Quarta, 07 Novembro 2018 19:51

A saída é coletiva, apontam docentes em assembleia geral da Adufmat-Ssind Destaque

Escrito por 
Avalie este item
(0 votos)

 

 

A Adufmat-Seção Sindical do ANDES – Sindicato Nacional realizou, na manhã dessa quarta-feira, 07/11, uma assembleia geral dos docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) com a análise de conjuntura como único ponto de pauta. Pela primeira vez nas últimas décadas, além da plena consciência do desmonte intencional dos serviços públicos e dos direitos dos trabalhadores, também pairou entre os presentes o sentimento de insegurança com relação às liberdades democráticas, que incluem o próprio exercício da profissão, ou seja, a liberdade de cátedra. Em todas as manifestações, no entanto, uma certeza: a saída é coletiva.

 

O professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), José Menezes Gomes, foi convidado para iniciar o debate sobre conjuntura a partir de alguns dados históricos, políticos e econômicos nacionais e internacionais. Um dos primeiros problemas indicados pelo economista foi o slogan da campanha presidencial vencedora, “Brasil acima de tudo”, inspirada no cântico nazista “Deutschland über alles” (Alemanha acima de tudo).

 

“Contrariando o apelo nacionalista, a forte influência dos Estados Unidos e evidente reverência à figura de Trump revela os primeiros indícios de que as pretensões comerciais do próximo governo não respeitarão sequer o slogan da campanha, considerando que os principais parceiros econômicos do Brasil são China e Oriente Médio, com quem o presidente estadunidense insiste em polemizar. Essas contradições devem gerar conflitos logo nos primeiros meses entre o governo brasileiro e a base aliada e podem, sim, prejudicar o Brasil”, afirmou o convidado.

 

O docente destacou, em seguida, a formação colonial brasileira, o início do endividamento público ainda naquele período, e a introdução do modelo Neoliberal na década de 1990. Desde a retomada das eleições diretas até os dias de hoje, a ideologia do “Estado mínimo” tem justificado a precarização cada vez mais acentuada dos serviços públicos, o achatamento salarial dos servidores, e o empobrecimento dos trabalhadores em geral. “A desigualdade social começa lá atrás e é a raiz de todos os problemas. O congelamento dos recursos destinados às despesas primárias por 20 anos (EC 95/16), que iriam para a saúde, educação, seguridade social, e a promessa de aprovação da Contrarreforma da Previdência, devem piorar ainda mais a situação da população”, destacou o professor.

 

Para Menezes, o principal compromisso do próximo governo será garantir o pagamento da dívida pública, que consome atualmente quase 50% da receita da União, setor para o qual não há definição alguma de limite de gastos (clique aqui para saber mais sobre a dívida pública). “Os bancos são sempre os grandes beneficiários das ações políticas. Cerca de 41% dos investidores da bolsa de valores são bancos, isto é, pertencem ao mercado financeiro. Por isso os índices da bolsa aumentam ou diminuem a partir da perspectiva de eleição de um candidato ou outro. Além de garantir o pagamento cada vez mais alto da dívida pública, acabar com a Previdencia Social, fortalecendo os fundos de pensão (operados por bancos), também é de interesse do setor. E nós precisamos alertar a população de que esse é o modelo falido do Chile, Argentina e dos Estados Unidos”, observou o docente.

 

A partir das provocações do professor Menezes, os professores presentes na assembleia destacaram outros aspectos da conjuntura, como a necessidade de autocrítica e reavaliação das ações e projetos dos trabalhadores.

 

As intervenções também ressaltaram, como alternativas, a urgência do fortalecimento da unidade entre os movimentos sociais de trabalhadores de forma ampla, da retomada do trabalho de base e formação política-sindical, da valorização das disciplinas teóricas como História, Sociologia, Filosofia e Ciência Política, do combate às informações falsas e da utilização de diferentes linguagens e estratégias de comunicação.

 

“Conhecer a história é fundamental. Foram as alianças entre estudantes e trabalhadores que garantiram, historicamente, direitos e conquistas que nós temos hoje. E é isso que as pessoas precisam saber, que tudo o que nós temos não é fruto do acaso, mas resultado de lutas. A experiência histórica nos diz que também é possível construir em momentos de crise”, finalizou José Menezes.    

 

Encaminhamentos

 

Após o debate, a plenária aprovou por unanimidade a contratação de pessoal especializado na elaboração de campanhas de baixo custo voltadas para as redes sociais, a realização de debates em todos os campi sobre os ataques aos direitos dos trabalhadores, e a convocação de assembleia geral nos próximos dias, de acordo com indicação do ANDES – Sindicato Nacional, para construção do Dia Nacional em Defesa da Educação Pública e Gratuita, que deverá ser no início de dezembro.   

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

         

 

     

Ler 782 vezes Última modificação em Quarta, 07 Novembro 2018 19:58