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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. em Jornalismo/USP. Prof. de Literatura da UFMT
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Demorou, mas após tanto tempo, eis que a quadrilha está de volta em nosso país.
Não! Embora estejamos vivendo em ano eleitoral, não estou escrevendo sob influência de quaisquer resultados de pesquisas recentes de intenção de voto à presidência da República; logo, meu caro leitor, não estou a acionar a memória afetiva ou “desafetiva” de quem quer que seja.
Nem de longe pensei em nenhum dos inúmeros esquemas nada republicanos de nossopassado e de nosso presente políticos. Não pensei no Propinoduto. Nãome lembrei doMensalão. Tampouco, doPetrolão. Imagine se eu pensaria em Lava-jato! Sequer cogitei falar das Rachadinhas, que, aliás, pairam sobre tais suspeitas de teremsustentado e alavancado um “novo” clã político. “Novo”, mas bem à antiga moda brasileira de ser e estar na esfera de nossa política; por conseguinte, imagine se eu pensaria na atuação incessante de milicianos e de seus fiéis seguidores.
Definitivamente, não pensei nas milícias, cada vez mais atrevidas e perigosas, como se experimentassem um à vontade “nunca antes vivido na história deste país”. Não pensei nem nas milícias convencionais, visíveis a olhos nus, que, alhures, tomam o lugar do Estado ausente, subjugando e exterminando pessoas, nem nas que atuam de forma virtual, faturandomilhões nas tão frequentadas redes sociais. Cada qual a seu modo, totalmente fora da lei.
Ah! Quando, há pouco, falei em “fiéis seguidores”, não supôs estabelecer nenhum tipo de relação com a crença religiosa de nenhum filho de Deus. Deus me livre! Nos dias de hoje, falar disso é como que invocar o inominável. Nem mesmo naqueles descaradamente falsos profetas pensei; e olhe que desse tipo há uma abundância que impressiona até quem já poderia ter passado da idade de se impressionar com qualquer tipo de aberração. A desfaçatez desse tipo de falso religioso é tão sem-medida que, literalmente, é de tirar o chapéu para alguns deles... ou de suas próprias cabeças, se é que me entende, meu caro leitor.
Se duvidares, ligue a TV, principalmente a aberta, de qualquer região deste “país tropical, abençoado por Deus”. Você terá a sua frente um leque gigantesco de todo tipo de descaramento, vendido como expressão de religiosidade. Por isso, em todos esses tipos de canais, que não são poucos, alguém estará, aos brados, tentando te vender um pedacinho no céu. Oh, céus!
Ainda assim, mantenha-se calmo, leitor. Mesmo acerca do que mais alto estiver bradando, como diz Gilberto Gil, creia, “ele não rasga dinheiro, não”. Pode até voltar a chutar alguma santa desatenta, mas, definitivamente, “não rasga dinheiro, não”.
Isso posto, ouso dizer que toda essa lembrança das diversas e sofisticadas quadrilhas políticasnão veio de minhas recordações. Joguemos, pois, a responsabilidade disso nas potencialidades semânticas do termo “quadrilha”; por consequência, na dubiedade linguísticada palavra em pauta.Foi essa dubiedade quepode ter acionado algum tipo de lembrança nada nobre a alguém.
De minha parte, após dois anos sem festejos juninos, a começar pelo título deste artigo, desde o início só pensei em falar da saudade que todos estávamos das quadrilhas de junho e, por conseguinte, das inúmeras músicas que embalam tais momentos. Dentre tantas, para encerrar este artigo de forma lírica, escolhi aquela singela canção em queo eu-poético de Luiz Gonzaga pede para seu amor olhar pro céu, “...Vê como ele está lindo/ Olha pra aquele balão multicor/ Como no céu vai sumindo.../ Foi numa noite igual a esta/ Que tu me deste o coração/ O céu estava assim em festa/
Porque era noite de São João...”
Vivas às nossas quadrilhas... juninas, é claro. Oh xente!
Ato político e cultural na próxima segunda-feira, 19/07, marca posse da nova diretoria da Adufmat-Ssind
A gestão "Pedro Casaldáliga" convida docentes e toda a comunidade acadêmica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) para a cerimônia virtual de posse da diretoria da Adufmat-Ssind, na próxima segunda-feira (19), às 15h (horário local). O ato, político e cultural, promoverá uma roda de conversa com o tema "A atual conjuntura e desafios do Movimento Docente", que terá a participação da presidente do ANDES-Sindicato Nacional, Rivânia Moura. Após o debate, artistas mato-grossenses farão apresentações na saudosa arena do sindicato.
