Terça, 09 Outubro 2018 17:39

 

Conjuntura política após o primeiro turno é debatida em reunião do ANDES-SN

 

Representantes de mais de 25 seções sindicais do ANDES-SN estão reunidos nesta terça-feira (9) para debater a conjuntura eleitoral do país. A reunião conjunta dos Setores das Instituições Federais de Ensino (Ifes) e Estaduais e Municipais de Ensino (Iees/Imes) ocorre na sede do sindicato em Brasília (DF).

A diretoria do ANDES-SN apresentou uma proposta de texto político sobre a conjuntura eleitoral, após o primeiro turno, aos presentes. O texto ressalta a gravidade da conjuntura atual, de uma crise que não é apenas política, mas social, cultural e econômica.

A proposta da diretoria reafirma a importância do Sindicato Nacional nessas décadas de luta a favor da categoria docente e da classe trabalhadora. “Neste momento, em que o cenário eleitoral expressa uma disputa entre frações da burguesia, protofascismo e projetos de conciliação de classe, é necessário reafirmar as posições históricas do ANDES-SN, analisar com precisão a conjuntura e definir ações para o período do segundo turno das eleições”, diz um trecho da nota.  

“Ao mesmo tempo em que as manifestações contra o fascismo ganharam as ruas, nas inúmeras e numerosas manifestações do dia 29 de setembro de 2018, sob o chamado #EleNão, também identificamos o crescimento de ações ofensivas, de perseguição, de agressões e um conjunto de fake news que tenham difundir a desesperança e o ódio”.

A diretoria ainda propõe a realização de assembleias de bases, plenárias, debates e outras atividades para refletir sobre a atual conjuntura do país. O debate continuará à tarde para deliberar os encaminhamentos da reunião conjunta.

Crime de ódio
No início da reunião, esta manhã, foi feita a leitura de uma nota política em repúdio ao assassinato do capoeirista, Romualdo Rosário da Costa. Mais conhecido como mestre Moa do Katendê, em Salvador (BA), ele foi vítima de um crime de ódio por divergir politicamente do seu assassino. 

 

Fonte: ANDES-SN

Sexta, 28 Setembro 2018 10:32

 

 

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para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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JUACY DA SILVA*
 

Estamos às vésperas da tão aclamada “maior festa da democracia”, quando depositamos muitas esperanças nas eleições de 07 e 28 de Outubro próximo, quando mais de 147 milhões de eleitores, talvez bem menos, devido `as abstenções, votos brancos/nulos, irão eleger o novo Presidente da República, Governadores de Estados, dois terços dos Senadores, todos os Deputados Federais e Estaduais, enfim, a nova configuração dos donos do poder e dos marajás da República.


As eleições de 2018 devem marcar e já estão marcando uma nova configuração politica, muito diferente do que foram as eleições de 2002; 2006; 2010 e 2014, quando o embate foi sempre entre a social democracia (PSDB) e seus aliados do centro e da direita, contra o PT e seus aliados de centro-esquerda, trabalhismo e esquerda, propriamente dita.


Em 2018, desde antes da condenação e Prisão de Lula, ou mais precisamente, quando o PMDB rompeu com o governo de coalização de Dilma Rousseff e contribuiu decisivamente para seu impeachment, possibilitando a chegada de Michel Temer ao Planalto, o outrora todo poderoso dono do PMDB, hoje MDB, cujo governo, aos olhos do povo tem sido muito pior do que de sua antiga aliada e antecessora tanto em termos de corrupção quanto da mediocridade de gestão, principalmente nos aspectos macro econômicos. A prova disso é que o candidato do MDB a presidente da República, banqueiro Henrique Meirelles, que deixou um mandato de deputado federal eleito pelo PSDB de Goiás, para  ser o todo poderoso Presidente do Banco Central durante 8 anos do Governo Lula, o mesmo governo que tantos partidos de centro, direita e trabalhistas mamaram e hoje execram de forma desavergonhada, não passa de 2% ou 3% nas pesquisas eleitorais.


Devido ao rompimento da aliança PT/PMDB e o impeachment de Dilma, abriu-se um espaço para que na recomposição do novo Governo, o PSDB voltasse a participar do poder com a indicação de diversos ministros e outros cargos, ou seja, a mesma aliança que sustentou o famigerado governo FHC, PSDB/PMDB  e outros partidos satélites do centro e da direita, acabaram se corporificando no governo fraco e desacreditado de Temer, levando de roldão, ladeira abaixo tanto o PSDB quanto MDB, DEM, PP, PR e outros aliados do governo.


Não é sem razão que a candidatura de Geraldo Alkmin, que já governou por três vezes o Estado de São Paulo, que tem o maior peso politico, eleitoral e econômico do Brasil, onde os tucanos reinam há quase 30 anos; tem tido um desempenho ridículo, pífio nas pesquisas, inclusive em seu próprio estado. Os eleitores do PSDB, do PMDB, DEM e outros partidos de centro simplesmente “migraram” para o candidato de extrema direita Bolsonaro, que é líder das pesquisas e que, se Alkmin não crescer e retomar seus eleitores do passado,  jamais chegará ao segundo turno, podendo pendurar a chuteira definitivamente.


O avanço da direita só não tem sido maior devido as declarações estapafúrdias, autoritárias e preconceituosas de Bolsonaro, o que poderiam ser denominadas de “direita chucra”, ou burra, por não conseguir polir com um certo verniz propostas tresloucadas; razão pela qual nas últimas semanas o crescimento dos índices de rejeição do candidato da extrema direita tem sido maiores do que seus índices de preferência  entre os eleitores.
Enquanto isso, o candidato do PT, que tem o apoio declarado de LULA, que mesmo preso e impedido de se comunicar pessoalmente com os eleitores é o maior cabo eleitoral de Fernando Haddad, que tem crescido de forma avassaladora no Nordeste e também de forma consistente em todas as demais regiões, todos os estratos sociais e demográficos, razão pela qual passou a ser alvo de ataques ferozes tanto por parte de Bolsonaro, quanto de Alckmin, Ciro Gomes e até da combalida Marina Silva.


Com a desidratação e esvaziamento da candidatura de Marina Silva, que há quatro anos quase chegou ao segundo turno, só cedendo este lugar a Aécio Neves na última semana que antecedeu o pleito de 2014, deve terminar a corrida eleitoral talvez com menos de 5%, o mesmo que poderá acontecer com Ciro Gomes, que no período de pré-campanha cortejou Lula na vã esperança de herdar seu espólio, que acabou ficando mesmo com Fernando Haddad.


O que a última pesquisa do IBOPE desta semana (24/09/2018) indica é que Bolsonaro está empacado há três semanas, Haddad cresce aceleradamente nesta reta final,  Ciro Gomes e Alckimin continuam patinando; Marina Silva já foi para o Espaço, só ela não percebe e os demais candidatos continuam na categoria de azarões, mas nanicos. Todos esses deverão aproveitar o balcão de negócio eleitoral e “venderem” o apoio para os candidatos que chegarem ao segundo turno. Cabe a pergunta, será que esses candidatos tem domínio ou propriedade sobre as escolhas de seus eleitores do primeiro turno?


Em 2014, Marina Silva, antes uma petista de primeira grandeza  não titubeou em apoiar Aécio e hoje recebe o troco de seus eleitores que consideraram que aquele apoio foi mais uma vingança ou traição `as suas origens.


Assim, o embate nessas eleições, principalmente ou talvez exclusivamente para Presidente da República, deverá ficar entre esquerda x direita, com os dois lados afirmando piamente que serão vitoriosos. Como a escolha é excludente, resta apenas aguardar os resultados das urnas e ver para que lado os ventos da democracia irão soprar, se para a esquerda ou pra a direita e a partir daí qual o futuro que nos espera.


Em minha modesta opinião, pela gravidade e complexidade da crise brasileira, em todas as suas dimensões, nenhum SALVADOR DA PÁTRIA, vai tirar o Brasil desta enrascada e dependendo do estado de ânimo, da radicalização politica e ideológica, poderemos iniciar em 2019 uma nova etapa, talvez com extrema violência, inclusive violência politica ou até mesmo um golpe de estado, com sérias e nefastas consequências para nosso país e para a população. Quem viver verá.


*JUACY DA SILVA, professor universitário, aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversos veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy  Blog www.professorjuacy.blogspot.com
 

Quinta, 26 Julho 2018 09:48

 

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Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. em Jornalismo pela USP/Professor da UFMT

 

Poucas coisas são mais humilhantes do que a afirmação desse título. 

Cabresto é o “arreio de corda ou couro, sem freio ou embocadura, e que serve para prender o animal, geralmente o cavalo, para controlar sua marcha”. No plano metafórico, é algo, ou alguém que controla, que subjuga outrem, reprimindo-o, contendo-o, prendendo-o.

Do sentido figurado, nasceu o asqueroso “voto de cabresto”. No Brasil, isso surgiu no início da República, quando coronéis compravam quem estivesse apto ao voto. Assim, eles sempre elegiam candidatos mantenedores de seus interesses.

Como o voto era aberto, os velhacos asseguravam um “curral eleitoral” composto por pessoas dependentes financeiramente, e que viviam amedrontadas por ameaças objetivas e/ou simbólicas. Os capangas controlavam os votos.

Por “curral eleitoral”, entende-se como sendo uma região onde um político exercia influência. Nesses locais, o coronel oferecia ao eleitor, em troca de seu voto, dinheiro em espécie e/ou objetos, como dentaduras e sapatos baratos; por vezes, atividades laborais.

Hoje, “curral eleitoral” é usado para definir a forte intimidação e pressão a eleitores, em geral, de baixa escolaridade e poder aquisitivo.

Mas por que estou falando de voto de cabresto e curral eleitoral?

Porque foi a isso que se prestaram alguns colegas em duas recentes assembleias do Sindicato dos Docentes da UFMT (Adufmat).

Em um dos momentos, um dos itens da pauta era discutir sobre a possibilidade de o Sindicato judicializar duas reuniões de um dos conselhos superiores da UFMT, pois a presidência daqueles trabalhos desrespeitou questões regimentais, tornando suas decisões ilegais e ilegítimas.

Assim, a reitora jogou a Instituição num tipo de caos nunca antes experimentado na UFMT; aliás, longe do final, mesmo com o término da greve estudantil, que foi o estopim para os desarranjos atuais e poderá ser a muralha para eventual desejo de reeleição em 2020.

Diante do quadro, para não correr o risco de uma possível judicilização, e desmoralizar-se por completo, a magnífica reitora parece ter mobilizado seus pró-reitores e asseclas a comparecem à referida assembleia e votar contrários a isso.

Para que seu batalhão de choque se fizesse presente, o que raramente o faz, embora a isso todos tenham direito, mensagens mentirosas, levianas e chulas lhes foram enviadas. Eis uma prova:

Atenção, colegas, reunião da Adufmat para judicilizar a situação na UFMT, hoje às 14h. Reunião na surdina, pois parece que Reginaldo e Alair pretendem ferrar a reitora e a instituição. A reitora pede que avisemos professores para irem votar, pois a assembleia deve ser aberta”.

A expressão “na surdina” é mentirosa. Não há possibilidade de assembleias da Adufmat serem realizadas nos bastidores.
 
Na sequência, a leviandade do(a) remetente se materializa no verbo “parecer”, bem como na citação dos nomes de dois valorosos docentes, que não agem na surdina, mas que, no plano político, estão por ora questionando ações desastrosas da reitoria.

O lado chulo, que deve ser a cara do(a) remetente, se concretiza por meio do verbo “ferrar”: termo inadequado a um(a) docente, até mesmo em mensagens inescrupulosas, como a que se lê acima.

Mesmo diante de mentiras, leviandades e chulices, algumas criaturas cumpriram a ordem que “veio de cima”. Encabrestados, votaram como mandado. Foram servis. Assim, alguns mantiveram cargos e/ou seus micropoderes. Outros, apenas a fidelidade canina. Só não mantiveram a dignidade. Ela se foi à frente dos colegas e das câmeras.  

 

Quarta, 25 Julho 2018 13:41

 

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Por Aldi Nestor de Souza*
  
 

A máquina chegou ao povoado, como convém às máquinas, pontualmente, às 8 da manhã de uma segunda feira limpa. Uma segunda feira de agosto.  Estávamos, todos, reunidos e de feijão pronto, esperando.  Cada casa, seu monte, a safra do ano, colhida e posta no sol para secar, pronta pra ser debulhada.
 
O costume no povoado era o de debulhar vagem por vagem. Devagar.  À mão. À noite. Sentados no chão, no claro de um candeeiro ou de uma lamparina, tomando café, contando e ouvindo histórias, causos, piadas, planos, aventuras e desventuras, íamos abrindo as vagens uma por uma.  Na base do mutirão, durava semanas, às vezes,  meses. Toda noite numa casa, até terminar o feijão de todo mundo. Era um ritual. Era o que era o povoado.
 
A máquina fez tudo em menos de uma hora. Tudo. Toda a produção anual do povoado foi devorada em questão de minutos. O barulho da máquina foi o que predominou  na operação. Nada de história, nada de café, nada de mutirão.  Só a máquina, no seu mastigado intermitente, controlado, milimetrado, triturando e triunfando sobre as vagens, moendo as cascas e derramando o feijão já ensacado, pronto pra ser comercializado. A máquina era o progresso, de garras afiadas, ali no povoado.
 
