Segunda, 25 Abril 2016 12:59

 

 

Por Juacy da Silva*

 

Quando Dilma foi reeleita para a presidência da República, há pouco mais de um ano e meio, pouca gente imaginava que o fim de um projeto de poder construído por Lula, o PT e seus aliados, na época   uma ampla maioria de partidos, chegaria ao fim de forma tão rápida e tão trágica.

Diversas foram ou são as razões que explicam este fracasso politico, econômico e de gestão pública. A principal razão foi a corrupção que minou profundamente a gestão petista, onde o petrolão foi como  a continuidade do MENSALÃO, em proporções gigantescas, envolvendo a cúpula empresarial, altos dirigentes de Estatais e diversos setores da administração pública federal, aparelhada pelo PT e demais partidos aliados, incluindo o PMDB, PP, PR e outros que faziam parte da “base” do governo no Congresso Nacional.


Em segundo lugar foi a falta de planejamento, substituído pelo voluntarismo, pelo populismo demagógico e um fisiologismo desmedido. O Palácio do Planalto mais se parecia com um grande Mercado persa, onde cargos nos diversos escalões da administração federal e a liberação de ementas parlamentares e outros “favores” passaram a ser as moedas de troca para  um governo corrupto, medíocre, sem rumo e incompetente.


O desastre econômico, financeiro, orçamentário e fiscal desde o período da campanha de 2014 já  era denunciado por diversos candidatos de oposição ante  as mentiras douradas por um “marketing” de fachada, onde a mentira e as ameaças  eram as armas prediletas do núcleo de agitação e propaganda petista,  conduzido por uma dupla de marketeiros, que atualmente encontra-se  presa em Curitiba por uso de dinheiro oriundo da corrupção, conforme a operação lava jato vem a cada dia demonstrando de forma mais clara.


Costuma-se dizer que no crime organizado, muitas vezes as brigas de quadrilhas é que possibilitam que o submundo da criminalidade venha a tona. Assim também aconteceu e continua a acontecer na operação lava jato, que a cada dia mais se aproxima do núcleo central do poder, chegando mais perto de Dilma, de Lula, do PT e de outros partidos que até  há poucas semanas dividiam o botim da corrupção em que se  transformou nosso país.

Quando partidos de oposição denunciaram práticas nada éticas e nada democráticas  e muito menos republicanas utilizadas na campanha de reeleição de Dilma,  pouca gente poderia imaginar que um dia a  verdade poderia vir a tona  e isto levaria ao desastre do que muitos denominam de um “projeto criminoso de poder”.


As  denúncias de corrupção pipocam a cada dia e envolvem figuras ilustres e importantes da República, incluindo ministros, ex-ministros, dirigentes de estatais em associação com empresários que na verdade são muito mais criminosos de colarinho branco do que realmente Esse esquema corrupto e criminoso envolvem inclusive os Presidentes da Câmara  Federal e senado Federal, cujos presidentes  também estão sendo denunciados junto ao STF, juntamente com dezenas de senadores, deputados federais e outras autoridades, conforme consta da LISTA DO JANOT.


Empresários que sistematicamente fraudaram licitações, super faturaram obras de baixa qualidade  ou até mesmo obras e serviços fantasmas, cujo fim ultimo sempre foi a formação de um governo paralelo dirigido por criminosos de colarinho branco também fazem parte deste projeto criminoso de poder.


Mesmo que Dilma, o PT  e seus aliados sempre tenham tentado judicializar as investigações que foram tentadas no Congresso Nacional através de CPIs,  as tentativas de impeachment  aos poucos foram ganhando corpo, até que  um “racha” na base politica parlamentar colocou em campos opostos o PMDB, dirigido pelo Vice  Presidente Michel Temer e de outro o PT e seus aliados mais próximos como o PCdoB, PDT, PSOL provocando o STF como forma de impedir que um processo de impeachment pudesse seguir em frente.


Apesar de todas as manobras do Governo, o impeachment foi aprovado, há poucos dias, por ampla maioria dos integrantes da Câmara  Federal e agora segue de forma célere no Senado Federal e, tudo levar a crer que, dentro de no máximo duas semanas, talvez entre dos dias 12 e 13 de maio, que será  uma sexta feira, Dilma deverá ser   afastada por no máximo seis meses e ai poderá perder definitivamente o mandato.


Com isto haverá  o desmonte dos esquemas de corrupção e do aparelhamento que o PT e seus aliados fizeram da administração federal. Com  certeza muita gente, até  agora acima de qualquer suspeita, poderá ir parar na prisão e o povo poderá  saber o que realmente ocorria no submundo do poder e do governo petista. Muita coisa ainda está para ser revelada!


Em tempo, mesmo com o processo de impeachment  seguindo as normas constitucionais, os procedimentos legais e regimentais da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e o rito estabelecido pelo STF, tanto Dilma quanto Lula , o PT, O PCdoB, PDT e outros setores ligados ao Governo insistem em chamar o referido processo de GOLPE.


Coube a vários ministros do STF, diversos juristas e dirigentes dos partidos de oposição e também a OAB demonstrarem que nem o Brasil e muito menos o Governo Dilma estão na iminência de sofrer  um GOLPE de Estado. Caso Dilma seja afastada por seis meses, o que é muito provável ou de forma definitiva, dependendo do andamento do processo, com certeza  vai haver  um grande desmonte de todos os esquemas de corrupção, de aparelhamento da administração  federal por parte do PT e seus aliados e ai, sim, muita coisa podre poderá vir a tona e ninguém duvida que sérias consequências deverão afetar inclusive o rumo das eleições municipais e o futuro da política brasileira.

 


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia,  articulista de A Gazeta. 

E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

 

 
 
 
 
Sexta, 15 Abril 2016 10:24

 

 

JUACY DA SILVA*

 

Primeiro precisamos saber o que significa “requiem” e depois porque esta ideia de que o governo Dilma acaba de morrer  nesta data, independente do que a Câmara Federal vai decidir quanto ao processo de impeachment que já foi aprovado pela Comissão Especial e também conta com a  adesão de mais de 65% da opinião pública brasileira.


