Segunda, 14 Agosto 2017 17:37
 
 
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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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JUACY DA SILVA*

Enquanto a LAVA JATO e outras investigações apontam como políticos, gestores e empresários assaltaram e continuam assaltando os cofres públicos, enquanto os parlamentos, desde as Câmaras de Vereadores, passando por Assembleias Legislativas e Congresso Nacional realizam audiências públicas, onde quem  mais falam  são os “representantes do povo”,  muitos dos quais também são investigados por atos de corrupção no exercício desses cargos; enquanto nossas Autoridades maiores cortam os orçamentos da saúde, da educação, do saneamento básico, da segurança pública, lemos no jornal A Gazeta, de Cuiabá, em seu portal  Gazeta Digital, que uma criança, de família pobres, dessas que tanto precisam dos serviços públicos,  morreu no ultimo final de semana, em  Acorizal, uma pequena cidade que  faz parte da Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá, por falta de médico no Posto de Saúde da família, que não tem médicos nos finais de semana.

Na lógica dos nossos governantes, o mais importante é controlar os orçamentos, cortar gastos, aumentar impostos ,fazer vistas grossas para os grandes sonegadores, grandes grupos empresariais que prosperam graças aos “inventivos fiscais”, a renúncia fiscal, aos juros subsidiados para os grandes empreendimentos, principalmente mamando nas tetas dos bancos oficiais, mas não titubeiam em sacrificar o povão, os despossuídos, os excluídos, os desempregados, subempregados que ganham míseros reais que não são suficientes para terem uma vida digna em um país da dimensão e potencial do Brasil.

Esses excluídos, só são lembrados durante as eleições, quando são manipulados ou subornados  e terem seus votos “comprados" com promessas ou alguns pequenos favores, garantindo aos marajás da República,  seus associados, financiadores e asseclas a conquista e permanência nas estruturas do poder, onde poderão continuar roubando os cofres públicos impunemente, conforme revelado pelas diversas operações “caça corrupto”  em curso no Brasil e na maioria dos Estados, incluindo Mato Grosso e milhares de municípios.

Resultado a corrupção,  o descaso com o destino da população pobre e excluída, a incompetência e a falta de recursos para a saúde publica continuam matando nossa gente, principalmente crianças e idos@s, os segmentos mais frágeis de nosso Brasil  e nosso Mato Grosso, o "estado solução", que pretende ser o "celeiro"  do mundo, mas abandona sua população que vive  `as custas de migalhas que caem da mesa dos barões da economia e da politica!

Observação: na segunda feira, dia 07 de Agosto de 2017, enquanto a pequena Kauane Vitória Santos Brito era velada na casa dos pais, em meio a muito pranto e sofrimento, que a perda de um ente querido provoca, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso realizava uma “audiência pública”, para discutir o caos da saúde no Estado. Parece  uma grande ironia do destino, que sacrifica os pobres e premia as camadas mais abastadas de Mato Grosso, como do Brasil em geral. Será que este é o modelo de desenvolvimento que nossos governantes, de forma hipócrita deseja para nosso Estado e nosso país?

Isto e Brasil ! Isto é Mato Grosso e todos os demais Estados.

*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre  em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação.

E-mailO endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

Quarta, 09 Agosto 2017 10:49

 

 

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JUACY DA SILVA*

Durante o recente  debate público sobre a denúncia do Procurador Geral da República contra o Presidente da República, Michel Temer, eleito na chapa Dilma/Temer, também acusada de uso de caixa dois alimentado por propina da corrupção nas Estatais, grandes obras públicas e dinheiro sujo de grandes empreiteiras, a população parece ter ficado alheia a este debate e, diferente de outros momentos cruciais da vida política e institucional do Brasil, recolheu-se em um mutismo intrigante.

Há poucos anos, diante da corrupção, do arbítrio e da prepotência de governos totalitários, o mundo acordou para o que foi denominado de “primavera árabe”, em uma alusão à primavera de praga que foi o início da destruição do antigo império soviético e tudo de nefasto que com ele surgiu no mundo ocidental.

Na Primavera Árabe, as manifestações grandiosas, que contaram com milhões de pessoas protestando, determinaram a queda de ditadores sanguinários e governantes corruptos que acabaram sendo condenados a penas severas, incluindo pena de morte, prisão perpétua ou décadas de cadeia, sem delações premiadas e com confisco de patrimônio constituído pela  pilhagem dos cofres públicos e pela perpetuação dos mesmos grupos políticos ou familiares nas estruturas do poder por longas décadas.

O recado da Primavera Árabe foi claro e muito oportuno para países e população que vivem sob governos corruptos ou totalitário: só as pressões das massas e a coragem do povo pode, de fato, por fim a tais tipos de governos e regimes. Os pactos feitos pelas elites dominantes apenas postergam as crises e o sofrimento do povo. Isto é o que está acontecendo no Brasil há décadas, vivemos sob sistemas politico, eleitoral e de governo que privilegia as mesmas camadas dominantes que se perpetuam no poder e sempre conseguem seus atalhos para continuarem roubando os cofres públicos, espoliando o povo com altos impostos e impondo condições de vida ao povo, principalmente aos trabalhadores, que beiram a miserabilidade, enquanto os marajás da República continuam se locupletando as custas do povo.

Mas no Brasil parece que o povo, mesmo sofrendo com altas taxas de desemprego e de subemprego, mais 20 milhões de subempregados e mais de 13,8 milhões de desempregados, taxas de juros estratosféricas, carga tributária absurda, milhões sendo humilhados pelo caos e sucateamento dos serviços públicos de saúde, educação, saneamento básico, transporte e muitos outros milhões que vivem amedrontados ante uma violência crescente e o domínio ou poder paralelo do crime organizado, diante da falência do Estado Nacional,  dos estados e municípios  e a sanha aberta da corrupção que ameaça nossas instituições, destrói a democracia e rouba a esperança do povo de um futuro digno e decente, mesmo assim, as massas, a população não dão mostras de indignação e parece apoiar, pelo silêncio, passividade e omissão, governos corruptos e incompetentes.

Realmente causa espécie  este silêncio das ruas, como escrevi na parte final de meu artigo que foi veiculado neste final de semana (dias 4, 5 e seis de Agosto de 2017) intitulado " CADAVER INSEPULTO". Por quase três anos  ocorreram manifestações grandiosas, ocupando praças, ruas e avenidas deste país, muito alarido, quando o povo em passeatas gritava  FORA DILMA, FORA LULA, FORA PT, FORA CORRUPTOS.

Dilma caiu, o PT  foi fragorosamente derrotado nas últimas eleições municipais, se aproximando dos partidos nanicos, diversos políticos, gestores de estatais, governantes  e grandes empresários foram ou estão presos, LULA foi condenado pelo Juiz Sergio Moro  a mais de nove anos de cadeia e já é réu em mais seis processos por corrupção e outros crimes de colarinho branco, quase duas dezenas de parlamentares federais estão investigados, mas continuam  acobertados pelo famigerado foro privilegiado, Temer  é acusado de corrupção passive pelo Procurador Geral da República e a Câmara o livra  de ser investigado e  processado pelo STF, vários de seus ministros também estão sendo investigados por corrupção e, apesar de tudo isso, o povo continua calado, mudo! O que está havendo?

Este silêncio das ruas é interpretado pelos governantes como uma forma de apoio, segundo a máxima de que “quem cala consente”.

Será que todas aquelas manifestações eram fruto de mera manipulação?  Ou será que o povo já está anestesiado e não consegue mais reagir ante tantos absurdos da politica e de um gestão pública incompetente? ou será que estamos condenados a sermos governantes por corruptos e bandidos de colarinho branco?

Cabe as ruas darem a resposta alto e bom som, para que políticos, governantes e gestores ouçam de forma clara a voz do povo sofrido e quem sabe, um dia indignados!

*JUACY DA SILVA,  professor universitário,  titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites,  blogs e outros veículos de comunicação. EmailO endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

 

Quarta, 26 Julho 2017 09:58
 
 
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JUACY DA  SILVA*
 

Em  boa hora o Grupo Gazeta  de Comunicação está lançando uma  CAMPANHA  de combate à corrupção, através do estímulo para que as pessoas, em todos os setores, de todas as faixas etárias denunciem práticas irregulares  que acabam sendo  a semente  da corrupção.

O Brasil possui inúmeras instituições públicas, que consomem  bilhões  de reais por ano, com a finalidade de exercerem o controle e a repressão aos crimes de colarinho branco, uma das maiores pragas, um verdadeiro câncer que está destruindo não apenas nossas instituições  públicas, mas também o setor produtivo e ao mesmo tempo destruindo a credibilidade da população em relação ao nosso presente e ao nosso futuro.

Apenas para refrescar a memória dos leitores, eleitores e contribuintes, entre os organismos de controle podemos mencionar o TCU - Tribunal de Contas da União, os tribunais de contas nos estados e ainda os tribunais de contas dos municípios do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Temos também os Ministérios Públicos Federal e Estaduais,  o Poder  Legislativo representado pelo Congresso Nacional, pelas Assembleias Legislativas Estaduais, pelas Câmaras Municipais, as Auditorias, Controladorias, Ouvidorias em todos os níveis da Administração Pública .

No âmbito do Poder Executivo,  o Governo Federal  tem também a antiga CGU  Controladoria Geral da União, a COAF  do Banco Central, os setores de inteligência coordenado nacionalmente pela ABIN Agência Brasileira de Inteligência, antigo SNI dos governos militares e os organismos de inteligência das Forças Armadas, das polícias civis e militares, as Polícias Federal, Rodoviária Federal.

Além de  toda esta  parafernália de organismos de controle e repressão não podemos nos esquecer das famosas CPIs, CPMIs, e todo o aparato do poder judiciário, a quem incumbe mandar investigar, prender, julgar ou julgar e mandar prender, enfim, condenar todos os tipos de crime, incluindo os crimes de colarinho branco.

Apesar de todo este emaranhado de organismos, pouca coisa foi feita nas últimas décadas, a considerar os inúmeros casos de corrupção, onde os mais paradigmáticos foram  o mensalão e a LAVA JATO, envolvendo altos dignitários da política e da administração pública em todos os níveis em setores e dimensões. A maior prova é o fato de que em menos de 30 anos, de regime democrático, republicano e de direito  tivemos dois presidentes da república afastados por corrupção, um ex-presidente que há poucas semanas foi condenado em primeira instância por semelhantes delitos e o presidente que está no  cargo  também  foi formalmente denunciado pela Procuradoria Geral da República por crime de corrupção passiva, além de dezenas de dirigentes partidários que estão sendo investigados por crimes de colarinho branco, alguns inclusive condenados e presos.

Quanto ao Presidente Temer, graças ao apoio de sua  base aliada na Câmara, onde dezenas de  parlamentares também  estão sendo investigados por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha,  talvez acabe escapando das investigações  e condenação por parte do Supremo Tribunal Federal.

A Campanha ora lançada pelo Grupo Gazeta  de Comunicação, de Cuiabá, conforme palavras de seu Presidente João Dorileo, é um estímulo a mais para que  as pessoas exercitem o papel do que ele denomina de “Delator Cidadão”. Para tanto foram destacados seis eixos,  como foco para que todos os mal feitos, irregularidades, de qualquer natureza, âmbito e tipo de poder, sejam denunciados, enfim, tais práticas que acabam induzindo ou facilitando a corrupção. Esses eixos são: meio ambiente; educação; pavimentação,  talvez  o melhor pudesse ser infra estrutura que é mais abrangente, politica, saúde e violência, que deveria ser substituído por insegurança púbica e crime organizado.

Apesar  de ser uma campanha  mais do que meritória, nós os contribuintes, eleitores e cidadãos também não podemos deixar de exigir que os organismos de controle sejam controlados e mais eficientes, para  evitar, por exemplo o que aconteceu recentemente nos tribunais de contas do Rio de Janeiro e de Mato Grosso, denegrindo a imagem desses importantes organismos de controle.

Por exemplo, não podemos conviver  com um Sistema politico que tem como base o caciquismo, o compadrio e a corrupção, caixa dois e o balcão de negócios como se apresenta. Não podemos conviver com um Sistema judiciário lento, moroso  e opaco, pouco transparente, cheio de privilégios.

Não podemos conviver com uma administração paquiderme, com uma burocracia que cria dificuldades para vender facilidades. Não podemos conviver com um Estado que esteja muito mais a serviço dos grandes interesses econômicos e de portas abertas para verdadeiros gangsters travestidos de empresários.

Enfim, precisamos combater a corrupção de alto a baixo e não nos perdermos em picuinhas locais que acabam desvirtuando a verdadeira  batalha contra os grandes corruptos que continuam impunes e destruindo nosso país e nossas instituições.

Parabéns ao Grupo Gazeta de Comunicação por esta brilhante e oportuna decisão! A hora de abrir a boca é agora, não se omita, combater as irregularidades e a corrupção é um  exercício de cidadania ativa.

*JUACY DA SILVA,  professor universitário, titular e aposentado  UFMT, mestre  em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs. 

E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo." target="_blank">O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blogwww.professorjuacy.blogspot.com
 

Quarta, 21 Junho 2017 08:00

 

O encadeamento dos fatos conduz, razoavelmente, à conclusão de que o Grupo de Pesquisa de Direito do Trabalho do IDP, liderado pelo presidente do TST, coordenado por juízes auxiliares da presidência do TST, secretariado pela secretária-geral do Conselho Superior da Justiça do Trabalho - também presidido pelo ministro Ives -, produziu subsídios para a reforma trabalhista, que foram integralmente acolhidos pelo relator da matéria na Câmara dos Deputados, havendo suspeita de que até as emendas apresentadas ao relator tenham saído do gabinete da presidência do TST. O mais grave: tudo financiado pela JBS, que repassou ao IDP mais de R$ 2 milhões, nos últimos dois anos.

Hugo Cavalcanti Melo Filho*

O Jornal Folha de S.Paulo noticiou, na edição de ontem, que o grupo J&F, controlador da JBS, patrocinou iniciativas do IDP – Instituto Brasiliense de Direito Público, ao qual destinou, nos últimos dois anos, mais de R$ 2 milhões. Como é notório, o ministro Gilmar Ferreira Mendes é um dos sócios do IDP.

De acordo com a Folha de S.Paulo, o Instituto informou que os recursos foram destinados a cinco eventos, além do suporte a um grupo de estudos em Direito do Trabalho e cursos gratuitos para a comunidade.

Para além das já noticiadas relações do ministro Gilmar Mendes com os sócios da JBS, a reportagem chama a atenção por outro aspecto: o financiamento, com dinheiro da JBS, do grupo de estudos em Direito do Trabalho.

Na página do IDP na Internet, obtêm-se as informações de que o Grupo de Pesquisa de Direito do Trabalho foi lançado em 30 de junho de 2016, sob a coordenação do presidente do TST, ministro Ives Gandra Filho, para, segundo a apresentação ali feita, a produção de estudos e artigos temáticos, realização de seminários, “buscando encontrar soluções para os problemas que ora são mais cruciais na seara laboral, passíveis de embasar projetos de lei ou ser supedâneo para decisões judiciais”.

Além dos ministros Gilmar e Ives, figuram como coordenador do Grupo e como professores orientadores três juízes do Trabalho que, coincidentemente, são juízes auxiliares da presidência do TST, afastados da jurisdição. Outra coincidência: a Secretaria-Executiva do Grupo de Pesquisa coube à mesma senhora que é secretária-geral do CSJT - Conselho Superior da Justiça do Trabalho, também presidido pelo ministro Ives.

É muito importante examinar as linhas de pesquisa do Grupo, no campo do Direito Material do Trabalho, retiradas da página do IDP:

“A) Direito do Trabalho 
- A extração de novos direitos trabalhistas a partir da exegese do ordenamento jurídico vigente à luz dos princípios constitucionais e laborais – baseado em levantamento de que direitos trabalhistas têm sido criados ou ampliados pela jurisprudência do TST invocando princípios constitucionais ou legais próprios do Direito do Trabalho e seu impacto na empregabilidade.

- Um marco regulatório seguro para o fenômeno da terceirização – perquirindo-se sobre quais seriam os parâmetros justos para se disciplinar o fenômeno da terceirização, inclusive no setor público.

- As micro e pequenas empresas e o Direito do Trabalho – perquirindo sobre que reformas trabalhistas seriam necessárias para não comprometer a existência e funcionamento das micro e pequenas empresas, especialmente em contexto de crise econômica.

- O tempo à disposição do empregador e sua remuneração – estudo para aperfeiçoar o conceito, hipóteses, efeitos e remuneração do período não laborado do trabalhador.

- O Direito e a Justiça do Trabalho e a empregabilidade – partindo do levantamento de que encargos sociais as empresas mais reclamam como entraves à competitividade e empregabilidade, para subsidiar eventuais reformas trabalhistas.

B) Direito Sindical
- Os meios alternativos de composição de litígios na seara trabalhista – analisando a jurisprudência e a realidade fática atual, para verificar como inserir adequadamente na seara laboral os meios alternativos de composição de litígios, constituídos pela arbitragem, mediação, conciliação prévia e negociação coletiva, de forma a desafogar a demanda judicial não assimilada pela Justiça do Trabalho.

- O conceito de Indisponibilidade de direitos – partindo da conjugação dos princípios da proteção e da subsidiariedade, propostos pela Doutrina Social Cristã, verificar quais seriam os parâmetros adequados para fixar um conceito de indisponibilidade de direitos em matéria de negociação coletiva.

- Os limites da autonomia negocial coletiva – baseado em levantamento de quais cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho têm sido anuladas pela Justiça do Trabalho e por que razão.

A reforma sindical possível – estudando que reformas sindicais seriam precisas para tornar mais legítima a negociação coletiva.

As fontes de financiamento do sistema sindical – estudo das fontes atuais de custeio do sistema sindical e propostas de seu aperfeiçoamento.”

No dia 30 de março de 2017, o Grupo de Pesquisa lançou o 1º Caderno de Pesquisas Trabalhistas do GPDT, com onze artigos. Foram premiados, com um total de R$ 20 mil, os autores dos três melhores trabalhos selecionados. Sobre o evento, publicou o sítio do IDP na Internet: “De acordo com o ministro Ives Gandra, o principal propósito do GPDT, a partir da publicação do 1º Caderno de Pesquisa Trabalhista, é ‘que, da análise de nossa jurisprudência trabalhista, cotejada com a legislação e a doutrina, verificando os impactos que provoca na realidade econômica e social, possa-se chegar a soluções e propostas que contribuam para o aperfeiçoamento e modernização de nossa legislação laboral”. E mais: “De acordo com o ministro Gilmar Mendes, que coordenou junto ao ministro Ives Gandra a publicação do Caderno de Pesquisas Trabalhistas, o Brasil vivencia um grande desafio acerca da legislação trabalhista nacional, que se utiliza de modelos obsoletos que não correspondem à realidade globalizada: ‘Hoje, o nosso país tem uma massa de desempregados graças a essa brutal recessão. Há famílias que são dilaceradas por esse fenômeno. Não queremos um sistema engessado e precisamos ter uma visão diferente sobre a reforma trabalhista’.

Em 26 de abril de 2017 foi aprovada, na Câmara dos Deputados, a denominada reforma trabalhista, a partir de substitutivo apresentado pelo relator da matéria. A coincidência entre os eixos centrais da reforma e as linhas de pesquisa do Grupo de Pesquisa de Direito do Trabalho (IDP) é absoluta! Sem nenhuma dúvida, o propósito de "subsidiar eventuais reformas trabalhistas" foi plenamente alcançado. Por outro lado, a lógica que direcionou o trabalho do relator é em tudo coincidente com a visão dos ministros Gilmar e Ives sobre o Direito do Trabalho.

No dia 28 de abril de 2017, a ministra do TST Kátia Arruda encaminhou ofício ao presidente da Corte questionando se propostas de emendas da reforma trabalhista teriam saído da presidência do tribunal, conforme indicara reportagem publicada pelo The Intercept Brasil.

Por todo esse tempo, nos jornais e na TV, pôde-se ver outro juiz do Trabalho, também assessor da presidência do TST, a reproduzir as curiosas ideias do ministro Ives, em pronunciamentos e entrevistas, magistrado este que, declaradamente, atuou em comissão na Presidência da República, criada para redigir a proposta de "reforma" e, depois, no auxílio ao relator da “reforma trabalhista”, na Câmara, devidamente liberado das funções jurisdicionais, nas duas situações.

O encadeamento dos fatos conduz, razoavelmente, à conclusão de que o Grupo de Pesquisa de Direito do Trabalho do IDP, liderado pelo presidente do TST, coordenado por juízes auxiliares da presidência do TST, secretariado pela secretária-geral do Conselho Superior da Justiça do Trabalho - também presidido pelo ministro Ives -, produziu subsídios para a reforma trabalhista, que foram integralmente acolhidos pelo relator da matéria na Câmara dos Deputados, havendo suspeita de que até as emendas apresentadas ao relator tenham saído do gabinete da presidência do TST. O mais grave: tudo financiado pela JBS, que repassou ao IDP mais de R$ 2 milhões, nos últimos dois anos.

Ninguém ignora que os ministros Gilmar e Ives, especialmente este, não têm nenhum apreço pelo Direito do Trabalho e pela Justiça do Trabalho e que querem, a todo custo, ver aprovada a brutal "reforma trabalhista", de interesse exclusivo do grande capital. 
Só não se sabia, até ontem, que esses custos tinham sido suportados pela JBS, empresa envolvida no mais escandaloso esquema de corrupção do país e, desde sempre, impiedosa exploradora dos seus infelizes empregados, contumaz demandada na Justiça do Trabalho e notória devedora da Previdência Social.

A origem espúria dos recursos é indiscutível e reconhecida pelo próprio IDP: “Ao ser questionado pela Folha sobre o assunto, o instituto disse que devolveu R$ 650 mil deste total no dia 29 de maio, após revelação de acordo de delação premiada de executivos da empresa. O IDP diz que, em razão de uma cláusula contratual relacionada à conduta ética e moral do patrocinador, rescindiu um contrato assinado em junho de 2015 com o grupo”. Restam R$ 1.450 mil.

E o ministro Ives, a título de, digamos, contribuição pessoal, escalou mão-de-obra altamente qualificada para assegurar o resultado pretendido e abriu mão da integral concorrência nos serviços do gabinete da presidência do TST de quatro de seus juízes auxiliares e da secretária-geral do CSJT.

Parece ter sido simples assim: a JBS financiou, o TST e o CSJT indicou quadros qualificados, o GPDT/IDP orientou a produção de textos e os publicou, estes subsídios foram apresentados ao relator da “reforma trabalhista” que os acolheu, prontamente, para escravizar os trabalhadores brasileiros. Será que isso se harmoniza com a Doutrina Social Cristã?

(*) Juiz do Trabalho e presidente da Associação Latino-americana de Juízes do Trabalho (ALAJT).

Fonte: DIAP

Sexta, 26 Maio 2017 08:58

 

 

 

JUACY DA SILVA*

 

Nunca as frases de Bezerra  da Silva e de Rui Barbosa  foram tão atuais. A corrupção está entranhada na vida e na história política, social, cultural e econômica de nosso país,  vem desde o período colonial, passou pelos dois impérios, ou seja, antes e depois da proclamação de nossa independência e da proclamação da República, continuou na República Velha , esteve presente durante o Estado Novo da ditadura de Vargas, durante a redemocratização após a segunda Guerra mundial, fortaleceu-se no período populista antes do regime militar, esteve presente durante os governos dos generais, continuou a florescer sobre os governos civis ,  escancarou de vez durante a era do tucanato e praticamente institucionalizou-se na era petista e está mais viva do que nunca no governo Temer, do PMDB/PSDB/DEM  e outros partidos que fazem parte da famosa “base”.


Enfim, o povo brasileiro assiste quase passivamente a uma  deterioração institucional e moral do país , onde os privilégios dos governantes e os assaltos aos cofres públicos pelas quadrilhas instaladas no poder a serviço dos interesses dos grandes grupos econômicas praticamente estão destruindo não apenas a confiança e a esperança do povo, mas inviabilizando a dinâmica do Estado “democrático de direito”, praticamente falido pela rapinagem de bandidos de colarinho branco.


Bezerra  da Silva, em sua música diz “ Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão”, esta frase é extremamente verdadeira e atualíssima no momento em que mais de  um terço dos senadores,  Casa onde estão guardados discursos inflamados de Rui Barbosa, contra a corrupção, como a frase proferida durante um pronunciamento no  dia 17 de dezembro de 1914, em que dizia “ De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra,  de tanto ver crescer  a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se  da virtude,  a rir-se da honra  e a ter vergonha  de ser honesto”.

 

Talvez  esta frase devesse ser impressa  em letras garrafais e colocada no lugar dos retratos de  governantes e em todas as salas, escritórios, gabinetes públicos,  nos palácios e nas salas de reuniões e sedes de grandes empresas, como as que participaram do mensalão, da lava jato e principalmente das que estão fazendo delações premiadas para livrarem empresários  que corromperam servidores públicos, gestores públicos e, principalmente, políticos que roubaram  e continuam roubando abertamente.


