Segunda, 01 Março 2021 11:21

 

São Paulo – Início das aulas presenciais durante a pandemia de covid-19 na Escola Estadual Caetano de Campos, na Consolação | Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

 

Desde que o ensino presencial foi retomado nas escolas estaduais, municipais e privadas pelo país, professores seguem mobilizados em defesa da greve sanitária e com exigência de suspensão das atividades na pandemia, que colocam em risco profissionais da educação e as comunidades como um todo.

 

Com centenas de casos de contaminados nas redes de ensino, trabalhadoras e trabalhadores em educação, além de pais e estudantes, via ação da CSP-Conlutas estadual São Paulo, divulgaram, nesta quarta-feira (24), um abaixo-assinado em que é exigida a suspensão imediata até que haja controle da pandemia com vacinação em massa.

 

Até a tarde desta quinta (25) mais de 3 mil pessoas já haviam assinado o documento. É possível assinar e fortalecer essa luta pela vida no link: “Escola fechadas, Vidas preservadas”.

 

Aprendizado se recupera, vidas não

Somente no estado de São Paulo, já são mais de 60 mil mortos pela Covid-19 e, oficialmente, já temos cerca de 10 escolas fechadas por casos de contágio.

 

São 741 contaminados e mais de 1.100 casos suspeitos, segundo dados de 16/2, emitidos pelo próprio governo de João Doria.

 

Mas os números parecem muito subestimados. A subnotificação é gritante tendo em vista apenas a apuração realizada pela Apeoesp – sindicato da categoria – que indica haver mais de 1045 casos de contágio, em 548 escolas e instituições de ensino.

 

Registro de carreata de protesto na região da Zona Leste de São Paulo | Foto: Coletivo Reviravolta na Educação

 

E o lockdown anunciado nesta quarta-feira (24) por Dória apresenta restrições muito limitadas. Abrangendo apenas o período de 23h às 5h, a medida não garante nenhuma segurança aos professores e outros trabalhadores em educação, nem mesmo às famílias das crianças e dos adolescentes que retornaram às atividades presenciais, em escolas com pouca ou nenhuma estrutura para atender o momento específico de pandemia.

 

Segundo previsão do governo do Estado, é possível que em 3 semanas o sistema de saúde entre em colapso, devido aos desafios que essa nova cepa, mais contagiosa, coloca em realidade. Atualmente, já ultrapassamos o marco histórico de lotação das UTIs.

 

Nossas vidas importam

Para a professora Flávia Bischain, do Coletivo Reviravolta na Educação, as medidas para conter a pandemia têm sido insuficientes. Ela, que está presente em todas as ações de denúncia e de conscientização sobre o problema, acredita que para reduzir os danos e as mortes é preciso garantir urgentemente “condições para a população fazer o isolamento adequadamente – com auxílio do estado – , melhorias e condições para o ensino remoto – que hoje é precário -.

 

“A cada dia recebemos mais e mais denúncias. São, até o momento, mais de mil denúncias subnotificadas, dos 740 casos confirmados pelo governo”, disse em carreata de protesto da categoria, realizada nesta quarta-feira (24) em SP.

 

Flávia ainda relembrou o caso da professora da rede estadual de Caçapava, Maria Tereza, que faleceu devido a complicações da Covid-19. Sua mãe também foi contaminada e, assim como a filha, não resistiu.

 

Conforme noticiado anteriormente em nosso site, segundo o site Agora Vale, no dia 15 de fevereiro, a escola onde Maria Teresa lecionava dispensou os alunos após uma professora testar positivo para Covid-19. Outros dois professores também estavam com suspeita da doença.

 

Luta

Em São José dos Campos, uma carreata deve acontecer nesta sexta-feira (26). Na capital paulista, os professores farão a “Passeata em Defesa da Vida“, com saída programada para as 10 horas, partindo do Vão do MASP rumo à Secretaria da Educação.

 

No Recife, o SIMPERE já espalhou a campanha da categoria contra a retomada das atividades presenciais em cerca de 50 outdoors da cidade.

 

Os materiais denunciam para a população a falta de estrutura física da rede de ensino público do Recife e a irresponsabilidade desta prefeitura e do governo do Estado nas movimentações para a volta às aulas presenciais.

 

Essa luta pela vida só será vitoriosa com vacinação em massa enquanto a pandemia estiver ameaçando a comunidade escolar e a categoria.

 

“Não será nenhum protocolo que irá garantir a vida das pessoas e sim que as unidades de ensino permaneçam fechadas” alerta o sindicato.

 

Para a CSP-Conlutas, não é possível fingir uma falsa normalidade com o retorno às aulas presenciais. Seguimos com nossa campanha “Escolas Fechadas, Vidas Preservadas”, com a possibilidade de ensino remoto de qualidade em caráter emergencial para todos.

 

Fonte: CSP-Conlutas

Quinta, 25 Fevereiro 2021 17:13

 

 

Foto: Secom-Manaus

 

No dia 25 de março de 2020, ao falar com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, Jair Bolsonaro desdenhou de uma pergunta de um jornalista e duvidou que o Brasil poderia chegar a 200 mil mortos pela Covid-19.  Nesta quarta-feira (24) superamos a perda de 250 mil vidas de brasileiros (as) na pandemia.

 

Essa postura de Bolsonaro se repetiu diversas vezes ao longo do ano passado. Tem sido assim, com descaso, desrespeito às vítimas e negligência que seu governo tem lidado com a pandemia e, por isso, as 250 mil mortes no país podem ser creditadas a sua política genocida.

 

Um ano depois do primeiro caso oficial de contaminação pelo novo coronavírus, epidemiologistas e outros especialistas da área da Saúde afirmam que o Brasil vive um dos piores momentos da pandemia: com a disseminação descontrolada, novas variantes do novo coronavírus em circulação, UTIs lotadas e o que é pior: sem um plano de vacinação em massa em execução.

 

Os números dão a dimensão do genocídio em curso. Nesta quarta-feira, foi registrada a maior média móvel de óbitos de toda a pandemia: 1.127 pessoas. Há 35 dias, esse patamar macabro de 1.000 mortes diárias tem de se repetido. Somos o segundo país com mais mortes pela doença em números absolutos, atrás apenas dos EUA (503.529 óbitos).

 

Enquanto isso, a crise sanitária se agrava. Segundo levantamento do jornal Folha de S.Paulo, em 7 das 27 unidades federativas do país, o pico de mortes por Covid-19 já superou o auge da pandemia no ano passado.  É o caso dos estados de Roraima, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Paraná e Amazonas.

 

Ao menos 12 estados mais o Distrito Federal estão com taxas de internação por Covid acima de 80%, com a rede de saúde à beira do colapso. O estado do Amazonas segue um cenário de cenas tristes e assustadoras, mergulhado num caos sanitário.

 

Vacinação patina

 

Já a vacinação, única solução para por um fim à pandemia, aqui no Brasil segue a passos de tartaruga. Pouco mais de um mês do início da campanha, até agora somente 7,6 milhões de doses foram aplicadas (3,82% da população acima de 18 anos) e o envio de vacinas para os estados ficou paralisado nos últimos dias por os estoques acabaram.

 

Como Bolsonaro e Pazuello não se preocuparam em adquirir vacinas já no ano passado, como fizeram vários países, não há doses suficientes no país.

 

Sem falar nos casos de fura-filas e erros absurdos e má gestão do general Pazuello no Ministério da Saúde. Esta semana veio à tona que Pazuello, considerado pelo governo como “expert” em logística, confundiu Amazonas com Amapá e trocou a quantidade de doses enviadas a cada estado. Amapá recebeu 78 mil doses e o Amazonas menos de 3 mil.

 

As únicas vacinas em uso no país é a CoronaVac, que Bolsonaro também desdenhou no ano passado, e o imunizante da Oxford/AstraZeneca. Outras vacinas, como da Pfizer, Sputnik V e outras, não há nada de concreto.