O termo “requiem”, de acordo com o site/sitio  significados, refere-se a um tipo de missa especial celebrada pelas igrejas católica, anglicana, metodista e ortodoxa destinada a homenagear os mortos. Este termo origina-se do latin “requies” que significa  descanso, repouso. Nessas missas fúnebres a primeira palavra que o celebrante pronuncia é “requiem” ao “encomendar” a alma do falecido.“Requiem aeternam dona eis, Domine (“Senhor, concede-lhes o eterno descanso”).


Assim, acontece com o Governo Dilma, que após a reeleição e posse em segundo mandato derreteu de uma forma impressionante, em decorrência da crise econômica, orçamentária e fiscal que a falta de planejamento levou o país ao mais completo caos em todos os setores da  administração.


Ao mesmo tempo, o aprofundamento das investigações da operação lava jato tem demonstrado, com um alto nível de detalhamento, que o aparelhamento da administração pública acabou possibilitando o surgimento e ampliação de um verdadeiro governo paralelo gerido por quadrilhas, as quais são compostas por gestores públicos, políticos e empresários. Um verdadeiro esquema criminoso de poder não apenas destruiu a Petrobrás mas tem braços em diversos outros setores da administração pública e atinge em cheio o sistema partidário, eleitoral e o financiamento de campanhas eleitorais com dinheiro sujo, oriundo da corrupção que durante os anos do Governo Lula e Dilma correu e continua correndo solta.


Quando Dilma foi eleita a sua ”base” parlamentar era composta de 341 deputados na Câmara Federal,  a oposição com 99 deputados e o bloco “independente” somava 73 deputados federais. Diante disso  o Governo Dilma fazia o que bem entendia e recebia a aprovação passiva desta maioria cega, que fechava os olhos para o caos em que estava a administração federal, caos este que se refletia na incapacidade do Governo em prover bens e serviços que atendam os interesses e as necessidades do povo brasileiro.


Saúde, saneamento básico, segurança publica, meio ambiente, educação, enfim, todos os setores da administração federal continuavam se deteriorando a olhos vistos e o sofrimento do povo na porta das unidades de saúde, dos desastres ambientais, da insegurança publica e da violência que a todos amedrontam, de uma educação que perde qualidade a cada dia, de uma infra estrutura que está caindo aos pedaços de uma forma rápida indicavam que o Governo Dilma desde o primeiro dia de seu segundo mandato havia perdido o rumo e só continuava sobrevivendo graças `as barganhas de cargos e favores que alimentavam partidos e políticos desprovidos de ética e que só se interessam por práticas fisiológicas.


As intrigas e apetite desmesurado pelo poder e suas benesses, aliados à  certeza da impunidade acabou por escancarar o Governo Dilma para práticas “nada republicanas e muito menos éticas”. O diálogo e a eficiência, que devem decorrer do planejamento e um o  projeto de pais cedeu lugar para a prepotência, a mentira, a incompetência e a improvisação, calcados em slogans  vazios como  o que “inspira” sua logo marca “Brasil, pátria educadora”, que poderia ser substituído por Brasil, país mais corrupto e sem rumo no mundo.


Diante de tudo isso, chegamos ao processo de impeachment que deverá  ser definido pela sua admissibilidade no plenário da Câmara Federal neste final de semana. Se for aprovado, o que a maioria do povo e dos organismos de pesquisas indicam, segurará para o Senado, que dificilmente, terá condições políticas e éticas de  barra-lo.


Na Comissão Especial o Governo foi derrotado de forma clara, 38 votos contra 27. E desde então, nos últimos dias, diversos partidos e parlamentares que sempre estiveram mamando nas tetas do governo e da administração federal, da mesma forma que ratos em meio a um naufrágio, acabam pulando do barco. Neste momento diversos desses partidos e parlamentares fisiológicos estão percebendo que o Governo Dilma já morreu e o melhor que fazem é bandearem-se  para o outro lado e jogar  uma pá de cal na sepultura, depois de uma missa de réquiem para o falecido governo Dilma.


Mesmo que o Governo Dilma consiga os 172 votos para barrar o impeachment este governo chegou ao fim, de um lado vai estar nos braços dos últimos partidos e parlamentares que continuam “acreditando” e se aproveitando das vantagens dos cargos e outros favores que o Governo pode lhes oferecer e de outro lado Dilma está completamente sem autoridade, tendo Lula como uma espécie de primeiro ministro mandando de fato. E, finalmente, a operação Lava Jato, comandada de Curitiba pelo Juiz Sérgio Moro e a força tarefa do MP e Polícia Federal continuam fustigando os esquemas corruptos que, de fato, destruíram o governo Dilma e ameaçam a democracia e o estado de direito.


O Brasil não pode se dar ao luxo  de ser governado pelas diversas máfias que se enquistaram nas estruturas do poder. Se  cair, Dilma, o PT e Lula e seus minguados aliados serão as últimas vítimas da corrupção, por que a primeira vítima tem sido o povo brasileiro.


Em tempo, no apagar das luzes, na noite de ontem, quinta feira, o STF  teve que realizar  uma longa sessão para julgar cinco ações que foram interpostas pelo PT, PCdoB, PTdoB, pelo Governo através da AGU  contestando a ordem de votação  na Câmara Federal no domingo e também o pedido da AGU para que o Relatório da Comissão Especial fosse considerado nulo, enfim, o Governo e seus aliados estão fazendo de tudo para “melar” o processo e ganhar no tapetão.


Todavia, depois de muito debate, que em minha opinião é perda de tempo  por parte do STF e $$$ para os contribuintes, a mais alta Corte de Justiça de nosso país negou esses recursos e acatou a ordem de votação  estabelecida pelo Presidente da Câmara, que deveria já ter sido cassado tendo em vista os indícios e provas de atos de corrupção em que o MP e a Polícia Federal indicam que esteja envolvido, juntamente com seus familiares.

Mesmo que Dilma sofra o impeachment e seu governo chegue ao fim em poucos meses, a luta do povo brasileiro para que seja realizada  uma “limpeza” geral nas estruturas de poder e que os corruptos tanto gestores e políticos quanto empresários sejam alijados da vida pública.