Quando debulhávamos à mão, entendíamos muito bem do esconderijo dos grãos, ouvíamos o estalar das vagens, sentíamos e conhecíamos os detalhes da textura, do tamanho, da cor, do formado, do pelo. Sabíamos, só de olhar, as vagens que davam mais trabalho de ser abertas, as murchas, as chochas. Debulhar à mão é saber do grão pela vagem.
 
À máquina, todas as vagens são iguais, tratadas do mesmo jeito. À máquina, não existe vagem boa de ser aberta, vagem disputada na debulha, nem vagem deixada pro final. À máquina, tudo não passa de um número.
 
Após cada debulha manual, as cascas, ainda plenamente cascas, eram cuidadosamente armazenadas, pra virar ração pro gado.  Com a máquina, as cascas caem no chão desfiguradas, semi destruídas, sem qualquer identidade, um bagaço que o gado mal tem o trabalho de mastigar. A máquina mexe até no tempo de mastigar.
 
Desligado o motor, conforme combinado, o pagamento. Ali, na hora, como convém às máquinas. Em feijão.  A máquina levou, por menos de uma hora de trabalho, mais do que muitos de nós levou meses pra produzir.  Assim, de súbito. Seria o progresso o fim do trabalho?
 
Levamos o resto do dia, da semana, do mês, a filosofar sobre a rapidez da máquina, a precisão, a economia de tempo, o lucro. Sim, o lucro. Por aquele quarto de hora de serviço e algumas gotas de óleo, a máquina lucrou mais de uma saca de feijão. O futuro é a máquina? O progresso é a máquina?
 
Ninguém mais sequer cogitou voltar às debulhas manuais, às histórias, aos causos, ao café. Ninguém.  Aos encontros que eram, por assim dizer, o melhor que havia no povoado, a hora da partilha, da comunhão, da união, nem mais um sinal. Nada. O progresso engoliu tudo isso a seco. O progresso não tem história, não tem passado, não tem futuro, não sente dor, não sente amor, não sente saudade. É a máquina!
 
 
*ALDI NESTOR DE SOUZA
Professor do departamento de matemática da UFMT/Cuiabá
 

Segunda, 23 Julho 2018 13:25
 
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Alair Silveira
Profa. Depto. Sociologia e Ciência Política 
SOCIP/ICHS/UFMT
 
                 A Universidade pública brasileira tem sido – juntamente com outras instituições públicas sociais – objeto de uma política perversa e implacável de destruição, desde 1990. Nesses quase 30 anos de desmonte, o caráter social do Estado tem sido inviabilizado, de maneira a reabilitar a máxima do pensamento liberal, segundo a qual a livre iniciativa assegura o interesse coletivo. Para tal, basta permitir às forças econômicas privadas a liberdade de empreender sem qualquer intervenção estatal. Nessa perspectiva, como defendia Adam Smith, à “mão invisível do mercado” caberá as autocorreções necessárias.
 
               Ajustada para os tempos neoliberais pós-modernos, a ‘livre iniciativa’, agora, atende também por ‘empreendedorismo’ e/ou ‘inovação’, e é considerada, inclusive, “inata” aos indivíduos. O Sistema S (com seus recursos públicos) e todos os grandes empresários (ops!), digo, empreendedores, agradecem. Congratulam-se, especialmente, aqueles que satanizam o Estado, mas disputam cada centavo dos recursos públicos não apenas para a manutenção da política tributária regressiva, mas para demandar renúncia fiscal, financiamentos subsidiados, isenções generosas, REFIS, perdão de dívida e, obviamente, a privatização do patrimônio público. Há, inclusive, entre aqueles que satanizam o Estado, aqueles que, de dentro do Estado, atuam contra o caráter público e social do Estado do qual são servidores.
 
               A UFMT, por óbvio, não está imune à pós-modernidade neoliberal e, consequentemente, a esse movimento de desmonte da Universidade. Ironicamente, é no espaço da dita ‘elite intelectual’ que a iniciativa privada tem encontrado seus mais aplicados defensores, inclusive com a reprodução ‘ilustrada’ do argumento que oferece como alternativa para as mazelas sociais justamente os instrumentos que as geram; e que são inerentes à lógica da livre iniciativa privada.
 
               A trajetória de adesão aos interesses neoliberais pós-modernos de parte significativa de professores universitários tem muitos percursos que, ao final, convergem para a mesma finalidade. Devido aos limites desse pequeno artigo de opinião, não é possível disseca-los. Contudo, é plausível supor que boa parte da intelectualidade brasileira tem conhecimento - e argumentos - quanto aos vários processos que levaram a essa situação paradoxal dentro das Universidades e, particularmente no que aqui nos concerne, da UFMT.
 
               É a partir dos diversos paradoxos que têm tomado forma nos últimos tempos que me manifesto nesse Espaço Aberto, para dialogar com os colegas da UFMT. O primeiro paradoxo diz respeito ao número significativo de professores concursados para as universidades públicas que não tem nenhum pudor em defender recursos públicos para universidades privadas; que protesta contra a baixa qualidade educacional brasileira, mas defende a “flexibilização” dos níveis de aferição de aprendizagem; que reclama do sucateamento da Universidade pública, mas promove empreendedorismo acadêmico; que reconhece a falta de estrutura necessária ao desenvolvimento decente das atividades de ensino, pesquisa e extensão, mas reiteradamente aprova novos cursos de pós-graduação lato e stricto senso; que lamenta direitos consagrados serem surrupiados, mas cotidianamente renuncia a muitos deles, sempre na perspectiva do “voluntariado”, do “produtivismo” e da métrica do tempo e da quantidade. Enfim, que se manifesta nos espaços institucionais em defesa da Universidade Pública, Gratuita, de Qualidade e Democrática, mas não se dispõe a lutar por ela.
 
               Mas os paradoxos não se limitam à contradição entre o discurso e a prática. Eles alcançam, também, o interior dos discursos, através da aplicação seletiva do rigor das regras e da racionalidade acadêmica.  As duas últimas assembleias da ADUFMAT (16 e 18 de Julho/2018) representam um marco importante da história da Universidade e do Sindicato. Primeiramente porque elas repetiram uma prática que tem se tornado comum nesses tempos de pós-modernidade neoliberal crescente: a arregimentação pontual e pragmática de professores – sindicalizados ou não – para impedirem a aprovação de qualquer proposta que vá de encontro ao que defendem. O problema, por óbvio, não está na participação legítima dos professores sindicalizados nas assembleias. Muito pelo contrário. Esse é um objetivo permanente do Sindicato. O problema é quando esses professores somente comparecem às assembleias nessas ocasiões específicas, com um único intuito: impedir a aprovação de algum ponto de pauta e/ou encaminhar alguma proposta específica e garantir a sua aprovação.
 
