Terça, 22 Fevereiro 2022 17:23

 

 

Comunidade acadêmica protestou em frente ao prédio, enquanto ministro discursava com portões fechados. Foto: Assufrgs

Docentes, técnicos, técnicas e estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) protestaram na manhã de segunda-feira (21) contra o ministro da Educação, Milton Ribeiro. O ato foi realizado durante a visita do ministro para a inauguração do novo prédio do Instituto de Ciências Básicas da Saúde (ICBS) da universidade.

As e os manifestantes denunciaram os sucessivos cortes de verbas da Educação, a intervenção do governo federal na UFRGS e o autoritarismo da reitoria interventora, que insiste em desrespeitar orientações sanitárias do Conselho Universitário (Consun) e do Comitê Covid.

No ano passado, o Conselho Univeresitário da UFRGS aprovou a destituição da reitoria interventora. Foto: ANDES/UFRGS

A manifestação foi convocada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), a Seção Sindical do ANDES-SN na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ANDES/UFRGS) e o Sindicato dos Servidores Técnico-Administrativos da UFRGS (Assufrgs).

O ato simbólico ocorreu do lado de fora do prédio do ICBS, onde a solenidade acontecia com portões fechados como estratégia de Ribeiro e da reitoria de evitar o encontro com a comunidade acadêmica. As e os manifestantes recordaram a frase capacitista proferida pelo ministro da Educação em entrevista realizada em agosto de 2021 de que “as crianças com deficiência atrapalham o aprendizado dos outros porque a professora não tem equipe” e ainda que a universidade deveria ser um lugar “para poucos”.

“Viemos para deixar o nosso recado, nós vamos seguir de portão em portão, porque quem precisa entrar na UFRGS somos nós, estudantes, não o ministro da Educação, que não representa a nossa luta em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade”, afirmou a coordenadora do DCE, Ana Paula Santos.

Dentro do prédio, Ribeiro discursou sem máscara ao lado do reitor interventor Carlos Bulhões e do deputado federal Bibo Nunes (PL), apoiador de Jair Bolsonaro, para uma plateia de convidadas e convidados selecionados.

Após a cerimônia, o ministro foi ao Quartel General da Brigada Militar para palestra aos cadetes e apresentação do Programa Estadual de Escolas Cívico-Militares (Pecim), mais um dos ataques do governo de Jair Bolsonaro contra a educação pública, gratuita, laica e de qualidade no país.

Reitor interventor
Em agosto do ano passado, por 59 votos favoráveis, sete contrários e cinco abstenções, o Consun da UFRGS aprovou a destituição do reitor interventor, Carlos Bulhões, e da vice-reitora interventora, Patrícia Pranke, nomeados arbitrariamente pelo governo federal, em setembro de 2020. Na época, a seção sindical do ANDES-SN, se manifestou em nota afirmando que desde a intervenção, o ANDES/UFRGS “vem se posicionando e lutando contra o autoritarismo da Reitoria interventora e pelo afastamento”. A seção comemorou a decisão do Consun como um “passo importante na manutenção da democracia e da autonomia universitária”, afirmou.

 

Leia também: 
Conselho Universitário da UFRGS aprova destituição de reitor interventor

MEC amplia programa de escolas cívico-militares de 54 para 74 instituições em 2021

 

Fonte: ANDES-SN (com informações de ANDES/UFRGS e Assufrgs. Fotos: Assufrgs e ANDES/UFRGS)

Quarta, 26 Maio 2021 09:49

 

 

 

Pandemia, desemprego, falta de vacina no braço e de comida no prato. O povo brasileiro está passando fome e a redução do valor e do alcance do auxílio emergencial, um crime cometido pelo governo federal, levou essa situação ao extremo. Por isso, nesta quarta-feira (26), a partir das 10h, as Centrais Sindicais e os Movimentos Sociais, de forma unitária, farão ato nacional e presencial em Brasília, em frente ao Congresso Nacional.

 

Foto: Sérgio Lima/Poder360

 

Apesar de ser presencial, não haverá aglomeração e ocorrerá sob todos os protocolos sanitários para evitar contágio e propagação do coronavírus, em respeito à vida, à ciência e às famílias de quase meio milhão de pessoas que morreram de Covid-19 e em consequência do negacionismo e incompetência do governo federal.

 

O ato será integralmente transmitido, ao vivo, para todo o Brasil, via redes sociais e Youtube dos organizadores, além de TVs comunitárias.

 

CSP-Conlutas, CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central, CSB, Intersindical, Pública, CGTB, CONTAG, MST e Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo organizaram o ato 26M em defesa do auxílio emergencial de R$ 600,00, contra a fome e a carestia, por vacina no braço e comida no prato. Também ratearam o custo da doação de três toneladas de alimentos agroecológicos a catadores de material reciclável cooperativados.

 

A mobilização terá as presenças e falas dos presidentes nacionais das centrais sindicais e das lideranças dos movimentos sociais, além de parlamentares. Todos falarão do alto de um caminhão de som, voltados ao Parlamento.

 

O ato também marcará o lançamento e a entrega a lideranças partidárias no Congresso Nacional da primeira Agenda Legislativa das Centrais Sindicais para a Classe Trabalhadora. Os sindicalistas solicitaram audiência com os presidentes Arthur Lira (Câmara dos Deputados) e Rodrigo Pacheco (Senado) para entregar o documento.

 

Elaborada em conjunto com o DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), a Agenda é um documento de resistência e atuação propositiva junto ao Congresso Nacional, que traz o posicionamento e faz propostas do movimento sindical a 23 projetos em tramitação na Câmara dos Deputados e Senado. A maioria desses projetos afeta negativamente a vida e os direitos da classe trabalhadora, como a reforma administrativa, privatizações, auxílio emergencial, reduz a geração de emprego e renda.

 

Ato começa na colheita

Ao final do ato, serão doados alimentos, cultivados sem agrotóxicos, pela agricultura familiar em áreas da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares) e assentamentos do MST.

 

Serão mais de 600 cestas com, ao mínimo, 16 itens colhidos na véspera (terça-feira, 25) do ato e transportados em quatro caminhões até a frente do Congresso Nacional, na Esplanada dos Ministérios, onde serão expostos simbolicamente no gramado, em forma de mosaico. Serão doados a 600 catadores de material reciclável da CENTCOOP, cooperativa na periferia do Distrito Federal, trabalhadores atingidos pela falta de emprego e redução do auxílio emergencial.

 

30 milhões sem auxílio

Em 2020, o auxílio emergencial foi de R$ 600, chegando até 1,2 mil para mães chefes de família com filhos menores de 18 anos. Neste ano, por decisão do governo federal, esse valor vai de R$ 150 a R$ 375, no máximo.

 

No ano passado, 68 milhões de brasileiros tinham direito ao auxílio por conta da pandemia. Neste ano, esse número, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), baixou para 38,6 milhões de beneficiados. Em consequência das novas regras impostas pelo governo federal, quase 30 milhões de brasileiros passaram a viver em insegurança alimentar.

 

Oficialmente, o Brasil tem 14,5 milhões de famílias vivendo em extrema pobreza registradas no CadÚnico (Cadastro Único do governo federal), ou seja 40 milhões de pessoas, mas milhões estão fora das estatísticas oficiais nessa pandemia.

 

Os R$ 600,00 garantiram a segurança alimentar e a roda da economia girando, em 2020, quando a cesta básica nas maiores capitais do país era de R$ 500,00. Neste ano, subiu e custa R$ 600,00, enquanto o auxílio, para milhões, baixou a menos de um terço do valor do ano passado.

 

O valor vergonhoso do auxílio

Durante o ato, em frente ao caminhão de som, serão colocados três carrinhos de compras (aqueles de supermercado) com produtos possíveis de comprar com o auxílio emergencial (R$ 600 reais e R$ 1,2 mil), de 2020, e com o valor médio atual, R$ 250,00. Faixas com o mote do ato – Vacina no Braço/Comida no Prato; Pelo auxílio de R$600 – também estarão dispostas no gramado.

 

Programação do ato (sujeita a alterações)

TAG #600ContraFome

– 7h: Chegada dos caminhões com as cestas do MST e da CONTAG no estacionamento

em frente à Praça do Buriti.

– 8h: Os caminhões partem para a Esplanada dos Ministério, atravessando todo Eixo

Monumental, pela faixa mais à esquerda

– 8h30: Chegada dos caminhões com as cestas verdes na Esplanada dos Ministérios

– 9h: Passagem dos dirigentes que vão falar pela tenda de protocolo sanitário

– 10h: início das falas de convidados

– 10h30: início das falas dos organizadores do ato (Centrais, MST, CONTAG, Frentes)

– 11h30/12H: Fim das falas (caminhão)

– 12h: Ato de entrega da Agenda Legislativa das Centrais Sindicais a lideranças do

 

Protocolo

Ao lado do caminhão de som, haverá barraca para reforçar o respeito aos protocolos sanitários: distribuição e orientação ao uso de máscaras e álcool gel, medição de temperatura e instruções para manter distanciamento.

 

Fonte: CSP-Conlutas

Quinta, 09 Agosto 2018 17:21

 

Nessa sexta-feira, 10/08, os trabalhadores de todo o país vão as ruas para realizar mais um protesto contra os ataques aos direitos e em defesa do emprego: o Dia do Basta! Convocado em conjunto pelas centrais de trabalhadores, as mobilizações deverão repercutir em cidades de todos os estados.

 

Em Cuiabá, haverá um ato unificado a partir das 16h, na Praça Ipiranga, reunindo diversas categorias.

 

Os servidores técnicos administrativos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) também têm uma programação local, com panfletagem em torno da instituição a partir das 7h, seguido de um ato na Avenida Fernando Corrêa da Costa. A concentração será na guarita 1.

 

Mesmo em período de recesso docente, a Adufmat-Ssind orienta a categoria a participar das atividades em conjunto com o Sintuf/MT e demais entidades de trabalhadores no centro da capital mato-grossense.

 

 

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

 

Quinta, 29 Março 2018 16:29

 

O Movimento Estudantil (ME) da Universidade Federal de Mato Grosso se levantou nessa quinta-feira, 29/03. Manifestações em todos os campi da instituição demonstraram o repúdio dos estudantes ao aumento da refeição no Restaurante Universitário (RU), anunciado pela administração em fevereiro e previsto para maio. Sem diálogo, a gestão age brutalmente contra uma das principais reivindicações históricas do ME: uma política de alimentação acessível a todos.   

 

A Reitoria alega que a mudança ampliará o acesso, já que os estudantes que comprovarem renda familiar de até 1,5 salário estarão isentos de qualquer pagamento. No entanto, os que estiverem fora desse perfil terão de desembolsar quase R$ 10,00 para almoçar ou jantar no Restaurante Universitário. Atualmente o valor de cada uma dessas refeições é R$ 1,00, e o café da manhã R$ 0,25.

 

Mas a preocupação do Movimento Estudantil e também do Movimento Docente vai além. A lógica de separar estudantes que podem ou não pagar abre espaço para a discussão sobre cobrança de mensalidades nos cursos de graduação, como aponta o Banco Mundial.  

 

 

Na manhã dessa quinta-feira, representantes dos Diretórios Centrais dos Estudantes de Cuiabá, Sinop, Rondonópolis e Araguaia participaram de uma reunião com a Pró-reitoria de Assistência Estudantil para tratar do tema. Segundo a representante dos estudantes no Araguaia, Rayani Camargo, a administração vai aguardar uma contraproposta, mas os estudantes não querem aumento algum.

 

“Nós reivindicamos o diálogo, mas vamos resistir para não aumentar. Uma pesquisa socioeconômica que nós realizamos demonstrou que os estudantes não vão conseguir se manter na universidade pagando o RU mesmo com renda superior a estabelecida por eles”, disse a coordenadora do DCE.

 

De acordo com a estudante, a administração chegou a ventilar uma outra proposta, que dividiria os usuários do restaurante em três grupos: o primeiro com gratuidade integral, o segundo parcial, e o terceiro pagaria o valor cheio. O acordado na reunião foi que, na próxima segunda-feira, a administração deverá enviar a todos os DCE’s seus dados e propostas, e em cerca de 20 dias o Movimento Estudantil apresentará sua posição ou contraproposta.

 

 

 

 

Durante todo o dia, vários grupos de estudantes se manifestaram ou dialogaram nos campi da UFMT e, em Cuiabá, realizaram um catracaço denunciando as implicações do aumento.         

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Imagens: participantes dos atos em Cuiabá e Sinop

Quarta, 01 Junho 2016 15:36

 

 

Maio não é apenas mais um mês para as mulheres brasileiras. Conhecido por abrigar o dia das mães e a graça das noivas, as propagandas e declarações de amor se espalham nas campanhas publicitárias e redes sociais, deixando as mulheres convencidas da importância de suas funções sociais de mãe e esposa. Esse é um dos motivos de mobilização das mulheres de todo o mundo, que se libertam cada vez mais desses paradigmas, e em Cuiabá as festividades do mês de maio já são interrompidas pelos gritos da cruel realidade feminina.

 

Na tarde do dia 25/05, uma das principais praças da cidade, localizada em frente ao maior shopping do estado, comportou dezenas de cruzes. Eles estavam lá carregando o nome de algumas vítimas do “machismo nosso de cada dia”. Inserido numa sociedade exploratória, o resultado dessa “cultura” só pode ser violento: estupros, agressões físicas, homicídios, e assédios diversos, que consolidam a ideia de que a mulher é um objeto a ser tratado a bel prazer do desejo masculino.   

 

Um dos casos mais emblemáticos na região é o da jovem Juliene. Há quatro anos, seu corpo fora encontrado nu, pendurado pelas próprias roupas num estádio de futebol da periferia cuiabana. O suspeito do homicídio e exposição da bela Juliene não está preso. Conhecido da família e vizinho da avó de Juliene, o vendedor foi detido em flagrante no dia do ocorrido. Ele teria sido a última pessoa a encontrar a jovem e, no momento da prisão, estava com o celular da moça. Mas cerca de um mês depois foi solto, e nada mais foi dito a família da jovem.  

 

O Maio Juliene envolveu uma série de atividades como uma roda de conversa com mulheres em praça pública no dia 21/05, campanha nas redes sociais, além do apoio de diversos artistas regionais (clique aqui para saber mais). Mas o ciclo de atividades nem havia sido concluído ainda quando um novo fato terrível emergiu na imprensa: uma menina de 16 anos foi vítima de um estupro coletivo numa favela carioca. Trinta homens podem estar envolvidos no caso, que além do abuso sexual envolve crimes de aliciamento de menor, além de exposição nas redes sociais.

 

Apesar das imagens, dos depoimentos e de todo o caos que se transformou a vida da garota, a cultura machista do patriarcado ainda motiva questionamentos. Acusações de que a garota estava mentindo, ou que teria motivado o ato porque estava no local, ou porque estaria vestida de tal maneira surgem com a intenção de culpar a vítima. Após a denúncia, o delegado responsável pelo caso chegou a perguntar à garota se ela tinha costume de realizar aquele tipo de prática. Vale ressaltar que a denúncia foi feita pelo movimento feminista do Rio, após a exposição nas redes sociais, pois a própria vítima declarou que não tinha a intenção de registrar o fato por vergonha. Um dos rapazes acusados de participar do crime apareceu sorrindo diante das câmeras.

 

No mesmo período correu, na imprensa local, a denúncia de agressão física por parte de um “conceituado agrônomo” de Cuiabá contra sua namorada advogada.

 

E os casos não param. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) apontam que uma mulher é estuprada a cada 11 minutos no Brasil. É possível que a relação seja muito maior, pois apenas 30% ou 35% dos casos são registrados por medo ou constrangimento por parte da vítima. Em 2014, 47,6 mil ocorrências de estupro foram realizadas, de acordo com o Fórum.

 

Em Mato Grosso, o número de homicídio de mulheres nos últimos 10 anos superou a média nacional. Enquanto o índice de feminicídio no Brasil foi de 4,6 para cada 100 mil habitantes nesse período, de acordo com o Ipea, no estado o índice chegou a 7,0/ 100 mil hab.

