Quinta, 12 Julho 2018 13:39

 

Em audiência pública na Comissão de Educação da Câmara, nesta terça-feira (10), deputados destacaram que o sucateamento das universidades públicas vai contra o que prevê o Plano Nacional da Educação, aprovado em 2014 pelo Congresso. “Com PEC do Teto de Gastos, não tem Plano Nacional de Educação, que foi para a lata do lixo”, disse Glauber Braga (PSol-RJ), um dos parlamentares que pediu a realização do debate. 

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Audiência na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados sobre sucateamento das universidades públicas no Brasil. Cleia Viana | Câmara dos Deputados

O PNE prevê, por exemplo, que as novas matrículas no ensino superior se deem 40% no segmento público. Em 2014, este índice era de cerca de 5%. O PNE prevê também que o investimento em educação pública seja de 10% do Produto Interno Bruto até 2024. Hoje esse investimento é de 5% do PIB.

“A meta 12 do PNE estabelece que até 2024 haja 12 milhões de estudantes matriculados no ensino superior, pelo menos 4 milhões em instituições públicas. Isso requer investimento triplicado em relação ao que temos hoje”, afirmou o deputado Leo de Brito (PT-AC).

Contudo, dados obtidos com exclusividade pelo G1, recentemente divulgados, mostram que as universidades federais tiveram em 2017 o menor repasse de verbas em sete anos. Entre as 63 instituições, 90% operam com perdas reais em comparação a 2013, ou seja, na prática o orçamento para gastos não obrigatórios está menor. Nesse período, o repasse total garantido pelo MEC encolheu 28,5%.

A redução da verba está na contramão da recente política de expansão da rede federal de ensino superior, iniciada em 2008 e que inclui a criação de novas universidades (do zero ou a partir do desmembramento de federais já existentes), a construção de novos campi e o aumento de matrículas. Expandir a participação do setor público na educação superior é uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE).

A deputada Erika Kokay (PT-DF) defendeu, para combater o sucateamento das universidades públicas, que a oposição não vote a proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias, já que o texto inclui previsão de congelamento de salários, impedimento de novas contratações no serviço público, e redução de 10% investimentos nas despesas de custeio.

Fonte: DIAP (com Monitor Mercantil)

Quarta, 04 Julho 2018 14:27

 

 
Publicamos abaixo, para o conhecimento de todos, o Recurso encaminhado ao CONSEPE sobre reunião do dia 18/06/2018, subscrito pela Adufmat-Ssind, conforme decisão de assembleia.

 

 

MAGNIFICA REITORA MIRYAN SERRA, PRESIDENTE DO CONSELHO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSAO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO.

  

Considerando que ao CONSEPE, segundo o Artigo 3°, inciso I, compete “Exercer, como órgão deliberativo, normativo e consultivo, a administração superior da Universidade, em matéria relacionada ao ensino, à pesquisa e à extensão”; e em acordo ao inciso II, compete “Supervisionar e fiscalizar o cumprimento das Resoluções e Decisões referentes às atividades didático–científicas realizadas pela Universidade Federal de Mato Grosso”; assim como o Artigo 6°, que atribui aos conselheiros em seu inciso VII “Fiscalizar o cumprimento do Regimento Interno e das Resoluções do CONSEPE”, apresentamos o seguinte requerimento:

 

 

DOS FATOS E FUNDAMENTOS:

 

Com o único ponto de pauta: “Revogação das Decisões CONSEPE Nºs 10 e 11/2018, que dispõem sobre a suspensão do Calendário Acadêmico”, foi realizada Reunião Extraordinária do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão-CONSEPE, no dia 18 de Junho de 2018, as 08h30, no auditório do SETEC, no prédio do STI do Campus de Cuiabá da Universidade Federal de Mato Grosso, a partir da qual registramos os seguintes fatos:

1. Ao iniciar a referida Reunião, às 08h30, foi autorizada a entrada de apenas alguns estudantes, sendo cerceada a participação aos demais, o que descumpre o Artigo 19 que estabelece que “as reuniões do CONSEPE serão públicas”;

2. Ao iniciar a Reunião, não houve apreciação da Ata da Reunião anterior, o que fere o  Artigo 22, inciso I, que determina a  obrigatoriedade de “Discussão e aprovação da ata da reunião anterior do CONSEPE”;

3. A pauta da Reunião não foi submetida à apreciação, conforme determina o Artigo 23, inciso II, que institui “Apreciação dos assuntos da pauta, pela ordem de apresentação”;

4. O direito de fala aos não-conselheiros durante o decorrer da discussão da pauta, não foi acatado pela Mesa, apesar dos apelos dos conselheiros, descumprindo a determinação do Artigo 19, em seu Parágrafo Único que reconhece que “Somente os conselheiros poderão usar da palavra durante as reuniões, salvo autorização da maioria simples, para manifestação dos elementos não integrantes do CONSEPE”;

5. A Presidência da Mesa afirmou no início da reunião que, ao término das inscrições dos conselheiros, aceitaria inscrições de não-conselheiros; contudo, encerrou a Reunião sem garantir a intervenção desses, ferindo, novamente, o Artigo 19, Parágrafo Único, cujo conteúdo atribui ao Pleno a prerrogativa da decisão, ao declarar que “Somente os conselheiros poderão usar da palavra durante as reuniões, salvo autorização da maioria simples, para manifestação dos elementos não integrantes do CONSEPE”;

6. Durante a Reunião, inúmeras prerrogativas atribuídas aos conselheiros foram atropeladas: pedidos de esclarecimentos, questões de ordem e proposta alternativa de dinâmica de trabalho foram, simplesmente, ignorados pela Mesa, e não submetidos à apreciação do Pleno. Nesse particular, houve o descumprimento de diversos artigos, como o Artigo 22, inciso IV, que garante: “Pedidos de inclusão de matéria na ordem do dia na presente reunião”; inciso V: “Manifestação ou pronunciamento dos conselheiros inscritos para falar, após esgotados os assuntos dos incisos de I a III” e Artigo 23, Parágrafo 1°, inciso II: “Propor providências ou solicitar esclarecimentos, de forma oral ou por escrito, visando a perfeita instrução do assunto em debate”.

