Mulheres atrasam circulação dos ônibus em Cuiabá; diversas manifestações sacodem o estado mais perigoso para mulheres do país
Nenhum nome será esquecido ou ignorado. Assédio, desemprego, desigualdade e outros abusos não serão mais tolerados. A cada ano, os movimentos organizados de mulheres se tornam mais fortes para denunciar e resistir às inúmeras manifestações violentas de gênero. Em 2018, mais uma vez, elas foram às ruas dizer que estão fartas de flores e homenagens vazias, e que o desejo real é por respeito em todos os sentidos.
Em Mato Grosso, o 08 de Março começou com manifestação radicalizada. Dezenas de mulheres trancaram a garagem de uma empresa de ônibus, impedindo a saída dos veículos. O ato teve o objetivo de chamar a atenção para o número crescente de feminicídios no estado, entre outras violências, mas as manifestantes destacaram uma outra questão central: a desvalorização da mão de obra feminina no sistema capitalista.
“Entre as diversas atividades que nós planejamos para o dia, dialogando com movimentos internacionais que pautaram a parada da produção, nós realizamos o trancaço numa das maiores garagens de transporte público em Cuiabá para mostrar que só o fato dessas mulheres atrasarem algumas horas já demonstra o quanto elas são necessárias nesse processo. E se nós somos maioria, se somos nós mulheres que produzimos, nós queremos receber o justo e o legítimo por essa produção”, explicou a professora e militante do movimento feminista, Patrícia Acs.
Foram duas horas de atraso. Em seguida, o grupo seguiu para a região central da cidade para distribuir panfletos com as principais reivindicações. Entre as violências relatadas, os efeitos da Contrarreforma Trabalhista e da Contrarreforma da Previdência para as mulheres aparecem entre os mais nefastos.
Enquanto isso, cerca de 300 mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ocupavam a Fazenda Entre Rios, no município de Jaciara, a 142 km de Cuiabá. A propriedade acumula diversos processos trabalhistas e está penhorada por sonegação de impostos. A ocupação foi uma das atividades da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra 2018, intitulada “quem não se movimenta, não sente as correntes que a prendem”, em referência à militante comunista Rosa Luxemburgo.
Mas a reivindicação pelo direito à terra, por meio dos programas de reforma agrária previstos na legislação, esbarrou na prática cotidiana e violenta do campo: o dono da fazenda, munido da sua influência econômica e política, ameaçou e coagiu as mulheres, que deixaram a terra por volta das 16h. (Leia aqui a nota divulgada pelo MST)
Em Sinop, as mulheres foram para as ruas para exigir a implementação da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) e, na região do Araguaia, se reuniram no 1º Encontro de Mulheres para discutir diversas questões de interesse, como o acesso à Justiça e violência obstétrica.
O 8 de Março de 2018 foi marcado também por diversas matérias na imprensa local e nacional denunciando a violência contra as mulheres. O dia começou com a denúncia de 18 casos de feminicídio em Mato Grosso nos primeiros dois meses do ano, e terminou com 20. Em média, 12 mulheres perdem a vida diariamente no Brasil por serem consideradas um tipo de propriedade por seus algozes. Provas não faltam de que a luta é real e cotidiana e, por mais que instituições públicas tentem negar ou mascarar os dados alarmantes, já subnotificados, o movimento feminista segue crescendo e afirmando que nenhum nome será esquecido ou ignorado até que não haja mais nenhuma mulher vítima de violência de gênero.
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
O 8 de março deixou de ser um dia de festas e se transformou num dia de luta em todo o mundo. Mobilizadas, as mulheres estão cada vez mais fortes para reivindicar igualdade de direitos e denunciar práticas abusivas, discriminatórias e violentas, que pelas imposições do modo de produção capitalista se tornaram ainda mais profundas.
Em Mato Grosso, os registros dessas violências são alarmantes. De acordo com a Secretaria de Segurança do estado, 18 mulheres foram brutalmente assassinadas nos dois primeiros meses desse ano. Na maioria das vezes, o autor do crime tem alguma relação com a vítima, evidenciando um sentimento de posse/ propriedade do homem que se considera provedor. Dezoito casos registrados de feminicídio em apenas dois meses. Vale destacar que nem sempre os casos não registrados.
Assim, a luta das mulheres, legítima e necessária, alcança proporções internacionais.
Confira abaixo as programações dessa quinta-feira, 08/03, Dia Internacional de Luta das Mulheres, nas quais a Adufmat-Seção Sindical do ANDES estará envolvida nas regiões da capital mato-grossense, Araguaia e Sinop.
ARAGUAIA
Nessa quinta-feira, as mulheres do Araguaia terão o 1º Encontro organizado para debater temas que englobam diversos assuntos de interesse, como acesso à Justiça, lutas e conquistas, religiosidade, entre outros. O evento será às 19h, no Anfiteatro da Prefeitura de Barra d Garças.
SINOP
Em Sinop, as mulheres estão organizadas para reivindicar a criação da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM). Depois de inúmeras atividades realizadas nos últimos meses, o 8 de Março será marcado por uma Caminhada Pelos Direitos das Mulheres. A concentração será às 8h, na Praça da Bíblia.
CUIABÁ
Na capital mato-grossense, diversos movimentos organizam atividades específicas e conjuntas.
Ainda na quarta-feira, 07/03 o Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso realiza uma Roda de Conversa Sobre Feminicídio, às 19h, na sede do Sindjor/MT. As convidadas são a defensora pública e coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher, Rosana Leite de Barros, a presidente do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial, Antonieta Luisa Costa, e a professora do Departamento de Serviço Social da UFMT, Lélica Lacerda.
No dia 08/03, os coletivos de mulheres distribuirão panfletos a partir das 10h na Praça Alencastro, e as trabalhadoras sem terra iniciarão a Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, inspiradas na frase de Rosa Luxemburgo: “Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem”.
Às 19h, a historiadora Virgínia Fontes provocará um debate a partir do tema “Capital Imperialismo e a Atual Conjuntura” no Auditório da Adufmat-Seção Sindical do ANDES (UFMT), evento promovido em parceria pelos GT's de Política e Formação Sindical e Políticas de Classe para Questões Étnico-raciais, Gênero e Diversidade Sexual da Adufmat-Ssind.
No dia 10/03, o alerta será para os problemas de saúde da mulher, com a 5ª Marcha Rosa MTmamma. A concentração será às 7h na Praça da República, região central de Cuiabá.
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
No Dia Internacional das Mulheres, Virgínia Fontes debate Capital Imperialismo e conjuntura na Adufmat-Ssind
A professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Virgínia Fontes, é a convidada da Adufmat-Seção Sindical do ANDES para marcar o Dia Internacional das Mulheres, 08/03, com uma boa reflexão sobre o contexto e os desafios da luta de classes. O debate “Capital imperialismo e a atual conjuntura” será no auditório do sindicato, a partir das 19h.
Historiadora de formação e doutora em filosofia pela Université de Paris X, Nanterre, a docente desenvolveu o conceito de capital-imperialismo para se referir, em suas palavras, a “um processo internacional mais extenso de imperialismo, que o Brasil [entre outros países] integra de maneira subalterna”. Grosso modo, o capital-imperialismo envolve discussões sobre “concentração da propriedade, expropriações, redes de dominação, encapsulamento do trabalho e garantia de circulação do capital”.
Fontes é umas das grandes referências no debate sobre a teoria marxista, a partir do seu trabalho no Programa de Pós-Graduação em História da UFF, onde integra o NIEP-MARX - Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas sobre Marx e o marxismo, e a coordenação do GT História e Marxismo da Associação Nacional dos Professores Universitários de História.
Além disso, atua na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio-EPSJV e na Escola Nacional Florestan Fernandes do MST. Suas principais áreas de pesquisa são Teoria e Filosofia da História, Epistemologia, História do Brasil República, e História Contemporânea.
Entre as suas obras estão Reflexões Im-pertinentes, publicada em 2005 e O Brasil e o capital-imperialismo: teoria e história, de 2010, além de inúmeros artigos em periódicos nacionais e internacionais.
Os participantes receberão certificado.
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
Organizações e Movimentos feministas convocam todas e todos a participarem das manifestações do dia 8 de março
Mulheres de todo o país vêm realizando, nas últimas semanas, plenárias organizativas para o dia 8 de março - Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras. Nesta data, mulheres vão parar as suas atividades para publicizar as desigualdades e a violência de gênero, contra o recrudescimento do conservadorismo no mundo todo e, em especial, contra a reforma da Previdência. Rio de Janeiro, Brasília, João Pessoa, Curitiba, Florianópolis e Uberlândia são algumas das cidades que já se mobilizam para a manifestação.
O chamado é feito por movimentos feministas do mundo inteiro, entre eles, o #Ni Una Menos (tradução livre: Nem uma a menos) da Argentina. No Brasil, centrais sindicais, movimentos sociais, fóruns e diversas entidades - como a CSP-Conlutas, o Fórum das Entidades Nacionais de Servidores Públicos Federais (Fonasefe) e o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) -, convocam as trabalhadoras e trabalhadores, juventude e aposentados, para se somarem às mobilizações do dia 8 de março.
O Fonasefe e o Fonacate deliberaram na última reunião ampliada, realizada nos dias 2 e 3 de fevereiro em Brasília (DF), pela participação dos servidores públicos nas manifestações que serão realizadas nos estados. A CSP-Conlutas também convocou todas as entidades e movimentos filiados a enviarem esforços para a construção da data.
“Tanto na reunião da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas quanto na reunião do Fórum dos SPF foi deliberado que todos participem das manifestações do dia 8 de março. O debate dos direitos das mulheres vem gradativamente se ampliando em todo o mundo, resultando na intersecção com o debate classista, o que é muito positivo porque coloca o debate sobre a questão da mulher em outro patamar”, explica Eblin Farage, presidente do ANDES-SN.
Para a presidente do Sindicato Nacional é necessário as mulheres se mobilizarem para o dia 8 e parem as suas atividades onde for possível, articulando a luta com a defesa dos direitos sociais e contra a reforma da Previdência. “Se a contrarreforma da Previdência for aprovada, as mulheres serão as mais prejudicadas. O nosso objetivo é que o dia 8 de março seja protagonizado pelas mulheres, mas compartilhado também pelos homens”, disse Eblin.
37º Congresso do ANDES-SN
Durante o 37º Congresso do ANDES-SN, os docentes deliberaram por lutar pela legalização do aborto, assim como pelo fortalecimento de oferta de políticas públicas de saúde direcionadas aos direitos sexuais e reprodutivos parar atender as mulheres. Além disso, irão intensificar a luta contra a PEC 181/15, que inclui um substitutivo que proíbe o aborto até mesmo em casos de estupro e de risco à vida da mulher. Definiram, também, que as seções sindicais, em articulação com movimentos, lutem nas instituições de ensino para criar espaços que recebam denúncias e acolham vítimas de assédio sexual e moral, de machismo, e de outras formas de opressão, assim como apurem as denúncias com transparência, entre outras deliberações.
Dossiê da Violência
O Instituto Patrícia Galvão publicou o Dossiê Violência contra as Mulheres, que reúne informações sistematizadas de dados oficiais e pesquisas de percepção sobre a realidade do problema no Brasil, e apontou números alarmantes. 1 estupro ocorre a cada 11 minutos, 1 mulher é assassinada a cada duas horas, 503 mulheres são vítimas de agressão a cada hora, ocorrem 5 espancamentos a cada 2 minutos.
Dia Internacional de Luta
O dia 8 de março foi fixado a partir de uma greve iniciada nessa data em 1917 (em 23 de fevereiro no calendário juliano), na Rússia. Uma manifestação organizada por tecelãs e costureiras de São Petersburgo foi o estopim da primeira fase da Revolução Russa. Militantes socialistas, como Clara Zetkin e Alexandra Kollontai, propuseram a construção de um dia internacional de luta das mulheres.
Fonte: ANDES-SN
JUACY DA SILVA*
Diferente do que o senso comum pode imaginar, o Brasil tem sido considerado um dos países mais violentos do mundo, muito mais violento do que países e regiões em Guerras, conflitos armados ou da presença de grupos rebeldes e terroristas.
Os índices de tentativas de assassinatos, de estupros, de agressões físicas e de assassinatos vem aumentando de forma acentuada a cada ano em nosso pais, apesar das manifestaões e discursos de nossas autoridades e governantes. Os níves de insegurança e de violência tem aumentado em todas as regiões e porte das cidades, dela não escapando qualquer segmento social, pobres, ricos, remediados e classe média tem presenciado ou sofrido com esta onda de violência que não nos dá trégua.
Com a falência do Estado , vale dizer com a falência dos Governos federal, estaduais e municipais, o sucateamento dos serviços públicos é uma realidade concreta e a tendência é que esta situação se agrave ainda mais diante das propostas de reajuste orçamentário que vão congelar gastos e investimentos em todos os setores por décadas. O enxugamento das estruturas públicas que já são deficientes tendem a piorar a olhos vistos.
Falta recursos financeiros, humanos, técnicos e tecnológicos para implementar políticas públicas demonstram que os poderes públicos estão perdendo o jogo para a violência, para a criminalidade, inclusive a criminalidade de colarinha branco, ou seja, as quadrilhas de corruptos que se instalaram nas estruturas públicas, associadas com setores econômicos que usam suas funções e suas posições nos poderes públicos para roubarem os já escassos recursos que uma população sofrida vem pagando na forma de uma carga tributária escorchante.
Na última quarta feira, DIA INTERNACIONAL DA MULHER, o Forum Brasileiro de Segurança Pública, em parceiria com o Instituto Data Folha divulgaram os resultados de uma pesquisa abordando a questão da violência contra a mulher, que não difere muito em termos de índices de violência contra outros segmentos do país como a violência contra idosos, crianças e adolescentes, contra deficientes, contra negros e negras, contra a comunidade LGTB e outros segmentos da sociedade brasileira.
Esta pesquisa abrange uma amostra representativa de todas as regiões, tamanho de cidades, classes sociais, cor da população, níveis de escolaridade e de renda e seus resultados são alarmantes. Com certeza se incluissem outras faixas etárias menores de 16 anos os dados seriam piores ainda, pois segundo a ONU nada menos do que 60 milhões de meninas com menos de 16 anos são violentadas no mundo, muitas inclusive no Brasil, no trajeto entre a casa e a escola e vice verso.
Voltando ao estudo do DataFolha/Forum Brasileiro de segurança pública, os dados indicam que a cada hora 503 mulheres, com idade acima de 16 anos sofrem algum tipo de agressão física, isto significaa 4,4 milhões de vítimas, das quais mais da metade nada fazem, seja porque não acreditam nos poderes públicos, seja pela falta de uma delegacia especializada no atendimento `a mulher , seja pelo machismo que domina nossa sociedade. A cultura do estupro, a cultura do machismo e a cultura da discriminação contra a mulher contribuem para a formação da idéia de que a mulher é um ser frágil, que pode ser dominada, não tem Liberdade de decidir sobre seu próprio corpo, seu espaço na sociedade e seu trajeto de vida.
Por incrível que possa parecer, a violência contra a mulher é preponderante também entre as classes mais abastadas e muito presente também entre as mulheres negras e pobres. A diferença é que as mulheres com níveis de renda e de instrução mais elevadas tem vergonha ou medo de denunciarem as agressões.
Outro dado interessante é que 61% nos casos de violencia, os agressores são conhecidos das vítimas e apenas 33% desses agressores são desconhecidos. Causa espanto saber também que 70% das mulheres entrevistadas com idade entre 16 e 24 anos afirmaram que já foram assediadas e 45% já sofreram algum tipo de violência física.
Enfim, são dezenas de milhões de mulheres que estão sofrendo, muitas que continuam caladas e não tem a coragem ou a quem recorrer para acabar com este suplício diário que é uma realidade quase invisível para nossos governantes e para a própria sociedade brasileira que parece não desejar abrir seus olhos. É triste viver em um país assim, onde nem a esperaança de dias melhores essas vítimas podem cultivar.
Enquanto isso, a lava jato e tantas outras operações indicam que estamos sendo governados por vedadeiras quadrilhas que pouco diferem do modus operandi do crime organizado que dominam as favelas e Sistema prisional, onde a violência e a corrupção continuam dominando.
Corrupção, falência do Estado, sucateamento dos serviços públicos e violência em geral e contra a mulher em particular andam de mãos dadas em nosso país! Algo precise ser feito com urgência para romper este círculo vicioso, para que o Brasil seja um pais seguro e bom para se viver! Talvez o primeiro passo seja os eleitores darem um cartão vermelho para políticos e gestores corruptos, incompetentes, insensíveis e demagogos!
*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites,blogs e outros veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo." target="_blank">O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
Milhares de mulheres saíram às ruas do Brasil na quarta-feira (8), Dia Internacional de Mobilização e Paralisação das Mulheres Trabalhadoras. Tendo como pauta a luta contra a retirada de direitos e, especificamente, contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/16 – da contrarreforma da Previdência – as mulheres brasileiras deram uma aula de poder de mobilização.
Houve manifestação em todas as grandes e médias cidades no país. Em Brasília (DF), mais de 10 mil pessoas tomaram a Esplanada dos Ministérios e caminharam até a Praça dos Três Poderes, centro político do país. Antes da manifestação houve aulas públicas sobre temas como racismo, legalização do aborto, violência contra as mulheres, e como as contrarreformas atingem a vida das mulheres.
Durante o ato, diversas artistas se apresentaram no carro de som, enquanto mulheres puxavam palavras de ordem como “Fora, Temer!” e também contra a PEC 287. O ato caminhou tranquilamente pela Esplanada, e reuniu mulheres das mais diferentes idades, etnias e categorias profissionais.
Olgaíses Maués, 3ª vice-presidente do ANDES-SN, representou o Sindicato Nacional na manifestação na capital federal e avaliou positivamente o ato. “Foi uma manifestação significativa, com abrangência nacional. A conjuntura vem contribuindo para isso. A população perdeu quase 10% do poder de compra nos últimos tempos, e vivemos um clima de instabilidade. A manifestação foi importante, é um momento em que as mulheres procuram, mais do que nunca, lutar por seus direitos. Reivindicar o fim da violência, do estupro, do assédio, e também a saída do Temer e a rejeição à contrarreforma da Previdência”, afirmou.
A diretora do ANDES-SN também criticou o presidente Michel Temer por seu discurso sobre o 8 de março, no qual reiterou que cabem às mulheres as tarefas domésticas e reprodutivas. “Curioso é que, em meio a esse clima, o presidente da República faz um discurso defasado sobre as mulheres. Isso mostra um descompasso desse governo com seu tempo”, critica Olgaíses.
Outros atos
Em São Paulo (SP), houve manifestação na avenida Paulista com o mote “Previdência fica e Temer sai! Paramos todas pela vida das mulheres!”. Mais de 20 mil pessoas participaram. O ato concentrou na Praça da Sé e seguiu trajeto pela rua Brigadeiro Luiz Antônio, onde se unificou com o ato da paralisação dos professores municipais e estaduais, e se encerrou em frente à prefeitura de São Paulo, onde houve protesto contra o prefeito João Dória (PSDB).
Em Campinas (SP) o ato reuniu mais de mil pessoas, e caminhou da Catedral até a frente da prefeitura. As mulheres gritaram palavras de ordem contra a violência que atinge as mulheres e contra a retirada de direitos, reivindicando o direito ao próprio corpo, por mais segurança contra os estupros, pelo direito ao aborto e contra a aprovação da reforma da Previdência.
Em Porto Alegre (RS), foram mais de 5 mil mulheres nas ruas do centro da cidade. Houve grande apoio popular à manifestação, com buzinas de apoio e boa receptividade nas paradas de ônibus. O ato caminhou pela avenida Borges de Medeiros. Também houve manifestações em cidades gaúchas como Santa Maria, Pelotas e Bagé.
Em Curitiba (PR) a manifestação saiu da Praça Santos Andrade e caminhou pela rua XV de Novembro até a Boca Maldita. Mais de 5 mil mulheres estiveram presentes para reivindicar seus direitos e lutar para barra a contrarreforma da Previdência.
Já em Belém (PA), mais de 2 mil pessoas caminharam pelas principais ruas da cidade entoando palavras de ordem contra a violência à mulher, qualquer forma de opressão e contra a exploração. As mulheres da capital paraense também se posicionaram contra o governo de Michel Temer, e contra os projetos que retiram direitos, como a PEC 287.
No Rio de Janeiro (RJ) foram mais de 15 mil mulheres na manifestação. Entidades, coletivos, movimentos sociais somaram ao chamado internacional e levantaram as bandeiras contra a Reforma da Previdência, por Nem Uma a Menos e pelo Fora Temer. Com concentração na Candelária, as mulheres saíram em caminhada até a Praça XV, onde fecharam o dia com intervenções artísticas femininas.
Em Salvador (BA) a passeata que demonstrou o caráter de luta da cidade mais negra do mundo fora da África. Participaram quase 2 mil mulheres, que ecoaram seus cantos coletivamente com pautas feministas como a cultura do estupro, liberdade sexual e violência contra a mulher. A PEC 287 também esteve no centro da pauta da manifestação.
Na cidade de Fortaleza (CE) mais de 3 mil mulheres participaram da mobilização. Já na madrugada, as mulheres rodoviárias realizaram panfletagem. As operárias da confecção feminina realizaram um ato de 1 hora em uma das maiores fábricas do setor, e as operárias da construção civil paralisaram suas atividades pela manhã para participar do ato unificado. A manifestação foi encerrada com um ato cultural em frente ao prédio da Previdência Social.
Fonte: ANDES-SN (com informações de CSP-Conlutas, Carta Maior, EBC e Esquerda Online).
JUACY DA SILVA*
Bom dia a todas as mulheres do mundo. Hoje estamos comemorando mais um DIA INTERNACIONAL DA MULHER, um dia especial para que possamos, homens e mulheres, refletir sobre a importância desta data.
Que a dignidade das mulheres e de todas as pessoas possa ser uma referência em nossas ações no dia-a-dia e também na definição das políticas públicas e nas ações govrnamentais.
Lutar contra a discriminação, contra os vários tipos de preconceitos que ainda existem em nosso meio, tornar pública a violência contra a mulher, denunciar o tráfico humano, a prostituição e exploração sexual, discutir as desigualdades de gênero, raca, classe e de todas as demais formas.
Enfim, tem muito a ser feito para que todos os dias do ano seja MAIS UM DIA DA MULHER, e não apenas uma data específica.
Ótimo final de semana a todas as mulheres e homens de boa vontade, que Deus esteja com todas as mulheres e homens, hoje e sempre.
A luta por um mundo melhor, um país mais justo, mais humano, mais decente é um desafio de todos e não apenas de algumas pessoas. A construçao de uma sociedade e um país mais justo passa pela luta pelos direitos da mulher, pela definiçao e implementação de políticas de gênero e mais recursos para que seus resultados sejam efetivos e não apenas letra morta ou discursos de ocasião.
O Brasil não pode continuar ocupando uma posição vergonhosa como tem acontecido nos últimos anos. Em 2016, conforme o relatório sobre a desigualdade de gênero, do Forum Econômico,divulgado há poucos meses,durante o último encontro do referido forum, nosso país estava na 79a posiçao no ranking mundial da desigualdade de gênero.
Quando os indicadores que integram este índice é desdobrado, podemos perceber que continuamos ocupando o final da fila em vários aspectos. A participação da mulher na economia estamos na 91a posiçao; na participação na força de trabalho 87a; desiguldade de salário/renda 129a; no acesso `a educaçao fundamental 77a; no empoderamento político 86a; presença das mulheres nos parlamentos 120a; participação na força de trabalho e posições que exigem elevados níveis de instrução 80a; mulheres ocupando posições ministeriais 82a; concessão de apoio como auxílio natalidade 120a;
Além disso, continuamos presenciando índices alarmantes de violência contra a mulher. A cultura do estupro, do feminicídio, do machismo e da discriminação continua dominando em nosso país.
Oxalá, esta triste realidade possa mudar radicalmente a curto prazo, pois a longo prazo nossa sociedade e nosso país poderão estar caminhando ladeira abaixo nesta e em diversas outras questões para que o desenvolvimento seja sustentável, justo e humano.
Para mudar esta realidade o DIA INTERNACIONAL DA MULHER tem que ser um DIA DE LUTA e não apenas de discursos, principalmente discursos demagogicos de nossas autoridades e governantes que teimam em querer tapar o sol com a peneira!
*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites,blogs e outros veículos de comunicaçao. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo." target="_blank">O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT
Estamos envoltos a mais um 08 de março, marco de lutas iniciadas no final do século XIX e começo do XX. Logo, trata-se de uma demanda que não nasceu no séc. XXI. A tarefa deste momento é eliminar toda situação de violência que envolve as mulheres. Não é tolerável, p. ex., que durante o carnaval, só no Rio, a cada quatro minutos, uma mulher sofrera algum tipo de violência.
Por conta de sua vastidão, para pensar sobre esse processo, delimitar o tema é preciso. Pressupondo que muitos falarão da desigualdade que a mulher ainda enfrenta em nossa sociedade, predominantemente machista, bem como dos números alarmantes sobre a violência de que são vítimas, falarei do tema pelo viés da arte. Como isso ainda é vasto, o recorte fica para a música.
Nesse enfoque, longe vai o tempo em que as mulheres eram elegantemente cortejadas. Na língua portuguesa, o comportamento cortês remonta as Cantigas de Amor. Nelas, o eu-lírico masculino, retratando a estrutura feudal da Idade Média, se colocava na condição de vassalo de sua senhora.
No geral, essa elegância artística foi o que predominou por séculos. Deselegâncias publicamente explícitas só passaram a ser mais visíveis já nos marcos da contemporaneidade; e de forma mais acentuada, nas décadas mais recentes, coincidindo, paradoxalmente, com a ascensão da luta dos movimentos feministas.
No Brasil, quando o tema é mulher, elegâncias e deselegâncias em notas musicais sempre coexistiram. Todavia, sobrepondo-se a outros, um tipo de respeito à lá estilo medieval marcou inúmeras das nossas composições. “Rosa” de Pixinguinha é emblemática. Sua singeleza já se coloca no título linguisticamente dúbio: a rosa (flor) também pode ser Rosa (uma mulher). Nesse jogo de palavras, não sem forte presença da religiosidade, apreciamos versos como os que seguem:
“Tu és divina e graciosa, estátua majestosa.../ Por Deus esculturada.../ Da alma da mais linda flor.../ Que na vida é preferida pelo beija-flor.../ Tu és de Deus a soberana flor/ Tu és de Deus a criação que em todo coração.../ O riso, a fé, a dor/ Em sândalos olentes/ Cheios de sabor/ Em vozes tão dolentes/ Como um sonho em flor...”
Mantido o véu religioso até o epílogo da canção, a sequência gradativa dos elogios à rosa/Rosa atinte o ápice do enorme respeito dispensado ao ser feminino nos versos abaixo:
“Perdão! Se ouso confessar-te/ Eu hei de sempre amar-te/ Oh! flor! Meu peito não resiste/ Oh! meu Deus, o quanto é triste/ A incerteza de um amor/ Que mais me faz penar/ Em esperar/ Em conduzir-te/ Um dia ao pé do altar...”.
Infelizmente, toda essa beleza poética aos poucos se esvai num sumidouro. Contudo, algumas composições de compositores, como Chico Buarque, Chico César, Gonzaguinha et alii, insistem em resistir. “Ponto de Interrogação” – de Gonzaguinha – chega a ser inquietante pelas perguntas que faz ao ser masculino.
No lugar da poesia que se esvai, resta um conjunto de violências simbólicas que já atingiu o mais baixo nível da degradação. Nesses tempos de delicadezas perdidas, as mulheres já foram completamente ultrajadas. Em clima de ultraje, não é estranho que em alguma “música” possamos ouvir algo como “Tu é uma cachorra safada, sem-vergonha...”
A sociedade precisa dar um basta nesse tipo explícito de violência simbólica, travestida de música. Ela desencadeia outras violências. A educação formal de qualidade e bens culturais providos de valores precisam se tornar políticas públicas. Enquanto isso não ocorrer, a violência será a rainha triunfante dos lares e bares.
No próximo dia 8 de março, data em que se comemora o Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras, mulheres do mundo inteiro irão parar as suas atividades e sair às ruas em defesa dos seus direitos aderindo a Greve Internacional de Mulheres. O chamado foi feito após a grande marcha de mulheres no dia seguinte a posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizada no dia 20 de janeiro deste ano. Feministas históricas como Angela Davis e Nancy Fraser publicaram uma carta conclamando as mulheres a lutarem contra o recrudescimento do conservadorismo no mundo todo e sobre a necessidade de ser fazer uma greve geral no dia 8 de março em defesa da igualdade de gêneros.
No mundo inteiro, as mulheres têm sido protagonistas de lutas importantes e necessárias para a conquista de direitos, contra o machismo e os ataques do neoliberalismo. Em 2016, as mulheres polonesas protagonizaram uma greve geral pelo direito ao aborto; na Islândia, o protesto foi pela igualdade salarial; na Argentina - e em outros países latino-americanos, como o Brasil -, as mulheres protestaram contra o feminicídio (quando se mata uma mulher por razões da condição do sexo feminino) e protagonizaram uma paralisação por uma hora.
No Brasil, além da luta contra todos os tipos de violência que incidem sobre as mulheres, elas lutam também em defesa dos seus direitos e contra os ataques em curso no Congresso Nacional, especialmente, as contrarreformas da Previdência e Trabalhista. A contrarreforma da Previdência, que tramita como Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/16, pretende igualar o tempo de contribuição de homens e mulheres, ignorando o fato de que mulheres realizam dupla e até tripla jornada de trabalho. Eles e elas só poderão se aposentar com, no mínimo, 65 anos de idade e 25 de contribuição. Já a contrarreforma Trabalhista, Projeto de Lei (PL) 6.787/16, que prevê regras de contratos temporários de trabalho e prioriza o negociado sobre o legislado em relação a alguns direitos (inclusive os contidos na Consolidação das Leis do Trabalho), terá graves consequências às mulheres, uma vez que permite a jornada de trabalho por até 220 horas mensais, abrindo a possibilidade de turnos de 12 horas por dia.
“A data 8 de março é uma data historicamente da mulher trabalhadora, e o movimento de greve internacional das mulheres está fazendo um debate necessário e importante sobre a condição da mulher no século XXI. Desde 2015 - com os ataques de Eduardo Cunha [então presidente da Câmara dos Deputados]-, nós acompanhamos dentro do parlamento brasileiro vários projetos de lei que tem como objetivo o controle dos nossos corpos e a retirada dos nossos direitos. E diante de todos esses ataques, nós começamos a reagir. A greve é uma resposta ao avanço do conservadorismo e é um momento importante para lutarmos por projetos que nos representem”, disse Caroline de Araújo Lima, 1ª vice-presidente da Regional Nordeste III e da coordenação do Grupo de Trabalho de Política de Classe para as questões Etnicorraciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) do ANDES-SN.
Origem da data
Apesar da história difundida para a origem do Dia Internacional das Mulheres ser o das operárias de uma fábrica têxtil de Nova Iorque (EUA), que haviam morrido queimadas após o patrão ter ateado fogo ao prédio devido a uma greve, no ano de 1857, essa versão é bastante questionada. A data tem uma origem socialista, que remonta ao início do século 20 e foi apagada ao longo dos anos, principalmente durante o período da Guerra Fria. O dia 8 de março foi fixado a partir de uma greve iniciada em 23 de fevereiro (calendário russo) de 1917, na Rússia. Uma manifestação organizada por tecelãs e costureiras de São Petersburgo foi o estopim da primeira fase da Revolução Russa.
Violência
Segundo o Mapa da Violência de 2015, elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), 13 mulheres são assassinadas por dia no Brasil. O país é o 5º que mais mata mulheres no mundo, perdendo somente para El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia.
A coordenadora do GTPCEGDS do Sindicato Nacional afirma que os números da violência no país retratam a sociedade machista em que vivemos e que o machismo precisa ser combatido na raiz do problema, no desenvolvimento de cidadãos conscientes em relação à igualdade de gênero, com o debate nas instituições de ensino, em casa, no trabalho e em toda a sociedade. Por tudo isso, Caroline afirma ser necessário a participação dos docentes, técnicos, estudantes, da classe trabalhadora e toda a sociedade brasileira na mobilização do dia 8 de março, contra todos os tipos de violência que incidem sobre as mulheres, sobretudo as mais vulneráveis: negras, lésbicas, periféricas e transexuais.
“Não existe um mundo sem mulheres, sejam elas cis [cisgênero: termo utilizado para se referir às pessoas cujo gênero é o mesmo que o designado em seu nascimento] ou trans. Essa luta é por direitos e pela vida das mulheres. Por isso, é de extrema importância a CSP-Conlutas e o ANDES-SN - assim como as demais centrais e entidades -, aderirem ao dia 8 de março e das atividades que estão previstas no dia, como mobilizações e paralisações”, ressaltou a diretora do Sindicato Nacional.
O ANDES-SN e a CSP-Conlutas orientam os docentes e toda a classe trabalhadora a participarem dos atos públicos nos estados – em unidade com entidades, movimentos sociais e populares, estudantes e toda a sociedade -, no Dia Internacional de Luta da Mulher Trabalhadora e Dia Nacional de Luta contra a Reforma da Previdência na perspectiva da construção da greve geral. A participação dos docentes no Dia Nacional de Luta em defesa da Mulher Trabalhadora foi aprovada no 36° Congresso do ANDES-SN, que ocorreu em janeiro deste ano em Cuiabá (MT). O Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) também indicou adesão ao 8 de março, assim como a data também foi aprovada pela coordenação da CSP-Conlutas.
Fonte: ANDES-SN
Contrarreforma Trabalhista trará consequências perversas para a vida das mulheres
Ampliação da jornada de trabalho afetará principalmente as mulheres, tendo em vista a dupla e até tripla jornada de trabalho feita por elas.
Precarizar as relações de trabalho é uma das principais consequências da contrarreforma Trabalhista, encaminhada pelo governo Temer em dezembro de 2016. O Projeto de Lei (PL) 6.787/16 prevê regras de contratos temporários de trabalho e prioriza o negociado sobre o legislado em relação a direitos conquistados.
Segundo o governo federal, é necessário “flexibilizar” as leis trabalhistas para que o Brasil acompanhe o desenvolvimento global. Entretanto, esta “flexibilização” significa, na verdade, um tremendo retrocesso em relação às conquistas que a classe trabalhadora em luta obteve ao longo dos anos, como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a, própria, Constituição Federal de 1988. O Ministério Público do Trabalho (MPT) se manifestou contrário à proposta de Temer, considerando-a inconstitucional.
O projeto, entre outras medidas, autoriza o prolongamento da jornada de trabalho, a redução do tempo de intervalo, o parcelamento de férias, a formação de um banco de horas, remuneração por produtividade, trabalho em casa “home office”. O projeto amplia, também, as possibilidades de trabalho temporário e de trabalho em regime de tempo parcial [prorrogação do Programa de Proteção ao Emprego (PPE)], duas formas conhecidas de diminuir direitos e precarizar a vida dos trabalhadores.
Jornada de Trabalho
Um dos pontos que poderá ser livremente negociado, caso o PL 6787/16 seja aprovado, é a jornada de trabalho. Atualmente, a duração da jornada de trabalho é limitada pela Constituição Federal em 8 horas diárias e 44 horas semanais. Com as alterações, a única limitação será do total de 220 horas por mês.
Redução do tempo de intervalo
Outro ponto que poderá ser negociado entre empresas e sindicatos é o intervalo, aquele período de descanso durante a jornada de trabalho, destinado, em geral, para almoço. Nos dias de hoje, o intervalo é de no mínimo 1 hora e no máximo 2 horas. Com a contrarreforma, o mínimo de tempo será reduzido para 30 minutos, o que significa menos tempo de descanso para preservar a saúde do trabalhador e diminuir acidentes de trabalho.
Parcelamento das férias
As atuais leis trabalhistas também falam que as férias devem ser concedidas aos trabalhadores de uma só vez, podendo ser divididas em dois períodos. Já a contrarreforma Trabalhista possibilita que a negociação coletiva divida ainda mais o período de férias, em até três períodos.
Consequências para as mulheres
As mulheres serão as mais penalizadas com as mudanças nas leis trabalhistas. Os efeitos do prolongamento da jornada de trabalho e a redução do tempo de descanso serão ainda mais profundos, tendo em vista a dupla e até tripla jornada de trabalho, que inclui realizar as tarefas domésticas e cuidar dos filhos.
Outro fator agravante, se a contrarreforma for aprovada, é a intensificação da exploração da força de trabalho feminina. Historicamente, devido à divisão sexual do trabalho, as mulheres ocupam os postos de trabalho mais precários, com menores salários e menos direitos. Com a possibilidade de remuneração por produtividade, as mulheres sentirão a necessidade de trabalhar ainda mais para compensar os baixos salários e aumentará as possibilidades de adoecimento em decorrência do trabalho.
Mulheres na luta
Para barrar a contrarreforma Trabalhista e Previdenciária e as desigualdades de gênero, no dia 8 de março - Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras -, as mulheres do Brasil juntas com as do mundo inteiro irão parar as suas atividades e sair às ruas em defesa dos seus direitos aderindo a Greve Internacional de Mulheres.
O ANDES-SN e a CSP-Conlutas orientam os docentes e toda a classe trabalhadora a participarem dos atos públicos nos estados – em unidade com entidades, movimentos sociais e populares, estudantes e toda a sociedade -, no Dia Internacional de Luta da Mulher Trabalhadora e Dia Nacional de Luta contra a Reforma da Previdência na perspectiva da construção da greve geral. A participação dos docentes no Dia Nacional de Luta em defesa da Mulher Trabalhadora foi aprovada no 36° Congresso do ANDES-SN, que ocorreu em janeiro deste ano em Cuiabá (MT). O Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) também indicou adesão ao 8 de março, assim como a data também foi aprovada pela coordenação da CSP-Conlutas.
Fonte: ANDES-SN (com informações de Esquerda Diário)