Quarta, 03 Abril 2024 10:32

Atualizada às 16h30 do dia 05/04 para disponibilização dos dados finais oficiais* 

 

A comunidade acadêmica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) escolheu, nesta terça-feira, 02/04, os professores Marluce Souza e Silva e Silvano Galvão para administrar a instituição pelos próximos quatro anos. Considerando a proporção de 1/3 das categorias (estudantes, professores e técnicos), a chapa 1 recebeu 50,7% do total de votos, e a chapa 2, do atual reitor, Evandro Soares, e a candidata a vice, Márcia Hueb, recebeu 47,5%.

 

O resultado do pleito foi conhecido já na noite de terça-feira. No entanto, a ata final da apuração foi lida às 18h do dia 03/04, após a contagem de todos os votos, incluindo os em separado, que embora sejam menores em números, acabam sendo os mais demorados, porque são avaliados um a um.   

 

Foram computados 7.033 votos, sendo 3.821 para a chapa vitoriosa e 3.109 para a segunda colocada, uma diferença de 712 votos. A votação mais expressiva foi entre os estudantes, onde a chapa vencedora recebeu 59,18% do total de votos; entre os servidores técnico-administrativos, a chapa conquistou 51,2% dos votos e, entre os docentes, 41,8% (confira todos os números aqui).

 

Conforme acordado entre todos os envolvidos antes mesmo do início do processo, a chapa indicada pela comunidade no final da votação desta terça-feira ocupará o primeiro lugar na lista tríplice enviada ao Governo Federal e, seguindo a tradição democrática, deve ser a indicada ao posto.

 

De acordo com o Artigo 9º do Decreto 1.916/96, que regulamenta o processo de escolha dos dirigentes das instituições federais de ensino superior nos termos da Lei 9192/95, as listas para escolha e nomeação, acompanhadas do regulamento do processo de consulta, devem ser encaminhadas ao Ministério da Educação e do Desporto até sessenta dias antes de findo e mandato do dirigente que estiver sendo substituído. Assim, as listas elaboradas pelos três conselhos da UFMT (Universitário/ Consuni, Ensino Pesquisa e Extensão/ Consepe, e Conselho Diretor) deverão ser enviadas até 08/08 e as nomeações deverão ocorrer no início de outubro, já que a atual gestão terá fim no dia 08/10.

 

A chapa vencedora foi a única que se comprometeu com as demandas apresentadas pela Adufmat-Ssind, a partir da assinatura de uma Carta Pública de reivindicações em cerimônia realizada no dia 26/03. A chapa derrotada foi igualmente convidada, mas não compareceu nem justificou a ausência (leia mais aqui).  

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Terça, 02 Abril 2024 14:37

 

Nesta terça-feira, 02/04, docentes, estudantes e servidores técnico-administrativos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) escolhem a Reitoria que administrará a instituição pelos próximos quatro anos. Conforme acordado entre todos os envolvidos antes mesmo do início do processo, a chapa indicada pela comunidade no final da votação de hoje, que já se dá em segundo turno, ocupará o primeiro lugar na lista tríplice enviada ao Governo Federal e, seguindo a tradição democrática, deve ser a indicada ao posto.     

 

Na segunda-feira, 01/04, a comunidade ouviu o último debate entre os candidatos Marluce Souza e Silva e Silvano Galvão (Chapa 1) e Evandro Soares e Márcia Hueb (Chapa 2). O auditório do teatro universitário estava praticamente lotado, mas, muito embora as duas candidaturas representem grandes diferenças de concepção de universidade e formas de financiamento, o debate acabou perdendo algum espaço para acusações sem provas e o atual reitor, Evandro Soares, que ignorou o convite da Associação dos Docentes (Adufmat-Ssind) para assinar carta de compromisso no dia 26/02 afirmou, em resposta à pergunta da própria entidade, que considera justo cobrar pela sua permanência nos campi.    

 

O debate começou com as falas das entidades que organizam e realizam o pleito. A representante dos servidores técnico-administrativos, Merilin Castro (Sindicato dos Técnicos – Sintuf/MT), lembrou que a categoria está em greve e que os trabalhadores esperam diálogo da próxima administração. O representante estudantil (Diretório Central dos Estudantes - DCE), Wesley Da Mata, ressaltou a dedicação da comunidade acadêmica na construção da Consulta. Pela Adufmat-Ssind, o diretor geral, Maelison Neves, lembrou que na mesma data o golpe empresarial-civil-militar sofrido no Brasil em 1964 completou 60 anos, e a realização da consulta significa mais uma forma de reafirmar a ojeriza a este modelo nefasto de política.     

 

Em seguida as chapas se apresentaram e a Comissão deu início ao primeiro bloco de perguntas, feitas pelas categorias. O Sintuf-MT perguntou sobre as propostas de incentivo à qualificação da categoria, que é um direito, mas muitas vezes esbarram nas chefias, até mesmo pela falta de técnicos. A Adufmat-Ssind perguntou qual será a postura da gestão em relação às sedes da entidade dentro dos campi, e, por fim, o DCE questionou sobre as políticas voltadas para as mães, especialmente do período noturno.

 

A Chapa 1 respondeu que é solidária à greve dos servidores técnico-administrativos e que tem propostas de valorização e qualificação para todos os servidores e de melhoria de condições para os estudantes. Além disso, afirmou que o dimensionamento da falta de técnicos será construído junto com as entidades. Sobre as sedes da Adufmat-Ssind e de todas as outras entidades, afirmou que estarão garantidas. “As entidades sempre estiveram dentro, perto, não é possível que sejamos expulsos da nossa casa. As entidades inclusive, estão realizando este processo tão importante para todos nós. Em Sinop os centros acadêmicos não têm nem sala. Nós estaremos atentos a garantia dos direitos dos trabalhadores”, afirmou a candidata pela Chapa 1, professora Marluce Souza e Silva.

 

A Chapa 2 respondeu que a capacitação dos servidores técnico-administrativos não é só uma promessa, mas uma realidade. “Implantamos um mestrado exclusivamente para os técnicos – isso representa um aumento de cerca de 50% de salário. Para o próximo ano, temos a proposta de mais três mestrados ou um doutorado, dependendo da demanda”, disse o candidato da Chapa 2, Evandro Soares. Sobre as sedes da Adufmat-Ssind, o atual reitor afirmou que não existe cobrança de aluguel, nem de luz ou internet, que tudo é pago com recursos públicos e, se a Adufmat-Ssind recebe contribuição sindical, precisa pagar as próprias contas. Reafirmou, assim, a ideia de cobrar aluguel das entidades apesar dos contratos de comodato em plena vigência, como já tentou fazer em 2021. “Temos que fazer o que é legal e certo”, concluiu, sem tocar no fato de que ignorou a convocação da Adufmat-Ssind para assinatura da carta de compromissos – que continha, inclusive, a cláusula de respeito ao contrato de comodato.

 

Sobre as políticas para as discentes que são mães, Soares afirmou que a Andifes conseguiu aumentar o recurso destinado ao Pnaes (Plano Nacional de Assistência Estudantil) e isso permitirá o pagamento de bolsa às mães; o candidato se colocou contrário à proposta de creche defendida pela Chapa 1, dizendo que isso fere os princípios de universalidade e equidade do serviço público. Voltando a citar sua preferência pela “legalidade”, defendeu a atuação em favor da aprovação do PL 2189/19 (Gustinho Ribeiro - SOLIDARI/SE), que visa a criação de “espaços kids” dentro das instituições de ensino.

 

Foi justamente durante o segundo bloco, quando as perguntas deveriam ser feitas pelas próprias chapas, que as acusações tiveram maior expressividade. O candidato da Chapa 2, Evandro Soares, atacou sua oponente, dizendo que, como diretora do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS) há oito anos, ela também era responsável pelo caos que denuncia, mas preferiu ser o tipo de diretor “inerte, que transfere sua responsabilidade aos outros”. “Se é assim agora, imaginem depois?”, provocou, como fez em praticamente todos os debates. Por fim, questionou quais foram as principais mudanças no ICHS durante sua gestão e como conseguiu recursos. Neste mesmo bloco o atual reitor disse, sem nenhuma prova, que a candidata da Chapa 1 faltou a metade das atividades do Conselho Universitário quando era conselheira, e também atacou apoiadores da chapa adversária.

 

A candidata da Chapa 1, Marluce Souza e Silva, rebateu. “Quando a pessoa enxerga só a si mesmo, tem dificuldade de reconhecer as contribuições dos outros. Eu não sou gestora de gabinete, eu ando nos corredores, converso com os estudantes, técnicos e docentes”, pontuou, respondendo, em seguida, que durante as suas duas gestões no ICHS nunca deixou de realizar pesquisas, seminários regionais e nacionais, além do maior projeto de extensão da universidade - que totalizou 900 horas - com palestrantes de reconhecimento nacional e internacional. Também disse que nunca deixou de dialogar com as entidades representativas, lançar livros, e deu um prazo de 48h para que Evandro apresente provas sobre suas ausências no Consuni e que sustentem os ataques aos seus apoiadores. “Nós poderíamos ter realizado muito mais se não estivéssemos aqui, enfrentando as dificuldades. Eu fui do Consuni, sim, ajudei a construir muitas coisas, inclusive um plano de segurança para a universidade que foi aprovado em abril de 2023 e até agora não foi implementado. Então eu devolvo a pergunta, o que foi que você fez, Evandro?”, finalizou a candidata.

 

Em resposta, o candidato da Chapa 2 disse que conseguiu recursos diversos para a instituição, com parlamentares de todas as inspirações ideológicas, sendo R$ 12 milhões para a saúde indígena, cerca de R$ 500 mil para a Equoterapia, os quais fez questão de dizer que vieram do deputado federal Abílio Brunini (PL/MT), entre outros. “Eu trabalho não para mim, mas para que os outros realizem seus projetos”, afirmou Soares.

 

Souza e Silva voltou a reclamar das perdas orçamentárias que a universidade não conseguiu recuperar, e Soares respondeu que sua gestão mudou a UFMT quando inseriu um plano estratégico de discussão do orçamento dentro dos conselhos.

 

A preocupação com orçamento é uma das principais dentro da instituição. Estima-se que, nos últimos 10 anos, as universidades federais perderam cerca de R$ 120 bilhões do recurso destinado ao ensino superior. Isso ficou ainda mais claro na abertura do terceiro bloco do debate, com a pergunta da professora Meire Rose, sobre como administrar a instituição com recursos insuficientes.

 

A pergunta dos técnico-administrativos foi sobre como melhorar a gestão de contratos, fiscalizados pelos servidores, que acabam sofrendo críticas injustamente e, em alguns casos, até assédio. O segmento estudantil perguntou sobre as propostas de extensão para levar a universidade para além dos muros da UFMT.

 

A candidata da Chapa 1 iniciou as respostas, reafirmando que não será fácil administrar com orçamento tão reduzido, e que justamente por isso a comunidade, como um todo, precisa debater como melhor utilizá-lo. O candidato à vice-reitor, Silvano Galvão, respondeu sobre a fiscalização, alegando que as críticas ouvidas dizem respeito à indicação aleatória de pessoas para este ofício. “A discussão tem de ser a qualificação e diálogo humanizado com os técnicos, porque as vezes nem ele mesmo quer ficar naquela função. Então, temos de buscar as experiencias exitosas para que possamos melhorar dia após dia esse setor”, disse. Sobre a extensão, a Chapa 1 respondeu que é um dos pilares da universidade que mais arrecada recursos e que estes não estão sendo utilizados em seu benefício atualmente, o que é um equívoco.  

 

O candidato da Chapa 2, Evandro Soares, afirmou que continuará buscando emendas parlamentares e estabelecendo relacionamentos com os setores público e privado para arrecadação de recursos. Sobre a análise de contratos, lamentou que a universidade já teve 25 engenheiros no setor e hoje não tem nem 10, devido a perda de servidores técnico-administrativos. Sua proposta, no entanto, é fazer um termo administrativo que permita a contratação de empresa terceirizadas para fiscalizar os contratos com outras empresas terceirizadas. Com relação à extensão, exaltou políticas voltadas às populações indígena e quilombola, o programa Bid-Pantanal, ampliação das bolsas e a realização da Jornada Universitária pela Reforma Agrária (Jura).

 

Novo bloco de perguntas trouxe questões relacionadas às políticas para a pós-graduação e as péssimas condições do Restaurante Universitário (RU), além do corte de bolsas no orçamento da UFMT.

 

De acordo com a candidata Marluce Souza e Silva, a pós-graduação da UFMT é bem autônoma, inclusive para a captação de recursos, o que facilita a sua gestão, diferentemente da graduação. No entanto, há problemas gerados pela falta de técnicos, e isso precisa ser resolvido. Com relação ao Restaurante Universitário, reafirmou as péssimas condições denunciadas há anos pelos estudantes, além dos problemas nas contas, como o quilo de açúcar a R$ 53, que não foram resolvidos até hoje. A candidata também falou sobre os problemas que atingiram recentemente as aulas de campo os estudantes, incluindo a contaminação de alguns deles.

 

O candidato Evandro Soares afirmou que a melhoria da pós-graduação está ligada à internacionalização, e que a atual gestão investiu nisso trazendo convidados internacionais e recursos para publicações. Seminários para que a sociedade decida quais são suas demandas, além da disponibilização de “cartão pesquisador” também foram citadas como políticas que podem ajudar. Com relação ao RU, pareceu nervoso ao reclamar que as denúncias devem ser lavadas à ouvidoria da instituição, que alegou ser uma das melhores do país. “Quem não faz denúncia é conivente. Quem não faz a denúncia à ouvidoria e fala aqui no púlpito está prevaricando”, disse. A candidata à vice-reitora, Márcia Hueb, se colocou à disposição para atuar pessoalmente no caso dos estudantes intoxicados durante aula de campo, e destacou que não se pode falar de hospitalização sem saber das causas.

 

O último bloco, das Considerações finais, foi basicamente marcado por agradecimentos e pedidos de votos por parte das duas chapas. A Chapa 1 destinou parte do seu tempo à leitura do depoimento dos estudantes de Geologia que foram intoxicados durante aula de campo. Eles denunciaram falta de condições de hospedagem e alimentação, além do transporte, como no caso em que houve a explosão de um dos pneus do ônibus que transportava estudantes do curso de Geografia (saiba mais aqui).  

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

Segunda, 01 Abril 2024 13:03

 

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Publicamos a pedido do professor Breno Santos 


É com alegria e esperança de mudança que nós, docentes do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Mato Grosso que subscrevem esta carta, nos colocamos publicamente em apoio à CHAPA 1 - UFMT QUE QUEREMOS!

A CHAPA 1 representa para nós uma candidatura construída coletivamente, plural na sua composição e firme nos seus compromissos em defesa da UFMT, da universidade pública brasileira e das humanidades, tão duramente atacadas e desvalorizadas, tanto externamente quanto (e isso é mais revoltante) internamente à nossa comunidade.

A professora Marluce e o professor Silvano carregam uma longa história de luta contra os desmontes das Universidade Públicas, e em defesa do serviço público e dos direitos sociais. Se localizam no campo que combate firmemente o negacionismo, a precarização e o privatismo desenfreado, e que defende sem hesitação uma universidade democrática, melhores condições de trabalho para docentes, TAEs e estudantes, além do direito fundamental ao acesso e permanência do nosso corpo discente.

UFMT QUE QUEREMOS é uma universidade que, diferentemente do que temos enfrentado nos últimos anos, cumpra sua função social com a prioridade do público sobre o privado, com orçamento coletivamente construído e coerente com as necessidades locais, com integração real e qualitativa entre os campi universitários, com uma graduação e uma pós-graduação de qualidade em todas as áreas do conhecimento.

À frente do nosso Instituto, o ICHS, a professora Marluce tem sido incansável na defesa da ciência, das humanidades, da gestão transparente e da democracia dentro e fora da universidade. Para muitos e muitas de nossas discentes, a professora Marluce sempre foi um referência na disputa por condições dignas de trabalho e estudo, e a grande adesão do estudantado à CHAPA 1 no primeiro turno demonstra isso. E não tem sido diferente sua relação com os e as servidoras técnicas e docentes da UFMT.

Por essas e outras razões, apostando em um futuro melhor para nossa universidade, no dia 02 de abril vamos de CHAPA 1, para construir coletivamente a UFMT QUE QUEREMOS!

Assinam este manifesto os/as docentes:

Breno R. G. Santos
Sara Juliana Pozzer da Silveira
Beatriz Sorrentino Marques
Maria Cristina Theobaldo
Angelo Zanoni Ramos
Rodrigo Marcos de Jesus
Mario Spezzapria
Roberto de Barros Freire
Alécio Donizete

Quarta, 27 Março 2024 10:52

 

 

Somente os candidatos à Reitoria da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) 2024 pela Chapa 1 - UFMT que queremos, Marluce Souza e Silva (reitora) e Silvano Galvão (vice-reitor) compareceram ao chamado da Adufmat-Ssind para comprometimento com as demandas da categoria docente nesta terça-feira, 26/03. A Chapa 2 - Adiante, de Evandro Soares (reitor) e Márcia Hueb (vice-reitora), não enviou representação nem justificou a ausência.

 

Apesar do pequeno atraso por conta da reunião com estudantes da Pós-graduação com as duas chapas candidatas, a cerimônia transcorreu conforme o esperado. As diretoras da Adufmat-Ssind., Adriana Pinhorati e Lélica Lacerda, deram as boas-vindas e leram o documento, pontuando questões fundamentais para a categoria, tal como a defesa da instituição pública, gratuita e de qualidade, zelo pela democracia e autonomia internas, defesa da ciência, melhoria da estrutura e valorização dos servidores, além do apoio aos docentes aposentados.

 

Em seguida, a Chapa 1 fez suas considerações. A professora Marluce Souza e Silva destacou seu respeito à entidade, da qual já fez parte em diretorias anteriores. “Estamos assumindo compromissos com todas as categorias, com as entidades representativas, sempre com o mais profundo respeito à democracia. Não poderia ser diferente com a nossa própria entidade. Esse é um processo de extrema importância, e esta carta também diz muito de nós, de todo o acúmulo que construímos ao longo dos últimos anos”, afirmou.     

 

Para a docente, o Programa da chapa, construído coletivamente, dialoga com as reivindicações da categoria, pois também resulta da experiência de anos e anos de dedicação de todos aqueles que ajudaram a construí-lo. “Nosso Manifesto de Princípios, que se tornou um Programa de mais de cem páginas, construído com diversas contribuições, trata cada questão com o mesmo cuidado e responsabilidade. Nós vamos encontrar dificuldades, sim, não faremos milagres, nem tudo é responsabilidade de uma pessoa só. Foram muitos e muitos anos de precarização. Mas a universidade que temos hoje é resultado, também, de um pensamento equivocado acerca do que seja uma universidade pública, diferente do nosso”, pontuou.  

 

O candidato à vice-reitor, Silvano Galvão, manifestou satisfação por estar no que chamou de “casa da liberdade”. Ele concordou que as reivindicações da Adufmat-Ssind estão contempladas no Programa da chapa. “As propostas do sindicato para a UFMT dialogam com as propostas da Chapa 1, que foram construídas a centenas de mãos. Por essa defesa da democracia e da construção coletiva, nos chamam de utópicos, mas diversos estudos apontam que a democracia participativa é a gestão da eficiência e do futuro”, destacou o docente.  

  

Depois disso, a diretora geral adjunta da Adufmat-Ssind, Lélica Lacerda, lamentou a ausência de representantes da Chapa 2 e voltou a dizer que as duas candidaturas foram contactadas por mais de um canal, formalmente convidadas e tiveram conhecimento do conteúdo da Carta há mais de 10 dias. Além de enviado diretamente aos candidatos, o documento também foi publicado nos canais de comunicação do sindicato (leia aqui).

 

Para encerrar, Lacerda enfatizou que as ações do sindicato não estão condicionadas a gestões e períodos, mas a um projeto. “Nós estamos nesses dois anos de gestão, dentro de 45 anos de luta da nossa categoria, para reafirmar princípios históricos de um projeto de universidade, vinculado a um projeto de sociedade. Por isso, é preciso destacar a todos os candidatos que todos aqueles que atacam esses princípios terão nossa mais ferrenha oposição, assim como todos aqueles que defendem esses princípios terão a nossa colaboração”.  

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Imagem de capa: Thiago Ribeiro

Segunda, 25 Março 2024 18:43

 

 

A estrutura precária é, talvez, o sintoma mais visível da política de destruição pela qual os serviços públicos passam desde a década de 1990 no Brasil, a partir do advento do neoliberalismo. Assim que as dificuldades de atendimento por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), de acesso a programas sociais ou mesmo à educação formal não são obras do acaso. Há uma política clara de agressão e fragilização do que é público.

 

A universidade pública também é atingida por essas políticas, e os ataques são ideológicos e também financeiros. Nos últimos anos, os governos federais retiraram cerca de R$ 120 bilhões do orçamento destinado às universidades federais, e a precarização andou a passos largos. O impacto dos cortes na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) não ficou bem esclarecido, mas hoje não há para onde se olhe e não se observe abandono na instituição.

 

Nesse sentido, a Adufmat-Ssind valia que o papel da próxima administração da universidade deve ser, além de estabelecer prioridades que, de fato, atendam às necessidades da comunidade para aplicar os recursos existentes, brigar para o restabelecimento imediato do orçamento que sofre cortes desde 2016.     

 

A partir desta leitura, os candidatos à Reitoria da UFMT assumirão, na cerimônia de assinatura da Carta Pública da Adufmat-Ssind, amanhã (terça-feira, 26/03), às 20h, o compromisso imediato de realizar a “construção de orçamento participativo, para que a comunidade acadêmica de todos os campi delineie as prioridades de investimento”.

 

Não foram poucos os materiais produzidos pela Adufmat-Ssind para denunciar os problemas estruturais da universidade. Imagens e depoimentos não faltaram no Instituto de Linguagens, nas Exatas, nas Humanas, no Museu de Arte e Cultura Popular, na Saúde (veja aqui um dos materiais produzidos), nos campi de Cuiabá, Sinop, Várzea Grande e Araguaia. As reclamações vão desde portas que não abrem, elevadores novos que nunca funcionaram, coberturas caindo, laboratórios inadequados, sujeira, pombos e outros animais que oferecem riscos à saúde, falta de materiais, além da falta de segurança. Foram diversos furtos de patrimônio, além de assaltos e até suspeita de sequestros dentro da universidade.     

 

Na Carta Pública da Adufmat-Ssind (disponível aqui), a terceirização aparece como uma questão central deste quesito. No documento, o sindicato convida os candidatos à Reitoria a trabalharem para a reversão deste modelo de contrato, pois compreende que ele tem significado escoamento de recursos públicos para a prestação de serviços com alto custo, baixa qualidade e péssimas condições de trabalho.

 

Outras demandas constantes na carta que também se referem ao comprometimento com a melhoria estrutural da UFMT são: medidas de apoio e valorização de mulheres e mães no exercício do Ensino, Pesquisa e Extensão, na Progressão Funcional, na distribuição de bolsas e demais recursos de apoio à atividade docente e discente; ampliar as vagas da Casa do Estudante, oportunizando o acesso a mães e à população LGBTQIA+, frequentemente expulsa de sua família de origem; suprir financeiramente os professores e professoras para participação em eventos nacionais e internacionais; ampliar o número de Bolsas de Pesquisa e Extensão para a categoria discente; garantia de recursos/materiais para aulas e salas para os professores; e garantia de segurança à comunidade acadêmica em todos os campi deforma alheia à lógica de militarização.

 

O sindicato convida todos a participarem deste evento a partir das 20h, no auditório da sede, em Cuiabá. Também haverá transmissão pelas redes da entidade.  

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

Sexta, 22 Março 2024 18:20

 

 

A pandemia mostrou o quanto as universidades públicas, maiores produtoras de ciência do país, são fundamentais para a vida em sociedade. Informação, álcool, respiradores, vacinas, testes, tudo o que pode ser utilizado para desvendar e combater a Covid-19 saiu de dentro das universidades, especialmente as públicas.

 

Por esse motivo, a próxima administração da UFMT deve se comprometer com o respeito à ciência e o desprezo total ao obscurantismo, negacionismo e produção de informações falsas – ferramentas largamente adotadas pelo Governo Bolsonaro e motivadoras de o Brasil estar entre os países com mais mortes provocadas pelo vírus.

 

Na Carta Pública que a Adufmat-Ssind apresentou aos candidatos à Reitoria da UFMT e deve ser assinada na próxima semana, todos os investimentos reivindicados para a universidade representam esta pauta. “Estruturar adequadamente os ambientes de Ensino e de Pesquisa, ampliar e garantir as aulas de campo, as viagens de estudos, bem como as ações de Extensão e Pesquisa aos docentes e acadêmicos e reformar IMEDIATAMENTE as bibliotecas dos campi e atualizar a bibliografia disponível” são algumas delas.

  

No entanto, o sindicato espera que, mais do que o investimento direcionado à produção do Ensino, Pesquisa e Extensão, a Reitoria tenha um posicionamento que imponha o respeito à universidade para além dos muros, rechaçando relações com negacionistas e agressores da universidade pública.

 

Respaldados pelo Governo negacionista de Bolsonaro, representantes públicos desferiram várias agressões à UFMT nos últimos anos. Foi o caso das agressões sofridas pelas professoras Lélica Lacerda e Gracielle Santos em Sinop, em 2021, durante debate sobre a Reforma Administrativa (que visa destruir os serviços públicos), quando expuseram a verdadeira história da ocupação, violenta e arbitrária, do interior do estado de Mato Grosso. Mesmo com todo o respaldo científico, a Reitoria, à época, não se posicionou em defesa das professoras, mas, pelo contrário, se mostrou inclinada a reforçar os questionamentos dos negacionistas.

 

O agora deputado federal por Mato Grosso, Abílio Brunini (PL), gosta de explicitar sua boa relação com a UFMT, visitando a instituição com frequência (inclusive para ameaçar estudantes) e destinando emendas milionárias – como se saíssem do seu bolso e não dos cofres públicos. No entanto, Brunini foi um dos principais negacionistas da pandemia no estado e, atualmente, representa uma grande vergonha, como parlamentar, especialmente por tratar a democracia brasileira - com todas as suas limitações - como brincadeira. Não à toa, foi comparado a um moleque de quinta série na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) de 08/01.

 

É para evitar que a UFMT seja destruída por esse tipo de relação que a Adufmat-Ssind espera os candidatos à Reitoria na próxima terça-feira, 26/03, às 20h, no auditório da sede, em Cuiabá, para a assinatura da Carta Pública elaborada pela entidade. Clique aqui para ler o documento na íntegra.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind            

Terça, 19 Março 2024 18:12

 *Atualizada às 11h11 do dia 21/03 para alteração do horário do evento*

 

Fatos vivenciados nos últimos anos reforçam a necessidade de garantir o comprometimento dos candidatos com demandas da categoria

 

A próxima terça-feira, 26/03, será uma data importante para a categoria docente da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Neste dia, às 20h, os candidatos à Reitoria da instituição, deverão assinar uma Carta Pública elaborada pela Associação dos Docentes (Adufmat-Ssind), demonstrando respeito e comprometimento com as demandas da categoria.  

 

O convite foi feito na semana passada às duas chapas que disputam a administração em segundo turno no dia 02/04. A chapa eleita administrará a instituição por quatro anos.  

 

Conforme a Adufmat-Ssind anunciou anteriormente, o documento, já publicizado (leia aqui), está dividido em alguns tópicos. Para que todos reflitam sobre a importância de todos eles, não só para os docentes, mas para toda a universidade, o sindicato fará uma série de matérias, trabalhando cada um deles de forma separada, até a data da eleição. Isso porque os pontos destacados estão baseados na realidade que a universidade tem vivido nos últimos anos.  

 

Autonomia e Democracia universitária

 

Como não poderia deixar de ser, “autonomia e democracia universitária” será o primeiro dos tópicos abordados pelo sindicato. Após quatro anos de Governo Bolsonaro, com sucessivos ataques aos sindicatos e ameaçadas de expulsão do campus, um dos pontos de compromisso que a Adufmat-Ssind apresenta é a permanência das entidades em suas sedes históricas sem cobrança de aluguel. A Adufmat-Ssind tem um contrato de comodato vigente e, apesar disso, foi procurada pela atual Reitoria, em 2021, para negociar a cobrança de aluguel para ocupar o prédio construído com recursos dos sindicalizados em espaço legalmente cedido. Após dialogar com a administração, o ataque não avançou, mas a entidade ainda se sente ameaçada e a assinatura da Carta poderá representar uma segurança a mais.

 

“Respeito à atuação científica, cultural, religiosa e política da comunidade acadêmica, sem perseguições ou represálias” é o segundo ponto da lista de autonomia e democracia universitária. Isso porque, não raro, a administração agiu diretamente contra movimentações das categorias, como ocorreu durante a greve estudantil em 2018, com o envio de uma lista com os nomes de estudantes para a Justiça Federal e pedido de reforço policial contra os discentes que reivindicavam melhorias das condições da universidade (leia aqui nota que o Andes-Sindicato Nacional emitiu na época).

 

Outra questão que o sindicato tem denunciado há algum tempo é a realização de debates importantes de forma virtual nos conselhos universitários. Para o sindicato, esse formato prejudica significativamente os debates e, por consequência, as decisões por eles tomadas. Há relatos de dificuldades climáticas e técnicas que dificultam as participações, tumultos que acabam confundindo os conselheiros na hora de votar e até mesmo censura, com corte do microfone ou a simples inobservância de solicitações de fala. Por isso, é uma reivindicação da Adufmat-Ssind o “retorno da presencialidade ou formato híbrido das reuniões do CONSEPE e compromisso com sua composição plural, evitando o aparelhamento pela Reitoria”.

 

A não realização dos debates de forma presencial também impede a ampliação da participação da comunidade em momentos essenciais, já que inviabiliza as manifestações daqueles que são diretamente afetados pelas decisões, mas não são conselheiros.

 

Os pontos “garantia da escolha do representante da UFMT no Conselho Diretor e transparências nas ações do referido Conselho”, “construção de orçamento participativo em que a comunidade acadêmica de todos os campi delineie as prioridades de investimento”, “compromisso de debate da emancipação dos campi a partir de suas bases”, “eleição dos pró-reitores de Sinop e Araguaia” e “criação IMEDIATA do Conselho de Campus Universitário nos campi do interior” também estão relacionados ao quesito autonomia e democracia interna, pois visam maior participação da comunidade acadêmica nos debates e nas decisões das possíveis ações que serão implementadas em benefício dos discentes, dos docentes e dos servidores técnico-administrativos.     

 

Clique aqui e leia a íntegra da Carta Pública que a Adufmat-Ssind convida os candidatos à Reitoria a assinarem.

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria da Adufmat-Ssind

 

Terça, 19 Março 2024 11:20

 

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Leonardo Santos – Prof° de dpto de Serviço Social - UFMT e doutorando em História pelo PPGHIS – UFMT

 

            Com muito entusiasmo me somo aos inúmeros docentes, técnicos e estudantes que têm manifestado o desejo de uma outra universidade, a universidade que sonhamos, a UFMT que queremos! E por isso sou Chapa 1 nas eleições - a “consulta informal” – para a Reitoria.

            Em primeiro lugar porque é notoriamente a candidatura mais coletiva, deixando de lado tanto quanto possível o personalismo desse tipo de pleito e dando lugar a um amplo e plural grupo que têm construído não só uma campanha, mas também têm se dedicado bravamente à construção da UFMT e à resistência aos seus desmontes. Mais que isso, encontra-se nesse coletivo boa parte daqueles que estão em cada espaço, dentro e fora dos muros da Universidade, lutando para mantê-la e transformá-la. Um coletivo que não tergiversa desse diante do negacionismo científico, ou dos ataques à Universidade pública, aos direitos e às políticas sociais, em resumo, não relativiza pautas civilizatórias importantes em busca de apoio político.

            Ao chamarmos atenção de que é preciso construir a UFMT que queremos, fica patente que não estamos satisfeitos com a que temos. O caminho apontado - primeiro pelo Manifesto de princípios, depois pelas cartas abertas a cada campus e enfim pelo Programa de Gestão - é pavimentado por um projeto de universidade, com a firmeza da defesa do caráter público, gratuito, laico, autônomo e democrático. Tal projeto não se modifica dependendo do local onde se esteja ou do público ao qual se destina. Tampouco pode coadunar com os slogans tão fora da realidade de que a UFMT “está indo em frente”.

            Ora, sabemos bem que reverter os cortes orçamentários e os ataques ideológicos desferidos contra a Universidade vai além das possibilidades de uma única reitoria, mas também temos ciência de que muito se pode fazer nesse espaço, muito mais do que a gestão do caos que tem sido implementada até agora. Sobretudo se tivermos uma Reitoria guiada pela autonomia universitária e democracia interna, sem os arroubos autoritários que marcaram o último período.

            E aqui eu gostaria de falar da experiência de convívio com a Professora Marluce, que encabeça a Chapa 1. Minha colega de departamento, Diretora de Instituto e Companheira do Movimento Docente, com a qual já construí projeto de extensão, organização de livro e muita luta nas assembleias e campanhas da ADUFMAT. Sua capacidade de aglutinar foi fundamental para a composição desse grupo, sua energia e determinação para o trabalho são invejáveis e sua capacidade de diálogo – inclusive na divergência – são inspiradores. Ao falar que fará uma gestão de portas abertas, a Professora Marluce não está apenas sendo retórica, é assim que é sua direção no ICHS. E não tenho dúvida de que o será na reitoria da UFMT.

            Parafraseando Galeano: somos, enfim, o que fazemos para transformar o que somos. Nessas eleições temos essa possibilidade, com a Chapa 1.

Sexta, 15 Março 2024 10:04

 

 

A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind) está agendando um encontro com os candidatos à Reitoria para a próxima semana. A data ainda não está definida, pois falta a confirmação de um dos candidatos, mas será divulgada assim ambos conformarem. A ideia é organizar uma cerimônia na qual as duas candidaturas se comprometam com as demandas da categoria, por meio da assinatura de uma carta, cujo conteúdo se encontra disponível abaixo.

 

São diversas questões que podem ser divididas em cinco grandes temas: autonomia e democracia interna; defesa da universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada; respeito à Ciência; estrutura física; e políticas para os aposentados.

 

Para que todos conheçam a universidade que o sindicato deseja, cada um destes temas serão explorados em matérias que serão publicadas nas próximas semanas, até o dia da realização da consulta em segundo turno, marcada para o dia 02/04.

 

Leia, abaixo, a íntegra da Carta que a Adufmat-Ssind convida os candidatos Marluce Souza e Silva e Silvano Galvão (Chapa 1) e Evandro Soares e Marcia Hueb (Chapa 2) a assinarem:

 

 

Carta da Adufmat-Ssind aos candidatos à Reitoria da UFMT 2024

 

Na última quadra histórica, passamos por momentos muito difíceis no Brasil. Tivemos a emersão do fascismo na nossa sociabilidade, que chegou ao poder presidencial no período entre 2018 a 2022. Com isso, assistimos a ascensão de violência no campo, nas florestas e nas cidades, bem como às mulheres, negros e negras, indígenas, quilombolas e LGBTs; vimos o discurso negacionista ganhar status de política pública em meio a uma pandemia, na qual o Governo se negava comprar vacinas para impor tratamento sem eficácia; vimos a irracionalidade imperar na política por meio de cortinas de fumaça inconcebíveis de serem oriundas de governantes - como o episódio do “golden shower” ou o “pintou um clima”, uma referência do presidente a adolescentes; presenciamos queimadas que tornaram o dia, noite, desencadeando ondas de calor inéditas nos anos subsequentes.  Vivemos, em suma, tempos de barbárie explícita em todas as dimensões da vida.

 

As universidades foram um dos alvos preferenciais dos ataques: sucessivos cortes de recursos, patrulhas ideológicas, perseguição a professores e toda sorte de ingerência na autonomia universitária, notadamente, com a nomeação exclusiva de interventores de Bolsonaro para os cargos de Reitoria. Apesar disso, foi também o momento em que as universidades e a ciência mostraram sua importância, já que foram respiradores que salvaram vidas, máscaras que evitaram contaminações e vacinas que permitiram que a vida voltasse à normalidade.

 

Na Universidade Federal de Mato Grosso, foi empurrada, de forma autoritária, uma eleição online, à revelia da posição das entidades representativas da comunidade acadêmica (Adufmat-Ssind, Sintuf/MT e DCE) e ataques foram desferidos contra os sindicatos, como tentativa de cobrança de aluguel das sedes que foram construídas com recursos da contribuição sindical; estabeleceu-se uma concentração de poder com a não presencialidade de instâncias que decidem sobre a vida da universitária, acima da comunidade acadêmica, impondo, por exemplo, férias de 15 dias em janeiro, atacando o direito ao descanso, ou impondo formas não democráticas ao debate sobre outro direito: a Progressão Funcional.

 

A realidade nos mostra que, apesar de termos derrotado o fascismo das urnas, ele segue vivo nas instituições e nas ruas, o que demanda à classe trabalhadora se organizar para avançar com suas pautas. Neste sentido, a Adufmat-Ssind vem, por meio desta carta pública, lançar suas pautas com as quais chamamos as chapas candidatas à Reitoria a se comprometerem.

 

 Princípios:

 

- Defesa do ensino público, gratuito e de qualidade, socialmente referenciado e comprometida com o combate ao machismo, ao racismo, à LGBTfobia e todas as formas de opressão;

- Compromisso com a autonomia universitária, respeitando entidades de representação da comunidade acadêmica e as decisões oriundas das bases;

- Transparência na gestão pública e democracia no estabelecimento das prioridades de investimento;

- Respeito ao pensamento crítico, à diversidade e ao pluralismo, rejeitando, assim, o papel da mera reprodução de estruturas, valores e relações desiguais de poder.

- Gestão pautada na lógica de direitos em detrimento da lógica empresarial.

 

Pautas:

 

1. Autonomia Universitária

- Respeito aos sindicatos e DCE´s, garantindo, na Universidade, processos de decisão democráticos e dialogais e a permanência das entidades em suas sedes históricas sem cobrança de aluguel;

- Respeito à atuação científica, cultural, religiosa e política da comunidade acadêmica, sem perseguições ou represálias;

- Combate ao pensamento anticientífico, respeito à pluralidade de ideias e à liberdade de cátedra;

- Garantia da escolha do representante da UFMT no Conselho Diretor e transparências nas ações do referido Conselho;

- Retorno da presencialidade ou formato híbrido das reuniões do CONSEPE e compromisso com sua composição plural, evitando o aparelhamento pela Reitoria;

- Construção de orçamento participativo em que a comunidade acadêmica de todos os campi delineie as prioridades de investimento;

- Compromisso de debate da emancipação dos campi a partir de suas bases;

- Eleição dos pró-reitores de Sinop e Araguaia;

- Criação IMEDIATA do Conselho de Campus Universitário nos campi do interior;

 

2. Ações de acesso, permanência e equidade

- Fortalecimento da assistência estudantil e compromisso com políticas de acesso e permanência de estudantes, notadamente mulheres, mães, negros e negras, indígenas e quilombolas;

- Medidas de apoio e valorização de mulheres e mães no exercício do Ensino, Pesquisa e Extensão, na Progressão Funcional, na distribuição de bolsas e demais recursos de apoio à atividade docente e discente;

- Estabelecimento, em todos os campi, de comissões para recepção e encaminhamento de denúncias de assédio moral ou sexual, de situações de machismo, racismo e LGBTfobia composto por membros da universidade e representações dos sindicatos, DCE, ANPG e coletivos reconhecidos pela sua trajetória de defesa de direitos, sendo exclusivamente constituído pelo segmento atacado (exemplo: violência contra mulheres será recebida e analisada por mulheres com trajetória de defesa de direitos das mulheres);

- Cumprimento da lei de cotas para negros nos concursos docentes, ampliando cotas para pessoas quilombolas, indígenas, trans e demais minorias que compõem a população de Mato Grosso, para que o corpo docente expresse a pluralidade da composição populacional do Estado;

- Ampliar as vagas da Casa do Estudante, oportunizando o acesso a mães e à população LGBTQIA+, frequentemente expulsa de sua família de origem;

 

3. Fortalecimento Institucional e valorização dos servidores

- Cumprir a sentença judicial e realizar o pagamento imediato dos 28% a todo o corpo docente da UFMT;

- Manter a política de Concurso Público de Provas e Títulos para Ingresso na Carreira do Magistério Superior, priorizando a categoria de professor efetivo;

- Trabalhar para que haja concurso público para docentes e técnicos, reconhecendo a defasagem de profissionais em todos os campi da UFMT;

- Incentivar e dar condições para a capacitação do corpo docente de todos os campi;

- Trabalhar para a reversão das terceirizações que têm significado escoamento de recursos públicos para a prestação de serviços com alto custo, baixa qualidade e péssimas condições de trabalho;

- Compromisso de vigilância das condições de trabalho das empresas terceirizadas e ruptura imediata de contrato com empresas que infrinjam direitos trabalhistas;

- Compromisso com a alteração do computo de encargos no PIA de modo dialogal e democrático, para que a categoria docente possa cumprir 40 horas de trabalho em atividades previstas em concurso, sem a invisibilização de trabalhos técnicos que são impelidos a docentes, bem como trabalhos docentes invisibilizados pela Resolução 158/10, tais como participação em bancas, produção de artigos, participação em corpo editorial, representação sindical, etc.;

- Compromisso com a reformulação da Política de Progressão Funcional sob a lógica de direito trabalhista, contrapondo-se à lógica produtivista que impõe sobretrabalho não remunerado como meio de acesso ao direito;

- Compromisso com a unificação dos debates do computo de encargos, Progressão Funcional e semestralidade do REA, já que são questões interdependentes;

- Suprir financeiramente os professores e professoras para participação em eventos nacionais e internacionais;

- Ampliar o número de Bolsas de Pesquisa e Extensão para a categoria discente;

-  Contabilizar as horas extracurriculares totais no Histórico Escolar do acadêmico.

- Estruturar adequadamente os ambientes de Ensino e de Pesquisa, ampliar e garantir as aulas de campo, as viagens de estudos, bem como as ações de Extensão e Pesquisa aos docentes e acadêmicos;

- Reformar IMEDIATAMENTE as bibliotecas dos campi e atualizar a bibliografia disponível;

- Garantia de segurança à comunidade acadêmica em todos os campi deforma alheia à lógica de militarização;

- Licitar e fiscalizar o funcionamento das cantinas dos campi, primando por alimentação rica nutricionalmente;

- Investir em obras de acessibilidade nos campi para pessoas com deficiência;

- Garantia de recursos/materiais para aulas e salas para os professores;

- Promover a presença da Reitoria nos campi do interior;

- Instituir na UFMT um ambulatório de atenção primária à saúde da comunidade acadêmica e, no HUJM, uma ala para atender as demais complexidades.

 

4. Atenção aos servidores aposentados

- Criação de equipe multidisciplinar que acompanhe e apoie servidoras e servidores aposentados para evitar situações de violação de direitos;

- Implementação de política de Extensão voltada às necessidades de servidoras e servidores aposentados, acessível de forma gratuita ao segmento;

- Criação de Ouvidoria que receba denúncias de violação de direitos de servidores públicos aposentados para que a universidade se responsabilize por construir soluções;

- Que a universidade pesquise sobre a situação dos professores e professoras que lutaram contra a ditadura militar de 1964 e estabeleça uma política interna de atenção às suas necessidades e reparação histórica, fomentando outras esferas de Governo, tais como Ministério dos Direitos Humanos, Instituto Nacional de Seguro Social, etc.

 

 

Cuiabá, 14 de março de 2024

Diretoria da Adufmat-Ssind

Gestão Lutar e Mudar as Coisas nos Interessa Mais

Quinta, 07 Março 2024 17:16

 

Após mais de 16 horas de apuração, a Comissão de Consulta Informal para a Reitoria da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) anunciou, nesta quinta-feira, 07/03, os resultados do primeiro turno, realizado na quarta-feira, 06/03. As chapas 1 e 2, encabeçadas, respectivamente, pelos docentes Marluce Souza e Silva e Evandro Soares vão disputar o segundo turno, cuja votação está prevista para o dia 02/04.

Foram 1887 votos para a chapa 1, 1880 votos para a chapa 2, 1717 votos para a chapa 3 e 1378 votos para a chapa 4. Em percentuais, considerando a proporção de 1/3 de peso para cada categoria (docentes, discentes e técnicos), a chapa 1 obteve 26, 3%, a chapa 2 obteve 31,5%, a chapa 3 obteve 23,4% e a chapa 4 alcançou 16,7% (confira aqui todos os resultados).

Concluindo os trabalhos, o professor Maelison Neves, diretor geral da Adufmat-Ssind e membro da Comissão de Consulta, agradeceu a todos pelo envolvimento na realização deste evento democrático. A coordenadora geral do Sintuf/MT, Luzia Melo, destacou que é preciso mobilizar ainda mais a comunidade acadêmica para garantir uma participação ainda maior no segundo turno. O representante discente, Wesley Da Mata, também agradeceu a todos antes de anunciar o resultado final desta primeira etapa.

Mais informações sobre a Consulta para a Reitoria da UFMT 2024 podem ser obtidas na página oficial do pleito: https://consultaufmt.net/

 

 

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Imagem: Comissão de Consulta