 

Ao invés de garantir vacinas, a política genocida deste governo de ultradireita apostou e segue apostando em um inexistente “tratamento precoce” com cloroquina e azitromicina, que não tem eficácia comprovada no combate à Covid. Pelos gastos públicos considerados ilegais pelo TCU (Tribunal de Contas da União) o Ministério está sendo investigado.

 

Quarentena geral já, com garantia de renda, empregos e vacinação

 

Diante do agravamento da pandemia, sem saída, várias cidades começam a decretar como toques de recolher e até lockdown. É o caso de Araraquara (SP), que determinou fechamento completo de todas as atividades não essenciais desde o último dia 21 até o próximo dia 27, pois todos os leitos e vagas de enfermaria estão 100% lotadas, ao mesmo tempo em que os casos aumentam.

 

Mas a maioria dos governos resiste em adotar uma quarentena geral, única forma de frear a disseminação da doença e permitir um fôlego aos sistemas de saúde. Os governos de São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco, Goiás, Paraíba, Ceará e Piauí, segundo levantamento do O Globo, anunciaram por enquanto apenas medidas restritivas de circulação de pessoas entre as 23h e 5h.

 

O Programa Emergencial da CSP-Conlutas para enfrentamento da Covid, lançado no final do ano passado, defende que é preciso que seja adotado no país uma quarentena geral, com o fechamento de todas as atividades, com exceção das essenciais, por pelo menos 30 dias.

 

Além disso, é preciso garantir auxilio emergencial e renda para todos os trabalhadores e pequenos empreendedores, além de proteção aos empregos com garantia de estabilidade. E, principalmente, a vacinação tem de ser garantida para toda a população de forma imediata.

 

A Central defende ainda que esta é uma luta que é indissociável ao combate ao governo genocida que hoje está no comando do país. Por isso, mais do que nunca, é Fora Bolsonaro, Mourão e Pazuello, já!

 

Fonte: CSP-Conlutas

Segunda, 22 Fevereiro 2021 13:51

 

Nessa terça-feira, 23/02, às 18h (horário de Brasília), o Sindicato Nacional transmitirá a Live “Ciência e Tecnologia pública e o enfrentamento à pandemia da Covid-19”. Organizada pela Coordenação Nacional do Grupo de Trabalho de Ciência e Tecnologia do Sindicato Nacional, o evento terá a participação dos professores Mariana Nogueira  (EPSJV/FIOCRUZ) , Ethel Maciel (UFES) e Gilberto Calil (UNIOESTE/ANDES-SN) e será transmitido pelas redes sociais oficiais do sindicato – YouTube. Não será necessária inscrição no evento.

  

Link para acesso: https://www.youtube.com/watch?v=HlzNH-pjVBk.

 

Fonte: ANDES-SN

 

Quarta, 17 Fevereiro 2021 17:04

 

Se a lentidão na vacinação foi a marca do primeiro mês de imunização contra a Covid-19 no Brasil, a situação pode piorar, pois agora começa a haver a paralisação por falta de doses. Várias capitais e cidades já suspenderam a aplicação da primeira dose ou estão prestes a fazê-lo.

 

Rio de Janeiro, Salvador e Cuiabá já anunciaram que estão sem estoques e vão suspender a vacinação de novas pessoas. Curitiba informou que só tem doses suficientes para esta semana. Estoques esgotados ou próximos do fim também são realidade em outras capitais e cidades, como Florianópolis (SC), Maceió (AL), São José dos Campos (SP) e várias outras regiões.

 

Em um mês de vacinação, iniciada no dia 17 de janeiro, apenas 5,3 milhões de pessoas foram vacinadas até esta terça-feira (16). O número equivale a apenas 2,5% da população. Pelo ritmo atual, o país alcançará a meta de vacinar todas as pessoas aptas somente em 2024!

 

Absurdamente, a escassez de vacinas no país acontece num momento de agravamento da pandemia no Brasil, com o aumento da circulação de uma variante do novo coronavírus muito mais contagiosa. No domingo (14), o país registrou 1.452 mortes por Covid-19 em apenas 24 horas, a terceira maior marca desde o início da pandemia.

 

Estamos próximos de totalizar 10 milhões de brasileiros infectados, número notoriamente subnotificado, e das 250 mil mortes. A esse grave cenário, se soma a volta do colapso em várias cidades, com falta de leitos de UTI, sem falar na catástrofe sanitária e social em Manaus (AM).

 

Leia: Situação caótica de Manaus exige que levantemos nossas vozes em defesa do povo amazonense

 

A FNP (Frente Nacional de Prefeitos) divulgou texto nesta terça-feira em que afirma que “os sucessivos equívocos do governo federal estão diretamente ligados à escassez e à falta de doses de vacinas em cidades de todo o País”. A entidade cobra do Ministério da Saúde um cronograma com prazos e metas estipulados para a vacinação de cada grupo: por faixa etária, doentes crônicos, categorias de profissionais.

 

Já a CNM (Confederação Nacional de Municípios) pediu a saída imediata do ministro da Saúde Eduardo Pazuello. “A pasta tem reiteradamente ignorado os prefeitos do Brasil, com uma total inexistência de diálogo. Seu comando não acreditou na vacinação como saída para a crise e não realizou o planejamento necessário para a aquisição de vacinas”, afirmou a entidade em nota.

 

Fora Bolsonaro, Mourão, Pazuello e toda a corja deste governo

 

O Brasil que, em 2010, em apenas três meses vacinou 100 milhões de pessoas contra o H1N1, agora, sob o governo de Bolsonaro apresenta esses números irrisórios. Este é o resultado da política genocida adotada conscientemente por Bolsonaro, Mourão, Pazuello desde o início da pandemia.

 

No ano passado, enquanto países pelo mundo se preparavam para adquirir vacinas contra a Covid-19, Bolsonaro e Pazuello se negaram a negociar a compra de doses. Ao contrário, seguiram com posturas contra medidas de prevenção, como uso de máscaras e o distanciamento social. Mais do que isso, Bolsonaro se colocou contra as vacinas, priorizando a disseminação da cloroquina, que não tem eficácia contra a Covid.

 

Além de agravar a crise sanitária e causa a morte de mais de 1.000 brasileiros por dia, o descaso deste governo de ultradireita agrava também a crise econômica e social no país.

 

A cada dia se comprova que a luta por vacinação para toda a população, já; pela volta do Auxílio Emergencial; por Emprego e Renda, está diretamente ligada à luta pelo Fora Bolsonaro e Mourão, já que este governo claramente é um empecilho ao combate efetivo à pandemia.

 

Neste final de semana, dias 20 e 21 de fevereiro, estão sendo convocadas carreatas em todo o país pelo Fora Bolsonaro e por vacinação.

 

A CSP-Conlutas, que apresentou um Programa Emergencial para enfrentar a crise sanitária e social  orientou que todas suas entidades e movimentos filiados devem se incorporar ao calendário de lutas que vem sendo construído pelas centrais sindicais, Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, partidos de oposição e diversas organizações e personalidades da sociedade civil, contra o governo Bolsonaro e por reivindicações em defesa dos trabalhadores e do povo pobre.

 

Leia: Participar ativamente do calendário unitário de lutas Fora Bolsonaro e por vacinação já!

 

Fonte: CSP-Conlutas

Quinta, 04 Fevereiro 2021 17:09

 

 

 

O retorno escolar presencial tem sido questionado pela comunidade escolar, devido à nova onda da Covid-19, mas gestores municipais garantem que haverá protocolos de segurança. Entretanto, o fato é que os governos não conseguem resolver problemas estruturais básicos, mas graves, que se arrastam por anos nessas instituições.

 

Um exemplo de como há descaso e falta de preparo do governo para o retorno escolar presencial ocorreu na Escola Municipal do Ensino Fundamental Mário Lago, localizada na Brasilândia (SP). A comunidade denuncia as péssimas condições estruturais da instituição que, após desabamento da caixa d’água e quadra esportiva, foi interditada no último dia 15 de janeiro.

 

O problema estrutural da escola é de conhecimento há anos pela Secretaria Municipal da Educação, que não tomou medidas prévias para a solução do problema, e acabou levando à interdição do colégio, denunciam mães e pais de alunos.

 

O abalo na estrutura foi causado devido a enchentes constantes na escola. Professores e familiares de alunos relatam que a Secretaria Municipal de Educação teve o ano de 2020 para fazer os devidos reparos, no entanto, não executou a obra.

 

Tal postura vai contra declarações feitas pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) de que garantiria estrutura, com reformas para todas as escolas para a volta às aulas. No entanto, como se vê, na prática, nem o básico está sendo feito.

 

A postura mostra que o município não está preparado para o retorno, diante de problemas estruturais que antecedem protocolos de segurança fundamentais para o controle da pandemia, já que o calendário de vacinação segue a passos lentos.

 

A comunidade escolar reclama que não foi informada pela Prefeitura sobre o prazo que a escola permanecerá fechada, nem se haverá transferência de alunos até que a situação seja resolvida.

 

 

Professores e as famílias exigem que sejam feitas obras emergenciais, já que a preocupação é de que outras estruturas do prédio também desabem.

 

Surto de Covid-19 em colégio particular leva a suspensão das aulas presenciais em Campinas

 

Se os problemas estruturais colocam a dúvida sobre retorno presencial escolar, como vimos na escola de Brasilândia, esse quadro é potencializado pela pandemia e nova onda de contaminação pelo coronavírus.

 

Em Campinas (SP), a escola particular Jaime Kratz, suspendeu as aulas presenciais nesta segunda-feira (1), após surto de Covid-19. O colégio informa que o problema foi detectado em 20 de janeiro, com um aluno testando positivo para a doença e outros seis apresentando sintomas. Devido a esse quadro, a Vigilância Epidemiológica pediu a interdição das atividades.

 

O colégio informou por meio de comunicado aos familiares dos estudantes que ao menos 34 funcionários testaram positivo para Covid-19.

 

As aulas presenciais haviam sido retomadas no dia 25 de janeiro por rodízio com 35% dos alunos presentes. Ao todo, 1,3 mil estudantes estão matriculados na instituição.

 

Aula presencial só com vacina e controle da pandemia

 

Atualmente, a capital e a Grande São Paulo estão na fase vermelha da pandemia, considerada mais crítica e que exige ainda mais cautela da população e o maior isolamento social possível.

 

Diante do grave caso de aumento da doença no estado, a juíza Simone Gomes, da 9ª Vara da Fazenda Pública chegou a conceder liminar suspendendo o retorno das aulas presenciais nas redes pública e privada, baseando sua decisão “na proteção ao direito à vida” e determinou que não poderiam ocorrer em áreas classificadas nas fases laranja e vermelha do Plano São Paulo.

 

No entanto, o governador de São Paulo com o apoio do Tribunal de Justiça conseguiu derrubar a liminar e o retorno presencial está previsto para ocorrer em São Paulo no dia 8 de fevereiro.

 

A comunidade escolar é contra esse retorno e a Apeoesp realiza uma assembleia virtual estadual nesta sexta-feira, 5 de fevereiro, com preparação de uma possível greve sanitária,  para armar a luta e a resistência.

 

No Rio de Janeiro, professores das redes estadual e municipal já deflagraram greve, com exigência de manutenção do ensino remoto, garantia de infraestrutura para professores e estudantes, bem como vacinação para todos, já.

 

A CSP-Conlutas segue com sua campanha permanente em defesa da vida e exige que aula presencial só com vacina e controle da pandemia.

 

Escolhas fechadas, vidas preservadas!

 

Leia também:

 

Em defesa da vida, professores do RJ aprovam greve contra volta de aulas presenciais em meio à pandemia

 

 Justiça veta retorno das aulas presenciais, mas Doria recorre

 

 Fonte: CSP-Conlutas

Terça, 11 Agosto 2020 17:06

 

A “Frente Popular pela Vida: em Defesa dos Serviços Públicos e de Solidariedade ao Enfrentamento à Covid-19” fez uma nova grande entrega. Na última semana, mil cestas básicas contendo 15 mil quilos de alimentos, e outros mil quites de higiene pessoal e limpeza foram distribuídos entre grupos e comunidades da periferia de Cuiabá e outros municípios de Mato Grosso.

 

A ação desse início de agosto levou um pouco mais de dignidade a famílias dos bairros Pedregal, Renascer, Jd. Glória 1, Parque Cuiabá, Pedra 90 e região do Cinturão Verde, Cohab São Gonçalo, Bela Vista e Jd. Vitória. Também foram distribuídas cestas e quites em outras regiões da cidade, com auxílio de entidades ligadas aos movimentos Estudantil, Camponês, Indígena, Negro, LGBTQI e de Imigrantes, atendendo venezuelanos, senegaleses, haitianos, senegaleses e cubanos.

   

Terceirizadas da UFMT, trabalhadores do Aterro Sanitário de VG, moradores da Casa do Estudante e professores interinos do Estado também estão na lista de receptores da ação que, desta vez, além da capital mato-grossense, também contemplou famílias de Várzea Grande, Cáceres, Jaciara, Nossa Senhora do Livramento, Barra do Bugres e Tangará da Serra.

 

O professor Reginaldo Araújo, vice-presidente da Regional Pantanal do ANDES - Sindicato Nacional e um dos membros da Frente, contabiliza cerca de 35 toneladas de alimentos distribuídos nos últimos dois meses. “Desde junho, quando a Frente lançou a campanha de solidariedade, já foram distribuídas aproximadamente 35 toneladas de alimentos, material de higiene e limpeza. Mas como nós ainda não vislumbramos o fim dessa pandemia, e a situação ainda será difícil por alguns longos meses, é preciso continuar arrecadando e distribuindo esses itens”, lembrou o docente.

 

Assim como a grande doação realizada em meados de junho, o material distribuído na última semana foram enviados pela Organização Não-governamental Ação Cidadania.

 

A Frente continua arrecadando alimentos, material de limpeza e também recursos para ajudar aos trabalhadores sem emprego ou qualquer tipo de assistência do Estado nesse momento. O coletivo destaca que divulgará um vídeo, nos próximos dias, para estimular a contribuição daqueles que têm uma situação mais confortável no momento.    

 

Saiba como ajudar

 

PARA DOAÇÃO DE ALIMENTOS E MATERIAIS DE LIMPEZA: A Adufmat-Ssind é um ponto de arrecadação dentro da Universidade Federal de Mato Grosso. A Oca fica quase em frente ao Hospital Veterinário da UFMT. O endereço é Avenida Fernando Corrêa da Costa, S/Nº, Coxipó, Cuiabá.

 

PARA DOAR RECURSOS: a conta criada exclusivamente para isso está na 

Caixa Econômica Federal.

Agência: 0686 | Op.: 013

Conta Poupança: 00034474-8

CNPJ: 149120750001/53

Titular: ADUFMAT SOLIDARIEDADE COVID-19

 

 

Saiba mais sobre a Frente Popular pela Vida: em Defesa dos Serviços Públicos e de Solidariedade ao Enfrentamento à Covid-19:

 

CAMPANHA “SOLIDARIEDADE PELA VIDA” JÁ ARRECADOU CERCA DE 20 TONELADAS DE ALIMENTOS

 

CAMPANHA ‘SOLIDARIEDADE PELA VIDA’ É LANÇADA NESTA QUINTA-FEIRA, 04/06

 

DESIGUALDADE SOCIAL FARÁ DA AMÉRICA LATINA EPICENTRO IMPORTANTE DA COVID-19

 

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Sexta, 07 Agosto 2020 14:33

 

Em diversos estados e municípios do país, professores do Ensino Básico público e particular têm se mobilizado contra a volta às aulas presenciais nas escolas, suspensas devido às medidas de isolamento frente à Covid-19. O Brasil entra no quinto mês da pandemia com mais de 2,8 milhões de casos e quase 100 mil mortos. Em muitos lugares, a curva de infectados não para de crescer.