 

Como continuam os abusos, continuam também os protestos. Nessa quarta-feira, 01/06, Cuiabá terá mais um. A partir das 16h, na praça Ulisses Guimarães (em frente ao shopping Pantanal), o manifesto será para dizer “não foram 30 contra 1, foram 30 contra todas”.

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind  

 

Sexta, 18 Março 2016 11:05

 

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT

 

Hoje, falarei de protesto. Todavia, não do ocorrido no final de semana, quando uma multidão “nunca antes vista na história deste país” foi às ruas para apoiar a operação Lava-Jato, pedir oimpeachment de Dilma, gritar “Fora Lula/PT” etc. Falarei do protesto adulto de Taylan Maia, um menino de apenas nove anos, nascido em Peritoró/MA.

 

O protesto do garoto veio a público inicialmente por imagens de celular. Depois, foi parar nas telas do “Bom dia Brasil” da Rede Globo, de 11/03/16.

 

No vídeo original, Taylan – de marcante personalidade, e com a devida consciência da miserável condição de sua escola – faz um desabafo, apontando para duas questões: uma objetiva e outra subjetiva.

 

Do viés concreto, diz que em sua escola falta tudo: “filtro para água potável, banheiro, lugar para guardar os livros”, mas, antes de tudo, “falta uma boa escola”; ou seja, a seu modo, ele ainda está falando das condições materiais da escola. Ele está se referindo às condições do casebre onde estuda.

 

O casebre é de “pau a pique”, tipo de construção antiga e rudimentar muito presente em áreas rurais. A matéria prima desse tipo de construção é o barro, que preenche os vãos dispostos em bambus, amarrados com cipós, que se entrelaçam a madeiras verticais fixadas no chão, com vigas horizontais. Os vãos preenchidos com barro transformam-se em paredes.

 

Quando tais construções são malfeitas, abrem-se fendas no barro. Essas fendas podem servir de habitat para vários tipos de insetos, com destaque ao barbeiro (Triatoma infestans), transmissor da doença de chagas.

 

Não bastasse esse tipo de precariedade, há outra mais chocante: por falta de banheiros, as crianças improvisam-nos em um matagal, atrás da “escola”. Degradante.

 

Outra degradação fica por conta da merenda, que, aliás, este ano ainda não chegou. Pior: conforme depoimentos das crianças e de seus pais, é até melhor que a merenda nem chegue, pois mais parece um “mingau véio doce”, que provoca dores estomacais.

 

Além dessas precariedades materiais, o estudante aponta, em tom de indignação e denúncia, o mais importante: a disposição da “escola” em classes multisseriadas; ou seja, alunos de séries diferentes em uma mesma sala de aula: “É o primeiro ano junto com o segundo, o terceiro junto com o quarto... É tudo a maior bagunça”, sentencia Taylan.

 

Agora, o que estudante não disse – e talvez nem tivesse condições de observar – é que, em cartazes de cartolina produzidos por algum adulto (provavelmente, professor ou professora), detalhes básicos da norma padrão da língua portuguesa – a que é exigida em concursos públicos, inclusive no ENEM – deixaram de ser observados. Em um dos cartazes, lê-se: “Os encontros vocalicos menusculos”.

 

Assim, tal inobservância está fazendo aquelas crianças que aparecem na reportagem aprenderem a escrever as palavras proparoxítonas sem o acento marcador da antepenúltima sílaba. O antônimo de “maiúsculo” está sendo ensinado como “menusculo", e não como “minúsculo”.

 

Pois bem. Se itens elementares de nossa língua estão sendo assim “ensinados”, fico pensando como outros tópicos linguísticos que demandam mais complexidades, como as regências e as concordâncias, estão sendo expostas, se é que estão. 

 

Ao pensar nisso, fico imaginando se há muita diferença entre quem ensina e quem aprende em contextos semelhantes. Talvez não haja. E isso é desumano, pois é o extremo da subtração da cidadania a um contingente imenso de nossas crianças que vão tendo um futuro cada vez mais comprometido, cada vez mais excludente. 

 

Terça, 16 Fevereiro 2016 12:58

 

Até o final de fevereiro, a tarifa do transporte público em Cuiabá deve aumentar mais uma vez, e pode ser uma das mais caras do país. Embora não chegue nem perto do tamanho, da demanda e da qualidade do transporte público de São Paulo, a intenção das empresas e dos órgãos públicos é estabelecer em Cuiabá o valor R$ 3,80, isto é, um reajuste de R$ 0,70, igualando a tarifa do transporte unitário da maior e mais populosa cidade do Brasil e da América Latina.

 

Na próxima sexta-feira, 19/02, a Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos Delegados de Cuiabá (Arsec) vai realizar uma audiência pública para debater os valores que ela mesma propõe: R$ 3,60 ou R$ 3,80. A audiência será às 14h no Palácio Alencastro.  

 

Com a bandeira “R$ 3,10 já é roubo”, os integrantes do Bloco de Lutas Por Uma Vida Sem Catracas, que organizam um segundo ato contra o aumento para a quinta-feira, 18/02, às 7h30, na Praça Alencastro, questiona o novo aumento, alegando que os argumentos para o reajuste não são claros, que só beneficiam as empresas e prejudicam os usuários.

 

“Esses aumentos da tarifa apresentam a mesma situação todo ano! Beneficiam apenas os empresários do transporte coletivo, que são os grandes financiadores de campanhas eleitorais. Depois de eleitos, esses representantes devem beneficiar e devolver o que foi cedido nas eleições. Soma-se a isso o aumento generalizado dos preços de serviços e produtos que corroem o salário do trabalhador - desde os valores no supermercado, conta de luz e agua, passando pelo aumento da tarifa - o custo de vida sobe enquanto os serviços públicos e direitos dos trabalhadores caem”, afirma o Bloco no material de divulgação do ato.

 

A partir dos debates que orientam o grupo, as reivindicações incluem a estatização do transporte público e a tarifa zero (que ganha corpo com as manifestações nacionais).

 

Em 2005, a CPI do Transporte da Câmara Municipal de Cuiabá, formada pelos então vereadores Domingo Sávio, Walter Rabello e Luiz poção, reuniu documentos que apontavam, já naquela época, valores superfaturados nos cálculos de reajuste. Mas nada foi feito com relação a isso, porque todos os documentos simplesmente sumiram.

 

Num rápido exercício de comparação entre os transportes de São Paulo e Cuiabá, que podem ter tarifas iguais, temos que integração entre ônibus e trilhos (metrô e trem) mensal em São Paulo custa R$ 230,00. Se a tarifa reajustada em Cuiabá chegar a R$ 3,80 (valor unitário em São Paulo), um usuário de transporte que utiliza quatro passagens diárias (isto é, almoça em casa), vai gastar cerca de R$ 304,00 do seu salário só para andar de ônibus, nas condições de Cuiabá, que são conhecidas como as piores do país.

 

A Prefeitura de Cuiabá disse que só autorizaria o reajuste se parte da frota de ônibus (50 carros) fosse renovada.

 

Os últimos reajustes do transporte em Cuiabá foram: R$ 2,30 para 2,50 em 2011 (8%); R$ 2,50 para R$ 2,70 em 2012 (8%); R$ 2,70 para R$ 2,85 em 2013 (5,5%), reduzida para R$ 2,60 em virtude dos protestos de julho de 2013; R$ 2,60 para R$ 2,80 em 2014 (7,7%); e R$ 2,80 para R$ 3,10 em 2015 (10,7%).

 

É possível observar que, somente no ano de 2015, o valor do reajuste ficou um pouco abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), 11,2%, que é também a base de reajuste salarial para a maioria dos trabalhadores. Em 2013, o índice de reajuste foi igual ao INPC acumulado no ano, 5,5%. No entanto, em 2011, 2012 e 2014, o reajuste do transporte foi superior ao INPC da época, respectivamente, 6%, 6,2% e 6,2%.   