O povo deseja que todos os corruptos, de todos os partidos e setores da sociedade brasileira sejam investigados, condenados, presos, só  assim teremos mudança de fato.  Para isso o MP e o STF  precisam agir com mais celeridade, como vem agindo o Juiz SERGIO MORO , em Curitiba, para que todos os que  constam da LISTA DO JANOT possam também acertar contas com a Justiça. Ai, sim, o Brasil estará em condições de começar  uma vida nova, longe  desta crise que tantos males vem causando ao país e ao povo brasileiro.


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.  Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

Quinta, 14 Abril 2016 10:07

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT

 

Quem acompanha minhas reflexões semanais já percebeu a dificuldade que venho tendo para aceitar a ideia de golpe contra o governo Dilma, ainda que tão cantado em prosa e verso, principalmente por líderes governistas e seguidores. Sempre que posso, tenho dito que “golpe”, no sentido clássico do termo, beira enxergar fantasmas.

 

Em sentido amplo, sim: golpes diários nos acompanham desde sempre. Mentir descaradamente, p. ex., em campanha eleitoral é um tipo de golpe, e dos mais rasteiros. E desse pormenor, quase nenhum político brasileiro se isenta. A Sra. Rousseff talvez tenha sido a que melhor exerceu essa “arte” nas últimas eleições. Claro que sua arte parece ter sido bem regada com recursos/doações que precisam ser investigados.

 

Por tudo isso, ao invés de golpe, tenho falado em “jogatinas”, tanto de um lado quanto de outro, ainda que essa divisão, na essência, seja um dos maiores engodos desta tensa conjuntura. Só os tolos poderiam ver alguma oposição verdadeira ao atual governo.

 

“Seis e meia-dúzia” ou – bem no popular – “farinha do mesmo saco” são expressões perfeitas que desnudam governistas e “oposicionistas” nessa Babel brasileira. Tanto para uns (eles ou nós) como para outros (nós ou eles), o deus Mercado deve continuar intocável em seu trono e o sistema “imexível”. Nesse sentido, ambos os grupos entendem bem que tudo deve mesmo “permanecer como dantes no quartel de Abrantes”.

 

Portanto, no limite, o que há de concreto são interesses de diferentes grupos políticos falando muito alto. Só isso. Mas isso, verdade seja dita, já não é mais pouca coisa num momento de tanta efervescência. E por não ser pouca coisa, a calmaria reinante no referido quartel pode, sim, passo a admitir, ser alterada quando menos esperarmos.

 

E por que só agora admito isso?

 

Porque, enfim, o vice-presidente, Michel Temer, de quem sempre devemos temer, saiu do campo de suas constantes e rasteiras jogatinas para entrar no espaço da explícita conspiração política. De fato, uma desfaçatez sem precedentes.  

 

O sanguessuga peemedebista, antes e há pouco colado em Rousseff, deu um salto grande demais noscript que está sendo escrito no complexo cotidiano do país; e o fez da maneira mais abjeta possível: conforme desculpas suas, por “gafe”, clicou para “grupo errado do WhatsApp”, disparando um esboço (em áudio) do que falaria à nação assim que Dilma fosse impedida de continuar em seu trono. Fiquei perplexo.

 

Minha perplexidade jogou-me naquele dito popular: “se ficar, o bicho come; se correr, o bicho pega”. Assim, se particularmente ainda vejo que o impeachment poderia se sustentar por conta de crime de responsabilidade, ele não será mais algo razoável nem honesto neste cenário. Só de pensar num conspirador desse tipo como presidente é desesperador. Antes ficar, pelo menos por mais um tempo, com um governoexpert em corrupção. A que ponto chegamos!

 

A conspiração de Temer, aliada com ditos oposicionistas, foi muito descarada. Conspiração para tentar fugir, ele próprio, de um impeachment; afinal, sua ficha política, de limpa, não tem nada.

 

Diante desse quadro, encerro lembrando aquela partida de futebol entre Alemanha (7) e Brasil (1). Naquele momento, nem com Pelé em plena forma física algo seria revertido. O jogo já estava perdido.

 

Hoje, nosso jogo político também está perdido. Para onde corrermos, há um enorme buraco no meio do caminho. O país está em xeque-mate. Só não é possível precisar por quanto tempo viveremos esse estágio de derrotados.

 

Triste Brasil! Nada a comemorar. Tudo a temer.

Quarta, 13 Abril 2016 10:40

 

JUACY DA SILVA*
 

Com toda certeza  estamos vivendo uma grave crise em nosso país e com muitas  consequências para o Governo Dilma  que está prestes  a  entrar em colapso. Se  até agora ainda restava uma réstea de esperança para o PT, Lula , Dilma e seus aliados, com o aprofundamento das investigações  da operação lava jato e o andamento acelerado do processo de impeachment na Câmara Federal, Dilma e seu séquito estão diante de dias tenebrosos.

Existem dois grandes cenários no horizonte para os próximos três ou quatro meses. O primeiro é que o processo de impeachment seja aprovado na Câmara Federal e ai dificilmente o Senado terá condições de freá-lo, por mais que Renan Calheiros, que também está sendo investigado pelo Procurador Geral da Justiça em sete processos acusado de corrupção e os petistas tentem, dificilmente conseguirão barra-lo. As pressões  das massas que deverão tomar conta das ruas, praças e avenidas deste país terá a força e o impacto de um “tsunami’ politico  e social.


O outro cenário será representado pela aprovação do impeachment na comissão especial que está analisando o assunto e a oposição não conseguir os 342 votos necessários para aprova-lo na Câmara Federal e  encaminhar o assunto para a deliberação do senado, ou seja, Dilma seria salva na undécima hora, mas aí teria que pagar a “fatura”, das negociatas que  anda fazendo com partidos e deputados para que votem contra o impeachment ou estejam ausentes da Sessão na Câmara Federal que irá votar o relatório da Comissão Especial que está analisando a admissibilidade do impeachment.


Todavia, neste caso também seu governo estará totalmente esfacelado, pois a oposição passará a contar com boa parte de inúmeros dissidentes do PMDB, PP, PR, PDT,PSD, PSL, PDT e outros partidos da base aliada. Dilma  estará mais do que nunca refém do chamado baixo clero, um grupo de deputados fisiológicos, que votariam contra o impeachment em troca de favores concedidos por Dilma, na forma de cargos e distribuição  de verbas de emendas parlamentares. Esses seriam  aqueles parlamentares, sobre os quais Lula há um bom tempo disse que existiriam 300 picaretas no Congresso.