               Na mesma linha das assembleias que tiveram como ponto de pauta a deflagração de greve, as “convocatórias de arregimentação” são regidas pelo tripé[1]1) convocações anônimas ou por professores em cargos de administração; 2) caracterizações agressivas de professores que atuam no Sindicato; e, 3) Instruções sobre como cada professor convocado deve votar. Em muitos casos, quando o professor ‘convocado’ informa que não é sindicalizado, há “instruções” para sindicalizar-se e, logo depois da assembleia, solicitar a desfiliação. Sob qualquer justificativa essas atitudes são absolutamente abomináveis, pois tanto aqueles que convocam quanto aqueles que atendem à convocação atuam como coveiros da própria entidade que os representa e que, ao longo de 40 anos, tem sido o principal instrumento de representação, luta e resistência dos professores.
 
               A segunda questão relevante para ser registrada é a total indisposição de muitos dos professores arregimentados para fazer qualquer discussão política. A única disposição manifesta é assegurar o voto previamente definido. Para “cumprir” a missão para o qual foram convocados, alguns professores atuam para impedir a dinâmica histórica e regimental das assembleias sindicais: cerceando a fala de seus opositores; tentando demarcar o conteúdo das intervenções; defendendo a limitação do número de intervenções na abertura das discussões; propondo o impedimento de re-inscrição... Enfim, todas as possibilidades pragmáticas disponíveis para agilizar o processo e cumprir, rapidamente, a missão recebida.  Afinal, debater para quê, se o voto já foi definido antes da própria assembleia?
 
               A assembleia geral do dia 16 de Julho/2018 tinha como ponto principal da pauta avaliar os desdobramentos do Recurso ao CONSEPE. De maneira organizada, vários professores - que raramente participam das assembleias ou de qualquer outra atividade promovida pela ADUFMAT - compareceram à Assembleia. Porém, antes de avaliar os desdobramentos do Recurso ao CONSEPE, aprovaram a inclusão de outros quatro pontos de pauta. Os pontos incluídos revelavam o propósito da participação inabitual da maioria desses professores: não somente impedir qualquer ação contra a Reitoria no que concerne ao descumprimento do Regimento do CONSEPE (objeto de Recurso interposto por duas conselheiras e por um conselheiro), senão que retirar a Conselheira do ICHS e Diretora Tesoureira da ADUFMAT, Alair Silveira, do CONSEPE.
 
               Sob a alegação de desrespeito ao Regimento da ADUFMAT (aprovado em dezembro/2017), vários professores ‘comprometidos, atuantes e zelosos’ para com o Sindicato propuseram a anulação da Assembleia Geral (AG) realizada em 12 de abril/2017, que autorizou, excepcionalmente, a continuidade da Conselheira Alair Silveira durante o período de discussão da Resolução 158[2].
 
               Determinados a retirar do CONSEPE uma das conselheiras que tem “incomodado” a Administração Superior, muitos pró-reitores compareceram à Assembleia. Afinal, é preciso manter a “ordem das coisas”, isto é, “mudar para deixar tudo como está". Consequentes com a “missão”, esforçaram-se para demonstrar que todo o movimento empenhado era exclusivamente para fazer cumprir o Regimento da ADUFMAT, e que nada tinha a ver com a atuação da conselheira no CONSEPE; especialmente quanto aos enfrentamentos com a Administração Superior durante a greve estudantil.
               Paradoxalmente, esses mesmos professores que ignoraram a AG[3] que autorizou a permanência da Diretora durante o período de discussão da Resolução 158 não tiveram o mesmo zelo pelo Regimento do CONSEPE. Sequer a elaboração de uma Nota de Inconformidade pelo desrespeito ao Regimento do CONSEPE foi aprovada.
 
               Incoerentes com os argumentos utilizados para garantir a saída da Conselheira do ICHS e Diretora da ADUFMAT do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFMT, pró-reitores e professores movidos pelo genuíno “respeito ao Regimento da ADUFMAT” foram, no mínimo, omissos com relação ao artigo 116, Incisos III e IV, da Lei 8.112/1990 (Regime Jurídico Único), e coniventes com o desrespeito ao Regimento do CONSEPE na Reunião do dia 18 de Junho/2018. O Recurso que solicitava a anulação da referida Reunião[4] foi analisado no dia 09/07/2018. E nesta oportunidade, também, apesar dos conselheiros reconhecerem que houve desrespeito/atropelo ao Regimento, a maioria acompanhou o voto da Relatora, que mesmo admitindo muitos dos fatos relatados, manifestou-se pelo “indeferimento do Recurso”.
 
               Em ambas as situações (assembleias da ADUFMAT nos dias 16 e 18 de Julho e reuniões do CONSEPE nos dias 18 de Junho e 09 de Julho/2018) a incoerência tem sido acompanhante contumaz de muitos professores da UFMT. De maneira irrecusável e indefensável, parcela significativa de professores tem se renunciado à coerência e à racionalidade argumentativa lógica. Em acordo com a cultura pós-moderna, tudo é específico e relativo, fragmento e bricolagem, emoção e individualidade. Concomitantemente, é também anti-política, anti-coletiva e anti-sindical. Vê-se, assim, que a única coerência que predomina é aquela que atende ao pragmatismo pós-moderno de inspiração neoliberal.
 
               Como resultado, muitos falam em democracia, mas, não toleram quem os contradiga, recusando-se a frequentar ambientes polêmicos, muitas vezes desqualificando-os direta ou anonimamente. Paradoxalmente, são professores universitários, cujo local de trabalho é, conforme sintetizou Chico de Oliveira, “o lócus do contraditório”. Contraditórios, denunciam o Golpe de 2016, porém, não reconhecem práticas ilegítimas quando elas (lhe) são próximas. Exigem respeito às instâncias superiores, mas não se incomodam quando as regras que as regem são descumpridas.
 
               Nesse processo que não se iniciou nos últimos meses, é possível perceber o aprofundamento de dois movimentos antagônicos: de um lado, os pragmáticos pós-modernos reconhecem o Sindicato como uma força política considerável e democrática. Se assim não fosse, certamente nenhuma Administração Superior empenharia tanta energia em garantir seu “exército” de pró-reitores para participar de duas assembleias na mesma semana. Da mesma forma, não envidaria tantos esforços para assegurar pontos de pauta de seu interesse se não tivesse a convicção de que a ADUFMAT é democrática e, portanto, submete-se às regras que a regem.
 
