Segunda, 28 Janeiro 2019 19:04

Em meio a uma das conjunturas mais difíceis do país nos últimos anos, professores universitários iniciam 38º congresso da categoria em Belém do Pará Destaque

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O 38º Congresso do Andes-Sindicato Nacional começou nessa segunda-feira, 28/01, na capital do Pará, em meio a uma das conjunturas mais difíceis do país nos últimos anos: primeiros dias de um dos governos mais agressivos contra os direitos trabalhistas, sociais e humanos; um forte sentimento de privação às liberdades, a ponto de um deputado ter renunciado ao posto, por medo; reincidência de crime por parte da Vale, com centenas de mortos e outras centenas de pessoas aterrorizadas pelos efeitos dos negócios capitalistas em Brumadinho, Minas Gerais.

 

Ao final de cinco dias de debates acerca dos temas “Movimento docente, conjuntura e centralidade da luta”, “Políticas sociais e plano geral de lutas”, “Plano de lutas dos setores”, e “Questões organizativas e financeiras”, os docentes terão definido as principais estratégias de resistência e luta para o ano de 2019. Este ano, o tema central escolhido pelos organizadores é “Por Democracia, Educação, Ciência, Tecnologia e Serviços Públicos: em defesa do trabalho e da carreira docente, pela revogação da EC/95.”

 

 

Na plenária de abertura, onde tradicionalmente movimentos sociais se reúnem para saudar os congressistas, inúmeras falas apontaram os riscos de mais retrocesso com relação aos direitos conquistados pelos trabalhadores, bem como a necessidade de organização e fortalecimento da classe para defender seus direitos.

 

Para o representante da CSP Conlutas, Saulo Arcangeli, o 38º Congresso do ANDES-SN será histórico. “A realização desse Congresso nesse momento é muito importante, pois estamos numa conjuntura de mudança na qualidade de ataques e, por isso, temos de ter uma mudança também na nossa organização. Lembrando que esses ataques estão ocorrendo em todo o mundo, assim como também há forte resistência dos trabalhadores, como os coletes amarelos que acompanhamos na França. A classe nunca parou de se organizar e lutar”, afirmou.

 

 

A coordenadora geral da Seção Sindical anfitriã - Associação dos Docentes da Universidade Federal do Pará (Adufpa-Ssind) -, Rosimê Meguins, agradeceu a todos pela presença, e relatou um pouco das angústias que antecederam a realização do Congresso, motivadas pelo avanço do conservadorismo. “Mais uma vez estamos reunidos aqui, com um cansaço enorme, mas um prazer ainda maior em saber que o nosso Congresso está mantido, apesar das dificuldades, apesar do clima que impera nesse país. O ANDES-SN é forte. Esse sindicato abre hoje um evento, para mim, com o maior significado. Nós estamos fazendo 40 anos, mas não somos só nós. Em 1979, esta universidade se organizava para que nós pudéssemos resistir ao que está nos ameaçando; se organizando para que tivéssemos nossos direitos respeitados. Naquela época, a ditadura foi feita de um golpe militar. Agora, o golpe, lamentavelmente, ainda teve adesão de alguns. Eu acredito que muitos destes já devem estar arrependidos de ver tanto retrocesso em tão pouco tempo. A nossa organização vai mostrar nossa capacidade de unidade, esse é o nosso maior desafio”, disse a docente.

 

O reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), campus Guamá, onde as atividades do 38º Congresso estão sendo realizadas, Emmanuel Tourinho, afirmou seu compromisso com a universidade pública, gratuita, democrática e plural. “Nós estamos lutando para que nada altere as questões que se referem a universidade pública, gratuita e de qualidade. A universidade pública segue um determinado projeto de sociedade que, primeiro, quer formar cidadãos com capacidade de crítica, não apenas mão de obra qualificada. Um projeto que também é de soberania, e isso não se faz sem a ciência. Além disso, nós queremos uma universidade plural, onde todos possam entrar. É esse projeto que a gente segue. Não é verdade que a universidade é um ambiente sectário. Aqui circulam todos os tipos de visões do mundo. A diferença é que aqui dentro as ideias têm de ser confrontadas, debatidas. Se quiserem acabar com isso, vão acabar com a universidade”.

 

 

 

O presidente do ANDES – SN, Antonio Gonçalves, agradeceu a todos pela presença e pelas contribuições na organização do Congresso. Sua intervenção destacou a necessidade de respeitar as diferenças em busca do fortalecimento da categoria, não reproduzindo as formas de opressão que recaem sobre os trabalhadores, e encerrou lembrando um pouco da história local. “Pará, terra de luta, de coragem e resistência, onde o movimento conhecido como Cabanagem nos aponta formas de resistência e luta popular. Que nos sirva de inspiração. Que saiamos daqui com um patamar superior de organização, pois o capitalismo estrutural não vai se eximir de nos oprimir”, afirmou o presidente, minutos antes de declarar a abertura oficial do 38º Congresso.

 

No período da tarde e início da noite, as discussões da plenária do tema I, “Movimento docente, conjuntura e centralidade da luta”, definirão os principais temas da luta, a partir dos eixos indicados pela categoria nos textos de análise de conjuntura, enviados pelos docentes e publicados no Caderno de Textos do Congresso (Leia aqui).

 

Durante toda a terça-feira, 29/01, os debates serão nos grupos mistos, sobre o tema II, “Políticas sociais e plano geral de lutas”. Nesses grupos, os docentes se dividem e podem discutir, com maior profundidade, as indicações das seções sindicais sobre o tema, também indicados no Caderno de Textos.

 

 

 

A Adufmat-Seção Sindical do ANDES-SN participa do evento com uma delegação formada pelos docentes Maelison Neves, Armando Tafner, Aldi Nestor de Souza, Maria Luzinete Vanzeler, Haya Del Bel, Maurício Couto, Quélen de Lima Barbosa, Hugo Heleno, Valdir Bertúlio, Irenilda Santos e Eliel Ferreira da Silva.   

 

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Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind     

Ler 772 vezes Última modificação em Terça, 29 Janeiro 2019 14:38