Quarta, 27 Maio 2015 07:54

 

Em 2012, quando fui cursar 1 ano da graduação em Serviço Social na Universidad de Deusto, em Bilbao, Espanha. Tive o privilégio de cursar a disciplina de " Sociologia da Marginalização e da Exclusão Social " com o professor Alain Touraine. Inúmeras vezes o professor Touraine elucidou em suas aulas que o socialismo estava morto, havia sido superado pela sociedade pós - industrial, que já havia se tornado sociedade globalizada. O professor argumentava e defendia a tese de que hoje as lutas dos movimentos sociais já não se centra mais nas lutas de classes, tanto, que há desentendimento no interior dos movimentos sociais. O professor Alain Touraine é um sociólogo francês conhecido por sua obra dedicada à sociologia do trabalho e dos movimentos sociais. Tornou-se conhecido por ter sido o pai da expressão "sociedade pós-industrial". Seu trabalho é baseado na "sociologia de acção" e seu principal ponto de interesse tem sido o estudo dos movimentos sociais. Touraine acredita que a sociedade molda o seu futuro através de mecanismos estruturais e das suas próprias lutas sociais. Tem estudado e escrito acerca dos movimentos de trabalhadores em todo o mundo, particularmente na América Latina. Em seus escritos, Touraine aponta para as transformações pelas quais a sociedade moderna e industrial vem passando. Trava diálogos com os autores clássicos da sociologia como Durkheim e Marx - com este último, sobre as novas formas de conflitos sociais. Touraine faz parte de uma linha teórica denominada pós-moderna, ainda que critique a mesma em alguns pontos e de fato não assuma todas as teses dessa vertente, como algumas asserções a respeito do fim da história, fim dos conflitos e principalmente da inviabilidade da compreensão racional dos mecanismo sociais. Para Touraine, a sociedade pós-industrial, longe de acabar com os Em “A sociedade pós-industrial", afirma que a sociologia não é fruto da revolução industrial, mas somente se consolidou a partir da segunda metade do século XIX, quando a sociedade passa a ter um maior controle dos mecanismos econômicos surgidos com as revoluções industriais, os quais, no momento de seu surgimento, levaram às construções teóricas do início do século XIX que identificavam um desenvolvimento econômico intervindo na organização social. Com a retomada do controle social das mudanças econômicas é que, portanto, a sociologia pode se constituir numa ciência que não mais fetichizava o social, tal como o indivíduo da filosofia. Passa-se da identificação de uma natureza social para o reconhecimento da historicidade, ou seja, da ação social e da capacidade desta em direcionar o desenvolvimento do conjunto da sociedade. conflitos, generaliza-os. É sob estas premissas que Touraine fala da sociologia de uma sociedade pós-industrial. Com os primórdios do desenvolvimento industrial, a empresa capitalista e o proletariado eram de fato os elementos centrais na transformação social e política. Porém na sociedade pós-industrial, segundo o autor, esta centralidade da indústria - e, portanto, do fator econômico produtivo - se perde. Nesta nova sociedade, o conhecimento e a informação passam a constituir elementos chaves na produção. Os conflitos sociais, da mesma maneira, não se concentram mais no elemento econômico. Apesar dos conflitos de classe não desaparecerem (a indústria não desaparece), a relação trabalhador-patronato não detém mais a proeminência de outrora. Isto, principalmente, pelo fato destes conflitos de classes terem, de uma forma geral, se institucionalizado, abrindo espaço para outras reivindicações sociais, agora não mais econômicas, mas destacadamente culturais: surgem os movimentos feministas, de homossexuais, estudantil, etc. Os laços que unem estes novos movimentos são mais comunitários e localizados, apesar de uma abrangência socialmente ampla. Se permanecerem reivindicações localizadas e restritas não se constituem, segundo Touraine, em movimentos sociais propriamente ditos. Para tanto devem adquirir um destaque mais amplo e nacional. A direção para a qual devem caminhar tais movimentos são as instituições e, portanto, o âmbito das decisões políticas. A sociedade, segundo Touraine, deve lutar para democratizar o acesso aos mecanismos decisórios da política. Daí a importância que este autor dá ao tema da alienação - esta, pautada pela participação dependente, ou seja, a integração dos indivíduos no jogo dos aparelhos dominantes que visam impor um modelo de desenvolvimento econômico sob um aspecto impessoal, de forma a aparecer como única alternativa possível e no interesse de toda a sociedade. Os termos de que Touraine se utiliza para descrever esta alienação são a integração, a manipulação e a sedução. 
 
Dirceu Grasel

Quinta, 21 Maio 2015 08:38

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT 

Na condição de professor de literatura, tento mostrar a meus estudantes, a partir dos textos literários, a importância das leituras honestas que devemos fazer da própria vida. Por isso, antes das incursões no texto literário, é sempre importante investigar – e compreender – as condições de produção desse material artístico.

Dentre as condições de produção de uma obra, inteirar-se dos principais elementos contextuais do momento de sua concepção é indispensável. Fora disso, só resta a divagação mental pela divagação mental; e ademais, saber da força contextual presente em um texto literário só contribui para sua fruição.

