Terça, 11 Outubro 2016 18:38

 

Desde a semana passada, cresce a ocupação de escolas por todo o país em protesto contra medida provisória de contrarreforma do ensino médio (MP 746/2016). Estudantes secundaristas ocupam escolas, institutos federais e universidades em Brasília, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná, onde o movimento conseguiu ampliar a mobilização e já conta com maior número de ocupações. Até o momento, de acordo com o movimento Ocupa Paraná, 178 escolas e dois campi da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) permanecem ocupados. As seções sindicais do ANDES-SN no Paraná estão acompanhando a mobilização dos estudantes e vêm manifestando apoio às ocupações.

A MP 746/16, na prática, instaura a contrarreforma do Ensino Médio e compromete todo o sistema educacional brasileiro. Entre as mudanças estão: a não obrigatoriedade do ensino de algumas disciplinas; uma carga horária mínima anual do ensino médio, que deverá ser progressivamente ampliada para 1.400 horas; deixar a cargo do estudante a escolha das disciplinas a cursar; e, ainda, que profissionais sem licenciatura ou formação específica sejam contratados para ministrar aulas. Em resposta a posição antidemocrática do governo, dezenas de protestos, paralisações, aulas públicas e ocupações vem sendo realizadas desde o anúncio da medida, em 23 de setembro.

Paraná

Na semana passada, o Ministério Público do Paraná emitiu nota com orientação em relação às ocupações, destacando que “o direito à livre manifestação de pensamento, de associação e mesmo o protesto pacífico diante de posturas tidas como arbitrárias por parte das autoridades constituídas é inerente a todo cidadão”. Nessa segunda (10), a secretaria de Educação do Paraná emitiu pedidos de reintegração de posse das escolas, e três deles já foram negados pela justiça, como no casos dos colégios localizados em Campos Gerais, em que a juíza Heloísa da Silva Krol Milak, da 2ª Vara da Fazenda Pública, afirmou que não houve perda de posse já que os manifestantes permitem a entrada de estudantes e da comunidade nas ocupações. Em nota, a Secretaria de Educação Paranaense informou que a Procuradoria Geral do estado já entrou com recurso e aguarda decisão.

PEC 241

Embora a mobilização inicial dos estudantes fosse contra a reforma do ensino médio, vários movimentos agregaram à pauta a luta contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016, que prevê congelamento de gastos públicos com educação e saúde por vinte anos. Na Universidade Federal do Vale do São Francisco, por exemplo, estudantes ocupam a reitoria da instituição em protesto contra da PEC 241/2016.

 

Fonte: ANDES - SN

Sexta, 22 Julho 2016 11:07

 

A ocupação do campo de futebol do campus Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que será cedido à Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante as Olimpíadas, obteve importantes conquistas para os estudantes da instituição. Os estudantes conseguiram o aumento das bolsas de assistência de R$ 400 para R$ 460, a criação de duas creches, entre outras conquistas.

 

Em nota divulgada no facebook por meio da página Ocupa PV, os estudantes afirmam que a ocupação surgiu de uma decisão do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFRJ, e que foram definidas três eixos de luta: a crítica aos megaeventos, assistência estudantil e governo compartilhado da universidade. “Para nós, a construção de Megaeventos na nossa cidade vem sendo sustentada pela constante violação dos direitos humanos da população, numa lógica predatória e não podemos admitir que a nossa Universidade participe dessa construção de forma alguma, sobretudo quando a sua participação for para abrigar em nossos espaços tropas de repressão que, durante o período olímpico, agirão contra os Movimentos Sociais e Entidades”, diz a nota.

 

Durante o processo de negociação com a reitoria da UFRJ, os estudantes conquistaram o aumento das bolsas de assistência de R$ 400 para R$ 460, a garantia de que a bolsa-permanência será paga por 12 meses a todos os cotistas, a criação de creches nos campi Praia Vermelha e Fundão, a criação da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis, a criação de protocolo de conduta para as forças de segurança no período em que estiverem na universidade, iluminação de espaços da instituição, rediscussão do Plano Diretor da UFRJ,

 

A ocupação garantiu também a autocrítica pública da reitoria no que tange à ausência de debates prévios sobre a assinatura do contrato de cessão para a PRF. Sobre o tema, a avaliação da nota é de que o processo de ocupação garantiu uma inflexão na relação da reitoria com o movimento estudantil, a ponto da administração da UFRJ estudar a viabilidade de rompimento do contrato com a PRF, algo que se julgou, por fim, inviável juridicamente.  

 

Com informações e imagem de Ocupa PV.

 

Fonte: ANDES-SN

 

Quarta, 22 Junho 2016 18:47

 

Estudantes da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), em Foz do Iguaçu (PR), ocuparam dois novos prédios da instituição no dia 16 e 18 de junho em protesto contra os cortes nos auxílios estudantis, pela reativação da Moradia Estudantil 1 - ocupada desde agosto de 2015 -, e a tentativa de fechamento de outras moradias estudantis ligadas à universidade. Os estudantes reivindicam também mais segurança nos campi.

 

Em assembleia realizada no dia 18, na ocupação do Edifício Rio Almada, os estudantes reforçaram o posicionamento de ocupação e afirmaram em carta aberta à comunidade acadêmica que estão “sofrendo uma série de atentados contra a permanência estudantil”. Eles exigem uma resposta imediata por parte do reitor da Unila que, de acordo com o movimento estudantil, tem conhecimento absoluto da situação precária em que vivem os estudantes, assim como de suas reivindicações. Os estudantes lutam por garantia de auxílio estudantil e creche, incluindo estudantes estrangeiros; políticas de permanência efetivas para a graduação e pós-graduação; garantia de não criminalização dos estudantes, docentes e técnicos que estão participando e/ou apoiando as ocupações; entre outros.

 

Falta de segurança

 

Os estudantes também se queixam da falta de segurança nas moradias estudantis, que se encontram em estado de abandono. A Moradia Estudantil 1 foi alvo de 6 assaltos somente neste ano. Há dois meses, a empresa que presta serviço de segurança à Unila retirou o seu pessoal efetivo das instalações da moradia estudantil. A água também foi cortada e vários estudantes estão desamparados.

 

"Nós, estudantes, estamos sendo vítimas de violações sistemáticas de direitos humanos. Sendo expulsos gradualmente da Universidade, cujas autoridades são e serão responsáveis pelo que acontece com a nossa permanência e integridade física", afirmam os estudantes em carta aberta à comunidade acadêmica.

 

Fonte: ANDES-SN (Com informações de Mídia Ninja)

 

Segunda, 30 Maio 2016 19:25

 

Estudantes ampliam nessa segunda-feira (30) a onda de ocupações contra projeto do governo de Parceria Público-Privada (PPP) que prevê terceirização de serviços de obras e reformas nos colégios para a iniciativa privada.

Além de quatro escolas já anunciadas pelo site Fato e Notícia, desde a noite desse domingo (29) foram ocupadas as escolas José Leite de Moraes e Elizabeh Bastos Monteiro (ambas em Várzea Grande) e Antônio Cristino Cortês (Barra do Garças).

Um balanço com novos colégios deve ser divulgado até o fim do dia, segundo o presidente da Associação Mato-grossense dos Estudantes (AME), Juarez França. “Os alunos vão sair quando o governo recuar com essa ideia”, afirma.

Ao longo da última semana, foram ocupadas as escolas Elmaz Gattas Monteiro, Ubaldo Monteiro e Marlene Marques (em Várzea Grande), além do colégio Rafael Rueda, o Caic do bairro Pedra 90 (Cuiabá).

O governador Pedro Taques (PSDB) afirma que o projeto de PPP é apenas uma ideia inicial que ainda vai ser debatida pela sociedade antes de colocada em prática. Nega ainda que isso representa privatização. Já os alunos alegam que a precarização orquestrada é planejada com vistas a repassar os serviços para a iniciativa privada.

Mato Grosso conta com 76 escolas estaduais e 15 centros de formação de professores (Cefapro). Estudantes de diversas escolas realizam nessa segunda-feira (30) manifestação pelas ruas de Cuiabá em apoio às ocupações.

 

Fonte: Teo Meneses/Fato e Notícia

Segunda, 30 Maio 2016 09:50

 

Em assembleia realizada na segunda-feira (23), os docentes da Universidade de São Paulo (USP) decidiram por deflagrar greve a partir do dia 30 de maio, contra o desmonte da universidade. Servidores técnico-administrativos e estudantes de dezenas de cursos já paralisaram as atividades. 

 

 O movimento docente reivindica a retirada do conjunto das propostas da Reitoria sobre "carreira docente" e avaliação institucional; a abertura de todas as contas da universidade; a contratação imediata de docentes e funcionários técnico-administrativos para recompor o quadro funcional da universidade. Além disso, luta contra o arrocho salarial; contra a manobra do governo do estado no repasse dos recursos do ICMS às universidades; contra destruição do patrimônio da universidade que se expressa nos ataques ao HU, HRAC, creches e Escola de Aplicação, entre outros; e em defesa da autonomia da universidade.



 A greve dos docentes da USP terá início na data (30) para a qual está agendada a próxima reunião entre o Fórum das Seis – que reúne representantes as seções sindicais dos docentes e dos sindicatos de técnicos das três universidades paulistas USP, Unesp e Unicamp – e o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp). Neste dia, está programado um grande ato unificado em São Paulo e prevista a paralisação das atividades na Unesp e Unicamp.

 



Ato em defesa do HU USP


Nesta terça (24), trabalhadores e estudantes realizaram ato em defesa do Hospital Universitário da USP. Os manifestantes protestaram contra a desvinculação do HU da USP e pela contratação de médicos e funcionários para o hospital, que se encontra em estado adiantado de sucateamento por falta de profissionais. Os médicos do HU também decidiram por greve a partir da próxima segunda (30).

 

Leia mais:
Docentes fazem manifestação contra desmonte das universidades estaduais paulistas

 

Fonte: ANDES-SN (Com imagens de DCE Livre da USP)

 

Quarta, 25 Maio 2016 12:44

 

O movimento de ocupação de escolas, que surgiu no início da década, no Chile, na luta dos estudantes pela gratuidade da educação pública, chegou no Brasil ano passado, em São Paulo, na luta contra o projeto de “reorganização” da rede paulista de ensino que fecharia centenas de escolas, e em Goiás, contra a gestão das escolas por Organizações Sociais, se espalhou pelo Brasil em 2016. Nesse momento, há ocupações de centenas de escolas no Ceará, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul.

 

Em comum nas pautas dos estudantes está a luta pelo caráter público da educação, pelos devidos investimentos orçamentários e o combate às opressões. Em estados como Rio de Janeiro, Ceará e Rio Grande do Sul, os estudantes também declaram apoio aos seus professores e servidores, que estão em greve junto com outras categorias dos serviços públicos estaduais.

 

No Rio Grande do Sul, são 128 escolas ocupadas segundo a página Ocupa Tudo RS. Os estudantes reivindicam melhorias nas estruturas das escolas. Os professores e demais trabalhadores da educação estadual gaúcha estão em greve há 15 dias e reivindicam aumento imediato de 13%, referente a 2015, bem como o pagamento do piso nacional, ao qual nunca tiveram direito. Os servidores estaduais gaúchos protestam, também, contra o parcelamento de seus salários.

 

No Rio de Janeiro, são mais de 60 escolas ocupadas. Os estudantes enfrentam dura pressão do governo do estado na tentativa de desocupar as escolas e dividir o movimento estudantil, se valendo, inclusive, de repressão policial, com reintegrações violentas, sem autorização judicial. Foi o que ocorreu no dia 21, quando a Polícia Militar fluminense retirou, à força, estudantes que ocupavam a Secretaria Estadual de Educação. Os estudantes do Rio de Janeiro reivindicam, ainda, eleição direta pra diretores e mudanças no sistema de avaliação.

 

No Ceará, são 56 escolas ocupadas até o momento, segundo a página Escolas do Ceará em Luta. O movimento estudantil cearense reivindica melhorias nas instituições, como mais verba para a merenda escolar, passe livre no transporte público, e também declara apoio aos professores estaduais, em greve desde último dia 25 de abril. No Ceará e no Rio de Janeiro, docentes das universidades estaduais também estão em greve

 

No Mato Grosso, onde os professores estaduais decidiram entrar em greve a partir de 30 de maio, os estudantes ocuparam a Escola Estadual Elmaz Gattas Monteiro, na região metropolitana de Cuiabá. Eles reivindicam a revogação do edital publicado no último dia 14 pelo governo estadual para instaurar Parceria Público-Privada (PPP) para projeto, construção, reforma, ampliação, manutenção, gestão e operacionalização de serviços não pedagógicos de 76 escolas estaduais e 15 Centros de Formação e Aperfeiçoamento Profissional (Cefapros).

 

No Paraná, estudantes ocupam o Colégio Dr. José Gerardo Braga, em Maringá. Eles reivindicam uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as razões de mudanças na merenda escolar da rede estadual e pedem melhorias nas estruturas das escolas paranaenses.

 

Estudantes desocupam escolas em SP, mas unificam luta pela educação

 

Em São Paulo, houve nova onda de ocupações de escola nos últimos meses. Dessa vez, os estudantes paulistas protestavam contra o desvio de verba das merendas escolares. Houve ocupações em diversas Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e no Centro Paula Souza, responsável pela administração das Etecs e das Faculdades de Tecnologia (Fatecs) no Estado de São Paulo. Após a ocupação da Assembleia Legislativa do estado (Alesp), os estudantes conseguiram dos parlamentares o compromisso de instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os desvios das merendas. Assim como no Rio de Janeiro, o governo de São Paulo ordenou à Polícia Militar a desocupar violentamente, sem autorização judicial, o Centro Paula Souza.

 

No entanto, mesmo com o fim das ocupações, os estudantes secundaristas continuam mobilizados. Eles têm realizado manifestações em conjunto com os estudantes das universidades estaduais paulistas. No dia 18 de maio, a PM reprimiu duramente, outra vez, uma manifestação de estudantes organizada de maneira unificada, que resultou em vários feridos e na detenção de cinco pessoas.

 

Com informações de Ocupa Tudo RS, Rede Brasil Atual, Escolas do Ceará Em Luta, Escolas do RJ em Luta. Imagem de Ocupa Tudo RS.

 

Fonte: ANDES-SN

Terça, 24 Maio 2016 11:33

 

Mais um colégio foi ocupado por estudantes que protestam contra o projeto de Parceria Público-Privada (PPP) para realização de serviços na rede pública de Mato Grosso. Depois da Escola Elmaz Gattas Monteiro, hoje foi a vez da Escola Estadual Dunga Rodrigues, ambas de Várzea Grande.

 

A ocupação ocorreu na manhã dessa terça-feira (24) e conta com cerca de 30 alunos. A expectativa é que a adesão ao movimento aumente nas próximas horas. A Escola Dunga Rodrigues fica localizada no bairro Parque do Lago. Conta hoje com olimpíadas escolares e por isso não tem aula normal.

 

De acordo com o presidente da Associação Mato-grossense dos Estudantes (AME), Juarez França, a tendência das ocupações é aumentar. No caso da

 

Escola Elmaz Gattas, localizada no bairro Ipase, os estudantes permanecem no local desde a noite de domingo (22) e segue tendência nacional de protestos contra políticas de governos estaduais.

 

Além do projeto de PPP, os alunos pedem uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar na Assembleia Legislativa denúncias de corrupção na Secretaria de Educação (Seduc), o que foi descoberto na operação Rêmora.

 

Depois da primeira ocupação, o governador Pedro Taques (PSDB) sugeriu nessa segunda-feira (23) que a ocupação teria motivação política e seria um ato contra governos tucanos. Delegou ao novo secretário de Educação, Marco Marrafon, as negociações para desocupação da escola.

 

Juarez França, por outro lado, nega ter filiação partidária e diz que o movimento é um ato apartidário. Na Escola Elmaz Gattas, hoje ocorreu um ato em solidariedade aos estudantes organizado por centrais sindicais. Os alunos também realizaram limpeza das dependências da unidade escolar.

 

MT Par

 

Taques nega interesse em privatizar a administração das escolas através de Parcerias Público-Privada (PPP). Diz que o projeto será debatido em audiências públicas antes de qualquer decisão por parte do Executivo. “Vim da escola pública e sou a favor da escola totalmente pública. O que esse projeto propõe é que serviços de obras nos prédios podem ser feitas através de PPP. Diretor não tem que se preocupar com reforma de banheiro. Ele tem que se dedicar à questão pedagógica”.

 
Fonte: Téo Meneses/ Fato e Notícia
Segunda, 23 Maio 2016 14:30

 

Estudantes ocuparam no início da noite desse domingo (22) a Escola Estadual Elmaz Gattas Monteiro, localizada em Várzea Grande. A ocupação segue movimento nacional e é parte de uma campanha contra corrupção na Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e o projeto de terceirização de serviços administrativos das escolas públicas.

 

A ocupação contou com cerca de 30 estudantes e foi aprovada de última hora durante manifesto chamado de “Ato Pela Educação de Mato Grosso”. O evento foi realizado no final da tarde desse domingo.

 

Após aprovarem a ocupação, os estudantes começaram a ganhar doações de colchões e alimentos através de mobilização pelas redes sociais. Oriundos de Cuiabá e Várzea Grande, os alunos prometem permanecer por tempo indeterminado na escola e admitem interesse em ampliar as ocupações.

 

A ocupação em Várzea Grande segue uma onda de manifestações similares em todo o país, o que vem gerando também fortes reações por parte dos governos estaduais e suas respectivas polícias. As primeiras ocorreram em São Paulo por conta de denúncias de desvios de recursos públicos que deveriam ser aplicados em merenda, além da redistribuição dos alunos na rede estadual sem consultar a comunidade.

 

Em Mato Grosso, essa é a primeira ocupação decorrente das denúncias de desvios na Seduc e projeto de terceirização de serviços administrativos das escolas. Ocorre depois de deflagrada a Operação Rêmora, que investiga desvios de recursos nas obras realizadas pela Seduc.

 

O presidente da Associação Mato-grossense dos Estudantes (AME), Juarez França, afirma que o movimento espera ganhar adesão de estudantes, professores, trabalhadores e comunidade da região da escola.

 

“Vamos ocupar e sair apenas quando a gente derrubar essa ideia de terceirização dos serviços administrativos das escolas”, afirma o líder estudantil.

 

AULA

 

Estudantes que ocupam a Escola planejam uma aula aberta para a comunidade e alunos a partir das 7h30 dessa segunda-feira (23). Querem debater a corrupção na Seduc e o MTpar. Professores já admitem apoio e podem suspender a aula no período matutino.

 

Fonte: Fato e Notícia/ Téo Meneses

Sexta, 06 Maio 2016 18:38

 

Imagine como é difícil ter invadida, saqueada e devastada uma terra que é sua, de onde você e sua família retiram o sustento há gerações; uma terra que significa mais do que trabalho para os seus; um espaço conectado ao seu corpo e ao seu espírito. Essa é a situação a qual os indígenas brasileiros estão expostos há pelo menos 500 anos.

 

Cinco séculos após a chegada de outros povos no Brasil, que resultou na morte e expulsão de milhares de indígenas de suas terras, o território ainda é a grande questão dos nossos povos originários. A exploração absurda da terra sempre foi o motivo. Antes, o maior interesse eram as riquezas minerais. Hoje, o agronegócio avança empobrecendo e envenenado o solo, o ar e os rios.   

 

Essa situação ficou clara durante a Semana dos Povos Indígenas, realizada na sede da Seção Sindical do ANDES (Adufmat-Ssind) e no Museu Rondon da UFMT nos dias 25 e 26/04. A parceria entre estudantes indígenas da universidade com a Adufmat-Ssind, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a coordenação do Museu Rondon, o Diretório Central dos Estudantes e outros movimentos sociais trouxe para o debate professores, estudantes e representantes do Ministério Público Federal e da Advocacia Geral da União.

 

“Aqueles que chegaram no Brasil há menos de 50 anos conseguem terra, conseguem recursos do governo para comprar e depois colocam à venda. E nós, indígenas, não temos um território seguro e tranquilo para seguir com as nossas tradições”, disse Pedro Filho Canela Kwara, liderança indígena representando o Povo Canela do Araguaia.

 

Os Tapirapé, representados por Kamoriwai Elber Tapirapé, fizeram seu relato na língua. A tradução revelou a angústia manifesta no tom da fala: a reclamação também estava relacionada ao território. É preciso ter floresta. “Sem a floresta, nós não somos nada”, disse a liderança.

 

Os Chiquitano, por sua vez, trouxeram a realidade violenta na disputa pela terra entre indígenas e fazendeiros. “Para nós a terra não é mercadoria, ela é mãe. A constituição nos garante esse direito. Que ela seja respeitada”, afirmou Saturnina Urupe Chue. Embora o acesso às aldeias seja restrito, muitos fazendeiros avançam na tentativa de intimidar os índios.

 

A preocupação de Orivaldo Aiepa é que pelo menos seus netos tenham a segurança de crescer em local seguro. “Nós temos informação, sabemos a situação do país. Isso nos preocupa, mas o agronegócio não para. A água não é mais sadia. A mata não é mais sadia. Os bichos não são mais sadios e nós também não, porque estamos muito perto”, afirmou o Bororo.

 

Para alguns rituais, contam os indígenas, já não se encontra mais os animais necessários, como peixes e aves. Por vezes, em vez de caçar e pescar, os índios têm de comprá-los e transportá-los, correndo o risco de receber multas impagáveis ou ter a encomenda apreendida pela Polícia Federal. 

 

Contribuição científica        

 

Os indígenas se apropriam do conhecimento fornecido pela universidade e reivindicam cada vez mais espaço na academia. Assim eles se fortalecem, inclusive, com relação aos direitos que têm, além de ter acesso a diferentes técnicas que podem auxiliar em melhorias nas suas comunidades.

 

Essa foi uma das observações do presidente da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), Antônio Carlos Lima (MUNA/UFRJ) que participou do café da manhã temático, na abertura do evento, e provocou o debate na noite do dia 25/04, a partir do tema “O Estado brasileiro e os povos indígenas”. Ele trouxe o histórico da legislação voltada para os direitos dos povos originários, da luta pela terra e das instituições nacionais destinadas à proteção dos direitos indígenas. Para o antropólogo, o único caminho para avançar ainda é a articulação política por meio dos movimentos sociais.     

 

A UFMT tem hoje 75 estudantes que fazem parte do Programa de Inclusão Indígena (Proind). Eles representam 12 etnias diferentes, e estão presentes nos campi da UFMT em Cuiabá, Sinop, Araguaia e Rondonópolis. O Proind teve início em 2008, disponibilizando apenas dez vagas. Mas apesar do aumento gradativo, esses 75 estudantes indígenas não contemplam nem 28% do total de etnias que vivem no estado (43). Essas informações foram apresentadas pelo mestrando em Antropologia da UFMT, Adriano Boro Makuda. Formado em Direito pela UFMT, o estudante, da etnia Bororo, ministrou a palestra com tema “Estudantes indígenas do ensino superior e movimento indígena” na tarde do dia 26/05.          

 

Além de apresentar os dados, Makuda falou sobre as dificuldades encontradas pelos estudantes que chegam na universidade: a saudade da família, as diferenças estruturais da cidade e das relações pessoais, as responsabilidades financeiras que não existiam anteriormente (moradia, serviços, alimentação), as aflições diante do contato com metodologias e conteúdos desconhecidos e a pressão para superar todas essas questões.

 

O mestrando relatou, ainda, que o currículo da universidade, em especial da Faculdade de Direito, onde se formou, não envolve conteúdo de interesse indígena. “Eu fiz um debate na universidade, durante a minha graduação, sobre legislação indígena. Falei aos meus colegas que eles eram privilegiados, porque como futuros advogados, juízes, promotores, poderiam se deparar com casos envolvendo povos indígenas. Diferente do que as universidades oferecem, geralmente, eles estavam ali conhecendo a nossa realidade.”   

 

Para o presidente da Adufmat-Ssind, Reginaldo Araújo, o evento foi um aprendizado. A presença de estudantes indígenas na universidade é, para ele, uma oportunidade ímpar de formação cultural para todos. “Há quem acredite que estar na universidade é uma grande oportunidade para eles, mas na minha leitura é uma grande oportunidade para nós, de conhecer e ampliar nosso olhar sobre as diferentes culturas presentes no nosso estado e no nosso país", afirmou.

 

A semana terminou com um sarau indígena. A chuva e o frio atrapalharam um pouco, mas a reunião com música e comida típicas animou quem teve disposição de prestigiar o evento.

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

  

  

Sexta, 06 Maio 2016 17:18

 

 

Imagine como é difícil ter invadida, saqueada e devastada uma terra que é sua, de onde você e sua família retiram o sustento há gerações; uma terra que significa mais do que trabalho para os seus; um espaço conectado ao seu corpo e ao seu espírito. Essa é a situação a qual os indígenas brasileiros estão expostos há pelo menos 500 anos.

 

Cinco séculos após a chegada de outros povos no Brasil, que resultou na morte e expulsão de milhares de indígenas de suas terras, o território ainda é a grande questão dos nossos povos originários. A exploração absurda da terra sempre foi o motivo. Antes, o maior interesse eram as riquezas minerais. Hoje, o agronegócio avança empobrecendo e envenenado o solo, o ar e os rios.   

 

Essa situação ficou clara durante a Semana dos Povos Indígenas, realizada na sede da Seção Sindical do ANDES (Adufmat-Ssind) e no Museu Rondon da UFMT nos dias 25 e 26/04. A parceria entre estudantes indígenas da universidade com a Adufmat-Ssind, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a coordenação do Museu Rondon, o Diretório Central dos Estudantes e outros movimentos sociais trouxe para o debate professores, estudantes e representantes do Ministério Público Federal e da Advocacia Geral da União.

 

“Aqueles que chegaram no Brasil há menos de 50 anos conseguem terra, conseguem recursos do governo para comprar e depois colocam à venda. E nós, indígenas, não temos um território seguro e tranquilo para seguir com as nossas tradições”, disse Pedro Filho Canela Kwara, liderança indígena representando o Povo Canela do Araguaia.

 

Os Tapirapé, representados por Kamoriwai Elber Tapirapé, fizeram seu relato na língua. A tradução revelou a angústia manifesta no tom da fala: a reclamação também estava relacionada ao território. É preciso ter floresta. “Sem a floresta, nós não somos nada”, disse a liderança.

 

Os Chiquitano, por sua vez, trouxeram a realidade violenta na disputa pela terra entre indígenas e fazendeiros. “Para nós a terra não é mercadoria, ela é mãe. A constituição nos garante esse direito. Que ela seja respeitada”, afirmou Saturnina Urupe Chue. Embora o acesso às aldeias seja restrito, muitos fazendeiros avançam na tentativa de intimidar os índios.

 

A preocupação de Orivaldo Aiepa é que pelo menos seus netos tenham a segurança de crescer em local seguro. “Nós temos informação, sabemos a situação do país. Isso nos preocupa, mas o agronegócio não para. A água não é mais sadia. A mata não é mais sadia. Os bichos não são mais sadios e nós também não, porque estamos muito perto”, afirmou o Bororo.

 

Para alguns rituais, contam os indígenas, já não se encontra mais os animais necessários, como peixes e aves. Por vezes, em vez de caçar e pescar, os índios têm de comprá-los e transportá-los, correndo o risco de receber multas impagáveis ou ter a encomenda apreendida pela Polícia Federal. 

 

Contribuição científica        

 

Os indígenas se apropriam do conhecimento fornecido pela universidade e reivindicam cada vez mais espaço na academia. Assim eles se fortalecem, inclusive, com relação aos direitos que têm, além de ter acesso a diferentes técnicas que podem auxiliar em melhorias nas suas comunidades.

 

Essa foi uma das observações do presidente da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), Antônio Carlos Lima (MUNA/UFRJ) que participou do café da manhã temático, na abertura do evento, e provocou o debate na noite do dia 25/04, a partir do tema “O Estado brasileiro e os povos indígenas”. Ele trouxe o histórico da legislação voltada para os direitos dos povos originários, da luta pela terra e das instituições nacionais destinadas à proteção dos direitos indígenas. Para o antropólogo, o único caminho para avançar ainda é a articulação política por meio dos movimentos sociais.     

 

A UFMT tem hoje 75 estudantes que fazem parte do Programa de Inclusão Indígena (Proind). Eles representam 12 etnias diferentes, e estão presentes nos campi da UFMT em Cuiabá, Sinop, Araguaia e Rondonópolis. O Proind teve início em 2008, disponibilizando apenas dez vagas. Mas apesar do aumento gradativo, esses 75 estudantes indígenas não contemplam nem 28% do total de etnias que vivem no estado (43). Essas informações foram apresentadas pelo mestrando em Antropologia da UFMT, Adriano Boro Makuda. Formado em Direito pela UFMT, o estudante, da etnia Bororo, ministrou a palestra com tema “Estudantes indígenas do ensino superior e movimento indígena” na tarde do dia 26/05.          

 

Além de apresentar os dados, Makuda falou sobre as dificuldades encontradas pelos estudantes que chegam na universidade: a saudade da família, as diferenças estruturais da cidade e das relações pessoais, as responsabilidades financeiras que não existiam anteriormente (moradia, serviços, alimentação), as aflições diante do contato com metodologias e conteúdos desconhecidos e a pressão para superar todas essas questões.

 

O mestrando relatou, ainda, que o currículo da universidade, em especial da Faculdade de Direito, onde se formou, não envolve conteúdo de interesse indígena. “Eu fiz um debate na universidade, durante a minha graduação, sobre legislação indígena. Falei aos meus colegas que eles eram privilegiados, porque como futuros advogados, juízes, promotores, poderiam se deparar com casos envolvendo povos indígenas. Diferente do que as universidades oferecem, geralmente, eles estavam ali conhecendo a nossa realidade.”   

 

Para o presidente da Adufmat-Ssind, Reginaldo Araújo, o evento foi um aprendizado. A presença de estudantes indígenas na universidade é, para ele, uma oportunidade ímpar de formação cultural para todos. “Há quem acredite que estar na universidade é uma grande oportunidade para eles, mas na minha leitura é uma grande oportunidade para nós, de conhecer e ampliar nosso olhar sobre as diferentes culturas presentes no nosso estado e no nosso país", afirmou.

 

A semana terminou com um sarau indígena. A chuva e o frio atrapalharam um pouco, mas a reunião com música e comida típicas animou quem teve disposição de prestigiar o evento.

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind