Terça, 29 Julho 2025 16:26

 

O 25 de julho marca o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. A data carrega o peso histórico das lutas contra o racismo e a exploração, que atravessam a vida das mulheres negras em todo o mundo e, também, reforça o papel fundamental da resistência, da organização e da denúncia frente às injustiças sociais.

 

 

O Dia Internacional nasceu durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, realizado em 1992, na República Dominicana, e posteriormente foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU). O evento reuniu mais de 300 mulheres de diversos países para denunciar as múltiplas opressões sofridas e articular estratégias de enfrentamento ao racismo, à misoginia e às desigualdades estruturais.

Já o Dia Nacional de Tereza de Benguela foi instituído por meio da Lei 12.987/2014 em homenagem a Tereza de Benguela, mulher negra que liderou, no século XVIII, o Quilombo do Quariterê, localizado no Vale do Guaporé (MT). Conhecida como “Rainha Tereza”, ela organizou um sistema de governo próprio, com parlamento e defesa militar, reunindo quilombolas e indígenas na luta pela liberdade. Tereza foi capturada e morta por forças coloniais.

As datas estão incluídas no calendário de lutas do ANDES-SN e são reafirmadas anualmente pelo Sindicato Nacional como parte da resistência coletiva. Em 2024, o ANDES-SN lançou, neste mesmo dia, a campanha “Sou Docente Antirracista”, com o objetivo de ampliar o debate e a mobilização contra o racismo nas universidades, institutos federais e cefets. 

Mais uma vez, o ANDES-SN evoca, para a data e o Julho das Pretas, as potentes referências de Almerinda Farias Gama, Laudelina de Campos, Carolina de Jesus, Antonieta de Barros, Lélia Gonzales, Conceição Evaristo, Marielle Franco, Xica Manicongo, Maria Felipa, Dandara, Esperança Garcia, Luísa Mahin, entre tantas outras personalidades que se destacaram na luta contra o machismo e o racismo.

Luta por cotas

A luta antirracista também passa pela defesa das ações afirmativas, como a política de cotas raciais no serviço público. Apesar dos avanços, essa conquista tem sido alvo de ataques constantes, como as fraudes nas autodeclarações e, mais recentemente, a proposta de sorteio entre candidaturas negras.

A nova Lei 15.142/2025, que amplia de 20% para 30% o percentual de vagas reservadas a pessoas negras em concursos públicos e inclui quilombolas e indígenas, foi destacada por Jacyara Paiva, 2ª secretária da Regional Leste do ANDES-SN. “Essa ampliação é um passo significativo. Mas garantir a efetivação dessa política exige vigilância constante”, completou.

Conforme a diretora do sindicato, a política de cotas é fruto de décadas de mobilização do povo negro e deve ser respeitada em sua integridade. “Sorteio é loteria. A luta por justiça racial não é um jogo de sorte”, afirmou. Ela reforçou a necessidade de garantir a efetividade de ações afirmativas nas instituições de ensino.

Segundo Letícia Nascimento, 2ª vice-presidenta do ANDES-SN e da coordenação do Grupo de Trabalho de Políticas de Classe, Étnico-raciais, Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS), a trajetória de mulheres negras no Brasil é marcada por exclusão, racismo estrutural e machismo cisheteronormativo. “Na escola, além de aprender, eu também tinha que resistir aos olhares, às humilhações, às violências sobre o meu corpo, minha identidade. Esses obstáculos não são exceção, são parte do caminho de todas nós, mulheres negras”, relembrou.

A 2ª vice-presidenta do Sindicato Nacional ressaltou que a luta antirracista segue viva e se amplia. “Dando continuidade à campanha ‘Sou Docente Antirracista’, o ANDES-SN está na construção da Marcha Nacional das Mulheres Negras de 2025, que acontecerá em Brasília, no dia 25 de novembro, data que marca o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. Vamos ocupar as ruas com nossas vozes e nossas histórias”, disse.

 

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Fonte: Andes-SN

Terça, 26 Julho 2022 13:59

 

 

 

 

No dia 25 de julho se comemora o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha em homenagem a luta e a resistência das mulheres negras. No Brasil, a data também é uma homenagem à Tereza de Benguela, conhecida como “Rainha Tereza”, que viveu no século XVIII, no Vale do Guaporé (MT), e liderou o Quilombo de Quariterê. Segundo documentos da época, o lugar abrigava mais de 100 pessoas, incluindo indígenas. Sua liderança se destacou com a criação de uma espécie de Parlamento e de um sistema de defesa. Tereza foi morta após ser capturada por soldados.

O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) e teve origem durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, realizado em Santo Domingo, na República Dominicana, em 1992. O evento reuniu mais de 300 representantes de 32 países para compartilhar suas vivências, denunciar as opressões e debater soluções para a luta contra o racismo e o machismo.

As duas datas, incluídas no calendário de lutas do ANDES-SN, trazem visibilidade à luta das mulheres negras em defesa de direitos e contra a opressão de gênero, a exploração e o racismo.

Violência e invisibilidade
A mulher negra é, ainda hoje, a principal vítima de feminicídio, das violências doméstica e obstétrica e da mortalidade materna, além de estar na base da pirâmide socioeconômica do país. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que produz o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, confirmam essa triste realidade. Das 1.341 mulheres vítimas de feminicídio em 2021, 62% negras. Já nas demais mortes violentas intencionais, 70,7% são negras e apenas 28,6% são brancas. Conforme o levantamento, demais estudos ainda devem ser realizados para aprofundar o fenômeno, entretanto, levanta-se a hipótese de que as autoridades policiais enquadram menos os homicídios de mulheres negras como feminicídio.

Marcha das Mulheres Negras SP
Após dois anos de pandemia da Covid-19, na segunda-feira (25), a Marcha das Mulheres Negras de São Paulo volta a ocupar as ruas da capital paulista com o lema “Nem fome, nem tiro, nem cadeia, nem Covid: Parem de nos matar! Mulheres negras nas ruas e nas urnas para derrotar o fascimos, o racismo, a LGBTfobia e o genocídio! Por comida, emprego, educação, saúde e demarcação das terras quilombolas e indígenas! Por nós, por todas nós, pelo Bem Viver!”.

As mulheres se concentram a partir das 17 horas na Praça da República, de onde sairão em caminhada até o Theatro Municipal. Ao longo da manifestação, mulheres negras vitimadas pela Covid-19 e integrantes da Marcha que faleceram por outras causas serão homenageadas. A abertura do ato contará com uma performance.

ANDES-SN na luta
O ANDES-SN tem avançado nas últimas décadas em defesa dos direitos das mulheres negras e no combate ao racismo nas instituições públicas de ensino, por meio do Grupo de Trabalho de Políticas de Classe, Étnicorracias, Gênero e Diversidade Sexual (GTPECGDS). Além dos debates, o Sindicato tem feito o enfrentamento ao racismo estrutural na sociedade e nos espaços de aprendizagem. E, ainda, lançou a publicação “Cartilha de Combate ao Racismo” que aborda temas como a construção do racismo na sociedade brasileira, a centralidade do feminismo negro na luta antirracista, a lei de cotas e as comissões de heteroidentificação. 

 

Fonte: ANDES-SN

Quarta, 27 Julho 2016 01:01

Mato Grosso é território que abriga a história de uma das maiores referências mundiais para a luta das mulheres e também do movimento negro. Em meados do século XVI, o espírito revolucionário de Tereza de Benguela levou-a a manter organizado, por mais de vinte anos, um grupo de aproximadamente cem pessoas, no Quilombo do Quariterê, região do Vale do Guaporé. Até ser capturada e assassinada, a “Rainha Tereza”, como ficou conhecida, contribuiu para a resistência e sobrevivência de pessoas negras e indígenas, covardemente escravizadas naquela época. Registros apontam que, durante a liderança de Benguela, a comunidade chegou a desenvolver estruturas de organização bem definidas, como um Parlamento e um sistema de defesa.          

Nesta segunda-feira, 25/07, mulheres se reuniram, no auditório da Adufmat-Ssind, para falar desse momento importante da nossa história, que foi uma das bases para a construção de tantos outros. A data, que marca oficialmente o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, coincide, não por acaso, com o Dia Internacional da Mulher Negra, Caribenha e Latinoamericana. Em 25/07/1992, as mulheres da América Latina escreveram mais um capítulo dessa luta, no I Encontro Internacional de Mulheres Negras, Caribenhas e Latinoamericanas, realizado em Santo Domingo, República Dominicana. 

Na abertura do evento, o presidente da Adufmat - Seção Sindical do ANDES, Reginaldo Araújo, falou, emocionado, sobre a parceria do sindicato na realização do encontro e sobre alguns registros envolvendo a temática na universidade. “Infelizmente, ainda temos casos de racismo dentro da sala de aula, cometidos por estudantes e até mesmo docentes. A Adufmat-Ssind é parceira desse evento e tem prazer em receber, nesse espaço, grupos que queiram construir a luta contra qualquer tipo de preconceito ou discriminação”, afirmou o docente. 

A mesa contou, também, com a presença de mulheres que têm militado em diferentes espaços no estado: Euza Araújo (Fórum das Mulheres Negras de MT); Miguelina Sampaio (Economia Solidária); Rosana Leite de Barros (Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso); e Isabel Silveira (Superintendência Estadual de Políticas Públicas para as Mulheres de Mato Grosso).    

O Batuque Feminista animou a todos, logo no início do evento, com músicas que destacaram aspectos da luta de classes: mulheres contra o machismo, contra o racismo e contra o Capital. Gê Lacerda, integrante do grupo, fez também uma apresentação solo, de voz e violão.   

Durante o debate com tema a Mulher Negra em Mato Grosso, facilitado pela coordenadora do Fórum, Elis Regina, a palestrantes, Profa. da UFMT, Dra. Cândida Soares, demonstrou que ainda é preciso pautar a igualdade da mulher negra em muito espaços públicos. “Hoje é um dia para celebrar conquistas, sim. Mas é também um dia para firmar e reafirmar nossas lutas”, disse a docente.      

No diálogo para trocas de experiências entre mulheres negras mato-grossenses, a escritora quilombola Silviane Ramos Lopes da Silva e a advogada Alexandra Moura Nogueira falaram sobre suas difíceis trajetórias enquanto mulheres, negras e de periferia. Intervenções da plateia evidenciaram como as vivências se cruzam, mas as reflexões sobre elas ajudam a fortalecer as batalhas coletivas e individuais.   

Para encerrar o encontro, lindos trabalhos foram expostos na I Feira de Economia Solidária das Mulheres Negras, um espaço pensado especialmente com o objetivo de empoderar a mulher negra, ressaltando sua beleza e seu talento.

GALERIA DE IMAGENS  

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind