Sexta, 24 Maio 2019 21:50

Professores da UFMT aprovam paralisação e outras ações para 30/05, 2º Dia Nacional de Defesa da Educação Destaque

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Mais uma vez os docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) se reuniram na Adufmat-Ssind, em assembleia geral da categoria, para discutir os ataques à Educação e deliberar ações para impedir que a universidade pública e gratuita acabe. Nessa sexta-feira, 24/05, os docentes analisaram as manifestações do dia 15/05 e a conjuntura, dialogaram sobre a convocação das centrais para o 2º Dia Nacional em Defesa da Educação Pública (30/05), e escolheram os delegados para representar a Seção Sindical no 64º CONAD.     

 

Na avaliação da maioria dos presentes, as manifestações do dia 15/05 em mais de 200 cidades foram positivas. Tanto que os resultados apareceram rapidamente, com as declarações de que o governo garantirá parte dos recursos anteriormente “contingenciados”. No entanto, por todas as ameaças e movimentações de Bolsonaro com relação às universidades públicas, a categoria está convencida de que é preciso continuar.   

 

No dia 30/05, próxima quinta-feira, além da paralisação, a categoria deve realizar outras atividades, à exemplo do dia 15/05: panfletagem, adesivaço, faixas e carreata até o ato unificado, com ônibus e carona solidária aos manifestantes que saírem da UFMT. No entanto, as atividades deverão ser confirmadas na próxima semana pela mesma comissão que organizou o dia 15/05. O grupo se reuniu logo após a assembleia para iniciar a organização.

 

Durante a análise de conjuntura, os docentes apontaram que, desde 2015, as discussões acerca de uma mudança no projeto neoliberal indicavam o avanço do conservadorismo e a possível eleição de um governo autoritário. A ruptura com o Estado democrático de direito a partir da Emenda Constitucional 95/16 (que congela os recursos para Saúde, Educação, Assistência Social, entre outros, por 20 anos), violando a Constituição Federal, concretizou a leitura e já começa a provocar situações gravíssimas.

 

“O Estado brasileiro foi sequestrado por um grupo interessado em destinar o fundo público para o capital rentista. Tanto que as decisões do governo acompanham a Bolsa de Valores e a cotação do dólar. Observem que qualquer medida que desagrade esse grupo e provoque queda ou instabilidade faz o governo recuar”, afirmou o professor Maelison Neves, acrescentando que essa disputa dos investidores internacionais pelos recursos públicos desafia os movimentos sociais a criarem formas de diálogo com a população para demonstrar chantagens. O ministro da Economia, Paulo Guedes, chantageia a sociedade ao dizer que a Reforma da Previdência vai salvar o país.

 

Na avaliação dos docentes, a classe trabalhadora tem demonstrado disposição para responder aos ataques, surpreendendo no dia 15/05, e apontando fôlego para ocupar novamente as ruas tanto no dia 30/05 quanto na Greve Geral programada para 14/06. No entanto, os docentes ponderaram que os movimentos sociais de trabalhadores organizados precisam estar mais coordenados e articulados do que nunca para acompanhar o levante.

 

Os docentes também concluíram que, para além das mobilizações de rua – importantíssimas -, é preciso construir núcleos orgânicos permanentes para aprofundar as discussões sobre os ataques de forma mais ampla. Nesse sentido, defenderam a continuidade dos debates dentro e fora da universidade, e o apoio ao já atuante Fórum Sindical Popular e da Juventude, do qual a Adufmat-Ssind faz parte, e que tem rodado escolas de Cuiabá e Várzea Grande para discutir a proposta de Reforma da Previdência de Bolsonaro.

 

O professor Dorival Gonçalves destacou uma demanda que o sindicato apresenta há anos à administração da universidade: é preciso assumir a defesa de um projeto de universidade e, mais do que isso, um projeto de sociedade. “Parece que as reitorias não têm dimensão de que esse é um dos poucos países que ainda tem educação pública e gratuita na dimensão que nós temos. Isso é grave. Embora percebam a importância da mobilização nesse momento, demonstram que as principais preocupações são nomear pessoas, progredir na carreira. A discussão vai muito além disso”, criticou o docente.

 

O diretor geral da Adufmat-Ssind, Aldi Nestor de Souza, concordou com as intervenções e questionou a ausência da universidade no cotidiano da população. “A universidade tem discutido com a sociedade temas como o efeito do Agronegócio para os trabalhadores em condições análogas à escravidão, nas terras indígenas e quilombolas? Nós pesquisamos sobre isso, mas fica aqui dentro. Sinceramente, eu não acredito que seja possível salvar a universidade num sábado a tarde, expondo o nosso trabalho numa feira. Nós devemos discutir todos esses assuntos com a sociedade o tempo inteiro. Temos de exigir mais recursos para a universidade, sim, mas também que a Reforma Trabalhista seja revogada; que a Terceirização seja revogada; e temos de rechaçar a Reforma da Previdência, porque ela significa o caos para a população”, afirmou o professor, concluindo: “a paralisação no dia 30/05 é o mínimo, porque a situação é dramática mesmo.”

 

Estudantes também participaram da assembleia.

 

Delegados do 64º CONAD

 

Conforme a convocação da assembleia, os docentes escolheram, nessa sexta-feira, os representantes da Adufmat-Ssind no próximo Conselho do ANDES-SN, o 64º CONAD, que será em Brasília, de 11 a 14/07.

 

Compreendendo a gravidade da conjuntura, a plenária decidiu, após votação, enviar um número maior de participantes, sendo a diretora Quélen de Lima Barcelos a delegada indicada pela diretoria, e os docentes Waldir Bertúlio, Tomás Boaventura, José Airton, Maurício Couto (Sinop) e Aldi Nestor de Souza os ouvintes indicados pela assembleia. O Araguaia também poderá indicar, na próxima semana, um docente interessado em participar do 64º CONAD como ouvinte.

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Ler 3365 vezes Última modificação em Sexta, 24 Maio 2019 23:21