Sexta, 26 Março 2021 18:23

 

 

Os deputados da base governista de Bolsonaro correm para nomear os integrantes da Comissão Especial que irá debater o projeto 1595/2019, que altera a legislação antiterrorismo no país. Dos 34 titulares, 20 já foram escolhidos.

 

A criação da comissão foi autorizada pelo presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) na semana passada, após uma manobra do deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), autor do projeto. O texto estava parado desde 2019, mas com a criação de uma comissão especial, na prática, isso permitirá o projeto pular a tramitação normal.  O relatório poderá ser apresentado em até 40 sessões e, se aprovado, vai direto para o plenário.

 

O projeto de Vitor Hugo – ex-líder do governo na Câmara e atual líder do PSL – amplia as hipóteses dos atos tipificados como terrorismo, permite punir meros “atos preparatórios”, estabelece que ações contraterroristas possam ser consideradas “hipóteses de excludente de ilicitude”, abre espaço para infiltração de agentes públicos e para “técnicas operacionais sigilosas”, entre várias outras alterações na atual legislação.

 

Várias organizações divulgaram nota de repúdio ao retorno da tramitação do projeto e que pede que o presidente da Câmara não instaure a comissão. Em carta, destacaram que “o PL 1595/19 é parte de uma lista extensa de projetos que têm como pretexto o fomento de novas modalidades de controle da sociedade e que tem por objetivo criminalizar a atuação de lideranças, movimentos de base e organizações da sociedade civil”.

 

Em notas técnicas, as organizações alertam que o projeto cria um novo conceito de ‘ato terrorista’, tornando impossível diferenciá-lo de um crime comum e criminaliza a mera intenção, abrindo espaço para violações de direitos fundamentais. O texto define ainda que ações contraterroristas configurarão hipóteses de excludente de ilicitude, retomando novamente a política de “liberdade para matar” já defendida pelo governo de Bolsonaro em outros momentos.

 

Ofensiva autoritária

 

A retomada desse projeto de lei antiterror se soma à escalada autoritária que Bolsonaro vem colocando em prática no momento em que o governo se vê cada vez mais pressionado e acuado com o país à beira do caos na pandemia, por conta de sua política negacionista e genocida.

 

Segundo pesquisa do DataPoder 360, divulgada na quinta-feira (18), 54% da população avalia o governo federal como ruim ou péssimo. A desaprovação é recorde e não é para menos. Por culpa de Bolsonaro, os brasileiros estão morrendo pelo vírus ou pela fome, com a brutal crise sanitária e social no país.

 

Já são vários casos em que o Ministério da Justiça está usando a LSN (Lei de Segurança Nacional), um entulho da ditadura, para perseguir quem critica Bolsonaro e seu governo. São docentes, ativistas, jornalistas e cartunistas alvo de processos, presos ou intimidados.

 

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O advogado e integrante do Setorial do Campo da CSP-Conlutas Waldermir Soares Jr. lembra que o objetivo original dessa legislação no Brasil, sob a falsa justificativa de combate ao terrorismo, sempre foi criminalizar a luta política.

 

“A lei antiterror é fortalecida no país após manifestações de junho de 2013, bem como após outras fortes lutas os protesto contra as obras da Copa, as Olimpíadas e remoções de pessoas em razão das obras do PAC – Plano de Aceleração do Crescimento, dos governos do PT. É uma legislação à la carte para garantir os interesses do capital financeiro transnacional. Em 2016, diversos movimentos sociais se posicionaram contra o texto original da lei que claramente criminaliza a luta politica e alguns pontos acabaram revistos para a aprovação”, relata.

 

“Agora, com medo de que as mobilizações retornem pós-pandemia e início do processo eleitoral, Jair Bolsonaro e Arthur Lira, seu porta-voz na Câmara, buscam alterar o texto aprovado em 2016 para criminalizar ainda mais os movimentos sociais e ter mais um instrumento antidemocrático como a Lei de Segurança Nacional – LSN”, afirmou.

 

Para Waldemir, é fundamental que a classe trabalhadora e suas organizações se mobilizem para denunciar e impedir a tramitação desse projeto, bem como enfrentar as ofensivas autoritárias de Bolsonaro. “Ditadura nunca mais”, concluiu.

 

Fonte: CSP-Conlutas

 

Segunda, 10 Junho 2019 09:20

 

Polícia Militar usa violência para impedir manifestantes de se protegerem, em prédio público, de temporal que assolou Salvador

Durante sete horas, a PM ameaçou docentes e estudantes do uso da força para expulsá-los do prédio.

Docentes e estudantes das Universidades Estaduais da Bahia (Ueba) foram vítimas de repressão policial na quarta-feira (5).

Os manifestantes acampavam em frente à Secretaria de Educação (SEC) quando uma forte chuva assolou, no final da tarde, a cidade de Salvador (BA).

De imediato, um grupo conseguiu se abrigar no saguão da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado (Secti). Logo depois chegou a Polícia Militar (PM) e impediu a entrada dos outros manifestantes.

Durante sete horas, a PM ameaçou docentes e estudantes do uso da força para expulsá-los do prédio.

Os policiais proibiram a entrada de água, comida e o acesso aos banheiros. Após exaustiva negociação, os manifestantes se retiraram do prédio, às 5h, debaixo de chuva, mas com a promessa de reunião no dia seguinte com a Secretaria de Relações Institucionais (Serin) da Bahia.

Na quarta-feira, pela manhã, devido a compromissos na agenda da secretária da Serin, Cibele Carvalho, a reunião foi interrompida. Ela seria remarcada no período da tarde, porém, a pasta não confirmou.

Para Luiz Blume, 1º vice-presidente da Regional Nordeste III do ANDES-SN, a disposição dos docentes e estudantes em continuar pressionando o governo teve resultado. 

“A partir da entrada, não permitida, no prédio da Secretaria de Ciência e Tecnologia e também com a negociação da nossa saída do prédio de madrugada foi possível fechar uma reunião com a Secretaria de Relações Institucionais, que não estava confirmada até então. Os estudantes também conseguiram confirmar a reunião deles”, ressaltou.

O diretor do ANDES-SN criticou ainda a forma “truculenta” como o governador Rui Costa (PT) vem lidando com o movimento docente e estudantes nos últimos anos.

Ocupação
Os manifestantes acampavam desde terça (4) a área externa da SEC, após serem impedidos de entrar no prédio para protocolar a pauta de reivindicação. É a terceira contraproposta elaborada pelos docentes.

Greve 
Os docentes das universidades estaduais de Feira de Santana (Uefs), Sudoeste da Bahia (Uesb), Santa Cruz (Uesc) e da Bahia (Uneb), estão em greve há mais de 60 dias. Ataques à carreira e aposentadoria, arrocho salarial e contingenciamento são alguns dos problemas enfrentados pelos docentes.

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Quarta, 05 Junho 2019 14:00

 

Se a balbúrdia foi pretexto para cortar 30% dos recursos das universidades, o som alto foi alegação para perseguir o sindicato dos correios que foi invadido pela polícia e teve documentos da organização da greve geral de 14 de junho apreendidos.

A atuação da polícia no ato de 30 de maio já foi antidemocrática quando mandaram o carro de som desligar enquanto a manifestação justa e legítima ainda estava em curso. Ao ouvirem críticas ao seu autoritarismo, a polícia militar elevou o tom e só não prendeu a cantora porque ela foi escoltada pela multidão e retirada do local do ato.

Agora a polícia continua marcando e aprofundando sua posição autoritária quando invade a sede do sindicato dos correios, prende seus dirigentes e desfere tiros de armas de fogo.

A política autoritária brasileira vem matando aqueles que lutam pela história: de Dandara e Zumbi à Margarida e Marielle Franco. Ainda assim, jamais nos calaram, denotando que somos sementes, sempre multiplicando aqueles que lutam!

A perseguição praticada contra o sindicato dos correios apenas indica o receio dos poderosos do sucesso que se anuncia da greve geral de 14 de junho e, sim, pretendemos abalar as estruturas do governo Bolsonaro que vem atacando severamente os direitos dos mais pobres! Enquanto o povo não puder voltar a sonhar com dias melhores não deixaremos as autoridades dormirem! Estaremos nas ruas para defender nossas bandeiras de luta!

Contra os cortes na educação!
Contra a reforma da previdência!
Contra o autoritarismo!

Terça, 04 Junho 2019 11:03

 

A Intersindical- Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora denunciou nesta segunda-feira (3) a repressão da polícia ao Sindicato dos Trabalhadores dos Correios no Mato Grosso.

 

Segundo a denúncia, o Sindicato foi invadido numa confraternização após plenária de preparação da Greve Geral, sob o argumento de denúncia de som alto.

 

A invasão não se justificava, muito menos a agressão. “[A polícia] invadiu a sede, levou vários documentos que tratavam da greve geral e para tentar impedir que sua ação fosse registrada, espancou vários trabalhadores, atirou com arma letal e prendeu seis trabalhadores que em sua maioria são parte da direção do Sindicato.”

 

A CSP-Conlutas repudia a repressão e ataque à autonomia das entidades sindicais. Nossa Central também se solidariza com os trabalhadores dos Correios de Mato que lutam contra a privatização da empresa e contra a Reforma da Previdência.

 

Leia abaixo a nota da Intersindical:

 

POLÍCIA NO MATO GROSSO INVADE SINDICATO DOS TRABALHADORES NOS CORREIOS, ATIRA, ESPANCA E PRENDE DIRIGENTES SINDICAIS

 

É a repressão do Estado a serviço do governo Bolsonaro que quer atacar as Organizações de luta e defesa dos direitos da classe trabalhadora.

 

3 de junho de 2019

No último domingo (02/06), a direção do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios no Mato Grosso se reuniu para organizar a participação da categoria na Greve Geral do dia 14 de junho contra a reforma da Previdência, as privatizações e o conjunto dos ataques do governo Bolsonaro.

 

Após a reunião, aconteceu uma confraternização e com o falso pretexto de receber denúncia de som alto, pois desde a primeira vez que as viaturas chegaram o som já estava baixo e o volume foi diminuído ainda mais, a Polícia invadiu o Sindicato.

 

A intenção de atacar um Sindicato que está na luta em defesa dos trabalhadores ficou escancarada: a Polícia se dirigiu até o Sindicato por três vezes, na terceira vez pulou o muro, invadiu a sede, levou vários documentos que tratavam da greve geral e para tentar impedir que sua ação fosse registrada, espancou vários trabalhadores, atirou com arma letal e prendeu seis trabalhadores que em sua maioria são parte da direção do Sindicato.

 

O argumento de que se tratava de uma reclamação de som alto de um casal de vizinhos que ainda mente dizendo que foram ameaçados por quem estava sendo espancado pela Polícia, só escancara que a intenção da repressão do Estado era atacar um Sindicato de trabalhadores.

 

É a mesma Polícia que pelo Brasil afora avança no ataque à vida dos mais pobres nas periferias e que a cada dia tenta avançar na repressão contra as Organizações de Luta da classe trabalhadora que estão no firme combate a política do governo Bolsonaro que já admitiu que odeia pobres e quer exterminar os direitos dos trabalhadores.

 

O Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Mato Grosso que faz parte da Intersindical- Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora, é um dos principais Sindicatos no estado que está na linha de frente da luta contra as privatizações que começa pelos Correios e a reforma da Previdência que o governo Bolsonaro tenta impor.

 

A ação do Polícia Militar está a serviço dos interesses daqueles que querem a privatização e a reforma da Previdência, o que vai significar a retirada de direitos, mais arrocho salarial e desemprego para os trabalhadores e mais lucros para o grande Capital.

 

Não nos calarão, a luta contra as privatizações e a reforma da Previdência continua e se amplia: além de denunciar na Corregedoria e demais órgãos competentes a ação completamente ilegal da Polícia de invadir um Sindicato, espancar e prender trabalhadores, nossa principal resposta é o fortalecimento da luta tanto nos Correios, como em conjunto com a classe trabalhadora contra os ataques desse governo que quer semear a violência e a morte para os trabalhadores para colher cada vez mais lucros para o Capital.

 

EM DEFESA DOS DIREITOS E DAS ORGANIZAÇÕES DE LUTA DOS TRABALHADORES A LUTA SEGUE E SE AMPLIA

 

DIA 14 DE JUNHO É GREVE GERAL CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA, AS PRIVATIZAÇÕES, EM DEFESA DOS DIREITOS E DA VIDA DA CLASSE TRABALHADORA

 

Fonte: CSP-Conlutas

 

 

Quinta, 09 Março 2017 11:25

 

Pelo menos cinco pessoas foram detidas e dezenas ficaram feridas durante uma manifestação em frente à Reitoria da Universidade de São Paulo (USP), na tarde de terça (7). O ato, que reuniu docentes, servidores e estudantes, se manifestava de maneira contrária à proposta da Reitoria da USP - que estava sendo avaliada pelo Conselho Universitário (CO) no mesmo momento - e prevê um corte de gastos que implicará na demissão de milhares de trabalhadores concursados e também na ausência de reajuste salarial.

 

Durante a manifestação, a Força Tática da Polícia Militar (PM) de São Paulo, reprimiu duramente os presentes, e chegou a agredir e a deter uma professora do Colégio de Aplicação da universidade, que apenas tentava proteger seus alunos. Bombas de gás e spray de pimenta foram utilizados contra todos, inclusive crianças que participavam da manifestação. A ex-dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), Diana Assunção, foi atingida pelas costas por um cassetete e teve corte na cabeça, sendo hospitalizada.

 

Já dentro do CO, a proposta foi aprovada por 52 votos contra 32, com duas abstenções. Destaques que podem desfigurar o ataque serão avaliados em uma próxima reunião, ainda sem data.

 

César Minto, presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp – Seção Sindical do ANDES-SN), criticou duramente a repressão comandada pela PM paulista. “A USP virou uma praça de guerra. A PM quis reprimir uma manifestação pacífica e bastante significativa, construída pela comunidade acadêmica da instituição”, afirma o docente.

 

Sobre a proposta da Reitoria, o presidente da Adusp-SSind a classifica como caótica. “Se ocorrer o que a Reitoria está planejando, a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão será afetada diretamente. Essa proposta não vem por acaso, faz parte de um projeto de contrarreforma do Estado e de desmonte da universidade pública”, critica César Minto.

 

A Adusp-SSind realizará assembleia geral na quinta (9), às 17h, para discutir os rumos da mobilização contra o projeto da reitoria. Estudantes da USP já convocaram uma mobilização, também para quinta-feira, às 15h, em frente à Reitoria, e terão assembleia geral às 18h.

 

Entenda a proposta da Reitoria da USP

 

Denominada “Parâmetros de Sustentabilidade Econômico-Financeira da USP”, a proposta da Reitoria complementaria o artigo 22 do Estatuto da USP, estabelecendo que, além do orçamento anual, as gestões reitorais deverão elaborar normas orçamentárias anuais e quadrienais.

 

O ponto mais grave é que, nos moldes da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), essa proposta impõe limites aos gastos totais com pessoal — e autoriza a Reitoria a, sempre que esse limite vier a ser ultrapassado, exonerar inclusive servidores concursados, sejam eles docentes ou funcionários técnico-administrativos.

 

As normas orçamentárias propostas deverão seguir os parâmetros que dão título ao documento, definidos no Capítulo II, que estabelece como limite máximo de gastos totais com pessoal “85% das receitas relativas às liberações mensais de recursos do Tesouro do Estado de São Paulo”.

 

Além disso, o texto estabelece que, a partir do percentual de 85%, ações de redução de gastos serão necessárias, como indicado no artigo 169 da Constituição Federal que prevê inclusive a exoneração de funcionários estáveis, como indica o parágrafo § 4º: “Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal”.

 

A proposta da Reitoria prevê ainda que no mínimo 40% do número de servidores ativos sejam docentes; depois do segundo Programa de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV) esse percentual é de aproximadamente 30% (6 mil docentes para 14 mil técnico-administrativos, aproximadamente). Se o número de docentes for mantido, isso implicará a exoneração de quase 5 mil técnico-administrativos nos próximos anos (além dos cerca de 3 mil já demitidos via PDVs). A regra passaria a valer a partir de 2022, mas as regras transitórias buscam garantir que em pouco tempo esses percentuais sejam atingidos.

 

ANDES-SN divulga nota sobre a repressão na USP

 

A diretoria do ANDES-SN esteve presente na manifestação realizada na USP e, em virtude da violência e dos ataques à educação pública promovida pela reitoria da USP, elaborou uma nota de repúdio.

 

Confira aqui a nota da diretoria do ANDES-SN sobre a repressão na USP

 

Com informações de Adusp-SSind, DCE Livre da USP, CSP-Conlutas, Esquerda Diário, Esquerda Online. Imagens de Daniel Garcia.

 

 Fonte: ANDES-SN

Segunda, 12 Dezembro 2016 08:41

 

Com o governo federal tentando aprovar a qualquer custo a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55/16, que corta investimentos em educação e saúde por vinte anos, tem crescido também a criminalização das greves e ocupações contrárias à proposta. As formas de criminalização da luta são diversas: desde repressão policial até intervenção judicial contra decisões tomadas em instâncias superiores das universidades.

 

Jacob Paiva, 1º secretário do ANDES-SN, avalia que as ações de criminalização são comportamentos articulados entre os interesses políticos e econômicos, valendo-se do poder repressor do Estado para silenciar aqueles que se colocam na contramão da retirada de direitos. “O ANDES-SN repudia a criminalização e a repressão. Não podemos aceitar que os poderes se valham da imposição por meio da força para fazer com que aceitemos perder nossos direitos, que foram conquistados a duras penas”, afirma o docente.

 

Na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), por exemplo, o Conselho Universitário (Consun) havia determinado em 25/11, por ampla maioria, a suspensão do calendário acadêmico em decorrência da greve das três categorias. No entanto, o Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça o fim da suspensão do calendário, o que foi acatado pelo juiz Osmar Vaz de Mello Fonseca, da 3ª Vara Federal.

 

De acordo com o juiz, a suspensão do calendário além de prejudicar as atividades desenvolvidas na UFU, que se encontra em final de semestre, obriga à adesão incondicional de todos os envolvidos na comunidade universitária ao movimento grevista. Para os Comandos Unificados de Greve da UFU, a suspensão garantiria “a isonomia e a segurança jurídica de todos os segmentos da universidade, evitando judicializações e diversos prejuízos administrativos e econômicos para a Instituição e sua comunidade. Além disso, a suspensão do calendário acadêmico contribui para a prevenção de conflitos institucionais, favorecendo a consolidação de uma cultura de paz, conforme determina o Estatuto da Universidade”.

 

PM invade UFMG

 

Na capital mineira também houve criminalização. Na quarta (7), a Polícia Militar reprimiu duramente manifestação de estudantes de escolas e universitários, que se manifestavam na avenida Antônio Carlos, em frente à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), região norte de Belo Horizonte. A PM, em seguida, invadiu a UFMG com grupos da Tropa de Choque. Os policiais perseguiram estudantes dentro do campus, jogando bombas, e o gás lacrimogênio chegou até mesmo aos prédios dos laboratórios e de salas de aula.

 

“É inaceitável que a polícia entre no campus da UFMG, dispare e agrida estudantes, professores e servidores técnico-administrativos”, criticou o reitor da universidade, por meio de comunicado divulgado no site da instituição. “Depois de mais de duas horas de truculência e invasão contra os estudantes da UFMG e secundaristas, polícia agora se retira do campus Pampulha. Até agora, as informações são de que os estudantes feridos foram socorridos e passam bem”, disse o Diretório Central dos Estudantes (DCE-UFMG) em nota.

 

Estudantes da UFSM realizam ato contra criminalização

 

Centenas de estudantes, com o apoio de professores e técnico-administrativos em greve, realizaram no início da manhã desta quarta (7) um ato no campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O objetivo foi mostrar à comunidade que não são as ocupações de prédios, que visam chamar a atenção contra o desmonte da educação e dos serviços através da PEC 55, que devem ser criminalizadas, mas assim aqueles que condenam a população à miséria com a provação de projetos que cortam recursos.

 

Os estudantes que participam do #OcupaUFSM completaram um mês ocupando prédios da instituição, mas tiveram que deixar esses locais em função de uma decisão da Justiça Federal proferida na última segunda, 5 de dezembro. O posicionamento do Judiciário se deu após encaminhamento de uma ação por parte da Procuradoria Jurídica da Advocacia Geral da União na UFSM. No despacho, o juiz Gustavo Cignachi determinou a desocupação em 72h, sob pena de serem aplicadas várias sanções aos acadêmicos, começando por multa pecuniária, desligamento de programas de assistência estudantil, podendo chegar ao ponto da desocupação com uso de força policial.

 

 

Justiça criminaliza ação de greve em Cuiabá

 

A Justiça Federal também determinou, no dia 2, que os servidores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que estão em greve, liberem a entrada principal do campus de Cuiabá, para permitir a entrada de veículos na instituição.

 

Manifestações também são reprimidas

 

Não são apenas as ocupações e greves que sofrem com a criminalização. A marcha Ocupa Brasília, que reuniu 40 mil pessoas na capital federal no dia 29 de novembro, sofreu com a violência policial incessante. Os servidores estaduais fluminenses também foram reprimidos ao protestar contra o pacote “de maldades” do governo do Rio, que retira seus direitos. 

 

Saiba mais

 

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Fonte: ANDES-SN (com informações de Adufu-SSind, Correio de Uberlândia, UFMG, DCE UFMG, Esquerda Diário e Sedufsm-SSind).



Quarta, 22 Junho 2016 18:38

 

Ao menos cinco pessoas foram agredidas e detidas pela Polícia Militar (PM) do Distrito Federal no dia 16 de junho em Brasília (DF) na Marcha Em Defesa da Educação Pública, que marcou a abertura do II Encontro Nacional de Educação (ENE), realizado entre 16 a 18 de junho na capital federal. Entre as vítimas estão o diretor da Associação dos Docentes da Universidade Estadual de Feira de Santana (Adufs – Seção Sindical do ANDES-SN), Edson do Espírito Santo, e o docente Reinaldo Martins, do Instituto Federal da Bahia (Ifba).

 

A manifestação - que reuniu mais de três mil pessoas, entre estudantes, docentes, técnicos, servidores públicos federais, militantes de movimentos sociais, sindicais e populares -, teve início no Museu da República e terminou em frente ao Ministério da Educação (MEC), na Esplanada dos Ministérios.

 

A agressão policial aconteceu no final do ato, próximo ao MEC, quando estudantes, gritando por ajuda, correram em direção ao ônibus da delegação da Bahia. Durante a correria, pertences dos estudantes foram apreendidos pela polícia. Preocupado com a integridade física dos componentes da delegação, o diretor da Adufs-SSind tentou conversar com os policiais, mas foi covardemente agredido com spray de pimenta e por um empurrão, que o levou ao chão. Caído, foi pisoteado pelos policiais militares, algemado e levado à 5ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal, por suposto crime de desobediência. O professor Reinaldo Martins e um estudante também foram conduzidos à delegacia.

 

Acionadas, as assessorias jurídicas do ANDES-SN e do Sinasefe compareceram à delegacia e conseguiram liberar os manifestantes. Já outros dois estudantes detidos, devido à acusação de dano ao patrimônio público, foram encaminhados à Polícia Federal e liberados horas depois.

 

Edson do Espírito Santo, diretor da Adufs-SSind, repudiou o autoritarismo e a violência da Polícia Militar do Distrito Federal, que, segundo ele, demonstrou despreparo ao agredir professores e estudantes que estavam em luta pela educação pública. “A ação truculenta e arbitrária da PM do Distrito Federal reforça a criminalização dos movimentos sociais, sindicais e de qualquer manifestação contrária ao projeto do governo, responsável pelo corte de investimentos em políticas sociais e pelos constantes ataques aos direitos dos trabalhadores. Continuaremos firmes na luta em defesa da educação pública”.

 

As assessorias jurídicas da Adufs e do ANDES-SN estão acompanhando o caso para a adoção das devidas providências.

  

 Fonte: ANDES-SN (Com informações da Adufs-SSind.)

Segunda, 09 Maio 2016 17:43

 

Nos últimos meses, uma série de ataques à liberdade de expressão e de debate tem acontecido nos ambientes acadêmicos. Da censura à realização de assembleias dentro das universidades, até a perseguição judicial de docentes que participam de manifestações políticas, os exemplos se espalham de norte a sul do país.

 

Paulo Rizzo, presidente do ANDES-SN, critica a tentativa de censura, na sociedade e nas universidades, e lembra a importância da autonomia universitária. “A universidade goza de autonomia, e esta não deve ser agredida, porque a produção do conhecimento depende da liberdade de expressão. Esses cerceamentos que estão ocorrendo são um descalabro, e demonstram a ignorância desses setores em relação ao papel das universidades”, afirmou. O presidente do ANDES-SN reafirmou o repúdio a essas medidas, e a luta permanente dos docentes pela liberdade de expressão. 

 

Exemplos de cerceamento na educação

 

Em Porto Alegre (RS), a Câmara de Vereadores da cidade chegou a aprovar, no dia 20 de abril, uma moção de repúdio ao reitor, vice-reitor e ao diretor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) por permitirem a realização de uma manifestação contrária ao impeachment da presidente Dilma Rousseff na universidade. A moção foi arquivada no dia 5 de maio, após protestos do reitor da Ufrgs.

 

Em Belo Horizonte (MG), estudantes do curso de direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foram impedidos por liminar do Tribunal de Justiça (TJ-MG) de realizar uma assembleia que debateria o posicionamento discente diante do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. A liminar baseou-se no pedido de dois estudantes do curso, contrários à realização da assembleia, que também acusaram o Centro Acadêmico de planejar aprovar uma greve contra o impeachment.

 

Em Manaus (AM), a diretora da Escola Normal Superior (ENS) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) foi agredida dentro da instituição por dois manifestantes descontentes com a realização de um evento contrário ao impeachment da presidente Dilma Rousseff nas dependências da ENS no dia 29 de abril. O Sindicato dos Docentes da UEA (Sinduea – Seção Sindical do ANDES-SN) publicou uma Carta Aberta à Sociedade e à Imprensa, na qual reafirma seu compromisso com a liberdade de expressão e repudia a violência física e verbal.

 

Já o Ministério Público Federal de Goiás (MPF-GO) enviou, em 4 de abril, recomendação à Universidade Federal de Goiás (UFG) para que esta não realize ou permita, em suas dependências, nenhum ato de natureza político-partidária, envolvendo o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), sejam manifestações contrárias ou a favor. O Conselho Universitário da UFG, reunido no dia 8 de abril, rejeitou a recomendação e reafirmou o repúdio da universidade à qualquer atentado à liberdade de expressão e à autonomia universitária.

 

Caso semelhante ocorreu no dia 28 de abril, quando o Ministério Público Federal do Rio Grande do Norte (MPF-RN) requisitou informações da reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) sobre suposta utilização da instituição para realização de manifestações políticas.

 

 

Samarco-Vale processa docente no Pará

 

Em Marabá (PA), Evandro Medeiros, docente da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), participou de uma manifestação contra a Samarco-Vale por conta do crime ambiental que ocorreu em Mariana (MG). A manifestação ocorreu nos trilhos da empresa, por onde passam trens que levam minério extraído no Pará com destino a um terminal marítimo no Maranhão. O ato foi simbólico e não chegou a parar o comboio, mas a empresa resolveu fazer desse fato um “exemplo”. Baseada em fotos do facebook, a Samarco-Vale decidiu apontar o professor Evandro como o organizador da manifestação e ele agora está respondendo na Justiça pelo simples fato de ter se manifestado.

 

 

Fonte: ANDES-SN (*Com informações de Sul 21, Carta Capital, Sinduea-SSind, EBC, e IELA-UFSC)