Os  fatos acontecidos nos últimos dias que lançaram muita lama sobre políticos de envergadura nacional, incluindo o Presidente da República, lideranças até pouco tempo “acima de  qualquer suspeita”, como do Senador Presidente do PSDB, a prisão de diversos ex-governados, que só não foram presos antes por gozarem do famigerado “foro privilegiado”, uma excrecência jurídica para proteger políticos e gestores corruptos, muito mais gente , incluindo empresários que  enriqueceram as custas do BNDES e de outros favores do governo, deveriam estar presos e não serem perdoados após  realizarem  delação premiada e acordos de leniência.


Enquanto a operação lava jato sob a batuta do Juiz Sérgio Moro caminha a passos céleres, as investigações dos  políticos suspeitos de corrupção, que gozam de foro privilegiado, incluindo senadores, deputados  federais, ministros e agora o próprio presidente da República, caminham a passos de tartaruga.


O cidadão e contribuinte pode perguntar-se quantos dos suspeitos que constam da  primeira Lista do Janot, que o STF  autorizou que fossem investigados já foram denunciados pelo Ministério Público Federal? E os da segunda Lista do JANOT/Fachim, quantos foram denunciados?  E  os que constam das delações da Odebrecht que gozam de foro privilegiado quantos foram investigados e denunciados?  E o que vai acontecer com os mais de 1800 políticos que receberam propina da JBS, incluindo os 166 deputados federais eleitos, 28 senadores e 16 governadores, que também receberam propina desses criminosos de colarinho branco travestidos de empresários serão investigados? O que vai acontecer  com os donos da JBS que já estão fora do Brasil e que confessaram vários crimes, vão ser perdoados enquanto outros empresários, como o ex-presidente da Odebrecht já está preso e condenado?


O tempo dirá se estamos vivendo em um país sério ou em uma republiqueta de bananas, se tudo virar em pizza e apenas uns gatos pingados forem levados às barras dos tribunais e condenados, com certeza a frase de Rui Barbosa espelha como nunca o país em que vivemos!

 


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular  e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação. E-mail  O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

 

 

Quinta, 25 Maio 2017 10:07

FANÁTICOS POR QUADRILHAS

 

Roberto Boaventura da Silva Sá*

 

Sempre que posso, prefiro fugir de contendas a nelas mergulhar. Perder pessoas próximas é sempre ruim, ainda mais a quem nunca teve a pretensão de “...ter um milhão de amigos...”


Logo após Lula depor na Lava-Jato e discursar no 6º Congresso do PT paulista, escrevi o artigo “Os dias são assim aos fanáticos”. Mas não o publiquei. Agora, mudei de ideia.

Hoje, falarei de fanáticos; por isso, apenas tangenciarei o panorama político, mesmo sabendo de seu caráter estarrecedor. Mas e quando o fanático é colega de profissão? E quando o colega ostenta o título de doutor, que, em tese, far-lhe-ia um pensador?

Em meio ao caos deste momento, vi uma postagem de um fanático por corruptos, ou seja, pelo menos até onde sei, uma nova modalidade de fanatismo. Penso que pessoas assim assemelham-se aos fanáticos por futebol, religião, ou por outra coisa qualquer. Fanático é o tipo de quem não é preciso chegar bem perto para ver que não é normal. Desculpem-me lançar mão do complexo dicotômico “normal versus anormal”. 

Para estudos da Psicologia, em geral, os fanáticos apresentam algumas características marcantes: demonstram preconceitos de tipos variados e, por isso, cultivam o ódio; apresentam estreiteza mental e, por isso, vivenciam demora excessiva em determinada situação e/ou circunstância; expõem credulidade em algum tipo de sistema ou de seres que representem tais sistemas e, por isso, os defendem cegamente; são individualistas.

Complemento meu: fanático é radical, mas no pior sentido do termo; logo, referenciando “Sampa” de Caetano, o fanático é intolerante ao que não lhe seja “de espelho”. O fanático tem visão de mundo maniqueísta. Um fanático pode adotar condutas tão irracionais quanto agressivas; pode ser violento para impor seu ponto de vista. A agressão pode ser tanto física quanto simbólica.

Pois bem. Na mensagem que recebi, em sua foto de perfil, há um meme. No plano da paródia, a foto daquele meme poderia lembrar a Monalisa (envelhecida, é claro) de Da Vinci, pois nela se encontra uma foto da senhora Dilma sorrindo com a boca fechada. Embaixo da foto, a pergunta infame que alguns fanáticos por corruptos estão a fazer neste momento em que tudo está ruindo no país: “Já posso rir”?

Não. Não pode. Engula o riso. Ele é desumano. Quem rir, comprova o grau de insanidade, da estupidez, da falta de memória, da falta de leitura política destes dias tão cruéis pelos quais estamos passando. Rir, hoje, da desgraça de Temer e/ou de agentes de outras quadrilhas políticas é, antes de tudo, esquecer dos agentes da quadrilha apeada há pouco do poder. Aliás, é difícil entender como alguém pode esquecer daquela.

Mas os fanáticos esquecem. Ao esquecer, são capazes de gritar – sem constrangimentos – que “Dirceu é guerreiro do povo brasileiro”. São capazes de acreditar que Vaccari – o onisciente, pois estava em diversas as falcatruas – é um “prisioneiro político”. São capazes de desejar o retorno de Lula, o ignorante, pois é aquele que nunca sabe de nada do que ocorre ao seu redor. Em contrapartida, os delatores, deles, não se esquecem. Eles ainda continuam a cada momento sendo lembrados em todas as delações; e por incontáveis milhões.

Diante desse quadro, perguntar se alguém pode rir é ignorar o sofrimento de um contingente de brasileiros desempregados ou subempregados: vítimas de uma sequência de velhos e velhacos criminosos no poder. Quase ninguém escapa. Por isso, não há espaço para riso. Na real: todos nós só temos motivos para chorar; e muito.

*Roberto Boaventura da Silva Sá é Professor de Literatura na UFMT e Doutor em Jornalismo pela USP.
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Terça, 18 Abril 2017 20:09

 

Beatriz Soares da Silva & Danielle Viturino da Silva1

 

Nesse momento pretendemos investigar a relação entre a crescente política de Renúncia Fiscal2, a expansão da divida pública, os desvios vindos da corrupção expandida e a crise do serviço público no Rio de Janeiro. A Renúncia Fiscal cresceu de forma significativa nos últimos anos, como destacado pelo Jornal Extra de 09 de março de 2016, que entre 2008 e 2013, esses valores estimados chegaram a um montante de R$ 138,6 bilhões. O jornal ainda ressalta que essa renúncia favorece empresas de vários segmentos “como as dos setores automotivo e de petróleo, energia elétrica e bebidas. O fato mais grave esta na pratica de benefícios fiscais para setores específicos, de pouco alcance popular, como o de joias e pedras preciosas.”

