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Greve docente mais difícil da história da UFMT termina no dia 16/10

Não houve acordo, mas a greve docente da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), considerada a mais difícil e, por esse motivo, foi a maior da história (142 dias), será encerrada na próxima sexta-feira, 16/10/2015. A decisão foi tomada em assembleia geral realizada nessa quarta-feira, 14/10, acompanhando a indicação do Sindicato Nacional (ANDES-SN) para saída unificada das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). 

“Entramos unificados em uma greve nacional, e sairemos unificados. Esse é o encaminhamento do Comando Local de Greve (CLG)”, disse o professor Reginaldo Araújo, presidente da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat-Ssind) e membro do CLG. 

Os docentes avaliam que o grande avanço da greve foi no sentido político. Os diversos debates realizados em palestras e assembleias, além das trocas entre professores, estudantes e profissionais de outras categorias, em âmbito local e nacional, foram fundamentais para fortalecer a luta, que não se encerra com a greve. “É nesse momento que a categoria se une e reflete sobre as dificuldades e as questões que permeiam a vida acadêmica, o nosso cotidiano. Nesse momento o professor se torna aluno também e senta aqui, na assembleia, pra debater e aprender”, afirmou o professor Dorival Gonçalves. 

A greve tem, portanto, um perfil educador. E tratando-se de educação pública, além dos estudantes e professores diretamente envolvidos, toda a sociedade, que sustenta esse sistema e usufrui de seus benefícios, pode parar nesse momento e refletir sobre seus rumos. A repercussão nas ruas e na mídia cumpre esse papel, mesmo que limitado. Foi assim, nas disputas entre movimentos organizados e governos, que a educação pública de todos os níveis foi estabelecida e, até o momento, vem sendo assegurada no Brasil. 

Essa greve é considerada a mais dura da história da UFMT. Pela primeira vez o movimento docente não foi recebido pelo seu chefe direto, o ministro da Educação. Várias reuniões foram realizadas com secretários do Ministério da Educação (MEC), mas sem avanços. Entre as principais reivindicações da categoria estão a reversão dos cortes de recursos para a educação e discussão efetiva da carreira docente. 

Devido à postura intransigente do governo, demonstrada durante toda a greve, o Movimento Docente decidiu, quase que por unanimidade, rejeitar a única proposta do Executivo, referente a reposição salarial: 10,8% dividido em 2 anos. Apenas a reposição das perdas inflacionárias dos últimos anos somariam 27,3%. “Aceitar essa proposta do governo seria aceitar o confisco do nosso salário”, explicou o professor Maelison Neves. 

Também foram aprovadas, na assembleia dessa quarta-feira, as indicações do ANDES-SN, publicadas no último Comunicado (n. 46): 

- Transformar os Comandos Locais de Greve (CLG) em Comandos Locais de Mobilização (CLM); 

- Indicar à diretoria do ANDES-SN a convocação do setor das IFES, nos dias 30 e 31 de outubro, para avaliar a greve e definir novos encaminhamentos na luta pela pauta docente; 

- Atuar junto a CSP-Conlutas e todas as entidades dos SPF’s para fortalecimento da unidade com os demais sindicatos e organizações dos setores classistas; 

- Organizar, junto a CSP-Conlutas, nos estados as ações do "Outubro de Lutas", definidas pelo Espaço de Unidade de Ação. 

- Indicar a continuidade da articulação entre as entidades do setor da educação federal nos âmbitos nacional e local para dar prosseguimento à luta em defesa da educação pública e gratuita; 

- Indicar às seções sindicais que pautem a luta em defesa da educação pública e seus desdobramentos com a comunidade acadêmica no retorno as atividades; 

- Manter as mobilizações em defesa da educação pública e das pautas locais de reivindicações, defendendo-a junto à Reitoria, Colegiados e demais instâncias das IFE’s; 

- Envidar esforços para construção ou rearticulação dos comitês estaduais em defesa da escola pública, visando a organização e realização do II Encontro Nacional de Educação. 

Além disso, foi aprovada a elaboração de um manifesto sobre a greve, que será feito pelos membros do CLG e amplamente divulgado. 

Com a notificação do final da greve à administração superior, o novo calendário acadêmico, com a data de retomada das aulas, será estabelecido pelo Conselho Universitário (Consuni) da UFMT, que deve se reunir nos próximos dias. 

Por causa do horário avançado e da necessidade de concentração para analisar a resposta da reitora da UFMT à pauta interna docente, o ponto de pauta referente a esse assunto será recolocado em nova assembleia, provavelmente na próxima semana.   

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa do Comando Local de Greve da Adufmat-Ssind

 

Professores da UFMT debatem indicativo de saída de greve na próxima quarta-feira, 14/10

Em assembleia geral realizada nessa quinta-feira, 08/10, professores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) aprovaram a inclusão de ponto de pauta para debater indicativo de saída de greve na próxima assembleia geral, que será quarta-feira, 14/10. Os docentes também aprovaram que o ANDES-SN (Sindicato Nacional) não deve aceitar a proposta de reajuste do governo de 10,8% dividida em dois anos, pois a consideram “vergonhosa”. 

Mais uma longa e emocionante assembleia travou o debate sobre os inúmeros motivos para manter a greve docente na UFMT, mesmo diante da intransigência e violência do governo. Todo o contexto de precarização da universidade, e a análise de que os ataques devem se acentuar nos próximos anos, foi relembrado na vigésima assembleia geral dos docentes em mais de quatro meses de greve. 

No entanto, os professores ponderaram a orientação do último comunicado do Comando Nacional de Greve (CNG), de número 44, de que o Movimento Docente deve começar a construir uma saída unificada para fortalecer o Sindicato. Quatro meses depois de várias tentativas de negociação, algumas universidades entendem que as atividades devem ser retomadas, mas a luta deve continuar. 

Os docentes ressaltaram, durante a assembleia, que a greve tem motivos que vão muito além da reposição salarial. Ela representa a luta por melhores condições de trabalho e a resistência a um modelo de universidade limitada aos interesses do mercado, com perfil produtivista. 

Na próxima assembleia, os professores devem debater, também, a resposta da Reitoria da UFMT sobre a pauta interna, entregue no dia 18/08. No início da semana, a reitora fez contato com a Adufmat-Ssind indicando que a resposta da administração da universidade será entregue amanhã (09/10). Um dos principais pontos da pauta local é a criação efetiva de conselho diretor nos campi do interior, com caráter deliberativo. 

Homenagem 

Na assembleia dessa quinta-feira, os professores homenagearam os estudantes e colegas que lutaram durante essa greve, sofrendo, inclusive, violência física e emocional por parte da polícia militar. 

Em alguns atos realizados em Brasília e outros estados, a polícia interveio de maneira violenta e truculenta. Vídeos da última manifestação, realizada na capital do país na última segunda-feira (05/10), demonstraram como o ataque da polícia veio no momento em que o ato, que durou o dia inteiro, estava sendo encerrado. As imagens de professores e estudantes sendo agredidos gerou revolta e algumas intervenções marcaram que essa violência e descaso do governo é mais um motivo para seguir na luta. 

Além dos vídeos, a música “Pra não dizer que não falei das flores” (Geraldo Vandré) na versão do cantor Zé Ramalho (com referência ao exército) emocionou os presentes. 

Em suas manifestações, os estudantes colocaram que defendem a continuidade da greve, mas estão junto aos professores para reivindicar melhorias para a educação independente do encerramento ou não da greve. 

Os docentes também elegeram, na assembleia de hoje, o professor Maelison Neves como delegado para acompanhar os trabalhos do CNG em Brasília. 

Luana Soutos
Assessoria de Imprensa do Comando Local de Greve da Adufmat-ssind
(65) 8129-6139

Greve docente na UFMT segue por tempo indeterminado


Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), reunidos em assembleia geral nessa quarta-feira, 01/10, avaliaram que o final da greve ainda não será discutido. Para os professores, esse é um momento decisivo, pois a primeira reunião marcada com o ministro da Educação (e não algum dos secretários do Ministério da Educação - MEC) está confirmada para a próxima segunda-feira, 05/10.
 

Durante o ponto de pauta de análise de conjuntura, foi sugerido, como um dos encaminhamentos, a inclusão da discussão sobre indicativo para encerramento da greve na próxima assembleia. Após intenso debate, a categoria entendeu que não é hora de sinalizar a saída. 

Os professores ponderaram que mais de quatro meses de greve não podem ser reduzidos à simples expectativa de negociação, como defendeu uma parte dos docentes, sugerindo manter a mobilização, mas retomar as aulas. A maioria dos professores não acredita que essa seja uma alternativa viável, visto que a greve de 2012 foi encerrada nessa perspectiva, e não garantiu nenhum avanço. 

Essa já é a maior greve docente da história da UFMT. A segunda maior foi a de 2012, que durou 125 dias. 

A agenda para reunião com o ministro da Educação foi uma conquista da última mobilização dos docentes e estudantes em Brasília, no dia 24/09. Além da manifestação em frente ao MEC, um grupo de professores ocupou o gabinete do ministro e só saiu depois de acordar que a próxima reunião seria com ele, e não com um de seus secretários. 

Independente da reforma ministerial da presidente Dilma Rousseff, que já confirmou a saída do ministro Renato Janine, a expectativa dos professores e estudantes é de que o ministro os receba, seja o Janine ou Aloísio Mercadante, que deve reassumir o cargo, de acordo com informações divulgadas pela imprensa.     

O que se tem por parte do governo, até o momento, é uma proposta de reajuste de 10,8% dividida em 2 anos (5,5% em 2016 e 5% em 2017). Outras reivindicações fundamentais do Movimento Docente, como a reversão dos cortes de recursos destinados à Educação e discussão efetiva da carreira docente nos institutos federais de ensino ainda não foram contempladas. É com relação a essas reivindicações que espera-se avançar na reunião com o ministro na próxima segunda-feira. 

Também participaram da assembleia dessa quinta-feira professores da UFMT nos campi de Sinop e Araguaia.

Delegado no Comando Nacional de Greve 

Na assembleia dessa quinta-feira, os docentes elegeram os professores Paulo Wescley e Maelison Neves para compor o Comando Nacional de Greve em Brasília, como delegado e observador, respectivamente. 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind 

Ministro não recebe professores e ato pacífico termina com agressão policial


A reunião com o ministro, confirmada pelo Ministério da Educação (MEC) na última semana, não foi realizada nessa segunda-feira, 05/10. Confiando no que foi acordado no dia 24/09 e confirmado posteriormente, centenas de professores e estudantes do ensino público superior se deslocaram até Brasília e realizaram um dia inteiro de atividades em frente ao MEC para aguardar os resultados daquela que seria a primeira reunião, em quatro meses de greve, com o responsável pelo setor. Além de não receber, no final das atividades pacíficas, a polícia agrediu gratuitamente estudantes e professores que estavam se retirando do ato.   

A primeira surpresa veio em carta entregue pelo secretário de Educação Superior, Jesualdo Farias. Devido a troca de ministros, ninguém estaria autorizado a responder pelo governo e o novo ministro, Aloizio Mercadante, organizaria sua agenda a partir de quarta-feira (07) para receber o professores em greve. Renato Janine, portanto, foi o primeiro ministro que se recusou a sentar com a categoria, seus colegas de profissão, para negociar. 

Mesmo assim, o Dia Nacional de Luta em Defesa da Educação prosseguiu como combinado, com cerca de 400 pessoas. Da Universidade Federal de Mato Grosso estavam presentes 15 professores representando os campi de Cuiabá, Sinop, Araguaia e Rondonópolis, além de 160 estudantes de todos os campi.

Em aula pública sobre o Orçamento da União e a Dívida Pública, a auditora aposentada da Receita Federal e fundadora do movimento Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lúcia Fattorelli, reafirmou o que professores e estudantes vêm debatendo durante a greve: os serviços públicos sofrem enquanto quase 50% da receita da união (pouco menos de R$ 1 trilhão) é destinada para pagamento de juros e amortização da dívida. 

“É preciso ter um grupo permanente denunciando, divulgando isso para todas as universidades do país, porque é tanto equívoco que a gente vê por aí [...] aqui no Brasil o mercado financeiro é altamente concentrado, não chega a 10 grandes brancos. E aí, quase metade do orçamento federal vai pra esse setor e o gigante Brasil, sétima economia mundial nesse atraso em todas as áreas. Nós somos um país atrasado, porque pra alavancar nosso desenvolvimento sócio-econômico tem de enfrentar esse sistema da dívida”, afirmou a auditora. 

Em seguida, um show de críticas bem humoradas com a dupla Clowns (Cia Du Kontra). Em suas brincadeiras, abordaram, na linguagem do teatro e circo, a maneira como os professores, estudantes e a própria educação pública são tratados nesse momento pelo governo.

 

Pendurados em varais, diversos poemas de autores como Bertold Brecht e Pablo Neruda, defensores inestimáveis da luta pela emancipação da classe trabalhadora. 

Depois do almoço, distribuído no local, o professor Valério Arcary (IFSP) falou, numa perspectiva histórica, sobre a educação federal técnica e tecnológica no país.     

Por volta das 15h os estudantes decidiram fazer uma passeata até a frente do Palácio do Planalto, onde os novos ministros, entre eles Aloizio Mercadante, eram empossados. Alguns professores acompanharam. Com palavras de ordens e cartazes seguiram com a ideia de chamar a atenção do governo e da imprensa para a greve que já é a mais longa da história das universidades federais. Apesar da tropa de choque em frente ao Planalto, o ato seguiu tranquilo e os estudantes retornaram, em passeata, à frente do MEC.

 

Quando as atividades já estavam concluídas e professores e estudantes se organizavam para deixar o local, recolhendo os materiais e cadeiras, nova surpresa: vários homens da polícia se aproximaram e, sem dizer uma palavra, começaram a agredir professores e estudantes com cassetetes e gás de pimenta. Sem nenhum tipo de resistência ou mecanismo de defesa, os manifestantes foram cercados e agredidos gratuitamente pela polícia, como mostra um vídeo gravado no momento. Muitos estudantes e professores sofreram ferimentos e também os efeitos do gás de pimenta, disparados pelos policiais bem perto de seus rostos. 

Durante a confusão, um estudante foi preso, mas liberado algumas horas depois. 

Depois que conseguiram deixar o local, estudantes organizados para pegar o ônibus de volta ainda foram perseguidos por viaturas e pelo microônibus da polícia. 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa do Comando Local de Greve da Adufmat-Ssind