Quarta, 06 Janeiro 2016 14:40

Batista, o nome do esporte

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Benedito Pedro Dorileo 

Amor, somente amor à causa era o devaneio da esperança e da crença para dar forma à Universidade Federal no cerrado de Coxipó da Ponte. A faina exigia imaginação fecunda do caboclo desconfiado de tanto abandono sofrido no Centro-Oeste. A ele pouco importava na época se o poder da República constituía-se em regime de exceção política ou não; idealista das ilusões factíveis, interessava-lhe fabular a realidade no chão do cerrado.

Queria fazer apressadamente antes de possível não peremptório de desistência ou determinação de novo azimute como ocorreu com a estrada de ferro. Fazer já, estender o fazejamento despreocupado com o debate ideológico, sem mala nem cuia, somente a alma resoluta para construir e transmitir a herança.

Do centro formulador arremessavam-se projetos utópicos que não se estiolavam, pois atingiam terras férteis a vicejar formas estruturais físicas e acadêmicas. Gabriel no centro, conosco companheiros fizemos e legamos. Tudo era cotejado: nada escapou das bases estabelecidas no ensino, na pesquisa e na extensão. Nesse entrevero criador, o esporte também foi cogitação inaugural. A obrigatoriedade legal da prática da educação física no ensino fundamental até no superior encontrou guarida com a construção de um dos maiores ginásios cobertos universitários do país. Imaginamos logo uma Divisão de Educação Física, Desportos e Recreação – base formuladora do curso respectivo de graduação. Vínhamos do Instituto de Ciências e Letras de Cuiabá, e João Batista Jaudy, um dos docentes fundadores, assumiu a direção desse órgão suplementar.

Com o professor Batista redigimos o projeto que se consolidou a partir de 1972, nos primeiros dias da UFMT. Foi toque de mágica em suas mãos, criando e liderando, que logo o ginásio de esportes, quadras descobertas incipientes, parque aquático, pistas improvisadas de atletismo estavam logo ocupadas com estuante entusiasmo. Dispara o futebol de campo chegando, em 1979, com o primeiro torneio de confraternização reunindo 8 equipes. Sucederam-se Colônia de Férias para crianças, iniciação físico-recreativas e artísticas, com conteúdo de sociabilidade, educação sanitária e estímulos cívicos.

Chegamos em 1980 otimizando recursos para desenvolver crescentes atividades, ao encerrar handebol, ginástica orgânica, ciclismo, jogos diversos como xadrez e tênis de mesa. Batista com companheiros aliados em seu caminho compuseram grupos de trabalho para alcançar alta conquista na criação de federações de: voleibol, basquetebol, atletismo, natação, futebol de salão, handebol. Caminha mais ao criar a Federação Mato-Grossense de Esportes Universitários, a FMEU, e a Associação Atlética Uirapuru. Avança sinais imaginativos com o Unicuia – jogos de integração da Universidade com a Comunidade e o Muxirum Cuiabano; e determinou a criação do Grêmio Recreativo e Esportivo Mocidade Independente Universitária, com a explosão carnavalesca. Sacode a memória para admirar tamanho poder criativo em uma Universidade sob organização, acionando invejável extensão. Batista foi exemplo de fazejador.

Nominar obra física é obrigação social, desde que equidistante da erva daninha da politicagem, principalmente na universitas. Dar nome representa individualizar valor, diferençar personalidade, sobrelevar homem-luzeiro.

A comunidade universitária, através da Faculdade de Educação Física e sua congregação, professores, técnicos e estudantes, com o seu diretor professor Evando Carlos Moreira, em composição com a Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Vivência, onde está o titular Fabrício de Carvalho, tem a missão de escolher o nome para encimar o Complexo Esportivo e o Centro Oficial de Treinamento – o COT da UFMT. E tendo o Ginásio de Esportes reformado e revitalizado com nova cobertura, iluminação redimensionada, cadeiras e piso sintético na gestão do reitor Paulo Speller. Ressonâncias apontam o nome do professor João Batista Jaudy. Aqui não se propõe, apenas se exalta uma realidade, almejando a conclusão do COT, como deseja a reitora professora Maria Lúcia Neder. São tempos propícios, como neste 2016, a celebração dos 40 anos de criação do curso de Educação Física, em 30 de agosto de 1976, através da Resolução nº CD 44/76, com 20 vagas; e antevendo, ainda, o jubileu dos 300 anos de Cuiabá, em 2019. Não se trata de simples nominação, todavia de ato pedagógico para imprimir o selo da idealidade e da ação exemplar do professor Batista, o nome do esporte. 

Benedito Pedro Dorileo, é Advogado e Ex-Reitor da UFMT.

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