EDITAL DE SELEÇÃO / CONTRATAÇÃO
RESULTADO FINAL DIA 01DE FEVEREIRO DE 2021
Foi aprovado o Escritório HOSAKA Advocacia e Assessoria Jurídica, composto pelos advogados ALEXANDRE BISPO DE ARAGÃO FILHO e JONATHAS BORGES HOSAKA.
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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Texto enviado pelo Prof. Roberto de Barros Freire.
O rabo do presidente
Sempre que o presidente é questionado em seus atos governamentais, ele, para disfarçar suas incongruências, ofende seus interlocutores, em particular a imprensa. Ele esconde seus desacertos fazendo algo mais escandaloso do que o escândalo do seu feito que está sendo indagado. Pego em flagrante aberração em aquisições do seu governo, como a informação sobre compras de alimentos —chiclete, pizza, picolé, bombom, batatas em pacote, vinho e principalmente leite condensado, que deve ser vasculhada, até porque as explicações do governo são confusas, ao invés de explicar o feito, agride aos repórteres. Se é para fornecer leite aos soldados que não tem como refrigerar o leite em natura, como afirma o governo, não seria mais apropriado leite em pó ao invés de leite condensado?
O fato é que, contrariado com uma publicação, o boca-imunda do Planalto despejou seu vocabulário de espelunca contra a imprensa, mais uma vez. Aos gritos, o presidente sem decoro do cargo da presidência da República mandou o jornalismo brasileiro para a “pqp” e que os jornalistas enfiassem latas de leite condensado "no rabo". Ao utilizar tal vocabulário ele nos autoriza a usarmos o mesmo linguajar para se referir a ele. E mais ainda, ele tem que ser censurado para nossas crianças e jovens. Ele serve como um exemplo negativo do que não se deve fazer; não é um modelo para os jovens e crianças, mas uma vergonha para todos. Os estrangeiros estranham como permitimos um governante tão escroto. Aliás, como as autoridades legislativas e judiciárias, o ministério público, não tomam uma atitude contra gesto tão obsceno e indigno praticado pelo presidente? Por que deveríamos tratá-lo com dignidade se ele não trata os demais assim, ofendendo a todos, em particular nossa inteligência e bom gosto?
E o pior é ver uma plateia submissa, um rebanho de brutos e ignorantes aplaudirem tal gesto nefasto, todos achando que Bolsonaro é o máximo, um “macho”, ou ousado, que enfrenta a imprensa, o que na verdade é um gesto de insegurança e fuga, se escondendo atrás dos insultos e dos guardas costas, de uma plateia amiga, num encontro de lambe botas, onde só o seu rebanho pode ter acesso a fala. Se esconde de um debate civilizado porque não tem respostas razoáveis aos seus gestos e deliberações, todas elas fruto de rompantes de um ignorante, um bruto, um estúpido, um idiota, aqueles que os gregos denominavam incapazes de perceberem a situação política e social e deliberarem segundo seu fígado, não com a razão.
Bolsonaro, aliás, esconde seu rabo de suas obrigações, fugindo de seus deveres, não assumindo suas responsabilidades, como ficou mais do que visível no caso recente do Amazonas, na sua incapacidade de suprir com as necessidades mínimas para salvaguardar as vidas. Mas há exemplos desde o início do seu governo (desgoverno), que já promoveram uma enxurrada de pedidos de impeachment no congresso, que alienado, os deixam engavetados.
Um presidente que não sabe se portar como tal, não apenas não sabe o que fazer para governar, se associando ao que há de pior entre as pessoas que comungam de suas idiossincrasias, não sabe nem ao menos ser educado, que deve ouvir as críticas, as indagações e responder, não apenas aos seus capachos e seguidores, esse gado humano sem crítica e capaz das piores barbáries, todos adeptos de golpismos. Um presidente precisa ouvir a todos e não apenas a sua rede de seguidores. Precisa ser magnânimo, não se deixar abater por palavras e gestos dos demais, e principalmente deve cuidar do seu linguajar, pois todos podem ouvir. Boa parte do que Bolsonaro expressa é proibido para menores.
Enfim, um covarde que se esconde atrás de berros e ofensas para não dar explicações de suas deliberações, que foge das perguntas da imprensa, que tem o seu rabo preso, cercado de capachos em todas as instâncias que pode atuar para impor seus seguidores. E ao que parece terá mais o legislativo sobre seu comando, assim como fez com o ministério público e a polícia federal. Bolsonaro quer se resguardar de suas atitudes equivocadas e prejudiciais ao Brasil. Não temos um presidente da república, mas uma criança ensandecida, que não quer dar satisfação a ninguém e se utiliza dos bens públicos para seus interesses privados e de sua família.
Temos muito a nos envergonhar e a história deixará um registro medonho dessa época em que fomos governados por um bárbaro golpista, que se puder mandará prender a imprensa e derrubará as instituições democráticas que tem aparelhado para sua defesa. O futuro nos verá como um retrocesso histórico que demorará muito tempo para recuperar tudo que está sendo destruído por um brutamonte ignorante e sem educação. Seremos lembrados por nossa falta de educação por deixarmos uma pessoa tão imprópria conduzir esse país, alguém inapto para tão alto cargo, que exige no mínimo alguma educação elementar, e não a rudeza e a ignorância que esbanja nosso presidente com orgulho.
Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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O PT COMO ZERO À ESQUERDA
Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. em Jornalismo/USP. Prof. de Literatura/UFMT
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Antes da chegada ao poder federal da atual perigosa aberração governista, vivenciamos a produzida e – até “inocente” – dicotomia entre os “mortadelas” e os “coxinhas”.
Ao primeiro grupo, adequavam-se os simpatizantes do PT, bem como os que se aproximavam do pensamento – ainda que apenas teoricamente – mais à esquerda. Ao segundo, os assumidamente neoliberais, como os correligionários do PSDB.
À margem daquela (falsa) dicotomia, sob uma ameaça (É bom JÁ IR se acostumando”) e um conjunto de discursos rasos e moralizantes, capitaneado pelo enunciado vazio “Deus acima de tudo”, logo, por natureza, cínico, corria livre, leve e solta uma perigosa alternativa política, que não foi levada a sério por quase ninguém, principalmente, de ambos os grupos identificados acima.
Por conta desse descrédito, e sedentos pelo poder, fosse a que custo fosse, os líderes partidários “antagônicos” de antes continuavam mandatários, cada qual em seu reduto. Um deles, inclusive, apitava alto de dentro de uma cela. Para sustentar seus interesses, cada qual alimentava de ódio e rancor suas ignaras turbas. Assim, não tiveram (ou não quiseram ter) a perspicácia de antever que estavam prestes a ajudar na confirmação da “incompetência da América católica/ Que sempre precisará de ridículos tiranos...”, conforme já havia cantado a bola Caetano Veloso em “Podres Poderes”; aliás, se fosse hoje, talvez Caetano permutasse o termo “católica” pelo mais abrangente “cristã”. Genial como é, daria conta de resolver as duas sílabas métricas faltantes.
Deu no que deu. A perigosa aberração das aberrações chegou ao poder, alavancada, ao final, pela insistência petista em antagonizar um pleito previamente perdido. Se o PT quisesse, a turma governista, tão próxima de milicianos cariocas, teria “morrido afogada” na própria praia da Barra. Marina ou Ciro ajudaria o país a atravessar este momento, até encontrar algo melhor no futuro.
Agora, as lideranças de mortadelas e de coxinhas, além de outras que orbitavam próximas de ambas, deveriam promover todos os esforços – estratégicos e táticos – para alguma aproximação. Contra o verdadeiro inimigo comum, só a união, ainda que fosse pontual e momentânea. Elementar.
Mas as lideranças petistas são mesmo tão opostas assim a determinados interesses do bolsonarismo?
Antes de tratar dessa indagação, é preciso reforçar que seria elementar a união de todos contra o bolsonarismo. Todavia, não seria tão elementar assim para quem cultiva um antagonismo vazio e hipócrita entre seus seguidores.
Para tratar desse vazio e dessa hipocrisia, tomo aquele ato – obviamente, político, para marcar a chegada da vacina contra a Covid-19 – que o atual governador de SP – candidato a presidente em 22 – realizou no dia em que seu Estado completou 467 anos. Para as comemorações, foram convidados todos os ex-presidentes pós-golpe/64.
Oportunista aquele ato?
Com certeza. Mas um oportunismo, digamos, oportuno; repleto de sentido. Imersos no degradante quadro social, político, econômico e ético, nenhum ex-presidente deveria ter se ausentado. Querendo ou não, aquele encontro – à lá posse de Biden – era algo que deveria transcender as miseráveis fronteiras de nossos partidos, quase todos iguais em suas abomináveis práticas internas.
Pois, além de Collor, Lula e Dilma recusaram o convite. Ao se ausentarem, ambos se omitiram no difícil processo de suplantação nacional do atual e degradado estágio político. As justificativas “politicamente corretas” de ambos parecem ser hipócritas, pois também são oportunistas. Dilma chegou a dizer que não queria “furar a fila da vacina”.
A essa sua justificativa, lembrou Ricardo Kertzman em Isto é de 22/01:
“...Lá pelos idos de agosto de 2016, Dilma teve a aposentadoria de mais de R$ 5 mil (apenas a do INSS) deferida em tempo recorde: 24 horas! Em Brasília, onde seu pedido foi apresentado, o tempo médio de espera, apenas para ser atendido numa agência, é de incríveis 115 dias”.
Com tais justificativas, os dois petistas fizeram sua fiel e escudeira militância morder a língua, pois adoram apontar o dedo no nariz de quem anulou o voto em 2018, ao invés de apostar em Haddad para a continuidade do poderio e desmandos petistas.
Lula e Dilma – não comparecendo ao ato – ficaram mais em cima do muro (tipo anular o voto) do que os próprios velhacos tucanos. Mas não ficaram sem motivos; tampouco porque, de fato, fossem “politicamente corretos”. Lavaram as mãos porque têm interesses em sorrateiras ações bolsonaristas no que tange ao desmonte de operações contra a corrupção no país, que não é problema menor.
Quem duvidar, verifique os meandros das votações internas do PT para deliberar sobre os apoios que darão aos candidatos às presidências da Câmara e do Senado, que ocorrerão no início de fevereiro. Isso sem contar as traições, que virão.
Depois disso, podemos continuar a conversa.
EDITAL DE CONVOCAÇÃO
EDITAL DE SELEÇÃO / CONTRATAÇÃO
RESULTADO DIA 28 DE JANEIRO DE 2021
Foi aprovado o Escritório HOSAKA Advocacia e Assessoria Jurídica, composto pelos advogados ALEXANDRE BISPO DE ARAGÃO FILHO e JONATHAS BORGES HOSAKA.
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PAPO COM “PAPAI DO CÉU”
Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. em Jornalismo/USP. Prof. de Literatura/UFMT
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Alô, alô, Papai do Céu! “Aqui quem fala é da Terra/ Pra variar, estamos em (pé de) guerra..../ O ser humano tá na maior fissura porque/ Tá cada vez mais down no high society!”
Por que está assim?
Porque depois das explorações mais convencionais de nossa antiga e velhaca “high society”, àquelas, recentemente, foram incorporadas outras artimanhas exploratórias: “mensalão”, “petrolão” e “lava-jato”. Agora são as “rachadinhas”. Os emergentes à “high society” também não têm tido muito pudor.
Na lata, Papai do Céu, a “high society” tem sido muito podre; tão podre que seu filho Caetano, o nosso “mano Caetano”, há algumas décadas, em “Podre Poderes”, indagou o seguinte:
“Será que nunca faremos senão confirmar/ A incompetência da América católica/ Que sempre precisará de ridículos tiranos?...
Desculpe, Papai do Céu, mas essa letra é genial, não é?
Ahn?
O “low society”?
Oras! Como sempre, comendo o pão que o diabo amassou e, agora, pra piorar, cuspiu em cima. Cusparada, viu? Pra ser bem direto, “A coisa tá ficando russa...”
Pois é. Diante desse quadro dantesco, insisto no papo, Papai do Céu, mesmo não sendo inédito, pois, lá pelos idos dos anos 80, do século passado, a Rita Lee e o Roberto de Carvalho – de início, pela voz de Elis Regina – já disseram tudo isso, mas a um “Marciano”; provavelmente, eles foram metafóricos. Por isso, você não tinha mesmo obrigação de entender tudo aquilo. Mas assossegue seu espírito. As criaturas da Terra também têm dificuldades de entender as metáforas. Também não sei o porquê foram inventar metáforas, posto serem “poucos os escolhidos” que conseguem atingir a dimensão desse patamar dos discursos humanos.
Para ser bem direto, há situações que dizer algo “na lata” tem mais efeito dentre nós. Apostar nas metáforas pode ser investimento a fundo perdido, Papai do Céu. Sempre que posso, evito isso. É tão desconfortável ver um semelhante não entender as metáforas!
Ah, sim! Quando aquelas vozes acima deram aquele telefonema aos “marcianos”, vale lembrar que, vários lugares na Terra eram dirigidos por diabólicos ditadores de “diferentes marcas”. Por falar neles, acho que essas criaturas sempre lançaram mão do “livre arbítrio” para obter o direito de nos infernizar. Confere?
Seja como for, vinda daqui dos rincões da América do Sul, vou te lembrar, dentre tantas, de outra dessas vozes que, no desespero, embalde, apelaram para os céus. Falo do nosso Castro, o Alves, claro! Do Brasil!
Aquele nosso poeta, na segunda metade do século 19, escreveu o poema “O Navio Negreiro (Tragédia no Mar)”. Ali, ele “fotografa” cenas das desumanas condições dos africanos arrancados, à força, de suas terras. A crueldade era tamanha que muitos dos negros eram separados de suas famílias e maltratados ao extremo, já nos navios negreiros, que os traziam para ser propriedades de senhores brancos. Eles ainda trabalhavam sob as ordens dos feitores. Sabia disso?
Sei que você sabia. Aliás, nem posso duvidar de sua onisciência, onipresença e onipotência. Só não entendo o porquê de seu silêncio, de sua inércia. Papai do Céu não gosta de poesia? Não as lê?
Pelo sim, pelo não, vou transcrever a primeira estrofe de sua quinta parte, que se repete ao final dessa mesma parte; essa artimanha poética funciona como se fosse um eco dentro do texto. Ei-la:
“Senhor Deus dos desgraçados!/ Dizei-me vós, Senhor Deus!/ Se é loucura... se é verdade/ Tanto horror perante os céus?!/ Ó mar, por que não apagas/ Co'a esponja de tuas vagas/ De teu manto este borrão?.../ Astros! Noites! Tempestades!/ Rolai das imensidades!/ Varrei os mares, tufão!”
Não contente, Castro ainda te perguntou em “Vozes d’África”:
“Deus! Ó Deus! onde estás que não respondes?/ Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes/ Embuçado nos céus?/ Que embalde desde então corre o infinito.../ Onde estás, Senhor Deus?...”
Mas por que estou me lembrando dessas coisas agora?
Porque uma cria sua – dessas das mais ignorantes e arrogantes que adoram ditar ordens a seu povo, e tudo fazendo em seu nome, Papai do Céu – disse que só largaria a cadeira presidencial, obtida, aqui, em 2018, pelo gosto do “Papai do Céu”.
ηὕρηκα/εὕρηκα! Heurekeca!
Foi a partir disso que me lembrei de te lembrar dessas “chatices” acima. E não te conto mais porque os leitores daqui já não gostam mais de ler textos com mais de duas linhas no whatsapp; por isso, estou me contendo.
Também me contenho, é verdade, pela raiva que simples questões, como essas, causam em algumas de suas raivosas criaturas, semelhantes àquela referida há pouco. Mas como também tenho o direito de usar do livre arbítrio, resolvi ter esse papo hoje.
Pra terminar, peço que não me confundas com fofoqueiro, por favor, e, pelo amor dos deuses, Papai do Céu, nem te ofendas comigo.
EDITAL DE SELEÇÃO / CONTRATAÇÃO
HORÁRIO DAS ENTREVISTAS DIA 27 DE JANEIRO DE 2021
ALEXANDRE BISPO DE ARAGÃO FILHO – 09:00 hs
JONATHAS BORGES HOSAKA – 10:00 hs
LAELÇO CAVALCANTI JUNIOR – 11:00 hs
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Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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BIDEN, ESPERANÇA E RECONSTRUÇÃO!
JUACY DA SILVA
Nesta quarta feira, 20 de Janeiro de 2021, finalmente, tomarão posse o 46º presidente eleito Joe Biden e sua Vice Kamal Harris, pondo fim a um periodo tumultuado da vida politica e das relacoes sociais nos EUA, liderado pelo controvertido Donald Trump, um ou Talvez o maior expoente da direita e extrema direita tanto nos EUA quanto ao redor do mundo.
Quando de sua vitória nas primárias do Partido Democrata e homologação de sua candidatura a Presidente, Biden construiu uma Plataforma, unindo praticamente as diversas propostas de outros candidatos e candidatas, de todos os matizes filosóficos e ideológicos do Partido Democrata, possibilitando, assim que seu Partido, apesar de uma acirrada disputa interna, durante meses em que ocorreram as “primárias”, continuasse unido com um único propósito, derrotar Trump que buscava a reeleição e recolocar um presidente democrat ana Casa Branca, o que acabou acontecendo.
O seu slogam tanto nas primárias quanto após ser escolhido candidato do Partido Democrata bem representa as idéias, valores e propósitos que o levaram a obter a maior vitória tanto em termos de votos populares, mais de 81,2 milhões de sufrágios, quanto no Colégio Eleitoral, 306 votos, bem mais do que o mínimo necessário para homologar sua vitória rumo a Casa Branca, que são 270 sufrágios naquele colegiado.
O seu slogan trazia uma mensagem de fé, de esperança e confiança em relação ao future, ao estabelecer, de forma simples, o que a maioria da população norte americana desajava e deseja: Reconstruir melhor o país e contribuir para um mundo melhor, em ingles “Build back better”.
A idéia é reconstruir um país, não apenas em suas estruturas físicas e econômicas, mas principalmente em suas relações políticas, sociais, humanas e institucionais. Todos sabemos que, históricamente, os EUA, desde a Guerra Civil que durou de 12 Abril de 1861 até 09 de Abril de 1865, tendo deixado um saldo de 620 mil mortos (algumas estimativas de estudos mais recentes indicam que as mortes podem ser bem superiores, entre 850 mil e 1,2 milhão de pessoas que perderam a vida em uma das guerras mais fratricidas que o mundo ja assistiu) e em torno de 476 mil ou mais feridos. Estima-se que entre mortos, feridos e prisioneiros a Guerra civil americana afetou diretamente próximo a 1,8 milhões de pessoas.
Considerando que a população dos EUA em 1.860 era de apenas 31,4 milhões de habitantes aquela Guerra afetou diretamente 5,7% da população daquele país. Apenas para efeito comparativo, em 2020 a população dos EUA era de 331 milhões de habitantes, uma Guerra como a que ocorreu entre 11 estados do Sul que pretendiam separar-se da União e constituir em um país independente, baseado no racismo estrutural e na escravidão, isto signifca que uma Guerra com aquela afetaria hoje nada menos do que 18,9 milhões de pessoas, número superior do que a soma de todas as perdas americanas em todas as guerras em que participou ao longo de mais de um século e meio desde então.
Com certeza, boa parte dos conflitos internos, do racismo estrutural, da violência institucional, social e politica e da pobreza que ainda persistem nos EUA até os dias de hoje, em que os últimos acontecimentos que culminaram com a invasão do Congresso americano há poucos dias, por extremistas de direita e de extrema direita, instigados por um discurso falso e de ódio de Trump, insistindo que venceu as eleições, quando o Congresso estava iniciando a sessão conjunta para conferir os votos do Colégio Eleitoral e proclamar, como ato final, a vitória de Joe Bidem e Kamala Harris como os próximos presidente e vice-presidente dos EUA, tem sua origem, não apenas no radicalismo politico e ideológico de Trump e de seus seguidores de direita e extrerma direita, mas com certeza no divisionismo e violência antes, durante e muitos anos após o término da Guerra civil, há mais de um século e meio, incluindo o assassinato de A. Lincoln em pleno exercício da Presidência.
Parece uma ironia da história, quando da Guerra civil os 11 Estados do Sul eram “comandados”, governados pelo Partido Democrata e os Estados do Norte, a União pelos republicanos, cujo expoente máximo era exatamente A. Lincoln.
Basta um exemplo de como a divisão do Congresso persiste ao longo de séculos. Em 08/06/1868, tres anos após o assassinato de A. Lincoln, o Senado dos EUA aprovou a emenda 14 `a Constituição Federal, com 33 votos a favor e 11 contra, sendo que todos os senadores democratas voltaram contra e todos os republicanos voltaram a favor daquela emenda, que impedia que Estados pudesssem legislar estabelecendo medidas que atentassem contra a vida, a liberdade e os direitos civis dos americanos natos ou naturalizados residindo em qualquer estado americano.
É interessante notar como o racismo estrutural permeia a politica americana. O democrata, vice presidente da rebeliao sulista (confederados) Alexander A. Stepens, da Georgia, em 1861, assim declarava: “ Nosso governo (dos confederados, democratas) baseia-se na grande verdade de que o negro não é igual ao homem branco (social, cultural, institucional e politicamente) ou seja, para os escravocratas de entao e os racistas da atualidade, o negro, afrodescendente não pode te ros mesmos direitos, como aconteceu e ainda acontece, mesmo após mais de século e meio da abolição da escravidão. Talvez ai esteja uma das origens do racismo estrutural que ainda hoje está presesnte nos EUA.
O periodo da reconstrução do país de 1863 até 1877, dizimado pela Guerra Civil, foi um dos períodos mais significativos da história americana, assemelhando-se muito com o que aconteceu durante final dos anos 50 e a década de 60, quando das grandes marchas, lideradas por Martin Luther King contra o racismo e pelas liberdades e direitos dos afro-descendentes, novamente acessas no decorrer do governo Trump e que contribuiram diretamente para a eleição de Biden/Harris, esta a primeira mulher de origem Indiana e negra a ocupar o segundo posto mais importante da politica americana, dando, como alguns analistas assim pensam, continuidade das politicas sociais e de resgate dos direitos humanos implementadas pelo Governo Obama, o primeiro negro eleito presidente dos EUA.
Entre 1863 e 1884, por seis mandatos consecutivos, o Partido Republicano dominou a politica dos EUA e ocupou ininterruptmente a Casa Branca, solidifidando-se como um partido mais aberto `as mudanças, enquanto os democratas continuavam arraigados ao conservadorismo oriundo do periodo escravagista e dominavam os estados do sul.
Nas últimas decadas o Partido Republicano tem hegemonia em praticamente todos os estados do Sul e do meio Oeste, enquanto os Democratas são maioria em diversas estados do leste, noroeste e oeste dos EUA. Olhando o mapa dos EUA em cores, o vermelho representa os republicanos e azul os democratas, pode-se perceber facilmente esta divisão.
Atualmente, o Partido Republicano é o porta-voz do conservadorismo social, econômico, politico e ideológico nos EUA, dando guarida a grupos mais radicais `a direita e extrema direita, os quais defendem a posse e porte irrestrito de armas, o estado minimo, o liberalism economico e fiscal, pautas de costumes conservadoras; enquanto os democratas advogam uma pauta mais liberal, tanto em relação aos costumes, passando pela economia e quanto ao papel do Estado enquanto instância para reduzir as desigualdades econômicas e sociais, a defesa do meio ambiente, a proteção dos trabalhadores, saúde publica e universal.
As ações do Governo Biden/Harris tem duas vertentes, em termos de politica: externa e interna, em ambas serão ações bem diferentes, radicalmente diferentes do periodo Trump.
Em relação `a politica externa, enquanto Trump buscou fortalecer os EUA no isolacionismo e uma crítica exacerbada aos organismos internacionais e aos pactos e acordos globais ou regionais que foram implementados nos 8 anos de governo Obama; Biden/Harris e o partido democrata já sinalizaram que os EUA buscarão fortalecer os organismos internacionais, ampliando a participação direta dos EUA nessas organizações; e apoiarão pactos e alianças regionais como o retorno dos EUA ao Acordo de Paris, que deverá ser uma das primeiras decisões do novo governo, a retorno das discussões quanto ao Bloco Transatlântico, entre os EUA, Canadá e a União Européia, como estratégia de fortalecimento de um mercado comum e uma forma de frear o expansionismo da China.
Neste particular, em relação `a China, o Governo Bidem terá menos retórica nacionalista, que de prático poucos ganhos trouxe aos EUA, mas sim uma visão e prática mais pragmáticas, com ganhos mútuos e, ao mesmo tempo, os EUA fortalecerão pactos regionais e acordos bilateriais com países asiáticos, como forma de reduzir a dependência daqueles países em relação `a China e também, o fortalecimento politico, estratégico, economico e militar na região.
O governo Biden/Harris implementará politicas bilateriais importantes com potências regionais e ou emergentes, tanto na Ásia quanto na África e Oriente médio, principalmente com a Índia, Indonésia, Coréia do Sul, Japão e Rússia.
Os grandes desafios estratégicos continuarão sendo o controle de armas de destruição em massa, a questão da nuclearização da Coréia do Norte, do Irã e também dos misseis balísticos intercontinentais, de longo e médio alcance.
A questão dos oceanos, a livre navegação e segurança das rotas marítimas também fazem parte tanto de uma estratégia de contenção da China e de outras possíveis potências militares quanto de fortalecimento do comércio internacional e de projeção de poder por parte dos EUA.
No aspecto de apoio e fortalecimento dos acordos internacionais cabe destaque `a OTAN, que durante o mandato de Trump foi duramente criticada, mas que para Biden reveste-se de uma forma de conter o expansionismo e intervencionismo Russo na Europa e Eurásia.
No que concerne ao programa espacial durante o Governo Biden estão previstas medidas e ações que possibilitem aos EUA a retomada da hegemonia espacial e para tanto é importante o fortalecimento e a modernização da NASA e de outros organismos estratégicos militares e espaciais.
A politica interna representa, talvez, o maior e mais imediato desafio para o governo Biden/Harris, a começar por uma postura mais pró-ativa e efetiva por parte do Governo Federal, em articulação com os governos estaduais e os governos locais para o combate mais efecaz e decisivo `a pandemia do coronavirus.
A meta imediata, já anunciada por Biden é de vacinar CEM MILHÕES de pessoas nos primeiros CEM DIAS DE GOVERNO, além de outras medidas emergenciais de apoio aos trabalhadores, aos desempregados, aos pequenos e médios empreendedores/empresários, aos governos locais e diversas categorias de trabalhadores. Para isso há poucos dias Biden anunciou um pacote de US$1,9 trilhão de dólares, sendo mais de US$400 bilhões de dólares para o enfrentamento da COVID-19, com repercussão direta na economia do país.
Além deste pacote emergencial, Biden comprometeu-se a, tão logo tomar posse encaminhará ao Congresso, que a partir de sua posse terá maiora democrata nas duas casas, já que o Partido Democrata conquistou as duas vagas que estavam em disputa, em segundo turno, no Estado da Geórgia, ficando o Senado com 50 senadores para cada partido e como a presidência do Senado nos EUA é exercida por quem é vice-presidente do País e, neste caso, o mesmo será presidido pela atual senadora e vice-presidente Eleita (do Partido Democrata) Kamala Harris.
O plano a ser encaminhado por Biden ao Congresso teve suas linhas gerais e principais aspectos aprovados pela convenção do partido democrata e abordará questões fundamentais , fiel `a sua plantaforma de campanha “Reconstruir melhor”.
Entre esses aspectos estao : um novo acordo voltado ao meio ambiente (Green New Deal), como a retirada e maior taxação sobre combustíveis fósseis; incentivos `as fontes de energia limpa, como solar, eólica e outras; combate `as mudancas climáticas, incluindo tanto medidas internas quanto apoio a medidas internacionais que visem combater as mudanças climáticas e reduzir a poluição do ar, dos solos e das águas, incluindo a poluição dos oceanos e o desmatamento das florestas tropicais ao redor do mundo.
A grande aposta do Governo Bidem será na Economia Verde, possibilitando a geração de mais de 20 milhões de empregos e investimentos de mais de US$17 trilhões de dólares.
Outra proposta e frente de ação será no combate `a violencia interna e no racismo estrutural, incluindo a reforma das forças policiais como mecanismo de redução da violência policial, principalmente contra a população afrodescendente e imigrantes, estopim das varias manifestações de rua nos ultimos anos nos EUA.
Correlata a esta politica, faz parte tambem das propostas de Biden/Harris, a definição de uma politica imigratória mais racional e humana, como forma de evitar tantas injustiças e arbitrariedades ocorridas ultimamente.
Diferente de Trump que tentou, de todas as formas, acabar com o OBAMA CARE, Bidem propõe a ampliação da atuação na área da saúde que possa ser acessivel a todos, de forma universal.
As áreas de educação, da ciência e da tecnologia devem ganhar destaques no Governo Bidem como forma de melhorar a qualidade da educação americana, principalmente em relação a diversas países, cujo desempenho tem sido bem superior aos EUA.
Essas tres áreas representam a possibilidade também de melhorar a qualidade da mão-de-obra americana e aumento em produtividade para a economia e avançar em setores estratégicos como o militar, o espacial, da biotecnologia, da inteligencia artificial, da robótica e, principalmente em relação `a internet 5 G e as novas fronteiras do conhecimento.
Quando se fala em reconstrução, logo vem `a mente das pessoas, a reconstrução fisica e, neste aspecto, o plano de governo de Biden/Harris terá um amplo impacto na recuperação de obras de infraestrutura federal e de apoio aos Estado nesta mesma área, incluindo infraestrutura urbana.
Cabe destaque em termos econômicos a proposta de Biden para elevar o salário minimo federal dos atuais US$7,25 dólares por hora para US$15,00 dólares por hora, cabendo um esclarecimento de que o atual salário minimo federal está congelado desde 2009, ou seja, ao longo desses últimos 12 anos houve uma grande perda do poder aquisitivo dos trabalhadores que ganham apenas o salário minimo e isto tem empurrado milhões de trabalhadores para abaixo da linha de pobreza estabelecida pelo proprio governo federal.
Enquanto os republicanos e grupos conservadores criticam tal proposta, Biden justifica a mesma dizendo que isto vai reduzir um pouco a concentração de renda, as injustiças e iniquidade social e, ao mesmo tempo, vai colocar mais dinheiro diretamente nas mãos de milhões de familias que irão aquecer o mercado interno e estimular a economia.
Outra área importante, também inserida no contexto da saúde coletiva é a prevenção, tratamento e recuperação de dependentes químicos, além de um combate mais efetivo ao narco-tráfico e crime organizado, principalmente nas grandes e médias cidades.
Enfim, Joe Biden e Kamala Harris tomam posse em meio ao um país extremamente dividido, com ameças internas e também externas, mas com uma grande esperança tanto de pacificação internamente no país, quanto ao fortalecimento de laços de cooperação, de negociação como mecanismos de resolução pacífica dos conflitos, onde o papel dos organismos internacionais, como a ONU e seu Conselho de Segurança, a OEA e suas congêneres em outras regiões do planeta devem desempenhar papel fundamental.
Esta é mais uma diferença entre os governos de Trump, que satanizou os organismos internacionais e pautou a atuação internacional dos EUA pelo isolacionismo e um nacionalismo obsoleto e o governo Bidem, mais pautado pelo dialogo, fruto de sua experiência de 36 anos como senador, 12 dos quais como presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado americano e também seus 08 anos como vice presidente do Governo Obama, onde e quando desempenhou importantes papeis de negociador internacional representando os EUA.
Mesmo com tanto entusiasmo, a fé e a esperança em dias melhores para os EUA de Biden. Harris, do Partido Democrata e de mais de 80 milhões de eleitores, cabe ressaltar que tambem politicamente os EUA estao muito divididos neste momento. No Senado sao 50 senadores para cada partido; na Câmara Federal os democratas tem 224 deputados e os republicanos 221; quanto aos governadores, 27 são republicanos e 23 democratas; dos senadores estaduais os republicanos tem 1088 e os democratas 884 e dos deputados estaduais os democratas tem 2638 e os republicanos 2773. Isto demonstra que a disputa e luta politica tanto para a Câmara Federal cujas eleicoes ocorrem a cada dois anos e tambem as disputas para governadores , senadores estaduais e deputados estaduais vai ser uma verdadeira Guerra, de um lado os democratas tentando ampliar a maioria no senado e de outro os republicanos tentando retomar o controle da politica estadual em diversas estados como forma de retomarem a Casa Branca nas próximas eleicoes presidenciais, com Trump ou com alguem que possa derrotar os democratas.
Como estratégia de ampliar a representatividade de diversas grupos que o apoiaram e foram decisivos para a eleicao o Governo Biden/Harris é o que mais mulheres, negros, Negras, descendentes de imigrantes estarao em altos postos, no commando de cargos estrategicos neste governo que se inicia.
Por isso, mesmo em meio ao maior esquema de segurança jamais visto, que foi criado para garantir a posse de um presidente dos EUA, esta quarta feira pode representar o fim de uma era, mas não do trumpismo e o inico de um novo momento de esperança, fé e confiança no futuro dos EUA, com impactos tanto no contexto interno quanto internacional, incluindo o fato de que diversas governos e movimentos de dirfeita e de extrema direita, como de Bolsonaro no Brasil e em outros países, sentir-se-ão como órfãos a partir de agora!
Em um outro momento pretendo realizar uma reflexão/análise sobre o Governo Biden/Harris e suas relacoes com a América Latina, com destaque para as relacoes entre EUA e Brasil, já que o alinhamento automático, quase subserviência do Governo Bolsonaro a Trump não terá mais lugar.
JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de alguns veiculos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy
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para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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“MAIS MT” OU UMA DESTRUIÇÃO MAIOR QUE A DOS 40 ANOS EM 4.
José Domingues de Godoi Filho(1)
O atual Governo de Mato Grosso, no que se refere ao processo de licenciamento ambiental, vem seguindo a orientação do medonho Ministro do Meio Ambiente e vai “passando a boiada”, especialmente para as obras e projetos de infraestrutura do programa que denominou “Mais MT”, o qual, segundo a propaganda oficial, será o “maior programa de investimentos da história do Estado”. Alardeia que “serão 2400 quilômetros de asfalto novo, restauração de 3 mil quilômetros de asfalto, cinco mil pontes, iluminação para as cidades, entre outros projetos”. As obras de infraestrutura consumirão cerca de 50% do total de recursos do programa “Mais MT”, isto é, R$ 4,73 bilhões. Não é demais lembrar os atuais governantes o desastre ambiental que foi produzido por um governo que, no início dos anos 80 do século passado, prometia 40 anos em 4.
Os primeiros sinais vêm da constatação, por profissionais de geociências, que estão trabalhando na região, do desrespeito a um importante patrimônio geológico brasileiro e mundial representado pelo Domo de Araguainha, uma das poucas e grande estrutura provocada por impacto meteorítico, situada na divisa Mato Grosso-Goiás. Há décadas pesquisadores, do Brasil e exterior, estudam a região produzindo trabalhos científicos, dissertações, teses, capítulos de livros, dentre outras publicações, para melhor compreender as transformações ocorridas.
O Serviço Geológico do Brasil, em 1999, ao publicar o livro “Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil”, incluiu um capítulo intitulado “Domo de Araguainha – o maior astroblema da América do Sul”.
Contudo, “ existe uma pedra no caminho”, corta a região a rodovia MT-100, que, em 14 de agosto de 2020, foi licitada (RDC Presencial N.013/2020):
“REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÃO PRESENCIAL, PARA CONTRATAÇÃO DE EMPRESA DE ENGENHARIA PARA EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS DE IMPLANTAÇÃO E PAVIMENTAÇÃO DA RODOVIA MT-100, TRECHO: ENTR. BR-364(B)MT/299 – PONTE BRANCA, SEGMENTO 1: ENTR. BR-364(B)/MT-299 (ESTACA 2.035) – ENTR.MT-463/ACESSO (A) PARA RIBEIRÃOZINHO (ESTACA 3.035), SEGMENTO 2: ARAGUAINHA (ESTACA 3.035) – PONTE BRANCA (ESTACA 4.504+10,00), COM EXTENSÃO TOTAL DE 49,39 KM”.
Como agravante, o negacionismo científico que vivemos, também adotado pelo atual Governo de Mato Grosso, conforme demonstrou em observações divulgadas o ano passado sobre a pandemia, nos relatórios que acompanharam o processo licitatório (acessíveis, em 16/01/2021, no endereço http://www.sinfra.mt.gov.br/-/15142801-rdc-presencial-n.-013/2020) não há qualquer referência ao Domo de Araguainha, nem um estudo para a avaliação de possíveis impactos ambientais, num flagrante desrespeito às Constituições Federal e Estadual e à RESOLUÇÃO CONAMA 001/1986 como um todo e, especialmente em relação ao Artigo 6º, alínea c que alerta para a importância do “meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a sócio-economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos”. Além de demonstrar desconhecimento(?) da região e desprezo pela legislação vigente, se escondem por detrás da pandemia e fecham os olhos para que “a boiada passe”.
As preocupações ambientais da SINFRA-MT se referem, como consta do documento “Informações complementares para as obras de implantação e pavimentação da rodovia MT-100”, aos seguintes itens:
“10 – CRITÉRIOS DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL A SEREM ADOTADOS NA EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS.
10.1 A empresa contratada deverá utilizar na execução da obra as boas práticas de sustentabilidade ambiental, respeitando-se os critérios de sustentabilidade ambiental indicados abaixo:
10.1.1 Uso de produtos de limpeza e conservação de superfícies e objetos inanimados que obedeçam às classificações e especificações da ANVISA.
10.1.2 Adoção de práticas que evitem desperdícios de água potável.
10.1.3 Implementação de um programa de treinamento de seus empregados visando o uso racional de consumo de energia elétrica e água, bem como redução de resíduos sólidos.
10.1.4 Classificação e destinação adequada dos resíduos recicláveis produzidos durante a execução dos serviços. Especificamente para papéis e latas de alumínio deve-se contatar as Associações e/ou Cooperativas locais de catadores de materiais recicláveis.
10.1.5 Práticas de redução de consumo de papel, utilizando o padrão frente-verso na impressão de relatórios e outros documentos, bem como utilize a fonte ecológica recomendada pela Advocacia Geral da União, disponível no endereço eletrônicowww.agu.gov.br/econfont.
10.1.6 Adoção de uso preferencialmente de papel não clorado na impressão de documentos e relatórios.
10.1.7 Adoção de práticas de substituição de copos descartáveis por copos definitivos.
10.1.8 Adoção de prática de destinação final das pilhas e baterias usadas ou inservíveis, segundo a Resolução CONAMA Nº 257/1999.
10.1.9 Atendimento aos padrões indicados pela RESOLUÇÃO Nº 20/1994 quando da aquisição e utilização de equipamentos de limpeza que gerem ruídos em seu funcionamento.
10.1.10 Adoção e promoção de medidas de proteção para a redução ou neutralização dos riscos ocupacionais aos seus empregados, além do fornecimento de equipamentos de proteção individuais – EPI’s necessários, tais como óculos, luvas, aventais, máscaras, calçados apropriados, protetores auriculares, etc., fiscalizando e zelando para que eles cumpram as normas e procedimentos destinados à preservação de suas integridades físicas.
10.1.11 Considerações nas pesquisas de preços para aquisições e serviços contemplados no escopo da contratação empresas que tenham certificado ambiental.
10.1.13 Atendimento as Instruções de Serviços do DNIT, principalmente a Instrução de Serviço nº 03/2011, de 04 de fevereiro de 2011, publicada no Boletim Administrativo nº 06 de 07 a 11/02/11 que trata da Responsabilidade Ambiental das Contratadas – RAC.
Somam-se as ações mínimas básicas de engenharia, que aparecem no volume que trata do projeto, ou seja, medidas que “evitem que as valas abertas para retirada de material para confecção do corpo estradal sejam causadoras de pontas de erosão ou geração de focos de enfermidade, e a eliminação dos efeitos causados na paisagem regional pelos terrenos desmatados para exploração de caixas de empréstimos, jazidas, execução de bota-fora, canteiros de obra, etc., através da regeneração da natureza nestes locais”.
Com as simplificações no licenciamento ambiental, inspiradas pelo medonho que ocupa o Ministério do Meio Ambiente com o apoio do capitão que desgoverna o país, o atual Governo de Mato Grosso baterá todos os recordes de destruição, inclusive as produzidas pelos governantes dos 40 anos em 4. Ainda há tempo para que a Assembleia Legislativa promova audiências públicas para diminuir a voracidade do “Mais MT” e o Ministério Público reaja e não fique esperando os questionáveis “termos de ajustes de conduta”.
(1) Professor da UFMT/Faculdade de Geociências
EDITAL DE SELEÇÃO / CONTRATAÇÃO
DEFERIMENTO DE INSCRIÇÕES
- ALEXANDRE BISPO DE ARAGÃO FILHO
- JONATHAS BORGES HOSAKA
- LAELÇO CAVALCANTI JUNIOR
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