Também estão convidados para o debate o diretor de Comunicação da Adufmat-Ssind e docente do Departamento de Serviço Social da UFMT, Leonardo Santos, e o professor da UFMS e base da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (Adufms), Vitor de Oliveira.
A partir das 17h, os artistas Gê Lacerda, Iris, Izafeh e Alexandre Paiva se apresentam, compartilhando com o público um pouco do que a humanidade soube fazer de melhor: música.
Assista, participe e interaja em tempo real pelos canais oficiais do sindicato no Facebook e YouTube.
Lunk para evento no Youtube: https://youtu.be/m4gnSQDNV3g
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
Festival Contra Atacar anuncia os vencedores nessa quarta-feira, 07/07
O coração vai bater mais forte nessa quarta-feira, 07/07. A partir das 19h, a Adufmat-Ssind anunciará os vencedores da primeira edição do Festival Contra Atacar, nas categorias Música e Poema.
Além das obras inscritas, os espectadores conhecerão um pouco mais da história dos artistas selecionados para o evento. Na categoria Poema, os indicados, por ordem alfabética, são: Adham Dantas, com a obra “Cotidiano”; Deh Galeano, com a obra “Isso favorece quem”; e Malu Pimentel, com a obra “Luto pelo mundo”, todas autorais.
São também autorais as obras inscritas na categoria Música, com os artistas Alexandre Smile, composição de nome “Contra atacar”; Glaucos Luis, com a obra “O representante”; Luth Peixoto, com “O Sonho na voz do povo”; Renata Cristina, com “Gente que Sonha”, e Zeh Gustavo com “O que é bom cultuar”.
O prêmio para quem vencer na categoria Música será o patrocínio da produção de um clipe single (áudio + videoclipe) no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Para quem vencer na categoria Poema, o prêmio corresponderá ao patrocínio da produção de um webclipe no valor de R$ 600,00 (seiscentos reais). Também serão pagos cachês no valor de R$ 200,00 para as músicas e poemas classificados em 2º, 3º e 4º lugares, e de R$ 400,00 para a música e o poema vencedores.
O Festival, já considerado histórico, marcará ainda a transição da gestão do sindicato, com a saída da diretoria “Luto Pela Universidade Pública” (2019-2021) e início da gestão “Dom Pedro Casaldáliga: por uma Adufmat de luta, autônoma e democrática”, eleita na última semana, e que será empossada no dia 09/07 para dirigir o sindicato pelo próximo biênio.
O Festival será exibido ao vivo pelos canais oficiais da Adufmat-Ssind no Facebook e Youtube.
Link de acesso direito ao Facebook: https://www.facebook.com/211669182221828/posts/4424648607590510/
Link de acesso direto ao Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=d-UvuGEe79Q
Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
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Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. em Jornalismo/USP. Prof. de Literatura/UFMT
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Hoje, retomo o tema e o ritmo de meu último artigo, intitulado “De cachaça e orações”.
Desde que o Papa Francisco, zombeteiramente,disseque o Brasil não tinha salvação, pois por aquise vive de“muita cachaça e pouca oração”, passei a perceber o tanto que Francisco foi mesmo injusto com os brasileiros.
Claro que a cachaça nossa de cada dia é sagrada para muitos, mas “tá pra existir” um povo que ore mais do que o nosso; aliás, isso é historicamente feito a partir da mais cruel das violências simbólicas, advindas desde as primeiras ações catequéticas dos jesuítas, auxiliares da exploração portuguesa, que por aqui estiveram para impor goela abaixo de nossos indígenas a fé cristã. Dos jesuítas do período colonial, destaco a genialidade persuasiva dos padres José de Anchieta, no século 16, e Antônio Vieira, no 17. Pobres indígenas!
De lá para cá, quase tudo virou motivo deou para oração, pois, nos altares e andores, santos não faltam. Abundam, até! Essa abundância, por certo, é realçada se for aceitoque a “oração”, para o temente, não precisa ser realizada apenas nos moldes mais convencionais.
Se se compreender, por exemplo, que oração também pode ser “materializada” por meio da exaltação de algum santo/entidade religiosa, toda vez que há uma invocação em alguma canção de nossa rica expressão musical, então, aí, sim, nosso país estoura de vez a boca do balão de tanto rezar.
E já que falei em “balão”, e estando em pleno mês de junho, me lembrei o tanto que este período do ano já provocou, e ainda provoca, diferentes compositores que acionamtrês santos católicos do mês (Santo Antônio, São João e São Pedro), ardentemente festejados, logo, louvados, mesmo que em espaços profanos, como as maravilhosas festas juninas, que nunca saem de nossas lembranças infantis.
Só para contextualizar, conforme o site da Diocese de São João Del Rei, “Antes de assumir sua forma cristã, as festas juninas tiveram origem pagã no hemisfério norte, onde se festejava, em junho, o solstício de verão, para comemorar o início das colheitas. Com a expansão do cristianismo, elas foram ganhando novo significado e nova roupagem, tornando-se celebração da festa de São João, chamada de festa joanina (de João) e, posteriormente, junina (de junho). Nela, Santo Antônio e São Pedro passaram a ser também celebrados”.
Desse trio de santos, é difícil dizer qual é o mais cantado. Mais difícil ainda é eleger qual dascançõesé a melhor, de tantas que há. Por isso, aleatoriamente, registro a singeleza da “Capelinha de Melão” (João de Barros e Adalberto Ribeiro), aquela que “...é de São João/ É de cravo, é de rosa, é de manjericão”.
De Santo Antônio, chamo a atenção para a beleza do poema-musicado abaixo, intitulado “Santo Antônio” (J. Velloso), belamente interpretada por Maria Bethânia:
“Que seria de mim, meu Deus/ Sem a fé em Antônio... A luz desceu do céu/
Clareando o encanto/ Da espada espelhada em Deus/ Viva, viva, meu Santo...// Saúde que foge/ Volta por outro caminho/ Amor que se perde/ Nasce outro no ninho... Maldade que vem e vai/ Vira flor na alegria/ Trezena de junho/ É tempo sagrado/ Na minha Bahia...// Antônio querido/ Preciso do seu carinho/ Se ando perdido/ Mostre-me novo caminho...”
Emboraa música acimaseja um texto profano, a explicitação artística dessa fé em Santo Antônio é de matar de inveja até os melhores e muito bem pagos compositores e cantores gospels, tão em moda e a serviço de “grandes empresas e grandes negócios” do setor da fé e outros.
De São João, a canção abaixo “São João, Xangô Menino” (Caetano Veloso / Eli Camargo / Gilberto Gil), composta próximo do pastiche, até por conta da miscigenação presente, é um verdadeiro hino popular de adoração a um santo:
“Ouvir São João, Xangô Menino/ Não encontramos nada./ Meu pai, São João Batista, é Xangô/ É o dono do meu destino até o fim/ Se um dia me faltar a fé a meu senhor/ Derrube essa pedreira sobre mim/ Meu pai, São João Batista, é Xangô...// Céu de estrelas sem destino/ De beleza sem razão/ Tome conta do destino, Xangô/ Da beleza e da razão// (Viva São João) viva o milho verde/ (Viva São João) viva o brilho verde/ (Viva São João) das matas de Oxóssi...// Olha pro céu, meu amor/ Veja como ele está lindo/ Noite tão fria de junho, Xangô/ Canto tanto canto lindo...”
E como já registrei acima, o rosário de músicas que tematizam os santos das festas de junho é muito extenso, talvez na mesma proporção da devoção de nosso povo que, em tempos de junho, e como ninguém é de ferro, também “processa” a cachaça, sem nunca esquecer que o primeiro gole é do santo, como na receita abaixo:
“Derreta o açúcar em fogo alto até caramelizar. Adicione o gengibre, o cravo e a canela, exceto a pinga.Mexa até dissolver o açúcar; após, com cuidado e respeito, agora, sim, acrescente a ‘marvada pinga’.Deixe tudo ferver em fogo baixo por alguns minutos. Depois, melhor servir em canecas rústicas,de preferência, de barro, “mode” se manter quentinho”.
Enfim, com muita cachaça ou pouca oração, ou com muita oração e nem tanta cachaça assim, mas sob um manto de muita enganação sobre todos nós, bom seria se não perdêssemos a memóriadaelegância exuberante de nosso sertão, tão lembrado, mesmo que caricatamente, nos festejos de junho; menos ainda, perdêssemos a chance de estar, toda vez que possível, bem pertinho daquela serra, que vive “branquejando folhas secas pelo chão”.
DE CACHAÇAS E ORAÇÕES - Roberto Boaventura
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Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. em Jornalismo/USP. Prof. de Literatura/UFMT
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Mesmo em meio àdevastadorapandemia da Covid-19, a assertiva“macunaímica”, de 1928, registrada por Mário de Andrade de que os males do Brasil são“pouca saúde e muita saúva” foi trocada, dias atrás, pela máxima “muita cachaça e pouca oração”, enunciada pelo Papa Francisco.