A opinião pública vai marcar esses deputados que votarem contra o impeachment através da troca de favores estabelecidos no balcão de negócios em que se transformou o governo, para vergonha do povo brasileiro e dificilmente  esses  seriam reeleitos nas próximas eleições, ou seja, irão trocar seus mandatos por favores e fisiologismo, ante sala da corrupção. Muitos desses que estão “vendendo” seu apoio para a manutenção de Dilma fazem parte da LISTA DO JANOT e estão sendo investigados pelo Procurador Geral de Justiça, e, mesmo a conta gotas acabarão sendo denunciados junto ao STF, a quem cumpre julgar quem tem foro privilegiado, na OPERAÇÃO LAVA JATO, a cargo do Ministro Teori Zavaski.


Em ambos os cenários o nível de agitação  e  conflitos nas ruas, praças e avenidas por este Brasil afora, entre um grupo minoritário que apoia Dilma, Lula, PT e alguns outros partidos e um outro grupo muito mais numeroso de pessoas que saíram as ruas, milhões de brasileiros que não aguentam mais tanta corrupção, incompetência e as consequências econômicas e financeiras que se abatem sobre o país e continuarão  lutando pelo impeachment ou fim do governo Dilma. Esses conflitos poderão descambar para situações mais sérias e colocar em risco a estabilidade social e institucional do Brasil. Se  uma situação como esta descambar para um conflito generalizado com muita violência, ai sim, tanto os militares quanto o STF poderão agir  para colocar um fim neste clima de Guerra civil em que se está transformando nosso país.


Com um alto grau de probabilidade, este clima estará presente nas eleições municipais, as quais serão “nacionalizadas”, e ai sim, o confronto será entre candidatos e seus apoiadores ligados ao Governo Dilma e candidatos ligados `as oposições, principalmente  nas grandes e medias cidades. O resultado poderá ser  uma grande derrota para as forças governistas, impondo maiores problemas para Dilma no Congresso Nacional.


O complicador maior neste confronto politico  será, de um lado a persistência da crise econômica, com as consequências que todo mundo percebe e sente  e de outro o avanço das investigações da OPERAÇÃO LAVA JATO, principalmente  as comandadas pelo Juiz Sérgio Moro, que a cada nova etapa mais fustiga mais ainda Lula, Dilma e o Governo e seus aliados. Com Lula ministro ou fora do ministério, pouco importa, Dilma estará cada dia mais acuada e tutelada pelo PT, por Lula e sua turma, retirando da Presidente toda a autoridade, transformando-a  em uma figura decorativa , sem poder, enfim, uma presidente desacreditada perante seus pares e perante a opinião pública. Se antes a atuação de Lula ocorria nas sombras, a partir de agora quem manda abertamente e de fato no Governo é Lula. Dilma apenas ‘cumpre tabela”, como se diz no jargão futebolístico. Lula já instalou um gabinete em um Hotel de Luxo em Brasília, de onde comanda as ações do Governo, dizendo o que Dilma deve fazer ou deixar de fazer. Viaja pelo Brasil para participar de comícios e atos de  protestos promovidos pelo MST, CUT  e outras forças que  ainda estão com Dilma. Quem paga essas despesas só Deus sabe, mas o povo deve imaginar que sejam os mesmos grupos econômicos caridosos que compram sítios e apartamentos de luxo para deleite do ex-presidente.


Mesmo que Dilma escape do impeachment, o que a cada dia   está mais difícil, ela  estará sempre às voltas com  baixos índices de aprovação perante a opinião pública e poderá sofrer mais outros processos de impeachment, como o apresentado recentemente pela OAB onde também está sendo acusada pelos crimes referidos pela delação premiada do Senador Delcídio Amaral, seu ex-líder no Senado e também por outras delações de outros investigados na Lava Jato, principalmente Deputados e senadores que constam da Lista do Janot, que, mesmo na forma de conta gotas  estão sendo denunciados/as pelo Procurador Geral da República, depois de serem investigados por corrupção pela Polícia Federal.


Finalmente, ainda pesa sobre a cabeça e o mandato de Dilma, os processos que estão em tramitação no TSE – Tribunal Superior Eleitoral, que a partir de Maio será presidido pelo Ministro Gilmar Mendes, que não tem dado moleza para Lula, Dilma, PT e seus aliados. Em  algum momento no future próximo o TSE poderá cassar o registro da chapa  Dilma/Temer por uso de dinheiro sujo na campanha de 2014, principalmente depois das últimas delações premiadas pelo Senador Delcídio Amaral e há dois pelo Presidente da segunda maior empreiteira do país, em que ambos, da mesma forma que outros investigados pela OPERACÃO LAVA JATO afirmaram que a Campanha de Dilma recebeu dinheiro de propina surrupiado da Petrobrás e de grandes obras, bilionárias, do Sistema elétrico, mais especificamente da construção das hidrelétricas de Belo Monte e Girau.


Diante de tudo isso com certeza Dilma deve estar perdendo o sono e sob uma pressão psicológica muito aguda, enfim, vivendo dias extremamente tenebrosos. Resultado, no Governo ou for a do Governo a vida de Dilma está complicadíssima. Se já tivesse renunciado muitos desses problemas que está enfrentando já teriam sido superados e ajudado o país a reencontrar seu rumo, com a volta do crescimento econômico, maior credibilidade, maior estabilidade institucional e com muitos corruptos na cadeia e longe do poder.


*JUACY DA SILVA, professor universitário,  titular e aposentado UFMT,  mestre em sociologia. Articulista de A Gazeta. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog  www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

Terça, 12 Abril 2016 13:32

 

GABRIEL NOVIS NEVES*
 

Resolvi fazer um passeio pelas praças da minha cidade. Iniciei meu city-tur pela “pração”, chamada de Campo d’Ourique - centro geodésico da América do Sul. Era uma enorme área, onde no século XIX e início do XX, a nossa gente se divertia com as touradas e festas religiosas, sendo a do Divino a mais marcante. A criançada aproveitava o local para as peladas de futebol. No final da década de sessenta o governo escolheu este espaço para construir o prédio da Assembléia Legislativa. Ninguém disse nada, e perdemos um precioso espaço de lazer em uma cidade rica em espaços livres. Asfixiamos aquela importante região, que hoje abriga a Câmara de Vereadores.
 
Prossegui em direção ao Porto. Em frente à antiga cadeia pública, outro grande espaço que poderia ser um maravilhoso bosque, foi fechado para a construção do hoje inviável, por questões, principalmente, de logística, o estádio de futebol Presidente Dutra, carinhosamente chamado de Dutrinha. Próximo ao Arsenal de Guerra, imensas áreas livres faziam a alegria da meninada aos domingos, onde “apareciam” vários campos de futebol. Por incrível que pareça todos esses espaços foram cedidos para construções de prédios públicos. A Praça do Porto continua ainda aguardando a construção de um prédio oficial qualquer. No momento serve de dormitório para mendigos, menores abandonados e ponto de prostituição.
 
No centro da cidade, passei pela Praça Ipiranga, outrora parque de recreação dos estudantes da Escola Modelo Barão de Melgaço – escola onde minha geração estudou. A Praça Ipiranga está localizada numa área que era um dos pulmões da cidade. Hoje parece uma cozinha, com fumaça de frituras por todos os lados. Herdou o belíssimo coreto da Praça Alencastro. Nesta última, para substituir o antigo coreto, foi construída uma fonte luminosa, paixão de todos os prefeitos da época.
 
Ainda no centro passei pela Praça da República, com a Matriz na sua cabeceira. Não é mais um ponto de lazer dos cuiabanos. Durante o dia funciona como passagem de pessoas, e local para pequenos protestos políticos. À noite é um local deserto e perigoso para a integridade física dos cidadãos.
 
Continuando pelo centro vou para a Praça Alencastro - ex-praça principal de Cuiabá. O Palácio do Governo ficava ali, mas foi demolido e no seu lugar foi construído esse monstrengo que é hoje a sede do governo municipal. Sem o gasômetro, símbolo de uma época da nossa história, sem o coreto das retretas, e a presença da sociedade cuiabana, essa praça só não foi utilizada para a construção de um prédio de trinta andares, por ser área tombada pelo patrimônio histórico. A Praça Alencastro atual só serve para se contratar negócios macabros, com preços de ocasião.
 
As praças dos bairros, construídas nos últimos quarenta anos, hoje funcionam como lugar de comercialização de drogas e fazendas do mosquitinho da dengue. O nosso bosque, outrora centro terapêutico para tratamento da coqueluche, virou praça para a comercialização de mercadorias. Possuímos praças sem vida, apenas para homenagear personalidades. A pracinha da Avenida Lava-pés, em área nobre da cidade, foi aproveitada para a construção de um sufocante prédio, hoje cedido a Secretaria de Cultura. Nos bairros periféricos e não tão periféricos também, as pracinhas funcionam como sinal de “Cuidado” aos seus moradores.
 
Uma cidade que destrói o seu passado, que não respeita as suas praças, ora fazendo ocupações irracionais com prédios ou jogando-as ao abandono, não é uma cidade, mas sim um lugar onde as pessoas ficam sozinhas juntas.
 

Gabriel Novis Neves, reitor fundador da UFMT, é médico em Cuiabá
 

 

Segunda, 11 Abril 2016 14:19

 

Por Waldir Bertúlio*

 

Passado o Carnaval e a Semana Santa, quando os políticos de mandatos pensam começar trabalhar, retomam a prática marcada pelo signo da catástrofe e da absoluta ingovernabilidade. A constatação factual, é que o que vem depois, a verdade nua e crua, as tantas cidades e países em um só. Após o carnaval, a fugaz alegria transitória se esvai como bolha de sabão. Ressurgem as cidades e o país reais, como rebordosa do pós carnaval, retomando o povo os revezes para enfrentar a vida e suas vicissitudes, que continuam na ordem do dia. Explode de problemas e necessidades. O povo, visto só como uma massa de manobra desde pelo menos 1823 (Constituição), abordado com os olhos da nobreza e pelas elites políticas do velho e novo coronelismo. Este povo continuará sendo uma ralé amorfa? Com os tempos, novas formas de dominação, desde a escravidão, em busca do poder pelo poder. Aí, vale tudo. Como assistimos hoje na política brasileira. Acreditam que é possível dissimular tudo. Um tensionamento e engodo ao longo dos tempos, impondo injustiças a partir da população analfabeta e miserável, condenada a não ter nenhum porvir de vida digna. Aí está nesta modernidade a vista, a mortalha do desemprego, em níveis nunca verificados, atingindo hoje quase 10 milhões de brasileiros. Nenhum futuro, mantendo e ampliando as estratégias e aparelhos de saque ao Estado, e do cultivo da indigência política. O povo que se rale! A prática política vigente tem na maioria das vezes objetivo de estabelecer manobras sordidas para manutenção do poder em seus diferentes níveis, não importa o preço. O país está em desabalada queda recessiva, chegando ao ponto final nesse ciclo político com a crise gigantesca que enfrentamos e enfrentaremos ampliadamente. A Semana Santa e Páscoa lembra uma passagem bíblica (evangelho de São Matheus).Frente ao luxuoso templo que os discípulos mostravam ao mestre, ele fala: “em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sob pedra que não seja derrubada”. Surge imediatamente a imagem do avanço da operação Lava Jato. A investigação agora da lista da Odebrecht, a declarada delação premiada proposta desde Marcelo Odebrecht e seus executivos (2010,2012,2014). Lista extensa que alarga aos horizontes da própria Petrobrás, abrangendo ao menos duzentos políticos e 24 partidos. Muito trabalho para o Ministério Público e a Polícia Federal, acrescenta aí o desdobramento investigatório da Andrade Gutierrez (2010) e a delação da operação Acrônimo, aproximando perigosa e certeiramente dos próceres do Governo, da base aliada, e de partidos de oposição. Não há luz no fim do túnel com a esperada debandada do adesista, oportunista e mau exemplo de partido (ética e decorosidade), o PMDB, para chegar ao comando do país. A tal base aliada implodida do atual Governo  quer assumir o poder e certamente exerce-lo também no “vale tudo”. São vergonhosas as argumentações que ouvimos em defesa da  continuidade do atual mandato, tentando barrar todas iniciativas para colocar a verdade a limpo. O Ministro da Justiça surge como um verdadeiro “leão de chácara” ao gosto das argumentações e declarações “chulas” e inconsistentes que tem sido manifestadas na defesa de inúmeros desvios da função pública. O Governo e seu partido, suas lideranças, desprovidos de qualquer senso crítico, como se falassem com uma plebe burra e ignara. Infelizmente até ao nível internacional, em desespero, frágeis e inconsistentes tergiversações que nos ridicularizam. Infelizmente, há um golpe sim, contra o que encarna Sérgio Moro no combate a corrupção. Tentam agora arrastar os outros para a vala comum com objetivo de articular uma luta antecipada de blindagem e impunidade para todos os outros. Vida longa a Sérgio Moro e sua corrente de pensamento na justiça. Temos que lutar juntos para que caminhe no sentido de não ficar “pedra sobre pedra”, no caminho do combate a rede mafiosa instalada na apropriação das verbas públicas e no processo eleitoral brasileiro. Aos espasmos, fazem qualquer coisa, levando o vale tudo as últimas consequências,. Jogo sujo a perder de vista!

 

*Waldir Bertulio é professor da UFMT. 

 

 
 
 
 
 

 

Quinta, 07 Abril 2016 10:14

 

 

Todos os anos o DIA MUNDIAL DA SAÚDE é comemorado em 07 de abril e a cada ano a OMS –Organização Mundial da Saúde, juntamente  com outras organizações internacionais escolhem  um tema, uma área considerada importante, para que a população de todos os países possa  ser alertada sobre os perigos e riscos de algumas doenças consideradas graves e que devem  merecer  uma atenção especial e redobrada.


Neste ano de 2016, a OMS  em parceria com a Federação Internacional de Diabetes resolveram voltar a atenção para esta doença que a cada ano é responsável por 14,5% do total de  todas as mortes que ocorrem no mundo. Conforme  o Atlas do Diabetes, a Federação Internacional de Diabetes, em  2015 aproximadamente cinco milhões de pessoas entre 20 e 79 anos foram a óbito devido ao diabetes, muito mais do que todas as guerras, conflitos armados, HIV/AIDS e diversas outras doenças juntas. Mesmo assim, a grande maioria da população não volta sua atenção e nem toma os cuidados necessários para  prevenir e combater  esta terrível doença.


No mundo todo em 2015 aproximadamente 415 milhões de pessoas foram diagnosticadas com diabetes tipos um ou dois e as  previsões indicam que em 2030 este número  poderá atingir mais de 640 milhões  de pessoas, sendo que 51.9% constituídos por pessoas do sexo masculino e 48,1% do sexo feminino. Todavia, como um dos fatores que favorecem o surgimento do diabetes é a obesidade, outra doença graves na atualidade e conforme estudos recentes  indicam que as mulheres aos poucos vão suplantando os homens tanto no que concerne a obesidade quanto ao diabetes isto passa  a exigir  um cuidado maior por parte das políticas públicas de saúde.


O diabetes, tanto o tipo 1 quanto e principalmente o tipo dois acarretam sérias consequências para as pessoas que são diagnosticadas com esta doença quanto seus familiares e o próprio país, tendo em vista que é uma doença crônica e que tem como uma de suas principais causas hábitos alimentares errados e estilo de vida maléfico, muitas vezes arraigados culturalmente difíceis de serem alterados.


Como é uma doença  silenciosa, com poucos sintomas, calcula-se que o número  real da incidência da doença á muito maior do que as estatísticas oficias indicam, pelo menos 40% a mais, principalmente nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, onde as pessoas não têm acesso a serviços de saúde de qualidade ou sequer costumam realizar exames preventivos contra esta e tantas outras doenças crônicas, como câncer, as doenças cardiovasculares e os vários tipos de demência.


Em termos mundiais os custos/gastos com a prevenção e o tratamento do diabetes representam 12% do custo total com saúde, sendo que em alguns países  este custo pode chegar até a 20%, indicando a gravidade e as consequências da doença.


O Brasil é o quarto país em número de pessoas com diabetes e o crescimento da doença é em torno de 3% a 3,5%  ao ano. Dados do Atlas internacional de diabetes indicam que no Brasil  em 2015  existiam 14,3 milhões de pessoas com a doença e pelo menos dez  milhões com pré-diabetes, demonstrando o desafio que esta doença representa para a política nacional de  saúde, tanto  o SUS quanto os planos de saúde e também para as famílias que precisam custear diretamente o tratamento da doença. Se a  tendência  do crescimento da doença não for alterado, as projeções indicam que em 20130 o Brasil deverá registrar mais de 22,5 milhões de pessoas com diabetes e pelo menos 18 milhões com pré-diabéticos, um dos maiores desafios para um Sistema público de saúde que já esta no maior caos, a beira da falência.


O Brasil é o quinto pais que mais gasta com a prevenção e tratamento do diabetes, com um custo de aproximadamente R$ 22 bilhões de reais por ano, mas este montante, investido pelos poderes públicos está muito distante das necessidades para que esta doença seja de fato combatida, desde as medidas preventivas,  diagnósticos apropriados e o tratamento necessário.


Enfim, neste DIA MUNDIAL DA SAÚDE, tanto os profissionais da área quanto a população em geral devem  refletir um pouco mais em torno desta doença que tem passado desapercebida por milhões de brasileiros e que tantas vidas tem ceifado de forma desnecessária e precocemente.
DIABETES  não é brincadeira, é uma doença perigosa e insidiosa que provoca muitas consequências, sofrimento e, inclusive, a morte. Estudos indicam que em torno de 68% das pessoas acometidas por diabetes acabam vindo a óbito decorrente de infarto ou outras doenças cardiovasculares.


O Diabetes  é uma doença muito mais  grave e que atinge muito mais gente do que a zika, a dengue, os homicídios e tantas outras doenças de massa que tanta gente fica apavorada. PENSE NISSO, faça  seu diagnóstico, procure orientação profissional adequada e não brinque com a vida, este é o bem mais precioso que você pode ter, nada é mais importante do que a saúde!


JUACY DA SILVA,  professor universitário, titular e aposentado  UFMT, mestre  em sociologia, articulista e colaborador  de sites, blogs e outros veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blogwww.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

Quinta, 07 Abril 2016 10:06

 

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT

 

Em clima de divisão social, o “nós” do título refere-se à cúpula do governo federal, com destaque à Sra. Rousseff e ao Sr. Lula, aos que compõem o staff do governo e aos demais séquitos, destacando seus agentes nas universidades federais.

 

Desse importante contingente de brasileiros, para conversar sobre “democracia”, dirijo-me ao último grupo, com ênfase a alguns colegas de vida acadêmica.

 

Começo esse diálogo resgatando uma chamada jornalística que esteve no site da UFMT no dia 28/03/16. Na essência, o texto – em sintonia com as manifestações em prol de algo como “Fica Dilma” e “Lula é nosso senhor todo poderoso” – convidava a comunidade universitária para participar do “Manifesto em Defesa da Democracia” e outros itens mais.

 

Conforme os organizadores do ato, o evento tinha como propósito “...discutir e manifestar-se sobre as ameaças ao Estado Democrático de Direito vividas atualmente pela sociedade brasileira”.

 

Para encorpar o evento, a chamada enfatizava quem lá estaria: além da reitora da UFMT e da presidente da União Nacional dos Estudantes, outros quatro colegas citados nominalmente – todos defensores orgânicos/partidários do governo federal – já haviam confirmado presença.

 

Portanto, com aqueles destaques, qualquer manifestação/aclamação do mantra “Não vai ter golpe” estaria garantida. Em contrapartida, nenhuma discussão que resguardasse o contraditório seria sequer possível em um ambiente ocupado por defensores dos agentes do status quo, que aprenderam a usar a palavra “democracia” para tentar disfarçar a defesa que fazem do governo federal. 

 

Mas o que significa essa defesa?

 

Significa defender e ampliar as políticas neoliberais em curso, que atacam principalmente os mais pobres, bem como aceitar suas práticas políticas, comprovadamente parceiras da criminalidade.

 

Sem desconhecer que transito nos perigosos espaços da moralidade, estou falando de corruptos na política, sim, e sem ignorar que do lado dos “eles” a corrupção também tem moradia garantida. E, é claro, a moradia destes está mais para o estilo “tríplex” do Guarujá daqueles do que para o “Minha Casa Minha Vida” da maioria iludida dos impiedosamente massificados.

 

Pois bem. Para minha surpresa, o referido “Manifesto”, desmembrado em dois documentos, passou a constar da pauta de uma reunião de um dos conselhos superiores da UFMT. Para que aquilo não fosse apreciado naquele momento, ponderei que nenhum dos membros tinha realizado qualquer reunião com seus pares para que pudessem, democraticamente, apresentar voto de representação. Em vão. A democracia interna na UFMT não é valor cultivado há muito tempo.

 

Derrotado nesse apelo, mas insistindo pela democracia interna daquele espaço institucional, só me restava pedir vistas de um dos processos. Outro colega já havia lançado mão desse dispositivo legal, pedindo vistas do primeiro processo.

 

Assim, se naquele momento nos livramos de atropelar pontualmente a democracia na UFMT, repito: a prática de nossa democracia interna tem sido pisoteada sistematicamente. Dentre outras, foi assim que ocorreu com a aprovação de algumas imposições do governo petistas, como o ReUNI (Reestruturação e Expansão das Universidades) e o ENEM.

 

Logo, sempre enquadrados pelo governo, cada aprovação feita dessa forma tem significado um tapa na cara não só da democracia, mas um murro na autonomia de nossa universidade.

 

Definitivamente, a defesa da democracia não pode ser abstrata. Ela requer lastro. E o lastro é sua prática diária, que vai além das palavras, sempre voando ao vento.

 

 

Terça, 05 Abril 2016 16:21

 

 

JUACY DA SILVA*

 

Há  quase 150 anos Rui Barbosa, em célebre discurso no Senado, deplorava o estado do país, durante os últimos anos do Império,  que estava sendo destruído pela corrupção, dizendo que tamanha era a corrupção nos altos escalões governamentais, no meio empresarial e na sociedade em geral, que as pessoas de bem estavam ficando envergonhadas de serem honestas e a rirem da honra, valores considerados então e ainda hoje como princípios fundamentais para a  gestão da coisa pública e da vida empresarial.


De lá pra cá, caiu o império, foi abolida, apenas formalmente, a escravidão, foi proclamada a República, que por muitas décadas foi alimentada pelo voto de cabresto e a corrupção nos sistemas politico, partidário e eleitoral; o Brasil experimentou uma grande recessão e quebradeira no início dos anos trinta do século passado , revoluções foram feitas, a ditadura do estado novo deixou suas marcas tanto no Sistema politico quando no desrespeito aos direitos humanos, tortura era uma prática para silenciar opositores, apesar de que ainda hoje muita gente, inclusive Lula e dois partidos PTB e PDT cultuam a memória de Vargas, o ditador da época.


Com o fim da segunda Guerra, também a ditadura de Vargas foi por água abaixo e um novo regozijo tomou conta da sociedade com a redemocratização, que acabou possibilitando a volta do ex-ditador nos braços do povo com votação popular.  Mas as práticas de corrupção herdadas do estado novo marcariam novamente o período “democrático” da era Vargas e o mesmo, em meio a muitos escândalos,  muito menores do que na  atual fase dos Governos Lula/Dilma/PT e seus aliados, acabou não aguentando e imaginou que seu suicídio poderia devolver a paz e a ética a um governo de transição.


Após  esta transição  veio o governo JK, que construiu Brasília e mudou a capital, mas tudo a um custo muito elevado, super faturado, tanto econômico, financeiro quanto de muita corrupção. Ou seja, Brasília nasceu sob o signo da bonança e da corrupção de empreiteiras, dos políticos  e dos grileiros de terras públicas. Talvez  seja esta maldição que ainda hoje esteja presente na vida política, partidária, eleitoral e empresarial brasileira. Brasília sem dúvida é a capital da corrupção e das bandalheiras que denigrem a imagem do Brasil.


