Terça, 18 Agosto 2020 14:47

Trabalhadores dos Correios entram em greve em defesa dos direitos, da vida e contra a privatização. Todo apoio!

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Em assembleias virtuais e presenciais, nesta segunda-feira (17), cerca de 100 mil trabalhadores dos Correios aprovaram greve por tempo indeterminado em todo o país. Os funcionários que entrariam no terceiro turno ainda ontem já cruzaram os braços desde às 22h.

 

A paralisação foi aprovada na base dos 36 sindicatos e federações existente no setor. Em São Paulo, a assembleia virtual reuniu cerca de 3 mil trabalhadores. Na Bahia, a assembleia foi presencial e, com todos os cuidados de prevenção à Covid, reuniu cerca de 500 ecetistas. A forte mobilização nacional reflete a disposição de luta e a indignação da categoria diante do brutal ataque aos seus empregos, salários e direitos.

 

A CSP-Conlutas expressa toda solidariedade e apoio à luta das trabalhadoras e trabalhadores dos Correios (confira MOCAO GREVE DOS CORREIOS).

 

Assembleia em Porto Alegre (RS)

 

A direção dos Correios e o governo Bolsonaro querem destruir o Acordo Coletivo que estabelece os direitos dos funcionários, bem como privatizar os Correios, entregando esta estratégica e lucrativa empresa pública para o setor privado, o que resultaria em milhares de demissões e piora no atendimento à população. É também uma luta em defesa da vida, pois os ecetistas também cobram melhores condições de trabalho em meio à pandemia, que já matou 120 trabalhadores.

 

O dirigente da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares) e integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Geraldinho Rodrigues explica os motivos da greve:

 

Extinção do acordo coletivo e privatização

 

As negociações da Campanha Salarial se arrastam há dois meses e a postura da empresa é de total intransigência e crueldade. Das 79 cláusulas do acordo coletivo que estabelece os direitos dos ecetistas, o presidente da empresa, o general Floriano Peixoto, quer extinguir 70.

 

É uma verdadeira destruição dos direitos da categoria. Até mesmo o vale alimentação foi retirado, assim como auxílio-creche, licença maternidade de 180 dias, ticket nas férias, o adicional de distribuição e coleta externa de 30%, pagamento de adicional noturno e horas extras, entre vários outros. Benefícios essenciais para a categoria que recebe um dos salários mais baixos das estatais, que não chega a dois salários mínimos.

 

Outro motivo para a mobilização é o descaso da empresa e do governo Bolsonaro com a vida dos trabalhadores e o processo de privatização. Apesar de serem considerados como trabalhadores essenciais em meio à pandemia, a postura da direção dos Correios é de negligência total.

 

Com a pandemia, os serviços cresceram mais de 20%, enquanto o número de trabalhadores diminuiu, isso além da carência de pessoal que já havia antes. A empresa tem exigido trabalhos em sábados, domingos, sobrecarregando e expondo ainda mais os trabalhadores ao coronavírus. Apesar de estarem levando a empresa nas costas e serem considerados trabalhadores de um serviço essencial, a categoria não tem o devido reconhecimento e tem que enfrentar um governo e uma gestão que querem acabar com os direitos para facilitar a privatização da empresa.

 

Os sindicatos precisaram entrar na Justiça para obrigar a empresa a fornecer equipamentos básicos de proteção à Covid-19, como máscaras e álcool em gel. Diante disso, a categoria já é uma das mais afetadas pela pandemia e, segundo levantamento dos sindicatos, cerca de 120 trabalhadores já perderam a vida, sem contar milhares de infectados.

 

A privatização, obsessão do presidente da empresa o general Floriano Peixoto, que segue a política de Bolsonaro e Paulo Guedes, é outro grave ataque. Nos últimos anos, a empresa vem sendo alvo do desmonte dos governos que avançaram na entrega fatiada e terceirização dos serviços prestados pelos Correios ao setor privado e agora Bolsonaro quer colocar a pá de cal na estatal e privatizá-la totalmente.

 

Ha oito anos, a empresa possuía 128 mil ecetistas e hoje atua com apenas 99 mil funcionários, após uma série de PDVs (Plano de Demissão Voluntária), que resultam em aumento da exploração dos trabalhadores e afeta o atendimento à população.

 

A propaganda de venda total da ECT é feita com argumento de que daria mais agilidade nas entregas e que a ampliação de empresas do ramo aumentaria a concorrência, barateando as postagens. Uma mentira.

 

Atualmente, as empresas privadas que atuam no setor, principalmente de e-commerce, usam os Correios para entregar as suas encomendas mais distantes porque não têm uma malha que atinja todo o país e porque não se interessam em atuar em áreas mais longínquas e periféricas.

 

O dirigente da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares) e integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Geraldinho Rodrigues, avalia que a greve começou muito forte e anuncia uma grande disposição de luta dos trabalhadores.

 

“Nossa greve nacional unificada não visa apenas garantir direitos mínimos, mas acima de tudo a defesa de que os Correios sigam como empresa pública e seja colocada sob o controle dos trabalhadores, para que tenha uma atuação voltada aos interesses do povo brasileiro”, disse.

 

Para o dirigente, a unidade entre todos os sindicatos da categoria, bem como com trabalhadores de outros setores que também estão na mira dos ataques de Bolsonaro também é uma tarefa do movimento. “Precisamos derrotar e por para fora Bolsonaro, Mourão, Floriano Peixoto e toda a corja deste governo lesa-pátria e inimigo dos trabalhadores”, concluiu Geraldinho.

 

O presidente do Sintect-VP Moisés Lima também fala da mobilização que começou forte nas unidades dos Correios no Vale do Paraíba (SP).

 

QUADRO DE APROVAÇÃO DA GREVE NOS CORREIOS

FENTECT:

Acre
Alagoas
Amapá
Amazonas
Bahia
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