Segunda, 21 Novembro 2022 09:34

 

 

 

Dados divulgados pela última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que, em média, trabalhadoras e trabalhadores pretos ganham proporcionalmente muito menos do que brancas e brancos em todo o país. O levantamento utilizou números referentes ao intervalo de abril a junho de 2022.

Enquanto a hora de trabalho de uma pessoa preta vale, em média, R$ 11,49, a hora de trabalho de uma pessoa branca vale, em média, R$ 19,22. Ou seja, pretas e pretos ganham, em média, 40,2% menos que brancas e brancos por hora de trabalho. No caso de pessoas pardas, o valor foi 38,4% menor que o recebido pelas pessoas de cor branca. Em média, a hora de trabalho das pessoas pardas valia R$ 11,84.

Isso implica dizer que trabalhadoras e trabalhadores pretos e pardos precisam trabalhar mais horas para conseguir ganhar, no fim do mês, o mesmo valor que pessoas brancas. Considerando o rendimento médio por hora, para obter o valor de R$ 1.212, equivalente a um salário mínimo, uma trabalhadora ou um trabalhador branco precisaria trabalhar 63 horas. Já a pessoa preta levaria quase 105,5 horas para conseguir chegar ao mesmo valor.

Em uma década, a situação não evoluiu. No mesmo período de 2012, o valor pago por hora a uma pessoa preta era 42,8% menor do que o pago a uma pessoa branca.

ANDES-SN contra o racismo

O ANDES-SN tem encampado a luta antirracista a partir de mobilizações, posicionamentos e, ainda, na criação de ações de combate ao racismo por meio do Grupo de Trabalho de Políticas de Classe (GTPCEGDS) do Sindicato Nacional. A entidade defende a Lei das Cotas (Lei 12.711), aprovou o Dia de Luta contra o Racismo nas IES durante o 63º Conad em 2018, elaborou e publicou a Cartilha contra o Racismo, e compartilhou em suas mídias a história de mulheres negras que lutaram pela igualdade de gênero, pelo fim da escravidão no país e por equidade racial, entre outras ações.

Acesse aqui a Cartilha contra o Racismo

 

Fonte: Andes-SN (com informações da TV Cultura e G1)

Segunda, 22 Novembro 2021 17:05

 

Ato na Avenida Paulista concentrou-se em frente ao MASP

 

Não ao racismo, à violência contra negras e negros, à fome, ao desemprego e à miséria, Fora Bolsonaro racista. No Dia Nacional da Consciência Negra, estas foram as principais palavras de ordem que marcaram os protestos realizados em várias capitais e cidades do país no último sábado (20).

 

Após mais de um ano e meio de pandemia e crise econômica no país, os protestos denunciaram que é sobre a população negra que tem sido jogado o custo dessa crise social. São os negros e negras que mais se contaminaram e morreram de Covid-19; que são vítimas da violência policial nas periferias e favelas; que são a maioria dos desempregados e enfrentam a precarização da informalidade; que sofreram despejos e desocupações na cidade e no campo em plena crise sanitária; que diante da atual carestia no país enfrentam a fome e o aumento da miséria.

 

“Não voltaremos para a senzala, nem para os porões da ditadura” também foi outra frase que marcou os protestos, em referência ao aumento da superexploração e ataques às condições de vida dos trabalhadores e ameaças às liberdades democráticas, marcas do governo de Bolsonaro e Mourão.

 

O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, também foi alvo de protestos em várias das manifestações. Em Niterói (RJ), foi realizado um protesto em frente à Câmara municipal. Não foi por menos. Um vereador bolsonarista da cidade teve a cara de pau de propor homenagem a Sérgio Camargo, capacho de Bolsonaro e de racistas, que age como os antigos “capitães do mato”, perseguindo o povo negro e desonrando a história de luta e resistência contra o racismo. Fora Sérgio Camargo! Palmares não é lugar pra capitão do mato! gritaram forte os manifestantes.

 

A CSP-Conlutas, entidades e movimentos filiados estiveram presentes nos atos, reafirmando as bandeiras de luta contra o racismo e da necessidade dessa luta ser feita também contra o capitalismo, que usa das opressões para aumentar a exploração e seus lucros.

 

Juntamente com as demais centrais sindicais, a CSP-Conlutas assinou nota unitária de convocação das manifestações do 20N, salientando, contudo, o equívoco das organizações que compõem a Campanha Nacional Fora Bolsonaro em não apontar novos atos nacionais pelo Fora Bolsonaro, dando sequência à jornada de lutas que realizou seis dias de luta ao longo deste ano.

 

“Seria ainda mais relevante o chamado para uma Greve Geral para derrubar o governo Bolsonaro e Mourão de vez, apoiada na convocação de novos protestos”, ressaltou.

 

Fonte: CSP-Conlutas

Segunda, 22 Novembro 2021 16:46

 

Nessa terça-feira, 23/11, às 19h, entidades de Mato Grosso realizam uma Live para analisar a conjuntura e avaliar a Jornada da Semana do Movimento Negro deste ano. O evento será exibido ao vivo pelas páginas oficiais da Adufmat-Ssind no Facebook e Youtube.

As entidades convidadas são, ANDES-Sindicato Nacional, que será representada pela professora Raquel Brito, Adufmat-Ssind, com participação do diretor de Comunicação, Leonardo Santos, Mandato Edna Sampaio, com a própria vereadora e sua assessoria, Sinasefe, com o diretor Rinaldo Ribeiro de Almeida, e o coletivo Nós do Renascer, representado pela militante Elisângela Renascer.

Faça sua pergunta ou contribuição ao debate ao vivo, a partir das 19h, horário local.

Link direto para o Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=H4SEC15u94U

Link direto para o Facebook: https://www.facebook.com/211669182221828/posts/4854370417951658/ 

Sexta, 19 Novembro 2021 16:32

 

Centro e trinta e três anos após a abolição do sistema que escravizou milhares de pessoas por quase quatrocentos anos no Brasil, a população negra ainda é a mais vulnerável socialmente. A desigualdade, representada historicamente pelo acesso aos direitos sociais, emprego e até pelos salários também teve reflexos na pandemia. Segundo pesquisas da PUC-Rio e do Instituto Polis, a população negra foi a mais atingida pela pandemia de Covid-19, com mais mortes e menos acesso às vacinas. Como desigualdade gera violência, pretos e pardos também representam a maior parte dos encarcerados pelo sistema prisional. Por isso, no dia, na semana, no mês da Consciência Negra, além das homenagens à atuação e história do povo negro, a cobrança às instituições públicas para que essa realidade seja transformada também fez parte da programação.

     

Em Sinop (479,4 Km de Cuiabá), a expressão orgulhosa utilizada pelos participantes da abertura da Semana da Consciência Negra, realizada no dia 16/11, foi “A Câmara Municipal virou Quilombo”. A Casa, que há poucos dias foi palco de mais um episódio de racismo, praticado pelo próprio presidente, Elbio Volkweis (Patriota) – ao dizer que as pessoas se vitimizam pela cor da pele -, nunca esteve tão alegre e colorida. Os símbolos da cultura afro, que apesar de abafada, é pilar fundamental da construção do país, tomaram conta do espaço, e pressionaram representantes públicos a repensarem suas ações.

 

Apesar disso, apenas a Moção de Aplauso às entidades ligadas ao Movimento Negro, proposta pela vereadora Professora Graciele (PT), uma das responsáveis pelo evento, foi aprovada. Outros seis projetos de interesse da população não passaram. “Mesmo após exposição bastante objetiva das propostas de emendas modificativas, que buscavam realocar recursos de uma pasta a outra, visando, entre outras coisas, auxiliar fundos municipais de programas voltados a idosos e adolescentes, nenhuma delas foi aprovada. Eram emendas que visavam melhorar a qualidade do acesso das pessoas ao serviço público e ao lazer”, afirmou a professora Clarianna Silva, membra do Grupo de Trabalho de Política de Classe para as Questões Etnicorraciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) da Adufmat-Ssind.  

 

 Entidades ligadas ao Movimento Negro recebem Moções de Aplausos em Sinop

Uma das propostas sugeria a inclusão do percentual mínimo de 20% de atores e atrizes negras na publicidade municipal, mas não foi votado porque o vereador Professor Mário (PODE) pediu vistas. “Todo vereador tem o direito de pedir vistas, mas a justificativa utilizada pelo vereador, de que precisava debater mais o assunto, não condiz com a realidade, porque o projeto de Lei está sendo tramitado na Câmara há mais de dois meses [confira a íntegra no arquivo anexo abaixo], e tem apenas uma página. Pelo pedido de vistas o projeto deve retornar à pauta na próxima sessão e é fundamental que nos organizemos para ocupar a Câmara, que é a casa do povo e deve ser lembrada que o povo negro também faz parte de Sinop”, concluiu o docente.  

 

A intervenção de abertura da 40ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Sinop, no entanto, feita pela representante do Movimento Negro, Maria Ivonete de Souza, causou emoção e foi bastante aplaudida. Entre outras afirmações, a professora lembrou que o último Censo realizado em Sinop demonstrou que mais de 50% da população local se identifica como negra ou parda. “Sinop é uma cidade negra. Nós estamos aqui e vamos ficar. Eu procuro sempre lembrar que nós somos filhos e filhas de pessoas escravizadas, sim, por mais de 350 anos, mas antes de tudo, nós somos filhos e filhas de reis e rainhas, de pessoas fortes, sobreviventes. Eu não me sinto uma coitadinha”, disse Souza, em referência aos comentários racistas do presidente da Câmara.

 

Diante desse dado e das últimas ações da Câmara Municipal de Sinop, é impossível não observar como parte dos vereadores do município ainda se mostra alheia às necessidades de mais da metade da população local.  

 

 Sessão Solene em Cuiabá

Em Cuiabá a terça-feira também foi dia de iniciar uma programação de orgulho e de luta. Na Câmara Municipal, a vereadora, também petista, Edna Sampaio, recebeu representantes do Movimento Negro e covereadores do seu mandato para abrir a Semana da Consciência Negra.

 

“Para muitos de nós, que já não estamos próximos da geração que viveu o horror da escravidão, é difícil imaginar o que foi a história de nossos antepassados. Mas nós sabemos o que é a nossa história, o quanto o racismo mexe com a gente, e determina a forma como nos colocamos e nos vemos nesse mundo”, disse a vereadora.  

 

O jornalista e mestrando em Comunicação, Márcio Camilo, que estuda relações raciais e foi um dos homenageados da Sessão Solene, destacou que se deparou recentemente com questões antes não compreendidas. Algumas das reflexões que encontrou ao aprofundar seus estudos permitiu realizar outras leituras de fatos que marcaram sua infância e momentos da família. Para Camilo, no entanto, esse processo doloroso é também essencial para combater o racismo.

 

“Que a gente entenda: o mês da Consciência Negra tem que ser o ano todo. O racismo é estrutural e está permeando o tempo todo nas nossas relações e instituições. É chato e difícil se entender como um potencial racista, admitir que está reproduzindo o racismo de forma involuntária, mas temos que fazer este exercício, pois é uma estrutura secular, que vem causando uma grande desigualdade na sociedade e a gente precisa expor essa cicatriz”, afirmou o jornalista.

 

Na sessão, os homenageados receberam uma Moção de Aplausos e obras de arte doadas pelo artista plástico Pádua.

 

As atividades da Semana da Consciência Negra continuam pelos próximos dias, envolvendo atos públicos, exibição de filmes, exposição de artesanatos, feiras, oficinas, painéis temáticos, seminários, palestras, apresentação de danças, desfile de moda e rodas de conversa. Clique aqui para ver toda a programação em Sinop e Cuiabá.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

    

Sexta, 12 Novembro 2021 18:55

 

 

Homenagear Zumbi dos Palmares e honrar toda a história, cultura e luta do povo negro. Apesar de todo o avanço, o 20 de Novembro - Dia da Consciência Negra -, se mostra cada vez mais necessário no último país ocidental a abolir a escravidão, e onde a falácia da miscigenação ainda serve de desculpas para declarações racistas.  

 

Em Cuiabá, entre os dias 12 e 29 de novembro, o Movimento Negro organizado, junto ao mandato da vereadora Edna Sampaio (PT) e instituições públicas, promoverá uma série de atividades que envolvem declamação de poesias nas ruas, exposição de fotografias, homenagens, exibição de filmes, exposição de artesanatos, feiras, oficinas, atos públicos, painéis temáticos, seminários, palestras, apresentação de danças, desfile de moda e rodas de conversa (veja detalhes abaixo).

 

Com uma programação bastante diversificada, o Festival Kwanzaa, já em sua quarta edição, pretende mostrar para toda a população cuiabana que ter consciência de sua própria história é um recurso que interessa a todos.

 

A vereadora Edna Sampaio, que colocou seu mandato à disposição para auxiliar na organização do evento esse ano, explica que a ideia é fortalecê-lo e ampliá-lo. “Esse é o resultado de uma articulação e diálogos com o Movimento Negro Unificado, coletivos negros e grupos de pesquisas das universidades, Frente Favela Brasil, Casas de Axé, Conselho da Diversidade, além de parcerias institucionais. É uma primeira iniciativa do mandato de juntar as organizações para fazer a Semana da Consciência Negra de forma mais destacada. A proposta é colocar no calendário oficial da Câmara - da cidade, no ano que vem. Estou feliz porque há acordo na Câmara”, disse a parlamentar.

 

Declarações em Sinop

 

O mês da Consciência Negra já começou com provas de que é preciso seguir conscientizando no Brasil, em Mato Grosso e em Sinop. Após receber o convite para a Semana da Consciência Negra no município que diz representar, o presidente da Casa, Elbio Volkweis (Patriota), desdenhou do evento e da data, prevista pela Lei Federal 12.519/11, dizendo que “ninguém pode se vitimizar pela cor da sua pele”, e deu exemplos de desconhecimento e descompromisso social ao sugerir, entre outras coisas, que a abolição da escravidão se deu há quase 200 anos.

 

Vale destacar que o último censo apontou que 51% da população de Sinop se autodeclarou negra em Sinop. O Movimento Negro local, obviamente, lançou uma dura Carta de Repúdio na qual considerou a declaração do vereador autoritária, racista, intolerante, misógina, e as tentativas de justificativas seguintes pejorativas, rudes e grosseiras.

 

Amparada pela legislação, a Carta afirmou, ainda, que injúria racial é crime previsto em lei, e ensinou ao vereador que foram 400 anos de escravidão contra apenas 133 de não escravidão. “A tipificação de racismo é inafiançável e imprescritível, conforme determinado pela Lei 7.716/89. A efetividade das normas constitucionais que visam à construção dessa sociedade, que já foi escravocrata, com péssimo exemplo para todo o mundo – foram 400 anos... Essa promessa constitucional só se pode tornar efetiva, não só através da especificação em abstrato do crime de racismo, mas da punição” (Leia aqui a íntegra da Carta).

 

Sobre o caso, a vereadora cuiabana Edna Sampaio se disse revoltada, mas ciente de que declarações do tipo não ficam mais impunes. “Se por um lado eu fico muito indignada com essa permanência e recorrência de falas racistas, por outro lado, fico também muito feliz em ver que hoje ninguém fala de forma racista sem que haja um contraponto, uma reação imediata. Essa é uma conquista do Movimento Negro no Brasil, que foi se empoderando, acumulando conhecimento, resistência, luta, até essa consciência racial chegar à boa parte da população”, disse.

 

A vereadora lembrou que dizer que o pai, mãe, esposa ou esposo é negro não faz do racista menos racista. “Não é isso que define o racismo. Nós precisamos fazer uma agenda de 20 de novembro com todos os apoios e aumentar a cada ano, porque a questão racial não é só uma questão de interesse das pessoas pretas, elas precisam ser incorporadas pelas instituições: Poder Executivo, Judiciário, Legislativo. Nós precisamos fazer com que as pessoas não negras assumam ações de combate ao racismo”, concluiu a vereadora, convidando todos para participarem da programação em Cuiabá.

 

Confira, abaixo, a programação completa da Semana da Consciência Negra em Cuiabá e em Sinop:

 

Programação em Cuiabá:

 

12/11

14h às 18h - Projeto “Preta poética - Poesias nas ruas da cidade”, com a escritora e poetisa Luciene de Carvalho.

 

13/11

16 h - “Último Tom da cor” - interações culturais afro e indígenas com capoeira Angola música poesia em homenagem aos 40 anos da morte de mestre Pastinha.

Local: Beco Alto - Centro Histórico

 

16/11

14h - Sessão Solene em Homenagem ao Dia da Consciência Negra Com a participação de representantes do movimento negro, poder executivo e legislativo municipal e instituições, incluindo: lançamento da exposição de fotografias “Corpos Negros na Cidade”, Prêmio Bernadina Rich, entrega de moção de aplausos a personalidades negras.

19h – Exibição do filme “Doutor Gama" e Exposição “Rainhas Negras - A arte de ressignificar feito a mão pela artesã Cléo Borges”, no Cine Teatro de Cuiabá.

 

17/11

8h30 às 19h - Roda de conversas “Escuta e diálogo: os gritos não ouvidos dos povos invisibilizados”, promovido pelo Movimento Negro Unificado (MNU), com painéis sobre: “A luta do movimento negro unificado Brasil e em Mato Grosso”, “Povos Quilombolas e indígenas e luta contra a retirada de direitos” e “Formação da Juventude Negra”.

19h –Seminário “Fascismo Racismo e Democracia: o lugar do movimento negro na afirmação da humanidade ”, com a presença de Ieda Leal (Coordenadora Nacional do MNU).

Formato: Híbrido

Local: Auditório da Câmara Municipal de Cuiabá, com transmissão pelas redes sociais da Câmara Municipal.

 

18/11

08 às 18h – “Feira das Religiões de matriz africana”, com a presença de casas de religião de matriz africana e afro-brasileira, com palestras, gastronomia e louvores aos orixás, além de palestras sobre as diferenças dos segmentos da religião de matriz Africana: Umbanda, Candomblé, variações das Nações e o Culto a Orunmila ifá,encerrando-se com o “Sire das divindades”

19h - Desfile promovido pela Associação das Famílias Negras Periféricas de Mato Grosso, voltado à valorização das mulheres do bairro.

Local: escola Lenine de Campos Póvoas, bairro Jardim União.

19 h – Encontro "Aquilombamento on-line" com o tema “Racismo e saúde mental: Qual a relevância?”, promovido pela Comissão de Relações Étnico-Raciais na Psicologia do Conselho Regional de Psicologia.

Formato: On line. O link para o evento será divulgado nas redes sociais do CRP 18.

 

19/11

8h às 17h - Encontro Interescolar de Dança e Cultura da Cidade Educadora – EIDANCCE 2021 - A dança como consciência das nossas ancestralidades”, com rodas de conversas sobre: "Corpo, Educação e Cultura", "Relatos de experiências de professores compartilhando as experiências pedagógicas do ensino com o conteúdo dança a partir das Práticas Pedagógicas ofertadas", "Danças brasileiras, ancestralidade e contra-colonialidade em tempos remotos e presenciais", "História dos negros em Mato Grosso" e "Arte-Educação - o corpo, tendo como viés a arte-educação".

Formato: Online. Link para o evento será divulgado nas redes sociais do EIDANCCE 2021

9h às 18h – Feira Cultural “A arte que trança a estética da beleza negra”, com feira de artesanato, roupas afro e indianas, ervas medicinais dos quilombos e bonecas negras, comidas típicas negras e cuiabanas, demonstrações de tranças afro e amarração de turbante e apresentações culturais.

Local: Praça Alencastro

9h - Café afro do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial

Local: Casa dos Conselhos

17h - “Caminhada pelas Vidas Negras”, com apresentações culturais. Concentração às 16h30 na Praça Alencastro e saída às 17h, finalizando no Beco do Candeeiro.

19h - Workshop “A lei da Pemba” - aspectos milenares das escrituras sagradas

Formato: híbrido

Local: Museu de Imagem e Som de Cuiabá - MISC

19h – 22h - Kwanzaa no Beco – Consciência Negra

Programação com apresentações culturais de artistas locais, feira gastronômica, artesanato e performances.

Local: Beco do Candeeiro

 

20/11

12 h - FeijoBeco

Local: Museu de Imagem e Som de Cuiabá – MISC

16 h - Festival de Ayan - uso ritualístico da musicalidade nas religiões de matriz africana.

Formato: híbrido

Local: Local: Museu de Imagem e Som de Cuiabá – MISC

19h - Roda de Conversa "Negro Vida e Negro Drama: masculinidades negras, juventude e cultura urbana", realizada pelo Coletivo Negro Universitário da UFMT.

Local: Youtube do CNUUFMT.

 

A partir de 22/11

Exposição “Corpos Negros na Cidade”: exposição de fotografias de pessoas negras que contribuem para a história da cidade.

Local: Em diversos pontos de grande visibilidade da cidade.

 

22/11

Ciclo de palestras “Consciência Negra: 365 dias de luta por respeito”

Local: Secretaria Municipal da Mulher

Formato: híbrido com transmissão ao vivo pelo Instagram

 

23/11

19 h - Cristian Siqueira ministra palestra “Mediunidade na umbanda”

Formato: presencial

Local: Museu de Imagem e Som de Cuiabá - MISC

19 h - Flávio Mattos ministra palestra “As sete linhas da Umbanda”

Formato: presencial

Local: Museu de Imagem e Som de Cuiabá – MISC

 

29/11

9h - Roda de Conversa "Eu sou livre! Da literatura de Carolina Maria de Jesus às mulheres negras em MT", realizada pelo Coletivo Negro Universitário da UFMT.

Formato: híbrido. Confira o link nas redes do Coletivo Negro Universitário UFMT/Campus Cuiabá.

16 h - Pop rua

Local: Museu de Imagem e Som de Cuiabá - MISC

18h30 - Filme “Estrelas além do tempo”

Público: geral, limitado a 80 pessoas.

Formato: presencial.

Local: Sesc Arsenal

CLIQUE AQUI PARA MAIS INFORMAÇÕES

 

Programação em Sinop: 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Terça, 24 Novembro 2020 14:37

 

 

A parceria entre o ANDES-SN e a editora Expressão Popular para a reedição de várias publicações, que tenham relação com as pautas do Sindicato Nacional, lança um novo livro. Em referência ao mês da Consciência Negra, a publicação do mês de novembro é Quilombo: Resistência ao Escravismo, de Clóvis Moura, lançado em 1993. 

A entidade tem uma cota de 500 livros, que serão distribuídos gratuitamente para a categoria nos eventos, quando voltarem ao modo presencial. Além disso, os livros reeditados estarão no catálogo da editora e no Clube do Livro. 

Em comemoração aos 40 anos do ANDES Sindicato Nacional, diversos outros livros serão relançados até maio de 2021. A proposta foi apresentada no 39º Congresso do ANDES-SN, realizado em fevereiro, em São Paulo. A ideia surgiu com base nas experiências de seções sindicais, que já têm projetos semelhantes. "Achamos que seria interessante, em comemoração aos 40 anos do ANDES-SN, o sindicato reeditar livros clássicos, que tenham relação com as pautas discutidas pela entidade. Como a Expressão Popular já tem um lastro nesse campo de edição e acesso a muitos clássicos para reedição, nós optamos por fazer essa parceria com a editora", disse Eblin Farage, secretária-geral do ANDES-SN.

Quilombo: Resistência ao Escravismo

O livro, escrito por Clóvis Moura, conta como os quilombos foram locais de luta e resistência do povo negro contra o escravismo. O autor apresenta histórias de quilombos de negros fugidos em cada região do Brasil e a relação direta com o Quilombo dos Palmares, o maior quilombo da história de resistência à escravidão no Brasil e que contou com mais de 20 mil habitantes. Para quem quiser adquirir o livro, basta acessar https://www.expressaopopular.com.br/loja/ 

 

Fonte: ANDES-SN

Terça, 17 Novembro 2020 18:08

 

Informalidade, baixos salários, pobreza. Em mais uma demonstração do gritante racismo estrutural existente no Brasil, estudo do IBGE, divulgado nesta quinta-feira (12), revela que a população negra enfrenta os piores índices sociais no país.

 

Com base nos dados da PNAD Contínua 2019, o estudo Síntese de Indicadores Sociais mostra que a situação no mercado de trabalho, a renda e as condições de moradia são desiguais conforme a cor e raça dos brasileiros.  Pretos e pardos têm maiores taxas de desocupação e informalidade do que brancos, estão mais presentes nas faixas de pobreza e extrema pobreza e moram com maior frequência em domicílios com algum tipo de inadequação.

 

 

 

Desemprego, informalidade e baixos salários

 

Um dos principais indicadores do mercado de trabalho, a taxa de desocupação foi, em 2019, de 9,3%, para brancos, enquanto que para pretos ou pardos foi de 13,6%.

 

Entre as pessoas ocupadas em trabalhos informais, o percentual de pretos ou pardos chegou a 47,4%, enquanto entre os trabalhadores brancos foi de 34,5%.

 

O resultado reflete a maior participação dos pretos e pardos em trabalhos característicos da informalidade, como, por exemplo, atividades agropecuárias, que tinha 62,7% de ocupados pretos ou pardos, construção, com 65,2%, e serviços domésticos, 66,6%.

 

A maior inserção de pretos ou pardos em atividades informais, como serviço doméstico sem carteira assinada, que em 2019 tinha rendimento médio mensal de apenas R$ 755, também contribui para diminuir a renda média desse grupo populacional.

 

A população ocupada de cor ou raça branca ganhava em média 73,4% mais do que a preta ou parda. Em valores, significava uma renda mensal de trabalho de R$ 2.884 frente a R$ 1.663, em 2019.

 

Pobreza e extrema pobreza

 

A Síntese mostra que a extrema pobreza no país cresceu 13,5%, passando de 5,8% da população, em 2012, para 6,5%, em 2019, segundo a linha internacional fixada pelo Banco Mundial em US$ 1,90 por dia em termos de paridade de poder de compra (PPC).

 

Entre os que se declararam brancos, 3,4% eram extremamente pobres e 14,7% eram pobres, mas essas incidências mais que dobravam entre pretos e pardos.

 

Entre as pessoas abaixo das linhas de pobreza do Banco Mundial, 70% eram de cor preta ou parda, enquanto a população que se declarou com essa característica era de 56,3% da população total.

 

A pobreza afetou ainda mais as mulheres pretas ou pardas: eram 28,7% da população, mas 39,8% dos extremamente pobres e 38,1% dos pobres.

 

 

Condições precárias de moradia

 

A desigualdade também aparece nos indicadores de moradia. O estudo mostra que 45,2 milhões de pessoas residiam em 14,2 milhões de domicílios com pelo menos uma de cinco inadequações – ausência de banheiro de uso exclusivo, paredes externas com materiais não duráveis, adensamento excessivo de moradores, ônus excessivo com aluguel e ausência de documento de propriedade.

 

Desta população, 13,5 milhões eram de cor ou raça branca e 31,3 milhões pretos ou pardos.

 

Opressão e exploração capitalista

Para a integrante do Setorial de Negros e Negras da CSP-Conlutas, Maristela Farias, os dados reforçam o que os movimentos negro e sociais denunciam: o racismo estrutural existente na sociedade capitalista.

 

“No Brasil, tivemos mais de 300 anos de escravidão, que foi abolida sem que houvesse nenhum tipo de reparação ao povo negro. Ao contrário. O capitalismo usa a opressão para aumentar a exploração. Daí que negros e negras são relegados aos piores postos de trabalho e salários, sem acesso à educação e vítimas da violência e da pobreza, afetando ainda mais as mulheres negras que sofrem a dupla opressão do racismo e do machismo”, ressaltou.

 

“É contra essa situação que negras e negros no Brasil, mas também em todo o mundo, se rebelam ao longo da história e vemos, por exemplo, movimentos como o Vidas Negras Importam aqui no país, no EUA e em outros países”, explica.

 

“E este é o caminho. Precisamos aquilombar as lutas para derrotar este sistema. Se aproximam as datas simbólicas do dia 20 de novembro, da Consciência Negra, e de 25 de novembro, dia internacional de luta contra a violência às mulheres. Serão dias para denunciarmos esse racismo estrutural do capitalismo e também de mobilização”, concluiu Maristela.

 

 

Fonte: CSP-Conlutas (com informações da Agência de notícias do IBGE)

Segunda, 08 Junho 2020 15:15

 

 

O Brasil enfrenta um cenário caótico, com um governo autoritário e que almeja um golpe de Estado, assim como um crescimento vertiginoso de casos da COVID-19. Já somos o terceiro país em número de óbitos. São mais de 30 mil casos confirmados, fora as milhares de subnotificações. Lembremos que esse número é bem sugestivo para o governo de extrema-direita, pois é o mesmo que o presidente, quando deputado, usara ao afirmar que 'a ditadura matou pouco, tinha que ter matado uns 30 mil'. 

Em uma semana marcada por lutas contra o racismo no mundo, precisamente nos EUA e no Brasil, assistimos perplexos à fala do presidente da Fundação Palmares, na qual chamou o movimento negro de escória. 

Nos EUA, as ruas ardem em chamas em protesto pela morte de George Floyd, que dizia “Eu não consigo respirar", o que não impediu o representante da força repressiva do Estado americano a continuar o sufocando até a morte.  

No Brasil, terra da “democracia racial”, as estatísticas registram a morte de um preto a cada 23 minutos. Isso, no mesmo espaço-tempo em que a Covid-19 leva embora uma pessoa por minuto; 54,8% dos óbitos registrados são de negros, muito embora 51,4% dos hospitalizados sejam brancos. 

No Recife, a morte de um menino de 5 anos chocou o país. A mãe, faxineira, levou Miguel ao trabalho por não ter com quem deixá-lo durante a quarentena. Ao sair para passear com o cachorro, confiou a criança aos cuidados da patroa, que o colocou de castigo no elevador de serviço. O menino, desnorteado, saiu apertando os botões, subiu até o nono andar procurando a mãe e acabou engrossando as estatísticas de crianças brasileiras negras mortas nos últimos dias. Paradoxalmente, quando um/a negro/a é acusado de um crime, seu rosto logo estampa as capas de jornais, muitas vezes executado pelo justiceiramento estatal das forças repressivas do Estado. No caso de Recife, o patrão e a patroa tiveram as identidades preservadas em um primeiro momento. 

Quem se surpreende de ver a questão racial se erguer como fio condutor da crise do capital no século XXI não estava prestando a devida atenção ao desenrolar dos fatos, ou então encarando com o habitual pouco caso um tema central e estruturante da sociedade brasileira e mundial. 

Aqui, também, os negros estão resgatando sua enorme tradição de lutas, a exemplo de Zumbi, Dandara, Negro Cosme. Não há luta antifascismo sem que a mesma seja também antirracismo, anti-lgbttfobia, antimachismo. E por isso mesmo, estão nas ruas dizendo basta de racismo, basta de Bolsonaro/Mourão.

 

Fonte: ANDES-SN

Quinta, 04 Junho 2020 16:03

 

Protestos são realizados em diversas cidades norte-americanas | Foto TERRAY SYLVESTER – REUTERS

 

Neste domingo, sexto dia de intensos protestos, Casa Branca ficou às escuras e houve repressão de policiais contra manifestantes

 

Os protestos contra o assassinato de George Floyd, homem negro asfixiado por um policial branco no último dia 25 em Minneapolis, Minnesota, se espalharam por ao menos 140 cidades nos Estados Unidos.

 

Em Nova York, manifestantes cruzaram as pontes do Brooklyn e de Williamsburg, paralisando o tráfego. Ao anoitecer, a polícia na região da Union Square, em Manhattan, passou a reprimir o ato. Para se defender da polícia, os manifestantes atearam fogo em latas de lixo e em barricadas, com chamas que chegavam, segundo testemunhas diziam em transmissões ao vivo realizadas nas redes sociais, a dois andares de altura.

 

Labaredas de fogo tomaram os arredores da Casa Branca em Washington DC | Foto: Redes Sociais Metro UK

 

Em Washington, com a presença nas ruas de milhares de pessoas que permaneceram no local mesmo após o início do toque de recolher, as autoridades passaram a madrugada tentando apagar incêndios, até mesmo perto da Casa Branca, que ficou totalmente apagada em determinado momento.

 

Conforme informações do New York Times e da organização ativista Anonymous, assim como na sexta-feira, Trump teria sido levado novamente para o bunker de segurança no subsolo da sede da Presidência americana. O procedimento foi realizado, pela última vez, durante os ataques de 11 de Setembro.

 

Casa Branca foi cercada por milhares de manifestantes | Foto: ALEX WONG – GETTY IMAGES

 

De lá do bunker escondido, Trump teria publicado no Twitter um agradecimento à Guarda Nacional, além de afirmar que seu governo designará os Antifas, movimento antifascista que costuma atuar na linha de frente das manifestações, como grupo terrorista.

 

Em diversas manifestações, pessoas brancas fizeram cordão de segurança para os manifestantes negros | Foto: Redes Sociais

 

Em decorrência dos protestos, em 21 estados houve intervenção da Guarda Nacional — Washington, Califórnia, Nevada, Utah, Colorado, Dakota do Norte, Dakota do Sul, Nebraska, Texas, Minnesota, Missouri, Wisconsin, Illinois, Michigan, Ohio, Kentucky, Tennessee, Geórgia, Flórida, Carolina do Norte e Nova York, além da capital Washington.

 

Em todos esses estados, o toque de recolher foi adotado. Uma medida como essa não era vista desde 1968, durante o levante negro contra o assassinato de Martin Luther King.

 

Justiça e reparação – Após a tentativa de avaliação da morte de George por decorrência de outros problemas de saúde, a família realizou perícia independente, e os dois médicos que realizaram a autópsia da vítima afirmaram que ele morreu de asfixia e que sua morte, portanto, é resultado de um homicídio.

 

Em 99% dos assassinatos de negros e hispânicos que ocorreram entre 2013 e 2019, com envolvimento da polícia, os agentes responsáveis não foram criminalmente acusados | Foto: Redes Sociais

 

O movimento Black Lives Matter tem exigido, para além da prisão de todos os envolvidos na criminosa operação – o policial responsável pelo sufocamento de George, Derek Chauvin, já está detido – o fim do racismo estrutural e institucionalizado. O fim do genocídio do povo negro normalizado em anos de escravidão, exploração e  violência na história do país.

 

Conforme publicado anteriormente pela Central [confira: Revolta popular por George Floyd, negro asfixiado por policiais, ganha força nas ruas de Minneapolis, EUA] , de acordo com pequisa realizada pelo jornal Washington Post, 1014 pessoas foram mortas a tiros por policiais nos EUA em 2019, sendo as principais vítimas pessoas negras. A ONG Mapping Police Violence aponta que, no país, os negros têm quase três vezes mais chances de serem mortos pela polícia do que brancos. Além disso, em 99% dos assassinatos de negros e hispânicos que ocorreram entre 2013 e 2019,  com envolvimento da polícia, os agentes responsáveis não foram criminalmente acusados.

 

Internacionalismo – A sociedade racista, estruturada e alimentada pelo sistema capitalista, não é inerente apenas aos Estados Unidos, mas ao mundo todo. E a fúria, portanto, é mais do que esperada. As chamas que tomam as cidades norte-americanas ardem em revolta, por centenas de anos de opressão e violência.

 

Por isso, os movimentos no Brasil demonstraram logo solidariedade ao povo negro norte-americano, que enraivecido diz basta à violência policial. Assim como lá, o povo negro brasileiro conhece bem a truculência da polícia e dos governos racistas e genocidas.

 

Os manifestantes fizeram barricadas e atearam fogo para bloquear ataque da polícia | Foto: Samuel CORUM-AFP

 

Envolvidos pela disposição de resistência por George Floyd, e ainda motivados por diversos ataques de Bolsonaro, manifestantes realizaram atos, no último domingo (31), em importantes estados no Brasil, exigindo democracia e expressando apoio à luta do movimento Black Lives Matter. A CSP-Conlutas esteve presente.

 

Nos EUA, com a política capitalista de supremacia branca do governo de ultra direita de Trump, da mesma forma que no Brasil com a política racista e genocida de Bolsonaro, os negros e negras se veem encurralados pela letalidade do vírus e pela sempre presente letalidade da polícia dos burgueses brancos.

 

 

A brutalidade da morte de George ressalta a vulnerabilidade e o desprezo pelas vidas negras. Em meio a pandemia do Covid-19, são os negros e negras os mais expostos ao vírus em razão das piores condições de assistência médica, das piores condições de trabalho, das piores condições de vida em suma, a que estão expostos nos EUA e no Brasil.

 

A CSP-Conlutas repudia veementemente o assassinato de George Floyd [confira Moção AQUI] e exige punição exemplar para Derek Chauvin e seus comparsas, cúmplices desse brutal assassinato. Também se solidariza com a luta do povo pobre e com os negros e negras americanos que se levantam em protestos por todos os Estados Unidos. E se coloca incansavelmente na luta por outra sociedade, sem exploração e opressão onde negros e negras de nossa classe possam construir em igualdade de condições, melhores condições de vida onde ela realmente importa!

 

– Capitalismo e racismo matam! Morte ao capitalismo e ao racismo! Cadeia para os policiais assassinos!

– Justiça para George Floyd! Justiça para Amaud Arbery! Justiça para Breonna Taylor!

– Lutar é um direito! Liberdade já para todos os presos políticos!

– Cortar os orçamentos policiais e usar os recursos para atender às necessidades do povo – moradia, salário-desemprego, educação, saúde, transporte público!

 

 

 

 

Fonte: CSP-Conlutas

Quinta, 14 Maio 2020 14:50

 

 

A escravidão teve seu fim, do ponto de vista formal e legal, há 132 anos com a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. Essa medida não foi fruto da bondade da Monarquia brasileira, mas da resistência do povo negro. No entanto, na dimensão social, econômica e política está inacabada até hoje. Por isso, há décadas, os movimentos negros caracterizam o 13 de maio como o dia da abolição inconclusa.
 
A lei que libertou negras e negros da escravidão, não trouxe reparações históricas e não criou condições de inserção social, deixando milhares de libertos abandonados, sendo, mais tarde, marginalizados de qualquer processo de desenvolvimento.
 
Essa exclusão histórica fica ainda mais evidente nesse momento de pandemia do novo coronavírus. Alguns dos poucos levantamentos já realizados sobre o impacto da doença na população negra mostram que essa parcela da sociedade está entre os que mais morrem de covid-19.
 
Dados do boletim epidemiológico da Prefeitura de São Paulo divulgados em 30 de abril mostram que o risco de morte de negros por covid-19 é 62% maior em relação aos brancos. No caso de pardos, esse risco é 23% maior. Questões socioeconômicas, como ausência de saneamento básico, insegurança alimentar e dificuldade de acesso à assistência médica, aumentam o risco de adoecimento e morte de negros e negras, que compõem grande parte da população pobre no Brasil.

Reparação histórica 
Maria Raimunda Soares, professora de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense (UFF/Rio das Ostras), explica que o 13 de maio não se constitui como uma data comemorativa para os movimentos negros, pois não se configura de fato como uma referência de libertação dos negros.

“Como bem registrou Clovis Moura, o trabalho escravo modelou a sociedade brasileira durante esse período, atribuiu-lhe seu etos dominante, estabeleceu as relações fundamentais de produção na sociedade e também direcionou o tipo de desenvolvimento subsequente das instituições, de grupos e de classes no pós-abolição. É o que a gente chama de racismo estrutural. O racismo estrutura as relações sociais contemporâneas, portanto ele através a questão social em suas diversas expressões. Logo, é difícil falar de uma ruptura com o modelo escravocrata”, acrescenta.

Segundo ela, é esse etos sociocultural que vai direcionar a constituição das nossas instituições no pós-abolição e das classes e relações sociais no país, o que faz do Brasil estruturalmente racista e vigorar de forma tão acentuada no Brasil o racismo institucional também.

Para a docente, que coordena o Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (NEAB/UFF) em Rio das Ostras (RJ), quaisquer medidas de reparação e inclusão precisam ser pensadas com a participação dos sujeitos envolvidos, através dos movimentos sociais e populares que os representam. “Já há uma série de propostas que emergem desses movimentos e todas elas convergem para a ideia de que qualquer reparação, por mais tardia que seja, pois já se passaram 132 anos, têm que se dar através de políticas públicas”, explica.

Maria Raimunda ressalta que a população negra no Brasil é a que está sujeita aos maiores índices de violência, é a que ocupa os trabalhos menos remunerados, é a que se encontra fora da educação formal, fora das universidades, é a que mais sofre homicídios no país e é a que está encarcerada. 

“Quaisquer medidas de reparação têm que incidir nessa realidade. E, para isso, têm que ser estruturais, têm que mudar ou tocar, concretamente, a estrutura da sociedade brasileira. Essas políticas devem considerar que a população negra no Brasil se encontra naqueles setores que têm sido mais oprimidos e explorados pelo Capital e que têm, de fato, pagado com a vida e com seu sangue as crises do Capital’, salienta.

Impactos da Pandemia
A ausência de políticas públicas estruturadas voltadas para as populações pobre e negra aprofunda drasticamente os impactos da covid-19, tanto nas condições de saúde e sobrevivência econômica de milhões de brasileiros.

A professora da UFF ressalta que apesar das subnotificações, os dados já mostram que a população negra já vem sendo a mais atingida pela pandemia. “Obviamente que a gente sabe que os dados demonstram não correspondem à realidade, ela é muito mais cruel. E, obviamente que, quando se trata de subnotificação quem não vai ser contabilizado, quem não vai aparecer nas estatísticas são os corpos negros e periféricos”, reforça.
 
Dados levantados pela Agência Pública de Jornalismo apontam que em duas semanas, a quantidade de pessoas negras que morreram por contaminação pelo novo coronavírus no Brasil quintuplicou. De 11 a 26 de abril, mortes de pacientes negros confirmadas pelo governo federal foram de pouco mais de 180 para mais de 930. Além disso, a quantidade de brasileiros negros hospitalizados por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causada por coronavírus aumentou para 5,5 vezes.
 
Já o aumento de mortes de pacientes brancos foi bem menor: nas mesmas duas semanas, o número chegou a pouco mais que o triplo. E o número de brasileiros brancos hospitalizados aumentou em proporção parecida.
 
De acordo com A Pública, a explosão de casos de negros que são hospitalizados ou morrem por Covid-19 tem escancarado as desigualdades raciais no Brasil: entre negros, há uma morte a cada três hospitalizados por SRAG causada pelo coronavírus; já entre brancos, há uma morte a cada 4,4 hospitalizações.

“Esses são dados que reforçam o que muitos pesquisadores e movimentos já indicavam e já sabiam, que as condições estruturais de reprodução e as condições sociais econômicas tornam o índice de mortalidade da covid muito maior entre os negros do que entre brancos. É muito emblemático que a primeira morte no Rio de Janeiro pela covid tenha sido de uma empregada doméstica negra, moradora de uma comunidade e que trabalhava na zona sul do Rio. Isso desmente uma ideia que foi difundida no início da pandemia de que o vírus seria democrático, de que atingiria indistintamente brancos e negros, pobres e ricos, trabalhadores e não trabalhadores. Vemos que isso não é verdade”, acrescenta. 

Ela aponta ainda que pesquisas mostram que o índice de mortes por covid aumenta nos bairros onde o número de negros, quais sejam os bairros pobres, favelas e conjuntos habitacionais. “Essa desigualdade de contaminação e de mortes também leva tanto o governo quanto a classe dominante a pedir pelo fim do distanciamento e isolamento social, porque sabem que os mais atingidos serão pessoas da população negra e das periferia. Há uma indiferença com a morte de pobres e negros, e isso expressa a necropolítica desse governo e o racismo estrutural e institucional que vigora no país”, afirma a docente da UFF.
 
Universidade e sociedade
Para marcar os 130 anos da abolição inacabada, o ANDES-SN lançou em 2018 uma edição especial da Revista Universidade e Sociedade. O volume especial 62 aborda a resistência do povo negro e a luta por reparação. Leia aqui

 

Fonte: ANDES-SN