Ex.: ter ciência do significado das explosões das bombas atômicas lançadas pelos EUA sobre duas cidades japonesas durante a II Guerra Mundial só aumenta a capacidade de enxergarmos a beleza poética de “A rosa de Hiroshima”, poema de Vinícius de Moraes sobre a tragédia mencionada. Descontextualizado, esse poema pode levar leitores distraídos a interpretações bizarras. 

Nesse sentido, até o momento, em apenas uma ocasião de minha carreira deparei-me com uma bizarrice de leitura exposta por um de meus acadêmicos: em um determinado poema, alguém viu em um vestido insinuante de uma mulher provocante uma batina sacerdotal.

Pronto. Cheguei onde queria: falar da bizarrice da leitura que um colega do meu local de trabalho (o Instituto de Linguagens/UFMT) fez publicar na Folha do Estado (de MT) no dia 14/05/2015, pretendendo ali tratar de “entulhos da ditadura”. Há muito eu não via uma distorção tão grosseira de leitura do real.

Contextualizando: o referido instituto realizou há algumas semanas uma consulta eleitoral com os três segmentos (professores, estudantes e técnicos) para a escolha de sua nova direção.

Assim como nos anteriores processos, democraticamente, a consulta em pauta respeitou o voto paritário entre os segmentos. Após concluído o processo de consulta (inscrições, campanha/debates, eleição e apuração dos votos), a Congregação do Instituto, para se adequar à lei 9.192/95, reuniu-se e compôs a lista tríplice e a enviou à reitoria. Na cabeça da lista, é óbvio, referendou-se o nome da candidata vencedora.

De sua parte, a colega derrotada resolveu virar a mesa e impugnar a escolha, refutando a paridade e apelando à proporcionalidade dos votos, o que poderia inverter o resultado.

Detalhe: essa colega e quaisquer outros poderiam ter questionado tudo durante as discussões e deliberações sobre o formato do processo de consulta. Ninguém o fez.

Mas pior do que as trapaças dos oportunistas nas universidades está o desconhecimento de seus seguidores.

Ao afirmar isso, volto ao artigo acima referido. Nele, o colega diz o contrário do que registra a história do país, afirmando que “...o processo de (nossa) consulta é podre, à revelia da lei e baseado em métodos golpistas. Remonta aos tempos da ditadura...”

Na verdade, é a lei 9.192/95 que é o resquício dos tempos ditatoriais, e não o processo de consulta, que mais de trinta federais, seguindo o modelo da UFMT, já realizam. Por isso, num primeiro momento, democraticamente, buscamos a legitimidade de nossas escolhas, inclusive dos nossos reitores, depois nos adequamos à legalidade.

Por que fazemos assim?

Porque nenhum governo civil foi capaz de se desfazer das abomináveis listas tríplices: essas, sim, resquícios de tempos ferozes.

Conclusão: um professor quando distorce a realidade faz um desserviço social; dificulta o crescimento humano de seus estudantes.

Isso, sim, é um tipo de golpe.

Segunda, 18 Maio 2015 12:20

 

“Cai a tarde feito um viaduto/E um bêbado travando luto/Me lembrou Carlitos/A lua tal qual a dona do bordel/Pedia a cada estrela fria/Um brilho de aluguel/E nuvens, lá no mata borrão do céu/Chupava manchas torturadas, que sufoco/Louco, o bêbado com chapéu coco/Fazia reverencias mil/Pra noite do Brasil, meu Brasil/Que sonha com a volta do irmão do Henfil/Com tanta gente que partiu/Num rabo de foguete/Chora nossa pátria mãe gentil/Choram Marias e Clarices/Num solo do Brasil/Mas sei que uma dor assim pungente/ não há de ser inutilmente a esperança/ Dança na corda bamba de sombrinha/Em cada passo dessa linha/pode se machucar/Azar, a esperança equilibrista/Sabe que o show de todo artista/Tem que continuar.”.

Este poema de João Bosco e Aldir Blanc, “O Bêbado e o Equilibrista” remarca a fimbria de brasilidade, resistência, indignação, nas condições mais desfavoráveis. O grito de esperança, e uma melodia que expressa a vontade de mudança verdadeira.