Em tom de brincadeira, surpreendendo “a deus e o mundo”, o pontíficedisseessas palavras a um sacerdote da Paraíba, que lhe pedia a bênção em nome do povo brasileiro; e o Papa ainda disse que o nosso país “não tem salvação”.
Mais do que rápido, pelas redes sociais, começaram as respostas à galhofa papal. Em uma delas, houve quem registrasse que “Mal sabe o papa que o problema do Brasil é justamente o povo que ora, não o que bebe!”
Pelo sim, pelo não, o fato é que, desde a primeira missa no Brasil(26/04/1500), celebrada por Henrique de Coimbra, um rosário sem-fim de oração é o que mais tem sido empurrado goela abaixo de nós todos. Quem duvidar, ligue a TV e brinque com o controle remoto na busca de algo que lhe satisfaça. Mas já aviso: há de se ter muito controle emocional para não arremessar o remoto à parede, tantos são os canais de orações, principalmente daqueles tipos tão bem identificados por Gilberto Gil na inteligentíssima música “Guerra Santa”:
“Ele diz que tem... como abrir o portão do céu// Ele promete a salvação// Ele chuta a imagem da santa, fica louco-pinel// Mas não rasga dinheiro, não// Ele diz que faz... tudo isso em nome de Deus// Como um Papa na inquisição//...Promete a mansão no paraíso// Contanto, que você pague primeiro// Que você primeiro pague dinheiro//...Ele pensa que faz do amor sua profissão de fé// Só que faz da fé profissão// Aliás em matéria de vender paz, amor e axé// Ele não está sozinho não...”
Nessa mesma perspectiva poética da percepçãodo oportunismo de inúmeros religiosos,mas bem antes das tais “orações” invadirem nossos lares, via satélite, a “Canção do Exílio” do poeta modernista Murilo Mendes –em paródia à antológica e homônima “Canção do Exílio” do romântico Gonçalves Dias –confirma a perturbação social provocada por muitos oradores que, assim como os pernilongos,desde sempre, não respeitam o espaço público:
“Minha terra tem macieiras da Califórnia... A gente não pode dormir// com os oradores e os pernilongos...”.
No mesmo plano, e mais que depressa, o cantor e compositor Boca Nervosa – sambista à lá Dicró, Bezerra e Moreira, ambos da Silva – respondeu a Francisco com o seguinte samba:
“ O Papa falou que o Brasil não tem mais solução// Disse que é muita cachaça pra pouca oração//Santidade, eu descordo do que o senhor tá falando// No Brasil, ‘nós bebe’ cachaça, mas oferece pro santo// Tá certo! Em todo canto tem um cachaceiro// Mas nosso povo brasileiro sempre foi gente de fé// Vai na Igreja, no Centro Espírita// Jura em Umbanda, Mesquita, Budismo e Candomblé, mas todos com a sua fé// Depois do culto, da oração e do compromisso com a fé// Aí é de lei tomar uma lá no bar do Zé// Sem esquecer da fé”.
Como não discordo do Boca Nervosa, possivelmente analogia à antonomásia “Boca do Inferno”, do poeta baiano Gregório de Matos (1636-96), até pelo contrário, invoco, outra vez, o santo nome poético do também baiano Gilberto Gil,que, na música “Se eu quiser falar com Deus”, dimensiona,como poucos,o grau da submissão de nosso povo a Deus, a começar pela forma como, desde a infância,aprendemosa orar:
“Se eu quiser falar com Deus/Tenho que ficar a sós/Tenho que apagar a luz/ Tenho que calar a voz/...Tenho que folgar os nós/Dos sapatos, da gravata/Dos desejos, dos receios/...Tenho que ter mãos vazias/ Ter a alma e o corpo nus...// Tenho que aceitar a dor/ Tenho que comer o pão/ Que o diabo amassou/Tenho que virar um cão/
Tenho que lamber o chão/Dos palácios, dos castelos/Suntuosos do meu sonho/Tenho que me ver tristonho/ Tenho que me achar medonho/E apesar de um mal tamanho/ Alegrar meu coração...”
Aliás, verdade seja dita, essa submissão, que se parece com algo próximo da embriaguez, já havia sido tratada também no magnífico poema “O padre passa na rua”, do modernista Carlos Drummond:
“Beijo a mão do padre/ a mão de Deus/ a mão do céu/ beijo a mão do medo/de ir para o inferno/ o perdão/ de meus pecados passados e futuros/ a garantia de salvação...”
Ao me recordardesse poemadrummondiano, como não lembrar também de “Procissão”, outra genialidade de Gilberto Gil, que compara nosso povo, quando participa de procissões, com as cobras, que se arrastam pelo chão:
“Meu divino São José/ Aqui estou em vossos pés/ Dai-nos chuva com abundância, meu Jesus de Nazaré// Olha lá vai passando a procissão/ Se arrastando que nem cobra pelo chão/ As pessoas que nela vão passando/ Acreditam nas coisas lá do céu/ As mulheres cantando tira o versos/ E os homens escutando tira o chapéu/ Eles vivem penando aqui na terra/ Esperando o que Jesus prometeu...”
E a produção poética sobre esse tema é absolutamente tão abundante quanto rica nas reflexões sobre a postura, via de regra, submissa,logo, inebriante, de nosso povo no que tange à oração devotada ao um ser que se acredita onipresente, onisciente e onipotente.
Em contrapartida, de fato, pra não dizer que não falei da cachaça, ela também nos é marca registrada. Aliás, ultimamente, um segmento musical que beira o lixo em termos composicionais, usa e abusa da apologia ao álcool, mas em especial às cervejas, patrocinadoras, por excelência, dos principais espaços onde o produto (no caso, a música) é consumido. O aumento do consumo do álcool é obviedade nacional que dispensa comentários.
Seja como for, da cachaça propriamente dita, me recordo, a título de ilustração, de duas canções, eu diria que precursoras das composições mais atuais. Ambas se tornaram conhecidas por meio de duas vozes femininas (Elizeth Cardoso e Inezita Barroso), em momentos sociais em que o machismo era quase uma ordem natural a ser seguida.
Na voz de Elizeth, por décadas, o país cansou de cantara seguinte composição de João do Violão e Luiz Antônio:
“Eu bebo sim/ s’tô vivendo/ Tem gente que não bebe/ E s’tá morrendo// Tem gente que já s'tá com o pé na cova/ Não bebeu e isso prova/ Que a bebida não faz mal/ Uma pro santo, bota o choro, a saideira/ Desce toda a prateleira/ Diz que a vida s'tá legal...”
Nesse verdadeiro “hino ao inebrieante”, há de se notar o respeito ao santo. O cachaceiro, como já nos lembrou acima o Boca Nervosa, ao oferecer “uma pro santo”, demonstra sua mais pura forma de oração; quiçá, menos farisaica dos que já se consideram eleitos pra ocupar um lugar à direita de Deus Pai...
Por sua vez,em 1953, Inezita imortalizou a “Marvada Pinga” ou (Moda da Pinga), de OchelsisLaureano, cantada inicialmente por Raul Torres, em 1937:
“Com a marvada pinga/ É que eu me atrapaio/ Eu entro na venda e já dou meu taio/ Pego no copo e dali num saio/ Ali memo eu bebo, ali memo eu caio/ Só pra carregar é que eu dôtrabaio...// O marido me disse, ele me falo:/ Largue de beber, peço por favô/ Prosa de homem nunca dei valô/ Bebo com o sor quente pra esfriar o calô/ E bebo de noite é pá fazêsuadô...”
Ilustrações postas, vem a pergunta: como um povo, o que nos inebria mais, a cachaça ou a oração?
Ainda que a disputa seja acirrada, ouso dizer que o Papa perdeu essa. É claro que, infelizmente,nos embriagamos mais com as orações do que com as cachaças produzidas para tal; até porque, como nos lembram duas músicas acima citadas,devemos pôr na balança também cada gole de cada cachaceiro oferecido ao seu santo. Isso, repito, é um genuíno e típico modo de oração à lá brasileira, que não pode ser desprezado.
E justamente porque a oração sempre se sobrepôs à cachaça, é que me junto ao cantor/compositor Luiz Melodia, que na canção “Pra quê?”, apresenta seu sonho sobre seu povo:
“Só queria que todos tivessem comida/ Tivessem oportunidade, tivessem guarida/ Não precisassem rezar pedindo melhores dias/ Reclamando migalhas, vivendo só de agonia...”
Live "Canto Pela Chuva" fortalece a Greve Pelo Clima nessa sexta-feira, 25/09, às 19h
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Quem já acumula algumas décadas de vida tem acompanhado a trajetória de Regina Duarte. Antes, pela jovialidade e meiguice, tornou-se a “namoradinha do Brasil”. Talvez, apenas Lucélia Santos, com a escrava Isaura, tenha ameaçado o posto de Regina. Todavia, Lucélia foi secundarizada nas telas, pois se tornou sindicalista da categoria.
De sua parte, a alienada Regina foi só ganhando personagens marcantes, como, p. ex., a viúva Porcina e Malu Mulher. Todavia, falarei de Madalena, personagem do livro São Bernardo (1934) de Graciliano Ramos, adaptado como Caso Especial (1983) pela Globo.
Madalena e Paulo Honório (José Wilker) são os protagonistas do livro citado. Sem se conhecerem, casam-se; porém, ente ambos, só divergências e desentendimentos: Honório incorpora a lógica capitalista de ser-e-estar no mundo; assim, faz atrocidades para obter a posse de uma fazenda e das pessoas, principalmente a posse de Madalena, que simboliza uma visão comunista da existência.
Como as diferenças explicitam-se logo após a “união”, o casal passa a empreender brigas, que só se intensificam.
Pelas posses e influência, Honório tinha sempre em casa os poderosos locais, incluindo um padre, que chega a dizer ao protagonista que não se preocupasse com pessoas (no caso, Madalena) de ideias comunistas, pois “isso” não pegaria em um país que acreditava em Deus.
No epílogo, Madalena, em uma capela, estabelece diálogo de despedida de Honório, que, insensível, não percebe a intenção. Depois, ela sobe ao quarto e se envenena, vindo a óbito.
Antes de subir, por segundos, Regina dá à Madalena um olhar enigmático à lá Capitu, personagem de Dom Casmurro de Machado.
Sobre Capitu, sempre residirá a dúvida da traição ao companheiro. Sobre Madalena, jamais. Embora houvesse desconfiança por parte de Honório, Madalena, ao contrário de Capitu, não tinha os "olhos de cigana oblíqua e dissimulada". Por isso, o olhar de “ressaca” à Madalena comprometeu a essência da personagem e derrubou o trabalho de Regina, que “matou” Madalena antes da hora exata.
Pois bem. Essas lembranças voltaram após a entrevista de Regina à CNN, dia 7. Seu ódio aos que querem a sociedade mais humanizada – pretensão de Madalena –escancarou-se.
Nunca Regina se distanciou tanto de uma personagem sua. Embora em seu direito, anticomunista como é, nunca, de forma repugnante, Regina foi tão Honório, para quem a morte do outro não tinha a menor importância, principalmente se isso lhe ajudasse a manter o status.
Regina é insensível e debochada à dor alheia. Sobre as mortes pela COVID-19, incluindo a de Aldir Blanc, desdenhosa a um talento tão raro, disse não ser obituário; que mortes ocorrem a toda hora.
Mas o ápice de sua miserável existência foi quando começou a cantar “Pra frente, Brasil”, hino do tricampeonato da Seleção, usado em 70 pela ditadura militar. Com saudosismo, Regina perguntou: “não era tão bom quando cantávamos isso?”.
Para idiotas que se pensavam patriotas, sim. Aos que viviam/compreendiam a tragédia de uma ditadura, não.
A desprezível criatura foi contraposta no mesmo instante; por isso, Regina, a megera, se descompensou. Os entrevistadores se indignaram com aquele papel tão verdadeiro e chocante da atriz, que passa a ser também mais uma inominável, assim como o seu “mito”.
Náusea – e sem a flor de Drummond – à entrevista de Regina.
Mas aquela “dor assim pungente não há de ser inutilmente”, pois “amanhã vai ser o outro dia”, e tudo isso “vai passar”.
“Desesperar, jamais”.
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Para os mato-grossenses, 2019 é daqueles anos marcantes: Cuiabá, sua capital, completa 300 anos; sua universidade federal (a UFMT), 49.
Dito assim, tudo poderia ficar apenas no calor dos aplausos. Todavia, a UFMT tem buscado marcar este momento com homenagens valorizadoras da identidade do “povo cuiabano”. Assim, destaco um título já concedido e uma demanda ainda em curso na Instituição.
Em meados de novembro, o Conselho Superior da UFMT outorgou o título de Dra. “Honoris Causa” a Domingas Leonor da Silva. Hoje, dia 10/12, no Teatro Universitário, ocorre a cerimônia pública da homenagem.
No início dos anos 90, recém-chegado em Cuiabá, durante viagens a diversas cidades de MT para o compartilhamento de saberes acadêmicos e populares com trabalhadores da educação, conheci a Domingas, que simplesmente me ensinou a amar esta terra, esse povo, essa cultura.
Mas quem é Domingas?
Uma cuiabana de descendência indígena que, provavelmente num dia de sol, nascera em 1954, na Comunidade de São Gonçalo Beira Rio. Desde cedo, absorvera os saberes herdados de seus pais e avós.
Nas palavras do prof. Fernando Tadeu, relator do processo de outorga, “os saberes da Sra. Domingas Leonor sobre o modo de viver do ribeirinho, os segredos da arte em cerâmica, da culinária regional e a manifestação disso tudo em poesia garantem a preservação, transformando em arquivo vivo uma fonte de oralidade das mais preciosas”.
Em 1993, Domingas fundou o “Flor Ribeirinha”, o grupo de dança que já fez franceses, alemães, belgas, chineses e turcos assistirem ao siriri e ao cururu, duas das maiores expressões culturais de MT. Na Turquia, o grupo foi campeão mundial do Festival Internacional de Arte e Cultura.
Que honra ter podido participar também desse momento! A Dra. Domingas Leonor, agora mais do que nunca ao nosso lado, só nos enriquece, nos enche de orgulho.
Por outra sorte, o primeiro título de “Notório Saber” que já poderia ter sido concedido na UFMT, ainda se arrasta nos meandros da burocracia, que, aliás, pode estar escondendo ações (ou omissões) indevidas.
Explico: desde 2016, o professor Abel Santos Anjos Filho vem pleiteando o título de Dr. Notório Saber. Infeliz e imprudentemente, há quem lhe indique o percurso convencional para a obtenção do título de doutor.
Aqui, advirto para a possibilidade de preconceitos diante da solicitação desse colega. O convencional é para os convencionais, que são muitos. A notoriedade é para os notórios, que são poucos. Simples assim. As produções acadêmicas e artísticas do professor Abel se encaixam na notoriedade. Ademais, seu pleito é legal.
Abel pertence ao grupo dos primeiros colegas que tive no Instituto de Linguagens. De cara, passei admirá-lo como artista buscando valorizar a arte e a cultura populares de MT. Logo depois, a respeitar também sua trajetória acadêmica, pois foi ele o primeiro a levar os signos mais representativos de nossa cultura regional ao exterior.
E seu percurso artístico/acadêmico tem sido profícuo. Até o momento, são quatro livros publicados, além de diversas composições de obras musicais eruditas, sacras e populares. Do conjunto, destaco a “Sinfonia Pantaneira”, primeira obra, no mundo, para viola de cocho e orquestra.
Em 1995, Abel foi escolhido como um dos personagens do Programa “Gente que faz”, da Rede Globo/Bamerindus. Assim, produziu e compôs arranjos musicais de 26 CD’s sobre a cultura regional, com destaque às manifestações do cururu e siriri.
Na condição de palestrante, em 1996, foi recebido pelas universidades portuguesas do Porto, Aveiro e Évora. Em Paris, apresentou-se a um grupo de Etnomusicólogos da Sorbonne.
Lá mesmo, um ano depois, no “Musée de L’Homme”, mas na condição de concertista, realizou um concerto-palestra na abertura da temporada de Primavera de Paris. Ao final, em nome de todos nós, presentou o museu com um exemplar da viola de cocho; faltava esse instrumento naquele espaço. Não falta mais.
Na sequência, recebeu uma bolsa de investigação científica pela Fundação Calouste Gulbenkian de Lisboa, o que lhe possibilitou realizar pesquisas sobre a viola de cocho em território europeu. Isso se encontra documentado no Livro/CD “Uma Melodia Histórica”, de 2002.
Portanto, após o importante “honoris causa” a Domingas Leonor, a UFMT, infelizmente, fechará 2019 com o débito do “Notório Saber” ao professor Abel.
Espero que a dívida seja reparada em 2020, estando sua importante presença na centralidade das comemorações dos 50 anos da Instituição. Assim, gostaria de vê-lo aplaudido não somente porque poderá abrilhantar – como tem feito há décadas – mais uma cerimônia da UFMT, mas porque todos os presentes terão reconhecido seu notório e notável saber.
Em tempo: o ex-reitor Paulo Speller, na cerimônia do dia 10, recebeu o título de Emérito da UFMT.
Adufmat-Ssind realiza a 1ª edição do "Tchá co bolo" na próxima terça-feira, 14/05, com o tema 'Enfrentando as Opressões na Universidade: Relações de Raça, Gênero e Sexualidade'
A Adufmat-Ssind convida toda a comunidade acadêmica e demais interessados para a 1ª edição do "Tchá co bolo na Adufmat-Ssind", um evento cultural e político que será realizado na próxima terça-feira, 14/05, às 16h30, no auditório da Adufmat-Ssind.
O encontro é uma realização do sindicato em parceria com o Grupo de Trabalhado Políticas de Classe para Questões Étnico-raciais, Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) da Adufmat-Ssind, e terá a mediação da professora do Instituto de Educação (IE), Ana Luisa Cordeiro, membro do GT.
O convidado para debater o tema "Enfrentando as Opressões na Universidade: Relações de Raça, Gênero e Sexualidade", a partir de diálogos, textos e vídeos, é o professor Sérgio Pereira dos Santos, no Núcleo de Estudos e Pesquisas Sobre Relações Raciais e Educação (NEPRE/PPGE).
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind
FOTOGRAFIAS OFENSIVAS - Roberto Boaventura
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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Roberto Boaventura da Silva Sá
Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP
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Que dentre as manifestações artísticas, a fotografia se tornasse uma das mais vulneráveis por conta do processo de massificação das tecnologias, nunca tive dúvidas. Com tanta gente com um celular nas mãos e um ego gigantesco na cabeça, tudo estava propício à degeneração dessa arte.
Todavia, ressalvando quem consegue respeitar a arte fotográfica, a degeneração que supus circunscrevia-se ao processo de vulgarização da fotografia em si; ou seja, com as facilidades para registros quaisquer, até mesmo o antigo fotógrafo profissional seria esquecido aos poucos. Em seu lugar, qualquer criatura poderia se colocar. E isso tem ocorrido à exaustão, incluindo no espaço as esdrúxulas e caricatas selfies.
Mas o que poderia ser apenas ruim – por perdas do toque e retoque artístico – tem sido pior no tocante a inúmeros “conteúdos” fotográficos disseminados em redes sociais. De incontáveis exemplos, destaquei para comentar neste artigo duas fotografias produzidas em universidades federais.
O primeiro destaque ganhou repercussão nacional. O portal G1, de 16/04, extraindo uma foto do Instagran/paulomaiaadv, a publicou para ilustrar o seguinte título: “Estudantes postam foto de formatura com gesto obsceno e UFCG abre sindicância”.
Os estudantes da Universidade Federal de Campina Grande, campus de Sousa, na Paraíba, eram formandos em Direito. O gesto obsceno – feito por quase todos os que estão presentes na foto – reproduzia – com as mãos unidas pelos polegares e indicadores – a genitália feminina.
Diante da repercussão, os novos advogados, formados com recursos públicos, alegaram que foram “ingênuos”, pois “não perceberam que tal imagem poderia trazer uma conotação negativa à imagem da mulher”.
Seria mesmo “ingenuidade”? Se for, pergunto: que tipo de formação eles receberam? Será que nunca leram algo sobre ética, que envolve a noção de respeito social?
A segunda foto foi tirada em frente ao pórtico da UFMT, campus de Sinop-MT. Possivelmente inspirados pelo grupo de Sousa, formandos de Agronomia enfileiraram-se para escrever a palavra “vagina”.
Buscando dar criatividade à foto, o registro da letra “V” foi “desenhado” pelas pernas abertas de um dos estudantes, que se pôs de cabeça para baixo na cena. Na sequência do emparelhamento humano, outros jovens seguravam um cartaz contendo as demais letras da palavra, que parece ser o maior legado intelectual daquelas criaturas.
Pelo menos por enquanto, a repercussão desse episódio, produzido em solo da estuprada Floresta Amazônica, não ganhou mundo; todavia, de pronto, recebeu a defesa de um dos docentes da turma. Em um grupo de whatsapp, o colega defendeu a “arte” de seus pupilos, dizendo o previsível diante do inaceitável: “aquilo foi apenas uma brincadeira”.
Se não fosse absurdo, brincadeira seria uma defesa boçal como essa, que beira a irracionalidade, pois as mulheres, apesar de uma lei específica visar protegê-las, continuam a sofrer todo tipo de violência neste país, inclusive a violência simbólica, como, p. ex., a contida na foto, que é tão ou mais perigosa quanto a física, posto ser algo que humilha o gênero feminino como um todo. Se tais violências não forem exemplarmente repudiadas, elas voarão ao infinito.
Por isso, sobre esse episódio, quero ver quebrado o silêncio da Instituição, que, aliás, precisa apostar numa política cultural mais intensa nos campi universitários, afinal, as fotografias em pauta também são reflexos do baixo nível cultural da juventude que povoa também as universidades.