Quarta, 06 Novembro 2019 16:40

Criminoso: governo entrega reservas de 10 bilhões de barris do pré-sal e prepara novo leilão nesta quinta (7)

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O megaleilão das reservas de petróleo na Bacia de Santos nesta quarta-feira (6) terminou abaixo das expectativas do governo entreguista de Bolsonaro/Mourão, mas ainda assim entregou dois importantes blocos da Bacia de Santos, entre eles Búzios, um dos sete maiores campos petrolíferos em alto mar do mundo, com reservas estimadas em 10 bilhões de barris.

 

Protesto na Revap, em São José dos Campos (SP), nesta quarta (6). Foto: Sindipetro-SJC

 

A Petrobras, em consórcio com duas empresas chinesas, CNO DC Petrolium e CNO DC Brasil, arrematou o cobiçado bloco, com a oferta mínima de cessão à União de 23,24% da produção. O consórcio pagará R$ 68,194 bilhões.

 

No segundo bloco em leilão (Itapu), foi da Petrobras a única oferta, no valor de R$ 1,766 bilhão. Os outros dois blocos (Sépia e Atapu) não receberam ofertas.

 

O ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque afirmou que as duas áreas sem interessados (Sépia e Atapu) serão oferecidas novamente em 2020 e o governo ainda vai avaliar a melhor forma de vendê-las.

 

Dos R$ 70 bi que serão arrecadados, cerca de R$ 34,6 bi serão pagos à Petrobras, pelo acerto de contas feito para o leilão do excedente; estados receberão 15% do total; os municípios 15%, e o governo federal o restante.

 

A partilha com estados e municípios fez parte da negociata feita por Bolsonaro para aprovar a Reforma da Previdência. Contudo, não é um dinheiro que irá para áreas sociais, mas sim para que governos usem para o pagamento da Dívida Pública.

 

Educação e Saúde perdem com leilões

 

O leilão aconteceu hoje no Rio sob questionamento na Justiça e protestos dos sindicatos de petroleiros de todo o país, que denunciaram o crime lesa-pátria dos leilões das reservas de petróleo brasileiro.

 

As entidades, assim como vários especialistas e estudiosos, denunciam que é uma entrega “a preço de banana” que vai contra todos os interesses do povo brasileiro.

 

A política do governo Bolsonaro é entregar de “bandeja” as riquezas nacionais para as multinacionais estrangeiras.

 

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Nas áreas ofertadas hoje, a Petrobras já realizou todos os trabalhos de desenvolvimento e comprovou que há bilhões de barris de óleo a serem extraídos, reduzindo o chamado “risco exploratório”.

 

“Caso a produção do excedente ficasse somente com a Petro­brás em regime de partilha de produção, isso iria gerar pelo menos R$ 642,3 bilhões para as áreas de saúde (25%) e educação (75%), sendo R$ 318,2 bilhões a partir dos royalties e R$ 324,1 bilhões a partir do excedente em óleo ofertado à União”, explica o Sindipetro-RJ em nota.

 

O professor titular de Energia do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE/USP) e ex- diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Luís Sauer, e o geólogo e ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme de Oliveira Estrella, afirmam em nota técnica que “nenhum dos países detentores de grandes reservas, quando os recursos naturais pertencem ao Estado, como no Brasil, promovem leilões deste tipo. Ou exploram os recursos mediante empresa 100% estatal, ou outorgam contratos de prestação de serviços, quando necessário”.

 

Ainda segundo os pesquisadores, “a única forma de garantir a soberania e o interesse nacional sobre o petróleo é exercer a opção prevista em lei de contratar diretamente a Petrobras para realizar o desenvolvimento da produção e a extração do óleo excedente dos campos da cessão onerosa, por manter na mão da União a capacidade de controlar o ritmo de produção e mesmo negociar cotas de exportação com os membros da OPEP+. Do contrário, além permanecer na posição de mero tomador de preço imposto pelos fazedores de preço da OPEP+, o Brasil corre o risco de ser vítima de uma guerra de preços no contexto de potenciais conflitos da Geopolítica do petróleo”.

 

Entreguismo não para

Nesta quinta-feira (7), o governo Bolsonaro realiza mais um leilão. A 6ª rodada de partilha de produção para cessão do direito de explorar mais cinco áreas do pré-sal. É o terceiro leilão já realizado no último mês.

 

Sem contar que a privatização da Petrobras também é prioridade para este governo ultraliberal e segue avançando com a venda de ativos, privatização de refinarias e subsidiárias, como a BR distribuidora, além de um brutal ataque sobre os direitos e empregos da categoria petroleira.

 

Para Atnágoras Lopes, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, a entrega das reservas de petróleo e o processo de privatização da Petrobras são crimes lesa-pátria que trarão graves consequências para o país.

 

“Se essa política entreguista de Bolsonaro não for barrada, haverá efeitos negativos para a soberania do país, o meio ambiente, aumento do desemprego e dos preços dos combustíveis”, exemplificou.

 

“A nossa luta é para barrar estes leilões, bem como o processo de privatização da Petrobras, cujas ações hoje já estão sob controle majoritário de acionistas privados, em sua maioria estrangeiros. O petróleo é nosso e a Petrobras precisa ser 100% estatal e sob controle dos trabalhadores para que possa deter o controle da exploração, refino e distribuição no país de acordo com os interesses públicos e não privados”, afirmou Atnágoras.

 

Fonte: CSP-Conlutas

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