Hoje fazem 51 anos do golpe civil-militar de 1964. Exílio, cassações, torturas, assassinatos, perseguição de todos que enfrentassem e lutassem pela redemocratização do país. Estou em Porto Alegre, como membro da Comissão da Verdade dos docentes das Universidades (ANDES-SN) e da Comissão Nacional da Verdade da Reforma Sanitária. Muitas representações densas e significativas, agora já com a rede da Comissão da Verdade das Universidades. Aqui, terra de João Goulart, derrubado e cassado como o foram Leonel Brizola, Celso Furtado, Miguel Arraes, Luis Carlos Prestes, Jânio Quadros e tantos outros. A junta militar assume, em 15 de abril, Castelo Branco formaliza a trajetória da institucionalização da violência. Tanques, baionetas, militarização do enfrentamento a tudo que se movia contra a ditadura. Aqui, correm longos depoimentos impressionantes e candentes, por instituições da maior integridade e relevância social. Saúdam a todos que lutaram contra o estado de exceção. É muito pesado e amplo o legado da ditadura em nosso país. Exemplo, o ovo da serpente no conduio das empreiteiras, o financiamento privado com recursos público, muitas são as mesmas hoje, em promiscuidade do setor público com o privado e uma imensidão de condições desviantes, como a concentração da mídia no Brasil. O legado da violência policial vem de lá. A violência ambiental e genocídio de populações indígenas, autóctones e de periferias. Segundo o ex-presidente Médici, tido como o mais sanguinário ditador do regime civil-militar, “índios são soldados natos, e a aldeia é um quartel”. Deste lá, tratados como população transitória, que deve acabar. É incrível a semelhança e coincidências com hoje. De lá vem as bases da corrupção, impunidade e violência urbana e rural. Os estrategistas da ditadura não tinham certeza que os governos de 2002 até agora surgissem para tocar seus projetos. Hoje, a corrupção está naturalizada. Médici, dizia que “o homem não foi feito para a democracia”. – quando proibiu falar sobre racismo, índios, esquadrão da morte e temas proibidos para o regime. Tenho vergonha da estátua do Médici na saída de Cuiabá para São Paulo, e no colégio na beira da Avenida MT. Temos que lutar pela punição dos que cometeram crimes durante a ditadura civil-militar. O caminho da verdade é muito longo. É preciso rever a lei de anistia. Passar rigorosamente a limpo o passado é promessa de presente e futuro.

Waldir Bertúlio

Professor aposentado da UFMT

Quinta, 14 Maio 2015 17:18

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT 

O artigo de hoje é dedicado a quem têm dito que só contesto ações do governo petista, sempre perverso contra os trabalhadores; que tenho poupado de críticas os partidos de oposição.

Antes de tudo, um registro: não vejo oposição político-ideológica no quadro dos partidos brasileiros do momento. Com pontualidades expressadas pelo PSOL, os demais partidos com representação no Congresso Nacional são farinhas do mesmo saco; todos compactuam com o programa neoliberal.

Isso posto, vamos ao cerne: as lastimáveis lições que a PM do Paraná – sob tutela do governador Beto Richa/PSDB – expôs a todos no último dia 29 de abril.

Mas antes de comentar o significado pontual desse ocorrido, uma lembrança de âmbito geral: os governantes do PSDB, com exceções, também são famosos por não respeitarem a educação; logo, por desrespeitarem, de forma direta, os professores e os estudantes de nosso país, e de forma indireta, a sociedade em geral.

Exemplifico a afirmação, registrando que pelo menos mais três estados governados pelo PSDB estão vendo os professores em greve há mais de meses: Goiás e São Paulo. A truculência das PMs nesses locais, a mando dos governadores, também já nos é conhecida.

Todavia, nada superou, em termos de força policial, o que ocorreu no Paraná. As imagens chocaram nosso país, pois tudo aquilo parecia uma cena de guerra. Por si, elas já disseram bem mais do que qualquer conjunto de palavras ainda possa acrescentar.

Contudo, implicitamente, as imagens “ensinaram”, principalmente aos jovens, lições lastimáveis, se olharmos para a dinâmica do futuro. Dentre elas, que ser professor no Brasil é optar por mais uma profissão de altíssimo risco.

E esse ensinamento não é pouca coisa. Até o dia 29 de abril, o alto risco ficava por conta da violência urbana, liderada, principalmente, por ações de narcotraficantes nas imediações das escolas. É raro a semana que não vemos episódio de violência em alguma unidade escolar brasileira, colocando professores e estudantes sob condição de risco de morte.

Somando a isso e, agora, a truculência policial contra professores em legítimas greves, temos outras ações de violência, mas no campo do simbólico, contra a categoria docente. Do conjunto dessas outras ações, destaco a judicialização presente no cotidiano. Qualquer ação de um professor que venha desagradar um estudante ou a família de um estudante pode se transformar em um processo judicial.

Nesse sentido, ficou emblemático o apelo aos tribunais de um aluno que teve o celular tomado por seu professor.

Para aquele caso, e para a felicidade do colega e da própria educação nacional, o juiz de Direito Eliezer Siqueira de Sousa Junior, da 1ª vara Cível e Criminal de Tobias Barreto/SE, julgou improcedente a ação do aluno.

De qualquer forma, em casos tais, a violência simbólica já estava concretizada, pois o desgaste emocional de um professor para enfrentar tribunais da justiça já se consolidara. No caso pontuado, houve apenas uma reparação de dano.

Enfim, para além do quadro da degradação salarial, do excesso de trabalho de todos os profissionais dessa categoria, da falta de condições materiais na maioria dos espaços da educação formal do país, da judiciliazação da relação professor-aluno, da violência urbana, soma-se agora questão da violência policial contra professores em greve.

Diante desse quadro, fica cada vez mais difícil convencer um jovem a optar por ser professor, uma profissão tão digna quanto indispensável. Fica mais difícil acreditar numa “pátria educadora”.

Terça, 12 Maio 2015 13:01

 

Em minhas reminiscências sobre Cuiabá, alegrias de infância e adolescência em uma cidade acolhedora, tranquila e conectada visceralmente com a natureza. Quando retornava de férias estudando “fora”, primeira coisa no reencontro fora de casa era ir curtir o belo centro velho  mergulhar nas águas do Cuiabá, Ribeirão e Coxipó. Sempre foi fascinante palmilhar com os pés e perscrutar com os olhos aquela arquitetura bela nas estreitas ruas de paralelepípedos. Ali, porões soturnos, como a bafejar o grito de dor e indignação de escravos e índios, brutalizados pela insaciável violência da ocupação armada e sanha pela fortuna fácil do ouro abundante. As Lavras do Sutil foram vertentes de dor e lágrimas das vítimas, negros e índios, estes últimos que até então aqui viviam neste território, felizes e livres. É alto o preço deste progresso, distante de um marco civilizatório. No processo histórico desta cidade, idas e vindas, contenda que desagua por uma cidade saudável, frente a cidade imaginada que a gente quer de melhor para viver. Nestes tempos, mais do que antes, é preciso superar o ufanismo e cair na realidade que temos a nossa frente. Fica para trás tudo o que não lutamos que poderia ter sido feito para que tivéssemos uma cidade melhor. Afinal, qual cidade queremos? – Qual progresso? Certamente não é este, que vem se apresentando no empobrecimento da paisagem e do cotidiano urbano. Em uma cultura política que acumulou a prática da gestão pública como sinônimo de burocracia perversa e corrupta. Aí está recente o tal legado das obras da copa, acompanhado por legados malditos em profusão. Que nos joga para baixo, rumo a imobilidade urbana. Em uma cidade onde os aparelhos públicos coletivos foram historicamente menosprezados. Ruas poeirentas, esburacadas, esgotos a céu aberto, asfaltos esburacados, consertos com remendos passageiros, sinalizações péssimas, pedestres, ciclistas e transporte coletivo em planos inferiores. Calçadas irregulares, verdadeiras armadilhas. Transportes frágeis, ônibus capengas. Quase nada é cumprido, desde a qualidade dos veículos até os horários e que linhas passam por ali, e outros como a falta de refrigeração nos ônibus. Legislativos e órgãos de fiscalização e controle ao largo da possibilidade de intervenções para o bem coletivo. Sistema de esgotos precaríssimos, coleta e disposição final de lixo insuficiente, poluição de córregos e rios, mau cheiro por todo lado. Quase toda sujeira da cidade no difícil escoamento de águas vão para córregos já mortos, caindo nos rios Cuiabá e Coxipó. Ou ficando nos ajuntamentos de lixo por toda periferia da cidade. O mercado imobiliário faz o que quer, com poucas intervenções e se restringem ao Ministério Público. Criam-se condomínios e núcleos urbanos sem a infraestrutura necessária e adequada, desde o sistema de dejetos e transporte urbano. O problema do lixo urbano é um assunto sério a ser resolvido na dimensão que hoje se apresenta. Reservas ambientais urbanas, raríssimas e ameaçadas. Nenhum incentivo para criação de novas reservas e parques, aliás seria fácil incentivar reservas particulares urbanas. Territórios como o centro velho e outras referências históricas de Cuiabá, esvaziados pela primazia dos “chopins”, bandeira do mercado elitista. A modernidade é componente da necessária diversidade, é preciso sustentar os marcos culturais da cidade, com sua verdadeira revitalização. Revitalizar seria recompor o conteúdo, a estética da cidade para uma vivencia agradável nos variados territórios que demarcam o pertencimento e orgulho do lugar.  A poluição visual e sonora campeiam pela cidade. A falta de uso da inteligência e a morosidade na reorganização da cidade é gritante. Parece que é uma série de “puxadinhos”, gambiarras e um grotesco e anômalo progresso sem imaginário e memória social. Apesar de ocorrerem algumas melhorias na cidade, é de boa noticia a recriação de um órgão de Planejamento Urbano. Sem um órgão desta natureza, politicamente forte e com recursos para sua operacionalização, não chegaremos a nenhum avanço qualitativo. Quais os cenários para o presente e futuro da nossa cidade? Qual a participação decisória real da sociedade? Até os 300 anos é possível demonstrar por onde e como caminhar rumo a cidade que queremos. É preciso superar as gambiarras urbanas da nossa Urbe Querida.

Waldir Bertulio

Professor aposentado da UFMT

Sexta, 08 Maio 2015 11:22

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT 

Conforme preceitos das “Sagradas Escrituras”, o retorno dos humanos ao pó se dá após a conclusão do ciclo de vida, que pode ser longa ou não. Assim, todo ser que do pó veio – em geral depois de ter comido o pão que o diabo amassou – a ele retornará; ou seja, materialmente falando, voltará ao espaço do nada.

Pois bem. Este preâmbulo, sustentado por uma sentença bíblica, serve agora para falar do retorno ao espaço da insignificância política que o Partido dos Trabalhadores (PT) já está trilhando.

Após ter sido uma das legendas mais influentes das últimas décadas – oriundo das camadas populares em parceria com a nata da “intelligentsia” brasileira, e ladeado por sujeitos progressistas da Igreja Católica – o PT começou, há alguns meses, a descer a ladeira do Senhor do Bonfim. Desgovernado, o Partido se parece com aquela vaca da campanha eleitoral, mas atolada na lama.

Pergunta elementar: como é possível saber quando um partido político tão importante como o PT entra nos momentos finais de sua existência, ou de sua importância política?

Simples: quando sua voz não é mais ouvida. Pior: quando sua voz sequer é suportada pela maioria das pessoas. Eis o caso.

E para quem ainda tinha alguma dúvida da agonia política do PT, em cinco dias, dois episódios puderam ajudar na revelação desse estágio de coma em que o partido está imerso.

O primeiro dos episódios, na verdade, foi a falta de verbo, essência para qualquer atividade de poder, que, muitas das vezes se sustenta apenas pela mera exposição de discursos.

Explicando: no dia 01 de maio, internacionalmente comemorado como o dia do trabalhador, o Partido dos Trabalhadores não pode fazer o tradicional discurso para marcar a data.

A presidente da República – que é uma das principais estrelas daquela constelação de decadentes – foi obrigada a quebrar uma tradição de longa data. Ficou muda. Perdeu a fala. Cortaram a língua da rainha do Alvorada.

Motivo: a presidente não discursou porque qualquer fala sua teria sido abafada pelo barulho de panelas, buzinas, cornetas etc. Raro seria o brasileiro – até mesmo entre os mais pobres e os dependentes do FIES – que pararia para ouvir seu blá-blá-blá.     

O segundo dos episódios que revelam a agonia do PT foi exatamente o uso do verbo.

Como assim?

Na tentativa de quebrar o silêncio da presidente do dia 01 de maio, o PT, no dia 05, usou a cadeia de rádio e TV para sua propaganda política, na qual a presidente aparece apenas em imagens; de novo, a mulher não falou.

Todavia, de nada adiantou sua mudez. Mal começou a propaganda política do PT e as pessoas, Brasil afora, começaram a protestar usando panelas, cornetas, buzinas etc.

Com isso, uma constatação significativa: o problema não é necessariamente com a chefona do Alvorada; é com todos e com tudo que possa estar identificado com o PT.

Por que isso?

Por vários motivos.

Um deles: essa sigla não consegue mais se desvencilhar de denúncias de corrupção. Há uma equivalência de base: falar de corrupção é falar de alguém do PT, que invariavelmente tem se justiçado da seguinte forma: “eles também são corruptos”.

Outro motivo: o estelionato eleitoral empreendido na cara dura pela moradora do Alvorada. Tudo o que ex-candidata disse que não faria contra os mais pobres da sociedade, fez, faz e fará na condição de reeleita.

Por tudo isso, ela não pode mais falar. Dificilmente se recuperará da mudez.

Para piorar o que já é ruim, o PT está nas teias do PMDB; ou seja, é asfixia política. Dessa enroscada, será bem difícil sair com vida.

Quinta, 07 Maio 2015 12:39

 

JUACY DA SILVA*


Desde os escritos  de Malthus, principalmente com a publicação intitulada “Ensaios sobre o crescimento populacional”  em 1.798, existe um debate entre  a capacidade de produção de alimentos e matérias primas no planeta e o crescimento demográfico.

Observando o crescimento populacional, a produção de alimentos e a melhoria dos níveis de bem estar nos quatro séculos que antecederam  suas pesquisas, Malthus  resumiu sua teoria afirmando que enquanto a capacidade de produção de alimentos e matérias primas crescia em uma progressão aritmética, o crescimento populacional seguia um projeção geométrica. Se nada fosse feito, com certeza a fome e a mortalidade acabariam se encarregando de restaurar um equilíbrio entre  estes dois vetores.

Em 1800, dois anos após a publicação da obra de Malthus, a população mundial era de aproximadamente UM BILHÃO de habitantes. Cinco décadas  depois, em 1.850,  a população mundial havia atingido  o patamar de 1.265  bilhões, ou seja, foram necessários 50 anos para que o mundo tivesse  este aumento populacional.

Em 2000 a população mundial atingiu 6.090  bilhões  de pessoas e no dia 01 de julho próximo (2015)  seremos 7.325 bilhões  de habitantes no planeta terra. Em apenas 15 anos a população mundial cresceu em 1.163  bilhões de habitantes, ou seja,  4,4  vezes o crescimento de cinco décadas no período após a publicação dos estudos de Malthus.

As previsões  de Malthus não se concretizaram de forma tão catastróficas como ele imaginava, principalmente pelo avanço da ciência e da tecnologia que permitiram uma verdadeira  revolução na produção agrícola, pecuária e de diversas matérias primas animais, vegetais  e minerais.  A fome, mesmo muito presente  em diversas partes do mundo, que  afeta mais de dois bilhões de pessoas, ocorre muito mais pelos desníveis socioeconômicos e exclusão dessas pessoas  do que propriamente pela falta de produção.

Todavia, desde a publicação  da obra “Os limites do crescimento” pelo Clube de Roma  em 1972, além da primeira  conferência do meio ambiente  realizada pela ONU em junho de  1972, em Estocolmo na Dinamarca até a próxima conferência sobre mudanças climáticas, a ser  realizada  entre 30 de novembro e 11 de dezembro deste ano (2015), tanto a ONU quanto diversos organismos internacionais , universidades e instituições de pesquisas governamentais e não governamentais  tem batido na tecla dos limites e hiato entre um  crescimento acelerado da população e como consequência imediata o aumento rápido do consumo, seja decorrente do aumento demográfico em si, seja pelo aumento do poder aquisitivo de grandes massas até então alijadas do Mercado e também pelo enorme desperdício que ocorre em todos os países.

A ampliação da produção e oferta de alimentos e matérias primas  de forma  rápida tem ocorrido em total desrespeito ao meio ambiente, razão pela qual a ONU  tem enfatizado ao longo dos últimos 43  anos a importância  de serem incluídas a ideia  e  as práticas de sustentabilidade, ou seja, o  crescimento econômico tem um prêco ambiental. Não é justo e nem ético que as atuais gerações  deixem  esta fatura para as próximas gerações.  A  maior parte dos recursos naturais  são finitos e a sua exploração sem critérios de sustentabilidade e  respeito ambiental vai aumentar os problemas em todos os países. Recursos como água, solo, subsolo, fontes energéticas  e mesmo o ar, devem ser tratados com parcimônia e respeito pelas  gerações atuais, principalmente  o setor produtivo e os consumidores.

Entre  1972  e os dias atuais vários alertas já foram dados na forma de  estudos, conclusões e recomendações de inúmeros  eventos, principalmente sob os auspícios da ONU, valendo destacar: A Eco-92, conferência sobre meio ambiente realizada em nosso país; o Simpósio sobre  desenvolvimento sustentável realizado em Johanesburgo, África do Sul  em dezembro de 2002;  o Protocolo de Kyoto, sobre o Clima, a conferência da ONU  sobre mudanças climáticas realizada em dezembro de 2009, em Copenhagen, Dinamarca; a Rio + 20,  sobre desenvolvimento sustentável, realizada novamente no Brasil em 2012  e no ano de 2014, os  simpósios  e pré-conferência sobre  as mudanças climáticas em New York e Lima, como preparação do que poderá  ser a grande conferência de Parias no final deste ano.

Percebe-se que o desenvolvimento mundial e de cada país, cada estado/província  e municípios  tem que estar  articulado com uma grande agenda verde, onde as questões ambientais diretas  ou indiretas precisam estar no âmago das diversas políticas públicas, sob pena dos problemas que enfrentamos hoje tornarem-se mais graves e de difícil solução.

A pergunta que não quer se calar:  Será que nossos  governantes, empresários, universidades, ONGs, enfim , a população em geral, tem consciência das catástrofes que poderão afetar bilhões de pessoas, o nosso futuro planetário e também nosso futuro imediato como pessoas?

*JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta.  Email  O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

Terça, 05 Maio 2015 08:26

 

Precisamos de um Planejamento Urbano para nossas cidades, tendo clareza de que o mesmo não pode se constituir em uma panaceia. Não há varinha mágica para resolver os estrangulamentos, os enormes problemas e desafios para estabelecer os rumos pertinentes para chegarmos a ser uma cidade saudável. O Planejamento Urbano é um instrumento para conhecer e estabelecer ordenamento nas formas adequadas e compatíveis com as demandas e necessidades de uma ou mais cidades. Tem enorme contribuição e validade para estabelecer parâmetros e critérios para a ocupação urbana em busca da melhor qualidade de vida da população. Se Cuiabá já tem desafios difíceis de transpor, pelo legado extenso de verdadeiras gambiarras urbanas, imaginem em Várzea Grande. Cidade há longo tempo abandonada a sua própria sorte. Ou azar, se considerarmos as chances que teve para ter uma boa infraestrutura e aparelhamentos socioculturais. Simplesmente, teve dois governadores, mandatos de deputado estadual, federal e senadores. A cidade nunca foi pensada com mínima seriedade em sua organização espacial, senão como mercado de expansão mercadológica, imobiliária e de interesses financeiros, que raramente retornaram para construir o conforto urbano nesta cidade. Teve tanto tempo como segundo orçamento municipal em Mato Grosso, e proporcionalmente deficitária nos investimentos estruturais e sociais para a cidade. Posou por tempos como uma “cidade industrial” sem   que se pudesse ver o retorno de investimentos em benefício da cidade. Onde ficou o interesse e a visibilidade de gestores e políticos para que se tornasse de fato uma cidade confortável para viver? Impostos não serviram para melhoria da cidade?  Governanças, via de regra, atabalhoadas e de interesses deslocados dos investimentos necessários na malha urbana.  Voltados para interesses de pequenos grupos e chefes políticos locupletando-se do poder e da coisa pública. A gambiarra política e de gestão é sempre fazer de conta que fazem, iludindo a população em práticas absolutamente clientelistas e patrimonialistas. Enredados no conservadorismos e atraso, sob os auspícios e legado do regime de exceção. Devemos esperar que com a modificação da composição populacional, esta estrutura de poder político pode perder sua hegemonia (como já vem acontecendo). Para tal, é necessário uma verdadeira varredura nas lideranças antigas e até recentes, que insistem nos descaminhos que trouxeram Várzea Grande a um patamar de ser das piores cidades em conforto para se viver em Mato Grosso. Se trabalharmos indicadores em políticas sociais como saúde, educação, infraestrutura, comparando com sua renda histórica, seu desempenho cai a níveis bastante inferiores a cidades muito menos desenvolvidas. Nem se fala em reurbanização, em planos diretores elaborados com o rigor e diagnostico necessário. Raríssimas praças, áreas de lazer, sem ruas e calçadas arejadas, sem centros culturais e de lazer, pouco para esportes. Sem ciclovias, nem mesmo na própria Avenida da FEB. Sistemas de dejetos líquidos e sólidos praticamente ausentes, ainda se falando hoje no superado e proibido “lixão”. Poluição hídrica, sonora, visual e aniquilamento da perspectiva e necessidade de amplos aparelhos sociais. Transporte coletivo uma lastima. A cidade segue ao “léu”, como se fosse realmente uma cidade dormitório, distanciando abissalmente da sua memória social. A imobilidade e o atraso são impostos por maioria de gestões públicas e Legislativos distantes de honrar a representação concedida pelos eleitores (as). Como nestas condições falar em atrair projetos de renda e emprego? Várzea Grande ainda pode ser salva, se pelo menos acompanhar os ventos de mudança contra o patrimonialismo operados até agora pelo novo governo instalado no Palácio Paiaguás, operando uma ética de gestão na contramão de maior parte da cultura institucional desviante e intransparente acumulada em MT. É necessário drástica mudança política. Vamos esperar até quando?


Waldir Bertulio

Professor aposentado da UFMT

Sexta, 01 Maio 2015 09:56

 

 

Em 1957 foi inaugurada em Cuiabá uma ala do futuro hospital psiquiátrico - único no Estado não dividido, no distrito do Coxipó da Ponte, com o nome de Hospital Colônia de Alienados. 
Houve parcos recursos federais para o início da obra, ficando o custeio e a gestão por conta do pobre Estado de mais de um milhão de quilômetros quadrados. 
Em 1966 o hospital era um imenso depósito de doentes mentais, muitos acorrentados, isolados em celas fortes, vivendo como todos os demais internos em condições sub-humanas. 
Faltava tudo para o funcionamento do manicômio: equipe especializada de saúde, medicamentos, leitos, alimentação e segurança. 
A promiscuidade entre homens, mulheres e crianças, maltratava a sensibilidade dos médicos, especialmente os mais jovens, e afastava a sociedade daquele hospital mal assombrado pelo terror. 
Com o apoio decisivo e incondicional do jovem governador da época, Pedro Pedrossian, e do seu Secretário de Saúde Clóvis Pitaluga de Moura, recursos e autonomia foram ofertados para a recuperação da chamada vergonha mato-grossense. 
Naquela ocasião Pedrossian sancionou uma lei estadual dando o nome de Hospital Adauto Botelho à casa desumanizada. 
O velho depósito de pacientes irá fechar por força de lei federal e seus infelizes pacientes jogados nas ruas, já que os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) não funcionam na prática. 
Falar que esses pacientes irão para hospitais da rede pública é uma falácia, pois não há hospital público para atender a demanda atual, e novos estabelecimentos ainda estão nas pranchetas de municípios sem recursos. 
A própria coordenadora de saúde mental do município, reconhece que “não foi feito nenhum planejamento na época do fechamento do Pronto Atendimento do Adauto junto ao Estado para lidar com a questão”. 
Hoje a gestão é do falido município, mas, o Estado e o governo federal têm responsabilidades no funcionamento desse importante setor especializado, tão carente de equipe multidisciplinar para suas atividades. 
A situação do doente mental em nosso estado é gravíssima! 
Seria possível o surgimento de um contemporâneo Pinel por estas bandas?

Gabriel Novis Neves
09-04-2015 

Segunda, 27 Abril 2015 13:59

 

JUACY DA SILVA*
 

Durante décadas a Petrobrás foi um símbolo da soberania e sonho do povo brasileiro, um verdadeiro orgulho nacional. Desde  a memorável  campanha de O PETRÓLEO É NOSSO, nos anos cinquenta, ate o descobrimento do pré-sal, a história da estatal  tinha sido de glória e eficiência.

Todavia,  este círculo virtuoso de crescimento, eficiência e posicionamento entre  as 10  maiores companhias petrolíferas no mundo, foi quebrado de forma vergonhosa  com a chegada do PT ao poder e o aparelhamento  das estatais, fundos de pensão e administração direta, que passou a fazer parte de seu projeto de poder. Para tanto, o Presidente Lula nomeou alguns diretores corruptos, que acabaram formando verdadeiras quadrilhas  que  assaltaram e dilapidaram bilhões de dólares da Petrobrás.

Dilma que participou com ministra das Minas e Energia e posteriormente como Ministra-Chefe da Casa Civil, e, nesta  condição, Presidente do Conselho de Administração da maior companhia brasileira, e ultimamente como Presidente da República , mesmo tendo ao seu dispor uma série de organismos  de controle interno e externo, da mesma forma que Lula, nunca soube de nada, nunca viu nada, nunca ouviu nada. A corrupção correu solto durante doze anos e envolvia gente importante do Governo e empresários de peso, que também tinham livre acesso aos gabinetes  ministeriais e ao Palácio do Planalto   e participavam dos banquetes do poder, vários dos quais deixaram seus  gabinetes de luxo e mordomias  e hoje estão no xilindró em Curitiba, graças as decisões do juiz federal Moro.

Coube a este Juiz que até o momento tem conseguido manter sua espinha vertebral ereta  e não tem se curvado às ameaças  e encantos do poder, com a colaboração do Ministério Público Federal  e da  Polícia  Federal, bem como dados e informações levantados e trazidos a público pelos meios de comunicação de massa, TCU  e uma  vaga contribuição do Congresso Nacional, que na maioria das investigações através de CPIS  tem  se comportado como um anexo ou   puxadinho do Palácio do Planalto, graças a uma maioria parlamentar composta pelos partidos da base de apoio ao Governo, extremamente subserviente aos interesses dos donos do poder, desvendar  o que até agora tem sido considerado o maior escândalo de corrupção do Brasil e do mundo, talvez em breve possa ser ultrapassado pelo que uma próxima CPI do BNDES.

Nesta   última quarta  feira, 22 de Abril, deve  passar para  história brasileira como a data da vergonha nacional, quando   a PETROBRÁS,  depois de muitas relutâncias  divulgou seu balanço  anual de 2014 e, de forma clara e cristalina informou que teve um prejuízo de R$ 21,6 bilhões de reais, dos quais nada menos do que R$6,2 bilhões de reais, ou seja, 3% do faturamento bruto da estatal , foi devido a corrupção. Todavia, todos sabem que a corrupção em alguns casos chega até a 10%  dos contratos,  e se for aplicado  o  percentual de 5%, ao invés de 3%,  o rombo provocado pela corrupção chega a R$10,3  bilhões e as “perdas” totais podem chegar a R$25,7 bilhões em 2014.

Como a roubalheira das quadrilhas comandadas pelos diretores que até o momento já foram identificados,  agia abertamente há doze anos e não apenas em 2014, quando o escândalo ganhou  os meios de comunicação de massa, o montante  das perdas da PETROBRÁS  pode  chegar  a mais de R$150  bilhões de reais.  Estudos  do Grupo de economia e soluções ambientais  da Fundação Getúlio Vargas avaliou que as perdas da PETROBÁS  chegaria a R$87  bilhões de reais, e que o patrimônio  da empresa perdeu 80% de seu valor em doze anos, além de que seu endividamento poderá chegar a R$300  bilhões  no final de 2015.

Os impactos da queda de investimentos, o mais baixo nível em 20 anos, em 2014 representou  20%  a menos do que a média histórica, ou seja, a Estatal por problemas da corrupção, falta de caixa e rompimento de contratos, reduziu  seus investimentos em R$ 27,5  bilhões de reais.  No momento existe  uma pressão muito grande para que a estatal corte custos, inclusive os decorrentes  da   ineficiência e da corrupção,  caso isto não  ocorra a mesma  terá que se desfazer de parte de seu patrimônio  e com baixa capacidade de investimentos, agravada pela queda do preço internacional do petróleo, existe uma grande probabilidade de que o pré-sal  tenha que revisar  suas metas e calendário.

Por ultimo, a divulgação do balanço da PETROBRÁS  e a confissão pública da existência da corrupção e o montante da roubalheira, ganharam as manchetes dos principais jornais de vários países europeus, Estados Unidos, Canadá e América Latina e do Brasil. Além disso, o maior fundo de pensão Suécia que é um investidor da PETROBRÁS  está  entrando na Justiça internacional, da mesma forma que nos EUA, devem representar mais uma pedra  no sapato da estatal  e uma mancha indelével  na imagem da empresa, do país e , principalmente, do governo petista, já considerado um dos governos mais corruptos na história brasileira.

A novela  corrupção na PETROBRÁS  , no  governo Dilma  e o envolvimento de partidos e políticos  da base  aliada, tendem  a se  agravar nos próximos meses à medida que os políticos constantes  da Lista do Procurador Geral do MPF, Janot comecem  a  ser investigados e denunciados  vai ser mais gasolina na fogueira e uma  pressão muito grande para o impeachment  ou renúncia de Dilma. Os gritos FORA DILMAFORA PT, FORA CORRUPTOS vão ecoar  com mais vigor nas  próximas manifestações  populares.

 

*JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia,  articulista de A Gazeta.  E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.  Blog  www.professorjuacy.blogspot.com  Twitter@profjuacy