A corrupção no governo JK era tanta que possibilitou a Jânio Quadros, mato-grossense de Campo Grande, que fez carreira como o “homem da vassoura” no governo de SP assumisse o poder nacional e sua eleição foi a esperança   do povo em imaginar que o maior mal daquela época e ainda de hoje, a corrupção , viesse a ser banida e os corruptos iriam para a cadeia.


Ledo engano, pressionado por um Congresso que lhe era desfavorável, repleto de antigos e novos corruptos, o Parlamento bloqueava todas as  medidas que Jânio tentava impor para sanear o país econômica, financeira, política e moralmente. Com apenas  sete meses, não   aguentando as pressões de grupos de interesses aliados com os corruptos da época, Jânio acabou renunciando, levando o país a beira da Guerra civil.


Naquela época  Presidente e Vice eram eleito separadamente, ou seja, o povo  votava para presidente e também votava para vice presidente e, por obra do destino, o povo acabou fazendo uma escolha esdrúxula, elegeu Jânio Quadros, da UDN, com toda a sua retórica e ênfase no combate `a corrupção e João Goulart, o vice da chapa  do PTB/PSD, que representava a herança getulista e de JK. Desnecessário dizer que era um governo que dificilmente teria unidade e rumo. O vice tinha um discurso e uma prática populista, demagógica enquanto o presidente tinha um passado de austeridade e de limpeza ética na política.


Diversos setores, inclusive militares, tentaram impedir a posse do vice, gerando um clima de muita tensão e mobilização popular e militar, com, inclusive a presença de tropas nas ruas e tudo o que a história registra.


João Goulart, com a ajuda de seu cunhado, Leonel Brizola, então Governador do Rio Grande do sul e miliares a eles aliados,  acabou tomando posse mediante  uma solução de compromisso que era a imposição de  um parlamentarismo fajuto e de emergência, como alguns políticos oportunistas ainda hoje imaginam como solução para a atual crise, que acabou não dando certo, pois o Presidente  simplesmente nomeava alguns  primeiro ministros e ao mesmo tempo os boicotava, os desmoralizava e na surdina planejava  um plebiscito, que acabou com o parlamentarismo e devolveu  todos os poderes ao presidente, através da volta do presidencialismo.


João Goulart continuou sofrendo pressões dentro e fora do governo , ficou muito acuado  e aos poucos se tornou um fantoche nas mãos de  um movimento sindical marcado pelo aparelhamento público e pelo peleguismo e organizações populares financiadas com dinheiro público, quadro muito semelhante ao que ocorre atualmente com a Presidente Dilma.

Este artigo continua proximamente.


JUACY DA SILVA, professor  universitário,  titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de Jornais, Sites, Blogs e outros veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

Sexta, 01 Abril 2016 08:21

 

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT

 

Estamos envoltos às más lembranças que todo 31 de março e 1º de abril nos trazem desde 1964; e por incrível que pareça a ideia de um novo golpe vem sendo denunciada em prosa e verso pela presidente da República e seus incansáveis seguidores. Nesse sentido, verdadeiros comícios têm ocorrido fora e até dentro do próprio Palácio da Alvorada.

 

É claro que golpe no sentido stricto do termo (golpe de Estado) não passa de assombração; ou seja, não existe, mas há quem o veja. Excetuando estupidezes localizadas aqui e acolá, ninguém mais no país pensa em golpe. Portanto, não muito mais do que a militância de governistas é capaz de enxergar isso como fato concreto e de alto risco; pior, alguns disseminam isso até em universidades.

 

E nesse cenário em que alguns confundem avião com urubu, houve um mais alucinado do que todos os alucinados de plantão que teve o desplante de passar um e-mail às embaixadas brasileiras, avisando do tal golpe. Um vexame internacional que teve de ser desmentido pelo Itamaraty.

 

Todavia, em sentido mais extenso, podemos, sim, ver vários tipos de golpes em curso, ou melhor, vários tipos de jogatinas políticas que fizeram e fazem parte da atual conjuntura: 2014 inteiro até este momento.

 

A principal das jogatinas, e quiçá a que possibilitou a exposição de um caos, refere-se exatamente ao estelionato eleitoral praticado nas últimas eleições. O partido da ordem (ou desordem), economicamente, pedalou tanto que feriu a Lei de Responsabilidade Fiscal. Suas pedaladas eram para iludir a massa no sentido de garantir a reeleição da senhora Rousseff. Até o bonito slogan “Pátria Educadora”, numa mera jogada de marketing político, foi criado para sustentar sucessivas ilusões. 

 

Uma vez eleita, novas jogatinas foram surgindo. De todas, destaco os cortes orçamentários para diversas políticas públicas. Por incrível que pareça, a saúde e a educação foram duas áreas duramente atingidas. As universidades federais, expandidas nos últimos anos da forma mais irresponsável e irracional que pudesse existir, estão na UTI. O contingenciamento é histórico! Seus professores não veem aumento salarial há mais de um ano.

 

Em meio a uma crise econômica já sem precedentes, na qual o desemprego escancara-se como algo mais do que real, a sociedade vai assistindo, perplexa, ao envolvimento de políticos de diferentes partidos, junto com megaempresários, atolados em esquemas de corrupção orgânica e sistêmica: um monstro de não-sei quantas cabeças. Aliás, ninguém sabe, mas não são poucas.

 

Desse monstro parecem também fazer parte o ex-presidente da República e membros de sua família. Ao que tudo indica, o constante estado de nada saber das coisas do grande chefe, embora as coisas acontecessem sempre embaixo de suas barbas, estão com dias contados.

 

Parece que não será fácil a tarefa de o grande chefe explicar tantas acusações que já lhe pesam sobre as costas. Se não conseguir, de ex-presidente a presidiário será um pulo. Sob risco iminente disso ocorrer, novas jogatinas se nos apresentaram num cenário político já bem sujo. Uma delas foi a tentativa de transformar o ex-presidente em ministro. A intenção óbvia dessa jogatina todos sabemos: dar foro privilegiado ao personagem em questão.

 

Em meio a essas jogatinas, talvez a mais fabulosa de todas, acaba de ser consolidada: o PMDB abandonou o barco furado; ou seja, o aliado mais próximo da presidente, que é o seu vice, de camarote, produz e assiste ao derretimento de um governo com muitos votos, mas agora já sem lastro político algum.