educação, o que – como antes destacado – não é corroborado pelas informações oficiais, ensejando, portanto, sua remoção”.

 

Ainda de acordo com a decisão de Horbach, “a difusão da informação equivocada de que o livro em questão teria sido distribuído pelo MEC (…) gera desinformação no período eleitoral, com prejuízo ao debate político, o que recomenda a remoção dos conteúdos com tal teor”, escreveu o ministro em resposta ao pedido de suspensão feito pela campanha de Fernando Haddad (PT).

 

O ministro determinou ainda que Facebook e Google apresentem em 48 horas a identificação do número de IP da conexão utilizada no cadastro inicial dos perfis responsáveis pelas postagens e os dados cadastrais dos responsáveis.

 

Desde 2016, Bolsonaro e seus apoiadores divulgam vídeos e links, principalmente no Facebook e Youtube, atacando a inclusão de livros que supostamente divulgariam questões sexuais entre crianças. Em agosto, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, e do Jornal das 10, da GloboNews, Jair Bolsonaro afirmou que o livro “Aparelho Sexual e Cia” estava dentro do material do programa. O candidato faz as acusações, responsabilizando o governo petista e Haddad, que foi ministro da Educação.

 

A utilização de tal livro foi oficialmente desmentida pelo governo federal e pela editora Companhia das Letras, responsável pela publicação da obra no Brasil.

 

Aliás, o chamado “kit gay” também é fruto de uma campanha mentirosa do candidato e de setores conservadores contra o programa “Escola sem Homofobia”. O programa era uma proposta elaborada pelo governo federal em 2004 voltado para a formação de educadores para combate ao preconceito, mas não chegou a ser implementado.

 

Além de ser uma mentira absurda – infelizmente vista como verdade por milhares de pessoas-, chega a ser irônico que Bolsonaro acuse o PT de  “divulgar o kit gay”. Afinal, o PT não implementou o programa “Escola Sem Homofobia”, que integrava o “Brasil sem Homofobia”, por acordos com a bancada religiosa e setores conservadores. O ‘Escola Sem Homofobia’ não tinha nada demais. O programa visava apenas dar formação aos professores para que pudessem lidar com a homofobia e o preconceito nas escolas e não tinha previsão de distribuição de material às crianças.

 

É preciso combater as chamadas Fake News, que tornaram esse processo eleitoral uma terra de ninguém, onde inúmeras informações falsas são compartilhadas. Bolsonaro é quem mais tem utilizado desses recursos, conforme já atestaram vários pesquisadores e sites de verificação de conteúdo.

 

Fonte: CSP-Conlutas

 

Terça, 16 Outubro 2018 14:04

 

Novos casos de agressão e de cerceamento do debate político surgiram no Brasil na última semana. As universidades e demais instituições de ensino têm sido palco desses ataques de ódio motivados por questões políticas, em especial após os resultados do primeiro turno das eleições presidenciais.

 

A Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde um estudante que usava um boné do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MST) foi agredido, viveu um novo caso sombrio. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da instituição convocava uma reunião aberta para discutir os casos de violência nas eleições e foi proibido de realizá-la pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR). A reunião ocorreria na quarta (11) e mais de 200 pessoas haviam confirmado presença nas redes sociais.

 

Na decisão que censurou a realização da reunião, o juiz Douglas Marcel Peres classifica o ato como “suposta irregularidade de propaganda a ser veiculada em imóvel pertencente à administração pública indireta da União”. O DCE da UFPR publicou em sua página, em protesto, uma receita de bolo de cenoura. As receitas foram usadas durante a ditadura civil-militar no Brasil para ocupar o lugar de textos e matérias censuradas nos jornais.

 

Já na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), após um estudante atirar uma mesa em cima de um professor que abordava o fascismo em sala de aula, novos casos de agressão foram denunciados. “Tu é ‘Ele não’?”, perguntou um rapaz, que não foi identificado, antes de agredir uma estudante enquanto ela esperava o transporte público na entrada do campus universitário da Ufam, no dia 5. O caso veio a público após os pais da graduanda publicarem um desabafo nas redes sociais, posteriormente divulgado por blogs e portais locais, em que contaram que o agressor feriu a perna da estudante com graveto e lamentaram os rumos que o país está tomando.

 

No dia 9, um professor do Instituto de Filosofia, Humanas e Ciências Sociais (IFCHS) foi agredido. “Insatisfação, insegurança e medo tornaram-se sentimentos comuns na vida universitária. Nesse ambiente começam a surgir grupos de indivíduos que dão vazão a suas angústias por meio da violência. Assim é que a agressão física e verbal a estudantes, professores e professoras vem crescendo dentro das universidades”, diz trecho da nota publicada pela Associação dos Docentes da Ufam (Adua – Seção Sindical do ANDES-SN).

 

“No caso brasileiro, o fascismo bebe na fonte de uma formação nacional excludente, assentada numa negação das regiões economicamente periféricas e no medo-pânico dos subalternos (indígenas, negros, mulheres, juventude, trabalhadores etc.). Na conjuntura atual, esta condição da materialidade da formação da nação num contexto de crise econômica e política, explode na forma de ódio (xenofobia, misoginia, LGBTfobia, racismo, intolerância política). Para não mergulharmos no poço sem fundo da barbárie, é preciso enfrentar as forças reacionárias-fascistas e, ao mesmo tempo, enfrentar a questão nacional – sem descuidar do seu nexo com o movimento global do capital – nos termos como até aqui ela foi constituída”, afirma o 1º vice-presidente da Adua-SSind, Luiz Fernando Souza.

 

 

Na Universidade Federal da Bahia (Ufba) também houve cerceamento ao debate.  Na quarta-feira (10) um estudante passava nas salas de aula chamando os colegas para participar de uma reunião para discutir as eleições quando outro estudante começou a hostilizá-lo e a ameaçá-lo. Após a discussão, o agressor chamou a Polícia Militar (PM), que levou ambos os estudantes à delegacia para prestar depoimento.

 

Pichações de ódio

 

Outros casos recorrentes de agressão simbólica são as pichações de símbolos nazistas, como a suástica, ou de mensagens de ódio – geralmente direcionadas a negros e à comunidade LGBT. Em um banheiro unissex da Universidade São Judas Tadeu, na capital paulista, foram escritas nas paredes frases como: “vão se f**** seus negros e feministas de merda, gays do demo, burn jews (queime judeus)”, além de uma grande suástica. Em outra cabine estava pichado: “ideologia de gênero é o c******”. No cursinho Anglo Tamandaré, também em São Paulo, as pichações diziam “Morte aos negros, gays e lésbicas. Já está na hora desse povo morrer!”. No Rio de Janeiro (RJ) uma pichação lesbofóbica também foi encontrada. A frase “Sapatas vão morrer kkkk” estava em um prédio anexo do Colégio Franco-Brasileiro, em Laranjeiras, zona sul.

 

Nem as igrejas escaparam das pichações. Em Friburgo (RJ), a Igreja de São Pedro da Serra foi pichada na madrugada de sábado (13) com diversas suásticas. Com 150 anos, a capela é a mais antiga da cidade.

 

Brasil viu ao menos 50 ataques de ódio

 

A agência Pública, em parceria com a Open Knowledge Brasil, divulgou na quarta-feira (10) levantamento em que afirma que houve ao menos 50 ataques de ódio no Brasil nos dez primeiros dias de outubro. A maior parte das agressões ocorreu nas regiões sudeste (33), nordeste (18) e sul (14).

 

Confira o levantamento aqui

 

 

Fonte: ANDES-SN (Com informações de DCE-UFPR, Adua-SSind, Jornal o Tempo, rádio Jovem Pan, Agência Pública e EBC. Imagemde EBC)