Quarta, 01 Junho 2016 15:36

Atos denunciam estupro e outros tipos de violência contra mulheres em Mato Grosso

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Maio não é apenas mais um mês para as mulheres brasileiras. Conhecido por abrigar o dia das mães e a graça das noivas, as propagandas e declarações de amor se espalham nas campanhas publicitárias e redes sociais, deixando as mulheres convencidas da importância de suas funções sociais de mãe e esposa. Esse é um dos motivos de mobilização das mulheres de todo o mundo, que se libertam cada vez mais desses paradigmas, e em Cuiabá as festividades do mês de maio já são interrompidas pelos gritos da cruel realidade feminina.

 

Na tarde do dia 25/05, uma das principais praças da cidade, localizada em frente ao maior shopping do estado, comportou dezenas de cruzes. Eles estavam lá carregando o nome de algumas vítimas do “machismo nosso de cada dia”. Inserido numa sociedade exploratória, o resultado dessa “cultura” só pode ser violento: estupros, agressões físicas, homicídios, e assédios diversos, que consolidam a ideia de que a mulher é um objeto a ser tratado a bel prazer do desejo masculino.   

 

Um dos casos mais emblemáticos na região é o da jovem Juliene. Há quatro anos, seu corpo fora encontrado nu, pendurado pelas próprias roupas num estádio de futebol da periferia cuiabana. O suspeito do homicídio e exposição da bela Juliene não está preso. Conhecido da família e vizinho da avó de Juliene, o vendedor foi detido em flagrante no dia do ocorrido. Ele teria sido a última pessoa a encontrar a jovem e, no momento da prisão, estava com o celular da moça. Mas cerca de um mês depois foi solto, e nada mais foi dito a família da jovem.  

 

O Maio Juliene envolveu uma série de atividades como uma roda de conversa com mulheres em praça pública no dia 21/05, campanha nas redes sociais, além do apoio de diversos artistas regionais (clique aqui para saber mais). Mas o ciclo de atividades nem havia sido concluído ainda quando um novo fato terrível emergiu na imprensa: uma menina de 16 anos foi vítima de um estupro coletivo numa favela carioca. Trinta homens podem estar envolvidos no caso, que além do abuso sexual envolve crimes de aliciamento de menor, além de exposição nas redes sociais.

 

Apesar das imagens, dos depoimentos e de todo o caos que se transformou a vida da garota, a cultura machista do patriarcado ainda motiva questionamentos. Acusações de que a garota estava mentindo, ou que teria motivado o ato porque estava no local, ou porque estaria vestida de tal maneira surgem com a intenção de culpar a vítima. Após a denúncia, o delegado responsável pelo caso chegou a perguntar à garota se ela tinha costume de realizar aquele tipo de prática. Vale ressaltar que a denúncia foi feita pelo movimento feminista do Rio, após a exposição nas redes sociais, pois a própria vítima declarou que não tinha a intenção de registrar o fato por vergonha. Um dos rapazes acusados de participar do crime apareceu sorrindo diante das câmeras.

 

No mesmo período correu, na imprensa local, a denúncia de agressão física por parte de um “conceituado agrônomo” de Cuiabá contra sua namorada advogada.

 

E os casos não param. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) apontam que uma mulher é estuprada a cada 11 minutos no Brasil. É possível que a relação seja muito maior, pois apenas 30% ou 35% dos casos são registrados por medo ou constrangimento por parte da vítima. Em 2014, 47,6 mil ocorrências de estupro foram realizadas, de acordo com o Fórum.

 

Em Mato Grosso, o número de homicídio de mulheres nos últimos 10 anos superou a média nacional. Enquanto o índice de feminicídio no Brasil foi de 4,6 para cada 100 mil habitantes nesse período, de acordo com o Ipea, no estado o índice chegou a 7,0/ 100 mil hab.

 

Como continuam os abusos, continuam também os protestos. Nessa quarta-feira, 01/06, Cuiabá terá mais um. A partir das 16h, na praça Ulisses Guimarães (em frente ao shopping Pantanal), o manifesto será para dizer “não foram 30 contra 1, foram 30 contra todas”.

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind  

 

Ler 1714 vezes Última modificação em Terça, 20 Setembro 2016 19:06