No Rio de Janeiro, os professores da rede pública municipal de ensino decretaram greve contra o retorno previsto para segunda-feira (3). O mesmo aconteceu na rede estadual, com greve decretada para esta quarta-feira (5). De acordo com o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do estado (Sepe-RJ), a greve se fez necessária em decorrência da pandemia, que não está controlada, e resguardará "a vida de professores, funcionários de escolas, bem como estudantes e todos os seus familiares", diz o sindicato. As atividades on-line com os estudantes serão mantidas, segundo o Sepe RJ, que defende que elas "precisam ser complementares" e não obrigatórias.


Já na rede particular, os professores organizados pelo Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (Sinpro-RJ) decidiram, em assembleia realizada no dia 1° de agosto, manter a greve decretada em 6 de julho contra a volta às aulas presenciais prevista para ocorrer na segunda (3). O retorno, segundo a entidade, só deverá ocorrer com a garantia das autoridades da saúde e da ciência, com base em rígidos protocolos de segurança.


O Ministério Público e a Defensoria Pública tentam suspender o retorno das aulas em escolas particulares da capital. Porém, no domingo (2), o pedido foi negado pela Justiça. MP e DP tentam recorrer da decisão do plantão judiciário. As instituições consideram que o retorno às aulas presenciais "traz risco à vida e saúde da coletividade, além de promover desigualdade de acesso à escola" e basearam seus pedidos num estudo da Fundação Oswaldo Cruz Fiocruz (Fiocruz) que prevê 3 mil novas mortes no Rio de Janeiro com um possível retorno das aulas em agosto.


Fora o Rio de Janeiro, as escolas particulares do Amazonas e do Maranhão retomaram as aulas, de acordo com os dados da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep). Outros nove estados e o Distrito Federal têm propostas de data para retornar às atividades presenciais. São eles: Acre, Pará, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
 

Amazonas

Em Manaus (AM), os professores da rede pública aprovaram indicativo de greve para esta quarta-feira (5) contra a determinação do governador Wilson Lima (PSC) para o retorno dos professores às escolas na segunda (3), dos alunos do Ensino Médio no próximo dia 10 e dos estudantes do Ensino Fundamental no dia 24. Ainda não há previsão para retorno das aulas no interior do estado. "É um decreto genocida e transforma as escolas em verdadeiros abatedouros", diz, em nota, o Sindicato dos Professores e Pedagogos de Manaus (Asprom Sindical).


Segundo o sindicato, a pandemia da Covid-19 ainda não está controlada na capital amazonense e o plano de retorno apresentado pelo governo não previu as reformas das janelas das salas de aulas e dos professores, testagem em massa dos trabalhadores da Educação e dos alunos para a detecção dos possíveis contaminados assintomáticos e, ainda, não previu nenhum controle do poder público sobre o transporte coletivo urbano, que é o principal meio de transporte utilizado por professores e alunos para se locomoverem. Caso o governo do Estado não volte atrás na decisão, a categoria se reunirá em nova assembleia e deflagrará greve contra o retorno das aulas presenciais. Uma carreata foi realizada para chamar a atenção da população e cobrar dos parlamentares da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) uma audiência pública sobre os riscos do retorno precipitado das aulas presenciais. As escolas particulares de Manaus retomaram as atividades presenciais no início de julho.


Distrito Federal

No Distrito Federal, os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e de educação profissional retomam as atividades presenciais no dia 31 de agosto. O retorno presencial será pelo sistema híbrido, no qual metade da turma irá à escola em uma semana e os demais terão aulas remotas em plataforma online. Na semana seguinte, as turmas se invertem. No dia 8 de setembro, será a vez do Ensino Médio e em 14 de setembro retornam os estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental. Em 21 de setembro, voltam os anos iniciais do Fundamental. Para a Educação Infantil, a retomada está marcada para 28 de setembro, enquanto para os centros de ensino especial, Educação Precoce e classes especiais, as atividades presenciais retornam em 5 de outubro.


O Distrito Federal assumiu a liderança no ranking dos estados com pior desempenho no combate à pandemia do novo coronavírus no país, conforme lista elaborada pelo Centro de Liderança Pública (CLP), publicada no dia 30 de julho. Os critérios adotados são proporção de casos confirmados, evolução logarítmica de casos e porcentual de mortalidade da Covid-19, entre outros. Logo depois, aparece o Rio de Janeiro.


O Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) apresentou uma carta aberta dos diretores de escolas públicas do DF ao governador Ibaneis Rocha (MDB), afirmando ser inaceitável a reabertura das escolas, especialmente, "num momento tão grave, onde se constata o avanço da pandemia do novo coronavírus, com o aumento drástico do contágio e do número de mortes". O retorno colocaria em risco a vida de professores, funcionários e alunos, de "forma desnecessária". Entre diversas ações, o sindicato também lançou uma campanha: "Diga não ao retorno presencial nas escolas".


Já em relação à reabertura das escolas particulares, após um impasse, a Justiça do Trabalho autorizou o retorno das aulas presenciais nas escolas da rede privada do DF. Em julho, o Ministério Público do Trabalho (MPT) entrou com uma ação contra o decreto do governo que autorizou o retorno das escolas particulares no dia 27 de julho. Em audiência de conciliação realizada na última segunda-feira (3), a juíza apresentou uma proposta de cronograma para retorno da rede privada a partir do dia 10, mas não houve anuência do governo do DF e do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinepe-DF), que defendem a autonomia das escolas para estabelecerem seus calendários.


Em comunicado, o Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep-DF) informou que lamenta a decisão e que está em contato com o MPT para entrarem com recurso no Tribunal Regional do Trabalho, para a suspensão das aulas. "O sindicato mantém o seu posicionamento de que este não é o momento propício para o retorno das aulas presenciais, o que, por certo, colocará em risco a saúde e a vida dos trabalhadores da educação, dos alunos e da comunidade escolar", manifestou a entidade.
 

São Paulo

Em São Paulo, o governo do estado anunciou um plano para a retomada das aulas presenciais a partir do dia 8 de setembro em toda a rede de ensino. A medida valeria tanto para a rede pública quanto a privada, da educação infantil até o ensino superior. Entretanto, vários municípios - a maioria prefeituras do ABC Paulista e de Mauá - decidiram que a volta às aulas presenciais na rede municipal só deveria acontecer em 2021. Na cidade de São Paulo, após muita pressão, a Secretaria Municipal de Educação voltou atrás e não deu certeza sobre o retorno às aulas no dia 8 de setembro. Dias antes, professores de várias regiões do estado realizaram uma carreata em defesa da vida, com mais de 250 carros. Para o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) o retorno às aulas provocará uma nova onda de contágio da Covid-19, o que poderá levar a um novo pico da pandemia.
 

Maranhão

Instituições de ensino da rede privada retornaram às aulas presenciais na segunda-feira (3), no Maranhão. Em São Luís, com poucas exceções, a maioria das escolas optou por começar a volta pelos alunos do terceiro ano do ensino médio. Nos outros níveis de ensino, o retorno deve ser realizado na próxima semana.


O Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino da Rede Particular do Estado do Maranhão (Sinterp/MA) se manifestou de forma contrária ao reinício das aulas presenciais "em face da insegurança manifestada por pais de alunos, trabalhadores administrativos e professores das instituições de ensino privado, quanto ao risco de contaminação pelo coronavírus". Para a entidade, é contraditória, em termos de política de saúde, a obrigatoriedade do retorno dos trabalhadores da rede particular de ensino em momento distinto daquele dos trabalhadores da rede pública.


Já a rede de ensino pública segue sem data prevista para o retorno presencial nas escolas, após a volta ter sido adiada mais uma vez pelo governador Flávio Dino (PcdoB). Após uma reunião com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica das Redes Públicas Estadual e Municipais do Estado do Maranhão (Sinproesemma), o governo divulgou, no dia 28 de julho, comunicado adiando o retorno das aulas, programado para o dia 10 de agosto para o terceiro ano do ensino médio, bem como para os demais níveis de ensino na rede pública estadual. O governo estadual, em nota, afirmou que manterá as aulas não presenciais e dará mais tempo para que as comunidades escolares debatam. "Vamos continuar o processo de consulta aos estudantes e às suas famílias, assim como as reuniões com o Sinproesemma".


Paraná

No Paraná, a Secretaria de Educação e Esporte do Estado (Seed) publicou no dia 31 de julho as regras para o retorno das atividades escolares presenciais previstas para setembro. Porém, no domingo (2), a Seed voltou atrás e publicou que a previsão de retorno ainda será confirmada pela Secretaria de Saúde (Sesa) nos próximos 14 dias. Antes, professores denunciaram que a Seed teria apresentado um termo para responsáveis e estudantes assinarem os responsabilizando caso se contaminem pelo novo coronavírus durante as aulas. Após diversas críticas, o termo foi modificado.


De acordo com dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), o governo tem ciência que a retomada presencial das aulas causará aumento dos casos de contaminação e mortes e quer passar essa responsabilidade para a comunidade. O Sindicato vê com preocupação a ausência de posicionamento técnico da Secretaria da Saúde (Sesa), até o momento, e o indicativo de que o governo planeja o retorno das aulas ainda durante a pandemia do novo coronavírus.


No Paraná, 56% dos casos do novo coronavírus em crianças com menos de 12 anos foram confirmados em julho, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Dados do dia 3 de agosto mostram que o estado acumula, desde março, cerca de 80 mil diagnósticos positivos e 2.028 mortes.


Rio Grande do Norte

Após muita pressão da comunidade escolar e do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Rio Grande do Norte (Sinte-RN), que cogitou uma greve, o prefeito de Natal, Álvaro Dias (PSDB), recuou e divulgou na semana passada (29) um comunicado suspendendo o retorno às aulas presenciais previstas para 10 de agosto, no caso das escolas particulares, e 14 de setembro, para os estudantes da rede municipal. A governadora, Fátima Bezerra (PT), indicou que o decreto, que trata do funcionamento das instituições de ensino, deverá ser renovado, afirmando ser "mais prudente prorrogar a suspensão das aulas". Para o sindicato, as aulas presenciais não devem voltar este ano. Além dos riscos para a saúde ao retornar às aulas presenciais, os educadores de Natal têm um elemento que reforça a possibilidade de greve que é o não pagamento do piso salarial de 2020.
 

Estudo Fiocruz

Um documento publicado pela Fiocruz, sobre retorno às atividades escolares no Brasil durante a pandemia de Covid-19, afirma que o primeiro critério para a reabertura das escolas é o controle da transmissão da doença. A reabertura deveria ser "realizada à luz da ciência e orientada por diretrizes gerais de órgãos como a OMS, visto que recolhe informações diárias dos países que enfrentam problemas semelhantes na pandemia".


Na ausência de vacinas ou tratamentos específicos, defende a fundação, a política do distanciamento social tem sido a mais amplamente utilizada por outros países para o controle da pandemia, associada à medidas de vigilância e ampla testagem com identificação precoce de casos e contatos.


A Fiocruz aponta também que a abertura diferenciada entre o setor público e o privado acentua a desigualdade de acesso ao ensino e, realizada sem as melhores condições epidemiológicas, coloca em risco parcela de alunos e professores da rede escolar dos estados e municípios.

 
Fonte: ANDES-SN
Sexta, 07 Agosto 2020 12:43

 

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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JUACY DA SILVA*
 

Dentro de um dia e meio a no máximo dois dias, ou seja, nesta sexta feira 07 ou sábado 08 de Agosto de 2020, o Brasil atingirá duas marcas tristes e vergonhosas. Serão TRÊS MILHÕES de casos de pessoas infectadas e CEM MIL MORTES, pelo coronavírus.

Esses são os números oficiais que, sabidamente, não representam o tamanho real do problema, pois existe uma enorme subnotificação de dados relativos aos casos de pessoas infectadas, principalmente porque o Brasil é um dos países que menos testes tem aplicado para constatar, rastrear e tratar o número real de pessoas infectadas. Entre os países que testam, tendo como base cada milhão de habitantes ocupamos a 101a. posição.

Se fossem realizados testes de forma massiva como tem acontecido em alguns países da Europa e EUA, as estimativas indicam que o número de pessoas infectadas poderia ser de até dez vezes mais, ou seja, mais de 20 ou 30 milhões de casos e talvez o Brasil estivesse ocupando o primeiro lugar neste campeonato macabro, já que no futebol há décadas não consegue.

Por exemplo, mesmo com a subnotificação o Brasil já, de alguns meses até hoje, ocupa o segundo lugar no ranking mundial tanto em número de casos quanto de mortes. Se o Estado de São Paulo, com mais de 575 mil casos, por exemplo, fosse um país estaria ocupando a quinta posição em número de casos de pessoas infectadas e a nona posição em número de mortes pela COVID 19.

Apesar de que no inicio da pandemia, de forma irônica, demonstrando sua insensibilidade, o Presidente Bolsonaro dizia que a COVID 19 seria apenas uma “gripezinha” e outras bravatas como “ e daí, todos vão morrer um dia, eu sou messias mas não faço milagres”, ao ser questionado certa feita sobre o crescente número de casos e de mortes respondeu também de forma irônica “não sou coveiro”. Chegou até insinuar que as crianças e pessoas que nadassem em esgoto estariam se tornando imunes a COVID 19.

Coube à falta de cuidados e a forma desdenhosa como tratava a pandemia, criticando o isolamento e o distanciamento social determinado por  governadores e prefeitos e fazia questão de circular em público, provocando aglomerações, apoiando direta ou indiretamente, inclusive atos antidemocráticos, sempre sem uso de máscara; dando um mau exemplo, até que em um determinado dia foi diagnosticado com a COVID  19 e teve que ficar isolado por algumas semanas.

Em seu entorno sete ministros e a primeira dama já contraíram o novo coronavírus e diversos integrantes de sua equipe que foram aos EUA acabaram também contraindo o vírus, mas nenhum teve problemas mais sérios, diferente de milhões de brasileiros que sofreram por falta de atendimento e esses CEM MIL que acabaram sucumbindo, ante a falta de leitos de UTI, falta de respiradores, falta de insumos, medicamentos e de pessoal técnico para o pronto atendimento, milhares enterrados em valas comuns, sem nenhuma dignidade e sem sequer poderem ser velados pelos seus entes queridos.

Todos os especialistas não se cansam de enfatizar que faltou ao presidente Bolsonaro a capacidade de liderança neste processo, a quem caberia coordenar e articular os esforços com os governos estaduais e municipais, dando maior celeridade às ações e maximizando os resultados, o que ele não conseguiu fazer, deixando o país perdido e sem rumo, razão pela qual não houve planejamento nem coordenação das ações, aumentando o número de vitimas.

Em meio à pandemia, a única coisa que Bolsonaro fez o tempo todo foi realizar propaganda da cloroquina, medicamento banido como forma de tratamento em diversas países pela sua ineficácia. Descontente com dois ministros da saúde, com formação médica, que se recusaram a alterar os protocolos para que a cloroquina fosse receitada de forma ampla, principalmente pelo SUS, não teve dúvida em demiti-los, colocando em seu lugar um leigo em saúde publica,  apesar de o mesmo ser um general com “expertise” em logística, como ministro interino que já perdura por meses no cargo.

Em meio a esta tristeza do avanço do número de casos que nas últimas semanas quase todos os dias é superior a 40 mil ou até mais de 53 mil e o número de mortes sempre também acima de mil por dia, o Brasil e os brasileiros assistem, entre um misto de vergonha e revolta, diariamente o  noticiário , em que casos e mais casos de corrupção nos Estados, nos Municípios, surrupiando preciosos recursos orçamentários e financeiros, pelas quadrilhas de colarinho branco que continuam agindo dentro e fora das instituições públicas, verdadeiras máfias que sugam a saúde pública há décadas.

A explosão que aconteceu há dois dias no porto de Beirute, que causou a morte , que poderão chegar a pouco mais de 300 pessoas e a, talvez, 10 mil feriados é de longe muito menor do que as mais de 1.500 mortes que tem acontecido todos os dias, nas últimos semanas pelo coronavírus no Brasil e a mais de 53 mil de novos casos em alguns dias. Só nos últimos doze dias foram mais de dez mil mortes e mais de 500 mil novos casos, um drama que nem é notado e nem causa pesar em nossas autoridades.

Todavia, nossas autoridades, como soe acontecer, de forma super rápida demonstraram, corretamente, diga-se de passagem, a sua solidariedade ao povo libanês; enquanto o total das  mortes por covid no Brasil até agora representam  mais de 300 explosões da mesma magnitude que quase destruiu Beirute.

O Japão esta “comemorando”, relembrando os 75 anos do lançamento da bomba atômica que em 1945 destruiu a cidade de Hiroshima, matando 140 mil pessoas, e no Brasil que de março até o inicio de agosto deste ano de 2020 a COVID 19 já matou 100 mil pessoas e até o final do ano ceifará mais vidas do que a bomba de Hiroshima não desperta nenhuma solidariedade por parte de inúmeras autoridades que continuam agindo como se nada estivesse acontecendo de tão grave em nosso país.

Só se fala em reformas, eleições municipais, crise fiscal, equilíbrio das contas públicas, fake news e outros assuntos correlatos, pouca atenção é dedicada `a maior pandemia que está varrendo o mundo e destruindo milhares de vidas e nada é dito sobre como ficará o SUS, já falido, no pós COVID 19.

A situação da crise sanitária no Brasil, a maior desde a gripe espanhola em 1918, há mais de um século, que já era grave, gravíssima antes mesmo da chegada da  COVID 19, piorou extremamente, apesar da suplementação dos recursos orçamentários e financeiros colocados `a disposição da saúde pública e deverá, assim permanecer ou até mesmo piorar no pós-pandemia.

Há poucos dias um médico sanitarista que já foi presidente da AVISA disse em uma entrevista a um canal de televisão, de forma clara e objetiva de que mesmo que a COVID 19 seja controlada e combatida com o surgimento de uma vacina que deve ocorrer talvez no primeiro semestre do ano que vem (2021), a degradação ambiental, principalmente o desmatamento da Amazônia, que segue a passos largos (a boiada continua passando) e as queimadas, contribuirão para que milhões de vírus que convivem com animais silvestres acabem afetando o ser humano, ou seja, o pior ainda está por vir.

O binômio COVID 19 e a degradação ambiental, incluindo o aumento acelerado do desmatamento da AMAZÔNIA e do CERRADO, as queimadas que já estão ocorrendo no Pantanal e nesses dois outros biomas referidos, onde mais de 120 mil ha já foram destruídos e ainda está longe de serem dominadas, bem como as queimadas na Amazônia que deverão ser superior a mais de 4, 5 ou mais vezes do que a destruição do Pantanal, estão afetando a qualidade do ar tanto no Pantanal e áreas de seu entorno, quanto na Amazônia Legal e no Centro-Oeste em geral, tornando o ar irrespirável, como já está acontecendo em Rondonópolis, Cuiabá, Corumbá, Campo Grande e região, quanto em outras regiões mais distantes.

Apesar dos “esforços” dos governos federal e estaduais, incluindo a atuação das Forcas Armadas, através da GLO e do Conselho da Amazônia, presidido pelo Vice Presidente da República, tanto em 2019 em relação a 2018, quanto 2020 em relação a 2019, tanto o desmatamento quando as queimadas aumentaram de forma acelerada.

Entre Agosto de 2019 e junho de 2020 foram desmatados na Amazônia Legal nada menos do que 754 mil ha. Entre 2008 e 2019 a área desmatada de forma ilegal na Amazônia e no Cerrado foi de 2,4 milhões de ha e o desmatamento legal foi ainda maior, uma área de mais de 3,8 milhões de ha.

Outro aspecto grave deste binômio é a situação da falta de saneamento básico que afeta mais de CEM MILHÕES  de pessoas, que não tem água tratada e nem coleta e tratamento de esgoto e nem  coleta regular de lixo urbano, acarretando o aumento de doenças e de pressão sobre um sistema público de saúde já totalmente falido.

Além desses aspectos, o Brasil está longe de cumprir as metas a que se comprometeu junto ao ACORDO DE PARIS, seja relativamente ao desmatamento e `as queimadas quanto `a emissão de gases que provocam o efeito estufa e está mais do que comprovado por diversas estudos e manifestações de pesquisadores e cientistas que os efeitos que advirão das mudanças climáticas, incluindo o aquecimento global, serão muito piores do que todas as pandemias que já ocorreram, inclusive o CORONAVIRUS que ainda não acabou, como imaginam diversas pessoas e governantes.

Além da demanda por atendimento médico hospitalar devido `a COVID 19,  os casos de problemas respiratórios, principalmente em crianças e idosos tem aumentado assustadoramente, nas cidades e áreas atingidas pela fumaça das queimadas que “viajam” centenas de km,  colocando o sistema de saúde pública em colapso e o aumentando o número de casos e de mortes decorrentes de problemas respiratórios.

Segundo o depoimento deste mesmo médico, o déficit de leitos hospitalares, principalmente de UTIs era superior a 40% tendo como comparação o ano de 2008 e mesmo com o aumento dos leitos de UTI para atendimento da COVID 19, não existe nada certo de que a situação possa melhorar após a COVID 19, seja pela falta de pessoal especializado, seja pela falta de medicamentos e, principalmente, pela falta de recursos orçamentários e financeiros, premidos tanto pela corrupção quanto pelo teto dos gastos, afinal, para os doutos entendidos em finanças públicas do Governo Federal e dos governos estaduais e municipais, o “equilíbrio fiscal” é mais importante do que a vida , do que o sofrimento e do que a morte das pessoas.

Se o Brasil tivesse um Sistema público de saúde melhor equipado e em condições de atender de forma rápida e efetiva às pessoas que ao contraírem a COVID 19 precisaram desses cuidados em UTIs e respiradores, com certeza milhares dessas mortes teriam sido evitadas. Foram o que se chama de “mortes desnecessárias” ou “mortes evitáveis”, enfim, tudo isso não deixa de ser uma negligência e desrespeito `a dignidade das pessoas, onde o direito a vida lhes foi negado pelo Estado.

Afinal, para diversos governantes que pensam desta forma, as pessoas tornam-se apenas números, estatísticas, esses governantes não conseguem ver as histórias de vida, as famílias destruídas como está acontecendo em consequência desta pandemia, com o aumento da fome e da miséria, o aumento do número de famílias que estão morando na rua, em baixo de viadutos, de marquises, nas praças públicas, implorando a caridade por um prato de comida, enquanto os marajás da República nos três poderes e nos estados e municípios continuam ostentando e ampliam seus privilégios e mutretas, como as famosas “VI” verbas indenizatórias, vale saúde e outras mordomias mais.

Alguns estudiosos e pesquisadores continuam afirmando que a COVID 19 deverá permanecer ativa em todos os países, em alguns mais e em outros um pouco menos, e uma segunda ou terceira onda não estão descartadas, como já esta acontecendo em alguns países da Europa e da Ásia, mas que com toda certeza o número de casos no mundo deverá ser superior a  25 ou 30 milhões  e de mortes mais de 1,5 milhões ou até dois milhões, até que alguma vacina esteja `a disposição de forma universal para que a população possa ser imunizada, como ocorre com outras viroses.

 No caso brasileiro imagino que até o surgimento da vacina e da imunização ampla da população poderemos ter mais de 20 milhões de casos de pessoas infectadas, tendo em vista que esses três milhões que deveremos atingir dentro de dois dias, representa uma grande subnotificação, como todos os estudos e pesquisas tem indicado e o número de mortes poderá ser superior a 150 mil ou até chegar a 200 mil vidas ceifadas desnecessariamente, caso as pessoas não se precavenham e as autoridades e organismos públicos continuem insensíveis, ineficientes, ineficazes e sem efetividade como ocorre no momento e a burocracia e a corrupção continuem aumentando o sofrimento e as mortes de tanta gente.



*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, sociólogo e mestre em Sociologia. Colaborador de alguns veículos de comunicação social. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy

Quarta, 05 Agosto 2020 23:35

Imagem: O Livre/ Mauro Mendes em evento com empresários de MT 

 

Há alguns anos, pairava entre a população a ideia de que os representantes políticos deveriam ser obrigados a frequentar os mesmos espaços públicos que administram, junto à população. A ilusão da liberdade capitalista, por óbvio, tratou de abafar rapidamente a proposta, pois o público e o privado só podem se encontrar quando a proposta é administrar o bem público, mas quando o assunto é desfrutar dos resultados dessa administração, a coisa muda.

 

Poucos dias depois de tentar desqualificar análises científicas sobre a Covid-19 em Mato Grosso e liberar a reabertura do comércio em todo o estado, alegando que é preciso “aprender a conviver com o vírus”, o governador Mauro Mendes foi internado em um Hospital de São Paulo. Segundo a imprensa, a causa é uma pneumonia, provavelmente consequência da própria Covid-19, que contraiu um junho.

 

Ao mesmo tempo em o político era atendido por uma equipe de profissionais do Sírio Libanês, um dos melhores hospitais particulares do país, servidoras da Saúde Pública administrada por ele retiraram a própria vida, no município mato-grossense de Rondonópolis. Para o sindicato dos servidores públicos da saúde do estado, a pressão do atendimento direito a pacientes com Covid-19 e a perda de colegas para a doença é agravada pela falta de condições de trabalho que perdura há anos. Não só a Covid-19, mas as doenças que comprometem a saúde mental ameaçam os trabalhadores da saúde.

  

Nessa quarta-feira, 05/08, Mato Grosso atingiu a triste marca de duas mil mortes atribuídas ao coronavírus. No Brasil, a gripezinha de Bolsonaro já matou mais de 97 mil pessoas. Enquanto isso, tanto Mauro Mendes quanto Bolsonaro, representantes do capital na administração pública, seguem rifando a vida dos trabalhadores para que empresários garantam seus lucros, pois a melhor forma de tomar péssimas decisões é justamente não sofrer suas consequências.

 

“Os governantes brasileiros sucateiam o Sistema Único de Saúde para abrir mercado para o setor privado, mas quando adoecem, voam com jatinhos particulares aos hospitais privados. Já vimos outros políticos de Mato Grosso fazendo a mesma coisa nessa pandemia. A linha de corte do ‘salve-se quem puder’ pelo mercado é muito alta e significa o genocídio dos pobres, negros, quilombolas e indígenas”, destaca a diretora de Imprensa da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind.), Lélica Lacerda.

 

A diretora critica os ataques recentes proferidos pelo governador aos pesquisadores da UFMT. "Pelas políticas implementadas pelo governo de Mato Grosso, não precisa ser mãe Dináh nem cientista para saber o que vai acontecer. Quem vai sofrer é a população, porque quem tem dinheiro pode ter a tranquilidade de se internar no Sírio Libanês”, destaca.

 

Os sindicatos de trabalhadores comprometidos com a vida continuam na luta, realizando atividades para arrecadar doações e distribuir entre os desempregados e desamparados pelo Estado, fazer debates que ajudem a classe trabalhadora a se proteger e reorganizar, e denunciar a irresponsabilidade dos governos que se mostram genocidas durante a pandemia.

 

A Adufmat-Ssind, organizada, junto a outras entidades, na Frente Popular em Defesa do Serviço Público e de Solidariedade ao Enfrentamento à Covid-19, arrecadou mais de mil cestas básicas na última semana, que serão distribuídas em bairros da periferia de Cuiabá. Desde abril, o grupo já garantiu cerca de 35 toneladas de alimentos, além de material de limpeza e higiene para trabalhadores que não têm com quem contar nesse momento.  

 

As entidades reafirmam que a única alternativa para a classe trabalhadora é a luta coletiva por políticas públicas capazes de superar a crise econômica, ambiental e sanitária. Nesse sentido, a construção da greve geral se mantém no horizonte, como passo fundamental da virada da correlação de forças em favor dos trabalhadores.

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Terça, 04 Agosto 2020 14:09

 

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Valfredo da Mota Menezes*

 

Desde a primeira publicação sobre o uso da cloroquina/hidroxicloroquina, como possibilidade terapêutica para a Covide19, surgiram esperanças e dúvidas relativas à sua eficácia. Esperança pelo fato de ser uma medicação que já vem sendo usada há décadas no tratamento da malária e como coadjuvante no tratamento de algumas doenças inflamatórias, sendo assim, já conhecida e manejada pela maioria dos médicos, além de ser barata e acessível; dúvidas pelo fato de que os experimentos iniciais não empregaram a metodologia correta para a avaliação. Na avaliação e no seguimento de qualquer doença é de fundamental importância o conhecimento de sua epidemiologia e, dentro desse conhecimento, saber como ela se comporta na sua evolução natural, isto é, a sua história natural. No caso da Covide 19 já sabemos hoje que, na dependência de fatores internos, principalmente resistência imunológica, as pessoas contaminadas podem ter um curso que vai desde a ausência de sintomas em algumas até a letalidade em outras. Nesse intervalo, cerca de 80 a 90% dos contaminados evoluirão de uma maneira benéfica para cura, independente de quaisquer suportes médicos. Os restantes necessitarão desse suporte para a sua recuperação. Assim, qualquer experimento de tratamento para ser considerado válido deve ser feito com um grupo controle. Sem um grupo controle nunca poderemos afirmar, definitivamente, se a cura se deu pelo tratamento ou pela própria evolução da doença, por casualidade. Na prática cotidiana atual, muitas pessoas têm tomado um coquetel de fármacos composto por cloroquina/hidroxicloroquina, azitromicina e, mais recentemente, ivermectina.  A maioria dessas experiências individuais, divulgadas por quem acredita nos resultados dessa medicação, mostra apenas os resultados “positivos”: “tomei e fui curado”. Seria também importante a divulgação dos casos de não cura que evoluíram dentro do percentual de cerca de 20 a 10%. Não vimos ainda nenhuma divulgação daqueles que tomaram e “não foram curados”. Fica a impressão de que todos os que tomam são curados. Como a doença pode evoluir para a cura espontaneamente, nunca teremos a certeza se os resultados foram pelo remédio ou se foi pelo acaso. Mesmo as publicações científicas que apoiaram essa proposta não foram realizadas com a melhor metodologia para avaliar tratamento. O tratamento foi apoiado com base em estudos não comparativos, não randomizados, estudos com número pequeno de participantes, levantamentos de dados retrospectivos dos pacientes (os chamados “estudos observacionais”) ou em estudos de laboratório (in vitro)1-7 Esses estudos são importantes etapas que servem para levantar uma hipótese: “parece que funciona...”. Essa hipótese deverá ser provada com outro tipo de estudo: o Ensaio Clínico Randomizado. Este é um estudo comparativo, em que um grupo de pessoas, com condições semelhantes (mesmo critério de inclusão), além do tratamento de suporte, toma também o remédio a ser testado e o outro grupo faz apenas o tratamento de suporte ou esse suporte acompanhado de placebo. Com a randomização, isto é, o sorteio dos participantes para os diferentes grupos, o pesquisador consegue distribuir de uma maneira igualitária e uniforme as possíveis diferenças existentes entre os participantes (idade, doenças pré-existentes etc.).

Desde o início da pandemia, toda a comunidade médica mundial vem esperando os resultados desses estudos. Enquanto esses resultados não saiam, os órgão reguladores de fármacos em alguns países, a nossa Anvisa e o próprio Conselho Federal de Medicina (CFM), com base nos primeiros estudos, permitiram aos médicos a prescrição desses fármacos fora da sua indicação de bula (“off label”). A partir dessa autorização, o Ministério da Saúde, alguns Estados e alguns Municípios brasileiros, gastaram milhares (se não milhões) de reais na compra desses fármacos, criando o assim apelidado “Kits Covid.”

Entretanto, parte da comunidade médica relutava em prescrever essas drogas sem a comprovação científica de sua eficácia. Criou-se uma divisão nunca antes vista ou vivida. “Se a única evidência são os estudos primários ou observacionais, vamos segui-los” dizia um grupo. “Em uma doença com tão alto índice de cura espontânea, não podemos causar mais danos com os efeitos colaterais...“primum non nocere”, diziam outros. A divisão aprofundou-se com a politização criada pelos Presidentes tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos, os quais passaram a propagandear a Cloroquina/hidroxicloroquina como a droga que salvaria nossas vidas. “Os da direita tomam cloroquina, a esquerda toma tubaína”. Prefeitos e governadores passaram a se apoiar “nessa salvação”. Criou-se uma relativa sensação de segurança para a população que, progressivamente, passou a descuidar das medidas de segurança e, principalmente, do isolamento.

Como essa é uma doença nova, a defesa do tratamento empírico tem a sua lógica. Entretanto, o tratamento empírico deve caminhar até ser alcançado pela ciência. Os resultados dos estudos randomizados começaram a sair mostrando que a ciência já está alcançando o empirismo. Daqui pra frente ou tratamento deixa de ser empírico (ex. Dexametazona) ou deixa de ser tratamento (ex. Cloroquina e Lopinavir-Ritonavir em pacientes internados)8. Os primeiros resultados foram relativos a pacientes internados e mostrou a ineficácia da cloroquina.8,9

Alguns, relutantes, passaram a dizer que: “não, nessa fase já está instalado o processo inflamatório, e não adianta, temos que esperar os estudos de profilaxia”. Pois bem, começaram a sair também os resultados dos estudos com inclusão de pacientes nessa fase precoce da doença e também mostraram a ineficácia da Cloroquina.10-13

Agora não há mais o que discutir! Acabou! Saíram os resultados que todos nos esperávamos. Infelizmente o fármaco não funciona em nenhuma fase. Se era racional o tratamento empírico, daqui para frente passará a ser uma irracionalidade o seu uso. Os estudos mostraram que a principal droga do Kit não tem eficácia. A azitromicina sempre foi uma “dama de companhia”, utilizada para prevenção/tratamento de infecção secundária e está sendo associada com aumento de mortalidade cardíaca. O único trabalho sobre a ivermectina mostra que ela, em alta concentração, elimina o vírus “in vitro”. O álcool, também em alta concentração (70%), mata o bicho. Vão liberar a cachaça?

Está na hora de uma revisão geral sobre o uso dessa estratégia de “tratamento”. Está na hora de os governos/prefeituras/gestores direcionarem os recursos para a testagem ativa, com busca e isolamento dos casos confirmados. Está na hora do CFM e da Anvisa reverem suas orientações aos profissionais de saúde sobre o uso “off label”, como já foi feito em outros países e como recomenda a Sociedade Brasileira de Infectologia14. O que salva vidas é o isolamento social, o uso de máscaras, a atuação dos trabalhadores da saúde e dos essenciais e, aqui em MT, tem sido essencial a atuação do Ministério Público e a ação consequente de um juiz (Jose Luiz Leite Lindote).

 A população, carente de atenção, vai continuar buscando algum apoio. Um desses apoios continuará sendo exatamente o “tratamento” com o “Kit”. Alguém poderá inclusive argumentar que ”se o Presidente usa, se o Ministro da Saúde recomenda, porque esse doutorzinho não quer dar a receita????”. Mesmo com o apoio da ciência, o herói vai virar o vilão da história se não tiver o apoio do CFM e o respaldo da Anvisa.

É emocionante ver e ouvir depoimentos de pessoas que se contaminaram e que, por acreditarem que foram curadas pelas drogas do Kit, mostram sua solidariedade e empatia ao recomendarem que outras pessoas também o façam. Isto é salutar e solidário. Entretanto, não será surpresa se nos próximos meses, alguns oportunistas lançarem alguma “novaina” ou algum “novozol” e usarem essa mesma boa fé do nosso povo, com intenção puramente de ganhar dinheiro.

*Médico, Professor Associado/Medicina/UFMT (aposentado). Doutor em Medicina Interna e Terapêutica/UNIFESP
 

Referencias:
 

1.Philippe Gautret, Jean-Christophe Lagier, Philippe Parola et al. Hydroxychloroquine and azithromycin as a treatment of COVID-19: results of an open-label non-randomized clinical trial Int.J.Antimicrob.Agents. 2020 mar 20,105949

2.Matthieu Milliona, Jean-Christophe Lagiera, Philippe Gautreta,C,et al. Early treatment of COVID-19 patients with hydroxychloroquine and azithromycin: A retrospective analysis of 1061 cases in Marseille, France Travel Medicine and Infectious Disease 35 (2020) 101738

3.Jean-Christophe lagier, matthieu Million, Philippe Gautret et al.Outcomes of 3,737 COVID-19 patients treated with hydroxychloroquine/azithromycin and other regimens in Marseille, France: A retrospective analysis. Travel Med Infect Dis. 2020 june, 101791

4.S. A Meo, D C Klonoff, J Akram. Efficacy of chloroquine and hydroxychloroquine in the treatment of COVID-19 Eur Rev Med Pharmacol Sci.2020 Apr;24(8):4539-47

5.Liu J, Cao R, Xu M, Wang X, Zhang H, Hu H, et al. Hydroxychloroquine, a less toxic derivative of chloroquine, is effective in inhibiting SARS-CoV-2 infection in vitro. Cell Discov 2020;6:16

6.Xueting Yao, Fei Ye, Miao Zang et al.In Vitro Antiviral Activity and Projection of Optimized Dosing Design of Hydroxychloroquine for the Treatment of Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 (SARS-CoV-2). Clin Infect Dis. 2020Mar 9;ciaa237. Doi:10.1093/cid/ciaa237

7.Leon Calya, Julian D. Drucea, Mike G. Catton et al. The FDA-approved drug ivermectin inhibits the replication of SARS-CoV-2invitro Antiviral Research volume 178,june 2020, 104787

8.Recovery trial: No clinical benefit from use of hydroxychloroquine in hospitalised patients with COVID-19. No clinical benefit from use of lopinavir-ritonavir in hospitalised covid-19 patients.. Disponível em: recoverytrial.net

9. Tang W, Cao Z, Han M et al. Hydroxychloroquine in patients with mainly mild to moderate coronavirus disease2019. Open label randomized controlled trial. BMJ.2020 may 14;369:m1849.doi: 10.1136/bmj.m1849

10.Boulware DR, PPullen MF, Bangdiwala AS et al. Randomized trial of hydroxychloroquine as postexposure prophylaxis for covid-19. N Engl J Med.2020 jun3. Doi: 10.1056/NEJMoa2016638

11. Calleb P. Skipper, Katelyn A. Pastick, Nicole W. Engen et al. Hydroxychloroquine in Nonhospitalized Adults With Early COVID-19. A randomized trial. Annals of Internal Medicine. 16 jul 2020. Disponível em: https://www.acpjournals.org/doi/10.7326/M20-4207#.XxDEYtMbC08.email

12. Oriol Mitjà, Marc Corbacho-Monné, Mari Ubals et al. Hydroxychloroquine for Early Treatment of Adults with Mild Covid-19: A Randomized-Controlled Trial. Clinical InfectiousDiseases. 16 july 2020, https://doi.org/10.1093/cid/ciaa1009

13.A.B. Cavalcanti et al. Hydroxychloroquine with or without Azitromycin in Mild-to-Moderate Covid-19. NEJM.org. DOI: 10.1056/NEJMoa2019014. July 23,2020.

14.INFORME N° 16 DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA SOBRE: ATUALIZAÇÃO SOBRE A HIDROXICLOROQUINA NO TRATAMENTO PRECOCE DA COVID-19. (17/07/20). Disponível em: https://www.infectologia.org.br/admin/zcloud/principal/2020/07/SBI_Informe_16_HCQ_precoce.pdf