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Reunida(o)s na cidade de Manaus, terra do espetáculo encontro das águas, das muitas cores e sabores, cercada(o)s pelos cantos da floresta, docentes de todo o Brasil, acalentada(o)s pela mãe-terra Pachamama, realizaram, de 11 a 13 de julho de 2025, o 68º CONAD, tendo como tema central: UNIFICAR AS LUTAS ANTICAPITALISTAS: CONTRA O COLAPSO SOCIOAMBIENTAL E EM DEFESA DA VIDA E DA EDUCAÇÃO PÚBLICA.
O 68º CONAD contou com a presença de 80 delegada(o)s e 194 observadora(e)s que representaram 83 seções sindicais de todo o país, além de 34 diretora(e)s.
O CONAD iniciou com o ritual de defumação realizado pelo indígena Diakara Dessano, uma prática ancestral entre os povos originários, para proteção, purificação e cura, necessárias diante do desafio conjuntural em que enfrentamos o fascismo e o conservadorismo. Nada como vivenciar a cultura popular e dançar com os bois Garantido e Caprichoso!
O CONAD de posse da nova diretoria do ANDES-SN para o biênio 2025-2027 foi marcado por simbolismos, diante de um presidente negro, vindo da periferia maranhense e professor EBTT, e nesse encontro das diversidades, que marcam nossos corpos, a prof.ª Jacyara nos embala: “Exu sorriu, Dandara dançou e Zumbi celebrou! Quilombo Presente!”.
O CONAD se realiza em um cenário que impõe nossa unidade diante do avanço do capital sobre nossas vidas e direitos. Foram três dias de intensos debates, sejam nas plenárias, sejam nos grupos mistos, reafirmando o método democrático de um ANDES-SN que se organiza e projeta suas ações pela base.
Reafirmamos nesse CONAD a necessidade de atuarmos unificada(o)s para enfrentarmos o ataque à soberania brasileira, diante do tarifaço proposto pelo imperialismo americano, apontando para a ampliação da relação da extrema direita golpista brasileira com o presidente Trump.
O capital não cessa sua potência destrutiva e o cenário de múltiplas guerras exigem uma atuação cada vez mais incisiva por parte daquela(e)s que constroem e apontam para a emancipação da vida. Por isso, o CONAD reafirmou seu repúdio à ação do estado genocida de Israel sobre a Palestina: do rio ao mar, Palestina Livre Já! e reforça a campanha pelo rompimento do governo brasileiro com Israel.
A capacidade de destruição do atual estágio do capitalismo, que ameaça nossas existências, é o embate que travaremos no presente, diante do colapso socioambiental que atinge, de forma mais brutal, as populações mais pobres. No Brasil, os ataques do setor agrominero-exportador são visíveis com o PL da Devastação e a retomada do embate da tese do Marco Temporal, desvelando a permanência da lógica colonial de ataque violento aos povos indígenas.
Esses embates se darão de forma mais incisiva diante da COP 30 em Belém-PA, especialmente pela insistente manutenção por parte do governo federal em manter o projeto de extração petrolífera na foz do Rio Amazonas.
No plano nacional, enormes desafios se apresentam diante de um cenário que precariza e degrada nossas vidas, cuja barbárie se apresenta com a feição mais brutal numa política de extermínio frequente dos corpos jovens, negro(a)s e trans. Na plenária do tema I, foi registrada a indignação frente ao assassinato por espancamento do jovem Leonardo Vilaça, ocorrido recentemente na cidade de Manaus, reforçando a necessidade de ampliar ainda mais a nossa luta contra a homofobia e transfobia.
A participação na campanha pelo fim da jornada 6x1, uma agenda de configuração classista, ganha fôlego e desperta o esperançar de que o compromisso construído ao longo da história de nosso sindicato classista, de luta, anticapacitista, antirracista, antimachista, antilgbtfóbico e solidário com a classe trabalhadora como um todo, é a nossa maior conquista nos 44 anos de existência do ANDES-Sindicato Nacional!
A conjuntura nos desafiou a pensar nas atualizações dos nossos planos de lutas, seja no setor das federais, estaduais, municipais e distrital.
Organizar a luta da categoria para o cumprimento do Acordo de Greve permanece em nosso horizonte, dentre eles, destacamos a luta pelo fim do controle de frequência da(o)s docentes da carreira EBTT. Uma ação que não se atrela à pauta orçamentária, apenas necessitando vontade política por parte da Casa Civil, em publicar a alteração do Decreto 1.590/94. Por esse motivo reafirmamos: Rui Costa inimigo da(o)s EBTTs.
Os ataques à educação pública se evidenciam de forma plena quando se discute o PL de Romeu Zema, que objetiva privatizar a Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Derrotar Romeu Zema é uma luta de todas, todes e todos que defendem a educação pública de qualidade, socialmente referenciada e democrática.
O capital avança sobre o patrimônio público, privatizando e eliminando direitos conquistados pela classe trabalhadora, como educação, saúde, moradia e outros tantos, paulatinamente rebaixados diante das contrarreformas que continuam ameaçando a classe trabalhadora, como a contrarreforma administrativa e a previdenciária.
Em nosso último dia, além dos debates na construção de nossa agenda de lutas, não poderíamos deixar de registrar o quão fraterna, acolhedora e atenciosa foi a atuação da(o)s companheira(o)s da seção sindical que nos receberam com sorrisos largos e “merendas” com sabores locais. Com quem aprendemos, por meio de uma sinfonia anticapitalista, que o sapo e a sapa não lavam o pé porque não querem e podem fazer esta escolha por serem legítima(o)s possuidora(e)s de seus territórios, o que potencializa sua organização e força, a exemplo dos ancestrais povos indígenas e sua luta pelo território! Não ao Marco Temporal!
São essas experiências que aprendemos com o COLETIVO DE NEGRAS E NEGROS DO ANDES-SN que, em seu manifesto, reafirma que a luta antirracista “não é uma campanha de nicho. É uma campanha civilizatória, que deve ser responsabilidade de todas e todos” e denunciam o pacto da branquitude que tenta burlar a política de cotas para vagas nos concursos das universidades federais por meio de sorteios.
Nos lembram que “Direitos não são apostas. Direitos se garantem. Reduzir a política de cotas a um sorteio é perpetuar o racismo institucional e desestimular a participação de negras, negros, indígenas e quilombolas no serviço público. A política de cotas raciais não é favor, não é concessão. É reparação histórica, justiça social e instrumento de enfrentamento ao racismo estrutural”.
A luta pelo reconhecimento das assimetrias que oprimem e exploram nossos corpos, de forma distinta, ficou evidenciada na ação das mulheres presentes no 68º CONAD. A ocorrência da violência política de gênero culminou em um ato das docentes no plenário, alertando que em nosso Sindicato Nacional não há espaços para machistas e misóginos, porque nós mulheres, tal qual Maria Bethânia, cantamos juntas: “Não mexe comigo, que eu não ando só”! Machistas não passarão!
O 68 CONAD tratou de temas centrais, como a inserção do ANDES-SN na campanha do Plebiscito pelo fim da Escala 6x1 e pela taxação dos super-ricos. Atualizou o plano de lutas dos setores e aprovou resoluções importantes para a política educacional e sindical. Reafirmou e avançou na sua política de solidariedade internacional, em especial na deliberação de apoio a estudantes palestina(o)s vinda(o)s para o Brasil e solidariedade ao povo cubano.
O CONAD se encerra com a mesma certeza da experiência vivenciada no Amazonas e seus encontros (e porque não dizer encantos) das águas, que por grandes extensões não se juntam, mas caminham lado a lado, despontando a força e a beleza que a unidade produz.
Que nossas diversidades e diferenças sigam a sabedoria ancestral das águas amazonenses que, após correr em separado, se juntem e que possamos, assim, ampliar nosso potencial emancipatório, de luta em defesa da educação pública em nosso país trilhando os muitos caminhos aos lençóis maranhenses!
68º CONAD do ANDES-SN: UNIFICAR AS LUTAS ANTICAPITALISTAS:
contra o colapso socioambiental e em defesa da vida e da educação pública.