               A contraposição a esse lado positivo da participação dos pragmáticos pós-modernos nas assembleias sindicais é que pretendem transformar o Sindicato em uma extensão da Administração Superior, atrelando-o aos seus interesses. Não bastasse isso, pretendem fazer valer na ADUFMAT as práticas que são típicas da burocracia pouco afeita aos debates democráticos: cerceamento do conteúdo das intervenções, cerceamento do número de intervenções, utilizando a métrica das reuniões institucionais como referência métrica do tempo sindical.
 
               Nesse particular, registre-se a reiterada indisposição para o debate político, cuja manifestação mais evidente foi a aprovação de Informes e da Análise de Conjuntura como últimos pontos de pauta. Os quais, por consequência, sequer foram discutidos. Alguma preocupação por causa disso por parte dos pragmáticos pós-modernos? Nenhuma. Para eles, o mais importante era lançar dúvidas sobre a transparência da Prestação de Contas da atual Diretoria (coincidentemente a Tesoureira era, também, a Conselheira pelo ICHS no CONSEPE). Nessa empreitada, inclusive uma Auditoria foi cogitada. Demandados a demonstrar o que estavam insinuando (inclusive porque os Relatórios Mensais relativos aos meses de Abril a Dezembro/2017 e de Janeiro a Março/2018 já estão disponíveis no site da ADUFMAT), novamente tentaram imprimir uma interpretação conveniente do Regimento para reclamar o fato de que os meses de Abril a Junho/2018 ainda não estão disponíveis. Desafiados a compor uma Comissão para analisar as contas da ADUFMAT, independente do Conselho Fiscal, recusaram-se a participar, assim como desistiram de propor Auditoria. Cristalino, nesse aspecto, não só a leviandade com que os pragmáticos pós-modernos se portam, mas, também, o fato de que a maioria deles assumiu, publicamente, sequer ter visto os Relatórios de Prestação de Contas.
 
               Coerentes com sua missão naquelas assembleias, também insistiram na aprovação de uma Moção de Apoio a dois professores que, segundo eles, foram “assediados” pelos estudantes em greve. Embora não tenham admitido publicamente, tanta insistência relaciona-se diretamente às deliberações de AG sobre a greve estudantil, assim como com as posições públicas da Diretoria da ADUFMAT. Ironicamente, uma das partes citadas como “vítima” dos estudantes manifestou, via relato de colega presente na AG, que não se sentiu agredida na ocasião e que tampouco apoiava a elaboração de uma Moção. O outro professor também não compareceu à AG para relatar o fato e suas impressões. Na ausência dele, houve esforço para que um vídeo que, segundo os pragmáticos pós-modernos, “viralizou” entre a comunidade acadêmica da UFMT, comprovasse as “agressões” de estudantes grevistas. Felizmente, por apenas um voto de diferença, a criminalização estudantil promovida pela Administração Superior não foi acrescida pela tentativa de criminalização dos estudantes pela ADUFMAT.
 
               Desta maneira, aqueles que defendem a Universidade Pública, Gratuita, de Qualidade, Democrática, Laica e Socialmente Referenciada, assim como um Sindicato Classista, Autônomo, Democrático, Solidário e Combativo precisam dimensionar o que está em jogo e responsabilizar-se por defender a ambos. Os pragmáticos empreendedores pós-modernos já disseram a que vieram.
 
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[1] Na Assembleia do dia 18 de Julho/2018, um dos professores leu, em público, uma das “convocatórias” feitas para que todos fossem à Assembleia votar contrariamente a qualquer desdobramento do Recurso ao CONSEPE.
[2] Registre-se que essa discussão foi suspensa/congelada desde o retorno da Reitora Myrian Serra da licença para tratamento de saúde, apesar dos inúmeros e reiterados pedidos de conselheiros para que essa discussão fosse imediatamente retomada e concluída.
[3] Tanto o Regimento atual da ADFUMAT quanto o anterior reconhece que a AG é soberana e que os casos omissos são por ela decididos.
[4] Sugere-se a todos assistir a Reunião do CONSEPE do dia 18 de Junho/2018. Ela está disponível no site da UFMT.
 
Quinta, 19 Julho 2018 15:51

 

 

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JUACY DA SILVA*
 

Ao longo dos últimos meses, diariamente, os diversos veículos da Rede Globo de comunicação, principalmente a TV Globo, tem apresentado em todos os seus noticiários, as manifestações de milhares e milhares de pessoas do país inteiro, dizendo qual o Brasil que a população brasileira deseja para o futuro próximo e a longo prazo.


Com certeza, em algum momento, os patrocinadores desta grande “enquete” ou “pesquisa” de opinião pública, irão tabular, enfim, divulgar quais foram os dez, quinze ou vinte aspectos que poderiam resumir os sonhos do povo brasileiro. Enfim, um país em que todos nós poderíamos ter orgulho de pertencer e não esta mixórdia que tanto nos envergonha e que faz sofrer as camadas excluídas ou até mesmo as camadas medias da sociedade.


Vou aproveitar e pegar “carona” nesta pesquisa e escrever, já que não tenho celular para enviar minha mensagem dizendo qual o Brasil eu quero para o futuro, só que o farei de uma forma diferente, não irei dizer que desejo um país sem políticos, empresários e gestores públicos corruptos, não direi que desejo uma justiça mais transparente e ágil, que seja de fato igual para todos, não vou falar de um país sem os 13 milhões de desempregados, nem do caos vergonhoso na saúde pública, nem da violência que aterroriza a população e ceifa mais de 60 mil vidas a cada ano; nem da balbúrdia que é o nosso Sistema de transporte e trânsito que também ceifa quase 50 mil vidas por ano e os assassinos do volante continuam protegidos sob o manto da impunidade, nem da vergonha que é a falta de saneamento básico e muito menos da baixa qualidade de nossa educação pública, não falarei dos privilégios que os marajás da República  gozam, além de salários nababescos, ainda auxílio moradia para integrantes dos poderes executivo, legislativo, judiciário e dos ministérios públicos e outras regalias, enquanto o povão, os trabalhadores  que pagam impostos,  sobrevivem com um salário mínimo de fome.


O Brasil que um dia eu gostaria de ter ou ver, apesar de meus mais de 70 anos de idade, seria um país em que a elite do  poder, nossos governantes e altos executivos dos três poderes da República, do Ministério Público, dos tribunais de contas e também os marajás grudados nas estruturas do poder como carrapatos nos estados e municípios, fossem obrigados a viver, nem que fosse por um ano, com um salário mínimo, que tivessem que colocar seus filhos, netos e demais parentes em escolas públicas da periferia, que tivessem que usar transporte público, ônibus e trens principalmente e pudessem ver como se desloca a população trabalhadora brasileira, que fossem obrigados a morar nas favelas, palafitas, com esgoto correndo a céu aberto e dominadas pelas milicias e pelo crime organizado; a serem obrigados a usarem o SUS e ficarem na fila por dias, semanas, meses ou anos para terem um atendimento de terceira categoria ou morrerem nas portas ou corredores de hospitais sucateados; que, ao serem condenados por algum crime, principalmente crimes de colarinho branco, tivessem que cumprir suas penas em regime fechado em penitenciárias como as de Pedrinhas, no Maranhão ou de Charqueadas, no Rio Grande do Sul ou Cariacica no Espírito Santo ou que mofassem nas cadeias públicas, mesmo que não tivessem sido sequer ouvidos por um juiz e nem condenados por crime algum, como acontece com 40% dos mais de 680 mil presos em nosso pais.


Talvez, vivendo, por apenas um ano, como o vivem os trabalhadores brasileiros ou enfim, o povão, ai poderiam perceber a importância de uma boa gestão dos gastos públicos e como isto poderia redundar em uma melhor prestação de serviços públicos decentes e de qualidade. Da mesma forma, como uma gestão eficiente, eficaz, transparente e sem roubalheira do dinheiro público poderia resultar em obras públicas de qualidade, voltadas para atender as necessidades do povo e não como as obras do VLT de Cuiabá/Várzea Grande e milhares de obras paradas e superfaturadas por este Brasil afora.


O Brasil que eu quero, não apenas para meus netos ou tetranetos, mas para hoje, para os próximos quatro anos, é um Brasil em que a população tenha orgulho do país e de seus governantes, gestores públicos e empresários ,enfim, de sua elite do poder, um país realmente justo, com distribuição de renda que garanta a dignidade da população, onde as pessoas não  vivam sofrendo o tempo todo pela incúria de seus governantes, um país que possa se ombrear com as verdadeiras democracias do mundo e não este arremedo de democracia e um suposto estado de direito, onde os do andar de cima tem tudo e os dos andar de baixo nada tem, nada possuem e nada usufruem.


Será que isto é pedir demais? Será que isto é uma utopia ou um sonho que se esvai ao raiar do dia quando as misérias sociais, econômicas, politicas e culturais voltam a ser estampadas ao nosso redor?


É neste contexto que, dentro de menos de três meses os eleitores e eleitoras irão escolher nossos futuros governantes, vamos transformar nossos sonhos, nossa indignação em voto consciente, dando cartão vermelho para os políticos fichas sujas, já bem manjados pela população.


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado, UFMT, mestre em sociologia. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.,.br" target="_blank">O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.,.br Blogwww.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

 

Quarta, 04 Julho 2018 10:31

 

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para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
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Por Roberto de Barros Freire 
 

É impressionante a fidelidade de Dias Toffoli para com José Dirceu, pois que continua realizando o papel de seu subalterno empregado, realizando todas as vontades do seu patrão, o afamado criminoso solto pelo habeas corpus. Alçado ao posto na magistratura suprema por camaradagem política com o PT, o mesmo permanece fiel às artimanhas que o engendraram naquela local de poder. Aliás, só foi colocado no Superior Tribunal Federal exatamente para realizar o que vem realizando, inocentando e libertando membros do PT.


Para disfarçar um pouco sua preferência política, liberta outros políticos bandidos, como Maluf. Ora, não se colocar como impedido de julgar alguém a quem serviu, demonstra toda falta de ética do “magistrado”, que por sinal, nunca conseguiu passar num concurso para ser juiz, ainda que tenha tentado por mais de uma vez. Pode não ser ilegal seu julgamento, mas moralmente é condenável o que faz. E pior ainda, demonstra como nossos tribunais são pouco confiáveis, interpretando a lei de acordo com o pagamento dos seus clientes. O fato é que nossas leis são ruins e permitem uma amplitude imensa de interpretações, e ao final não vence o rigor das normas, ou a justiça, mas a interpretação dos seus intérpretes, daqueles que obtiveram o poder, não por méritos, mas por camaradagem. Vence quem tem dinheiro para embromar a justiça e adiar sua culpabilidade. A escolha para o Superior Tribunal Federal ser feita por presidentes da república é uma lástima para o país, principalmente com os presidentes que temos, e com os “juristas” que se apresentam aos cargos. Tais postos deveriam ser ocupados ou através de eleições populares ou por concurso.


No mensalão foi um daqueles que inocentou o Dirceu. E em todas as vezes que casos de José Dirceu chegam às suas mãos, dá mais do que o “patrão” pediu. Cassou a decisão de Moro de colocar tornozeleira no bandido Dirceu sem nem mesmo a defesa ter feito o pedido. Indo contra a decisão da maioria do Supremo, que já havia convencionado que os condenados em segunda instância devem ser presos, ele deu a liberdade, para que o mesmo aguarde um julgamento que será adiado ad infinutum, provavelmente por decisões dele mesmo. É de se acreditar que está querendo que as condenações prescrevam, ou que com a idade seja dado algum apelo à piedade ao Dirceu, como fez com Maluf. Bandido pobre, com qualquer idade e doença, morrem na cadeia, mas aos ricos e políticos Dias Toffoli é “humanitário”.


Mas, o supremo não é humanitário com a maioria dos presos, que em grande quantidade não foram sequer julgados e estão presos. Não permite aos presos doentes saírem da cadeia para irem se cuidar em clínicas particulares, como Toffoli fez com Maluf. Prende mães e filhos pobres, mas liberta a mulher de Sergio Cabral para “cuidar” de crianças (sic!). Enfim, todos nós vivemos numa insegurança jurídica, podendo ser preso por qualquer autoridade por sermos pessoas comuns, enquanto ricos e políticos desfrutam de mais direitos do que aqueles que a lei dá; o intérprete juiz pode decidir dar benesses aos seus próximos, como faz Toffoli.


Em minha opinião, o Dias Toffoli deveria sofrer um impeachment, não apenas por fazer coisas ilegais, mas por ser imoral e antiético. Deveria ser afastado de suas funções, pois não age como um juiz no STF, mas como um advogado de defesa de réus perigosos, que são constantemente inocentados por ele quando dá seu veredito. Ele envergonha a nação perante o mundo, ele envergonha o esforço dos honestos dessa nação. Envergonha, acredito, muitos juízes, que chegaram ao seu posto por concurso e esforço.

 
Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Terça, 12 Junho 2018 10:26

 

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Qualquer cidadão tem o direito de estar assustado com o que se está vendo. Não há governo, não há congresso, nem ninguém com cabeça esclarecida no comando do país, nem mesmo uma oposição de fato e verdadeira, a querer mudanças ou lutar pelas mesmas: todos querem apenas o poder para si. Não se vê propostas, nem pessoas capazes de enunciá-las; nenhum candidato diz o que precisa ser feito. O país caminha conforme as forças sociais impõem aos governantes e políticos suas premissas e suas vontades, sem organização e sem visar o bem comum, apenas o bem próprio de cada categoria.


Seria o momento apropriado em que um “dirigente” aparecesse e revelasse uma saída para a pasmaceira geral, de ver um país rico viver de forma empobrecida, de ver uma grande nação apequenada por seus dirigentes e por uma população tão perdida como seus dirigentes. Quais dos candidatos se apresentaram ao público para propor uma saída desde já, e não apenas após as eleições? Os candidatos a governantes não sabem governar, não sabem quais são os nossos problemas, não sabem o que fazer e com que forças contar para colocar o país no trilho; se soubessem, fariam desde já! Nenhum dos políticos ou candidatos tem conhecimento de causa para sanar nossos graves problemas; se têm, por que não o enuncia? Só vemos uma triste ladainha do mesmo, candidatos fazendo graves acusações contra outros políticos, falando coisas agradáveis de ser ouvidas, mas sem dizer como as promoverá, enfim, falando que são a favor da educação, da saúde e da segurança, mas sem nada falar de como deve se fazer para promover essas coisas num país quebrado, endividado, sem recursos monetários, e, pior ainda, sem recursos humanos para melhorar seu povo. Mesmo os educadores precisam ser educados.


Ficar assustado e preocupado é até pouco, deveríamos ficar temerosos. Não se avistam nos candidatos posições políticas razoáveis, responsáveis ou mesmo honestas ou justas, apenas palavras de ordem genéricas e vazias, acusações sérias contra os demais, ou bravata. Não estamos precisando de acusadores, de pessoas bravas e briguentas, de armas e leis rígidas, mas de atitudes políticas dignas, que visem antes de tudo à constituição do bem comum e a emancipação de todos. Não é por falta de leis e de armas que as coisas são violentas nesse país, é porque somos mal educados, e poucos cumprem as leis e muitas são as armas mal empregadas. Só uma população bem educada entende e respeita as leis, e não precisa de armas.


Cada um dos candidatos que se apresentaram até o momento, me parece não apenas mal preparados para os cargos que pleiteiam, mas até mesmo impróprios para os mesmos, ou mesmo nefastos para todos nós. Ainda que não tenha visto a todos, pois que são muitos, os que pude observar, nenhum tem méritos para serem legisladores ou executivos, nenhum se mostrou capaz de perceber o mais óbvio, que só a educação é capaz de sanar os problemas nacionais, que se resumem numa população impropriamente formada e que necessita uma educação integral, que dê formação na língua portuguesa, em matemática, em história, em ciências, na cultura, dê formação humanística e política, formação técnica e científica, para que saibamos fazer boas leis e aprender a respeitá-las.


Por fim, mas não por último, é preciso que se diga como vamos pagar a dívida pública e investir no povo, pois que não se tem um bônus a ser gerido, como os candidatos parecem nos fazer pensar, mas um ônus árido a ser pago e a construção de uma direção inexistente num país que nunca se aplicou na educação do seu povo, mas tão somente nos produtos que extrai da bondosa natureza.


 
Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Quarta, 06 Junho 2018 17:04

 

 

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JUACY DA SILVA*
 

A gasolina, o etanol, o gás de cozinha, os remédios, os planos de saúde, a energia, os impostos, tudo está aumentando, inclusive a incompetência e a corrupção na administração pública em todos os níveis, regiões e setores.


Os caminhoneiros fizeram greve que parou o país e trouxe sérios reflexos de ordem econômica, social e humana, o desabastecimento prejudicou o país inteiro; o governo concedeu, de joelhos, tudo o que queriam os grevistas exigiam,  inclusive, baixou o preço do óleo diesel que vai, na verdade, beneficiar não só os caminheiros autônomos, mas muito mais os grandes grupos de transportes de cargas, transporte urbano, intermunicipal, verdadeiras máfias que alimentam e são alimentadas pela corrupção e o povão mesmo sofrendo, sendo explorado pelos especuladores e alta dos preços ainda está batendo palmas! muito masoquismo!


Quem paga a conta disto tudo, inclusive das benesses concedidas pelos nossos governantes aos grandes grupos econômicos, através de renuncia fiscal bilionária e juros subsidiados, que totalizam mais de R$450,0 bilhões por ano é o povão e a classe média, na forma de cortes de recursos orçamentários do SUS, do bolsa família, da reforma agrária, do combate à violência contra a mulher, da segurança pública e outros setores, arrocho salarial e, também dos subsídios para a PETROBRÁS, destruída pela corrupção e incúria de nossos governantes de plantão, incluindo no momento a garantia lucros oriundos de preços escorchantes dos combustíveis.


Porque não se consegue mobilizar a população inteira contra esta carga tributária, que é uma verdadeira extorsão? Uma das causas da greve dos caminhoneiros? por que o povo não sai mais `a rua para pedir FORA TEMER, FORA CORRUPTOS, como fez quando do “FORA DILMA, FORA LULA, FORA PT?”.


A carga tributária atual, que vem crescendo desde o governo FHC, já beira 40% do PIB e, pelo seu caráter regressivo, penaliza o consumo e,  de forma mais cruel os pobres e a classe média. A classe média , os trabalhadores , os micro, pequenos e médios empresários trabalham cinco meses por ano, de janeiro a maio, apenas para pagar impostos, taxas e contribuições que são destinados em mais de 50% somente para financiar o déficit, os juros e encargos da divida dos governos federal, estaduais e municipais e pelo menos mais 30% para custeio da máquina publica, além de uma boa fatia roubadas pela corrupção que tomou conta das instituições publicas e meio empresarial,  razão pela qual pouco ou nada sobra para investimentos ou financiamento das politicas públicas, gerando um caos em todos os serviços públicos, penalizando, mais uma vez o povão, os trabalhadores ou, enfim, quem necessita de saúde, educação, transportes e segurança púbica


Estamos vivendo tempos estranhos em nosso Brasil, quando pseudodemocratas estão flertando com pré-candidatos de extrema direita, que são,  na verdade,  simpatizantes do NAZIFASCISMO e suas formas nefastas de ação.


O futuro de nosso pais pode ser pior do que o presente, a depender dos pré-candidatos que até agora não apresentaram propostas de como sair desta crise,  faltam propostas para a área econômica, para resgatar a saúde, a educação, a segurança pública e demais setores que estão sucateados, como sair da armadilha do endividamento público (a dívida publica interna até final de abril já era de R$ 3,659 trilhões de reais e a divida externa atingiu US$134,1 bilhões de dólares, que ao câmbio dos últimos dias representam mais R$505,9 bilhões de reais).


Só de juros, encargos e uma pequena parcela de pagamento desta divida publica praticamente impagável, são gastos quase 50% do Orçamento Geral da União, ou seja, quase um trilhão de reais a cada no e continua aumentando diariamente.


Os pré-candidatos também não conseguem apresentar propostas para uma verdadeira reforma do estado/administração pública, propostas para uma justiça mais ágil, uma justiça fiscal que distribua a carga tributária de forma mais equitativa e reduza os privilégios dos grandes grupos econômicos, para o meio ambiente, propostas para reduzir as desigualdades sociais, desigualdades regionais e setoriais, propostas para as áreas da ciência, tecnologia e da educação, enfim, um plano de desenvolvimento estratégico, de médio e longo prazos para o Brasil,  devidamente articulado com planos estaduais e municipais, evitando esta mixórdia que é a gestão pública em nosso pais.


Falta aos candidatos uma visão de future, muito além das próximas eleições que balizem o rumo do país para os próximos dez ou 20 anos e não um conjunto de ideias simplistas e improvisadas, que são apresentadas aos eleitores com a única finalidade de pedir votos e depois virar as costas para o povo e o país, buscando seus interesses ou de grupos econômicos que vivem assaltando os cofres públicos em benefícios próprios, sacrificando ainda mais a população.


Enfim, os partidos políticos, os pré-candidatos e a grande mídia continuam enganando a população e mistificando o povo brasileiro, com meias verdades, mentiras, falsas promessas e muita demagogia, enfim, contribuindo, em muito, para aumentar a alienação e o desespero de uma população pacata, alienada e sofrida!


Quando vamos acordar desta letargia? Afinal, não é dito e está escrito na Constituição Federal de 1.988 que em seu artigo primeiro, parágrafo único estabelece  “todo o poder emana do povo que o exerce através de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição” ? ou então que democracia “É o governo do povo, para o povo e pelo povo”? Será que isto é realmente verdadeiro ou apenas letra morta, para “inglês ver”?


Vale a pena refletirmos sobre tudo isso e agirmos, lutarmos para construir um país decente, com justiça social, sem miséria, sem exclusão, sem pobreza e igualdade de oportunidade para todos, principalmente para quem vive ou sobrevive em condições sub-humanas, sem a mínima dignidade enquanto uns poucos, incluindo os marajás da república vivem nababescamente `as custas do dinheiro público, mamatas e dos privilégios criados nas entranhas do poder, tão avidamente disputado pelos eternos oportunistas de plantão, a maioria dos quais figurinhas carimbadas e já bem manjadas, inclusive um grande numero de fichas sujas, que já deveriam ter sido fisgados pela LAVA JATO e outras operações do gênero.


Só assim podemos falar em “estado democrático de direito” e em país desenvolvido econômica, social, politica e ambientalmente. Sem isso, tudo, inclusive as eleições de outubro próximo, não passam de um grande “blá, blá, blá” e muita enganação!


 
*JUACY DA SILVA, professor universitário, UFMT, aposentado, mestre em sociologia e articulista/colaborador de diversas veículos de comunicação. EmailO endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

 

Quarta, 06 Junho 2018 14:30

 

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 Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Em 1989, logo após o término da ditadura, os “Engenheiros do Hawaii” lançaram a canção “Nau à deriva” por conta do desgoverno Sarney, que, à época, embora fosse do Maranhão, pertencia ao PMDB do Amapá.

Sarney era vice de Tancredo, morto inesperadamente assim que fora eleito – ainda que pelas vias indiretas – na disputa com Maluf, hoje, um político decrépito e preso, ainda que em regime domiciliar.

Não tardou, e Sarney, sempre de mãos dadas com os militares, atirou o país em profundo caos; daí que, para os “Engenheiros”, a “nau” (metáfora de Brasil) estava “à deriva, no asfalto ou em alto mar”, “longe demais/ do cais do porto/ perto do caos”.

Hoje, o caos já preocupa; e outra vez nos encontramos nas garras do PMDB, agora, repaginado como MDB. Aliás, esse partido, há décadas, se revitaliza em torno dos ensinamentos do príncipe de Falconeri, qual seja, “tudo deve mudar para que tudo fique como está” (O Leopardo, de Lampedusa).

Ao demarcar o MDB, não esqueço de nenhum outro partido que já tenha ocupado a presidência pós-golpe/64. Cada qual aprontou as suas, ou no campo da política, e/ou no da ética. Desta, de forma mais direta, refiro-me, em especial, a mensalões e a petrolões de tucanos e de petistas, gêmeos da mesma política neoliberal, herdada de Sarney e Collor. 

Por isso, tucanos e petistas não podem ser isentados de nada deste momento. São igualmente corresponsáveis pela atual tragédia. Ambos são irmãos políticos do MDB de Temer et caterva. Infelizmente, todos são espécies do mesmo balaio.

Por conta desse quadro de degradada igualdade entre nossos velhos e velhacos políticos, podemos estar à beira de um enorme equívoco eleitoral. Fato ou foto concreto(a) é que, perante o acúmulo de tantos problemas na condução política de nosso país, está se escancarando, agora, uma porta pra lá de perigosa: o apoio à militarização no país.

Era o que faltava! No caos, o que está ruim realmente parece que pode ficar ainda pior. Impressionante.

Durante a greve do setor dos transportes rodoviários, inicialmente, induzida e conduzida, como sempre, por sagazes empresários desse setor, pôde-se ver de tudo. E de tudo que se pôde ver, destaco os aplausos aos militares, aliás, já convocados por Temer por mais de uma vez para “botar ordem na bagunça geral”.

A aceitação tranquila de pontuais intervenções militares – muitas vezes e alhures até aclamada por cidadãos mais jovens – é o resultado concreto da falência no ensino de História e disciplinas correlatas. Tais aceitações e aclamações são estarrecedoras.

Portanto, pior do que o fracasso decantado, em prosa e verso, dos ensinos de Língua Portuguesa e Matemática, incluo agora o desastre do ensino de nossa história contemporânea.

Pela explicitação do completo desconhecimento do significado das “páginas infelizes” (citando Chico Buarque), produzidas por golpistas de 64, talvez alguns estudantes possam até saber quem descobriu o Brasil, mas não aprenderam, ou não compreenderam, quem fez tanta gente partir “num rabo de foguete”.

Fazendo a referência acima, extraída de J. Bosco e A. Blanc, com raras exceções, tenho a sensação de estar – aos do público mais jovem – desperdiçando metáforas, construídas tão bela e dolorosamente com base nos tempos de arbítrio.

Pena que os “pancadões” não dão conta de profundidade alguma. Por isso, muitas pancadas poderão vir por aí, afinal, parece que se pavimentam perigosas esquinas, as mesmas das quais se referia Belchior em “Como nossos pais”.

Quanto risco!