 

 

Saiba mais sobre o protesto na página do evento no facebook. Clique aqui.   

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Terça, 16 Fevereiro 2016 12:54

 

 

Até o final de fevereiro, a tarifa do transporte público em Cuiabá deve aumentar mais uma vez, e pode ser uma das mais caras do país. Embora não chegue nem perto do tamanho, da demanda e da qualidade do transporte público de São Paulo, a intenção das empresas e dos órgãos públicos é estabelecer em Cuiabá o valor R$ 3,80, isto é, um reajuste de R$ 0,70, igualando a tarifa do transporte unitário da maior e mais populosa cidade do Brasil e da América Latina.

 

Na próxima sexta-feira, 19/02, a Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos Delegados de Cuiabá (Arsec) vai realizar uma audiência pública para debater os valores que ela mesma propõe: R$ 3,60 ou R$ 3,80. A audiência será às 14h no Palácio Alencastro.  

 

Com a bandeira “R$ 3,10 já é roubo”, os integrantes do Bloco de Lutas Por Uma Vida Sem Catracas, que organizam um segundo ato contra o aumento para a quinta-feira, 18/02, às 7h30, na Praça Alencastro, questiona o novo aumento, alegando que os argumentos para o reajuste não são claros, que só beneficiam as empresas e prejudicam os usuários.

 

“Esses aumentos da tarifa apresentam a mesma situação todo ano! Beneficiam apenas os empresários do transporte coletivo, que são os grandes financiadores de campanhas eleitorais. Depois de eleitos, esses representantes devem beneficiar e devolver o que foi cedido nas eleições. Soma-se a isso o aumento generalizado dos preços de serviços e produtos que corroem o salário do trabalhador - desde os valores no supermercado, conta de luz e agua, passando pelo aumento da tarifa - o custo de vida sobe enquanto os serviços públicos e direitos dos trabalhadores caem”, afirma o Bloco no material de divulgação do ato.

 

A partir dos debates que orientam o grupo, as reivindicações incluem a estatização do transporte público e a tarifa zero (que ganha corpo com as manifestações nacionais).

 

Em 2005, a CPI do Transporte da Câmara Municipal de Cuiabá, formada pelos então vereadores Domingo Sávio, Walter Rabello e Luiz poção, reuniu documentos que apontavam, já naquela época, valores superfaturados nos cálculos de reajuste. Mas nada foi feito com relação a isso, porque todos os documentos simplesmente sumiram.

 

Num rápido exercício de comparação entre os transportes de São Paulo e Cuiabá, que podem ter tarifas iguais, temos que integração entre ônibus e trilhos (metrô e trem) mensal em São Paulo custa R$ 230,00. Se a tarifa reajustada em Cuiabá chegar a R$ 3,80 (valor unitário em São Paulo), um usuário de transporte que utiliza quatro passagens diárias (isto é, almoça em casa), vai gastar cerca de R$ 304,00 do seu salário só para andar de ônibus, nas condições de Cuiabá, que são conhecidas como as piores do país.

 

A Prefeitura de Cuiabá disse que só autorizaria o reajuste se parte da frota de ônibus (50 carros) fosse renovada.

 

Os últimos reajustes do transporte em Cuiabá foram: R$ 2,30 para 2,50 em 2011 (8%); R$ 2,50 para R$ 2,70 em 2012 (8%); R$ 2,70 para R$ 2,85 em 2013 (5,5%), reduzida para R$ 2,60 em virtude dos protestos de julho de 2013; R$ 2,60 para R$ 2,80 em 2014 (7,7%); e R$ 2,80 para R$ 3,10 em 2015 (10,7%).

 

É possível observar que, somente no ano de 2015, o valor do reajuste ficou um pouco abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), 11,2%, que é também a base de reajuste salarial para a maioria dos trabalhadores. Em 2013, o índice de reajuste foi igual ao INPC acumulado no ano, 5,5%. No entanto, em 2011, 2012 e 2014, o reajuste do transporte foi superior ao INPC da época, respectivamente, 6%, 6,2% e 6,2%.   

 

Saiba mais sobre o ato na página do evento no facebook. Clique aqui

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind