Quinta, 01 Abril 2021 12:23

 

Idealizador do projeto destaca que motivação foi o total repúdio às falas e posicionamentos do presidente Jair Bolsonaro

 

Nesta quinta-feira, 1º de abril, às 20h, a Adufmat-Ssind retransmitirá, pelo Facebook e Youtube, o evento "Nem Cálice, Nem Cale-se", em repúdio ao Golpe Militar de 1964, que completa 57 anos. O evento foi idealizado pelo artista e militante histórico da Adufmat-Ssind, Roberto Boaventura, e terá, na sua reedição, a participação de músicos convidados e atualização do contexto histórico atual.

 

No último dia 31 de março houve algumas manifestações no país em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, que pediu autorização ao Poder Judiciário para comemorar a data e foi atendido. O pedido veio após sucessivos ataques à democracia, apologia e apoio ao Golpe, que insiste em não reconhecer como ditatorial.

 

O músico e idealizador do projeto, Roberto Boaventura, destaca que a motivação para a criação do projeto foi o total repúdio as falas e posicionamentos do presidente. “Duas falas foram pontuais para a minha indignação: a primeira foi o elogio feito ao coronel Brilhante Ustra, quando Bolsonaro ainda era deputado, em razão da votação do impeachment da presidente Dilma. A outra foi do deputado e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, que ameaçando acabar com o STF e fazendo apologia ao AI-5*”.

 

Roberto afirma que as falas provocaram uma inquietação que o levou a roteirizar o projeto, aprovado na Assembleia da Adufmat-Ssind para a um espetáculo no teatro da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), mas em razão da pandemia, o projeto foi gravado e apresentado virtualmente. O nome foi inspirado na música “Cálice”, de Chico Buarque, que aborda a censura, tema central do projeto.

 

Data deve ser repudiada, não comemorada

 

Nesta quarta-feira (31 de março), faz 57 anos que o Congresso Nacional depôs o então presidente João Goulart, eleito democraticamente. Militares, com apoio de empresários e de igrejas assumiram o poder, dando início ao período de ditatorial que perdurou por mais 20 anos no país, até 1985.

 

A data tem sido celebrada discretamente durante anos em quartéis e clubes militares. No entanto, em decisão de 17 de março deste ano, o TRF-5 (Tribunal Regional Federal da 5ª Região) concedeu ao Exército o direito de realizar comemorações alusivas ao golpe militar de 1964.

 

Segundo a diretora de Comunicação do Adufmat-Ssind, Lélica Lacerda, a data deve ser repudiada, não comemorada. “O golpe foi orquestrado pelos militares de cima, com apoio da elite brasileira. É uma página triste e obscura da nossa história. Não é à toa que esse governo genocida flerta desde sempre com torturadores. Aqueles que vivem do seu trabalho e querem viver dignamente com os frutos do seu trabalho, jamais devem celebrar essa data”, afirma.

 

Em respeito à sua própria história, que é também a história da população brasileira, a Adufmat-Ssind repudia qualquer tipo de comemoração ou apologia à Ditadura Militar que matou, torturou e perseguiu brasileiros por mais de 20 anos.

 

*O Ato Institucional nº 05 (AI-5), publicado no governo Costa e Silva, revogou a Constituição de 1967, permitiu ao presidente decretar o recesso do Legislativo nas três esferas. Além disso, determinou a cassação de parlamentares e suspensões dos seus direitos políticos por dez anos, decretou estado de sítio, suspendeu o Habeas Corpus e o Poder Judiciário e possibilitou o presidente demitir e aposentar funcionários.

 

 

Letícia Corrêa

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Terça, 21 Julho 2020 22:31

 

A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso - Seção Sindical do ANDES (Adufmat-Ssind), o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos (Sintuf-MT) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) lançaram na última semana uma carta de posicionamento das entidades que representam a comunidade acadêmica: CONTRA O OPORTUNISMO, O RESGATE DA HISTÓRIA!

O documento é mais do que uma denúncia das entidades da fatídica reunião do Colégio Eleitoral Especial, no dia 17 de junho, que desconstruiu o legado histórico democrático da UFMT para eleição da Reitoria, trazendo o retrocesso e o autoritarismo de um processo não paritário entre os votos de docentes, técnicos e estudantes. A carta é o relato, ponto a ponto, de todos os fatos que impediram o início do processo eleitoral da forma tradicional.  

Desde a Assembleia Geral Universitária, realizada no dia 05/11/19, com a participação da comunidade acadêmica que votou em peso contra a implantação do Future-se na UFMT, as três entidades vinham trabalhando para as eleições da Reitoria de forma democrática, paritária e presencial, planejando publicar o edital no início do ano letivo de 2020/1. 

Porém, o governo federal quis golpear a universidade pública com a Medida Provisória 914/19, de 24 de dezembro de 2019, que já consistia na retirada da autonomia na condução do processo eleitoral, impedimento do voto paritário (mudando para o peso de 70% para os docentes e 15% estudantes e técnicos, cada) e proibição da participação dos aposentados nas eleições, entre outras arbitrariedades. 

Após muita luta e mobilização para impedir a implementação de uma eleição não democrática, a MP expirou no início de junho deste ano, mas com a chegada da pandemia, a erva daninha semeada se mostra crescida e quer tomar conta da UFMT com este processo eleitoral golpista, oportunista e antidemocrático.

Em meio a uma pandemia, a administração da UFMT não se preocupa com o que pode fazer pela população de Mato Grosso, seja com a produção de mais EPIs, fabricação e distribuição de álcool gel, mas em eleger a qualquer custo um interventor na universidade. 

Confira  abaixo a íntegra da carta: 

 

CONTRA O OPORTUNISMO, O RESGATE DA HISTÓRIA!*

 

Porque são tempos de decidir, 

Dissidiar, dissuadir, 

Tempos de dizer 

Que não são tempos de esperar 

Tempos de dizer: 

Não mais em nosso nome! 

Mauro Luis Iasi 

 

De forma autoritária, no dia 17 de junho, foi instituído o colégio eleitoral especial nos conselhos superiores da UFMT, dando início ao processo para escolha dos dirigentes reitores. A condução de tal reunião foi extremamente autoritária, desconsiderando falas contestatórias ao processo ilegítimo que estava se instalando.Em um minuto foi descartada a paridade, uma conquista histórica dos movimentos estudantil e sindical. As eleições são paritárias desde 1982 na UFMT. 

Em virtude disso, o oportunismo tem se aproveitado da situação e tem difundindo falácias, ocultando fatos históricos que precisam ser esclarecidos. Nossa intenção é escancarar o caráter intervencionista de tal processo e denunciar o ataque a autonomia universitária. 

Já em novembro, após a vitória da comunidade acadêmica sobre o Future-se, as três entidades (ADUFMAT, DCE e SINTUF) deram início as discussões acerca das eleições para escolha da próxima chapa dirigente da administração superior. Recorremos ao modelo democrático, paritário e presencial, organizado pelas entidades representativas da comunidade acadêmica. Articulamos possíveis datas e calculamos os gastos necessários; tudo visando garantir um processo político limpo e transparente. Nossa intenção era de publicar o edital no início das aulas em 2020. 

Contudo, fomos surpreendidos por mais um ataque do governo federal: a publicação, no dia 24 de dezembro, da Medida Provisória 914, num ato que nos retirava a autonomia de conduzir o processo; impedia a paridade, deixando o peso de 70% para docentes e 15% para técnicos e estudantes; acabava com a participação na escolha dos diretores de institutos e faculdades; proibia a participação dos aposentados; não obstante o fato de dar larga margem para uma manobra golpista. 

Iniciamos mais uma ampla mobilização na UFMT, denunciando o caráter autoritário da medida provisória. Enfrentamos e vencemos intenso conflito nos conselhos institucionais e não permitimos que fosse realizada a consulta nos moldes desejados pela cúpula governamental. Importante dizer, que nosso objetivo era o de realizar o processo entre os dias 02 de junho – data que a MP 914 deixaria de valer – e 14 de agosto, respeitando a cultura democrática que construímos ao longo dos anos e a paridade de voto, algo que a UFMT é pioneira 

Foi assim que, em luta para viabilizar um processo eleitoral popular e autônomo, entramos no contexto de pandemia! Em luta constante contra o projeto privatista e de destruição dos nossos direitos sociais e políticos, conseguimos inegáveis e importantes vitórias, alem de defender incansavelmente a gratuidade, a dimensão pública e a qualidade dos serviços ofertados pela UFMT. 

Findo o prazo de validade da MP 914 no dia 02 de junho, e já em contexto pandêmico e de distanciamento social, o reitor em exercício convocou unilateralmente, no dia 04 de junho, reunião para conformação do colégio eleitoral especial, que ocorreria no dia 10 de junho, sem diálogo algum com as entidades representativas. No entanto, fomos mais uma vez surpreendidos diante da edição de nova medida provisória: a MP 979, publicada no diário oficial da União no dia 09 de junho. O conteúdo dessa normativa? Suspensão total do processo eleitoral, avalizando intervenção direta do governo federal nas instituições de ensino, valendo-se, para isso, do contexto de pandemia e de calamidade pública! A inconstitucionalidade da MP 979 e as lutas que emplacamos junto a entidades estudantis e sindicais nacionais fizeram com que tal medida fosse devolvida, configurando-se como mais uma importante vitória! 

Após as diversas vitórias das entidades na defesa da democracia, como acabamos de mencionar, o reitor em exercício convocou nova reunião, instalando no dia 17 de junho o colégio eleitoral especial. Trata-se da imposição de um processo ilegítimo, sem paridade, que menospreza técnicos e estudantes, numa atitude visivelmente discriminatória! 

O candidato e atual reitor – utilizando de sua posição –, está se reunindo com faculdades e institutos com a intenção de culpabilizar as batalhas democráticas que as entidades enfrentaram pelo retrocesso no processo eleitoral, debitando à Adufmat, Sintuf e DCE a falta de paridade no processo. NÃO ACEITAREMOS! 

Essa consulta se realiza no contexto de uma série de ataques do governo federal a democracia e a autonomia universitária, aliada ao cenário de pandemia que nos assola, que culmina em um golpe político autoritário, discriminatório e sem respeito a história da UFMT. É preciso dizer que isso está ocorrendo com total aval da reitoria, pois se assim não fosse, o presente reitor não seria candidato. 

 

O autoritarismo não irá nos intimidar! 

 

16, Julho de 2020

 

*documento oficial disponível para download no arquivo anexo abaixo.

 

 

Layse Ávila

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Quinta, 07 Março 2019 16:00

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT

 

Nosso carnaval/2019 passou, mas alguns de seus destaques ainda merecem comentários. De todos, registro a beleza poética e a importância política do samba-enredo “História pra Ninar Gente Grande” da Mangueira, composto por Danilo Firmino, Deivid Domênico, Mamá, Márcio Bola, Ronie Oliveira e Tomaz Miranda. 

Dada a relevância, transcrevo a letra. Nos quatro primeiros versos, em destaque, o refrão; depois, as estrofes:

Mangueira, tira a poeira dos porões/ Ô, abre alas pros teus heróis de barracões/ Dos Brasis que se faz um país de lecis, jamelões/ São verde e rosa, as multidões// Brasil, meu nego/ Deixa eu te contar/ A história que a história não conta/ O avesso do mesmo lugar/ Na luta é que a gente se encontra// Brasil, meu dengo/ A Mangueira chegou/ Com versos que o livro apagou/ Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento/ Tem sangue retinto pisado/ Atrás do herói emoldurado/ Mulheres, tamoios, mulatos/ Eu quero um país que não está no retrato// Brasil, o teu nome é Dandara/ E a tua cara é de Cariri/ Não veio do céu/ Nem das mãos de Isabel/ A liberdade é um dragão no mar de Aracati// Salve os caboclos de julho/ Quem foi de aço nos anos de chumbo/ Brasil, chegou a vez/ De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês”.

A força do poema já se mostra pelo vocativo, que o abre (Mangueira), e pelo imperativo, surgindo na sequência para determinar a tirada da “poeira dos porões” de nossa história, sempre mal contada.

Para recontá-la sob o enfoque popular, ou seja, “Com versos que o livro apagou”, e não sob a óptica oficial do “herói emoldurado”, o samba se preenche no processo metonímico de apresentar um Brasil real: a “cara do Cariri”. A metonímia também incidirá em cada marcação do plural dos nomes próprios dispersos pelo texto.

Como se sabe, o Cariri (que significa “silencioso”), antes de se tornar uma grande região nordestina, refere-se a uma família de línguas indígenas.

A referência é crucial, pois, no processo de recontar (cantando) a história, registra-se a consciência do extermínio de aborígenes; por isso, a certeza de que “Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento/ Tem sangue retinto pisado/ Atrás do herói emoldurado/ Mulheres, tamoios, mulatos...”.

Na tarefa de desmantelar artificialidades da história oficial, o texto inicia destacando os emblemáticos mangueirenses Lecy Brandão e Jamelão, que extrapolariam a representação da “nação Verde e Rosa”, pois representariam a nação inteira.

Para contribuir no processo de ampliação dessa representação popular, logo surge a figura de Dandara (companheira de Zumbi), umaguerreira negra que, no séc. 17, após ser presa, para não retornar à condição de escrava, atirou-se, de uma pedreira, ao abismo.

Depois é a vez de Luísa Mahin: ex-escrava que participara das revoltas na Bahia; isso nas primeiras décadas do séc. 19. Uma dessas fora a “Revolta dos Malês”, ou seja, um levante de escravos de origens islâmicas.

A última personificação metonimizada refere-se à Marielle Franco, vereadora assassinada, provavelmente pela milícia carioca, pois sua inserção nos morros estaria atrapalhando interesses de milicianos. Detalhe: um dos filhos do presidente (o eleito senador) parece ter aproximação com tais grupos.

Feito esses destaques, o ápice desse samba encontra-se nos versos que dizem que a liberdade “Não veio do céu/ Nem das mãos de Isabel/ A liberdade é um dragão no mar de Aracati”.

Perante a força do pensamento cristão, afirmar, neste momento, que algo não veio do céu significa dizer que Deus não está acima de tudo e nem de todos; significa desmontar o slogan vitorioso das últimas eleições; significa ver a história real/concreta.

Mas, afinal, quem é o “dragão no mar de Aracati”, mais especificamente de Canoa Quebrada, no Ceará?

Trata-se de Francisco José do Nascimento (o Chico de Matilde), mulato líder dos jangadeiros, que disse quatro anos antes da Abolição: "neste porto não embarcam mais escravos"; por isso, a antonomásia “Dragão do Mar”.

Por fim, meu último destaque encontra-se no verso: “Quem foi de aço nos anos de chumbo”. Ele reafirma a existência da ditadura no Brasil, negada por governistas, que insistem em apagar as torturas, os exílios e os assassinatos cometidos pelo regime militar que golpeou o País em 64.

Parabéns, Mangueira!

Que esse samba nos dê coragem para registrar nossa história pelo “avesso do mesmo lugar”; que ele consiga fazer acordar tanta gente grande, apequenada por ter sido sempre ninada sob o embalo de falsificações grotescas de nossa cruenta história; que ele nos una nas lutas necessárias que estão por vir.

 

Quinta, 13 Dezembro 2018 09:21

 

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Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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No último dia 05/12, a antiga Associação dos Docentes da UFMT (ADUFMAT), transformada, após a Constituição de 88, em Seção Sindical do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), completou 40 anos. Para comemorar a data, a atual diretoria da ADUFMAT organizou uma cerimônia, ocorrida dia 08.

Da cerimônia, participaram diversos professores. Alguns, no transcorrer dessas quatro décadas, foram dirigentes dessa Seção Sindical do ANDES, que se consolidou como um dos mais importantes sindicatos do país.

O ANDES-SN, formado por um conjunto de seções sindicais, é marco de resistência contra os ataques à autonomia das universidades. Sua trajetória de luta nasce quando o país ainda vivia sob o peso da censura político-ideológica.

Pois bem. Na condição de um dos ex-presidentes da ADUFMAT, estive presente na cerimônia. Assim, revi e ouvi diversos professores, muitos deles já aposentados. Aliás, principalmente desses colegas, vieram os mais significativos depoimentos. Motivo: como já disse acima, a origem da ADUFMAT se deu em plena vigência da ditadura militar, consequência do golpe de 64. Por conta daquele contexto de repressão, alguns docentes tiveram suas carreiras interrompidas; algumas retomadas somente anos após.

Como não poderia ser diferente, mesmo resguardando o fato de, neste momento, não termos passado por nenhum golpe militar, pois a eleição de Bolsonaro foi democrática, impossível não estabelecer relação política direta daquele período de nossa história com o atual momento vivido em nosso país.

Como é do conhecimento de todos, o presidente eleito em outubro pp. saiu dos quadros do militarismo brasileiro. Por isso, dentre os escolhidos por ele para ocupar espaços significativos de seu governo, há sete ministros diretamente ligados às Forças Armadas. Os demais – de um jeito ou outro; uns mais, outros menos – não frustram, em momento algum, uma visão mais conservadora da vida social.

Dessa forma, vitorioso muito mais por conta dos erros dos partidos políticos que estiveram conduzindo nosso país nas duas últimas décadas, acentuadamente, por conta dos desvios éticos do PT, o governo Bolsonaro causa profunda incógnita, principalmente, no tocante à vida das universidades.

As incertezas que ora se fazem presentes são várias e complexas: privatização do ensino superior; redução e/ou cortes de bolsas que auxiliam acadêmicos (da graduação e da pós-graduação) vulneráveis socialmente; redução e/ou cortes nas bolsas para a pesquisa, principalmente nas áreas dos estudos sociais e das humanidades; desaceleração das políticas de inclusão; tentativa de intervenção ideológica nas questões do Enem; diminuição orçamentária, que, aliás, poderá asfixiar de vez as universidades...

Enfim, os novos tempos prenunciam velhas práticas de intromissão, agora da perspectiva do pensamento conservador, na autonomia universitária, até porque a lógica que permeia o projeto Escola Sem Partido, hoje arquivado no Congresso, parece ter encontrado bom tempo e muitos apoiadores para continuar seu voo, que independe da aprovação de leis.

Dessa forma, o quadro que se nos apresenta é preocupante. Para piorar tudo, os segmentos sociais que poderiam ser considerados como progressistas não se entendem, chegando às raias da estupidez a luta fraticida pelo protagonismo oposicionista neste perigoso momento. Cada embate nesse sentido só reforçará o conservadorismo, que já tem nuances visíveis de discursos e atitudes que lembram o fascismo.

 

Segunda, 27 Novembro 2017 19:43

 

Há trinta anos os docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) não mexiam no documento que orienta o sindicato da categoria, o Regimento da Adufmat – Seção Sindical do ANDES. Mas a partir da dedicação e do intenso trabalho dos sindicalizados, da base e da diretoria, esse importante movimento teve início na última semana, em assembleias realizadas nos dias 23 e 24/11, e vai continuar nos dias 08 e 09/12, às 8h, em nova assembleia geral que será convocada pela entidade.

 

Com todas as transformações da profissão e do trabalho nessas três décadas, adequar o Regimento do sindicato se tornou uma grande demanda. Mas foi durante a greve de 2015 que essa necessidade se mostrou mais urgente, de acordo com o histórico apresentado pela Comissão de Atualização do Regimento. “Durante a greve de 2015, a readequação do documento foi pontuada várias vezes. Logo depois da greve, formamos a comissão responsável e trabalhamos nisso desde então”, disse o professor Maelison Neves, membro da comissão e, atualmente, vice-presidente da Adufmat-Ssind.

 

Uma das grandes preocupações da categoria é a ampliação da democracia sindical, garantindo o direito de voz e voto dos docentes sindicalizados do interior, sem a obrigatoriedade de deslocamento. Conforme a minuta apresentada (disponível para download no arquivo anexo abaixo), a possibilidade de realizar as assembleias gerais com transmissão simultânea nas subseções sindicais, viabilizando as intervenções e contagem de votos de todos os sindicalizados em tempo real já pode ser considerada uma realidade.

 

“A atualização do Regimento não é um mero procedimento burocrático, mas um instrumento político importante para intensificar a mobilização da categoria, ampliando a democracia, para que os debates ocorram de forma ampla. É uma preparação da Adufmat-Ssind, diante do cenário da multicampia, para enfrentar a precarização e os ataques aos servidores públicos, à carreira docente, à universidade a aos direitos dos trabalhadores”, avaliou o vice-presidente do sindicato, destacando que, desde a primeira formação da comissão, no final de 2015, representantes dos campi da UFMT em Cuiabá, Sinop e Araguaia se uniram para pensar essa importante tarefa.

 

“Nós queremos fazer parte da luta, discutir e decidir sobre as questões da categoria, mas fica difícil tendo que viajar durante horas todas as vezes”, afirmou a professora Clariana Silva, representante sindical em Sinop.

 

De acordo com o professor Deyvisson da Costa, representante sindical no Araguaia, os docentes do campus recebem com muito entusiasmo as alterações. "Nós acreditamos que entidade será mais plural, participativa e, especialmente, muito mais democrática. Desde que ingressei na UFMT, há oito anos, essa é uma demanda dos companheiros do interior. Certamente, um momento histórico para a Adufmat-Ssind, e a representação do Araguaia está muito satisfeita e orgulhosa por ter participado", afirmou o docente.  

 

Durante a assembleia, os professores lembraram, ainda, que a participação efetiva da categoria lotada no interior do estado foi amplamente debatida durante a última campanha eleitoral para escolha da diretoria da entidade, e assumida como compromisso pelas chapas concorrentes.

 

Nas assembleias realizadas nos dias 23 e 24/11, os professores conseguiram avançar no debate e aprovação da minuta até o final do Artigo 15º. Nas próximas assembleias, cujas datas (08 e 09/12) foram escolhidas pelos presentes na tarde do dia 24/11, a discussão será retomada a partir da Seção II, Artigo 16º - Da Diretoria-, ponto em que a minuta apresentada pela Comissão de Atualização do Regimento traz mais uma alteração importante, propondo que a diretoria da Adufmat-Ssind deixe de ser presidencialista e passe a ser colegiada.

 

A diretoria do sindicato ressalta que a participação de todos os sindicalizados é fundamental nesse momento de reorganização da luta política na UFMT.

 

O texto aprovado e modificado a partir das discussões nas assembleias será divulgado na íntegra após a aprovação total do Regimento.   

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

 

Quarta, 19 Outubro 2016 17:17

 

 

É com grande tristeza que comunicamos o falecimento do companheiro MARCOS ANTÔNIO SPERL DE FARIA, ocorrido na manhã de hoje.

FARIA participou ativamente da construção do Movimento Docente, tendo ocupado, por diversas vezes, cargos na diretoria do ANDES-SN: 1º Tesoureiro (1988-1990); 2º Vice-Presidente (1990-1992); 1º Secretário Regional São Paulo (2002-2004); 3º Vice-Presidente (2008-2010), destacando-se com suas contribuições para a construção de um movimento sindical independente e de classe, comprometido exclusivamente com os trabalhadores.

A Diretoria do ANDES-SN expressa o seu profundo sentimento de pesar aos familiares, amigos e companheiros da ADUNIMEP Seção Sindical, da qual também foi diretor.

Perde o movimento docente um grande companheiro, que estará presente sempre em nossas lutas e em nossos corações.

 

 Brasília, 19 de outubro de 2016

 

Diretoria do ANDES-SN