7. A única proposta substitutiva ao ponto de pauta original foi apresentada verbalmente e, também, por escrito, por uma conselheira. E, mais uma vez, a Mesa ignorou a apresentação da proposta, recusando-se a submetê-la à apreciação do Pleno. A proposta substitutiva apresentada consistia em: (1) Reunião do CONSEPE no dia 2 de julho para a avaliação de revogação de calendário; (2) Negociação efetiva com o Comando de Greve de Cuiabá até o dia 2 de julho (3) recomendação de auditoria dos contratos da UFMT; (4) Sugestão aos colegiados de reunião, garantida a presença de representação estudantil, para definir a absorção das aulas nos cursos que não haviam paralisado suas atividades até a deflagração unificada de Greve em Cuiabá;

8.  Terminadas as intervenções dos conselheiros, a Presidência da Mesa deu início ao processo de votação, diante do que, a conselheira que havia apresentado a proposta substitutiva, pediu e insistiu na questão de ordem, que foi, novamente, negada pela Mesa. Incorrendo assim, a Presidente da Mesa, no descumprimento tanto do Artigo 27 que estabelece que “Depois de anunciado o início do processo de votação, não mais serão aceitas emendas e não mais será concedida a palavra aos conselheiros, salvo para a apresentação de questões de ordem”; quanto no Artigo 28 que determina que “Na hipótese de apresentação de projeto ou parecer substitutivo, este terá preferência na votação”, da mesma forma que seu Parágrafo Único, que preceitua:  “A proposta original será votada apenas se o substitutivo for rejeitado”;

9. Devido à forma como foi iniciado o processo de votação, estudantes implodiram a Reunião, colocando-se entre os conselheiros e impossibilitando a Mesa, não somente de conduzir a votação, mas também, de contabilizar os resultados. Apesar disso a Presidente da Mesa insistiu na votação, confrontando o Artigo 5°, inciso IV que atribui ao Presidente do Conselho, a responsabilidade por “Dirigir os trabalhos e manter a ordem das discussões e votações em Plenário”.

Dessa maneira, diante de tudo o que foi relatado, qualquer resultado oriundo dessa Reunião está prejudicado.

DO PEDIDO:

 

Desta forma, considerando os vícios de forma do processo e o desrespeito ao Regimento Interno do CONSEPE, requeremos a anulação da Reunião realizada no dia 18 de Junho de 2018, as 08h30, no auditório do SETEC, no prédio do STI do Campus de Cuiabá da Universidade Federal de Mato Grosso, e, até a decisão deste pedido, a suspensão de todos os seus efeitos.

 

Cuiabá, 19 de Junho de 2018.

 

 

Sophia Leitão Pastorello de Paiva

RGA 201611505009

Conselheira Discente no CONSEPE

 

 

 

 

Alair Suzeti da Silveira

SIAPE 3216013

Conselheira Representante do ICHS no CONSEPE

 

Segunda, 23 Outubro 2017 12:46

 

 

Estudantes, professores e técnicos administrativos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) participaram, na última quinta-feira, 19/10, de um debate sobre a situação financeira da universidade. O evento, em formato de audiência pública, teve objetivo de dar visibilidade às dificuldades geradas pelos cortes de orçamento – ou contingenciamentos - realizados pelos últimos governos, além da instabilidade da receita disponível apresentada pelo Governo Temer.

 

Durante a apresentação dos dados, a pró-reitora de Planejamento, Tereza Veloso, afirmou que a receita é calculada pelo próprio Governo, e que a universidade tem de planejar seu funcionamento a partir do valor de repasse informado. “O único incremento na receita realizado pelo Governo nos últimos anos foi destinado ao pagamento de pessoal. Com relação aos recursos para custeiro e capital, ou seja, para manutenção da universidade, suas obras, equipamentos, entre outros, os valores só diminuem. Mesmo o que é informado a princípio não é, necessariamente, liberado para execução. Pode ficar retido, contingenciado”, explicou a pró-reitora.

 

O pró-reitor de Administrativo da UFMT, Bruno Moraes, disse ainda que o planejamento feito em cima dos valores informados muda constantemente. “Nós temos de fazer planejamento diários para garantir as condições de funcionamento da universidade, porque a realidade muda. Só esse ano, tivemos de refazer o planejamento quatro vezes”, afirmou Moraes.  

 

As preocupações apontadas pela administração da UFMT e pela comunidade acadêmica demonstram que a discussão é, de fundo, sobre o modelo de universidade que a população almeja, diferente da que almejam os governos neoliberais. Dados do próprio Ministério da Educação (MEC) revelam que os recursos destinados ao ensino superior atualmente equivalem ao percentual praticado há mais de 10 anos, quando as estruturas e o número de vagas correspondiam a metade. Assim, a precarização aparece como fator inevitável. 

 

“Essa instituição tem responsabilidade social, e nós temos de refletir sobre isso. O sucateamento da universidade faz parte de um projeto de sociedade. Nos últimos anos, nós dobramos o número de vagas disponíveis, orientados pelos governos. Eles aumentam as vagas e cortam os recursos, depois aparecem com o discurso de que é preciso arrecadar dinheiro do setor privado, ou cobrar mensalidade. As universidades particulares é que têm de ir atrás de recursos privados, mas estão cheias de recursos públicos, por meio de programas como Fies e Prouni”, disse o representante dos professores, presidente da Associação dos Docentes da UFMT – Seção Sindical do ANDES (Adufmat-Ssind), Reginaldo Araújo.

 

O esquema, na verdade, já é conhecido. Para justificar a privatização de instituições públicas, os governos neoliberais retiram recursos e, consequentemente, precarizam os serviços. Depois, com o discurso de ineficiência, apresentam como alternativa de intervenção privada. E tem quem acredite. “Além de cortar recursos, o governo acusa as universidades de não saberem trabalhar com planejamentos”, reclamou a pró-reitora de Planejamento da universidade, durante a audiência. Não se trata, portanto, de má gestão de recursos, mas de um projeto que tem como objetivo favorecer o privado, e enfraquecer o público.  

 

No entanto, um dado recente do MEC aponta que, entre as 50 melhores universidades brasileiras, apenas 3 são privadas, e só aparecem depois das 20 primeiras colocadas no ranking. Isso pode ser um trunfo para contra argumentar o discurso de “ineficiência” do ensino superior público, mas pode ser um perigo, considerando que o mercado adoraria tomar a estrutura física e pessoal (qualificada) das universidades para lucrar ainda mais com educação.     

 

"Nós temos a certeza de que a universidade que nós queremos não é essa que está sendo imposta pelos governos. A nossa luta histórica é pela universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada", ressaltou o representante docente.  

 

A coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores Técnicos Administrativos (Sintuf/MT), Leia de Souza, apontou para outro ataque aos serviços públicos, sob a justificativa de que a folha de pessoal é muito pesada: a desconstrução das carreiras. “A carreira dos técnicos administrativos é resultado de 20 anos de luta, e foi uma das nossas maiores conquistas. Nós construímos assim a nossa identidade. Mas o Governo pretende acabar com isso, criando um carreirão de servidores, retirando direitos. Os professores ainda não estão nessa reestruturação, ainda em debate pelo Governo, mas podem ser os próximos, porque a universidade é a bola da vez nessa onda de ataques”, alertou a coordenadora.  

  

Para o representante dos estudantes, coordenador do Diretório Central (DCE), Vinícius Brasilino, é a reação popular é a única maneira de conte os ataques. “Parece que nós estamos preocupados com o semestre, enquanto estamos perdendo gerações. Durante todos esses anos, houve resistência contra os ataques, e a defesa da manutenção da universidade pública. Eu ainda tenho muita esperança, porque nós somos frutos de grandes resistências”, afirmou o estudante.

 

A mesa, presidida pelo vice-reitor da UFMT, Evandro Soares, contou ainda com a participação de um representante da União Nacional dos Estudantes (UNE), Airton Silva.  

 

Mesmo recurso para o dobro de vagas

 

Segundo dados do MEC, de 2003 a 2014, as universidades públicas cresceram 117%, e o número de vagas para os cursos presenciais de graduação passou de 109.184 para 245.983. De 45 universidades em 2003, o Brasil chegou a 63 em 2014, com novos campi, novos prédios e novos cursos. O orçamento destinado ao custeio dessas instituições, já considerado insuficiente em 2003, até aumentou nesse período, passando de R$ 6,4 bilhões a R$ 28,7 bilhões em 2013. No entanto, em 2014, um corte drástico reduziu o orçamento à R$ 14 bilhões, e novos cortes reduziram ainda mais os repasses.

 

Paralelamente, os recursos para programas de incentivo ao ensino superior privado como Fies e Prouni só aumentaram. Em 2016, o Prouni registrou o maior valor em renúncia fiscal desde sua criação, dez anos antes: R$ 1, 2 bilhões. Vale lembrar que a expressão renúncia remete ao Estado, à população; para os empresários da educação é incentivo. Já os investimentos diretos feitos ao Fies passaram de pouco mais de R$ 1 bilhão em 2010 para o correspondente a R$ 13 bilhões em 2014. Coincidentemente, o mesmo período de expansão da Kroton, a maior empresa da educação superior do país. Em 2017, o Governo Federal autorizou um orçamento de R$ 6,7 bilhões para custeio dos institutos e universidades federais, com cortes que chegam a 45% em relação aos anos anteriores. Para o Fies, foi concedido mais um incremento de R$ 1,2 bilhão, totalizando mais de R$ 18 bilhões para esse ano.

 

Na UFMT, de acordo com a apresentação na audiência, os orçamentos aprovados pelos governos, destinados às despesas de Capital e Custeio passaram, respectivamente, de R$ 87 e R$ 164 milhões, em 2015, para R$ 20 e 154 milhões, em 2017. Vale ressaltar que esses valores sofreram contingenciamento por parte dos governos e, portanto, não foram executados na integralidade. Além disso, não incluem o orçamento direcionado ao pagamento de pessoal.

 

Mais informações sobre o orçamento da UFMT estão disponíveis no site da instituição, no ícone da Pró-reitoria de Planejamento (Proplan). Clique aqui para acessar direto.     

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

 

 

 

 

Terça, 10 Outubro 2017 15:22

 

Vencedores de prêmios Nobel enviaram carta a presidente Temer apontando para os prejuízos dos cortes promovidos pelo governo ilegítimo

Na última semana, 23 cientistas de diversos países, todos vencedores de prêmios Nobel nos últimos 40 anos, enviaram uma carta ao presidente Michel Temer criticando duramente os cortes orçamentários promovidos pelo governo federal no orçamento voltado à produção científica no país. Entre os signatários da carta estão laureados ao Nobel de medicina, química e física.

De acordo com o conteúdo divulgado por agências de notícias, na carta, enviada por e-mail para o gabinete da Presidência da República, os pesquisadores expressam “forte preocupação sobre a situação da Ciência e Tecnologia no Brasil. O orçamento para pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações sofreu um corte de 44% em 2017, e um novo corte de 15,5% é esperado para 2018. Isso vai prejudicar o país por muitos anos, com o desmantelamento de grupos internacionalmente renomados e uma ‘fuga de cérebros’ que irá afetar os melhores e jovens cientistas. Enquanto em outros países a crise econômica levou, às vezes, a cortes orçamentários de 5% a 10% para a ciência, um corte de mais de 50% é impossível de ser acomodado, e irá comprometer seriamente o futuro do país. Sabemos que a situação econômica do Brasil está muito difícil, mas pedimos ao senhor que reconsidere sua decisão antes que seja tarde demais.” 

No próximo domingo (8), para lutar contra os cortes que afetam o financiamento à Ciência e Tecnologia no Brasil e comprometem gravemente as pesquisas brasileiras, diversas entidades realizarão a terceira edição da Marcha pela Ciência, na cidade de São Paulo (SP), com concentração às 15h no MASP.

ANDES-SN na luta contra o desmonte da C&T públicas

Como parte de uma de suas bandeiras históricas de luta, o ANDES-SN segue denunciando o desmonto do complexo público de Ciência e Tecnologia (C&T) brasileiro. No início desse ano, o Sindicato Nacional lançou uma cartilha sobre o Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI (Lei 13.243/2016) -, com o objetivo de alertar para os riscos e as consequências que o Marco trará para as instituições públicas de pesquisa e produção científica em todo o Brasil. 

O Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação (MLCTI) foi sancionado pela presidente Dilma Rousseff em janeiro de 2016, por meio da Lei 13.243/2016, e alterou oito instrumentos legais, praticamente reescrevendo a Lei 10.973/2004, conhecida como Lei da Inovação.  

Uma das alterações do Marco é o aumento significativo das vias de privatização da educação pública e flexibiliza o regime de Dedicação Exclusiva (DE) do magistério federal. O novo código também modifica a Lei 12.772/2012, que regula a carreira docente, possibilitando que empresas privadas paguem, por meio de fundações de apoio, bolsas a docentes. Confira a cartilha.

Em julho, durante 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o ANDES-SN organizou, em conjunto com Movimento pela Ciência e Tecnologia Pública (MCTP), o seminário “Universidade e Política de C&T: por uma ciência e tecnologia para o povo”, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. O evento, paralelo ao da SBPC, teve como proposta fazer o contraponto à política de desmonte e privatização a produção científica pública no Brasil e marcar oposição à postura da entidade, que não abre espaços para discussões sobre políticas tão controversas nessa área, como é o caso do MCTI. Mais de mil exemplares da cartilha sobre o Marco Legal foram distribuídas aos pesquisadores participantes da SBPC. Confira o vídeo do Seminário.

Em agosto, após o anúncio de novos cortes por parte do governo federal, relacionados ao desenvolvimento de ciência e tecnologia públicas, o ANDES-SN divulgou nota pública repudiando mais uma vez a política de privatização e mercantilização e total desmonte do polo científico público brasileiro por parte do governo Temer.

“Coerente com a histórica defesa de um complexo público de C&T voltado para os grandes problemas da sociedade brasileira, o ANDES-SN saúda as iniciativas de parte da comunidade acadêmica e científica que vem se pronunciando contrária aos cortes orçamentários. Ao mesmo tempo, alerta que os contingenciamentos orçamentários nessa área são parte de um programa regressivo em curso no país que precisa ser combatido em seu conjunto. Assim, a alternativa só pode ser forjada no fragor das lutas mais gerais do (as) trabalhadores (as) contra a agenda regressiva e para derrubar o governo ilegítimo de Michel Temer”, apontou o Sindicato Nacional.

“As ações políticas contra os cortes no orçamento e na defesa de mais recursos para C&T só fazem sentido se articuladas com a defesa dos direitos sociais e trabalhistas em processo acelerado de destruição. Devem também ter por tela um sistema público de ensino e produção de conhecimento científico e tecnológico voltado para os problemas cruciais da maioria da sociedade brasileira”, ressaltou.

 

Fonte: ANDES-SN (Com informações do Nexo)

 

Quinta, 21 Setembro 2017 11:29

 

Nessa quarta-feira (20), em Brasília (DF), os diretores do ANDES-SN se reuniram com o coordenador do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Gestão de Pessoas das IFES (Forgepe), Geci Pereira da Silva, para tratar de questões relacionadas à gestão de pessoas nas instituições, que haviam ficado de fora do debate do encontro anterior entre o Sindicato Nacional e a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), realizado no final de agosto. O Forgepe é um órgão de assessoramento da Andifes nas questões relacionadas às políticas de gestão de pessoas das IFE.

Nessa reunião, os representaram o ANDES-SN - Francisco Jacob Paiva da Silva, 1° secretário, Renata Rena Rodrigues, 1° vice-presidente da Regional Leste, e Lila Cristina Xavier Luz, 1º vice-presidente da Regional Nordeste I -, ressaltaram a falta de transparência com relação aos dados e solicitaram o quantitativo de vagas para concurso de reposição e expansão de vagas docentes por IFE; de aposentadorias especiais (carreira EBTT); das vagas de concurso para professores de Dedicação Exclusiva (DE); e dos docentes que estão em vias de se aposentar compulsoriamente ou estarão passíveis de receber abono permanência nos próximos cinco anos. O coordenador do Forgepe afirmou que com relação ao último ponto, o fórum faria uma estimativa dos docentes próximos a se aposentar, dividindo professores e professoras e aplicando o tempo de contribuição de 35 e 30 anos, respectivamente.

Outra questão avaliada por Geci Pereira da Silva foi em relação às vagas e expansão de docentes. Segundo ele, ao que tudo indica, o governo pretende alterar a composição do banco do professor equivalente, e já sinalizou que as pactuações feitas no governo anterior para criação de novos cursos e campi, por enquanto, não serão cumpridas. O representante do Forgepe ponderou, também, com preocupação, os impactos que o Programa de Desligamento Voluntário (PDV) poderá ocasionar ao banco equivalente.

Sobre a relação do número total de vagas abertas para concursos, discriminadas por regime de contratação (Dedicação Exclusiva, 40h e 20h) e o número de vagas de concurso em relação ao número de docentes aposentados, Geci explicou que o Fórum não tem acesso a esses dados, restrito às universidades, mas que é possível estimar que o regime de 40h, atualmente, não chega a 3%.



Quando os diretores do ANDES-SN expuseram a existência de cerca de 20 editais, já publicados, para a realização de concurso para professor voluntário, o representante da Forgepe se disse surpreso e ressaltou que seria muito importante que a Andifes pautasse o tema. Com relação à situação do pagamento de efeitos financeiros retroativos referentes à promoção/progressão de docentes, o coordenador afirmou que o Fórum realizou um levantamento, mas apenas 37 das 63 universidades responderam as solicitações de forma heterogênea. Desse estudo, cinco universidades afirmaram não pagar retroativos.

À tarde, os diretores do ANDES-SN se reuniram novamente na sede da associação com o coordenador nacional do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Planejamento e de Administração das Instituições Federais de Ensino Superior (Forplad), Tomás Dias Sant'Ana, para tratar da previsão orçamentária geral para as instituições federais de ensino estimada para 2018. O coordenador explicou que de 2015 a 2018, o orçamento caiu cerca de 50%. E, quando comparada a Lei de Orçamento Anual (LOA) de 2017 com a previsão para 2018, os gastos com investimentos diminuíram 86,23% e um pequeno crescimento com pessoal de 5%.

Para Francisco Jacob Paiva da Silva, a reunião demonstrou que a Andifes está aberta ao diálogo com o ANDES-SN. “Há uma disposição nossa para este diálogo, naquilo que for de comum acordo, na perspectiva de defesa intransigente das instituições de ensino superior públicas. Esperamos que esse diálogo continue, não apenas para as questões debatidas, também em outros fóruns da Andifes, como de orçamento, assistencial estudantil, etc. O ANDES-SN, via seções sindicais, tem dificuldade de retorno de dados da gestão de pessoas com precisão, o que prejudica o Sindicato Nacional de fazer um raio-X das condições de funcionamento das universidades em relação a verbas, número de docentes, vagas, concursos, assistência estudantil. Precisamos insistir para conseguir essas informações para respaldar, ainda mais, a nossa luta por uma universidade pública, gratuita e de qualidade”, disse.

 
Fonte: ANDES-SN

 

Terça, 12 Setembro 2017 17:32

 

  

Sim, a conta chegou, a UFMT cresceu. A retirada de recursos públicos para investir no privado, política utilizada pelos governos desde a década de 1990, fez com que tenhamos medo, agora, de que se efetive uma tragédia anunciada. Por isso, é hora de uma mudança de mentalidade. É hora de investir mais no ensino público de nível superior.

 

Muitos podem dizer: “Ah, mas o custo é muito alto e os recursos são mal distribuídos”. Nada disso. Sabe aquele cartão de crédito que você estoura e quando a fatura chega você paga o valor mínimo? Pois é, é assim que as universidades têm se mantido nos últimos anos, e isso tem consequências.

 

Há um importante fator que nossos burocratas de Brasília fingem esquecer: recursos são finitos. É impossível oferecer um serviço público gratuito e de qualidade, se o orçamento destinado a ele anteriormente, vai cada vez mais para a iniciativa privada. Obviamente essa conta sempre irá aumentar e, com a falsa justificativa de “equilibrá-la”, as propostas serão sempre de cortes no orçamento ou privatização.

 

Segundo dados do MEC, no ranking das 50 melhores universidades do país, apenas quatro são privadas. A primeira colocada entre elas é a PUC Rio, que aparece em 20º lugar. Assim é fácil entender porque as empresas privadas de educação superior querem quebrar o ensino público.

 

Há quem diga que se os políticos não roubassem tanto, daria para pagar. Não, ainda assim não daria, porque a iniciativa privada suga ao máximo os recursos públicos. Basta ver o exemplo da UFMT, que atualmente precisa de R$ 14 milhões para sanar suas dívidas. O mercado, sempre ávido para cumprir sua função primeira de lucrar, tem deixado evidente seu modo de operar junto ao setor público.

 

Será mesmo que a educação privada é competente para garantir educação de qualidade para as pessoas, já que a sua preocupação é puramente comercial? Será que o setor público, que além do ensino oferece pesquisa e extensão (coisa que o setor privado não oferece), visando a ampliação do conhecimento como bem social não faz isso de maneira mais eficiente? Será que sem o direito à educação pública, as empresas de educação não seriam ainda mais perversas, extorquindo dinheiro e aumentando ainda mais as dificuldades de acesso ao ensino superior? Será que investir numa educação tecnicista, voltada para os interesses do mercado, onde todos os valores empregados pretendem ser revertidos ao máximo em lucro para o dono do comércio, seria mesmo um bom negócio para qualquer profissional?

 

Algumas pessoas podem questionar, ainda: mas não seria bom, pelo menos, os ricos pagarem mensalidades? Respondemos com outra pergunta: se os ricos já têm acesso a uma educação de base melhor do que a grande maioria da população, quem teria ainda mais facilidade para ocupar as vagas nas melhores universidades?

 

É o momento de exigirmos que os governos se comprometam, de fato, com a população e parem de utilizar os recursos públicos para privilegiar interesses privados. Isso sim seria introduzir as pessoas em um ensino de qualidade, e não essa distorção que temos atualmente, em que as pessoas são convencidas a participar desses programas que injetam dinheiro público nas faculdades particulares a partir do falso argumento de que as instituições públicas não comportam a todos. É essa política, inclusive, que ainda dificulta o acesso da população aos cursos mais disputados nas federais!

 

E, vamos fazer um exercício de sinceridade? O mercado está mais interessado em pessoas que tenham formação profissional mínima, que trabalhem sem questionar nada, ou será que ele está preocupado com a formação mais ampla, de profissionais que conhecem seus direitos e responsabilidades sociais, que valorizem sua formação e sua força de trabalho?

 

Antes que alguém te fale que investir na educação pública, gratuita, laica, de qualidade e socialmente referenciada é loucura, ou coisa de comunista que come criancinha, comece a lembrar, por exemplo, como era nossa telefonia antes da privatização e como estamos hoje. Essas empresas são as que mais causam transtorno à população, liderando as reclamações de serviço nos órgãos de proteção ao consumidor. Ao mesmo tempo perceba que o serviço público, apesar do desmonte promovido em decorrência dos cortes de recursos, continua garantindo o atendimento à população, principalmente nas áreas da saúde e educação.

 

Quando prepondera o interesse da iniciativa privada com relação ao interesse público, o que se vê é precarização e corrupção. Há uma palavrinha mágica que explica os motivos disso: “lucro”. Qual o estímulo que uma empresa privada tem para oferecer qualquer tipo de serviço? Por que uma empresa privada deixaria de aumentar seu lucro para investir o que é realmente necessário para a qualidade do seu produto? Por qual motivo reduziria seu lucro para aumentar os direitos dos funcionários, se eles podem ser demitidos por qualquer movimento que contrarie os interesses da empresa, inclusive reivindicar direitos? Qual o estímulo que um serviço oferecido “em troca de dinheiro” tem para ser bom, se não existe outro gratuito para provar que pode, sim, ser melhor sem a preocupação com o lucro? (E você paga caro através de impostos para que a iniciativa privada se aproprie do Fundo Público).

 

Investir nos serviços públicos é preciso. Quanto maior a relação do Estado com o mercado, maior o prejuízo à população, maior o imposto e, consequentemente, maior a corrupção.

 

 

Diretoria da Adufmat-Ssind

 

 

 

Quarta, 30 Agosto 2017 11:15

 

Além dos cortes orçamentários, foram pautados problemas em processos de progressão e promoção, aposentadoria, entre outros
 

O ANDES-SN se reuniu, na manhã dessa terça-feira (29), com a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) para discutir sobre diversos pontos, entre eles os cortes orçamentários, que têm atingido em cheio as universidades e institutos federais de ensino básico, técnico e tecnológico no país. Além da situação financeira das Instituições Federais de Ensino (IFE), foram abordados também a cobrança por cursos de pós-graduação lato sensu, a instalação de ponto eletrônico, progressões e promoções, contratações sem concurso público e fora do Regime Jurídico Único (RJU), e o impedimento de aposentadorias, especialmente, em relação aos docentes da carreira de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT). 
 
Representaram o ANDES-SN – Eblin Farage, presidente, Renata Rena Rodrigues, 1° vice-presidente da Regional Leste e Giovanni Frizzo, 2° secretário – e a Andifes, o reitor da Universidade Federal do Pará (Ufpa), Emmanuel Zagury Tourinho, presidente da entidade, e Gustavo Balduíno, secretário-executivo associação.
 
Segundo a presidente do Sindicato Nacional, os docentes estão preocupados com os cortes orçamentários e como estes têm afetado a vida acadêmica, principalmente no que diz respeito ao tripé ensino, pesquisa e extensão. Eblin Farage questionou, também, a posição favorável da Andifes sobre a cobrança dos cursos na pós-graduação lato sensu, as ameaças de implementação do ponto eletrônico como forma de aprofundar a precarização do trabalho docente, o atraso nos processos de progressão e promoção na carreira docente, e a não garantia de pagamento de valores retroativos, além de entraves nos processos de redistribuição. 
 
Sobre o impedimento de aposentadorias dos docentes no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, Renata Rena explicou que os docentes do EBTT, que se afastaram ou se licenciaram para realizar cursos de mestrado, doutorado e pós-doutorado, estão sendo impedidos de se aposentar ao completar 25 anos de contribuição – tempo previsto atualmente para aposentadoria na carreira EBTT. Isso tem se dado, segundo Renata, porque algumas instituições alegam que tal período não deve ser computado 
como tempo de serviço. Em alguns casos, relatou a diretora do ANDES-SN, as administrações têm cobrado a reposição em sala de aula, e em alguns casos, docentes foram  “desaposentados”, tendo que recorrer à justiça para garantir o direito à aposentadoria. 

O presidente da Andifes apontou que a entidade tem intensificado o diálogo com o governo federal e compõe uma frente em defesa das universidades públicas no Congresso Nacional para garantir mais recursos para as instituições de ensino superior. “A posição da Andifes é em defesa da educação pública e gratuita. Com relação a alguns pontos levantados na reunião, há reitores e reitores, e não há como responder sobre questões isoladas”, disse Tourinho. Nesse sentido, o reitor da UFPA acordou em realizar uma reunião do ANDES-SN com o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Gestão de Pessoas das IFES (Forgep) para tratar dos problemas relativos a promoção/progressão, redistribuição docente, aposentadorias da carreira EBTT e outros temas. Tourinho afirmou também que pretendem ser parceiros das entidades sindicais e estudantis nas lutas contra o contigenciamento de recursos para a educação federal e por mais orçamento para as IFE, propondo a realização de novas reuniões com as demais entidades da educação federal.
 
Para Eblin Farage, a reunião foi positiva pelo fato da Andifes demonstrar disposição para o diálogo, apesar das diferenças políticas entre as entidades. “Foi importante a Andifes admitir que o orçamento destinado às universidades é insuficiente para gerir as instituições, como também o fato de fornecer dados para intensificarmos a nossa luta pela ampliação do repasse de recursos. Outro ponto é o reconhecimento de que a defesa da universidade pública passa pelo aumento das verbas públicas para a Educação Pública. E que podemos fazer essa luta conjunta”, ressaltou.
 
A presidente do ANDES-SN destacou ainda a disposição da Andifes em promover o diálogo entre o Sindicato Nacional e o Forgep, para tratar de assuntos relacionados ao cotidiano dos professores, uma vez que, que na avaliação do ANDES-SN, são questões que devem ser resolvidas no âmbito da própria universidade, respeitando a autonomia universitária.
 
A reunião com a Andifes foi solicitada pelo Sindicato Nacional, seguindo a deliberação do 62° Conad e também em reunião do Setor das IFES do ANDES-SN. Os docentes deliberaram pela necessidade de fazer reunião periódicas com a Andifes para tratar das diferentes pautas das IFE.

Leia mais:
Cortes orçamentários ameaçam funcionamento das Instituições Federais de Ensino

 

Fonte: ANDES-SN

 

Quinta, 24 Agosto 2017 18:45

 

 

O Governo do Estado de Mato Grosso enviou para a Assembleia Legislativa, nessa quarta-feira, 23/08, uma Proposta de Emenda Constitucional para limitar os gastos do estado, seguindo os passos e as orientações do Governo Federal. A ideia é estabelecer um teto para as despesas primárias – pessoal, Saúde, Educação, e outras despesas essenciais.

 

Além de justificativa para reduzir os recursos destinados às garantias dos direitos sociais, a medida é uma das exigências do Governo Federal para renegociar as dívidas dos estados, cuja relação de gastos é contrária aos interesses da grande maioria da população. Enquanto os recursos destinados aos serviços públicos diminuem, a dívida pública aumenta numa proporção absurda (clique aqui para saber mais sobre o esquema da dívida pública).  

 

O Governo de Mato Grosso informou, por meio de seus canais oficiais, que “a proposta visa o equilíbrio fiscal para um período de dez anos” e que “a aprovação do projeto implica na adoção de importantes medidas, como limitar a expansão da despesa primária corrente; vedar a concessão de incentivos fiscais não-programáticos; e aumentar a capacidade de investimento com recursos próprios do Estado”. Mais detalhes serão conhecidos a partir do processo de apreciação e votação pelos deputados estaduais nos próximos dias.  

 

Alguns representantes sindicais dos servidores acreditam que, apesar dos limites impostos, direitos como a Restituição Geral Anual (RGA) serão garantidos. Mas muitos trabalhadores fazem leitura divergente, até mesmo pelos reflexos que já estão sendo sentidos na educação federal, antes mesmo da implementação do teto, prevista para o exercício de 2018.

 

Em novembro do ano passado, o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat), Antônio Máximo, falou sobre a possibilidade de reflexo da proposta (que tramitava no Senado, na época) nas instituições ligadas à Ciência e Tecnologia do estado, durante um debate realizado na Adufmat – Seção Sindical do ANDES Sindicato Nacional. “Nem tudo o que se pretende no âmbito político é consolidado, porque algumas políticas provocam pressão popular, mobilização social. Para que a PEC 55 reflita na Fapemat, ela precisa ser implementada em âmbito estadual, precisa alterar a constituição do estado. Vocês vão permitir isso?”, afirmou (leia mais sobre esse debate aqui).

 

A Adufmat – Ssind tem posição contrária às políticas de austeridade implementadas pelos governos federal e estaduais, que impõem aos trabalhadores a retirada de direitos sociais e trabalhistas, redirecionando recursos públicos a setores financeiros, sob o argumento de que “é preciso superar a crise econômica”.

 

Entre 2016 e 2017, a Educação sofreu cortes no orçamento que ultrapassam R$ 13 bilhões. As administrações das universidades, entre elas a Universidade Federal de Mato Grosso, já registram publicamente as dificuldades que representam esses cortes, que poderão inviabilizar não só a expansão, mas até mesmo o funcionamento das instituições.

 

A Lei do Teto dos Gastos estabelece que a base orçamentária de referência para o exercício financeiro de determinado ano seja o executado no ano anterior. Portanto, a referência para o orçamento de 2018, será o de 2017, e assim sucessivamente.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind 

Quarta, 23 Agosto 2017 17:18

 

Na última segunda-feira, 21/08, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), seguindo a linha de outras universidades públicas do país, divulgou uma nota sobre as dificuldades financeiras da instituição, provocadas pelos cortes de orçamento realizados pelos governos federais.

 

Alguns grupos se apressaram em sugerir alternativas, em especial os empresariais, interessados na Educação como mercadoria. Somente em 2016, o mesmo Governo Federal que retirou milhões do ensino público, injetou mais de R$ 19 bilhões em programas como Fies e Prouni, formando profissionais com perfil tecnicista em instituições privadas, quando poderiam, com os mesmos recursos, ter a oportunidade de conhecer também as áreas de pesquisa e extensão, num processo mais amplo de produção do conhecimento, como possibilitam as universidades.

 

Cobrar mensalidades nas universidades públicas é abrir as portas para a comercialização deliberada da Educação, retirando um direito de quem não pode pagar, e entregando o melhor da produção científica nas mãos de quem já detém o poder econômico e político.

 

O acesso da grande maioria da população brasileira à educação superior pública de qualidade está intimamente ligado à gratuidade desse direito. Privatizar a universidade é fechar as portas para essa parte da população, que ainda está sendo inserida, com dificuldades.  

 

A Adufmat-Seção Sindical do ANDES, sempre na linha de frente na defesa da educação pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada, tem alertado há anos não apenas a administração da universidade, mas também a sociedade mato-grossense, sobre os riscos do avanço das políticas privatistas neoliberais. “É uma pena que só agora a Reitoria da UFMT tenha aberto os olhos para essa questão. Nós estamos falando há anos que os cortes de recursos inviabilizariam a expansão da universidade e o seu próprio funcionamento”, disse o presidente da entidade, Reginaldo Araújo, sobre a nota.

 

Para a categoria docente, a situação da UFMT e de outras instituições é resultado de anos de destruição dos direitos públicos por meio de políticas que tiveram início na década de 1990, e foram aprofundadas em todos os outros anos, com maior ou menor intensidade, mas em todos os governos federais, sem exceção. Michel Temer surge no cenário político para selar, com mãos de ferro, um plano que já vem sendo construído há mais de 20 anos.   

 

“Nós estamos nas ruas, construindo greves, denunciando esse processo durante todo esse tempo. Não deixamos de fazer o enfrentamento em nenhum governo, e agora é um momento crucial, em que nós vamos continuar mobilizados e ainda mais fortes para impedir mais esse retrocesso. A universidade pública e gratuita é economicamente viável, mas acima disso é um direito fundamental para uma sociedade que pretende, no mínimo, ter uma população cada vez mais qualificada e cidadãos mais conscientes”, afirmou o presidente.

 

Os docentes federais, junto a outros movimentos sociais, defendem a realização da auditoria da dívida como alternativa para readequar as contas do governo, direcionando os investimentos para os interesses da população. Atualmente, somente o pagamento de juros e amortização da dívida pública consome 50% dos recursos da União, enquanto os investimentos em Educação, no geral, não ultrapassam os 4%.

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind   

Segunda, 07 Agosto 2017 14:59

 

Por uma ciência e tecnologia a serviço do povo

 

O complexo público de Ciência e Tecnologia (C&T) brasileiro está em franco processo de desmonte, a exemplo do que ocorre com as universidades públicas. Isto é expressão da política mais geral do governo ilegítimo de Michel Temer de destruição dos direitos sociais, humanos e trabalhistas. Além das previsões orçamentárias serem muito rebaixadas, seguindo as diretrizes do ajuste fiscal, o governo impõe cortes de verbas que praticamente inviabilizam o funcionamento das instituições federais de ensino superior, dos institutos públicos de pesquisa e agências de fomento e apoio à formação – caso do CNPq e da CAPES.

 

As despesas federais com o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTI) vêm decaindo ano após ano, atingindo limites extremos nos dias atuais com o iminente risco de suspensão de obrigações assumidas pelo mais importante órgão de fomento à pesquisa vinculado ao ministério, o CNPq. O ano começou com uma previsão orçamentária de R$ 4,6 bilhões para a pasta e um contingenciamento de 500 milhões, o que implicava num montante para gasto de apenas 4,1 bilhões de reais. Este é o menor volume de recursos destinado ao ministério desde 2003 (R$ 5,9 bilhões), representando pouco menos da metade dos gastos de 2014 (R$ 8,5 bilhões) e 40% das despesas realizadas em 2010 (R$ 11,5 bilhões) a preços de janeiro de 2017.

Os cortes vêm sendo aplicados sem qualquer discussão com a sociedade, com entidades representativas do(a)s trabalhadore(a)s da área ou mesmo com as agências de fomento e as associações de cientistas. Trata-se de iniciativas autoritárias e ilegítimas, amparadas na maléfica e antissocial Emenda Constitucional 95 que impõe um teto aos gastos públicos ao mesmo tempo em que libera o pagamento de juros, amortizações e rolagem da dívida pública. No ano de 2016, 43,94% dos gastos totais da União foram para a dívida, enquanto para o financiamento de C&T destinaram-se apenas 0,24%. Isto evidencia que os cortes de verbas nas áreas sociais e no complexo público de C&T servem ao insidioso sistema da dívida pública, que gangrena o tecido social brasileiro.

 

A iniquidade dos contingenciamentos de verbas para a área de C&T não está apenas em que tais recursos estão sendo carreados para financiar a corrupção e engordar banqueiros e rentistas. A gravidade da situação se expressa, também, nos impactos devastadores que os cortes têm sobre vários programas e projetos de pesquisa em andamento. Tais atividades sofrerão descontinuidade, seja pela falta de recursos para aquisição de matérias primas, insumos, equipamentos e pagamento de pessoal, seja pela dispersão de grupos de pesquisadore(a)s ou mesmo pela “fuga de cérebros” para outras áreas ocupacionais ou para outros países.

 

Em preços de janeiro de 2017, as despesas federais com o CNPq foram da ordem de R$ 2,5 bilhões em 2013, caindo para R$ 1,3 bilhão em 2016, com o mesmo valor previsto para 2017. Todavia, o órgão só foi autorizado a gastar 56% deste valor, o que equivale a R$ 730 milhões, montante já quase inteiramente consumido até o presente momento. Isto explica, por exemplo, a diminuição das bolsas de iniciação científica e tecnológica de 85.139 em 2014 para 54.621 atualmente. Na mesma direção, as bolsas de mestrado e doutorado no país decaíram de 26.573 para 23.312 no mesmo período. Situação mais grave ocorre com os auxílios à pesquisa que contam hoje com aporte de R$ 15,2 milhões contra R$ 631,6 milhões gastos em 2014. Se essa situação não for revertida, cerca de 105 mil beneficiado(a)s com bolsas e auxílios poderão ser penalizado(a)s, além de prejuízos para atividades outras  em andamento.

 

Tal situação denota total descaso com o desenvolvimento científico e social do Brasil e é parte de um programa regressivo mais amplo expresso nas diferentes contrarreformas implementadas ou em via de aprovação, destacando-se: o “Novo Regime Fiscal” (EC 95/2016), a contrarreforma da previdência (PEC 287/2016), a contrarreforma trabalhista (Lei 13.467/2017) e a lei da terceirização (Lei 13.429/2017).  O desprezo para com o complexo público de C&T é, também, parte do clima de obscurantismo e conservadorismo produzido pelas elites que tentam emplacar a agenda regressiva na sociedade brasileira.

 

Coerente com a histórica defesa de um complexo público de C&T voltado para os grandes problemas da sociedade brasileira, o ANDES-SN saúda as iniciativas de parte da comunidade acadêmica e científica que vem se pronunciando contrária aos cortes orçamentários. Ao mesmo tempo alerta que os contingenciamentos orçamentários nessa área são parte de um programa regressivo em curso no país que precisa ser combatido em seu conjunto. Assim, a alternativa só pode ser forjada no fragor das lutas mais gerais do(a)s trabalhadore(a)s contra a agenda regressiva e para derrubar o governo ilegítimo de Michel Temer.

 

As ações políticas contra os cortes no orçamento e na defesa de mais recursos para C&T só fazem sentido se articuladas com a defesa dos direitos sociais e trabalhistas em processo acelerado de destruição. Devem também ter por tela um sistema público de ensino e produção de conhecimento científico e tecnológico voltado para os problemas cruciais da maioria da sociedade brasileira.

 

 

 

Brasília, 4 de agosto de 2017

 

 

Fonte: ANDES-SN