 

O valor de R$ 138,6 bilhões que o Estado deixou de arrecadar dessas empresas pagaria servidores do estado por mais de cinco anos. Em outras palavras, esta prolongada renúncia fiscal tem contribuído para uma queda na receita total do estado que induz a uma situação de crise fiscal3 e financeira. Ao mesmo tempo, observamos uma crise no serviço público do Rio de janeiro, marcada pelo atraso do pagamento de salários, como ilustrado no caso da Universidade Estadual do Rio de Janeiro UERJ. Segundo a Reitoria da UERJ durante entrevista ao G1 Rio do dia 10 de janeiro de 2017, a grave crise que afeta o estado pode causar o fechamento da universidade. Segundo ela, é necessário efetuar o pagamento dos servidores e liberar recursos para que a instituição possa funcionar.

 

Por outro lado, temos a destacar que apesar da corrupção ser parte importante na definição da crise fiscal e financeira, o volume de dívida pública paga pelo estado tem um papel ainda mais expressivo nesta crise. O subproduto disso é a crise do serviço público e dos direitos dos trabalhadores. Segundo Oliveira4 (2016) o serviço da dívida em 2015 correspondia a R$3,3 milhões. Apesar deste elevado valor pago a divida não parou de crescer. Em 1997 essa dívida era de R$15,2 milhões. Em 2015 o total de pagamentos do serviço da divida chegou a R$28 bilhões. Enquanto isso a dívida atual chega a R$ 56,5 milhões.

 

A parte da corrupção correspondente à crise fiscal do Rio pode ser vista no caso do desvio de dinheiro do ex-governador Sérgio Cabral. Segundo o Ministério Público, conforme o jornal Extra 26 de janeiro de 2017, este recebeu em propina cerca de R$ 340 milhões. A quantia foi enviada para o exterior por operadores do mercado financeiro. Com esse dinheiro, o Estado pagaria um mês de salário a 80 mil servidores, entre ativos, inativos e pensionistas. Além disso, o Ministério Público Federal (MPF) investiga o pagamento de propina feita ao ex-governador por Eike Batista e Flávio Godinho, através de conta no panamá, local onde o ex-governador teria acumulado mais de US$ 100 milhões ou R$ 330 milhões em propinas distribuídas em contas no exterior.

 

Podemos constatar que no fundamental da crise fiscal e financeira do RJ temos como determinantes essenciais à explosão da dívida pública, que consome uma parte considerável das receitas do Estado, a renúncia fiscal, que em 6 anos representou a perda de R$ 138 bilhões para o na arrecadação do Estado. Este volume de recursos poderia garantir o financiamento do orçamento da UERJ por 138 anos. Por outro lado, a corrupção gerou o enriquecimento privado enquanto aprofundou o empobrecimento social. Assim, dado esse cenário torna-se fundamental uma auditoria da dívida pública deste estado de forma a explicitar os verdadeiros responsáveis por essa sangria do dinheiro público, enquanto muitos morrem nas filas dos hospitais.

 

1 Alunas da disciplina Análise de conjuntura no curso de ciências Econômicas da UFAL em Santana do Ipanema, orientadas pelo Professor José Menezes Gomes.

2 Trata-se um percentual de impostos que o governo abre mão de arrecadar da iniciativa privada, com a alegação que resultaria em mais empregos.

3 Crise fiscal é quando a receita é menor que a despesa

4 Jornalista da revista Época, em 17 de junho.

Quinta, 23 Março 2017 17:24

 

 

JUACY DA  SILVA*
 

Em um país em que ex-ministros, ex-parlamentares municipais, estaduais e federais, ex-governadores, grandes empresários, até mesmo alguns integrantes do poder judiciário e inúmeros gestores públicos, inclusive da maior estatal brasileira foram acusados de corrupção, investigados com ordem da Justiça, presos e condenados, por terem roubado bilhões dos cofres públicos, a prisão de alguns fiscais sanitários do MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento não deveria causar tanto espanto e nem mobilizar tantas energias, tempo e explicações por parte das mais altas autoridades da República.


Quando estouraram as denúncias do então deputado federal Roberto Jefferson, durante as investigações da corrupção e roubalheira nos Correios e vieram as denúncias de que havia um grande esquema de corrupção, cujo chefe seria  o  então homem forte do Governo Lula, o então  ministro chefe da casa civil José Dirceu, que tinha gabinete no Palácio do Planalto, o  presidente Lula  dizia que nada de errado estava acontecendo e que tudo não passava de uma  grande trama da oposição, alimentada por uma “imprensa golpista”.


Os  resultados vieram a público e a  população passou a ter conhecimento de que nosso país poderia estar sendo governado por criminosos de colarinho branco. As penas aos condenados no Mensalão foram extremamente brandas e a maioria desses criminosos enquistados no poder acabaram recebendo indulto  por parte da presidente Dilma. Entre as denúncias iniciais  e o indulto foram  mais de uma década e as penas quase nunca passaram de dois anos.


Muita  gente ainda teima em dizer que toda a corrupção nos e dos governos  Lula e Dilma eram exclusivamente do PT, esquecendo-se de que o partido de Lula para se manter no poder por longos 13 anos teve que aliar-se  ao PMDB, PDT, PTB, PR, PP, PCdoB e outros mais, com os quais dividia cargos importantes tanto no poder legislativo quanto no poder executivo, neste ultimo  caso na Administração Federal, cuja estrutura de poder continua sendo negociada e barganhada em um verdadeiro balcão de negócios, no que se costuma dizer “toma lá , dá cá” ou no dizer de alguns políticos importantes, parafraseando, de uma forma malévola, o pensamento de São Francisco de Assis de que “é dando que se recebe”. Todas essas negociatas que acabam em corrupção e muita roubalheira aos cofres públicos são feitas em nome da “governabilidade”, um novo nome para o que poderia ser dito como um assalto ao poder!


Nesses três anos de operação LAVA JATO, principalmente as investigações, condenações e prisões conduzidas pela Força Tarefa instalada em Curitiba, sob a batuta do Juiz Sérgio Mouro, que não tem titubeado em mandar para a prisão políticos e altos gestores e grandes empresários, vem demonstrando que a corrupção é muito maior do que podemos imaginar. Pena que o mesmo não aconteça com políticos, gestores e governantes que gozam de foro privilegiado, uma excrecência que precisa acabar para que o Brasil fique livre de ladrões de colarinho branco enquistados em altas posições da política e da administração pública nacional, estaduais e municipais.


Pois bem, este fato de terem sido presos, temporária ou preventivamente alguns fiscais  do MAPA  e alguns Executivos de frigoríficos e de empresas exportadoras de carnes bovina, suína e frangos do Brasil, cujo Mercado foi conquistador ao longo dos últimos dez ou vinte anos e que envolveu uma verdadeira peregrinação de missões comerciais de alto nível, incluindo governadores, ministros e até presidentes da República , não chega a ser novidade e nem surpresa  para a maioria da população que já vem sendo sacudida por sucessivos e inúmeros escândalos de corrupção, por CPIs do Congresso Nacional que tem revelado boa parte deste esquema sórdido envolvendo gente importante da política e da economia de nosso país.


Em um primeiro momento o Governo Temer, que também  possui  alguns ministros e parlamentares dos diversos partidos que o apoiam no Congresso integrando as duas Listas do Janot  e em delações premiadas por parte de executivos da Odebrecht, incluindo a própria Chapa Dilma/Temer que levou o atual presidente ao poder, com o impeachment da ex-presidente petista, tenta por todas as formas desviar a atenção da opinião pública nacional e abrandar as reações da maioria dos países importadores de carnes e derivados do Brasil, que suspenderam as importações da carne brasileira.


Para variar busca-se sempre um culpado, um bode expiatório para jogar a culpa do mal feito em alguns, esquecendo—se de que o Brasil vem sendo envolvido em grandes esquemas de corrupção há mais de três décadas, desde o Governo Sarney, passando pelo impeachment de Collor, de Dilma e nas revelações da Odebrecht. No momento parece que a culpa deste prejuízo bilionário tem sido imputada à Polícia Federal e não à forma como os postos de comando da administração pública são preenchidos, no leilão que os partidos conduzem no balcão de negócios, uma porta aberta ou escancarada para a prática da corrupção.


Os mecanismos de fiscalização e a eficiência do SIPE  Sistema de Inspeção Federal, não resta  a menor  dúvida, são reconhecidamente eficientes, mas   as engrenagens que definem quem e quais partidos vão ocupar os postos de comando dos ministérios continuam sendo fisiológicos, de acordos espúrios entre partidos, enfim, uma porta aberta e um convite para que todos os setores estejam a mercê da corrupção e de políticos corruptos que continuam mandando nos partidos e na política brasileira.


Seria bom o Governo Temer  e seus ministros baixarem  um pouco a bola e aguardarem as investigações da Polícia Federal, cuja eficiência e independência tem sido motivo de apoio por parte da população, principalmente quando se trata dessas operações “caça corruptos”.


*JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação.

E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog  www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

 

Quinta, 26 Janeiro 2017 11:38

 

JUACY DA SILVA*
 

Apesar dos  “esforços” de nossos governantes em combater a corrupção, principalmente com as ações da operação lava jato e de outras ações do poder judiciário em alguns estados, que redundaram em prisões de ex- governadores, secretários de estado, ex-parlamentares  e até afastamento de conselheiros de tribunais de contas e de membros do poder judiciário,  o  fato concreto é que o Brasil ainda está muito mal na foto e a corrupção continua na ordem do dia, enfim, na agenda política e institucional de nosso país.


O último relatório sobre a percepção da corrupção da ONG Transparência internacional, divulgado há dois dias, coloca o Brasil na 79a posição no ranking mundial da corrupção, muito pior do que alguns países da Ásia, África, Europa e da  América Latina como Uruguai que ocupa a 21a. posição, o Chile a 24a, a Costa Rica 41a, Cuba 60a, a África do Sul e Suriname que estão empatados na 64a posição. O Brasil faz parte do grupo de peso do BRICs, ao lado da China e da Índia, demonstrando que continuam tendo  na corrupção um enorme desafio para que o desenvolvimento possa acontecer respeitando padrões éticos muito importantes nas relações internas e internacionais.


No relatório foi demonstrado que existe  uma correlação entre altos índices de corrupção e altos índices de desigualdade e de injustiça nesses países e no Brasil esta realidade é patente. Dinheiro público roubado pelos políticos, gestores públicos e empresários fazem falta para a implementação de políticas públicas e inclusive para o pagamento das despesas correntes da administração pública, gerando uma grande crise institucional e social em diversos estados e na União.


Mesmo que nos dois últimos anos nosso país tenha “melhorado” e subido dois postos na ordem do ranking internacional da percepção da corrupção, quando comparado este último relatório com outros de alguns anos e décadas anteriores, a situação em nosso país piorou muito.


Assim, não é por acaso que o desbaratamento dos esquemas do MENSALÃO e do PETROLÃO  e de outros esquemas menores em diversos Estados, paira  sobre o Brasil uma nuvem carregada de indícios de que ainda existe muita corrupção sendo descoberta em todos os níveis de governo e poderes da República e regiões/estados/municípios de nosso país.


Com certeza ainda tem muita gente graúda que goza de foro especial, uma espécie de privilégio legal que protege os grandes corruptos de acertarem as contas com a justiça e com a sociedade. De outro lado a morosidade e os meandros do funcionamento do poder judiciário também contribuem para a impunidade, inclusive via prescrição das penas, demonstrem que a corrupção ou a criminalidade de colarinho branco compensa e que o enriquecimento ilícito via esquemas fraudulentos na  gestão pública e em suas relações com a iniciativa privada que realiza obras ou presta serviços ao setor público é muito mais uma regra do que exceção.  


O desbaratamento de diversas quadrilhas de colarinho branco  envolvendo políticos, gestores públicos, enfim, servidores públicos com empresários, principalmente de médio e grande porte,  como as diversas fases da operação Lava Jato tem demonstrado e atestam perfeitamente que a presença de quadrilhas na administração pública ainda é  uma chaga, uma nódoa a ser extirpada.


Por mais que as chamadas delações  premiadas contribuam para ampliarem e aprofundarem as  investigações nos casos de corrupção sob o escrutínio da justiça, parece que a redução das penas que aos corruptos deveriam ser impostas  acabam sendo um verdadeiro privilégio, como o cumprimento de penas domiciliares  em residências de luxo ou verdadeiras mansões adquiridas com dinheiro sujo fruto da corrupção.


Mesmo não  tendo sido utilizadas as delações premiadas no caso do MENSALÃO, as penas que acabaram sendo impostas ao núcleo politico, principalmente à cúpula petista, foram muito brandas, praticamente nenhum corrupto condenado naquele processo cumpriu mais de três ou quatro anos de prisão e muitos tiveram suas penas comutadas e perdoadas na forma de induto, enquanto Marcos Valério  e as diretoras do Banco Rural “pegaram” mais de 30 e 15 anos, respectivamente.


Com a morte do Ministro Teori Zavaski, uma sombra de dúvida voltou a pairar sobre  o andamento das investigações da LAVA JATO, principalmente porque cabia ao mesmo a responsabilidade das decisões sobre todos os suspeitos de corrupção que gozam do privilégio de serem denunciados, investigados e  julgados apenas perante o STF. Deste grupo fazem parte mais de 40 parlamentares , deputados federais e senadores, incluídos na “Lista do Janot”, enfim, diversos políticos que fazem parte da cúpula do poder legislativo e a morosidade na tramitação desses processos, pode acarretar em maior impunidade e a desmoralização de nossas instituições, principalmente do poder judiciário.


Enfim, 2017 e , com certeza 2018,  vão continuar tendo a mesma agenda dos anos recentes, ou seja, a crise política, econômica, financeira, orçamentária, social e institucional que tanto tem denegrido a imagem do Brasil interna e externamente. O fulcro central desta grande crise com certeza tem um nome e este toda a população brasileira conhece muito bem e se chama CORRUPÇÃO.


Enquanto a corrupção não  for banida e os corruptos presos e afastados da vida política, econômica, social e institucional do país nossos governantes não terão legitimidade para apresentarem planos, propostas ou pacotes para darem um novo rumo ao pais, inclusive o presidente Temer, cuja chapa Dilma/Temer continua sobre investigação por abuso do poder econômico e uso de dinheiro sujo, fruto da corrupção, nas últimas eleições.

*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs  e outros veículos de comunicação.

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Quarta, 07 Dezembro 2016 10:21

 

JUACY DA SILVA*
  

Neste próximo sábado, 09 de dezembro de 2016, a ONU comemora mais um DIA INTERNACIONAL DE COMBATE À CORRUPÇÃO, cujo tema, este ano, será “Unidos contra a corrupção, pelo desenvolvimento sustentável, pela paz e pela justiça.


Em praticamente todos os países do mundo, mesmo naqueles, como o Brasil, onde os índices de corrupção  são alarmantes, autoridades, governantes, políticos, gestores e empresários  muitos dos quais também suspeitos ou que estão sendo investigados por corrupção,  estarão  fazendo discursos, falando em solenidades, enquanto o povo continua saindo as ruas,  avenidas e praças dos países, como tem acontecido entre nós, para protestar contra esta chaga que tanto destrói as  esperanças da população quanto rouba preciosos recursos que fazem falta à realização do desenvolvimento nacional.


Segundo estatísticas da ONU, que este ano vai coordenar as ações  do DIA INTERNACIONAL DE COMBATE À CORRUPÇÃO  através de duas de suas agências, a responsável  pelo Desenvolvimento Econômico e social e a outra que é destinada ao combate às drogas e criminalidade, a corrupção é responsável pelo desvio de nada menos do que 5% do PIB mundial, que em 2016 equivalem a US$3,76 trilhões de dólares. Em alguns países a corrupção pode chegar a mais de 10% do PIB.


O Brasil, de acordo com o  ultimo relatório da organização Transparência Internacional, de 2015 ocupa a 76a posição no ranking mundial da percepção da corrupção, com um escore de 38 pontos, em  uma escala que vai de zero a cem, sendo que quanto mais próximo de zero, maior é a corrupção.  Em 2012 o escore do Brasil foi de 43, ou seja, a corrupção em nosso país, longe de ser controlada ou reduzida, tem aumentado. Só para se ter uma ideia, a média mundial dos escores é de 43; a média das Américas do Norte, Central, Caribe e do Sul é de 40, a média do oriente médio e países do norte da África é de 39  e a média da Europa, Canadá, EUA e Japão é de 67. Portanto, podemos concluir que o Brasil é um país que convive com muita corrupção.


Como a população percebe,  as ações contra a corrupção,  como as conduzidas pela LAVA JATO  a cargo do Juiz Sérgio Moro em Curitiba ou a Juíza Selma Arruda em Cuiabá  e alguns outros poucos juízes pelo Brasil afora tem caminhado com  certa celeridade e conseguido colocar criminosos de colarinho branco, ex-parlamentares, ex-governadores e ex-secretários, ex-ministros e ex-gestores públicos graduados na cadeia.  O mesmo não podemos dizer da parte da LAVA LATO  onde A LISTA DO JANOT, com mais de 40 políticos, governantes e gestores que gozam de foro privilegiado/especial, cujos  processos tramitam a passos de tartaruga  nos tribunais superiores, contribuindo para a prescrição dos crimes de colarinho branco e para a impunidade.


Oxalá  este DIA INTERNACIONAL DE COMBATE À CORRUPÇÃO  seja comemorado com muita esperança de que a justiça há de prevalecer e que criminosos de colarinho branco sejam investigados, julgados e condenados. Afinal, LUGAR DE CORRUPTO É NA CADEIA,  jamais nas estruturas partidárias ou nos diferentes níveis de poder, principalmente em seus desvãos  e no submundo da política, quando esta nobre atividade se aproxima das ações do crime organizado.


Este assunto continua, o próximo artigo deverá estar circulando exatamente na próxima sexta feira, 09 de dezembro, incluindo a reflexão de que é urgente o Brasil ter um PLANO DECENAL DE COMBATE À CORRUPÇÃO,  com políticas, estratégias, objetivos, metas e ações que possibilitem uma LIMPEZA ÉTICA E MORAL  de alto a baixo em nosso país, atingindo a corrupção nos três poderes e nos três níveis de governo, União, Estados e Municípios e também acabar com este famigerado foro especial/privilegiado para que todos os corruptos possam ser julgados e condenados por juízes singulares, de primeira instância, nada de privilégios aos corruptos que ocupam o andar de cima!


Como um plano assim, a sociedade, a população, os leitores, eleitores e contribuintes teriam a certeza que dentro de dez anos poderíamos estar livres  dos atuais e futuros corruptos. Aí sim poderíamos vive rem um país justo, com desenvolvimento sustentável, solidário, seguro, mais humano e mais decente!


*JUACY DA SILVA,  professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre  em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog  www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy